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Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS GERENCIAMENTO DO ESCOPO, TEMPO E DE CUSTOS EM PROJETOS Autoria: Alexandre Luis Prim 658.404 P952g Prim, Alexandre Luis Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos / Alexandre Luis Prim. Indaial : UNIASSELVI, 2016. 157 p. : il. ISBN 978-85-69910-24-4 1. Administração de Projetos. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Profa. Bárbara Pricila Franz Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão Gramatical: Sandra Pottmeier Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci Copyright © UNIASSELVI 2016 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. UNIASSELVI – Indaial. Doutorando em Administração de empresas pela FGV/EAESP – Fundação Getúlio Vargas – Escola de Administração de empresas de São Paulo (2015-2019), Mestre em Administração pela FURB – Fundação Regional de Blumenau (2014), Especialista em Gestão de Projetos pela FAE Business School – Faculdade de Administração e Economia (2011), Administrador pela UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina (2016), e Tecnólogo na Produção do Vestuário pela Faculdade SENAI Blumenau (2009). Atuou como professor e consultor empresarial do SENAI Blumenau no período de 2010 a 2015. Atualmente é professor da Faculdade SENAI Blumenau ao qual leciona as disciplinas de Gestão da produção, Gestão de projetos e Custos, e exerce a atividade de consultoria organizacional de forma autônoma. Possui publicações em periódicos nacionais e internacionais. Alexandre Luis Prim Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................ 7 CAPÍTULO 1 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e Custos ............................................................................. 9 CAPÍTULO 2 Gerenciamento do Escopo ........................................................ 33 CAPÍTULO 3 Gerenciamento do Tempo .......................................................... 63 CAPÍTULO 4 Gerenciamento do Custo ........................................................ 103 CAPÍTULO 5 Gerenciamento do Projeto com o MS Project .................... 133 APRESENTAÇÃO Prezado(a) pós-graduando(a), Este caderno de estudos reúne um conjunto de conhecimentos relacionados ao desenvolvimento e gerenciamento do escopo, tempo e custo de projetos com o objetivo de fornecer subsídios para elevar sua probabilidade de sucesso. Cada capítulo torna-se convergente e acumulativo ao passo que você avança no processo de elaboração e controle de projetos. O primeiro capítulo tem enfoque introdutório ao gerenciamento do escopo, tempo e custo. Apresentam-se conceitos de projetos e gerenciamento de projetos, distinções dentre fases do projeto, bem como se enfatiza a importância do planejamento e controle para o alcance do sucesso em projetos. O segundo capítulo aborda, especificamente, o processo de gerenciamento do escopo do projeto. Enquanto o terceiro e quarto capítulos buscam satisfazer o emprego de técnicas e ferramentas para a gestão do tempo e custos de projetos, respectivamente. Além de fornecer metodologias para a elaboração de projetos, cada um destes capítulos possui uma sessão que aborda o processo de controle de projetos. Por sua vez, o quinto capítulo tem por objetivo aplicar todo o conjunto de conhecimentos adquiridos nos capítulos anteriores com o uso do software MS Project. Indubitavelmente há uma infinidade de softwares que possam ser empregados em projetos, mas utilizamos o MS Project pela sua incondicional aceitação internacional no processo de elaboração e gerenciamento de projetos. Como os capítulos deste caderno de estudos estão inter-relacionados, a cada passo dado, você agregará gradualmente novos conhecimentos, métodos e técnicas para a elaboração e gerenciamento de projetos. Serão fornecidas uma variedade de exemplos para facilitar a aplicabilidade de tais metodologias, afinal, não há nada mais prático que uma teoria! Esperamos que este material seja de grande valia para a sua formação. Bons Estudos! Alexandre Luis Prim. CAPÍTULO 1 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e Custos A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Conhecer premissas de projetos. 9 Descrever a importância do planejamento do escopo, tempo e custo. 9 Relatar restrições em projetos. 10 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 11 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 Contextualização De acordo com Peter Drucker “no começo de um projeto podemos fazer tudo, mas não sabemos nada. No final do projeto sabemos tudo, mas não podemos fazer nada” (MENDES, 2012, s.p.). Desta forma, entendemos como funciona a área de gerenciamento de projetos. Certamente, você já ouviu falar de algum projeto que não obteve sucesso, ou que estourou o prazo de entrega, o custo, ou ainda tomou outro escopo em seu término. O The Standish Group divulgou um relatório apresentando que apenas 16,2% dos projetos de tecnologia de informação de companhias norte- americanas são concluídos dentro do cronograma e do orçamento previsto. Ademais, 31,1% dos projetos serão cancelados antes do término, e 52,7% dos projetos obterão um custo na média de 189% acima da estimativa prevista (THE STANDISH GROUP, 2014). Por diversos motivos, inclusive pela nossa miopia da convicção de que o projeto é tão certo para um negócio que pode levá-lo ao fracasso. Além disso, a etapa inicial do projeto é a que possui os maiores riscos, pois estão associados à incerteza, dúvidas, falta de dados e informações. Assim, o planejamento do projeto torna-se uma atividade essencial para obtenção de sucesso em seu término. Desta forma, iremos abordar neste capítulo, o gerenciamento de projetos em caráter introdutório para o conjunto de conhecimentos do escopo, tempo e custos. Em seguida, serão abordadas as restrições em projetos. Bons estudos! O Projeto As organizações buscam satisfazer seus clientes, maximizar os lucros e cumprir com as exigências legais. Em decorrência destas demandas ou necessidades é que nascem os projetos. A maioria dos projetos corresponde a alguma destas necessidades: demanda do mercado, necessidade empresarial, solicitação do cliente, avanço tecnológico, exigência legal ou necessidade social (HELDMAN, 2006). Simultaneamente a uma necessidade, um projeto tem por objetivo atender algum objetivo em específico. De acordo com PMI – Project Management Institute, um projeto é “[...] um empreendimento temporário, com início e fim, executado para criar um produto ou serviço único” (PMI, 2013, p. 3). Já o gerenciamento de projetos é “[...] a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas, técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos 12 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos requisitos do projeto” (PMI, 2013, p. 5). Os projetos possuem cinco etapas distintas de desenvolvimento, segundo o PMI (2013): • Iniciação. • Planejamento. • Execução. • Monitoramento e Controle. • Encerramento. Figura 1 - Fases do gerenciamento de projetos Fonte: PMI (2013). A etapa de iniciação é caracterizada por abordar desde a concepção da ideia até a formalização do Termo de abertura do projeto ou Project Charter – documento que delimita os objetivos doprojeto, duração estimada, justificativa, restrições, riscos, orçamento previsto, stakeholders e viabilidade técnica- econômica, ou ainda, outras informações adicionais. Este documento corresponde a um deliverable para a etapa seguinte. Deliverable ou Entrega corresponde de qualquer produto, resultado ou serviço que deve ser produzido para concluir um processo, uma fase ou um projeto (PMI, 2013). A etapa de planejamento aborda todo o processo antecedente à execução do projeto. Desta forma, o planejamento corresponde a uma etapa de preparação de como serão executadas as atividades, a duração, com quais recursos, Já o gerenciamento de projetos é “[...] a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas, técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos requisitos do projeto” (PMI, 2013, p. 5). 13 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 responsáveis, canais de comunicação, métricas de qualidade dentre outras questões relacionadas. Esta etapa é finalizada com a formalização do Plano de Gerenciamento do Projeto – um deliverable na forma de documento que contém todas as informações para a execução do projeto e monitoramento e controle. A terceira etapa, denominada execução, corresponde da atividade de realização do que foi planejado. Neste momento ocorre a elaboração do produto do projeto, que corresponde à própria deliverable. O princípio fundamental desta etapa é realizar o trabalho dentro do escopo, prazo e orçamentos previstos, conforme planejamento. O monitoramento e controle, indicado como quarta etapa, ocorre simultaneamente à etapa de execução. Nesta fase, são avaliados se os objetivos são alcançados com sucesso de acordo com a comparação das atividades realizadas versus planejadas. Desta forma, são avaliadas as variações e tomadas alternativas de correção para obter o êxito do projeto em seu término. Por fim, a entrega do produto do projeto é caracterizada pela fase de encerramento. No entanto, esta fase não se encerra por aqui. Ainda é necessário desvincular os recursos envolvidos ao projeto (pessoas e terceiros, por exemplo), discutir as lições aprendidas para projetos futuros, e avaliar o nível de satisfação do cliente e caso necessário, tomar algumas ações de correção. A figura 1 apresentou a sequência das fases do gerenciamento de projetos, indicando uma sobreposição das fases de planejamento, execução e monitoramento e controle. Isto ocorre porque a etapa de monitoramento e controle é responsável por avaliar os resultados e o desempenho do projeto, além de gerenciar as mudanças no planejamento e execução (ações corretivas, preventivas, reparos de defeitos, melhorias entre outros). Por este motivo, estas três etapas estão relacionadas de forma interativa (TRENTIM, 2011). Vale destacar que a abordagem de gerenciamento de projetos é baseada no ciclo PDCA (Plan (planejar), Do (fazer), Check (Checar), Act (Agir ou Corrigir)), criado por Walter Shewhart, e aperfeiçoado e disseminado posteriormente por Edwards Deming. O ciclo PDCA foi originalmente criado como uma ferramenta de melhoramento contínuo na gestão da qualidade, mas por sua simples filosofia, se mostrou prático para outras aplicações, inclusive para gerenciamento de projetos (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011; TRENTIM, 2011). Além disso, as fases mencionadas podem ser compreendidas também como um ciclo de vida do projeto. O que devemos levar em consideração neste momento são os custos associados a cada fase do projeto, como exemplo, apresentamos na figura 2 um projeto genérico para destacar a importância das fases antecedentes à execução no gerenciamento do projeto. Esta figura indica 14 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos que a maior parte dos custos está associada à fase de execução de um projeto, desta forma, a etapa de planejamento pode contribuir significativamente para obtenção de um melhor desempenho na execução do projeto. Figura 2 - Custos e pessoal por fase do projeto Fonte: PMI (2013). Ademais, um projeto é normalmente iniciado com incertezas e baixos custos de mudanças. Ao longo do processo de desenvolvimento do projeto, as incertezas e riscos tendem a diminuir, no entanto, os custos de mudanças crescem exponencialmente, conforme demonstrado na figura 3. Neste sentido, a fase de planejamento é de suma importância para o mapeamento antecipado de possíveis riscos ou incertezas. Esta prática busca reduzir alterações no escopo do projeto durante a fase de execução. Figura 3 - Impacto dos riscos, incertezas e custos por tempo do projeto Fonte: PMI (2013). 15 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 Embora sejam percebidas as distintas fases em projetos, este caderno de estudos, abordará o gerenciamento do escopo, tempo e custo em sua fase de planejamento, execução, bem como no monitoramento e controle. Vejamos, na sessão seguinte, um pouco mais sobre a importância da etapa de planejamento de projetos. Dentre alguns dos maiores projetos já elaborados no mundo estão: A grande Pirâmide de Gizé, no Egito; A grande muralha da China; Coliseu de Roma, Itália; Taj Mahal em Delhi, Índia; Torre Eiffel, França; Canal do Panamá, Panamá; A ferrovia Trans-Siberian, Rússia; Hoover Dam, Estados Unidos da América; Channel Tunnel, Inglaterra e França; e, Kansai Airport, Japão. Pesquise sobre eles para descobrir algumas curiosidades relacionadas a projetos. Figura 4 - Pirâmides de Gizé Fonte: Motomura (2014). O Planejamento do Projeto Podemos perceber que o gerenciamento de projetos vem sendo praticado e realizado desde a antiguidade. Tomamos como exemplo as Pirâmides de Gizé, construídas acerca de 2700 a.C. Para sua construção, estima-se que 100 mil pessoas tenham trabalhado na obra durante 23 anos. Uma grande parte dos trabalhadores fazia o transporte dos grandes blocos de rocha, no entanto, havia outros trabalhadores de suporte como os arquitetos, médicos e cozinheiros. Apenas para a Grande Pirâmide, também conhecida como Pirâmide de Quéops, foram utilizados 2,3 milhões de blocos de rocha, cada uma pesa em torno de 2,5 toneladas (MAXIMIANO, 2009). 16 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos As Pirâmides, assim como outras grandiosas obras da antiguidade, revelam o grande esforço humano em seu desenvolvimento. Independentemente das ferramentas e recursos utilizados em sua construção, estes tipos de projetos exigiram um grande planejamento e monitoramento durante sua execução. No século XXI, mesmo com muitas tecnologias desenvolvidas que auxiliam no desenvolvimento do projeto, o planejamento dos projetos torna-se cada vez mais uma tarefa fundamental para obtenção de êxito em seu término. Como verificamos na sessão anterior, a etapa de planejamento corresponde de uma importante etapa do gerenciamento de projetos. Conceitualmente, o processo de planejamento consiste no estabelecimento do escopo, definição dos objetivos, e delineamento dos planos relacionados para cumprir os propósitos que o projeto se propôs a atingir (HELDMAN, 2006). Os projetos bem-sucedidos normalmente são os projetos bem planejados. Como os projetos planejados buscam prever todas as variáveis de forma antecedente à fase de execução, a variabilidade de ocorrências (incertezas e riscos) é reduzida. Basta gerenciá-lo! Com base nesta evidência, destacamos uma importante dica: quanto maior for o tempo dedicado ao planejamento, menor será o tempo de execução do projeto. Em síntese, a etapa de planejamento compreende os seguintes processos: Tabela 1 - Processos da fase de planejamento Área do conhecimento Processos Integração 4.2 – Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto Escopo 5.1 – Planejar o escopo 5.2 – Coletar requisitos 5.3 – Definir o escopo 5.4 – Criar a estrutura analítica do projeto (EAP) Tempo 6.1 – Planejar o cronograma 6.2 – Definir as atividades 6.3 – Sequenciar as atividades 6.4 – Estimar os recursos das atividades 6.5 – Estimaras durações das atividades 6.6 – Desenvolver o cronograma Custo 7.1 – Planejar os custos 7.2 – Estimar custos 7.3 – Determinar o orçamento Qualidade 8.1 – Planejar a qualidade Quanto maior for o tempo dedicado ao planejamento, menor será o tempo de execução do projeto. 17 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 Recursos Humanos 9.1 – Planejar os recursos humanos Comunicação 10.1 – Planejar as comunicações Riscos 11.1 – Planejar o gerenciamento de riscos 11.2 – Identificar os riscos 11.3 – Análise qualitativa de riscos 11.4 – Análise quantitativa dos riscos 11.5 – Planejar respostas aos riscos Aquisições 12.1 – Planejar as aquisições Stakeholders 13.2 – Planejar o gerenciamento dos stakeholders Fonte: PMI (2013). O plano de gerenciamento de projetos corresponde à entrega da fase de planejamento. Este documento será utilizado até o encerramento do projeto, e portanto, deve conter no mínimo as informações quanto a escopo, duração, orçamento, qualidade, matriz de comunicações, recursos humanos, riscos, compras ou aquisições e stakeholders. Quais as principais razões pelas quais os projetos fracassam? Jim Stewart (2015), consultor em gerenciamento em projetos do grupo JPStewart Associates, apresenta dez razões pelos quais os projetos falham: i. Aumento do escopo; ii. Recursos demasiadamente alocados na execução; iii. Falta de comunicação, especialmente do gestor aos liderados; iv. Definição incompleta da forma e periodicidade dos canais de comunicação e responsabilidades; v. Estimativas de tempo não confiável; vi. Ausência do gerenciamento de riscos; vii. Cultura organizacional incompatível à gestão de projetos; viii. Falta de qualificação do gestor de projetos; ix. Falta de integração entre os envolvidos no projeto; 18 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos x. Baixo monitoramento e controle do projeto em relação ao planejado. Nas razões apresentadas pelo consultor Jim Stewart é evidente que grande parte das razões pelo fracasso dos projetos estão associadas à fase de planejamento. Assim, a etapa de planejamento ocupa papel fundamental no sucesso de projetos por antecipar situações previsíveis durante a execução, como por exemplo, a definição do escopo (i), estabelecimento de um canal de comunicação entre os envolvidos do projeto (iii, iv e ix), elaboração de cronograma adequado (v), avaliação de riscos (vi) e identificação de gestor qualificado (viii). Embora todo este conjunto de informações se aplique a etapa de planejamento, nosso foco de análise, neste caderno de estudos, serão os conteúdos do escopo, tempo e custo. Vejamos, na sessão seguinte, uma breve introdução nas respectivas áreas do conhecimento. Escopo, Tempo e Custo A evolução do campo em gerenciamento de projetos tem provado mudanças desde a década de 1960. Inicialmente, o seu foco estava predominantemente dedicado às questões técnicas, assim, custos e cronogramas ficavam quase sempre em segundo plano. O desenvolvimento da área se deve a um conjunto de fatores, como a maior complexidade nos projetos, pressões externas quanto às entregas e cumprimento de orçamento, bem como maior complexidade nas estruturas organizacionais (KERZNER, 2006). A visão de sucesso em projetos na década de 1960 era baseada na seguinte questão tecnicista: funciona ou não funciona? Mais tarde com o desenvolvimento da área, as organizações passaram a definir o sucesso dos projetos em termos do cumprimento do prazo (tempo), não ultrapassar o orçamento previsto (custos), e atender ao nível de qualidade prometido (escopo e qualidade). Ainda, dois novos critérios foram incorporados aos projetos bem- sucedidos: com o mínimo de mudanças no escopo, e sem interferir o negócio principal da empresa (KERZNER, 2006). O escopo, tempo e custos são algumas das mais tradicionais áreas do gerenciamento de projetos. Em virtude do maior nível de complexidade nos projetos empresariais, o planejamento, monitoramento e controle destas áreas são fundamentais para alcançar o sucesso do projeto. Vejamos, as distinções entre cada área do conhecimento. 