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Elaboração e Análise de Projetos v vi QUÉSIA POSTIGO KAMIMURA ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE PROJETOS 1ª Edição - revista e atualizada - 2017 vii Copyright©2017. Universidade de Taubaté. Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. Administração Superior Reitor Prof. Dr. José Rui Camargo Vice-reitor Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto Pró-reitor de Administração Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto (interino) Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. Mario Celso Peloggia (interino) Pró-reitora Estudantil Profa. Ma. Angela Popovici Berbare Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof. Dr. Mario Celso Peloggia Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Nara Lucia Perondi Fortes Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Francisco José Grandinetti Coordenação Geral EaD Profa.Dra.Patrícia Ortiz Monteiro Coordenação Acadêmica Profa.Ma. Rosana Giovanni Pires Coordenação Pedagógica Profa.Dra.Ana Maria dos Reis Taino Coordenação de Tecnologias de Informação e Comunicação Wagner Barboza Bertini Coordenação de Mídias Impressas e Digitais Profa.Ma.Isabel Rosângela dos Santos Amaral Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Dra. Suzana Lopes Salgado Ribeiro Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Curso de Pedagogia Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Revisão ortográfica-textual Projeto Gráfico Diagramação Autor Revisão Técnica Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral Me. Benedito Fulvio Manfredini Bruna Paula de Oliveira Silva Quésia Postigo Kamimura Prof. Me. Evandro Luiz de Oliveira Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432-Centro Taubaté – São Paulo CEP:12.020-270 Central de Atendimento:0800557255 Polo Taubaté Polo Ubatuba Polo São José dos Campos Polo São Bento do Sapucaí Avenida Marechal Deodoro, 605–Jardim Santa Clara Taubaté–São Paulo CEP:12.080-000 Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 Secretaria: (12) 3622-6050 Av. Castro Alves, 392 – Itaguá – CEP: 11680-000 Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 13h às 17h / 18h às 22h Av Alfredo Ignácio Nogueira Penido, 678 Parque Residencial Jardim Aquarius Tel.: 0800 883 0697 e-mail: nead@unitau.br Horário de atendimento: 8h às 22h EMEF Cel. Ribeiro da Luz. Av. Dr. Rubião Júnior, 416 – São Bento do Sapucaí – CEP: 12490-000 Tel.:(12) 3971-1230 e-mail: polosaobento@ead.unitau.com.br Horário de atendimento: das 18h às 21h (de segunda a sexta-feira) / das 8h às 12h (aos sábados). Ficha Catalográfica elaborada pelo SiBi K154e Kamimura, Quésia Postigo Elaboração e análise de projetos / Quésia Postigo Kamimura. Taubaté: UNITAU, 2011. 97p. : il. ISBN: 978-85-65687-54-6 Bibliografia 1. Projetos. 2. Gerenciamento de projetos. 3. Projetos nas organizações. I. Universidade de Taubaté. II. Título mailto:polosaobento@ead.unitau.com.br viii PALAVRA DO REITOR Palavra do Reitor Toda forma de estudo, para que possa dar certo, carece de relações saudáveis, tanto de ordem afetiva quanto produtiva. Também, de estímulos e valorização. Por essa razão, devemos tirar o máximo proveito das práticas educativas, visto se apresentarem como máxima referência frente às mais diversificadas atividades humanas. Afinal, a obtenção de conhecimentos é o nosso diferencial de conquista frente a universo tão competitivo. Pensando nisso, idealizamos o presente livro- texto, que aborda conteúdo significativo e coerente à sua formação acadêmica e ao seu desenvolvimento social. Cuidadosamente redigido e ilustrado, sob a supervisão de doutores e mestres, o resultado aqui apresentado visa, essencialmente, a orientações de ordem prático-formativa. Cientes de que pretendemos construir conhecimentos que se intercalem na tríade Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de forma responsável, porque planejados com seriedade e pautados no respeito, temos a certeza de que o presente estudo lhe será de grande valia. Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa leitura. Bons estudos! Prof. Dr. José Rui Camargo Reitor ix x Apresentação Uma das abordagens gerenciais que nos últimos anos tem-se demonstrado bastante atraente como alternativa para os executivos das organizações é o gerenciamento de projetos. Desde os primórdios da nossa civilização, pessoas criam e gerenciam projetos, seja para a construção de obras públicas, a implantação de serviços de cunho social ou elaboração de legislação, entre outras razões ou motivações. Mesmo sem conhecer metodologias e tecnologias, a grande preocupação é atingir objetivos, com a otimização de tempo, orçamento, pessoas, materiais, energia, sempre com qualidade; com ponderação e avaliação dos riscos envolvidos nestes projetos. Por que será que inventaram projetos? Não bastava existirem atividades e processos? Em busca de respostas podemos nos remeter primeiramente à nossa vida pessoal – cada um de nós sabe distinguir nossos projetos das demais atividades. Não é mesmo? Mahatma Ghandi já disse: “Sou um sonhador prático. Meus sonhos não são meramente fantasias vazias. Eu quero converter meus sonhos em realidade”. Ao pensarmos nos conceitos de projeto, podemos até afirmar que a vida é um projeto, é temporária, única, tem objetivos elevados, escopo progressivamente elaborado, recursos escassos, riscos e a incerteza maior – o próprio mistério da existência. No projeto de vida parece que ninguém quer terminar antes do prazo; a equipe de projeto é cada um de nós, qualidade de vida é fundamental. Podemos dizer que o benefício maior do projeto é fomentar outros “projetos de vida”. Este livro-texto é dedicado ao estudo sobre elaboração e gerenciamento de projetos no âmbito organizacional e lembramos que as organizações são geridas por pessoas que buscam conciliar os seus projetos de vida com os projetos da organização. xi A área de gestão de projetos tem assumido importância nas empresas e nos estudos da academia, entre outras razões, devido aos processos de transformação em curso no mundo, a necessidade de organizar-se para o enfrentamento dos desafios impostos pela globalização e competitividade oriundos da nova estrutura no mundo atual dos negócios. Para responder de maneira satisfatória às novas exigências do mercado, o gerenciamento de projetos tem ocupado espaço de destaque, ficando clara a necessidade de aprofundamento nos estudos e de aprimoramento das práticas. xii Sobre a autora Quésia Postigo Kamimura é graduada em Ciências Econômicas, especialista em Saúde Pública, mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional (UNITAU) e doutora em Saúde Pública (FSP USP). Atua como professora assistente doutora no departamento de Economia, Contabilidade e Administração, é membro permanente do corpo docente do Mestrado em Gestão e Desenvolvimento Regional (UNITAU) e autora de vários artigos científicos na área de gestão, logística e serviços de saúde. xiii xiv Caros(as) alunos(as), Caros( as) alunos( as) O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se como espaço acadêmicode encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência adquirida no campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como subsidio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das unidades, dicas de leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo estudado. Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais atores desta formação. Para todos, os nossos desejos de sucesso! Equipe EAD-UNITAU xv xvi Sumário Palavra do Reitor ........................................................................................................... viii Apresentação .................................................................................................................... x Caros(as) alunos(as) ...................................................................................................... xiv Ementa .............................................................................................................................. 1 Objetivos ........................................................................................................................... 2 Introdução ......................................................................................................................... 3 Unidade 1. Fundamentos de Gerenciamento de Projetos ........................................... 5 1.1 Introdução à Gestão de Projetos ................................................................................. 5 1.2 Estrutura de Projeto .................................................................................................. 17 1.3 Ciclo de vida e organização do Projeto .................................................................... 24 1.4 Integração ................................................................................................................. 29 1.5 Síntese da Unidade ................................................................................................... 33 1.6 Para saber mais ......................................................................................................... 34 1.7 Atividades ................................................................................................................. 