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Câncer de próstata INTRODUÇÃO …………………………………………….. → O câncer de próstata (CaP) é a 2º neoplasia mais frequente entre os homens de todo o mundo, ficando atrás somente do câncer de pele não melanoma → A incidência do CaP aumentou no início da década de 90 - Justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (Ex: surgimento do uso do PSA), melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e aumento da expectativa de vida dos homens FATORES DE RISCO …………….………………….. → Os fatores de risco para o CaP não são bem estabelecidos, porém estudos mostram que o risco é aumentado na presença de: Aumento da idade Origem étnica (raça negra) Predisposição genética → A predisposição genética aumenta o risco consideravelmente, sendo que na presença de um parente de 1º grau com CaP, o risco aumenta 2x e se 2 ou mais parentes de 1º grau são afetados, o risco aumenta em 5-11 vezes - CaP hereditário é definido na presença de 3 ou mais parentes afetados, ou pelo 2 dois parentes que desenvolveram a doença - antes dos 55 anos - Cerca de 9% dos homens tem verdadeiro, e têm início de doença 6-7 anos mais cedo do que os casos esporádicos - Os genes HPC-1 e BRC-1 são os responsáveis pela transmissão hereditária → Fatores de risco exógenos como dieta, comportamento sexual, consumo de álcool, exposição à radiação ultravioleta e exposição ocupacional podem ter papel para o surgimento do CaP, mas faltam evidências para confirmar como fatores definitivos RASTREAMENTO …………….………………………... → O screening do CaP na população geral deve ser realizado a partir de 50 anos, de acordo com a recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia, através do toque retal e dosagem do PSA anualmente → Aqueles que possuem parentes de 1º grau com CaP ou são de raça negra deverão iniciar o rastreamento aos 45 anos → Últimas diretrizes trazem que somente os pacientes com idade 55–69 anos deveriam ser considerados para o rastreamento → Após os 75 anos, o screening é recomendado apenas aos homens com expectativa de vida acima de 10 anos DIAGNÓSTICO …………….……………………………... BIÓPSIA TRANSRETAL DE PRÓSTATA → O diagnóstico definitivo é baseado no estudo histopatológico, por biópsia transretal de próstata guiada por ultrassom (BTRP) - Retirada sistematizada de 12 fragmentos de locais diferentes da glândula, e um número maior de fragmentos em próstatas de maior volume (acima de 40g) - É solicitada na presença de TR alterado (presença de nódulo ou área de endurecimento) ou níveis de PSA fora dos padrões esperados @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX NÍVEIS SÉRICOS DE PSA → O PSA, ou seja, antígeno prostático específico, é uma glicoproteína (calicreínas) produzida pelo epitélio prostático → Não é considerado um marcador câncer-específico, mas sim órgão-específico, podendo estar alterado não só no CaP, mas também no HPB, traumas, prostatites, etc → Os níveis sanguíneos do PSA não se mantêm estáveis ao longo da vida, com tendência de elevação ao avançar da idade → São 4 refinamentos de adequação do PSA: - Adequação para a idade (PSA x idade) - Relação livre/total (ou % de PSA livre) - Velocidade de crescimento - Densidade 1- Adequação para a idade Valores de PSA ajustados pela idade IDADE PSA 40-49 anos 2,5 50-59 anos 3,5 60-69 anos 4,5 70 ou mais 6,5 2- Relação PSA livre/PSA total (% PSA livre) → Essa relação deve ser utilizada quando o PSA total estiver entre 4 e 10 ng/dL, faixa conhecida como zona cinzenta (gray zone) → Se menor que 10%, o risco de doença aumenta significativamente → Se maior que 20%, a probabilidade de CaP é baixa e, provavelmente, é doença benigna (HPB, por exemplo) 3- Velocidade de crescimento do PSA → A velocidade de crescimento do PSA total normal é de até 0,75 ng/dL por ano - Valores de crescimento acima disso, levantam suspeita para hipótese de CaP → Abaixo de 50 anos, a velocidade de mais adequada é de até 0,4 ng/dL/ano 4- Densidade do PSA → Calculada pelo valor do PSA total dividido pelo volume da próstata (peso, em gramas) → 1g de próstata produz 0,1 ng/dL de PSA total - Densidade de até 0,15 é considerada adequada em próstatas não tumorais - Próstatas aumentadas com densidade menor que 0,15 indica uma HPB - Valores acima de 0,15 costumam sugerir doença neoplásica (CaP) REALIZAÇÃO DE RE-BIÓPSIA → BTRP negativa para tumor na presença