19 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 O escopo envolve tudo aquilo que está incluído no projeto, e o que não está incluído no projeto. Desta forma, é delimitado o que deve ser feito para cumprir com os objetivos do projeto, bem como o que não é relevante para atingir os propósitos do projeto. No capítulo 2 deste caderno de estudos, estaremos abordando os processos de Gerenciamento do Escopo. A perspectiva tempo busca estabelecer a duração para todas as atividades de trabalho, para o cumprimento das metas do projeto e entregas dentro do cronograma previsto. Por sua vez, a perspectiva custos, delimita o orçamento de gastos com o projeto. Nos capítulos 3 e 4 deste caderno de estudos, iremos abordar os processos do Gerenciamento do tempo e custos, respectivamente. Já no capítulo 5, vamos utilizar o software MS Project para o gerenciamento do escopo, tempo e custos. Vejamos, agora um caso de sucesso em projetos: CASO VOLKSWAGEN DO MÉXICO - PRODUÇÃO DE PEÇAS PARA O AUTOMÓVEL JETTA Para se preparar para a produção de seu novo Jetta, a Volkswagen voltou-se para uma combinação de plantas internacionais e fornecedores externos para produzir partes do novo motor e conjuntos de eixos do carro. A Volkswagen Mexico Components (VW México) ganhou uma licitação para produzir vários componentes, incluindo os eixos dianteiros e montagem dos módulos laterais. A equipe da fábrica VW México tinha 21 meses e um orçamento de US$ 3,3 milhões (EUA) para projetar e instalar a linha de montagem e começar a produção em massa de peças. Histórico A VW do México venceu a licitação para o projeto, propondo um custo fixo para a produção de peças. Isso significava que não haveria espaço para derrapagens no orçamento. Qualquer trabalho que ultrapassasse o orçamento seria incorrido como uma perda. O gerente de projeto e equipe teria que desenvolver processos internos para outras equipes seguirem. A produção do eixo dianteiro e a montagem do módulo lateral foram supervisionadas por um Project Management Professional (PMP®) e o projeto foi um dos primeiros a ser gerenciado pelo escritório de projeto da VW México, o qual forneceu supervisão 20 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos a todo o portfólio de programas e projetos da produção de componentes do Jetta. Além disso, um novo fornecedor foi selecionado para o projeto, enquanto o processo de aquisição de equipamentos estava em andamento. Esta adição tardia resultou num atraso de dois meses na aquisição das linhas de montagem. Desafios A equipe VW México, utilizando processos de gestão padrão, conforme descrito em Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®), para completar o projeto de linha de montagem dentro do prazo e orçamento. Para supervisionar o projeto complexo, a VW México estabeleceu um escritório de projetos (PMO), que era responsável por monitorar e controlar o orçamento global e cronograma para os projetos relacionados ao Jetta. Uma vez que a VW do México foi agraciada com o projeto de montagem, o PMO trabalhou junto com o departamento financeiro para obter os recursos necessários. Um gerente de projeto foi selecionado e o gerente do departamento de manufatura foi nomeado o patrocinador do projeto. O gerente de projeto, apoiado por um membro do departamento de planejamento, integrou os planos apresentados pelos diversos participantes do projeto para desenvolver uma estrutura analítica do projeto (EAP) e linha do tempo detalhada para o projeto global. A EAP serviu como um roteiro para cada fase do projeto. Enquanto os departamentos de produção e qualidade foram envolvidos ao longo do projeto, outros departamentos poderiam ser consultados sempre que necessário. O gerente do projeto foi responsável pela supervisão da EAP e em envolver outros departamentosnos momentos adequados. Solução Desde a iniciação até o fechamento, o projeto foi dividido em cinco fases, com nove etapas ao longo de dois anos. O cronograma incluía todo o trabalho de aquisição e fabricação de equipamentos através de testes de linha de montagem e otimização. A fase final terminou com o início da produção e a montagem do eixo do módulo lateral. Um plano da qualidade correspondente foi desenvolvido 21 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 utilizando os padrões da fábrica de componentes, que foi integrado na linha do tempo. O gerente de projetos realizou reuniões periódicas com a equipe principal a fim de manter todos os departamentos informados do progresso. O fornecedor da linha de montagem visitou a fábrica em várias ocasiões para rever o progresso e prestar assistência em quaisquer problemas. Departamentos adicionais foram envolvidos, quando necessário, e um relatório de status do projeto – índice de desempenho detalhado para indicar o progresso em relação ao cronograma geral e do orçamento – foi distribuído mensalmente a todos os departamentos. Devido às rigorosas exigências de aderência orçamentária ao plano de projeto, os recursos financeiros foram bloqueados para evitar sobrecusto. Em cada reunião, os participantes tiveram a oportunidade de solicitar alterações específicas para a EAP. As discussões foram documentadas para fins de qualidade e as mudanças foram aprovadas tanto pelo gerente de projeto quanto pelo patrocinador do projeto. Para garantir que o projeto seria concluído a tempo, o gerente de projeto encontrou formas criativas para resolver questões de calendário criadas no início do processo: Para compensar o atraso de dois meses no recebimento de equipamentos da linha de montagem, o grupo realizou um treinamento de fabricação, enquanto o grupo de manutenção acompanhou a empresa subcontratada na instalação do equipamento da linha de montagem. Ao realizar estes dois eventos simultaneamente, o gerente do projeto, impediu atrasos futuros que pudessem causar novos atrasos no projeto. Ao longo do projeto, o PMO manteve supervisão para o orçamento geral do projeto. Outros elementos do projeto foram monitorados por membros da equipe do projeto. Por exemplo, um membro da equipe de planejamento monitorou atividades relacionadas com a EAP e o plano de qualidade, enquanto um membro da equipe de qualidade foi responsável por garantir que as partes satisfizessem as especificações de qualidade da empresa. Ao término de cada fase do projeto, a equipe do projeto analisava o estado geral do projeto e realizava identificação de riscos para as fases restantes. Todas as alterações resultantes da EAP foram aprovadas pelo gerente do projeto e pelo patrocinador do projeto. O 22 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos fim do projeto foi marcado pela transição para equipe de produção. O encerramento oficial do projeto ocorreu 12 semanas após que a produção do componente inicial começou. Resultados O time da VW México alcançou e, em muitos casos, ultrapassou os objetivos para a criação da linha de montagem. Especificamente: - Todo o projeto foi concluído dentro do orçamento especificado; - A equipe cumpriu todos os prazos de entrega em todas as fases de testes; - Os eixos dianteiros e módulos laterais produzidos na linha de montagem da fábrica continuaram atendendo às diretrizes de qualidade da Volkswagen. O time de projeto da linha de montagem do componente do Jetta também desenvolveu uma série de ferramentas e práticas que servem como padrão para futuros projetos na fábrica. As principais lições aprendidas com o projeto permitirão que as equipes de projetos futuros aperfeiçoem a comunicação entre as diferentes áreas da planta da VW do México e garanta o sucesso de novos projetos. Fonte: PMI. Volkswagen do México - Produção de Peças para o Automóvel JETTA. 2012. Disponível em: <https://brasil.pmi.org/brazil/ KnowledgeCenter/CaseStudies.aspx>. Acesso em: 3 jun. 2016. O texto demonstra um caso de sucesso com a utilização de técnicas de gerenciamento de projetos, especialmente, pelo cumprimento do escopo, prazo e orçamento. Mas, seria possível encurtar o escopo, tempo ou custo sem afetar a qualidade do projeto? Vejamos, na próxima sessão, uma discussão acerca das restrições de projetos. Restrições de Um Projeto A terceira edição do PMBoK abordava a restrição tripla do gerenciamento de projetos: escopo, tempo e custo (PMI, 2004), conforme apresentado na figura 4. A restrição tripla demonstra demandas conflitantes, ou seja, alguma alteração em 23 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 uma das áreas (escopo, por exemplo) pode causar impacto nas demais (tempo e custos), portanto, requerem o acompanhamento constante da equipe do projeto (TRENTIM, 2011). Figura 6 - Restrição tripla do gerenciamento de projetos Fonte: Adaptado de PMI (2004). Na quinta edição do PMBoK, a restrição tripla foi ampliada por incluir a qualidade, recursos e riscos (PMI, 2013), e foi denominada como restrição sêxtupla do gerenciamento de projetos. Apesar de ter o formato de uma “estrela”, ela indica que a alteração em algum aspecto do projeto (custo, por exemplo) pode afetar outro aspecto (risco, por exemplo). Figura 7 - Restrição sêxtupla do gerenciamento de projetos Fonte: Adaptado de PMI (2013). Vamos tomar um exemplo de sua aplicação. Se o cronograma for reduzido, muito provavelmente o orçamento precisará ser aumentado para incluir recursos adicionais a fim de realizar o mesmo trabalho em menor tempo. Se não for possível aumentar o orçamento, o escopo ou a qualidade poderão ser reduzidos para entregar o produto em menos tempo com o mesmo orçamento. Os stakeholders do projeto podem ter diferentes entendimentos em relação ao projeto e solicitar modificações, no entanto, as mudanças no projeto podem criar riscos adicionais (PMI, 2013). 24 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Para lidar com estas situações, a equipe do gerenciamento de projetos precisa avaliar cada situação, balancear as demandas e manter um canal de comunicação pró-ativo com os stakeholders para entregar o projeto com sucesso. Neste momento, o gerente do projeto também ocupa um importante papel por avaliar as soluções mais adequadas para cada situação. HABILIDADES DE UM GERENTE DE PROJETOS Muitas vezes as organizações denominam especialistas técnicos de gerentes de projeto. Acredita-se, erroneamente, que as habilidades e a experiência técnicas irão contribuir como aptidões para o gerenciamento de projetos. Entretanto, não é necessariamente o que acontece. Os gerentes de projetos são profissionais generalistas, cujo repertório compreende uma série de competências. Sua especialidade é resolver problemas, mas pode atuar numa variedade de campos. Embora possa ter aptidões técnicas, não são pré- requisitos para o gerenciamento de projetos, mas deve contar com uma equipe de técnicos especializados pelo qual o gerente pode recorrer com as questões técnicas. Já o conhecimento e aplicação das técnicas de gerenciamento de projetos são alicerce para os gerentes de projetos. Os gerentes de projetos costumam ser comparados a pequenos empresários, pois precisam conhecer um pouco de cada detalhe do processo de gerenciamento. As competências gerais deste profissional compreendem todas as áreas da administração, da contabilidade e do planejamento estratégico à supervisão, administração de recursos humanos e, assim, por diante. Por sua vez, alguns projetos podem exigir competências ou conhecimentos específicos. Este também é um momento para os gerentes de projetos aprenderem novos conceitos de áreas específicas, ou mesmo fortalecer suas habilidades menos desenvolvidas. As competências gerais enumeradas neste texto constituem os fundamentos das boas práticas de gerenciamento de projetos: competências de comunicação, aptidões organizacionaise de planejamento, habilidades na elaboração de orçamentos, resolução de conflitos, negociação e influência, e, liderança e motivação de equipes. O fato de você as dominar (ou não) afetará os resultados dos seus projetos. Fonte: Adaptado de Heldman (2006). 25 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 Rabechini Jr. (2001) realiza um levantamento das habilidades necessárias para o cargo de gerente de projetos por meio de uma pesquisa empírica, contemplando um montante de noventa e sete especialistas da área. A tabela a seguir demonstra o ranking das habilidades identificadas no estudo: Tabela 2 - Habilidades de um gerente de projetos Seq. Habilidade Descrição Score 1 Liderança Capacidade de influenciar pessoas 95,51 2 Relacionamento Humano Capacidade de gerenciar conflitos e motivar a equipe 91,85 3 Negociação Capacidade de negociar com Stakeholders 90,96 4 Administração do tempo Capacidade de gerenciar o cronograma do projeto 88,37 5 Técnico Capacidade técnica de contribuir com o projeto 87,57 6 Comunicação Capacidade de estabelecer um sistema de comunicação 81,01 7 Relacionamento com o cliente Capacidade de gerenciar fornecedores e clientes 79,99 8 Orçamento Capacidade de gerenciar o orçamento e fluxo de caixa do projeto 78,71 Fonte: Adaptado de Rabechini Jr. (2001). Toda esta discussão da restrição sêxtupla está relacionada à teoria das restrições, pois todo projeto tem um ou mais fatores que limitam o seu desempenho. De acordo com a teoria, uma restrição é qualquer coisa que impede o alcance dos objetivos propostos (COX III; SCHLEIER JR., 2010). Desta forma, faz-se necessário à identificação das restrições e tomadas medidas contingenciais para alcance do melhor desempenho em projetos. 26 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Para ampliar seu conhecimento entre as relações da teoria das restrições ao gerenciamento de projetos sugerimos a leitura dos livros: COX III, J. F.; SCHLEIER JR., J. G. Theory of Constraints Handbook. New York: McGraw-Hill, 2010. MANHÃES, J. C. DA S.; CARVALHO, R. A. DE. Estruturação da mudança pela Teoria das Restrições: Um estudo de caso de Gestão de Projetos de uma companhia de energia. Lisboa: Novas Edições Acadêmicas, 2014. Atividades de Estudos: 1) Avalie como sua organização gerencia os projetos: Tabela 3 - Exercício – Avaliação de como a organização lida com projetos Em minha empresa: Sim Não Parcialmente Não sei dizer 1. Os executivos sabem distinguir projetos de atividades que não são projetos □ □ □ □ 2. Os executivos dominam os principais concei- tos de administração de projetos □ □ □ □ 3. As pessoas que precisam lidar com projetos sabem utilizar as técnicas de gerenciamento de projetos □ □ □ □ 4. Há um modelo do plano de gerenciamento de projetos □ □ □ □ 5. Muitas pessoas sabem preparar um plano de projeto □ □ □ □ 6. Há procedimentos bem estabelecidos de apro- vação de planos e propostas de projetos □ □ □ □ 7. Nenhum projeto inicia sem as definições críti- cas de desempenho – escopo, tempo e custos □ □ □ □ 8. O executivo principal acompanha o andamen- to dos projetos □ □ □ □ 9. Utiliza equipes multifuncionais em projetos □ □ □ □ 27 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 10. As pessoas sabem desempenhar diferentes os papéis entre distintos projetos □ □ □ □ 11. Existe uma função bem definida de gerente de projetos □ □ □ □ 12. A maioria das pessoas conhece a figura e as responsabilidades do gerente de projetos □ □ □ □ 13. Há pessoas qualificadas para desempenhar a função de gerente de projetos □ □ □ □ 14. Existem procedimentos e decisões pré-es- tabelecidas para lidar com o ciclo de vida do projeto □ □ □ □ 15. Sabemos organizar equipes de projetos e retorná-las na estrutura permanente □ □ □ □ 16. As equipes de projetos reúnem-se regular- mente para planejar, executar e controlar suas atividades □ □ □ □ 17. Os projetos estão classificados em portfólio e programas □ □ □ □ 18. Os projetos estão classificados em uma ordem de importância □ □ □ □ 19. Há uma clara ligação entre os projetos e a estratégia □ □ □ □ 20. As responsabilidades são bem delimitadas quanto às áreas funcionais e gerenciamento de projetos □ □ □ □ 21. Há comportamentos favoráveis a cultura de projetos □ □ □ □ 22. Sabemos avaliar o desempenho de projetos e aprender com os erros e acertos □ □ □ □ 23. De forma geral, os projetos são bem-sucedi- dos na dimensão de atendimento aos prazos □ □ □ □ 24. De forma geral, os projetos são bem-sucedi- dos na dimensão do orçamento □ □ □ □ 25. De forma geral, os projetos são bem-sucedi- dos na dimensão da qualidade do produto final □ □ □ □ 28 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 26. De forma geral, os projetos são bem-sucedi- dos na dimensão da implantação dos resultados (no cliente, na linha de produção etc.) □ □ □ □ 27. De forma geral, os projetos são bem-sucedi- dos na dimensão dos resultados comerciais □ □ □ □ 28. De forma geral, os projetos são bem-sucedi- dos na dimensão da satisfação dos clientes □ □ □ □ 29. De forma geral, os projetos são bem-sucedi- dos na dimensão da satisfação do gerente □ □ □ □ 30. De forma geral, os projetos são bem- sucedi- dos na dimensão do aprendizado organizacional (aquisição de novas competências) □ □ □ □ Fonte: Adaptado de Maximiano (2009). Ao término, avalie as forças e fraquezas de sua organização quanto ao gerenciamento de projetos. Você pode elaborar uma lista de sugestões ou até mesmo um plano de ações como recomendações aos projetos de sua empresa. 2) As atividades listadas abaixo são importantes em qualquer projeto. Identifique as fases do projeto – Iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle e encerramento. Coloque- as na sequência correta, dando o número 1 para a primeira e 15 para a última. Depois de fazer individualmente, você pode discutir as sequências com os demais colegas. Tabela 4 - Exercício – Sequência das atividades em projetos Atividade Fase do projeto Sequência Elaborar o plano de comunicação Monitorar o desempenho das atividades Estudo de viabilidade técnica Entregar o produto do projeto Elaboração da Estrutura analítica do projeto (EAP) Definir os requisitos do projeto Estudo de viabilidade econômica Executar o projeto 29 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 Estabelecer duração para cada tarefa Definir a matriz de responsabilidades Avaliar lições aprendidas no projeto Alocação dos recursos nas tarefas Implementar ações corretivas, preventivas ou de melhoria Desenvolver o plano de gerenciamento de projetos Aprovação do Project Charter Elaborar o cronograma Elaborar o orçamento Fonte: O autor. Algumas Considerações Abordamos neste capítulo uma breve introdução sobre a área de gerenciamento de projetos. Foram discutidos alguns conceitos de projetos, gerenciamento de projetos, os processos do gerenciamento de projetos, e as distinções entre cada fase. Em seguida, foi apresentada a importância do planejamento bem como justificado que grande parte dos projetos fracassados são provenientes do mal planejamento. Ainda, foi destacado o escopo, tempo e custo como os principais pilares do gerenciamento de projetos. Sobretudo, estas áreas do conhecimento foram recebendo maior importância em projetos em virtude da evolução sócio organizacional e maior complexidade nos projetos. Ademais, as restrições em projetos apresentaram que a alteração em um aspecto do projeto pode afetar outro, assim a equipe e o gerente de projetos assumem um importante papel na resolução mais adequada para cada situação. Com a compreensão deste capítulo, você é capaz de diferenciar o planejamento das demais fases de um projeto, distinguir o escopo, tempo e custos e ainda atentar para as restrições em projetos. No próximo capítulo, estaremos abordando o gerenciamento do escopo. 30 Gerenciamento do escopo, tempo ede custos em projetos Referências CARVALHO, M. M. DE; ROQUE RABECHINI JR. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. COX III, J. F.; SCHLEIER JR., J. G. Theory of Constraints Handbook. New York: McGraw-Hill, 2010. HELDMAN, K. Gerência de Projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. MANHÃES, J. C. DA S.; CARVALHO, R. A. DE. Estruturação da mudança pela Teoria das Restrições: Um estudo de caso de Gestão de Projetos de uma companhia de energia. Lisboa: Novas Edições Acadêmicas, 2014. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de Projetos: Como transformar idéias em resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MENDES, J. Por que sua empresa precisa de uma estratégia? 2012. Disponível em: <http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br/2012/09/por-que-sua- empresa-precisa-de-uma.html>. Acesso em: 22 jul. 2016. MOTOMURA, M. Como foram erguidas as pirâmides do Egito? 2014. Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/como-foram-erguidas- as-piramides-do-egito>. Acesso em: 22 jul. 2016. PMI. Um guia do conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos. 3. ed. Newton Square: Project Management Institute, 2004. ______. . A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. New Square: Project Management Institute, 2013. RABECHINI JR., R. A importância das habilidades do gerente de projetos. Revista de Administração, v. 36, n. 1, p. 1–17, 2001. STEWART, J. Top 10 Reasons Why Projects Fail. 2015. Disponível em: <http:// project-management.com/top-10-reasons-why-projects-fail/>. Acesso em: 27 maio. 2016. 