37 Unidade 2. Gerenciamento de Escopo, Cronograma e Custo do Projeto ............... 38 2.1 Gerenciamento do Escopo do Projeto ...................................................................... 42 2.2 Gerenciamento do Cronograma do Projeto .............................................................. 53 2.3 Gerenciamento dos Custos do Projeto ..................................................................... 58 2.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 69 2.5 Para saber mais ......................................................................................................... 69 2.6 Atividades ................................................................................................................. 71 Unidade 3. Gerenciamento da Qualidade, Recursos e Comunicação do Projeto .. 72 3.1 Gerenciamento da Qualidade do Projeto .................................................................. 72 xvii 3.2 Gerenciamento dos Recursos do Projeto .................................................................. 81 3.3 Gerenciamento da Comunicação do Projeto ............................................................ 89 3.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 94 3.5 Para saber mais ......................................................................................................... 94 3.6 Atividades ................................................................................................................. 96 Unidade 4. Gerenciamento da Riscos, Aquisições e Partes Interessadas do Projeto............................................................................................................................ 98 4.1 Gerenciamento dos Riscos do Projeto ...................................................................... 98 4.2 Gerenciamento das Aquisições do Projeto ............................................................. 105 4.3 As partes interessadas do Projeto e influência organizacional ............................... 110 4.4 Síntese da Unidade ................................................................................................. 113 4.5 Para saber mais ....................................................................................................... 114 4.6 Atividades .......................................................................................................... 115 Referências ................................................................................................................... 116 11 ORGANIZE-SE!!! Você deverá dispor de 3 a 4 horas para realizar cada Unidade. Elaboração e análise de projetos Ementa EMENTA Fundamentos de gerenciamento de projetos. Gerenciamento de escopo, prazo, custo, qualidade, recursos, pessoas, e equipe de projetos. Gerenciamento de comunicação, riscos. 22 Objetivo Geral Revisar e propiciar os conhecimentos sobre a evolução da abordagem de gerenciamento de projetos e dos seus conceitos-chave. Promover a capacitação técnica nos fundamentos do gerenciamento de projetos buscando maximizar as possibilidades de alcance da eficácia dos projetos, uma vez que são observados problemas quanto ao prazo e à sua qualidade final a partir de escopos mal definidos. Obj eti vos Objetivos Específicos Compreender o significado, a importância e os fatores críticos de sucesso do gerenciamento de projetos nas organizações; Identificar o perfil dos gerentes de projetos: suas características; habilidades e atribuições; Compreender o processo de formação de equipes para gestão de projetos. Conhecer as metodologias e as ferramentas de planejamento e controle de projetos; Compreender o papel e as inter-relações do gerente de projetos nas organizações. 33 Introdução A partir deste momento vamos entender que a institucionalização de gerenciamento de projetos nas organizações, sejam elas privadas ou públicas, é um esforço contínuo que precisade apoio não só dos executivos, mas de todos aqueles que estão envolvidos direta ou indiretamente. Neste livro-texto, subdividido em quatro Unidades, entenderemos, na primeira Unidade, os fundamentos do gerenciamento de projetos iniciando pelos conceitos de projeto, principais características e categorias de projeto e aprenderemos que projetos diferenciam-se de trabalho operacional, embora ocasionalmente se sobreponham. Abordaremos, também, o processo de estruturação da atividade de projetos nas organizações quanto à estrutura organizacional, os tipos de estruturas e as vantagens e desvantagens de cada tipo de estrutura. Estudaremos ainda sobre o ciclo de vida e organização do projeto, buscamos entender as fases e as características das fases dos ciclos de vida do projeto, compreendendo as diferenças entre ciclo de vida do projeto e ciclo de vida do produto. Aprenderemos como o PMI estruturou os conhecimentos e processos recomendados para gerenciamento de projetos em dez áreas de conhecimento e cinco grupos de processo. Na Unidade II, aprenderemos o que é gerenciamento de projetos e realizaremos uma breve revisão da evolução dessa área de conhecimento; aprofundamos o conceito de grupo de processo apresentado na Unidade I. Em seguida estudamos os processos para realizar o gerenciamento de escopo, do cronograma e do custo do projeto. 44 Na Unidade III, aprenderemos sobre o processo de gerenciamento da qualidade do projeto. Conheceremos algumas técnicas e ferramentas uteis para resolver problemas de qualidade, entre elas: diagrama de Ishikawa; fluxograma e diagrama de Pareto. Em seguida, revisaremos como se realiza o gerenciamento dos recursos do projeto, tanto a alocação de profissionais quanto dos produtos, equipamentos, materiais e serviços necessários para a execução do projeto. Conheceremos ferramentas e técnicas como Organograma e Gráfico RACI. Finalizaremos a Unidade III aprendendo sobre os elementos fundamentais do processo de comunicação e os processos recomendados pelo PMI para realizar o gerenciamento das comunicações do projeto. Na Unidade IV, aprenderemos o que é risco, seus componentes fundamentais: impacto e probabilidade, além do processo de gerenciamento de risco do projeto. Em seguida, estudaremos os processos para realizar o gerenciamento das aquisições do projeto, ou seja, como adquirir serviços, produtos, materiais e outros componentes necessários à execução dos projetos mais externos à equipe do projeto. Conheceremos os tipos de contrato, e a diferença na partilha de riscos entre comprador e vendedor. Finalizaremos aprendendo o que é um Claim e o que são partes interessadas do projeto, além do impacto e da importância de se compreender a influência organizacional para se atingir o sucesso em projetos. 55 Unidade 1 Unidade 1 . Fundamentos de Gerenciamento de Projetos Nesta Unidade, vamos estudar os fundamentos do gerenciamento de projetos iniciando pelos conceitos de projeto, suas principais características. Em seguida, vamos abordar os tipos de estruturas em projetos, o ciclo de vida e organização necessária para a elaboração e gerenciamento de projeto e a gestão da sua integração. 1.1 Introdução à Gestão de Projetos O que é um Projeto? Vamos às definições: O conceito de projeto foi pioneiramente divulgado por Gaddis (1959); um projeto é uma unidade da organização dedicada a atingir uma meta – geralmente a conclusão bem-sucedida do desenvolvimento de um produto no prazo, dentro do orçamento e em conformidade com especificações de desempenho pré-determinadas (GADDIS, 1959, p. 145). Mantendo-se o conceito original, o Project Management Institute (PMI) define projeto como “um empreendimento de esforço temporário feito para criar um produto, serviço ou resultado único” (PMI, 2017, p.4). Dessa definição, segundo Sabbag (2009), um projeto: Envolve desejo e vontade empreendedora; 66 É ambicioso e desafiador, embora viável; É temporário; É marcado por objetivos; É único, não se confunde com a rotina; Sempre contém riscos e incertezas. Para Tuman (1983 apud CARVALHO e RABECHINI JR, 2009): Um projeto é uma organização de pessoas dedicadas visando atingir um propósito e objetivo específico. Projetos geralmente envolvem gastos, ações únicas ou empreendimentos de altos riscos o qual tem que ser completado numa certa data por um montante de dinheiro, dentro de alguma expectativa de desempenho. No mínimo todos projetos necessitam de terem seus objetivos bem definidos e recursos suficientes para poderem desenvolver as tarefas requeridas (TUMAN, 1983 apud CARVALHO e RABECHINI JR, 2009, p. 12). Vargas (2003) define projeto como: um empreendimento não repetitivo (único), caracterizado por uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade (VARGAS, 2003, p.5). Segundo Slack et al. (2002), quanto mais complexo for o projeto em relação à quantidade de atividades, pessoal envolvido, e recursos alocados, maior será a possibilidade de erro no projeto. Podemos, de maneira introdutória, apresentar alguns exemplos de projeto: instalação de uma nova planta industrial; casamento; realizar curso universitário; redação de um livro; reestruturação de um determinado setor ou departamento da empresa; elaboração de um plano de marketing e publicidade; lançamento de um novo produto ou serviço; 77 Figura 