de forte suspeita de CaP indica a necessidade de uma nova biópsia (re-biópsia), que deve ser solicitada com intervalo de 6-8 semanas → A chance da segunda biópsia vir positiva é de 15-30%, principalmente se: - PSA persistentemente elevado - Velocidade de crescimento do PSA > 0,75 ng/ml/ano - Presença de proliferação atípica de pequenos ácinos (ASAP) na primeira biópsia → Em casos específicos de ASAP, a conduta mais adequada é a realização de um estudo imuno-histoquímico (IHQ) dos fragmentos acometidos por ASAP, dispensando a necessidade da re-biópsia caso se confirme o diagnóstico - O estudo imuno-histoquímico avalia a presença de células da membrana basal ductal que, quando ausentes, identifica o CaP - O IHQ é bastante sensível para a pesquisa do CaP e deve sempre ser realizado em pacientes portadores de ASAP, porque essa condição está associada ao CaP em metade dos casos OBS.: A BTRP necessita de analgesia para o controle da dor, podendo ser realizada com anestesia local e bloqueio da região posterolateral da próstata, ou com sedação. O procedimento necessita de antibioticoprofilaxia, e o regime mais adotado é o uso de uma quinolona por 3 a 5 dias. As complicações mais comuns são sangramento retal, hematúria, episódios vasovagais, infecção, febre, hematospermia, disúria persistente, prostatite aguda e urossepse. Além dessas, a repetição da BTRP pode causar disfunção erétil por lesão direta dos nervos eréteis, localizados posterolateralmente à próstata. ACHADOS DA BRTP…………….………………….. 98% Adenocarcinoma de próstata - Proliferação Atípica de Pequenos Ácinos (ASAP) - Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN) - Prostatites - Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) - Atrofia @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX ADENOCARCINOMA DE PRÓSTATA: → 98% dos tumores malignos prostáticos são adenocarcinoma de próstata, classificado pelo sistema de graduação de Gleason Escore de Gleason: - Baseia-se na arquitetura microscópica do tumor e é composto por 5 padrões histológicos (1 a 5) - Do menor para o maior, as células malignas vão perdendo a diferenciação celular (quanto mais diferenciada, mais próxima da célula normal) e adquirindo arquitetura mais complexa - Gleason é composto por dois valores (duas notas), que variam de 1 a 5, sendo a 1ª nota atribuída ao padrão mais prevalente, e a 2ª ao segundo padrão mais prevalente nos fragmentos analisados - Padrões mais diferenciados são 1, 2 e 3 - Padrões pouco diferenciados ou indiferenciados são 4 e 5 - Dessa forma, o escore pode variar de 2 a 10, mas na prática a maioria dos CaP possui escore ≥ 6 6 Gleason 3+3 Neoplasia de baixo grau 7 Gleason 3+4 ou 4+3 Neoplasia de grau intermediário 8, 9, 10 Gleason 4+4, 4+5, 5+4 ou 5+5 Neoplasia de alto grau ISUP (International Society for Urological Pathology): - A classificação de ISUP agrupa os pacientes em categorias para estabelecer um valor prognóstico, variando de 1 (melhor prognóstico) a 5 (pior prognóstico) - Depende do escore de Gleason apresentado na biópsia ISUP 1 Gleason 3+3 ISUP 2 Gleason 3+4 ISUP 3 Gleason 4+3 ISUP 4 Gleason 4+4 ISUP 5 Gleason 4+5, 5+4 e 5+5 PROLIFERAÇÃO ATÍPICA DE PEQUENOS ÁCINOS (ASAP): → Termo utilizado em caso de dúvida, quando não há critérios suficientes para o diagnóstico do câncer → O diagnóstico pode ser confirmado pela imuno-histoquímica → Cerca de 40% dos portadores de ASAP desenvolvem CaP, por isso devem ser acompanhados de perto e com cautela NEOPLASIA INTRAEPITELIAL PROSTÁTICA (PIN): → Lesões atípicas do epitélio de revestimento de ductos e ácinos → As células se parecem diferentes daquelas usuais do tecido prostático normal, porém não apresentam características de malignidade → Cerca de 20% dos pacientescom PIN de alto grau têm CaP ou vão desenvolvê-lo, exigindo acompanhamento mais cauteloso → Para PIN de baixo grau, a chance de CaP é pequena e esse achado não deve ser considerado um problema PROSTATITES: → Infiltrados inflamatórios são comuns em biópsias de próstata, e não significam necessariamente uma prostatite de significado clínico HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA (HPB): → Crescimento não neoplásico, devido à hiperplasia do estroma e do tecido glandular → O diagnóstico é histológico e se refere à proliferação do músculo liso e das células epiteliais da zona de transição ATROFIA: → Resultante de inflamação, isquemia, radiação ou hormonioterapia → Apesar do caráter infiltrativo, sua disposição preserva a estrutura lobular da glândula prostática, e não existem atipias celulares ou nucléolos evidentes → Não é considerada alteração pré-maligna @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX ESTADIAMENTO ……………………………..