31 Introdução ao Gerenciamento do Escopo, Tempo e CustosCapítulo 1 THE STANDISH GROUP. The Standish group: the chaos report. Project Smart, p. 16, 2014. TRENTIM, M. H. Gerenciamento de Projetos: Guia para as certificações CAPM e PMP. São Paulo: Atlas, 2011. VOLKSWAGEN. Jetta. 2012. Disponível em: <http://www.vw.com/models/jetta/>. Acesso em: 22 jul. 2016. 32 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos CAPÍTULO 2 Gerenciamento do Escopo A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Delimitar o escopo do projeto. 9 Identificar requisitos do projeto e do produto. 9 Elaborar a estrutura analítica de projetos. 9 Validar escopo do projeto com Stakeholders. 9 Monitorar o escopo do projeto durante a fase de execução. 34 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 35 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Contextualização Neste capítulo vamos partir de uma questão básica: O que faz parte do projeto e o que não faz parte do projeto? Aparentemente temos uma questão muito simples a ser resolvida. Mas, a depender de cada projeto esta questão é motivo para longas discussões entre os stakeholders. Como o projeto parte de uma concepção de ideia por um indivíduo ou um grupo de indivíduos, existe um processo de externalização desta ideia. Desta forma, o fato de delegar uma atividade ou um conjunto de atividades pode gerar dúvidas em sua concepção. Tomamos, como exemplo, a elaboração de um projeto de uma nova casa. Na prática, o arquiteto ouve as necessidades e desejos de seu cliente: “– Quero uma casa de contêiner com conceito sustentável, e que tenha três quartos, uma cozinha, e uma sala para reunir a família. Ainda, quero a pintura das paredes internas de branco, e natural envernizado na parte externa, e revestimento térmico para o ambiente ficar agradável. É isso, vai ficar linda!”. Agora, coloque-se no lugar do arquiteto e comece a se perguntar: “–Consegui compreender tudo que este cliente deseja? Qual o tipo de design pretendido? Será que o cliente tem perfil mais conservador ou arrojado? Quantos banheiros? Quantos metros quadrados terá esta casa? Terá alguma suíte? Quantas portas? Quantas janelas? Sacada? andares?” Este simples exemplo poderia torna-se mais complexo caso houvessem mais envolvidos neste projeto. Certamente, existem muitos outros detalhes a serem considerados no exemplo acima. Para gerenciar o escopo do projeto, partimos da premissa que deve ser definido e controlado o que é e o que não é parte do projeto (PMI, 2013). Com base nesta perspectiva, iniciamos o segundo capítulo. Bons estudos! Planejamento do Escopo do Projeto Partimos do princípio que já possuímos o Project Charter – conforme discutido no capítulo anterior, portanto, já possuímos informações para planejar o escopo do projeto. Assim, esta sessão busca trazer alguns conceitos e ainda planejar como documentar e proceder na coleta dos requisitos, na definição do escopo, na elaboração da estrutura analítica de projetos (EAP) e na validação e controle do escopo. 36 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Conceitualmente o escopo é “o produto ou serviço do projeto e os resultados que o projeto pretende produzir” (HELDMAN, 2006, p. 89). Desta forma, para elaborar um bom planejamento do escopo, você deve saber exatamente os objetivos e quais os resultados esperados do projeto. Assim, torna-se importante delimitar o que pertence ao projeto em relação ao produto/serviço e evitar trabalho desnecessário (MAXIMIANO, 2009; MULCAHY, 2009; TRENTIM, 2011). Isto quer dizer que temos dois tipos de escopos? A seguir vamos analisar as distinções do escopo do projeto e do produto (PMI, 2013; TRENTIM, 2011): - Escopo do Projeto: É todo o trabalho que deve ser realizado com a finalidade de fornecer um produto ou serviço com as características e funções específicas. A sua conclusão é medida por meio do plano de gerenciamento do projeto. - Escopo do Produto: São as características ou funções do produto ou serviço, resultantes da entrega do projeto. A sua conclusão é medida em relação à especificação dos requisitos do produto. Como destacado no capítulo anterior, um projeto surge para suprir alguma necessidade e atender aos objetivos propostos. Portanto, para cumprir às exigências dos clientes (em termos de escopo, tempo e custo) quanto ao escopo do produto/serviço sugere-se a elaboração do escopo do projeto e revisar/validar com as partes interessadas (stakeholders). Desta forma, apresentamos na figura 8, os envolvidos com o projeto: O escopo é “o produto ou serviço do projeto e os resultados que o projeto pretende produzir” (HELDMAN, 2006, p. 89). 37 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Figura 8 - Stakeholders do projeto Fonte: PMI (2013). Para o planejamento do escopo e obter informações relacionadas às etapas posteriores, sugerem-se algumas ferramentas que podem fazer a diferença em tal processo (HELDMAN, 2006; PMI, 2013): a) Informação especializada: consiste em solicitar informações aos envolvidos do projeto (stakeholders) ou especialistas em determinadas áreas. Estes especialistas podem fornecer conhecimentos ou experiências no desenvolvimento do escopo do projeto; b) Reuniões: encontros com Stakeholders pode ser outra metodologia para o desenvolvimento do escopo do projeto. Nas reuniões podem estar presentes o gerente do projeto, o patrocinador ou cliente, bem como qualquer envolvido com tal projeto; c) Modelos, formulários e padrões: estes documentos podem auxiliar na padronização dos requisitos e definição do escopo na concepção do projeto. Ainda vale a pena considerar algumas questões altamente relevantes como, por exemplo, as políticas e procedimentos organizacionais, que podem influenciar positivamente na elaboração do planejamento do escopo, ou ainda negativamente caso este processo não esteja formalizado na organização. Além disso, as informações históricas representam uma importante fonte de lições aprendidas e podem contribuir para a elaboração de outros projetos. 38 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos De acordo com a ordem cronológica para o gerenciamento do escopo, vamosabordar nas próximas sessões a coleta dos requisitos, a definição do escopo do projeto e do produto/serviço, a estrutura analítica de projetos (EAP) e, por fim, a validação e controle do escopo. Entretanto, antes de passar para a próxima sessão, vejamos alguns conhecimentos necessários sobre o gerenciamento do escopo: COISAS A SABER SOBRE O GERENCIAMENTO DO ESCOPO • Você deve planejar como você irá determinar o escopo, bem como irá gerenciar e controlar o escopo. Esta é parte de seu plano de gerenciamento do escopo; • O escopo deve ser definido, claro e formalmente aprovado antes de iniciar o trabalho; • Os requisitos são coletados de todos os Stakeholders, não apenas de uma pessoa que avalia seu projeto; • A coleta dos requisitos pode ser substancial em termos de duração, especialmente em grandes projetos você pode obter requisitos de centenas de pessoas; • A EAP deve ser utilizada em todos os projetos. Com esta ferramenta você é capaz de clarificar o projeto como um todo e eventualmente encontrar escopo adicional; • Qualquer mudança no escopo deve ser avaliada o efeito sobre tempo, custo, risco, qualidade, recursos e satisfação do cliente; • Nenhuma mudança no escopo é assumida sem aprovação e pedido de mudança; • Você precisa continuadamente determinar o que inclui e o que não inclui o projeto. Fonte: Mulcahy (2009). 39 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Coletar os Requisitos Os requisitos são todas as características e peculiaridades de grande valia que as partes interessadas desejam no produto ou serviço (PMI, 2013). Portanto, é fundamental documentar tais especificações no escopo do projeto a fim de atender as expectativas e garantir a satisfação do cliente. Vale destacar aqui, que o sucesso do projeto sob o ponto de vista do cliente na perspectiva “escopo” é mensurada por meio do cumprimento com os requisitos (TRENTIM, 2011). Por sua vez, a coleta dos requisitos contempla uma importante etapa na seleção das principais necessidades, características e funcionalidades do projeto, produto ou serviço para atender as expectativas do cliente (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). Estes requisitos servirão de base para a EAP, controle do escopo, assim como às demais etapas do projeto. Atenção! Um requisito não identificado pode comprometer o projeto com mudanças e riscos posteriores, podendo até inviabilizá-lo (TRENTIM, 2011). Já imaginou da importância dos requisitos para projetos customizados? O artigo When the requirements collection and analysis are the whole Project de Gianmarco Panza traz algumas lições para a gestão dos requisitos do projeto. Fonte: PANZA, G. When the Requirements Collection and Analysis are the Whole Project. PMI virtual library, p. 6, 2013. Assim como abordamos na sessão anterior sobre a existência do escopo do projeto e do produto, os requisitos seguem a mesma lógica. Portanto, qual a diferença entre requisitos do projeto (ou técnicos) e do produto (ou funcionais)? • Requisitos do projeto: descreve as ações, processos ou outras condições que o projeto necessita ter. É orientado ao desenvolvedor, como por exemplo, o uso de ferramenta X, concluir até período X para inauguração etc. • Requisitos do produto: descreve os aspectos, funções ou características desejadas no produto ou serviço. É orientado ao cliente, como por exemplo, a confiabilidade, durabilidade, desempenho, segurança etc. Atenção! Um requisito não identificado pode comprometer o projeto com mudanças e riscos posteriores, podendo até inviabilizá-lo (TRENTIM, 2011). 40 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Mas como coletar os requisitos do projeto e produto/serviço? O PMI sugere um conjunto de técnicas e ferramentas para captação dos requisitos de projetos e produtos/serviços (PMI, 2013), as quais apresentamos a seguir: • Entrevistas: são tomadas informações diretamente de participantes do projeto, executivos, especialistas ou outro Stakeholder, por identificar características e funcionalidades desejáveis. Como as entrevistas normalmente são realizadas de forma individual podem ser obtidas algumas informações privilegiadas; • Grupo focal: traz um conjunto de especialistas para discutir sobre um determinado tema em comum, e um moderador guia a discussão interativa; • Workshops facilitados: semelhante ao grupo focal, porém consiste de sessões focadas com Stakeholders do projeto. Estas sessões podem construir confiança entre Stakeholders, relacionamentos, melhorar a comunicação entre os envolvidos do projeto, e, ainda, podem ser mais efetivas que sessões individuais; • Técnicas criativas de grupos: várias atividades em grupo podem incentivar na identificação dos requisitos do projeto e produto/serviço, a ainda integrar a equipe: – Brainstorming: técnica usada para gerar múltiplas ideias; – Técnica de grupo nominal: busca priorizar as ideias do brainstorming por meio de um ranking das ideias mais úteis; – Mapeamento de ideias ou Mapas mentais: técnica que cria um mapa de ideias individuais e após são consolidadas em um único mapa para refletir as sinergias e diferenças de entendimentos e gerar novas ideias; – Diagrama de afinidade: técnica de classificação dos grupos por meio de seu mapa mental; – Análise de decisão multicritério: técnica que utiliza uma matriz de decisão com base em um conjunto de critérios, tais como níveis de riscos, incerteza, avaliação, e um ranking das principais ideias. 41 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 • Técnicas de decisões em grupos: este conjunto de técnicas é um processo de avaliação de múltiplas alternativas com um resultado esperado na forma de futuras ações. Estas técnicas podem ser usadas para gerar, classificar e priorizar os requisitos do produto: – Unanimidade: consiste de várias rodadas de questões que são individualmente avaliadas e votadas pelos participantes. As respostas são disponibilizadas para o facilitador para manter anonimato; – Maioridade: consiste de um processo de votação entre os participantes sobre determinado assunto sendo decidido pela maioria dos votos (acima de 50%); – Pluralidade: considera o maior bloco nos grupos de decisão como a melhor decisão a ser tomada, especialmente para casos quando há mais que duas opções de decisão; – Ditadura: quando um indivíduo toma a decisão pelo grupo. • Questionários e Surveys: buscam avaliar a percepção de cada respondente sobre um determinado tema por meio de escalas; • Observações: fornece uma maneira direta de ver como indivíduos, ambiente e organizações desempenham suas tarefas; • Protótipos: antecipação do feedback do cliente por fornecer um modelo do produto/serviço antes de executar o projeto; • Benchmarking: comparação das práticas atuais em relação às planejadas, e assim, fornece uma base para mensuração do desempenho; • Diagrama de contexto: apresenta uma interação visual do sistema, como por exemplo, os inputs, atores do processo e outputs; • Análise documental: é utilizada por analisar documentação existente e identificar informações relevantes para os requisitos do projeto e produto/ serviço. Até aqui você aprendeu a importância dos requisitos, a tipologia dos requisitos, e como é possível identificá-los por meio de um amplo conjunto de técnicas. Agora, você pode estar se perguntando: “–Devo utilizar quais técnicas para identificar os requisitos do projeto e produto/serviço? Quais as mais adequadas?”. Saliento que não há uma resposta única para estas perguntas. Apenas podemos destacar que existem técnicas mais apropriadas para cada situação, ademais cada gestor de projetos tem suas preferências e compreende-as com 42 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos distintos modos de eficácia. Portanto, o ideal aqui é o gestor de projetos deter conhecimento de todas estas possibilidades, pois cada projeto pode demandar uma maneira distinta de coleta dos requisitos. Com os requisitos identificados podemos elaborar uma matriz de rastreamentodos requisitos. Esta matriz nos ajuda a assegurar que o projeto entregue o valor prometido, liga os requisitos aos objetivos do projeto e rastreia os requisitos durante o ciclo de vida do projeto. Apresentamos na tabela 5, um exemplo de matriz de rastreabilidade dos requisitos de uma casa de contêiner. Tabela 5 - Matriz de rastreabilidade dos requisitos ID Descrição Necessidades / objetivos Fonte Prioridade Status 1.0 Pintura Aplicar selador na parte interna e externa do contêiner para conservação Pintor 1 Aprovado 2.0 Revestimento Deve ter revestimento térmico Engenharia 1 Pendente 3.0 Sistema de capta-ção de água Deve ter sistema de captação de água da chuva; Encanador 2 Pendente Fonte: Adaptado de Trentim (2011). A utilização desta matriz nos ajuda a garantir que cada requisito do produto/ serviço seja atendido pelo projeto, além de fornecer um meio para o rastreamento dos responsáveis por atender cada requisito durante a execução do projeto. Nesta seção, discutimos os distintos tipos de requisitos a coletar, um amplo conjunto de técnicas e ferramentas que auxiliam na coleta dos requisitos, e ainda, a matriz de rastreabilidade dos requisitos. Vamos continuar o processo de gerenciamento do escopo com a definição do escopo na próxima sessão. Definir o Escopo Neste momento já sabemos quais os requisitos solicitados pelo cliente. Desta forma, torna-se fundamental a conversão do projeto em seu esboço para um documento estruturado. Agora, o gerente do projeto tem por missão elaborar documentos que sejam delegados aos demais envolvidos do projeto. Portanto, a linguagem utilizada deve ser clara e objetiva, de modo a evitar diferentes entendimentos entre os envolvidos. 43 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 A definição do escopo aborda, especificamente, o que inclui e o que não inclui no projeto ou no produto/serviço, com todas as especificidades e detalhes (PMI, 2013). Este processo utiliza os documentos elaborados até o presente momento – Project Charter e Matriz de rastreabilidade dos requisitos. Para definir o escopo do projeto e do produto/serviço faz-se necessário especificar todos os detalhes relacionados. Desta forma, torna-se necessário definir ou organizar um conjunto de informações: • Objetivo do projeto • Produto/serviço do projeto • Requisitos do projeto ou do produto • Restrições, premissas e justificativas • Metas • Gestão de Stakeholders • Informações adicionais O documento que caracteriza a definição do escopo é a ‘Declaração do escopo do projeto’. Este documento busca elaborar e documentar progressivamente todo escopo do projeto para alcançar seus objetivos (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011), além de descrever as entregas do projeto (PMI, 2013). Veja, o exemplo abaixo de uma declaração do escopo do projeto: Tabela 6 - Declaração do escopo do projeto Nome do projeto Casa em contêiner Objetivo Construir uma casa de conceito sustentável com uso de contê- ineres Produto/Serviço do projeto Casa de contêiner Requisito do projeto -Cliente possui os materiais elétricos; -Considerar montagem do sistema elétrico e encanamento antes da forragem e pintura dos contêineres; -Projeto concluído em 10 dias; -Aguardar parecer de engenheiro civil quando ao material mais adequado para o revestimento térmico; 44 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Requisito do produto -Deve ter revestimento térmico; -Deve ter sistema de captação de água da chuva; -Deve ter aquecimento solar da água; -Conter três quartos, dois banheiros, cozinha, lavação, sala de estar e sala de jantar; -Aplicar selador anticorrosão na parte externa do contêiner para conservação; -Pintura interna na cor branca e externa natural envernizado; Restrições -Não colocar um contêiner sobre o outro, todos devem estar em planície; Premissas -A construção desta casa deve utilizar somente materiais reutilizados; Justificativa O uso de contêineres e materiais reutilizados para casas é uma prática sustentável Metas Entrega em até 40 dias Stakeholders -Arquiteto -Cliente -Engenheiro Civil -Empresa de terraplanagem -Pintor -Encanador -Eletricista -Pedreiro -Serralheiro Informações adicionais Cliente deseja projeto concluído em 10 dias para validação Fonte: O autor. Assim, que concluída a declaração do escopo, faz-se necessário detalhar o escopo. Esta fase seguinte, denominada detalhamento do escopo, se caracteriza pela decomposição das atividades do projeto, e será discutida na próxima sessão. Vamos distinguir a seguir, a declaração do detalhamento do escopo: a declaração aborda a visão sucinta ou geral do projeto, enquanto o detalhamento consiste no desdobramento de cada entrega. 45 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Figura 9 - Declaração e detalhamento do escopo Fonte: Adaptado de Maximiano (2009). Vimos até aqui que a definição do escopo corresponde de uma importante etapa para esclarecer os limites do projeto. Destacamos também que a elaboração da declaração do escopo do projeto é um documento que irá reunir a estrutura geral do projeto. Mas, o processo de detalhamento das atividades do projeto é realizada por meio da Estrutura Analítica de Projetos (EAP), a qual veremos a seguir. Estrutura Analítica de Projetos (EAP) A estrutura analítica do projeto (EAP) ou work breakdown structure (WBS) é um processo de subdivisão das entregas em componentes menores para facilitar as estimativas e o gerenciamento do projeto (PMI, 2013). Desta forma, o detalhamento por meio da EAP pode ser considerado como uma espinha dorsal do projeto, pois colabora com outras etapas do gerenciamento de projetos, como por exemplo, a gestão do tempo, gestão de custos e gestão de recursos, por fornecer um conjunto detalhado de entregas (HELDMAN, 2006). Uma vez que a EAP consiste de uma representação hierárquica orientada para as entregas do trabalho a ser realizado (TRENTIM, 2011), deve especificar o escopo por completo do trabalho necessário para finalizar o projeto (HELDMAN, 2006). A EAP utiliza a declaração do escopo do projeto como ponto de partida para sua elaboração, e envolve a técnica de decomposição para subdividir as entregas em componentes menores. 