1.1 – Projeto Temporário, Único ou Exclusivo Fonte: Elaborado pela autora Um empreendimento de esforço temporário feito para criar um produto, serviço ou resultado único (PMI, 2017 p.4) informatização de um determinado setor da empresa; construção de uma casa; realização de uma viagem; execução de campanha política. Numa empresa, um projeto consiste em uma iniciativa em que o objetivo é alterar uma situação vigente ou introduzir uma inovação, tal como construir novas instalações para o funcionamento da empresa, implantar uma nova linha de produtos, conquistar novos mercados, fazer uma campanha publicitária ou promover um trabalho educativo entre seus empregados. Resumindo, um projeto implica um prazo limitado, uma data estipulada para conclusão e um resultado diferente daquele produzido no curso da rotina operacional. Características do Projeto Um projeto é um empreendimento temporário e único em algum aspecto ou dimensão. De acordo com PMI (2017), a seguir, expomos as duas características principais dos projetos: ser temporário, e exclusivo ou único. Também revisamos o conceito de elaboração progressiva, incluindo exemplos. Temporário: significa que todos os projetos possuem um início e um final definidos. O final é alcançado quando os objetivos do projeto tiverem sido atingidos, quando se 88 tornar claro que os objetivos do projeto não serão ou não poderão ser atingidos ou quando não existir mais a necessidade do projeto e ele for encerrado. Temporário não significa necessariamente de curta duração; muitos projetos duram vários anos. Em todos os casos, no entanto, a duração de um projeto é finita. Projetos não são esforços contínuos. Além disso, geralmente o termo temporário não se aplica ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto. A maioria dos projetos é realizada para criar um resultado duradouro. Por exemplo, um projeto para erguer um monumento nacional criará um resultado que deve ter validade por séculos. Os projetos também podem com frequência ter impactos sociais, econômicos e ambientais, intencionais ou não, com duração muito mais longa que a dos próprios projetos. A naturezatemporária dos projetos pode também ser aplicada a outros aspectos do esforço: A oportunidade ou janela do mercado geralmente é temporária – alguns projetos têm um prazo limitado durante o qual seu produto ou serviço deve ser gerado. A equipe do projeto, como uma unidade de trabalho, raramente sobrevive ao projeto – uma equipe criada com o único objetivo de realizar o projeto realizará esse projeto e, em seguida, será desfeita, e seus membros serão realocados quando o projeto for concluído. Produto, serviço ou resultado único: um projeto cria entregas exclusivas, que são produtos, serviços ou resultados os quais possuem pelo menos uma característica singular. Os projetos podem criar: Um produto ou objeto produzido, quantificável e que pode ser um item final ou um item componente; Uma capacidade de realizar um serviço, como funções de negócios que dão suporte à produção ou à distribuição; Um resultado, como resultados finais ou documentos. Por exemplo, um projeto de pesquisa desenvolve um conhecimento que pode ser usado para determinar se 99 uma tendência está presente ou não ou se um novo processo irá beneficiar a sociedade. A singularidade é uma característica importante das entregas do projeto. Por exemplo, muitos milhares de prédios de escritórios foram construídos, mas cada prédio em particular é único – tem proprietário diferente, projeto diferente, local diferente, construtora diferente, etc. A presença de elementos repetitivos não muda a singularidade fundamental do trabalho do projeto. Resumidamente, a definição temporária significa que cada projeto terá um começo, meio e fim definidos e não sobreviverá por tempo indeterminado. Único ou exclusivo indica que não se trata de uma atividade repetitiva ou de produção em série. Elaboração progressiva: é uma característica de projetos que integra os conceitos de temporário e único. Elaboração progressiva significa desenvolver em etapas e continuar por incrementos. Podemos citar, como exemplo, o escopo do projeto será descrito de maneira geral no início do projeto e se tornará mais explícito e detalhado conforme a equipe do projeto desenvolve um entendimento mais completo dos objetivos e das entregas. Os exemplos a seguir demonstram a elaboração progressiva em duas áreas de aplicação diferentes: O desenvolvimento de uma fábrica para processamento de produtos químicos começa com a engenharia de processos que define as características do processo. Essas características são usadas para projetar as principais unidades de processamento. Essas informações tornam-se a base do projeto de engenharia, que define tanto o layout detalhado da fábrica quanto as características mecânicas das unidades do processo e das instalações auxiliares. Tudo isso resulta em desenhos de projeto elaborados para produzir desenhos de fabricação e construção. Durante a construção, são feitas interpretações e adaptações conforme o necessário, que estão sujeitas à devida aprovação. Essa elaboração adicional das entregas é capturada na forma de desenhos “as built” (conforme construído) e são feitos ajustes operacionais finais durante os testes e a entrega. 1100 O produto de um projeto de desenvolvimento econômico pode inicialmente ser definido como: “Melhorar a qualidade de vida dos residentes de menor renda da comunidade X.” Conforme o projeto continua, os produtos podem ser descritos de forma mais específica como, por exemplo: “Oferecer acesso á alimentação e água a 500 residentes de baixa renda da comunidade X.” A próxima etapa da elaboração progressiva poderia enfocar exclusivamente o aumento da produção agrícola e da comercialização, com o fornecimento de água tratada como uma prioridade secundária a ser iniciada quando o componente agrícola estivesse em estágio avançado (PMI, 2004, p. 6). Categorias de Projeto Ao tratarmos das características dos projetos, Carvalho e Rabechini Jr (2009) lembram que existem outros aspectos que caracterizam os projetos: a incerteza e a complexidade. Os autores trazem que Maximiano (1997) afirma que os projetos podem ser subdivididos em quatro grandes categorias segundo a incerteza e a complexidade, conforme demonstra a Figura 1.2. Categoria 2 Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento. Categoria 4 Grandes projetos de Pesquisa e Desenvolvimento. Categoria 1 Pequenos projetos de engenharia. Organização de um evento. Categoria 3 Organização de eventos especiais: visita do Papa, Jogos Olímpicos, Jogos da Copa. Figura 1.2 - Categorias de Projeto Fonte: Carvalho e Rabechini Jr., 2009 Quanto maior for o grau de desconhecimento, maior a incerteza e maior o risco associado. A complexidade pode ser avaliada pela multidisciplinaridade necessária para a execução do projeto, pela diversidade e volume de informações a serem processadas, Incerteza Complexidade 1111 pelo número de organizações envolvidas, entre outros aspectos (MAXIMIANO, 1997, 2010). A incerteza está relacionada à “diferença entre a quantidade de informação necessária para se realizar a tarefa e quantidade de informação da não se dispõem (GALBRAITH, 1977 apud MAXIMIANO, 2010, p.10). Carvalho e Rabechi Jr. (2009) afirmam que quanto maior a complexidade e incerteza do projeto, maior será a dificuldade de gerar uma boa compreensão dos objetivos no processo de inicialização do projeto, deixando evidente o caráter de elaboração progressiva. “Quando o grau de incerteza é muito alto, porque o produto é totalmente novo, nem o tempo, nem o custo podem ser calculados com precisão, e o risco aumenta proporcionalmente” (SCRANTON, 2008 apud MAXIMIANO, 2010, p. 11). Essa situação acontece me muitos projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) Pautando-se no PMI (2017), lembramos que projetos se diferenciam de trabalho operacional, embora ocasionalmente se sobreponham. Uma diferenciação importante entre projeto e trabalho operacional é que as operações são contínuas e repetitivas enquanto que, conforme já observamos acima, os projetos são temporários e únicos ou exclusivos. Além disso, os objetivos dos projetos e de outros tipos de operação também são diferentes – de um lado, o objetivo dos diversos tipos de operações é sustentar o negócio; de outro lado, os projetos são concluídos quando atingem seus objetivos específicos, embora estejam alinhados às estratégias do negócio (PMI, 2017). Projeto Atividades contínuas Estabelecer um novo projeto. Administrar um negócio consolidado. Instalar um sistema de plataforma de micro- ondas. Fornecer instalações de controle de tráfego aéreo. Construir um novo porto marítimo. Operar um terminal oceânico. Introdução de controle de estoques computadorizados. Administração rotineira de estoque 1122 Em outras palavras, Kelling (2002) corrobora que o trabalho em um projeto permanece separado das operações rotineiras, embora seu resultado possa ser uma contribuição direta ao plano de longo prazo. A perspectiva do projeto é rigidamente definida, limitada por tempo e recursos, e os objetivos do projeto são mais específicos. A maioria das operações em curso é atrelada a objetivos em função do retorno sobre o investimento e a sobrevivência de