…,......... → O estadiamento é feito pelo sistema TNM T1: tumor não palpável T1a: achado incidental em 5% ou menos do tecido ressecado (após RTUP) T1b: achado incidental em mais de 5% do tecido ressecado (após RTUP) T1c: tumor identificado após biópsia com agulha T2: tumor palpável e confinado à próstata T2a: tumor envolve 50% ou menos de um lobo T2b: tumor envolve mais de 50% de um lado da glândula T2c: tumor envolve os dois lados da glândula T3: extensão extracapsular T3a: extensão extracapsular uni ou bilateral, sem invadir vesículas seminais T3b: extensão extracapsular com invasão de uma ou ambas vesículas seminais T4: tumor invade órgãos adjacentes Extensão do tumor em órgãos próximos como bexiga, reto, músculos do assoalho ou parede pélvica METÁSTASES E GRUPOS DE RISCO…. → A principal via de disseminação hematogênica é a óssea, principalmente do esqueleto axial, quadril e fêmur (85%), e a principal via de disseminação linfática é a cadeia ilíaco-obturadora → Metástase visceral ocorre para fígado e pulmão em pacientes com doença terminal Classificação de risco D’Amico - Utilizada para planejar tratamento, simplificando a interpretação dos dados para prever uma resposta terapêutica - Estratificação em grupos, para estimar o risco de doença extraprostática BAIXO RISCO RISCO INTERMEDIÁRIO ALTO RISCO PSA < 10 PSA 10-20 PSA > 20 T1 - T2a T2b T2c - T3 Gleason 6 Gleason 7 Gleason 8, 9, 10 0,3% chance de metástase 3% chance de metástase 21-30% chance de metástase .EXAMES COMPLEMENTARES…,..........…. → Solicitados para detectar acometimento de linfonodos ou metástases à distância PCA-3 (Prostate Cancer Antigen 3): → Dosado através de amostra de urina coletada após TR vigoroso → Pode auxiliar na decisão da solicitação da BTRP em pacientes com níveis de PSA em uma faixa indeterminada (2,5 a 10 ng/dL) e para pacientes com biópsia prévia negativa, com níveis persistentemente elevados de PSA → PCA3 ≥ 35 aumenta a certeza diagnóstica do CaP US DE PRÓSTATA VIA ABDOMINAL: → Alterações na US são semelhantes para pacientes com HPB e CaP, gerando muitos falso-positivos → Não deve ser utilizado na rotina para confirmação diagnóstica da doença → O US transretal também não acrescenta vantagens ao diagnóstico do CaP, tem baixa sensibilidade para detecção de invasão extraprostática e não melhora a acurácia do TR CINTILOGRAFIA ÓSSEA: → Deve ser solicitada para pacientes com características encontradas na doença de risco intermediário ou alto risco: - PSA acima de 20ng/dL e/ou - Gleason maior ou igual a 7 e/ou - Estádio clínico ≥ T2c e/ou - Dor óssea → Não deve ser solicitada para baixo risco, devido a chance de metástases quase nula TC DE PELVE: → Deve ser solicitada para pacientes com: - PSA acima de 20 ng/dL e/ou - Gleason maior ou igual a 7 e/ou - Estádio clínico ≥ T2c → Pacientes com cintilografia óssea confirmando metástase óssea, não há necessidade de TC de pelve, pois o tratamento inicial não será alterado RMN MULTIPARAMÉTRICA DA PRÓSTATA: → Detecta 95% dos tumores com escore de Gleason > 7 e volume tumoral a partir de 0,5 ml, apresentando valor preditivo negativo de 80 a 98% para tumores de alto risco @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX → O aspecto típico de uma lesão suspeita é a presença de hipossinal em T2 na zona periférica Sistema de classificação de PI-RADS: → Na presença de PI-RADS maior ou igual a 3, tem-se indicado BTRP, mas esse achado não deve ser considerado como indicação isolada → Este exame exerce papel importante na vigilância ativa e no planejamento cirúrgico - Apresenta alta acurácia para detecção de extensão extraprostática (67 a 93%) de acordo com o tamanho da extensão, detectando 14% das lesões de 1 mm e 100% das lesões acima de 5 mm TRATAMENTO …………………………………..