46 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos A decomposição é uma técnica usada para dividir ou subdividir o escopo e as entregas do projeto em partes menores, ou seja, partes capazes de serem monitoradas e controladas (PMI, 2013). A EAP contém uma sequência de detalhamentos (níveis) que representam os componentes do escopo, sendo que não há um limite mínimo ou máximo de detalhamentos, o ideal é quando pode ser facilmente mensurável. O menor nível da EAP é chamado de ‘pacotes de trabalho’ e recomenda-se estar escrito na forma de ações (verbos) por representar atividades de execução, enquanto as demais entregas na forma substantiva (PMI, 2013). Todo este processo é realizado com a técnica de decomposição. A ideia é decompor até um ponto em que se possa planejar, executar, monitorar e controlar e encerrar as entregas do projeto. Como uma das principais vantagens de sua utilidade é a melhoria do processo de estimativas de tempo, custos e recursos, e controles do desempenho (HELDMAN, 2006). Mas, como construir uma EAP? Quais são os passos necessários? Aqui destacamos algumas etapas que podem facilitar o processo de elaboração da EAP: a) Identificar as principais entregas do projeto: busca-se identificar as entregas do projeto, isto é, o conjunto de etapas que formam o projeto. Figura 10 - Entregas do projeto Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr (2011). Não há um limite mínimo ou máximo de detalhamentos, o ideal é quando pode ser facilmente mensurável. 47 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Atenção! Cada caixa das entregas deve ser mutuamente excludente, assim como cada trabalho deve atender a uma única entrega de modo a evitar duplicidades. b) Organizar a EAP quanto às fases, produtos, departamentos ou subprojetos: esta etapa consiste na formade representação da EAP. Abaixo demonstramos as distinções entre cada formato. Figura 11 - EAP dividida por fases Fonte: Trentim (2011). A EAP por fase pode ser representada por fase do projeto, bem como por ciclo de vida do projeto (Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle, e, Encerramento). É uma das estruturas mais comuns em projetos de tamanho médio a pequeno porte. Figura 12 - EAP dividida por produtos Fonte: Trentim (2011). Atenção! Cada caixa das entregas deve ser mutuamente excludente, assim como cada trabalho deve atender a uma única entrega de modo a evitar duplicidades. 48 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos A EAP por produtos é utilizada para projetos cujos componentes são bem definidos, por exemplo, no desenvolvimento de um automóvel. Figura 13: EAP dividida por departamentos Fonte: Trentim (2011). De acordo com a EAP dividida por departamentos, os componentes do escopo do projeto são decompostos por departamentos organizacionais. Figura 14 - EAP dividida por subprojetos Fonte: Trentim (2011). Já a divisão da EAP por subprojetos é comum em projetos grandiosos e de grande complexidade. É comum este tipo de EAP em projetos que envolvam diferentes indivíduos, grupos ou organizações, sendo portanto, subdivididos em pequenos projetos. Esta EAP pode ser utilizada para a construção de um shopping center, por exemplo. 49 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Ainda, cada representação da EAP também pode ser elaborada na forma de lista. c) Decompor os componentes e fases menores (até pacotes de trabalho): representa todo o processo de decomposição de entregas nos mais diversos níveis até chegar nos pacotes de trabalho. Por sua vez, os pacotes de trabalho são as atividades que podem ser atribuídas a pessoas, grupos ou organizações, e que assumirão uma responsabilidade no projeto. Figura 15 - Decomposição das entregas do projeto Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2011). d) Verificar se a decomposição está correta: vale destacar aqui que somente o que está na EAP representa o campo de trabalho do projeto. Você pode construir suas EAPs com uso de softwares especializados. Uma sugestão é o uso do software WBS Chart Pro, ao qual pode ser acessado pelo link do desenvolvedor: <https://www.criticaltools.com>. A seguir vamos criar uma EAP por meio das etapas sugeridas anteriormente, e utilizar a decomposição e representação hierárquica do projeto por fases devido o projeto de casa em contêiner haver um conjunto de dependências entre as etapas de construção. Apresentamos a EAP , inicialmente, na forma de lista, e em seguida, em representação gráfica. 50 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Tabela 7 - EAP em lista de casa em contêiner CASA EM CONTÊINER 1. PROJETO 1.1 Elaboração de projeto 1.2 Definição de planta baixa 1.3 Aprovação e validação de projeto 2. INFRAESTRUTURA 2.1 Terraplanagem 2.1.1 Fazer nivelamento do solo 2.1.2 Retirar entulhos 2.1.3 Preparar solo do jardim 2.2 Fundamento 2.2.1 Construir caixarias e sapatas 2.2.2 Concretar caixarias e sapatas 2.2.3 Concretar calçada para carro e entrada da casa 2.3 Contêineres 2.3.1 Descarregar contêineres sobre a base 2.3.2 Ajustar encaixes entre contêineres 2.4 Jardinagem 2.4.1 Preparar canteiros do jardim 2.4.2 Plantar grama, plantas, e flores 3. SUPERESTRUTURA 3.1 Aberturas e divisões 3.1.1 Serrar paredes dos contêineres 3.1.2 Serrar portas e janelas 3.1.3 Construir as divisões internas da casa 3.2 Instalações 3.2.1 Elétrica 3.2.1.1 Instalar rede elétrica 3.2.1.2 Instalar sistema de aquecimento de água 3.2.2 Hidráulica 3.2.2.1 Instalar rede de água e esgoto 3.2.2.2 Instalar sistema de captação de água da chuva 3.3 Paredes 3.3.1 Fixar revestimento térmico nas paredes 3.3.2 Fixar placas em gesso nas paredes 3.3.3 Aplicar selador nas paredes externas 51 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 3.3.4 Fazer pintura interna 3.3.5 Fazer pintura externa 3.4 Cobertura 3.4.1 Construir estrutura de madeiramento 3.4.2 Colocar telhado 4. ACABAMENTO 4.1 Janelas e Portas 4.1.1 Colocar portas 4.1.2 Colocar janelas 4.2 Piso 4.2.1 Aplicar piso laminado no contêiner 4.2.2 Aplicar piso de cerâmica no banheiro e cozinha 4.3 Banheiro 4.3.1 Instalar pia e vaso sanitário 4.4 Limpeza 4.4.1 Realizar limpeza na casa Fonte: O autor. 52 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Fi gu ra 1 6 - E AP d e ca sa e m c on tê in er Fo nt e: O a ut or . 53 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Em seguida, é necessário associar os recursos do projeto (pessoas, máquinas e equipamentos, terceirizados ou outros) aos pacotes de trabalho. Desta forma, todo pacote de trabalho é delimitado e preparado para posterior execução do projeto. Esta prática minuciosa de explicitar cada pacote de trabalho denomina-se dicionário da EAP. O dicionário da EAP serve como um guia para direcionar a equipe do projeto segundo suas atividades. Ainda, podem ser adicionadas observações específicas para cada equipe do projeto de modo a executar o pacote de trabalho com sucesso, bem como critérios de aceitação das tarefas. Nesta seção, discutimos o processo de elaboração da EAP. Agora, possuímos o escopo total do projeto, pois já obtivemos a Declaração do escopo do projeto e a EAP. O próximo passo é validar com os stakeholders, e controlar o escopo durante o processo de execução do projeto. Veremos este conteúdo na próxima sessão. Validar e Controlar o Escopo Inicialmente , a etapa de validação do escopo é o processo de formalização do aceite por meio de encontros e reuniões com o cliente e demais stakeholders. A principal finalidade deste processo é assegurar que o projeto está atendendo aos requisitos e expectativas do cliente (PMI, 2013; TRENTIM, 2011). O processo de validação pode ser encontrado em qualquer fase do projeto, na forma de auditorias e conferências se as entregas irão atender aos requisitos do cliente, descritos na matriz de rastreabilidade dos requisitos. No entanto, destaca-se aqui que a validação do escopo ocupa papel fundamental na etapa de planejamento para seguir à execução do projeto. Uma das práticas mais comuns de validação do escopo é a reunião de projetos com os stakeholders. Na reunião de projetos o gerente de projetos deverá estabelecer o aceite por meio dos pacotes de trabalho com os respectivos responsáveis (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). As reuniões (ou revisões) devem ser planejadas e inclusas no cronograma do projeto. Por sua vez, a etapa de controle consiste no processo de monitoramento da execução do escopo do projeto e do produto (PMI, 2013). Este processo inclui a periodicidade de reuniões (ou revisões), As reuniões (ou revisões) devem ser planejadas e inclusas no cronograma do projeto. 54 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos o gerenciamento das mudanças do escopo, bem como a análise das variações da linha de base e da linha real. As reuniões devem ser estabelecidas de acordo com as necessidades de verificação e disseminação do status do projeto. As reuniões podem contemplar todos os Stakeholders, ou mesmo reuniões específicas com parte do grupo envolvido com o projeto. Na tabela 8, apresentamos algumas das principais metodologias aplicadas para as reuniões. Tabela 8 - Tipologia de revisão Revisão Objetivo Periódica Previstas para serem realizadas em períodos determinados do projeto Fase Previstas para serem realizadas a cada fase concluída ou a iniciar Esporádica Reuniões pontuais quando o gerente de projetos apresenta alguns avanços alcançados Fonte: Adaptado de Carvalho e Rabechini Jr. (2011). Outro aspecto associado ao controle do escopo são as mudanças no projeto. Os principais motivos pelas mudanças em projetos são devido ao mau planejamento do escopo, pela avaliação inadequada dos riscos associados, ou até mesmo por mudanças externas ao projeto (CARVALHO; ROQUE RABECHINIJR., 2011). No entanto, as mudanças também podem vir naturalmente pela mudança de concepção do cliente, pela descoberta de uma otimização no projeto ou no produto, dentre outras. Independentemente da origem da mudança, torna-se fundamental registrar e documentar todas as solicitações de mudanças para uma avaliação técnica e funcional pelo gerente de projetos e sua equipe (MAXIMIANO, 2009). Desta forma, apresentamos algumas informações imprescindíveis para atender as solicitações de mudanças do escopo: • Solicitante • Área destino • Objetivo da mudança • Justificativa e benefícios da mudança • Descrição da mudança • Impactos • Custo adicional (ou redução de custo) • Informações adicionais Especialmente em projetos maiores, onde há um grande número de stakeholders as mudanças podem ser mais complexas e dificultar o andamento do projeto por conflitos de interesse. 55 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Especialmente em projetos maiores, onde há um grande número de stakeholders as mudanças podem ser mais complexas e dificultar o andamento do projeto por conflitos de interesse. Caso haja aceitação da mudança, cabe ao gerente de projetos decidir na elaboração de um novo planejamento do projeto, ou apenas manter o registro de mudanças no histórico do projeto. Todos os registros de mudanças devem ser arquivados no escopo do projeto, com uma justificativa de aprovação ou rejeição. Este processo assegura ao projeto uma melhoria na qualidade do produto ou serviço do projeto. Quando o projeto encontra-se em etapa de execução a dinâmica de mudanças podem influenciar tanto no escopo do produto/serviço quanto o tempo de entrega, custos, recursos, riscos dentre outras perspectivas. Desta forma, utilizamos uma ferramenta chamada análise de variação para acompanhar o andamento do projeto. A análise de variação é a técnica que avalia a causa e o grau de diferença entre a linha de base do projeto e a linha real (planejado versus o realizado) (PMI, 2013). Especificamente no escopo, a técnica de análise de variação consiste na revisão dos produtos desenvolvidos frente à Declaração do escopo e EAP, buscando identificar se há divergências na linha de base e real, e traçar planos contingenciais caso necessário. No entanto, esta técnica não é exclusiva para o gerenciamento do escopo e pode ser utilizada em qualquer fase do projeto, como por exemplo, na avaliação do tempo e custo. No quinto capítulo, vamos abordar esta aplicação com o MS Project. O conjunto de ferramentas da qualidade, assim como análises matemáticas (média, desvio padrão, análise de frequência e histograma), podem ser úteis para diagnosticar as variações no escopo. Além disso, avaliações técnicas com especialistas da equipe de projetos podem colaborar com este processo. Sugiro a você, caro(a) pós-graduando(a), investigar as ferramentas da qualidade e análises matemáticas como alternativas de análise das causas das variações no escopo para aprofundar seus estudos. 56 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos A análise de variação é muito importante ao gerente de projetos e sua equipe no monitoramento do projeto, ao qual permite estabelecer ou não de ações corretivas e preventivas durante a fase de execução do projeto (TRENTIM, 2011). Uma ferramenta utilizada para o desenvolvimento de planos de ações é o plano 5W2H. PLANO 5W2H Basicamente o Plano 5W2H é um planejamento estruturado para resolução de problemas, por demonstrar um roteiro de perguntas de modo a compreender o problema e gerar planos de melhoria. O plano é orientado por um conjunto de sete palavras preliminares iniciadas com as letras ‘W’ e ‘H’ do inglês. Tabela 9 - Plano 5W2H Descrição 5W2H Tradução Categoria Exemplo What? O quê? O que está sendo abor- dado? Alterar localização de parede divisória entre quartos Why? Por quê? Qual a necessidade? Ajuste da planta baixa When? Quando? Quando será realizado? Na fase 2.1.3 Construir as divisões internas da casa da EAP Where? Onde? Qual local será feito? Quartos Who? Quem? Quem é o responsável? Engenheiro How? Como? Como será realizado? Deslocar a parede divisória entre quartos 1m para esquerda How much? Quanto custa? Qual o valor monetário? Nenhum. Fonte: O autor. Com o plano 5W2H elaborado, o gerente de projetos irá acompanhar detalhadamente a evolução de cada plano de ação estabelecido. Indubitavelmente, para cada plano de ação, pode ser estabelecida uma classificação do status de sua execução para monitoramento. 57 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Aos termos finais, destacamos que a Declaração do escopo, a EAP, os termos de mudanças no projeto são componentes que formam o Plano de gerenciamento do escopo do projeto. Atividades de Estudos: 1) Estudo de caso: Projeto de nova loja de Roupas & Cia A reunião inicial do termo de abertura aconteceu e foi um sucesso. O gerente destinado ao projeto da nova loja de roupas & Cia é o Manoel – um antigo gestor funcional da Roupas & Cia que passa por um período de transição para área de Gestão de Projetos. Neste momento, ele deve iniciar a redigir a declaração do escopo do projeto, e com algumas dúvidas vai até a sala do sr. José, Diretor de operações da rede Roupas & Cia. – Olá Sr. José, um prazer participar deste projeto da nova loja da Roupas & Cia, estou pronto para elaborar o escopo do projeto e quero ter certeza de que vou convidar as pessoas certas para a reunião. Com quais stakeholders você acha que eu devo conversar? – Existem algumas pessoas fundamentais que você não deve esquecer: o Sr. Juca, do departamento de instalações. Neste projeto, ele é o responsável pela mobília das lojas e pelo suprimento dos produtos. Ele também pode ajudar na construção. Ele colaborou nas últimas cinco lojas e fez um excelente trabalho. Você também devia conversar com Sra. Joana, gerente responsável pelos produtos de varejo. Ela pode ajudar com o estoque inicial e, quando a loja for inaugurada, o gerente responsável da loja irá responder pelas operações contínuas. Todos os gerentes de lojas estão subordinados a ela. Ainda, você pode conversar com a equipe de franquias, pois eles têm contato direto com os lojistas e podem nos ajudar com algumas informações complementares, especialmente quanto ao serviço prestado. Você pode também solicitar à equipe algumas estatísticas atualizadas das lojas em operação, por exemplo, identifique quais as principais causas da satisfação e exigências de nossos clientes. Sugiro falar com o Murilo. – Ótimo Sr. José. E qual o orçamento do projeto? 58 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos – Está previsto R$ 1,5milhões considerando todo o projeto, ou seja, contam as instalações, mobília, prateleiras, cabides, estoque inicial da loja, contratação de pessoal dentre outros detalhes. Somente um detalhe: preocupo-me com a contratação do pessoal, portanto, inclua no cronograma um período de treinamentos. Envolva o pessoal da área de Recursos humanos (RH) para colaborar com esta atividade. Aqui a meta é oferecer 40h de treinamento aos novos colaboradores, sendo 10h de informações corporativas, 10h sobre procedimentos administrativos, e, outras 20h de habilidades de vendas, negociação etc. – Tudo bem, obrigado pelas informações. Fiz algumas anotações desde nossa última reunião, poderia o Sr. revisar estas informações comigo? – O objetivo do projeto é inaugurar a vigésima quinta loja de varejo da franquia Cia no dia 1º de julho, em São Paulo, devido esta data marcar o 50º aniversário da Roupas & Cia. Pela previsão que temos, serão necessários 120 dias para construção da loja para deixá-la pronta à inauguração. – De acordo. Por favor, veja também como está o processo de locação da sala comercial com a imobiliária, pois acho que temos que ter este contrato assinado até 1º de fevereiro para garantir o sucesso do projeto e inaugurar a loja em 1º de julho. O arquiteto virá esta semana aqui na empresa para nos apresentaropções de planta baixa, por favor, anote em sua agenda para participar da reunião. Esta loja irá oferecer os mesmos produtos e serviços que as demais lojas oferecem – roupas multimarcas com amplo espaço para circulação e autonomia aos clientes para escolherem e provar as roupas desejadas. No entanto, de forma inovadora, a loja irá oferecer aos clientes, um espaço de café aos que desejarem aguardar durante o período de compras. Depois que você aprovar a declaração de escopo, gostaria de enviar uma cópia para os stakeholders. – Ok, vou elaborar e envio até o fim desta semana. O meu próximo passo é coletar os requisitos, definir o escopo e decompor as entregas que documentei em atividades para que possamos continuar o trabalho do projeto. Muito obrigado pelas orientações. Foi um prazer Sr. José! Fonte: Adaptado de Heldman (2006). 59 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 Com base neste caso, você deverá ajudar o Manoel a elaborar a Declaração do escopo do projeto, e construir a EAP. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________ ________________________________ 2) Suponha que você está organizando um jantar corporativo de encerramento das atividades organizacionais. Por solicitação da presidência da organização este jantar deve contar com música, bebida livre, decoração do local, recepcionistas dos convidados, fotógrafo com estúdio para fotos, e brindes aos colaboradores após o jantar. Ainda será realizada uma homenagem aos colaboradores que tenham 10 ou mais anos de casa. E para finalizar, deverá haver um documento de registro dos gastos do jantar para controle interno. Com base nas informações acima, você deverá elaborar a EAP e justificar a melhor forma de sua representação. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ _______________________ _____________________________ 60 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Algumas Considerações Abordamos neste capítulo o gerenciamento do escopo do projeto. Este processo abrange as etapas de planejamento e monitoramento e controle. Desta forma, buscamos cobrir todas as perspectivas do projeto por explicitar conceitos e exemplos acerca da delimitação do escopo do projeto e do produto/serviço. Em seguida, abordamos os requisitos do projeto e distinguimo-los dos requisitos do produto/serviço. Destacamos que os requisitos são exigências acerca do projeto ou produto/serviço e determinam a satisfação dos clientes ou stakeholders. Para coletar os requisitos, foram apresentadas um conjunto de técnicas que podem ser utilizadas em distintos níveis, sejam individualmente ou em grupos de pessoas. Ademais, abordamos a estrutura analítica de projetos (EAP) como uma das mais importantes ferramentas para o escopo, bem como para as fases seguintes do projeto. A EAP consiste na decomposição do escopo em partes menores, os chamados pacotes de trabalho. Demonstramos a partir de exemplos como realizar este processo. Além de planejar o escopo, outra importante tarefa do gerente de projetos é a validação e controle do escopo. A validação representa a formalização do aceite da Declaração do escopo pelos stakeholders, enquanto o controle abrange o monitoramento e verificação do escopo durante a fase de execução. Salientamos, aqui, que podem existir mudanças no meio do projeto e a formalização é o melhor caminho. Com a compreensão deste capítulo, você, é capaz de delimitar o escopo do projeto, distinguir informações relevantes dos stakeholders e utilizar um conjunto de técnicas e ferramentas para compilar tais informações, criar a estrutura analítica de projetos (EAP) e monitorar o escopo do projeto quanto à linha de base e a real (planejado versus realizado). No próximo capítulo apresentaremos o gerenciamento do tempo. Referências CARVALHO, M. M. DE; ROQUE RABECHINI JR. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 61 Gerenciamento do EscopoCapítulo 2 HELDMAN, K. Gerência de Projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de Projetos: Como transformar ideias em resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. MULCAHY, R. PMP Exam Prep: Rita’s course in a book for passing the PMP exam. 6. ed. Minnesota: RMC Publications, Inc., 2009. PANZA, G. When the Requirements Collection and Analysis are the Whole Project. PMI virtual library, p. 6, 2013. PMI. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. New Square: Project Management Institute, 2013. TRENTIM, M. H. Gerenciamento de Projetos: Guia para as certificações CAPM e PMP. São Paulo: Atlas, 2011. 62 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos CAPÍTULO 3 Gerenciamento do Tempo A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Identificar as atividades relacionadas à execução do projeto, e adicionar atividades complementares (não presentes na EAP). 9 Elaborar a sequência das atividades, reconhecendo as atividades precedentes e sucessoras. 9 Estimar a duração das atividades. 9 Desenvolver o caminho crítico e a corrente crítica do projeto. 9 Mensurar o desempenho do projeto por meio do cronograma. 64 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 65 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Contextualização Tempo... O tempo não para. O gerenciamento do tempo é um dos grandes desafios atuais de gestores, empreendedores, e executivos em geral. A gestão do tempo é um campo de estudos em administração, e está associada à organização, desempenho, qualidade de vida, e, sobretudo satisfação individual no trabalho. Vamos tomar o exemplo da casa de contêiner do capítulo 2. Quando vamos iniciar a construção desta casa, por onde iniciamos? Como entregar a casa de contêiner em 40 dias? Quais as primeiras atividades? As atividades podem ocorrer simultaneamente ou possuem dependências? Quais os recursos necessários? Existem atividades que podem atrasar o projeto? Como elaborar um cronograma? Qual a desempenho do projeto em função do cronograma? Indubitavelmente há variáveis externas não controláveis que podem interferir no projeto, como por exemplo, fenômenos naturais, fatores micro ou macroeconômicos, legislações e outorgas. Entretanto, o gerenciamento do tempo é uma das principais áreas em gestão de projetos, e pode colaborar com o sucesso do projeto por meio de um conjunto de técnicas e ferramentas específicas de gestão. Portanto, neste capítulo, vamos aprender a estimar a duração do projeto e suas atividades, elaborar o cronograma do projeto, assim como utilizar técnicas e ferramentas para controlar as variações do cronograma. Com base nesta abordagem, iniciamos o terceiro capítulo. Bons estudos! Planejamento e Definiçãodas Atividades Iniciamos o planejamento do tempo com o plano de gerenciamento do escopo em mãos, que inclusive incorpora a estrutura analítica de projetos (EAP), o dicionário da EAP e a declaração do escopo do projeto. Estes documentos são o ponto de partida para o avanço no gerenciamento do projeto por planejar agora a estimativa das atividades e a sua duração. De forma breve, o planejamento do gerenciamento do tempo, aborda como iremos planejar a duração do projeto. Aqui, resumimos que podemos utilizar um distinto conjunto de técnicas, ferramentas, recursos ou softwares. A grande questão é: como vamos elaborar esta etapa? Portanto, basta estarem 66 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos esclarecidas quais técnicas, ferramentas, recursos ou softwares que vamos utilizar para colaborar com este trabalho. Vale ressaltar aqui, por mais que exista uma grande oferta de softwares que facilitam nosso trabalho no gerenciamento do projeto, é fundamental que ao menos o gerente de projetos detenha o conhecimento de todas as ferramentas e técnicas em projetos para que não se torne um refém de algum software. Os responsáveis pelo gerenciamento de projetos precisam deter um conhecimento aprimorado sobre as funcionalidades de cada técnica (TRENTIM, 2011). Como visto no capítulo 2, a EAP, identifica as entregas e decompõe-las até os pacotes de trabalho, que são atividades necessárias para completar algum componente do projeto, no entanto, podem envolver um conjunto de trabalhos que ainda necessitam ser decompostos em atividades. Por exemplo, no pacote de trabalho “Construir caixarias e sapatas”, teremos ao menos duas distintas atividades neste pacote de trabalhos: a primeira, “construir caixarias”; e a segunda, “fazer armação de ferro”. Uma atividade é a operacionalização minuciosa dos pacotes de trabalho. Por isso, um pacote de trabalho pode não ser uma atividade. Cada atividade pode envolver um conjunto de recursos e envolvidos. Portanto, faz-se necessário elaborar o planejamento e a definição de atividades para atender as entregas do projeto. Vale destacar aqui, a importância de atividades complementares como, por exemplo, as reuniões, prestação de contas, visitas em fornecedores e marcos de controle. Ambos devem estar inclusos no cronograma como atividades. Desta forma, a definição das atividades consiste em identificar as ações específicas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto (PMI, 2013). Assim, a EAP, representa o melhor ponto de partida pela sua elaboração. A seguir, vamos tomar o componente ‘Fundamento’ do projeto casa de contêiner, como exemplo para elucidação das definições das atividades. Uma atividade é a operacionalização minuciosa dos pacotes de trabalho. Por isso, um pacote de trabalho pode não ser uma atividade. 67 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Tabela 10 - Exemplo da definição das atividades Pacote de trabalho Definição das atividades Descrição da atividade Responsável - Reunião com pedreiro e empresa de concreto Explicar o projeto Gerente de projetos Construir caixarias e sapatas Construir caixarias para base e sapatas Construir caixarias de madeira Pedreiro Fazer armação de ferro para base e sapatas Construir armações de ferro para caixarias Construir armações de ferro para sapatas Concretar caixa- rias e sapatas Concretar caixarias e sapatas Cimentar base e sapatas da casa Empresa de con- creto Remover caixarias para base e sapatas Retirar caixarias de madeira Pedreiro Concretar calçada para carro e entra- da da casa Construir caixarias para calçadas Construir caixarias de madeira para calçadas Fazer armação de ferro para calçadas Construir armações de ferro para calçadas Concretar calçadas Cimentar calçadas Empresa de con- creto Remover caixarias da calçada Retirar caixarias de madeira Pedreiro Fonte: O autor. Para esclarecimento da definição de atividades, abordamos no exemplo anterior apenas um pacote de trabalho, e note também, que as atividades foram definidas a partir de um pacote de trabalho por meio da decomposição. No entanto, este trabalho deve ser feito para todo projeto de modo a identificar as atividades necessárias para concluir o projeto. Agora, qual a sequência das atividades? Vejamos na próxima seção. Sequência das Atividades Enquanto na seção anterior, vimos à definição das atividades, agora nesta seção, daremos continuidade por abordar o sequenciamento das atividades. 68 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos O processo de sequenciar as atividades consiste na definição das relações de precedência e dependência entre as atividades (PMI, 2013). O processo de sequenciamento das atividades oferece uma grande vantagem por definir a sequência lógica de trabalho para maximizar a eficiência da operacionalização das atividades (PMI, 2013). Este processo nos ajuda identificar os principais gargalos, e os focos de atenção para que não haja falhas de modo a atrasar o projeto. Relações de precedência e dependência são relacionamentos entre atividades em que uma depende da outra para completar uma ação (TRENTIM, 2011). Existem quatro tipos de relacionamentos para o sequenciamento de atividades (MAXIMIANO, 2009; PMI, 2013; TRENTIM, 2011): a) Término-início (TI) ou Finish to Start (FS): a segunda atividade (sucessora) pode ser iniciada após o término da primeira (predecessora). Por exemplo: A atividade comprar matéria-prima deve ocorrer após negociar compra. Figura 17 - Relação de atividade Término-Início Fonte: O autor. b) Início-Início (II) ou Start to Start (SS): a segunda atividade (sucessora) somente pode ser iniciada quando a primeira iniciar (predecessora). Por exemplo: A pescaria profissional da tainha somente pode iniciar quando iniciar o período permitido por lei da pesca. 69 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Figura 18 - Relação de atividade Início-Início Fonte: O autor. c) Início-Término (IT) ou Start to Finish (SF): a segunda atividade (sucessora) somente pode terminar quando a primeira iniciar (predecessora). Por exemplo: A atividade desativar software somente poderá ser finalizada quando a atividade inicializar novo sistema estiver concluída. Figura 19 - Relação de atividade Início-Término Fonte: O autor. d) Término-Término (TT) ou Finish to Finish (FF): a segunda atividade (sucessora) somente pode terminar quando a primeira terminar (predecessora). Por exemplo: A atividade entrega das chaves da casa ao cliente (término do projeto para o arquiteto) somente poderá ser realizada quando a limpeza da casa terminar. Figura 20 - Relação de atividade Término-Término Fonte: O autor. 70 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Apesar das quatro modalidades de relacionamentos, é muito provável que em gerenciamento de projetos a grande maioria de dependências ocorra na modalidade término-início. Após conhecer as possibilidades de relacionamentos entre atividades já temos subsídios para elaborar um diagrama de precedências. O diagrama de precedências ou Preceeding Diagramming Method (PDM) é uma representação gráfica que demonstra as ligações entre as atividades e o seu desencadeamento. Cada atividade é representada dentro de um nó (representado em um retângulo ou círculo), e as setas fazem as ligações dos relacionamentos entre as atividades, de acordo com os quatro tipos de relacionamentos acima. Como limitação, o diagrama de precedências permite apenas uma estimativa de tempo para cada atividade (MAXIMIANO, 2009). Como exemplo de aplicação do diagrama, vamos tomar o pacote de trabalho do componente “Fundação” que utilizamos na sessão anterior. Inicialmente, vamos elaborar uma lista com a sequência lógica das atividades, duração e precedências. Num segundo momento, vamos elaborar a representação gráfica deste processo. Tabela 11 - Lista de atividades com precedentes Sequencia Definição das atividades Duração Atividade precedente1 Reunião com pedreiro e empresa de concreto 1 dia Nenhuma 2 Construir caixarias para base e sapatas 2 dias 1 3 Construir caixarias para calçadas 1 dias 1 4 Fazer armação de ferro para base e sapatas 3 dias 2 5 Fazer armação de ferro para calçadas 2 dias 3 6 Concretar caixarias e sapatas 1 dia 4 7 Concretar calçadas 1 dia 5 8 Remover caixarias para base e sapatas 1 dia 6 9 Remover caixarias da calçada 1 dia 7 Fonte: O autor. 71 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Note que cada atividade é representada no diagrama de precedências com um círculo. Na parte superior há a denominação da atividade; na parte inferior esquerda (para quem olha) a duração de cada atividade; enquanto na parte inferior direita (para quem olha) a duração acumulada das atividades. Desta forma, perceba que o caminho 1-2-4-6-8 levará 9 dias para o término, enquanto o processo 1-3-5-7-9 levará um total de 7 dias para conclusão. Figura 21 - Diagrama de precedências Fonte: O autor. O diagrama de precedências é também a representação gráfica utilizada na construção do método do caminho crítico, portanto, auxilia na identificação dos gargalos do projeto, ou seja, aqueles momentos que o projeto pode atrasar em função do desencadeamento de atividades. Vamos aprofundar este conceito na seção “Desenho do cronograma”. Além do diagrama de precedências, existem várias outras formas de representação do projeto, como: o Diagrama de flechas, setas ou redes (ADM – Arrow Diagramming Method), Diagrama Condicional (CDM – Conditional Diagramming Method); o Diagrama de Gantt; o Diagrama de Marcos (milestones) e o diagrama de barras ou histograma (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). Estimativa de Recursos Após definir as atividades e sequenciá-las na forma lógica, vamos estimar os recursos necessários para a realização de cada atividade. Este processo consiste em estimar a quantidade de materiais, insumos, pessoas, equipamentos, máquinas, terceiros ou outros necessários para realizar cada atividade. Estes dados são a base para o cálculo de custos, o qual abordaremos no capítulo seguinte. 72 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Inicialmente, o processo da estimativa de recursos deve obedecer ao escopo previsto do projeto, entretanto, outras áreas do conhecimento podem influenciar estes aspectos como, por exemplo, o orçamento, o tempo de entrega do projeto, a limitação de recursos, dentre outros fatores. Se o orçamento for maior que o disponível, cabe ao gerente do projeto negociar com o patrocinador/cliente do projeto. Caso o planejamento do cronograma apresente uma entrega maior à data desejada, cabe ao gerente do projeto apresentar alternativas ao patrocinador/cliente. Lembre-se que uma alteração em uma área do projeto acarreta em consequências nas demais áreas do conhecimento, como já estudamos a restrição tripla e sêxtupla no capítulo 1. Para estimar os recursos, podemos nos basear em informações históricas da empresa, como a capacidade de produção, por exemplo; ou opinião especializada de terceiros em função de sua capacidade de produção ou entrega de determinada atividade. Vamos apresentar, aqui, duas técnicas para estimativa de recursos não mutuamente excludentes: a análise de alternativas, e, estimativa Bottom-Up. Para atender ao projeto ABC, o que devemos fazer, comprar ou alugar o item ‘x’? Devemos alocar recursos juniores ou sêniores? Ou talvez poderíamos ponderar tais recursos de acordo com cada atividade? A análise de alternativas consiste em uma técnica de decisão de estimativa de recursos. Por meio desta técnica, o gerente de projetos estima recursos para cada atividade por meio de ponderação, ou seja, parte da experiência do gestor na decisão de utilidade dos recursos. Desta forma, o gerente do projeto pode alocar os recursos de acordo com a especialidade de cada um. Por sua vez, a estimativa Bottom-Up (de baixo para cima), tem por objetivo estimar os recursos para cada atividade, e assim, estes são agregados até formar a estimativa-resumo dos pacotes de trabalho. Ou seja, a somatória dos recursos estimados para cada trabalho, formarão os pacotes de trabalho. É uma das técnicas mais utilizadas na estimativa de recursos, pois detém maior profundidade nas estimativas. Esta técnica também é utilizada para o gerenciamento de custos. Considerando que a área de projetos é altamente dinâmica, torna-se importante atentar ao calendário de recursos. Suponha que você trabalha em uma organização de guindastes, e, portanto, detém recursos limitados. Como irá 73 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 atender a um novo projeto? A resposta é simples: você terá de conciliar ambos os projetos de acordo com o calendário de disponibilidade dos guindastes. Em virtude das limitações de recursos, é normal que gerentes de projetos deixem uma margem de segurança para cada atividade. No exemplo citado dos guindastes, o gestor de projetos pode estabelecer uma regra + 2 dias para as atividades que envolvam os recursos de guindastes. No entanto, veremos nas seções seguintes, um método que nos ajuda a assegurar a margem de segurança global do projeto, chamado método da corrente crítica. Duração das Atividades Suponha que você é o gerente de projeto de uma construtora de apartamentos de luxo. Para um determinado projeto, você tem a opção de alocar uma mão de obra a duas semanas, ou duas mãos de obra há uma semana para determinada atividade. Qual a melhor para você? Certamente você responde: - Depende. Depende da atividade. Depende se esta atividade é pertencente ao caminho crítico. Depende se temos recursos para antecipar esta atividade. Depende do cronograma do projeto. Depende, se temos folga no orçamento. Depende... Depende. Como você pode perceber, esta seção irá abordar a duração de cada atividade. Portanto, esta seção é dependente da seção anterior, ou melhor, pode ocorrer simultaneamente com a seção anterior. Pois, ao mesmo tempo em que vamos estimar os recursos, já podemos determinar a duração de cada atividade. No exemplo acima, ao mesmo tempo em que vamos decidir a estimativa de recursos, automaticamente decidimos a duração. Portanto, as seções foram separadas para distinguir as etapas e facilitar a compreensão das distintas técnicas e ferramentas. As durações das atividades representam as estimativas de tempo do trabalho de cada atividade. Estas são expressas em números de períodos de trabalho que serão necessários para realizá-las, conforme os recursos disponíveis ou estimados na seção anterior. As durações podem ser expressas em horas, dias, semanas dentre outras unidades. As durações das atividades devem ser estimadas de forma realista e coerente, sem que haja tendências (TRENTIM, 2011). Caso haja necessidade de realizar ajustes nas atividades, aqui se recomenda que estes sejam realizados 74 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos somente no final da elaboração do cronograma para formar a chamada linha de base, a qual discutiremos na seção seguinte. Para realizar a duração das atividades, podemos utilizar um conjunto de técnicas e ferramentas, como a opinião especializada, estimativa análoga, estimativa paramétrica e estimativa de três pontos (PMI, 2013; TRENTIM, 2011). A opinião especializada representa o parecer de especialistas da área. Por sua vez, a estimativa análoga ou top-down consiste no uso de informações históricas e opiniões especializadas para estimar a duração das atividades (PMI, 2013). A estimativa paramétrica utiliza dados históricos em conjunto de variáveis de estatísticas para alcançar maior nível de precisão nas estimativas de duração da atividade. Portanto, podem ser utilizadas variáveis que impactam na duração da atividade, como por exemplo, na multiplicação do trabalho pelas horas de mão de obra (homens/hora) (PMI, 2013). A estimativa por três pontos, também conhecida como técnica PERT (Program evaluation and review technique) detém a premissa que não é possívelter uma duração aproximada do tempo, portanto, utiliza três estimativas de duração de cada atividade – Otimista (O), Mais Provável (MP), e Pessimista (P) (PMI, 2013; TRENTIM, 2011). Tal estimativa faz uma ponderação de três cenários para encontrar o tempo esperado de determinada atividade: • Cenário otimista: quando tudo irá dar certo; • Cenário pessimista: quando tudo irá dar errado; • Mais provável: quando tudo deve ficar dentro do esperado. A ponderação pode variar de acordo com a sua percepção sobre o cenário do projeto, podendo dar maior peso ao cenário otimista, pessimista ou mais provável. Por exemplo, peso dois para cada cenário, ou peso um para os cenários otimista e pessimista, e peso quatro para o cenário mais provável. Na fórmula do tempo esperado, a seguir, demos peso um ao cenário otimista, quatro ao mais provável e um ao pessimista. A regra é utilizar o peso igual ao valor do denominador. A duração da atividade é calculada por meio do tempo esperado (TE) +/- o desvio padrão (DP). As seguintes fórmulas são utilizadas para realizar o cálculo da estimativa de três pontos: 75 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Tabela 12 - Fórmulas estimativa por três pontos Tempo esperado Desvio Padrão Variância TE= (O + 4MP + P) 6 Desv Pad= P – O 6 Var= (Desv Pad)² Onde: O – Otimista MP – Mais provável P – Pessimista Fonte: Carvalho e Rabechini Jr. (2011); PMI (2013); Trentim (2011). Vejamos o exemplo de aplicação do pacote de trabalho que utilizamos em seções anteriores. Lembramos que este é apenas um pacote de trabalho como exemplo, mas o método permite realizar análises para o projeto inteiro, inclusive na identificação do caminho crítico, ou seja, aquele caminho mais longo, em que as atividades não podem atrasar para não desencadear atrasos no projeto. Para demonstrar este exemplo, seguimos alguns passos: Primeiro, identificamos as estimativas para cada cenário na unidade “dia” – otimista, mais provável e pessimista, embora seja possível utilizar outras unidades de tempo como hora, dia, semana, mês etc.. Segundo, calculamos o tempo esperado do projeto, o desvio padrão e a variância, conforme fórmula apresentada na tabela 12. Pegamos a primeira atividade como exemplo: Quadro 1 - Cálculo do tempo esperado Cálculo do tempo esperado da atividade 1 TE= (0,5 + (4x1) + 2) = 6,5 = 1,08 dias. 6 6 Desv Pad= 2 – 0,5 = 1,5 = 0,25 dias. 6 6 Var= (0,25)² = 0,0625 dias. Fonte: O autor. Terceiro, identificamos o caminho crítico (caminho mais longo) por meio de um diagrama de rede ou precedências. Note que o diagrama de precedências foi elaborado a partir do cenário mais provável. 