longo prazo. O gerenciamento de projetos inclui planejamento, organização, supervisão e controle de todos os aspectos do projeto, em um processo contínuo, para alcançar seus objetivos. O PMI (2001) traz a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas como aspectos fundamentais para a gestão de projetos, tendo como objetivo atender ou superar as expectativas dos interessados (CARVALHO; RABECHI JR., 2009; SABBAG, 2009). Resumidamente, introduzimos, segundo os autores citados, que gerenciar projetos envolve: Cuidar da concepção, execução e aceitação do projeto; Otimizar e racionalizar o conjunto de objetivos; Harmonizar interessados do projeto; Enfrentar proativamente a incerteza e os riscos. Já no início desta introdução, ao tratarmos sobre o gerenciamento de projetos, o PMI e o Guia PMBOK foram utilizados como referência, pois são reconhecidos e utilizados em vários países como fonte de orientação e apoio para planejar e gerenciar projetos. • O que é PMI? É a abreviatura de Project Management Institute, uma associação, sem fins lucrativos criada em 1969 nos EUA, composta de profissionais de gerência de projetos. É um fórum de excelência na área de gerência de projetos, Desenvolver uma concessão para exploração de minério. Produção lucrativa de minério. Construir uma usina nuclear. Fornecer suprimento constante de energia elétrica Quadro 1.1 – Projeto e Atividades contínuas Fonte: Kelling 2002. 1133 promovendo seu crescimento, divulgação, educação e valor nas organizações e praticantes. O site da entidade é: www.pmi.org O que significa PMBOK Guide? É abreviatura de Project Management Body of Knowledge Guide. Documento contendo técnicas, métodos e processos relativos à Gerência de Projetos considerados como um conjunto das melhores práticas em gerenciamento de projetos. Foi traduzido para 12 idiomas, inclusive o português brasileiro, e é revisado a cada quatro anos; a última versão foi publicada pelo PMI em 2017 e é denominada em português como Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos 6º ed. ou Guia PMBOK 6ª ed. 2017. Breve Revisão Histórica da Evolução do Gerenciamento de Projetos Projetos vêm sendo realizados desde os primórdios da civilização. A construção das pirâmides do Egito, depois de 2780 a.C (VICENTINO, 1997), por exemplo, foi um grande projeto. Projetos têm sido planejados e executados pelas organizações para criar novos produtos/serviços e introduzir mudanças e inovações em seus processos. Na última metade do século XIX, o crescente aumento na complexidade dos novos negócios em escala mundial favoreceu a adoção dos princípios da gerência de projetos. Na Europa, a metodologia de projetos foi determinada pela guerra, principalmente para a reconstrução da infraestrutura dos países devastados pela Segunda Guerra Mundial, ganhando importância a gestão voltada para a economia de prazos e de recursos, em condições de difícil realização. No Brasil, segundo Biezus et al. (1986), a metodologia de projetos surge no início da década de 1960, no campo da construção pesada. A empresa estatal Furnas lançava um desafio aos brasileiros: conquistar autonomia no projeto, na execução e no http://www.pmi.org/ 1144 gerenciamento de barragens para geração de energia hidrelétrica. Essa obra determinou a criação das pioneiras empresas de consultoria em gestão de projetos (SABBAG, 2009). A evolução histórica da abordagem por projetos subdivide-se em três fases (KERZNER, 2000): Gerenciamento de projetos tradicional (1960 a 1985) – predominando os setores de defesa, aeroespacial e de construção, com equipes exclusivas, com foco na meta de custo; Período renascença (1985 a 1993) – a metodologia passa a ser aplicada a pequenos projetos, estes gerenciados por equipes multidisciplinares sem dedicação exclusiva, enfatizando decisões coletivas, e passa a adotar o usado de microcomputadores com software específico para gerenciamento de projetos; Gerenciamento de projetos moderno (1993 a 1999) – organizações passam a reconhecer que tanto os aspectos quantitativos quanto os comportamentais mudaram de tal forma que tornam necessário diferenciar a nova da antiga metodologia de gerenciamento. Gerenciamento de Projetos e Gerente de Projetos Segundo PMI (2017, p. 10) “gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos”. O gerenciamento de projetos é realizado por meio da aplicação e da integração dos seguintes processos de gerenciamento de projetos: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e encerramento. O gerente de projetos é a pessoa responsável pela realização dos objetivos do projeto (PMI, 2017). Gerenciar um projeto inclui: Identificação das necessidades; 1155 Estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis; Balanceamento das demandas conflitantes de qualidade, escopo, tempo e custo; Adaptação das especificações, dos planos e da abordagem às diferentes preocupações e expectativas das diversas partes interessadas. Competências em Gerenciamento de projetos Conforme Carvalho e Rabechinni Jr. (2015), as competências para se realizar o gerenciamento de projetos ocorre em três dimensões: profissionais, equipe e organização. Somente quando as três dimensões citadas (profissionais ou indivíduos, equipes, e organização) apresentam adequado preparo para executar projetos, aliados ao alinhamento dos projetos com a estratégia organizacional, processos bem definidos e capacidade de lidar com as mudanças (internas ou externas), tem-se uma organização com alto nível de competência na realização de projeto (CARVALHO; RABECHINNI JR, 2015). A Figura 1.3 apresenta o modelo de competência em gerenciamento de projetos proposta por Carvalho e Rabechinni Jr. (2015). 1166 Figura 1.3 – Modelo de competências em gerenciamento de projetos Fonte: Carvalho e Rabechinni Jr. (2015). Sobre as competências em linhas gerais temos: Para os indivíduos se espera o domínio das ferramentas e técnicas de gerenciamento de projetos, sendo capazes de lidar com as restrições de recursos, prazo e custos, além das demandas de singularidade e empenho (CARVALHO; RABECHINNI JR, 2015). Para as equipes, se espera pro-atividade na busca dos resultados, alcançada com uma orientação com foco nas tarefas e atividades (CARVALHO; RABECHINNI JR, 2015). Para a organização, com vista a se institucionalizar o gerenciamento de projetos como uma abordagem para realizar a gestão de suas atividades não rotineiras, espera-se o comprometimento com o gerenciamento de projetos com investimento e disponibilização de recursos, adequação da estratégia onde e quando necessário para conciliar o gerenciamento de projetos com o gerenciamento das operações e outras funções e rotinas. Realizar a divulgação dos resultados dos projetos de forma a contribuir para a construção de uma cultura que valorize e apoie o gerenciamento de projetos (CARVALHO; RABECHINNI JR, 2015). 1177 Além das três camadas citadas (indivíduos, equipes e organização), o modelo também apresenta três pilares que são: processos, estratégia e efetivação das mudanças. Sob a perspectiva dos projetos, esses pilares compreendem: Primeiro pilar - Estratégia: sua relevância e contribuição fazem com que ela seja um dos objetivos da organização a institucionalização do gerenciamento de projetos, considerando e integrando os indivíduos, as equipes e as organização (capacidades, recursos e estruturas), além de estabelecer orientações e apoiar o desenvolvimento das competências em gerenciamento de projetos em toda a organização (CARVALHO; RABECHINNI JR, 2015). Segundo pilar – Processo: abarca o desenvolvimento de procedimentos e abordagens adequadas nas diversas funções que compõem a organização de maneira a permitir a integração e desenvolvimento do gerenciamento de projetos nas três camadas (indivíduos, equipes e organização) (CARVALHO; RABECHINNI JR, 2015). O terceiro pilar, se refere à Efetivação da Mudança: considera os elementos necessários para a organização compreender, desenvolver e sustentar as mudanças necessárias para se implementar e se desenvolver o gerenciamento de projetos, tornando-se capaz de lidar de forma construtiva com os impacto e desafios causados pelas mudançasinternas e externas. Neste pilar também se incluem a definição e o monitoramento dos indicadores de desempenho dos projetos e das competências nas três camadas citadas (indivíduos, equipes e organização) (CARVALHO; RABECHINNI JR, 2015). 1.2 Estrutura de Projeto O processo de estruturação da atividade de projetos nas organizações envolve aspectos relacionados à estrutura organizacional e ao desenvolvimento de competências em gerenciamento de projetos. 1188 Para o gerenciamento de um projeto, a equipe que irá executá-lo deve estar organizada segundo uma estrutura. A partir dessa estrutura é que será definida a sistemática de trabalho do grupo com o objetivo de entregar os resultados do projeto ao cliente, de acordo com o prazo previsto, sem estourar o custo programado e em conformidade com as características técnicas definidas no início. Tipos de estruturas Carvalho e Rabechi Jr. (2009): Organização tradicional ou funcional – marcada pela divisão através de departamentos. Os gerentes funcionais mantêm controle absoluto sobre o projeto. Eles estabelecem o próprio orçamento com a aprovação dos superiores. A estrutura organizacional coloca o projeto a ser executado dentro de um dos departamentos técnicos da empresa e o responsável pelo projeto passa a ser o gerente funcional deste departamento. Tal estrutura de gerenciamento sobreviveu por mais de dois séculos, porém o desenvolvimento de negócios recentes, a rapidez nas mudanças tecnológicas e posição no mercado, além do aumento de stakeholders, vem demandando outros tipos de estruturas organizacionais. A Figura 1.3 apresenta de forma esquemática o conceito de Estrutura Organizacional Funcional. 