…,......... → A forma de tratamento deve ser individualizada e a decisão é altamente dependente de cada paciente, com base na preferência pessoal, idade, performance, estilo de vida, gravidade da doença e função sexual Tratamento para CaP localizado: 1- Vigilância ativa: pode ser recomendada para pacientes com CaP de baixo risco e baixo volume tumoral, respeitando os Critérios de D� ’Amico para doença de baixo risco e também os Critérios de Epstein: Critérios de Epstein Baixo volume tumoral (até 0,5 ml) Densidade do PSA < 0,15 Até 2 fragmentos da biópsia comprometidos Até 50% dos fragmentos avaliados - O acompanhamento deve ser realizado com PSA e TR semestral e BTRP anual - A elevação do PSA > 2 ng/dL/ano, tempo de duplicação do PSA menor que três anos, piora dos parâmetros da biópsia e evolução da doença ao TR definem falhas da observação vigilante, e uma estratégia terapêutica diferente deve ser proposta 1- Prostatectomia Radical (PTR): é indicada para tumores localizados e expectativa de vida superior a 10 anos, raramente indicada em homens acima de 70 anos - A cirurgia consiste na remoção da próstata e as vesículas seminais, com anastomose entre a uretra e colo vesical - Pacientes com tumor de risco intermediário e alto risco também é realizada a linfadenectomia pélvica - A cirurgia laparoscópica robô-assistida mostra menor taxa de sangramento e uma tendência à recuperação precoce da continência urinária e da função erétil → As principais complicações da PTR são: - Disfunção erétil: em média 50% recuperam a ereção, sendo que o pico de melhora ocorre a partir de 6-9 meses, podendo a recuperação abranger até 18 meses de pós-operatório - Incontinência urinária: 70% apresentam perdas urinárias nos 3 primeiros meses, mas ao final do primeiro ano, apenas 5-10% permanecem com algum grau de incontinência - Estenose do colo vesical: afeta somente cerca de 2-3% dos pacientes Recidiva bioquímica → Aumento do PSA sem evidência clínica de doença → Definida por elevação de PSA após a cirurgia acima de 0,2 ng/dL depois de atingir o nadir → Nadir: valor mais baixo alcançado após 60 dias da cirurgia, que deve ser praticamente zero em pacientes operados e sem doença extraprostática → Nesses casos, pode ser indicada radioterapia de resgate → Em situações de recidiva bioquímica precoce, ou seja, antes de 1 ano da cirurgia, possibilidade de metástase deve ser investigada → Recidivas bioquímicas após 1 ano do procedimento traduzem recidiva local em quase todos os casos @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX 3- Radioterapia (RT): indicada para pacientes com CaP de risco baixo e intermediário, ou para pacientes com tumores localizados, com expectativa de vida superior a 10 anos, sendo raramente realizada em homens acima de 70 anos - Após radioterapia, a recidiva bioquímica é definida pela elevação do PSA total acima de 2 ng/ml após o nadir ser alcançado - Diferentemente do nadir após a cirurgia, o tempo para o PSA alcançar o nadir após a RT está em torno de 12-18 meses - A duração do efeito da RT após seu início, perdura por aproximadamente 2 anos - A eficácia oncológica é semelhante aos resultados da prostatectomia radical → As principais complicações da RT são: - Disfunção erétil: 30-40% dos homens previamente potentes podem ter sua função sexual afetada. Geralmentea DE ocorre de maneira mais insidiosa, podendo levar meses após o término da RT. - Incontinência urinária: pode ocorrer em 3-5% dos homens após a RT - Retite ou cistite actínica: 10-15% dos pacientes podem apresentar inflamação actínica retal (enterorragia) ou vesical (hematúria macroscópica, e sintomas de armazenamento como disúria, polaciúria ou nictúria) - Fístula retovesical ou retouretral: ocorre em 1% dos casos PTR OU RT? → Considerando as probabilidades de cura, cirurgia e radioterapia oferecem as mesmas chances. → Cerca de 20-30% dos pacientes de baixo risco de D’Amico, submetidos a uma das duas modalidades de tratamento curativo, acabam sofrendo recidiva da doença → Este número sobe para 60-80% em pacientes de alto risco → Não existe um critério bem estabelecido, mas levando-se em conta a possibilidade futura de recidiva da doença, pacientes mais jovens (abaixo de 60-65 anos), preferencialmente são candidatos à cirurgia, pois caso haja recidiva da doença, a RT com intenção curativa pode ser considerada → Ao contrário, ao operar um paciente pós-RT, as complicações como disfunção erétil e incontinência urinária podem atingir 100% e 20%, respectivamente 4- Terapia focal: ainda não consolidadas por estudos clínicos, e são propostas de diminuir os efeitos colaterais das terapias