76 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Tabela 13 - Duração das atividades pela estimativa por três pontos Seq. Definição das atividades Preced. O MP P TE Desv Pad Variância 1 Reunião com pedreiro e empresa de concreto - 0,5 1 2 1,08 0,25 0,0625 2 Construir caixarias para base e sapatas 1 1 2 3 2,00 0,33 0,1089 3 Construir caixarias para calçadas 1 0,5 1 2 1,08 0,25 0,0625 4 Fazer armação de ferro para base e sapatas 2 1,5 3 5 3,08 0,58 0,3364 5 Fazer armação de ferro para calçadas 3 1 2 3 2,00 0,33 0,1089 6 Concretar caixarias e sapatas 4 0,5 1 2 1,08 0,25 0,0625 7 Concretar calçadas 5 0,5 1 2 1,08 0,25 0,0625 8 Remover caixarias para base e sapatas 6 0,5 1 2 1,08 0,25 0,0625 9 Remover caixarias da calçada 7 0,5 1 2 1,08 0,25 0,0625 Fonte: O autor. A construção do diagrama de precedências parte do princípio de que atividades são dependentes umas das outras (ver atividades precedentes na tabela anterior) e possuem um tempo de entrega, conforme a duração de cada atividade. Note que no diagrama de precedências as atividades 1-2-4-6-8 totalizam 9 dias de trabalho (1 dia [ativ1] + 2 dias [ativ2] + 3 dias [ativ4] + 1 dia [ativ6] + 1 dia [Lag] + 1 dia [ativ8]). Esta regra é aplicada para a elaboração de toda a representação do diagrama de precedências. Para maior consulta, volte na seção “Sequência das atividades”. 77 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Figura 22 - Diagrama de precedências na estimativa de três pontos Fonte: O autor. Por meio do diagrama de precedências na figura 20, identificamos que o caminho 1-2-4-6-8 é o caminho crítico deste pacote de trabalho, pois tem uma duração de nove dias, enquanto o outro caminho (1-3-5-7-9) tem uma duração de apenas sete dias. Para seguir com o exemplo, vamos calcular o desvio padrão do caminho crítico. O tempo esperado do caminho crítico totaliza 8,32 dias, veja o cálculo: 1,08 [ativ1] + 2,00 [ativ2] + 3,08 [ativ4] + 1,08 [ativ6] + 1,08 [ativ8] = 8,32 dias Na sequência, vamos calcular a raiz quadrada da soma das variâncias do caminho crítico para identificar o desvio padrão do pacote de trabalho. A soma das variações corresponde a 0,6328 dias, veja o cálculo: 0,0625 [ativ1] + 0,1089 [ativ2] + 0,3364 [ativ4] + 0,0625 [ativ6] + 0,0625 [ativ8] = 0,6328 dias Logo, o desvio padrão do caminho crítico é 0,796 dias, veja o cálculo: raiz quadrada de 0,6328 dias. Em seguida, vamos identificar o intervalo de entrega deste pacote de trabalho considerando +/- 1 Desvio Padrão (valor de 0,796 dias), portanto, para identificar o limite superior você acrescenta 0,796 ao tempo esperado do caminho crítico (veja o cálculo: 8,32 + 0,796 = 9,12 dias); e, para identificar o limite inferior você diminui 0,796 ao tempo esperado do caminho crítico (8,32 – 0,796 = 7,52 dias). Portanto, neste exemplo, o pacote de trabalho será entregue entre 7,52 a 9,12 dias. Para completar esta estimativa dos três pontos, destacamos que este resultado apresentado ainda pode ser discutido quanto à assertividade das estimativas. A figura abaixo, representa a distribuição normal ou curva de Gauss, ao qual são representados a média e os desvios padrão. 78 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Figura 23 - Distribuição normal ou curva de Gauss Fonte: Santos (2015). A relação que destacamos aqui entre a estimativa de três pontos com a curva de Gauss, é o grau de assertividade da duração do tempo, ou seja, quanto mais desvios padrões forem considerados no cálculo, maior será a assertividade no tempo de entrega do projeto. A soma do tempo esperado (TE) com os desvios padrão, indica o nível de assertividade do projeto (sigmas): • TE +/- 1 Desvio Padrão possui aproximadamente 68,2% de assertividade; • TE +/- 2 Desvios Padrão possui aproximadamente 95,4% de assertividade; • TE +/- 3 Desvios Padrão possui aproximadamente 99,6% de assertividade (HELDMAN, 2006; SANTOS, 2015). Portanto, com o uso desta aplicação estatística no exemplo acima descrito, qual a duração estimada das atividades considerando um tempo esperado de 8,32 dias e um desvio padrão de +/- de 0,80 dias? Tabela 14 - Estimativa das atividades por grau de assertividade Assertividade Tempo esperado Estimativa mais cedo Estimativa mais tarde Até 68,2% +/- 1 desvio padrão 7,52 9,12 Até 95,4% +/- 2 desvios padrões 6,72 9,92 Até 99,6% +/- 3 desvios padrões 5,92 10,72 Fonte: O autor. Veja os cálculos no quadro a seguir: 79 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Quadro 2 - Cálculo do tempo esperado pelo grau de assertividade Cálculos do tempo esperado por grau de assertividade: Tempo esperado +/- 1 desvio padrão: 8,32 – 0,80 = 7,52 dias para estimativa mais cedo 8,32 + 0,80 = 9,12 dias para estimativa mais tarde Tempo esperado +/- 2 desvios padrões: 8,32 – (0,80 x 2) = 6,72 dias para estimativa mais cedo 8,32 + (0,80 x 2) = 9,92 dias para estimativa mais tarde Tempo esperado +/- 3 desvios padrões: 8,32 – (0,80 x 3) = 5,92 dias para estimativa mais cedo 8,32 + (0,80 x 3) = 10,72 dias para estimativa mais tarde Fonte: O autor. Conforme tabela 14, temos uma estimativa da duração das atividades de acordo com o grau de assertividade. Note que quanto maiora probabilidade de assertividade, maior a amplitude das estimativas de tempo mais cedo e mais tarde. Isto significa que o grau de assertividade é uma variável mediadora da duração das atividades do projeto. O método de estimativa por três pontos costuma não ser muito utilizado, exceto para projetos de grande tamanho e complexidade. No entanto, é uma técnica interessante por abordar a incerteza da duração das atividades. Por isso, esta técnica pode ser utilizada para parte das atividades, por exemplo, aquelas que possuem maior incerteza quanto a sua duração (HELDMAN, 2006). Estas são técnicas que nos ajudam a identificar a duração das atividades. Apesar de serem técnicas parametrizadas ou não, nos ajudam a obter maior assertividade na duração da atividade. Lembre-se que todas partem da premissa que estimativas sejam feitas. Mas, uma estimativa não é “chute”. Atenção! Sob ponto de vista das práticas de gerenciamento de projetos é errado incluir “margens extras” na duração das atividades (bem como de recursos) (TRENTIM, 2011). Atenção! Sob ponto de vista das práticas de gerenciamento de projetos é errado incluir “margens extras” na duração das atividades (bem como de recursos) (TRENTIM, 2011). 80 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Desenho do Cronograma Até agora você viu que o gerenciamento do tempo em projetos consiste de um conjunto de etapas cumulativas, que abrange a definição, sequência, e duração das atividades, e ainda a estimativa de recursos. Nesta seção, vamos utilizar todo este conhecimento obtido nas seções anteriores para desenvolver o cronograma. O cronograma é uma representação da data de início e data fim de cada atividade (PMI, 2013), e representa um dos mais importantes documentos no plano de gerenciamento do projeto (HELDMAN, 2006). O cronograma é elaborado por atividades do projeto, sendo que tais atividades podem ser agrupadas para representar os pacotes de trabalho. A elaboração do cronograma por atividade permite o controle individual dos trabalhos, o qual discutiremos na próxima seção. Por meio deste conjunto de conhecimentos que vimos até agora, podemos elaborar um cronograma. Basicamente o processo de elaboração do cronograma abrange as seguintes etapas: • Definição das atividades • Sequenciamento das atividades • Estimativa de recursos • Duração das atividades • Definição da forma de representação do cronograma. Você deve estar se perguntando: - Mas foi o que vimos até agora? Certamente. A partir deste conjunto de conhecimentos você consegue elaborar um cronograma do projeto. Além deste processo, vamos agora apresentar algumas técnicas e ferramentas que lhe ajudarão a tomar decisões sobre o cronograma de projetos. Por isso, vamos apresentar na sequência as seguintes técnicas e ferramentas: • Método do caminho crítico • Método da cadeia crítica • Compressão do cronograma • Antecipação e atrasos • Análise de cenários • Modelo do cronograma. 81 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 a) Método do caminho crítico O método do caminho crítico ou Critical Path Method (CPM) é uma técnica do gerenciamento do tempo que analisa o tempo de folga ou flexibilidade do cronograma. O método se baseia em redes sequenciais e em uma estimativa única de duração das atividades do projeto (HELDMAN, 2006; PMI, 2013). O caminho crítico representa o trajeto mais longo e com folga igual a zero. Assim, o atraso em alguma destas atividades implica no atraso do projeto. Este método utiliza o diagrama de rede ou precedências ou outra representação gráfica para demonstrar o caminho mais longo por meio das dependências das atividades. Vamos retomar o exemplo que utilizamos nas seções anteriores para ilustrar este método por meio do diagrama de rede. Na figura a seguir, demonstramos como as informações das datas de início e término mais cedo e mais tarde são dispostas em cada quadro de atividades. Figura 24 - Duração das atividades no método de caminho crítico Fonte: Maximiano (2009). Elaboramos um passo a passo para você acompanhar a linha de raciocínio na utilização do método do caminho crítico. Resgatamos a tabela já apresentada nas seções anteriores para facilitar a sua leitura. Tabela 15 - Lista de atividades com precedentes Sequência Definição das atividades Duração Atividade precedente 1 Reunião com pedreiro e empresa de concreto 1 dia Nenhuma 2 Construir caixarias para base e sapatas 2 dias 1 3 Construir caixarias para calçadas 1 dias 1 4 Fazer armação de ferro para base e sapatas 3 dias 2 82 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 5 Fazer armação de ferro para calçadas 2 dias 3 6 Concretar caixarias e sapatas 1 dia 4 7 Concretar calçadas 1 dia 5 8 Remover caixarias para base e sapatas 1 dia 6 9 Remover caixarias da calçada 1 dia 7 Fonte: O autor. O primeiro passo é a elaboração do diagrama de precedências com todas as atividades e suas respectivas durações de acordo com a unidade utilizada (hora, dia, semana, mês etc.). Lembre-se que as atividades possuem predecessoras, isto quer dizer, que possuem a relação término-início, assim sendo, devem ser concluídas para a atividade sucessora ser iniciada. Figura 25 - Exemplo caminho crítico Fonte: O autor. O segundo passo, apresentado na figura 23, consiste no chamado cálculo de ida. A ideia aqui é calcular um caminho por vez. Observe que a atividade 1 tem duração de um dia, portanto, ela será iniciada no dia primeiro e terminará no mesmo dia. Já a atividade 2 iniciará no dia dois, e terminará no dia três em função de haver dois dias de trabalho. Este processo vai até o fim para ambos os caminhos até concluir o caminho de ida. Note que temos um dia de espera (lag) após as atividades 6 e 7. 83 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Figura 26 - Exemplo caminho crítico – caminho de ida Fonte: O autor. A etapa seguinte é denominada caminho de volta, veja na figura 24. O cálculo do caminho de volta aborda a data de término mais tarde. Como a última atividade será realizada no nono dia, portanto, a data de término mais tarde será dia nove para as atividades 8 e 9. E, agora vamos fazer o cálculo reverso: na atividade 9, se a duração é de um dia, logo esta atividade terminará no mesmo dia – dia nove. Este cálculo segue até o início para completar os quadros. Figura 27 - Exemplo caminho crítico – caminho de volta 84 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Por fim, nós calculamos a diferença entre o caminho de ida e o caminho de volta para identificar as folgas no cronograma. Observe que as atividades pares (de 2-8) levam um total de nove dias, enquanto as atividades ímpares (de 3-9) totalizam sete dias. Com isso, podemos observar que as atividades pares (de 2-8) formam um caminho crítico, ou seja, se alguma atividade deste caminho atrasar, todo o projeto atrasará. Enquanto as atividades ímpares podem atrasar em até dois dias que nada acontecerá com o projeto como um todo, pois existe folga. Este é o objetivo do caminho crítico. Existem dois tipos de folga: • Folga total: é o tempo pelo qual uma tarefa pode atrasar sem atrasar o término do projeto. Esta folga não atrasa o projeto, mais tardia as atividades sucessoras podendo torná-las em atividades críticas. Cálculo: TF = LS – ES ou LF - EF • Folga livre: é o tempo pelo qual uma tarefa pode atrasar sem prorrogar o início da tarefa subsequente (na data de início mais cedo). Cálculo: FF = ES2 – EF1, ou seja, consiste na subtração da data de início mais cedo (ES) da sucessora com a data de término mais cedo (EF) da predecessora. Aqui utilizamos um exemplo calculando com dias livres. Ainda, poderíamos utilizar datas reais, bem como descontar finais de semana ou feriados. Vale destacar, que o uso de softwares facilita este planejamento por utilizar o calendário da disponibilidade dos recursos. b) Método da cadeia crítica O método da cadeia crítica ou Critical Chain Method (CCM) é um método de programação que incorpora margem desegurança (buffers) em qualquer caminho do cronograma para assegurar as entregas do projeto em virtude dos recursos limitados e incertezas do projeto (PMI, 2013; TRENTIM, 2011). Este método é desenvolvido a partir do método do caminho crítico e, portanto, o caminho crítico de recursos limitados é conhecido como corrente crítica. O método considera a remoção de margens de segurança por atividade, e as utiliza 85 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 somente ao final de um conjunto de atividades para assegurar as incertezas e recursos limitados (veja a figura 25) (PMI, 2013; TRENTIM, 2011). Além dos buffers ao final do projeto, estes podem ser incorporados em cada ponto, onde não há corrente crítica (veja na figura 25 após as atividades B e G). Figura 28 - Cadeia crítica Fonte: PMI (2013). Segundo o método, o foco principal de gerenciamento está nas durações restantes dos buffers contra a duração restante da cadeia de tarefas (TRENTIM, 2011). Por esta razão, a corrente crítica é uma aplicação da teoria das restrições. Desta forma, sugerimos algumas leituras complementares. Você pode aprofundar seus conhecimentos com a leitura dos seguintes livros relacionados ao método da corrente crítica: COX III, J. F.; SCHLEIER JR., J. G. Theory of Constraints Handbook. New York: McGraw-Hill, 2010. GOLDRATT, E. M. Corrente Crítica: Teoria das restrições (TCO) em gestão de projetos. São Paulo: Nobel, 2014. c) Compressão do cronograma O que fazer se a data do cronograma base for maior que a data desejada de entrega? Esta técnica consiste em uma modalidade de análise matemática usada para abreviar o cronograma do projeto sem alterar seu escopo por meio de duas formas de compressão: a compactação (crashing) e o paralelismo (fast tracking). 