1199 Figura 1.3 – Estrutura funcional Fonte: Adaptado de PMI, 2004 A estrutura organizacional tradicional ou funcional apresenta vantagens e desvantagens: Vantagens Desvantagens - Uso de recursos humanos; - Alocação de especialistas; - O departamento armazena o conhecimento do projeto; - Crescimento técnico; - Controle sobre os recursos humanos; - Canais de comunicação vertical; - Rápida resposta às reações necessárias. - O cliente não é o foco do projeto; - Ações e decisões favorecem mais o departamento do que o projeto; - As responsabilidades ficam, em geral, com o gerente funcional; - Tendência de subestimar o projeto; - Não há sistema de gerenciamento focado em projetos. Quadro 1.2 – Vantagens e desvantagens da estrutura funcional Fonte: Carvalho e Rabechi Jr., 2009. 2200 Organização projetizada – a estrutura é dividida em projetos. As equipes participam de empreendimentos e só de empreendimentos. O projeto é coordenado pelos gerentes de projeto. As exigências para obtenção de sucesso no mundo atual dos negócios, como a velocidade de resposta e orientação ao mercado, o desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços que requerem informações das diferentes áreas de conhecimento, rápida expansão de novidades tecnológicas nas mais diversas áreas, impôs mudanças nas empresas, dentre elas a diversificação de seus produtos e integração das tecnologias. Conforme a complexidade das organizações aumentava, os gerentes foram compreendendo que as atividades de projeto não estavam sendo integradas de maneira efetiva. Na busca por novas estruturas organizacionais que iriam permitir maior integração e resolver os problemas, surge a estrutura projetizada. A Figura 1.4 apresenta de forma esquemática o conceito de Estrutura Organizacional Projetizada. Figura 1.4 - Estrutura projetizada Fonte: Adaptado de PMI, 2004. 2211 A estrutura organizacional projetizada apresenta vantagens e desvantagens: Vantagens Desvantagens - Gerente dos projetos tem controle; - A comunicação no projeto flui melhor; - Canais de comunicação mais fortes; -A equipe de projetos está sob responsabilidade do gerente; - Possibilidade de tomar decisões rápidas é maior; - Rápida resposta ao cliente; - Alinhamento com a alta administração é maior. - O cliente não é o foco do projeto; - Ações e decisões favorecem mais o departamento do que o projeto; - As responsabilidades ficam, em geral, com o gerente funcional; - Tendência de subestimar o projeto; - Não há sistema de gerenciamento focado em projetos. Quadro 1.3 – Vantagens e desvantagens da estrutura projetizada Fonte: Carvalho e Rabechi Jr., 2009. Organização matricial – combina os elementos da estrutura funcional e da estrutura projetizada para formar uma singular, híbrida, com características das “estruturas-mãe”. Em paralelo à estrutura funcional, sob a responsabilidade dos gerentes funcionais são criados grupos de projeto, sob a responsabilidade de gerentes de projetos. Os grupos de projeto utilizam as mesmas pessoas que pertencem aos setores funcionais. Elas passam a ter dois tipos de trabalho, um relativo ao seu setor funcional e outro relativo ao projeto do qual estão participando, e passam também a reportarem-se a duas chefias diferentes, ao gerente funcional e ao gerente do projeto. Na estrutura matricial, um gerente é alocado para supervisionar o projeto, dividindo responsabilidades e autoridade para completá-lo com os gerentes funcionais; gerentes de projeto e gerentes funcionais dirigem e tomam decisões juntos sobre vários segmentos e fluxos de trabalho. A estrutura matricial pode se apresentar sob diversas formas: 2222 – estrutura matricial fraca - um gerente com autoridade limitada é designado para coordenar o projeto ao longo de diferentes áreas ou grupos funcionais. Este retém as responsabilidades e a autoridade sobre seus segmentos específicos de trabalho. Figura 1.5 - Estrutura matricial fraca Fonte: Adaptado de PMI, 2004 – estrutura matricial forte - um gerente é designado para supervisionar o projeto tendo responsabilidades e autoridade primárias para completá-lo. O gerente funcional aloca o pessoal necessário e provê competências técnicas. 2233 Figura 1.6 - Estrutura matricial forte Fonte: Adaptado de PMI, 2004 A estrutura organizacional matricial apresenta vantagens e desvantagens: Vantagens Desvantagens - Gerente de projetos responsável pelo projeto; - Uso das competências técnicas dos departamentos; - Respostas rápidas aos clientes; - Existe mais flexibilidade; - O projeto tem mais representatividade; - Maior controle dos vários projetos; - Criação de políticas e procedimentos para vários projetos. - Dúvidas quanto a responsabilidades; - Membros de equipe com mais de um chefe; - Conflito entre gerentes de projetos e funcionais; - Prioridades alteradas continuamente; - Habilidade de negociação do gerente de projetos nem sempre ocorre. Quadro 1.4 – Vantagens e desvantagens da estrutura matricial Fonte: Carvalho e Rabechi Jr., 2009. Os autores apontam que os organogramas podem não refletir adequadamente as formas como as pessoas se organizam atualmente no trabalho e apresentam estudos que introduzem novos componentes, conforme apresentado na Figura 1.7. 2244 Figura 1.7 - Forma de organização Fonte: Carvalho e Rabechini Jr., 2009 Hub serve como um centro de coordenação. É qualquer ponto físico ou conceitual para o qual pessoas, coisas e informações se movem. Webs são conexões sem um centro: elas permitem comunicação aberta e movimentação contínua de pessoas e ideias. Na estrutura organizacional, quando não selecionada de forma apropriada, vários problemas podem ser identificados; dentre eles: os projetos não conseguem atender aos requisitos de tempo e custo, os especialistas se sentem subutilizados, não se assumem responsabilidades quando o projeto tende a fracassar, etc. É importante salientar que os estudos apontam que não existe uma estrutura organizacionalúnica para todos os casos. Para cada projeto existe uma estrutura mais adequada. No início de cada projeto deve ser feita uma análise individual de vários fatores para se identificar e definir qual é a estrutura mais adequada para a execução do projeto. 1.3 Ciclo de vida e organização do Projeto Ciclo de vida do Projeto (PMI, 2017): O ciclo de vida do projeto fornece uma estrutura e guia conceitual para o gerenciamento de projetos e é composto por uma série de fases, as quais orientam o início, a execução e o fim de um projeto. Cada organização constrói seu ciclo de vida de acordo com suas 2255 características e dos projetos que executa. Os projetos e o gerenciamento de projetos são executados em um ambiente mais amplo que o do projeto propriamente dito. A equipe de gerenciamento de projetos precisa entender esse contexto mais amplo para que possa selecionar em cada fase do ciclo de vida, os processos, as ferramentas e técnicas adequadas ao projeto. O ciclo de vida do projeto define as fases que conectam o início de um projeto ao seu final. Por exemplo, quando uma organização identifica uma oportunidade que deseja aproveitar, em geral irá autorizar um estudo de viabilidade para decidir se deve realizar o projeto. A definição do ciclo de vida do projeto pode ajudar o gerente de projetos a esclarecer se deve tratar o estudo de viabilidade como a primeira fase do projeto ou como um projeto autônomo separado. Quando o resultado desse esforço preliminar não é claramente identificável, é sugerido como melhor alternativa considerar esse estudo como um projeto separado. Os ciclos de vida do projeto geralmente definem: que trabalho técnico deve ser realizado em cada fase (por exemplo, em qual fase deve ser realizado o trabalho do arquiteto?); quando as entregas devem ser geradas em cada fase e como cada entrega é revisada, verificada e validada; quem está envolvido em cada fase (por exemplo, a engenharia simultânea exige que os implementadores estejam envolvidos com os requisitos e o projeto); como controlar e aprovar cada fase. A maioria dos ciclos de vida do projeto compartilha algumas características comuns: fases sequenciais e que normalmente são definidas por algum formulário de transferência de informações técnicas ou de entrega de componentes técnicos; níveis de custos e de pessoal são baixos no início, atingem o valor máximo durante as fases intermediárias e caem rapidamente conforme o projeto é finalizado; 2266 Figura 1.8 - Nível típico de custos e de pessoal do projeto ao longo do seu ciclo de vida Fonte: PMI, 2004 nível de incertezas alto e o risco de não atingir os objetivos é maior no início do projeto. A certeza de término geralmente se torna cada vez maior conforme o projeto continua; capacidade das partes interessadas de influenciar as