clássicas - Térmicas: (crioterapia e HIFU) - Não-térmicas: terapia vascular com padeliporfina e eletroporação CaP localmente avançado: → Cerca de 10% dos pacientes possui doença localmente avançada → Pacientes com tumor localmente avançado têm, por definição, doença de alto risco → O manejo desses pacientes ainda é uma questão controversa, portanto o tratamento multimodal deve ser considerado 1- PTR + RT adjuvante (ou de resgate): consiste na realização da cirurgia seguida de radioterapia no pós-operatório (adjuvante) - O momento de início da RT é uma questão controversa - Alguns autores defendem início precoce, outros que a RT adjuvante deve ser introduzido no momento da recorrência bioquímica (RT de resgate) 2- RT + Hormonioterapia (HT): de longo prazo (> 6 meses, idealmente por 3 anos) 3- PTR + HT: a associação de cirurgia com hormonioterapia pode ser recomendada - Não se recomenda a terapia hormonal neoadjuvante (realizada antes da cirurgia) para PTR pois não há evidências de benefícios Terapia multimodal → Estudos demonstram que os resultados da PTR como monoterapia confere sobrevida livre de recorrência bioquímica ao redor de 50% → Pacientes que foram submetidos à RT isolada, têm 10-20% de chance de permanecerem livres de recorrência bioquímica em 10 anos → Dessa forma, o tratamento multimodal é considerado para CaP localmente avançado Tratamento para CaP metastático: → Considera-se doença metastática quando evidencia-se acometimento ósseo ou visceral pelos exames de estadiamento → A base do tratamento é a terapia de privação androgênica (TPA), definida pela supressão da secreção dos andrógenos testiculares ou por meio da inibição da ligação dos andrógenos por bloqueio do receptor androgênico (RA) @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX 1- Tratamento hormonal de primeira linha: Castração Cirúrgica: orquiectomia total ou subcapsular é considerada o padrão-ouro dentre as TPA, por se tratar de um procedimento simples, efetivo, com poucas complicações e baixo custo - É a forma mais rápida de atingir o nível de castração, ocorrendo em menos de 12 horas - Considera-se nível de castração com valores de testosterona abaixo de 20 ng/dL Castração química: realizada com análagos do LHRH, usualmente a gosserrelina e leuprolide/leuprorrelina - Inicialmente há um aumento da liberação de LH e FSH, que levam a um aumento da testosterona circulante (efeito flare), e numa segunda fase, após exposição crônica ao LHRH, há uma diminuição na liberação hormonal, e consequentemente o nível da testosterona cai para níveis de castração após 2 a 4 semanas - Cerca de 50 a 80% dos pacientes podem apresentar fogachos, tornando necessária a interrupção do tratamento 2- Terapia combinada: o bloqueio hormonal completo se consegue com a associação dos medicamentos que atuam competindo com os androgênicos nos receptores periféricos, combinado com a castração cirúrgica ou castração química CaP Resistente à Castração: → Considera-se falha do tratamento hormonal, quando, mesmo com testosterona em níveis de castração (< 20 ng/dl), ocorre: - Elevações consecutivas do PSA durante o acompanhamento, onde geralmente o PSA é maior que 2,0 ng/dL - Progressão clínica, isto é, aparecimento de novas lesões ósseas (metástases) ou aumento de lesão de partes moles 1- Quimioterapia (QT): docetaxel ou cabazitaxel 2- Abiraterona: deve ser usada associada à prednisona/prednisolona, evitando os efeitos colaterais como retenção hídrica, edema e hipocalemia 3- Enzalutamida: efeitos colaterais da enzalutamida são hipertensão e fadiga, e é uma droga que possui custo elevado Tratamento Complementar Paliativo: 1- Bifosfonados: ác. zoledrônico (4mg/mês), usado no tratamento das metástases ósseas, diminuindo fratura e dor óssea 2- Radioterapia antálgica: utilizada nas metástases ósseas localizadas e sintomáticas, aliviando em quase 80% das dores ósseas, mas por um período limitado, pois cerca de 50% apresentam recidiva da dor 3- Radium-223: radiofármaco sistêmico usado para tratamento de metástases ósseas sintomáticas em pacientes sem metástases viscerais ou linfonodais 4- Denosumabe: anticorpo monoclonal humano, antagonista da via de sinalização RANKL, que controla o desenvolvimento de osteoclastos, evitando-se a osteoporose @futuradraminghe - Laura Minghe - TXXIX
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