86 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos A compactação busca encurtar o cronograma por adicionar recursos às atividades do caminho crítico. Com a adição de recursos haverá um aumento nos custos do projeto. Outra possibilidade é a limitação dos requisitos do projeto que pertencem ao caminho crítico, mas requer negociação com os stakeholders (HELDMAN, 2006; PMI, 2013). Já o paralelismo consiste na operacionalização simultânea de atividades que estavam programadas para serem realizadas sequencialmente. Esta técnica exige maior coordenação e controle, uma vez que os riscos de retrabalho tendem a serem maiores (HELDMAN, 2006; PMI, 2013). Vejamos a seguir, o caso do Aeroporto Internacional de Denver – EUA, que utilizou a técnica de paralelismo para conseguir entregar o projeto dentro do prazo. CASO AEROPORTO INTERNACIONAL DE DENVER Apesar dos desafios orçamentais no setor do transporte aéreo resultantes dos ataques terroristas de 9/11, a equipe de projeto do Aeroporto Internacional de Denver (AID) foi capaz de construir uma das maiores pistas de pouso dos EUA — a pista 16R/34L, também conhecida como Pista Internacional de Denver (PID). A construção da PID habilitou o aeroporto a acomodar vôos internacionais e ajudou Denver, Colorado, a atingir seus objetivos de desenvolvimento econômico. O Gerenciamento de Projetos garantiu que a construção da maior pista de pouso nos EUA fosse concluída dentro do prazo e do orçamento. Histórico A capacidade de um aeroporto para servir o tráfego aéreo internacional tem um efeito direto sobre o desenvolvimento econômico de uma cidade. Jatos usados para viagens internacionais e transoceânicas são maiores do que aqueles utilizados em viagens domésticas, e precisam de pistas maiores para decolar e pousar. A fim de encorajar as companhias aéreas internacionais para incluir Denver em suas agendas, o AID precisava de uma pista que pudesse acomodar esses jatos maiores. O AID convidou a equipe de projeto da construtora DMJM Aviation para projetar e construir a pista. O escopo do projeto incluía serviços de coordenação de design, seguros e segurança, 87 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 sistemas de drenagem e nivelamento, pavimentação, iluminação e construção de uma estação de controle eletrônica. A equipe do projeto assumiu o compromisso de entregar a pista concluída em menos de três anos. O orçamento do projeto original foi fixado em 166 milhões dólares (EUA). Desafios A equipe do projeto teria de considerar diversos fatores na concepção e construção da PID. Pistas internacionais são mais longas do que as pistas nacionais, pois devem acomodar jatos maiores. Além disso, a gestão do aeroporto determinou que fosse necessário considerar a próxima geração de jatos para atrair o tráfego aéreo internacional das grandes companhias aéreas. Os novos jatos jumbo, como o Airbus A380, são consideravelmente maiores do que seus antecessores e exigem mais área de pista para decolagem e pouso. Além disso, os jatos decolando e pousando em altitudes mais elevadas requerem pistas mais longas do que aquelas abaixo do nível do mar, uma vez que seus motores não funcionam de forma tão eficiente no ar mais rarefeito. Devido a esses fatores, o PID teria de abandonar os modelos padrão de construção de pista para garantir que a pista pudesse suportar o tamanho e o peso desses gigantes voadores. Embora o projeto cobrisse uma área enorme, também era necessário que o projeto não interferisse com as operações diárias do aeroporto. Portanto, o teste de aceitação foi um desafio. Engenheiros frequentemente realizavam testes de aceitação dos materiais usados na construção para garantir que eles serviriam como deveriam. Os padrões da indústria requerem testes de aceitação em apenas 10 por cento dos materiais utilizados na construção de uma pista. No entanto, devido a problemas com outras pistas de todo o país, a Federal Aviation Administration (FAA) exigiu que os testes de aceitação fossem conduzidos em todos os materiais. Requisitos extensivos de testes, juntamente com um erro de cálculo não programado, criaram uma pressão adicional sobre o projeto. Os mapas que os pilotos usam para navegar nas pistas de todo o país são atualizados a cada 56 dias. O projeto teria de cumprir o prazo, a fim de ser incluído nestes mapas, caso contrário, seria necessário esperar um período adicional de 56 dias para ficar disponível ao tráfego aéreo. A equipe, originalmente, recebeu 88 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos informações erradas sobre o prazo de publicação dos mapas. Eles tiveram que acelerar o cronograma do projeto por duas semanas, mantendo o seu compromisso com a qualidade, para estarem prontos a tempo para o prazo de publicação. Os ataques terroristas de 9/11 criaram os desafios mais complicados para o projeto. Após os ataques, o AID teve que fechar o canteiro de obras do projeto por várias semanas. Quando o aeroporto reabriu, no canteiro de obras do projeto, fora criado um sistema de segurança de acesso restrito. Os ataques também criaram uma pressão sobre o orçamento da FAA, e em setembro de 2002 uma parte do financiamento do projeto foi retirada. Gerenciamento de Projetos: A Solução Cada uma dessas questões desafiou a equipe a completar o projeto no tempo e no orçamento. As práticas de gerenciamento do projeto forneceram a equipe as ferramentas necessárias para navegar nestes desafios e eliminar seu efeito sobre o produto final. Durante o processo de início, a equipe do projeto define os objetivos da organização e por que este projeto seria o meio mais eficaz de alcançar esses objetivos. Ela também documenta o escopo preliminar do projeto, o tempo e o orçamento disponível para o projeto, além dos outros recursos necessários para a conclusão do projeto. O processo de planejamento segue o processo de iniciação, durante a qual a equipe ainda define o cronograma e as necessidades financeiras do projeto. Dentro do processo de planejamento, a equipe explora a forma sobre como o projeto irá utilizar as áreas de conhecimento, além de coletar informações e criar um cronograma detalhado do projeto. Para a equipe do projeto PID, as fasesde iniciação e planejamento do projeto, foram construídas seguindo o plano original do aeroporto. Isso ajudou a garantir que a equipe do projeto, o aeroporto e a FAA estavam em acordo sobre os parâmetros básicos do projeto. Um método de gerenciamento de tempo é o fast-tracking, uma técnica de compressão de cronograma em que as atividades que são normalmente feitas em sequência passam a ser realizadas ao mesmo tempo. A equipe PID empregou o fast-tracking durante o primeiro ano do projeto, desenvolvendo os contratos de pavimentação e iluminação, e, ao mesmo tempo, revendo os orçamentos e concluindo a preparação do local e os componentes de terraplenagem. A 89 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 pavimentação e iluminação da pista estão sujeitas a numerosas regulamentações, tornando o trabalho árduo até a sua conclusão. A equipe foi capaz de dedicar o tempo estimado pelo nível de atividade relativamente detalhadas descritas na licitação, garantindo que os contratos de iluminação e de pavimentação cobrissem todas as regulamentações necessárias. A equipe usou metodologias de gerenciamento de contratos padrão para garantir que todos os contratantes tivessem clareza sobre os serviços que deveriam oferecer e para eliminar a possibilidade de disputas contratuais. A fim de ajudar a simplificar o processo de aquisição, o projeto foi dividido em vários componentes, os quais foram abordados por vários contratos. Para melhor agilizar e simplificar o processo de aquisição, um gerente de projeto foi dedicado a aprovar as propostas. Combinando o conhecimento de gerenciamento de risco com processos de aquisição, a equipe do PID também foi capaz de recuperar-se de vários possíveis problemas, o primeiro ocorreu durante o processo de pavimentação, quando o material de base da pista desmoronou e a equipe estava tentando instalar o sistema de iluminação na pista. A equipe, que nunca tinha trabalhado com o tal material antes, havia criado um plano de contingência em seu orçamento, cronograma e contratos. Conhecimento de gerenciamento de risco permitiu-lhes antecipar possíveis problemas e estruturar o projeto em torno deles, de modo a minimizar os seus efeitos. Através da utilização de metodologias de gerenciamento de tempo e risco, a equipe do projeto PID foi capaz de evitar ser massacrada por problemas no orçamento e desafios trazidos pelos ataques terroristas de 9/11. Em setembro de 2002, a FAA foi forçada a retirar parte do orçamento do projeto PID devido a restrições orçamentais resultantes de 9/11. O financiamento federal pode ser imprevisível devido a mudanças nas prioridades do governo, mas a equipe já havia identificado um potencial risco para este tipo de financiamento. Como preparação para esta possibilidade, a equipe desenvolveu respostas e contingências se a FAA precisasse reduzir ou retirar o financiamento. A equipe determinou que, caso o projeto perdesse o financiamento, eles poderiam reduzir o trabalho sobre os componentes mais caros do projeto, tais como pavimentação, e usar o dinheiro restante para pagar o trabalho mais barato enquanto outros se concentravam para restabelecer seu orçamento aprovado. Isso 90 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos também incluiu cláusulas de o encerramento em todos os contratos, permitindo-lhe manter relações positivas com os fornecedores, apesar da necessidade de adiar temporariamente o trabalho. Finalmente, em dezembro de 2002, a equipe assegurou um financiamento alternativo do Congresso e foi capaz de começar a trabalhar novamente. Resultados A pista 16R/34L do Aeroporto Internacional de Denver foi concluída em 18 de agosto de 2003. Após a sua conclusão, a PID foi a primeira pista projetada para lidar com a próxima geração de aviões de grande porte no mundo. Embora as questões orçamentárias tenham obrigado a equipe a adiar a pavimentação, os processos de gerenciamento de projetos para o tempo, risco, aquisições e orçamento permitiu que a equipe completasse o projeto no prazo e no orçamento. - A equipe do projeto concluiu a PID significativamente abaixo do orçamento. A estimativa do orçamento original era de 166 milhões dólares (EUA), e o custo final do projeto foi de US$ 154 milhões. - Devido ao orçamento disponível após a conclusão do projeto, a equipe foi convidada a projetar e construir uma unidade de resgate e combate a incêndio no aeroporto. - O projeto de construção da PID foi concluído 18 dias antes do previsto. - A PID é uma das maiores pistas dos EUA, 33 por cento maior do que as outras pistas no AID e tem aproximadamente o dobro de tamanho das pistas de altitudes mais baixas. - Com 16.000 metros de comprimento, 200 pés de largura, a pista tem 3,2 milhões de metros quadrados de áreas de superfície de concreto e 168.000 metros cúbicos de concreto. - A pista é tão longa que um jato estacionado numa extremidade não é visível a partir da outra extremidade devido à curvatura da terra. Fonte: PMI. Aeroporto Denver International. 2004. Disponível em: <http://www.pmi.org/BusinessSolutions/OPM3- 91 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Case-StudyLibrary.aspx>. Acesso em: 21 jun. 2016. d) Antecipação e atrasos A antecipação de atividades (lead) ocorre quando o projeto já está aprovado e certo de validação quanto ao seu escopo. Portanto, uma atividade pode ser antecipada e beneficiar todas as atividades subsequentes por adiantar a entrega do projeto. Por exemplo, se determinado projeto está aprovado, mas falta uma única definição da atividade XYZ, a atividade ABC pode ser iniciada sem comprometer outras atividades. Por sua vez, o atraso representa quanto uma atividade sucessora será atrasada em função de uma atividade predecessora. Em exemplos de seções anteriores, discutimos as atividades da casa de contêiner como o “Concretar caixarias e sapatas” e “Concretar calçadas” necessitam ter um atraso (lag) de um dia devido o assentamento do concreto, para após iniciar a atividade seguinte – “remoção das caixarias”. Figura 29 - Antecipação (lead) e atrasos (lag) das atividades Fonte: O autor. Indubitavelmente, a antecipação do projeto é sempre um ponto positivo para aumentar a satisfação do cliente. Mas tome cuidado! A antecipação somente é possível ser feita quando tudo estiver devidamente aprovado, registrado e documentado. A antecipação do projeto sem acordo prévio entre todos stakeholders pode se tornar um problema no futuro. e) Análise de cenários A análise de cenários é uma técnica que permite elaborar distintos cenários para o projeto com o objetivo da simulação sob condições adversas. Como 92 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos por exemplo, o atraso de algum material, equipamento ou recurso, problemas relacionados à qualidade, fatores externos, indisponibilidade de recursos humanos, dentre outros (TRENTIM, 2011). Os resultados desta análise podem ser úteis para determinar decisões pro- ativas, bem como na elaboração de planos de contingência e de resposta a riscos – aceitar, mitigar, transferir ou evitar. f) Modelo do cronograma Um cronograma pode ser representado em distintas formas, como por exemplo: o Gráfico de marcos (milestone schedule), Gráfico de Gantt (Detailed schedule ou Summary schedule), e o Diagrama de rede (PMI, 2013). Veja na figura a seguir, exemplos de representação gráfica dos cronogramas de projetos sob diferentes aplicações. O gráfico de marcos (milestone schedule) tem por objetivo apontar as principais entregas do projeto ou algum outro ponto central do projeto. Como por exemplo, a entrega do plano de gerenciamento do projeto, a entrega de alguma atividade de valor do projeto etc. Os marcos são componentes do cronograma ao qual constitui alguma data ou conclusão de alguma atividade do projeto (PMI, 2013). O gráfico de Gantt (Detailed schedule ou Summary schedule) ou gráfico de barras é uma das mais conhecidas e utilizadas formas de representação do cronograma, pois permitefácil visualização da sequência e dependência das atividades. Este tipo de gráfico é um dos meios mais utilizados para acompanhamento do projeto no que se refere ao tempo. Por sua vez, o diagrama de rede demonstra de forma facilitada a sequência das atividades ao longo do projeto. Mas, normalmente é mais utilizado para relacionar atividades ou estabelecer o caminho crítico de projetos. Este diagrama não tem efetiva contribuição para o acompanhamento das entregas do projeto e controle do cronograma. 93 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Figura 30 - Formatos de cronograma Fonte: PMI (2013) 94 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Independentemente da forma de apresentação do cronograma, torna-se fundamental acompanhá-lo por meio da comparação entre data planejada versus data real. Uso de softwares especializados fornece este tipo de ferramenta por visualizar o planejamento e o controle do tempo. Por fim, com o cronograma aprovado, este serve como linha de base para controlar o projeto e suas devidas entregas (HELDMAN, 2006). Com este conjunto de atividades, concluímos o cronograma do projeto em sua fase de planejamento, e o fornecemos à execução do projeto. Daqui em diante, passamos a monitorar e a controlar as entregas do projeto. Seguimos em frente rumo à próxima seção. Controle do Cronograma Com o término do processo de planejamento do projeto, o processo de execução será iniciado. E ao mesmo tempo, a equipe tem por responsabilidade agora, tornar todo o planejamento realidade. Inicia-se um processo longo e extremamente difícil! O controle do cronograma significa medir e comparar os resultados com o planejamento, e gerenciar mudanças ocorridas na linha de base do projeto (PMI, 2013). Portanto, este processo envolve um conjunto de ações que devem ser levadas em consideração: • Avaliar o progresso do projeto; • Gerenciar variações no cronograma, ajustando o cronograma futuro e redistribuindo recursos entre atividades, caso necessário; • Monitorar aspectos que causam mudanças no projeto; • Atualizar periodicamente as estimativas do projeto quanto à entrega; • Controlar as solicitações de mudanças do projeto (PMI, 2013; TRENTIM, 2011). Para alcançar tais ações, podemos utilizar ferramentas que já foram apresentadas em seções anteriores como, por exemplo, a compressão do cronograma, antecipação e atrasos, análise de cenários, bem como a análise de variação apresentada no capítulo anterior. O método do caminho crítico e corrente crítica também podem ser avaliados ao longo da execução do projeto na forma de monitoramento das entregas. 95 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Esta análise pode ser realizada de forma direta quanto às comparações de datas. De forma simples, se o projeto deveria ser entregue até 31/05 e, ainda, não o foi entregue, está atrasado. Caso, esta entrega foi efetuada em 25/05, a entrega foi adiantada. Este acompanhamento pode ser realizado diretamente na representação gráfica. A seguir, vamos avaliar a variação e o desempenho como métricas para controlar o cronograma de projetos por meio da técnica de gerenciamento do valor agregado (Earn Value Management – EVM) (PMI, 2013). Destaco desde já que esta técnica utiliza informações monetárias para avaliar o status do cronograma, pois a base desta técnica é o valor agregado do projeto em relação ao orçado em uma determinada janela de tempo. Esta técnica também será utilizada para mensurar o desempenho de custos. A análise de variação do cronograma ou schedule variance (SV) contempla a medição de desempenho do projeto pela variação em relação à linha de base. Já o índice de desempenho do cronograma ou schedule performance index (SPI) avalia qual a eficiência do projeto, ou seja, qual a velocidade do projeto em termos de prazo. Quadro 3 - Fórmulas do SV e SPI Análise de variação ou schedule variance (SV) Índice de desempenho do cronograma ou schedule performance index (SPI) SV= EV – PV SPI= EV / PV Onde: EV (earned value): é o valor agregado em determinado período de tempo. PV (planned value): é o valor orçado em determinado período de tempo. Fonte: PMI (2013). O valor agregado (EV – earned value) é o montante orçado para o trabalho efetivamente realizado no período. Para determinar este valor, é necessário algum marco de controle, ou identificar o percentual do trabalho planejado para assimilar com o período de execução. Já o valor orçado (PV – planned value) representa o valor total orçado para ser gasto em determinado período de tempo (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). Como ponto de partida, a análise de variação do cronograma confronta o valor agregado ao orçado no mesmo período de tempo. Desta forma, com o resultado abaixo de zero, pode-se afirmar que o projeto está adicionando menos valor que o orçado, e, portanto, está atrasado. Já se o resultado for positivo, pode- 96 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos se afirmar que o valor adicional do projeto no período possui maior valor que o orçado, então, está adiantado. Já o índice de desempenho do cronograma compara quanto o valor agregado representa sobre o valor orçado. Assim, com o resultado abaixo de um, pode-se afirmar que o projeto está lento; por exemplo, se o cálculo identifica um índice de 0,80, pode-se afirmar que o projeto está 20% abaixo da velocidade planejada. Por sua vez, se o resultado for maior que um, pode-se afirmar que o projeto está progredindo acima do esperado; por exemplo, o SPI de 1,10 indica que o projeto progride 10% acima do tempo planejado. Para Tomada de decisão: • Se o SV for positivo, o projeto está adiantado, do contrário atrasado. • Se o SPI for maior que um, o projeto está progredindo acima do esperado, do contrário, está abaixo do esperado (PMI, 2013). Vamos tomar um exemplo de aplicação do SV e SPI. Suponha que você está realizando um projeto de construção de um equipamento inovador, e prevê o desenvolvimento ao longo de seis meses. Você estabelece marcos de controle a cada mês do projeto para acompanhar o desempenho em relação ao cronograma. No quarto mês você faz uma análise atual e retrospectiva do projeto: Tabela 16 - Exemplo cálculo SV e SPI Planejado Realizado Dia/Marco Orçado % orçado % concluído Valor agreg. SV SPI 1º mês 4.500,00 15% 12% 3.600,00 0 1,00 2º mês 9.000,00 30% 28% 8.000,00 -400,00 0,95 3º mês 15.000,00 50% 52% 16.600,00 1.000,00 1,06 4º mês 19.500,00 65% 76% 22.150,00 2.650,00 1,14 5º mês 24.000,00 80% 6º mês 30.000,00 100% Fonte: O autor. Podemos, concluir, que o exemplo do projeto do equipamento inovador esteve no segundo mês atrasado e com desempenho abaixo do esperado. Já, no terceiro mês, as atividades previstas foram realizadas de forma superior as expectativas – estava previsto 50% do custo total do projeto, mas foram realizados Para Tomada de decisão: Se o SV for positivo, o projeto está adiantado, do contrário atrasado. Se o SPI for maior que um, o projeto está progredindo acima do esperado, do contrário, está abaixo do esperado (PMI, 2013). 