características finais do produto do projeto e o custo final do projeto é mais alto no início e torna-se cada vez menor conforme o projeto continua. Contribui muito para esse fenômeno o fato de que o custo das mudanças e da correção de erros geralmente aumenta conforme o projeto continua; Segundo PMI (2004), muitos ciclos de vida do projeto possuem nomes de fases semelhantes e entregas semelhantes, porém poucos ciclos de vida são idênticos. Alguns podem ter quatro ou cinco fases, mas outros podem ter nove ou mais. Áreas de aplicação isoladas reconhecidamente apresentam variações significativas. O ciclo de vida de desenvolvimento de software de uma organização pode ter uma única fase de projeto, enquanto outro pode ter fases diferentes para projeto arquitetural e detalhado. Características das fases do ciclo de vida do Projeto – O término e a aprovação de um ou mais produtos caracteriza uma fase do projeto. De maneira genérica, é considerado produto o resultado mensurável e verificável do trabalho, como uma especificação, um relatório de estudo de viabilidade, um documento de projeto detalhado ou um protótipo. Alguns produtos podem corresponder ao processo 2277 Figura 1.9 – Exemplo de ciclo de vida de projeto com principais atividades ou entregas Fonte: PMI, 2004. de gerenciamento de projetos, enquanto outros são os produtos finais ou componentes dos produtos finais para os quais o projeto foi concebido. Os produtos e, portanto, as fases, fazem parte de um processo geralmente sequencial criado para garantir o controle adequado do projeto e para conseguir o produto ou serviço desejado, que é o objetivo do projeto (PMI, 2004). – Em outras palavras, podemos dizer que cada fase é marcada pela entrega de um ou mais produtos desta fase (deliverables). Esses produtos devem ser tangíveis e verificáveis. Exemplos: levantamento de requisitos, um protótipo ou um design detalhado do produto (PMI, 2004). – Tanto as fases como os seus subprodutos devem ter um sequenciamento lógico, assegurando uma definição adequada do produto do projeto como um todo (PMI, 2004). – Uma fase do projeto em geral é concluída com uma revisão do trabalho realizado e dos produtos para definir a aceitação. Uma revisão de gerenciamento muitas vezes é realizada para se chegar a uma decisão de iniciar as atividades da próxima fase sem encerrar a fase atual; por exemplo, quando uma empresa de tecnologia da informação escolhe um ciclo de vida iterativo em que mais de uma fase do projeto pode avançar simultaneamente. Vamos considerar, também, que uma fase pode ser encerrada sem a decisão de iniciar outras fases. Por exemplo, o projeto terminou ou o risco é considerado muito elevado para que sua continuação seja permitida (PMI, 2004). 2288 Conforme PMI (2004, 2017), a conclusão de uma fase é marcada: Pela revisão dos produtos gerados; Pela avaliação de desempenho do projeto. Na conclusão de uma fase, objetiva-se: Determinar se o projeto deve continuar na sua próxima fase; Detectar e corrigir erros/riscos; Essas revisões de fim de fase são comumente denominadas saídas de fase ou pontos de término. Cada fase inclui um conjunto de resultados específicos, estabelecidos com o propósito de se obter um controle gerencial desejado. Assim, o ciclo de vida define o início e o fim de um projeto; e o ciclo de vida dos projetos determina quais são as suas fases constituintes. Ciclo de vida de projeto x Ciclo de vida de produto Ao tratarmos sobre o ciclo de projetos, é importante entendermos que ciclo de vida de um projeto é diferente de ciclo de vida de um produto. Um projeto é apenas uma fase do ciclo de vida de um produto. Exemplo, um projeto realizado para apresentar ao mercado um novo computador de mesa é apenas um aspecto do ciclo de vida do produto. A Figura 1.10 mostra o ciclo de vida do produto começando com o plano de negócios, passando pela ideia e terminando no produto, nas operações em andamento e na venda do produto. Ou seja, o ciclo de vida do projeto passa por uma série de fases até criar o produto. Projetos adicionais podem incluir uma atualização de desempenho do produto. Em algumas áreas de aplicação, como desenvolvimento de novos produtos ou desenvolvimento de software, as organizações consideram o ciclo de vida do projeto parte do ciclo de vida do produto (PMI, 2004). 2299 Figura 1.10 - Relação entre o produto e os ciclos de vida do projeto Fonte: PMI, 2004 1.4 Integração O PMI (2017) estruturou e organizou o conhecimento relacionado ao gerenciamento de projetos em torno de dois conceitos-chave: grupo de processo e área de conhecimento. O PMI no Guia PMBOK 6ª ed. (2017) que é a publicação realizada pelo PMI e revisada a cada quatro anos, publicada em inglês e traduzida para mais de doze idiomas (inclusive o português do Brasil), definiu que o conhecimento em gerenciamento de projetos é estrutura da seguinte forma (PMI, 2017): Área de conhecimento:comporta um conjunto de conhecimentos descrita em termos de processos compostos por: práticas, entradas, saídas, ferramentas e técnicas, tendo sido definidas no Guia PMBOK 6ª ed. (PMI, 2017) as seguintes: 1. Gerenciamento da integração do projeto; 2. Gerenciamento do escopo do projeto; 3. Gerenciamento do cronograma do projeto; 4. Gerenciamento dos custos do projeto; 5. Gerenciamento da qualidade do projeto; 6. Gerenciamento dos recursos do projeto; 7. Gerenciamento das comunicações do projeto; 8. Gerenciamento dos riscos do projeto; 9. Gerenciamento das aquisições do projeto e 10. Gerenciamento das partes interessadas do projeto. Grupo de processo: constituiu um agrupamento dos processos necessários para se gerenciar um projeto, sendo independente do conceito de ciclo de vida do projeto. O 3300 PMI (2017) definiu cinco grupos de processo: iniciação; planejamento; execução; monitoramento e controle; e encerramento. De acordo com o PMI (2017), a área de conhecimento gerenciamento da integração é composta por sete processos (que se distribuem pelos cinco grupos de processo do gerenciamento do projeto), os quais são: Desenvolver o termo de abertura do projeto: consiste em criar um documento inicial. O documento de abertura do projeto (Project charter ou termo de abertura do projeto também conhecido como TAP) é o documento que descreve o projeto a realizar e, depois de formalmente aprovado pela organização responsável pelo projeto, confere autoridade ao gestor de projeto para utilizar os recursos da organização. Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto: o plano de gerenciamento do projeto é outro dos documentos fundamentais de qualquer projeto na medida em que é nele que se define a forma como todo o projeto vai ser gerido, tendo influência em todas as áreas de conhecimento relacionadas com a gestão de projeto. Orientar e gerenciar o trabalho do projeto: este processo consiste na liderança e execução do projeto conforme planejado e na incorporação das mudanças aprovadas. É durante a execução que a qualidade do planejamento se revela e que os diversos planos criados para cada uma das áreas de conhecimento da gestão de projetos são executados de forma integrada. Gerenciar o conhecimento do projeto: contempla a utilização e criação de conhecimentos para atingir os objetivos do projeto e contribuir para o avanço do aprendizado da organização. Monitorar e Controlar o Trabalho do Projeto: este processo se refere ao acompanhamento, análise e elaboração de relatos sobre o desempenho e avanço do projeto em relação ao plano para alcançar os objetivos do projeto. Um bom gestor de projeto é aquele que monitora continuamente todas as variáveis que são determinantes para a correta execução do projeto. Quanto mais tarde descobrimos os problemas, mais difícil serão e maior impacto negativo terão as necessárias ações corretivas. 3311 Realizar o Controle Integrado de Mudança: processo de revisar, controlar e comunicar as decisões sobre as solicitações de mudança no projeto bem como seus impactos. Dessa forma, é importante que se tenha capacidade de detectar antecipadamente os potenciais focos de problema. E, quanto mais cedo os problemas forem detectados e corrigidos, mais satisfeitos estarão os elementos da equipe de projeto e as partes interessadas. Uma vez descoberto um problema, concreto ou em potencial, é necessário que o gestor de projeto em conjunto com a sua equipe, estudem as possíveis alternativas de forma a apresentar ao promotor ou ao comitê de análise de alterações a melhor solução. A aceitação de determinada solução implica a necessidade de atualizar o plano de projeto para que este contemple as eventuais novas atividades necessárias para a conclusão do projeto. A atualização do plano do projeto garante ainda que todos aqueles que estão envolvidos na execução do projeto passam a guiar-se pelo novo plano não havendo dissonâncias entre eles. Encerrar Fase ou Projeto: processo de finalizar as atividades de uma fase ou do projeto como um todo. No decurso deste processo é fundamental garantir que tudo o que é relevante para o projeto esteja adequadamente documentado, em especial as lições aprendidas pelo gestor de projeto e pela sua equipe ao longo da execução de cada fase e no final do projeto. Lições aprendidas são essencialmente situações e soluções com as quais o gestor de projeto e a equipe se defrontaram ao longo das diversas fases de um determinado projeto e que têm potencial de vir a ser úteis para outros projetos da organização. Esta questão da potencialidade para ser útil em outros projetos é essencial para distinguir o que é algo que o projeto nos ensinou e que deve ser transmitido a terceiros, dos restantes acontecimentos do projeto. A Figura 1.11 representa a Gestão da Integração de Projeto conforme desenvolvido pelo PMI (2004). 3322 Figura 1.11 – Gestão da Integração Fonte: Carvalho e Rabechini Jr., 2009 – Adaptado de PMI, 2004. Conforme visto até aqui, o projeto é entendido como um sistema integrado. Essa ideia é apresentada de forma esquemática na Figura 1.12. 3333 Figura 1.12- Representação esquemática do papel da Integração em Projetos Fonte: http://projeteideias.blogspot.com.br/2012/07/o-que-e-gerenciamento-de-projetos.html Como pudemos observar, o PMI no Guia PMBOK, o conhecimento sobre gerenciamento de projetos é estruturado em torno de dois conceitos chaves, área de conhecimento e grupo de processo. As áreas de conhecimento são dez: Integração, Escopo, Cronograma, Custo, Recursos, Comunicações, Riscos, Qualidade e Partes Interessada (Stakeholders). Propõe, também, um conjunto de cinco grupos de processos denominados: iniciação; planejamento; execução; monitoramento e controle; e encerramento. 1.5 Síntese da Unidade Nesta Unidade, estudamos fundamentos do gerenciamento de projetos, iniciando pelos conceitos de projeto, principais características e as categorias de projeto e aprendemos que projetos se diferenciam de trabalho operacional, embora ocasionalmente se sobreponham. Revisamos o que é gerenciamento de projetos, o papel do gerente de projetos e estudamos um modelo de competência em gerenciamento de projetos, o qual é abrangente, e estrutura as competências em três camadas: indivíduos, equipe e organização. Estas são suportados por três pilares: processo, estratégia e efetivação da mudança. Abordamos o processo de estruturação da atividade de projetos nas http://projeteideias.blogspot.com.br/2012/07/o-que-e-gerenciamento-de-projetos.html 3344 organizações quanto à estrutura organizacional, os tipos de estruturas e as vantagens e desvantagens de cada tipo de estrutura. Estudamos sobre o ciclo de vida e organização do projeto, buscamos entender as fases e as características das fases dos ciclos de vida do projeto, compreendendo as diferenças entre ciclo de vida do projeto e ciclo de vida do produto. Aprendemos como o PMI estrutura o conhecimento em gerenciamento de projetos em dez áreas de conhecimento e sete grupos de processos de gerenciamento (conceitos que serão aprofundados nas Unidades 2 a 4). Esses dois conceitos são independentes do ciclo de vida, do projeto e do produto. Os dois primeiros se referem a como PMI organiza o conhecimento sobre gerenciamento de projetos e os dois seguintes se referem a como as organizações estruturam sua gestão de projetos e do ciclo de vida dos seus produtos. 1.6 Para saber mais Filmes O Voo da Fênix (2004) Frank Towns (Dennis Quaid) é um piloto de aviões de carga que, juntamente com seu copiloto A.J. (Tyrese), é enviado para a Mongólia. A dupla tem a missão de retirar do local uma equipe de exploração petrolífera, já que o projeto fora interrompido. Pouco após a decolagem do voo de volta,quando sobrevoam o deserto de Góbi, o avião enfrenta uma forte tempestade de areia, que arranca suas antenas e destrói o motor esquerdo. O avião sofre uma pane geral e Frank é obrigado a realizar uma aterrissagem forçada em pleno deserto. Com o avião avariado e sem chances de conserto, os 11 tripulantes se veem presos no deserto e, para piorar, com pouca água e comida. Até que um dos sobreviventes, Elliott (Giovanni Ribisi), propõe uma ideia louca: construir um novo avião com os destroços do primeiro. A proposta é rechaçada por todos de imediato 3355 mas, com a situação se tornando cada vez mais crítica, eles decidem arriscar e levar o plano adiante. Um sonho possível (2009) O filme conta a história de Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro vindo de um lar destruído, que é ajudado por uma família branca, liderada por Leigh Anne (Sandra Bullock) que acredita em seu potencial. Com a ajuda do treinador de futebol, de sua escola e de sua nova família, Oher terá de superar diversos desafios a sua frente, o que também mudará a vida de todos a sua volta. Ano/País: 2009/EUA Direção: John Lee Hancock Duração: 120 min Gênero: Drama Desafiando os limites (2005) O filme fala sobre um homem que trabalha em sua moto com o sonho de um dia se tornar o homem mais rápido do mundo; com Anthony Hopkins e Diane Ladd no elenco. Transmite determinação, persistência e objetivo. País/Ano: EUA – 2005 Direção: Roger Donaldson Elenco: Anthony Hopkins, Lana Antonova, Juliana Bellinger, Jim Bowman, Alison Bruce Duração: 127 min 3366 Livros Gerenciamento de Projetos e Empreendedorismo. Autor: Paulo Yazigi Sabbag. Editora Saraiva, 2009. O autor apresenta as melhores práticas de gestão, tendo como referência as normas do PMI – Project Management Institute. Além disso, o livro mostra que podemos empreender em qualquer situação: gerenciando nossa vida pessoal, abrindo um negócio próprio ou dentro das organizações, já que cada novo projeto é uma ação empreendedora. Fundamentos em Gestão de Projetos: Autores: Marly Monteiro de Carvalho e Roque Rabechinni Jr. Editora Atlas, 2015 Os autores apresentam uma visão completa da gestão de projetos. Iniciam com uma introdução histórica ao gerenciamento de projetos, apresentação dos conceitos básicos e das boas práticas em gestão de projetos. A seguir apresentam uma as recomendações do Guia PMBOK 5ª ed. 2012 com muitas ideias e comentários enriquecedores. Na segunda parte, os autores tratam de temas não cobertos no Guia PMBOK, mas relevantes para os profissionais e estudiosos da área, entre os quais se destacam: competências, maturidade e indicadores em gerenciamento de projetos. A Guide to the Project Management Body of Knowledge – PMBOK, 2004. 3377 Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos – Guia PMBOK – Sexta Edição – PMI (2107). 1.7 Atividades 1) O que é um projeto. Cite exemplos. 2) Explique o ciclo de vida do projeto e a diferença em relação ao ciclo de vida de um produto. 3) Explique o ciclo de vida do projeto e a diferença em relação ao ciclo de vida de um produto. 4) O que são as organizações por projeto? O que as caracteriza? 5) Quais são os tipos de estrutura matricial. Quais são as desvantagens da organização matricial? 3388 Unidade 2 Unidade 2 . Gerenciamento de Escopo, Cronograma e Custo do Projeto Nesta Unidade vamos aprofundar os conhecimentos sobre gerenciamento de projetos, gerenciamento de Escopo, de Cronograma e de Custos, além de alguns conceitos apresentados sucintamente na Unidade I. Processos de gerenciamento de projetos Para que um projeto seja bem-sucedido, a equipe do projeto deve (PMI, 2004): Selecionar os processos adequados dentro dos grupos de processos de gerenciamento de projetos (também conhecidos como grupos de processos) necessários para atender aos objetivos do projeto; Usar uma abordagem definida para adaptar os planos e as especificações do produto de forma a atender aos requisitos do produto e do projeto; Atender aos requisitos para satisfazer as necessidades, desejos e expectativas das partes interessadas; Balancear as demandas conflitantes de escopo, tempo, custo, qualidade, recursos e risco para produzir um produto de qualidade. Conforme apresentado na Unidade I, o PMI (2017) estrutura e organiza os conhecimentos e os processos de gerenciamento de projetos em cinco grupos de processos: processos de iniciação; processos de planejamento; processos de execução; processos de monitoramento e controle; processos de encerramento ou fechamento. A Figura 2.1 apresenta os cinco grupos de processo que são inter-relacionados entre si. 3399 Figura 2.1 – Grupos de processos Fonte: Carvalho; Rabechini Jr, 2005 Conforme PMI (2017, p.23), os grupos de processos de gerenciamento incluem: - o grupo de processos de iniciação, que inclui os processos necessários para se definir e autorizar o projeto ou uma fase do projeto. - o grupo de processos de planejamento, que inclui os processos necessários para se definir e refinar os objetivos e realizar planejamento das ações necessárias para se alcançar os objetivos e o escopo do projeto. - o grupo de processos de execução, que inclui os processos necessários para se integrar pessoas e outros recursos para realizar o trabalho definido no plano de gerenciamento do projeto. - o grupo de processos de monitoramento e controle, que inclui os processos necessários para se medir e monitorar regularmente o progresso para identificar variações em relação ao plano de gerenciamento do projeto, de forma que possam ser tomadas ações ou iniciar mudanças que sejam necessárias, para atender aos objetivos do projeto. - grupo de processos de encerramento, que inclui os processos necessários para se formalizar a aceitação do produto, serviço ou resultado e conduz o projeto ou uma fase do projeto a um final ordenado. 4400 A Figura 2.2 apresenta os cinco grupos de processo de gerenciamento de projetos e a indicação da relação do volume de atividades com o passar do tempo (avanço do projeto). Figura 2.2 – Grupos de processos de gerenciamento de projeto – nível de atividade Fonte: PMI, 2004 O gerenciamento de um projeto é um esforço finito, o grupo de processos de iniciação inicia esses ciclos e o Grupo de processos de encerramento os finaliza. A natureza integradora do gerenciamento de projetos exige a interação do Grupo de processos de monitoramento e controle com todos os aspectos dos outros grupos de processos. A Figura 2.3 apresenta de forma esquemática a sobreposição dos cinco grupos de processos de gerenciamento de projetos. 4411 Figura 2.4 – Trinômio do gerenciamento de projetos Fonte: Gasnier, 2000 Figura 2.3 – Grupos de gerenciamento de projetos - sobreposição Fonte: <http://www.diegomacedo.com.br/grupos-de-processos-de-gerenciamento-de- projetos/> Acesso em: 4 jan. 2018. Dinsmore (2004) entende que todo projeto está focado em alguns indicadores, estruturados em uma pirâmide, denominada de trinômio de gerenciamento de projetos, e ressalta custo, prazo e qualidade. Na visão de Gasnier (2000), o bom gerenciamento do tempo nos projetos, garante a pontualidade na sua conclusão, pela especificação das atividades a serem executadas. De acordo com Pfeiffer (2005), o gerenciamento dos custos em um projeto tem início antes mesmo do próprio projeto, pois é feita uma análise de viabilidade financeira da ideia, para assim realizar estimativas de recursos e controle do orçamento. O gerenciamento da qualidade visa assegurar todas as necessidades dos clientes; senecessário, o próprio gerenciamento proporciona correções do projeto de acordo com http://www.diegomacedo.com.br/grupos-de-processos-de-gerenciamento-de-projetos/ http://www.diegomacedo.com.br/grupos-de-processos-de-gerenciamento-de-projetos/ 4422 seu andamento. O gerenciamento da integração consiste em fazer com que todas as áreas envolvidas no projeto tenham uma interação contínua, fazendo com que tudo funcione bem ao mesmo tempo (DINSMORE, 2004). 2.1 Gerenciamento do Escopo do Projeto O gerenciamento do escopo do projeto trata principalmente da definição e do controle do que está e do que não está incluído no projeto. No contexto do projeto, o termo escopo pode se referir a (PMI, 2017, p.131): – Escopo do produto. As características e funções que descrevem um produto, serviço ou resultado. – Escopo do projeto. O trabalho que precisa ser realizado para entregar um produto, serviço ou resultado com as características e funções especificadas. Neste item vamos estudar os processos usados para gerenciar o escopo do projeto. Esses processos de gerenciamento do escopo do projeto, e suas ferramentas e técnicas associadas, variam por área de aplicação; são normalmente definidos como parte do ciclo de vida do projeto e documentados no plano de gerenciamento do escopo do projeto. A declaração do escopo detalhada do projeto aprovada, a EAP e o dicionário da EAP associados a ela constituem a linha de base do escopo do projeto (PMI, 2107). Processos de gestão do escopo (CARVALHO E RABECHINI JR., 2009, PMI, 2107): Planejamento do Escopo: criação do plano de gerenciamento de escopo do projeto que visa explicar como será definido, verificado e controlado o escopo do projeto e como a Estrutura Analítica do Projeto - EAP (Work Breakdown Structure – WBS) será criada e definida. Definição do Escopo: desenvolve uma declaração detalhada do escopo do projeto, como base para as futuras decisões do projeto. 4433 Criação da WBS: subdivisão das principais entregas (deliverables) do trabalho do projeto em componentes menores, com possibilidades de melhor gerenciamento. Verificação do Escopo: aceitação formal das entregas (deliverables) concluídas do projeto. Controle do Escopo: controle das alterações no escopo do projeto. Planejamento do Escopo O gerenciamento do escopo é um processo para elaborar o planejamento que descreve como a equipe irá definir o escopo do projeto, desenvolver a declaração do escopo detalhada do projeto, definir e desenvolver a estrutura analítica do projeto, verificar o escopo do projeto e controlar o escopo do projeto. O desenvolvimento do plano de gerenciamento do escopo do projeto e o detalhamento desse escopo do projeto se iniciam pela análise das informações contidas no termo de abertura do projeto, pela declaração do escopo preliminar do projeto, pela última versão aprovada do plano de gerenciamento do projeto, pelas informações históricas contidas nos ativos de processos organizacionais e por quaisquer fatores ambientais relevantes para a empresa (PMI, 2017). Figura 2.5 – Componentes do processo de definição do escopo Fonte: Xavier, 2008 4444 No processo de definição do escopo, segundo Xavier (2008), há de se considerar: – os objetivos do processo de definição do escopo do projeto; – o anteprojeto como esboço preliminar de um projeto; – o processo de definição do escopo como responsável pela elaboração e validação do anteprojeto. Termo de Abertura – durante o desenvolvimento do termo de abertura do projeto, devem ser considerados todos e quaisquer sistemas e fatores ambientais da empresa que cercam e influenciam o sucesso do projeto. Isso inclui, mas não se limita, a itens como: – Cultura e estrutura organizacional; – Normas governamentais ou do setor; – Infraestrutura (por exemplo, equipamentos e instalações existentes); – Recursos humanos existentes; – Administração de pessoal; – Sistema de autorização do trabalho da empresa; – Condições do mercado; – Tolerância a risco das partes interessadas; – Bancos de dados comerciais; – Sistemas de informações do gerenciamento de projetos. Em relação às ferramentas e técnicas para o processo de definição de escopo, Xavier (2008) aponta: análise de produtos: necessidade do bom entendimento dos produtos e serviços que serão entregues pelo projeto. Identificação de alternativas: brainstorming ou “tempestade de ideias”: estruturado e não-estruturado. Pensamento lateral: geração de novas ideias e abandono das obsoletas. 4455 Opinião especializada. Planejamento de Escopo: os componentes de um plano de gerenciamento do escopo do projeto incluem (PMI, 2017): – Um processo para preparar uma declaração do escopo detalhada do projeto, com base na declaração do escopo preliminar do projeto; – Um processo que permite a criação da EAP a partir da declaração do escopo detalhada do projeto e que determina como a EAP será mantida e aprovada; – Um processo que especifica como serão obtidas a verificação e a aceitação formais das entregas do projeto terminadas; – Um processo para controlar como serão processadas as solicitações de mudanças da declaração do escopo detalhada do projeto. Este processo está diretamente ligado ao processo de controle integrado de mudanças; – Um plano de gerenciamento do escopo do projeto, que está contido no plano de gerenciamento do projeto ou é um plano auxiliar dele. O plano de gerenciamento do escopo do projeto pode ser informal e genérico ou formal e bem detalhado, com base nas necessidades do projeto. Após a aprovação do projeto, faz-se necessário estruturar o escopo do projeto para que possa ser gerenciado adequadamente. Definição do Escopo A declaração de escopo é um processo que visa elaborar e documentar, progressivamente, todo o escopo do projeto para atingir seus resultados. No gerenciamento, a Declaração de Escopos do Projeto será referência de controle. Esse documento relata o que pertence e o que não pertence ao escopo do projeto. 4466 Delimita suas fronteiras, portanto, esclarece dúvidas. Nesse plano, também é necessário indicar como serão gerenciadas as mudanças de escopo (SABBAG, 2009). Se houver um sistema de Controle de Mudanças, é útil indicar os procedimentos formais. Caso contrário, algumas regras precisam ser definidas e acordadas posteriormente com os interessados. Note que escopos mutantes são usuais em projetos, daí a importância desse plano, e que é raro um projeto iniciar tendo uma definição detalhada do que fazer: o escopo é progressivamente elaborado (SABBAG, 2009). Mas sem o escopo definido, não há como planejar o projeto, dimensionar recursos, etc. Em outras palavras, o Escopo do Projeto é uma lista completa do escopo do projeto e do produto ou serviço a ser entregue, mas que em muitos projetos é ajustada e aprimorada durante a execução do projeto (PMI, 2017). Informações essenciais que devem ser apresentadas na declaração de escopo: (CARVALHO; RABECHINI JR., 2009): justificativa de sua criação – ajuda o gerente de projetos a negociar recursos para o projeto. objetivos do projeto – estabelecidas as justificativas, devem estar claras as intenções do projeto, incluindo quais são as suas metas quantitativas e quais são os resultados esperados, explicitando custo, qualidade e prazo. Produto do projeto – deve estar claro aquilo que se espera entregar no final para que o projeto tenha sucesso. Resumidamente, a declaração do escopo do projeto deve conter (CARVALHO; RABECHINI JR., 2009): – Objetivos do projeto – Descrição do escopo do produto – Requisitos do projeto – Limites do projeto – Entregas do projeto – Organização inicial do projeto 4477 – Riscos iniciais definidos – Marcos do cronograma – Limitação de fundos – Estimativa
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