97 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 52%. No quarto período, o desempenho foi ainda maior, com variação positiva e desempenho 14% superior ao previsto. Note que foram necessários equiparar o percentual do valor orçado ao concluído. Atividades de Estudos: 1) Estudo de caso – Internacionalização da Good Star AS: A empresa Good Star SA está organizando o seu processo de internacionalização com a instalação de uma planta de manufatura na China. A diretoria da empresa prevê que o projeto dure no máximo um ano (48 semanas), pois há neste período, um subsídio do Ministério de Comércio Exterior brasileiro às empresas com processos de internacionalização. Portanto, a conclusão do projeto no prazo, é considerado um fator de sucesso para a diretoria da Good Star SA. Como a Diretoria da empresa ainda não sabe se será necessário construir, alugar ou comprar um galpão, foi solicitado ao gerente deprojetos, 4 meses (16 semanas) para apresentação de um parecer sobre esta etapa do projeto. Por meio da estimativa do gerente do projeto foram identificadas as seguintes atividades para concluir esta primeira etapa do projeto: Tabela 17 - Atividades do caso Good Star SA Atividade Descrição Predecessor Duração (semanas) A Selecionar cinco alterna- tivas para a nova planta de manufatura baseado nos critérios do escopo do projeto (construir, alugar ou comprar) - 6 B Avaliar custos logísticos, disposição de malha logística e procedimentos alfandegários A 6 C Desenhar planta baixa e analisar a capacidade de produção A 5 98 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos D Analisar a disposição de recursos humanos A 4 E Consolidar material B, C, D 2 F Apresentar à Diretoria E 1 G Deliberação do local da nova planta de manufatu- ra pela Diretoria F 1 H Elaborar contrato de aquisi- ção (se terreno ou galpão) ou aluguel (se galpão) G 3 Fonte: O autor. A partir deste conjunto de informações, pede-se: a. O desenho do diagrama de rede (ou precedências) do projeto, com o cálculo das datas de “início mais cedo/término mais cedo”, “início mais tarde/término mais tarde” e das folgas para cada uma das atividades do projeto; ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b. Identificação do caminho crítico do projeto e sua duração; ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c. Conclusões, com parecer quanto à possibilidade de atendimento do prazo do projeto e sugestões ao gerente de projetos de alternativas para otimizar as entregas do projeto. Justifique sua resposta. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 99 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Importação de material para projeto: João trabalha em uma multinacional produtora de canetas localizada em Curitiba/PR. Em seu projeto, há um conjunto de atividades que contemplam a importação de um determinado material ao qual deverá ser descarregado no porto de Santos. Considerando, a incerteza do processo fiscal no porto quanto à entrega do material, João identifica as atividades do projeto de forma simplificada (sem precedentes) e realiza três estimativas de tempo (em dias corridos), conforme tabela abaixo. Tabela 18 - Atividades para projeto com importação de material Seq. Definição das ativi-dades O MP P TE Desv Pad Variância A Realizar compra de material 2 4 10 B Transporte até porto 1 3 6 C Fiscalização no porto de origem 0 4 12 D Movimentação até o navio 2 5 7 E Transporte marítimo 15 25 40 F Retirada navio para porto de Santos 2 5 7 G Fiscalização no porto de Santos 0 4 12 H Transporte até o destino final 1 2 4 Fonte: O autor. Pede-se: a. Calcule o tempo esperado, desvio padrão e variância do projeto; ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 100 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b. Identifique o caminho crítico do projeto; ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c. Calcule o desvio padrão do caminho crítico, e identifique a estimativa de tempo deste projeto; ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ d. Calcule a duração do projeto em diferentes graus de assertividade; ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ e. Se ao executar o projeto, o tempo de entrega foi de 48 dias. Qual a variação e o índice de desempenho deste projeto? Quais suas conclusões? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 101 Gerenciamento do TempoCapítulo 3 Algumas Considerações Discutimos, neste capítulo, o processo de gerenciamento do tempo do projeto. Como uma das principais áreas no gerenciamento de projetos, abordamos um conjunto de técnicas e ferramentas úteis para o desenvolvimento, gerenciamento e monitoramento do cronograma. Inicialmente, discutimos a estruturação e definição das atividades do projeto. Salientamos que este processo já é iniciado na etapa de elaboração da estrutura analítica de projetos (EAP), mas é detalhado no desenvolvimento do cronograma por envolver minuciosamente todas as atividades do projeto, inclusive as complementares: reuniões, visitas a fornecedores, dentre outras. Na sequência, apresentamos, discorremos sobre a necessidade do sequenciamento das atividades com o objetivo de enumerar a ordem de desenvolvimento de cada atividade e as respectivas dependências. A principal vantagem de um bom sequenciamento das atividades está na eficiência na operacionalização das atividades do projeto. Desta forma, foram apresentados quatro modos de relacionamentos entre as atividades sucessoras e predecessoras. A estimativa de recursos, constitui a terceira seção deste capítulo. Esta etapa se dirige às limitações de recursos ou à maior assertividade de recursos alocados. Como esta etapa está fortemente correlacionada com a seção de duração das atividades, por sua vez, a duração das atividades envolve o tempo de trabalho necessário para realização de cada atividade de acordo com o conjunto de recursos existentes. O desenvolvimento do cronograma representa consolidar todas as seções anteriores e apresentá-las por meio de modelo gráfico. Além disso, um conjunto de técnicas e ferramentas foram apresentadas para subsidiá-lo quanto às melhores práticas de otimização do cronograma. Os métodos de caminho crítico, cadeia crítica, compressão do cronograma e análise de cenários foram abordados. Após concluir o conjunto de processos que envolvem a etapa de planejamento do cronograma do projeto, vamos à obra! Tudo o que foi planejado, agora, deverá ser monitorado para tornar o planejamento uma realidade. Assim, o controle do cronograma envolve a avaliação do progresso das atividades conforme planejamento. Como mecanismos de análise, discutimos a análise de variação (schedule variance – SV) e o índicede desempenho do cronograma (schedule performance index – SPI). 102 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Por meio da absorção destes conhecimentos você é capaz de desenvolver, controlar e monitorar o cronograma de projetos, bem como discutir pontos críticos e sugerir alternativas para melhorar as entregas do projeto. Por fim, o alcance do melhor desempenho resume-se somente pela ambidestria do bom planejamento e execução de projetos devido a sua interdependência. Vejamos, no capítulo seguinte, o gerenciamento de custos de projetos. Referências CARVALHO, M. M. DE; ROQUE RABECHINI JR. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. COX III, J. F.; SCHLEIER JR., J. G. Theory of Constraints Handbook. New York: McGraw-Hill, 2010. HELDMAN, K. Gerência de Projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. GOLDRATT, E. M. Corrente Crítica: Teoria das restrições (TCO) em gestão de projetos. São Paulo: Nobel, 2014. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de Projetos: Como transformar idéias em resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PMI. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. New Square: Project Management Institute, 2013. PMI. Aeroporto Denver International. 2004. Disponível em: <http://www.pmi. org/BusinessSolutions/OPM3-Case-StudyLibrary.aspx>. Acesso em: 21 jun. 2016. SANTOS, C. R. DOS. Estimativa de 3 pontos, um ponto forte. 2015. Disponível em: <http://pmpath.com.br/estimativa-de-3-pontos-um-ponto-forte/>. Acesso em: 21 jun. 2016. TRENTIM, M. H. Gerenciamento de Projetos: Guia para as certificações CAPM e PMP. São Paulo: Atlas, 2011. CAPÍTULO 4 Gerenciamento do Custo A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Definir custos relacionados ao projeto e sua nomenclatura. 9 Estimar custos por etapas do projeto e para o projeto completo, com uso de técnicas de estimativa de custos. 9 Desenvolver orçamento e fluxo de caixa do projeto. 9 Utilizar técnicas de gerenciamento de projetos para controlar o desempenho em custos. 104 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 105 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 Contextualização Certamente você já se surpreendeu com um gasto superior ao previsto, seja em uma compra, em uma viagem de turismo, na reforma de uma residência, manutenção de carro, ou até mesmo algum estouro absurdo de gastos em obras públicas. Por que isso acontece? Acreditamos que algumas boas respostas podem arguir esta questão: em função dos projetos serem únicos e com grande variabilidade entre eles, é incomum você utilizar puramente informações históricas baseadas em outros projetos, assim, as estimativas são imprecisas; e ainda, o monitoramento e controle de custos normalmente ficam a desejar no gerenciamento de projetos, pelos mais diversos fatores imagináveis. Gostaria de elucidar um exemplo como ponto de partida. Um investidor adquiriu um terreno de 2000m² e pretende construir um parque de arvorismo. Quanto você acha que ele irá gastar para deixá-lo de acordo com seu interesse? Mesmo que tenha alguma previsão com experiências anteriores, precisa planejar aos mínimos detalhes como irá executar o projeto. Como realizará o circuito do arvorismo? Quantos recursos? Quais atividades e sua respectiva duração? Quais materiais? Fornecedores e terceiros? Etc. Nos capítulos anteriores abordamos um conjunto de conhecimentos que podem nos ajudar a responder parcialmente tais questões. Portanto, para definição dos custos envolvidos em um projeto, vamos resgatar todo o conjunto de conhecimentos acumulados dos capítulos anteriores, além de apresentar neste capítulo, técnicas e ferramentas que o auxiliarão a melhorar a estimativa, desenvolvimento e controle do orçamento. Por meio desta premissa, iniciamos o quarto capítulo. Bons estudos! Planejamento e Definição dos Custos Envolvidos O planejamento e definição dos custos envolve todo o processo de como estimar, desenvolver e controlar os custos de projetos. A grande vantagem desta etapa de planejamento é fornecer orientação de como os custos deverão ser estruturados e gerenciados neste projeto (PMI, 2013). Sinteticamente, o planejamento do gerenciamento do custo aborda como iremos planejar o orçamento do projeto. Este processo utiliza o conjunto de informações 106 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos já desenvolvidas nos capítulos anteriores, no qual vamos agora incorporá-las na terminologia de custos, e ainda fazer uso de técnicas, ferramentas para colaborar com este trabalho. Além disso, neste momento são definidas as métricas que serão utilizadas para mensurar o desempenho do projeto. Para definição dos custos do projeto, vamos considerar os seguintes documentos como ponto de partida: Declaração do escopo e estrutura analítica de projetos (EAP) como linhas de base para o escopo; e, Cronograma como linha de base para o tempo – fornecerá os recursos associados às atividades e o tempo despendido de cada recurso. Os recursos associados aos projetos fornecem avanços às atividades, mas custa dinheiro. Para formar o custo total de um projeto devemos considerar duas classificações de custos – custos diretos e custos indiretos (DUBOIS; KULPA; SOUZA, 2008). Os Custos Diretos (CD) são aqueles diretamente associados a um projeto específico, como, por exemplo: • Mão de obra: funcionários próprios ou contratados; • Material permanente: bens como: máquinas e equipamentos a serem compradas, construídas ou alugadas para uso exclusivo de um projeto; • Material de consumo: combustível, material de escritório e uniforme; • Serviços: viagens, alimentação, hospedagem, transporte, ou aquisição de serviços especializados de terceiros (DUBOIS; KULPA; SOUZA, 2008). Já os Custos Indiretos (CI) são aqueles custos que deverão ser rateados entre projetos, ou seja, que são utilizados para atender mais de um projeto. Por exemplo: • Mão de obra: gerente e equipe administrativa de projetos; • Material permanente: bens, como máquinas e equipamentos a serem comprados, construídos ou alugados; • Infraestrutura: água, luz, telefone, instalações, móveis e utensílios, máquinas e equipamentos (DUBOIS; KULPA; SOUZA, 2008). Para refletir um pouco e distinguir as modalidades de custos, vamos dar um exemplo esclarecedor, seguindo com o exemplo utilizado nas seções anteriores – casa de contêiner. 107 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 Tabela 19 - Exemplo fontes e modalidades de custos EAP Atividades Recurso Custo 1 PROJETO - - 1.1 Elaboração do projeto Analista Sênior, Ge-rente de projetos Rateio de custo entre projetos (CI) + Material de escritório (CD) 1.2 Definição de planta baixa Arquiteto e Enge-nheiro Prestação de serviços por hora trabalhada (CD) 1.3 Aprovação e validação de projeto Arquiteto e Enge- nheiro Prestação de serviços por hora trabalhada (CD) Analista Sênior, Ge- rente de projetos Rateio de custo entre projetos (CI) 2 INFRAESTRUTURA - - 2.1 Terraplanagem - - 2.1.1 Fazer nivelamento do solo Fornecedor 1 Prestação de serviços por hora trabalhada (CD) + Locação caçamba de entulhos (CD) 2.1.2 Retirar entulhos 2.1.3 Preparar solo do jardim 2.2 Fundamento - - 2.2.1 Construir caixarias e sapatas Pedreiro Prestação de serviços por hora trabalhada (CD) + Material de construção (CD) 2.2.2 Concretar caixarias e sapatas Fornecedor 2 Prestação de serviços por hora trabalhada (CD) + Material de construção (CD)2.2.3 Concretar calçada para carro e entrada da casa 2.3 Contêineres - - 2.3.1 Descarregar contêineres sobre a base Fornecedor 3 Prestação de serviços por hora trabalhada (CD) + Custo dos contêineres (CD)2.3.2 Ajustar encaixes entre contê-ineres 2.4 Jardinagem - - 2.4.1 Preparar canteiros do jardim Fornecedor 4 Prestação de serviços por hora trabalhada (CD) + custo da grama, plantas e flores (CD)2.4.2Plantar grama, plantas e flores Legenda: Custo Direto (CD) e Custo Indireto (CI). Fonte: O autor. 108 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Note que as atividades são as fontes geradoras de custos. Em grande parte dos custos apresentados na tabela anterior, são custos diretamente associados ao projeto, devido ao custo de prestação de serviços dos fornecedores por hora trabalhada. Mesmo que este valor fosse cobrado por empreitada pelos fornecedores, por exemplo, este seria um custo direto, pois está diretamente associado ao projeto. Ainda que não apresentados na tabela acima, custos como os de aluguel, energia elétrica, água, telefone, depreciação de máquinas, equipamentos, e manutenção predial, por exemplo – estes não estão alocados diretamente a um único projeto, portanto, são os chamados custos indiretos ao projeto. Estes custos deverão estar inclusos ao projeto, pois representam uma fonte de gastos. Como você pode perceber, as atividades do projeto são realizadas na etapa de planejamento, enquanto as demais atividades na fase de execução do projeto. Portanto, vale ressaltar que este conjunto de custos será realizado ao longo do projeto, com as entradas (receitas) e saídas (custos) em distintos momentos. Desta forma, podemos compreender que os custos são incorridos de acordo com o ciclo de vida dos projetos, conforme já discutido no capítulo 1. Vamos retomar esta discussão na seção de controle de custos por abordar o fluxo de caixa do projeto. Estimativa de Custos A estimativa de custos representa o processo responsável por estimar os recursos monetários necessários para realização das atividades do projeto (TRENTIM, 2011). Este processo nos ajuda a determinar os custos necessários para realizar todos os trabalhos do projeto (PMI, 2013). Heldman (2006) assegura que o segredo da estimativa de custos é a utilização da EAP, enquanto Maximiano (2009) apresenta três informações importantes a considerar na estimativa de custos: • Custo unitário de cada recurso: desde mão de obra, terceiros, materiais, máquinas e equipamentos; • Duração das atividades: multiplicada pelo custo unitário permite a estimativa do custo total; • Custos indiretos: são os custos atribuídos ao projeto, mas não são produzidas por ele, por exemplo, administração do projeto, benefícios etc. (MAXIMIANO, 2009). Note que as atividades são as fontes geradoras de custos. 109 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 Vamos, a seguir, explorar um conjunto de técnicas e ferramentas para estimar os custos do projeto: opinião especializada, estimativa paramétrica, estimativa análoga (ou top-down), estimativa Bottom-up, estimativa de três pontos, e análise de reservas. A opinião especializada consiste no parecer de especialistas da área, conforme já abordamos no capítulo anterior. Já a estimativa paramétrica utiliza dados históricos em conjunto com outras variáveis estatísticas para calcular o custo estimado nas atividades do projeto. Por exemplo, o metro quadrado na construção civil por relacionar os dados históricos com índice socioeconômicos (PMI, 2013). Já, a estimativa análoga ou top-down utiliza valores parametrizados de projetos anteriores semelhantes, que servirão de base para estimar o novo projeto (PMI, 2013). Em síntese, a estimativa análoga é mais utilizada no início do ciclo de vida de projetos em virtude das limitações de informações. Mas com o desenvolvimento do projeto e detalhamento das atividades, as estimativas bottom-up podem substituir as estimativas preliminares realizadas (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). Assim, como utilizada no gerenciamento do tempo, a estimativa Bottom-up (de baixo para cima), tem por objetivo estimar os custos para cada atividade. Desta forma, as estimativas são mais precisas, pois avaliam os gastos de forma discriminada por atividades. Para cada atividade são avaliadas as fontes de gastos, portanto, são identificados desde gastos como materiais, mão de obra, equipamentos, serviços de terceiros etc (PMI, 2013). Tabela 20 - Estimativa de custos Bottom-up EAP Atividades Recurso Valor/unitário Custo 1 PROJETO - - R$ 18.260,00 1.1 Elaboração do projeto Analista Sênior (100h) 45,00 R$ 4.500,00 Gerente de projetos (30h) 120,00 R$ 3.600,00 Material de escritório - R$ 1.100,00 1.2 Definição de planta baixa Arquiteto (40h) 80,00 R$ 3.200,00 Engenheiro (30h) 90,00 R$ 2.700,00 1.3 Aprovação e valida- ção de projeto Arquiteto (8h) 80,00 R$ 640,00 Engenheiro (8h) 90,00 R$ 720,00 Analista Sênior (24h) 45,00 R$ 1.080,00 Gerente de projetos (6h) 120,00 R$ 720,00 110 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 2 INFRAESTRUTURA - - R$ 32.180,00 2.1 Terraplanagem - - R$ 8.500,00 2.1.1 Fazer nivelamento do solo Fornecedor 1 (32h) + Locação de caçamba de entulhos 250,00 R$ 8.500,002.1.2 Retirar entulhos 2.1.3 Preparar solo do jardim 2.2 Fundamento - - R$ 7.580,00 2.2.1 Construir caixarias e sapatas Pedreiro (48h) + materiais de construção 30,00 R$ 2.940,00 2.2.2 Concretar caixarias e sapatas Fornecedor 2 (12h) + mate- riais de construção 220,00 R$ 4.640,00 2.2.3 Concretar calçada para carro e entrada da casa 2.3 Contêineres - - R$ 13.600,00 2.3.1 Descarregar contê- ineres sobre a base Fornecedor 3 (entrega + contêiner) 6.800,00 R$ 13.600,00 2.3.2 Ajustar encaixes entre contêineres 2.4 Jardinagem - - R$ 2.500,00 2.4.1 Preparar canteiros do jardim Fornecedor 4 (40h) + grama, plantas e flores 30,00 R$ 2.500,00 2.4.2 Plantar grama, plan- tas e flores Total geral: R$ 50.440,00 Fonte: O autor. Neste exemplo da estimativa bottom-up, tomamos algumas atividades do projeto casa de contêiner. Como você pôde perceber, para identificar o custo das atividades, utilizamos a multiplicação dos recursos pelo valor unitário. Logo, podemos obter o custo por fases de operacionalização ou pacotes de trabalho, bem como por fases do ciclo de vida do projeto. Na tabela 21, obtemos um resumo dos custos por fases do projeto ou custos por pacotes de trabalho. Tabela 21 - Estimativa de custos Bottom-up por fases EAP Atividades Recurso Valor/unitário Custo Total 1 PROJETO - - R$ 18.260,00 2 INFRAESTRUTURA - - R$ 32.180,00 111 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 2.1 Terraplanagem - - R$ 8.500,00 2.2 Fundamento - - R$ 7.580,00 2.3 Contêineres - - R$ 13.600,00 2.4 Jardinagem - - R$ 2.500,00 Total geral: R$ 50.440,00 Fonte: O autor. No entanto, se distinguirmos o projeto por ciclo de vida, podemos afirmar que teremos R$ 18.260,00 de gastos na etapa de elaboração do projeto – ou seja, planejamento. Já a execução em sua parcialidade, por apresentar apenas a infraestrutura, representa o montante de gasto de R$ 32.180,00. Nas seções seguintes, ainda vamos abordar o fluxo de caixa por período do projeto. Todavia, todas estas técnicas citadas podem estimar apenas um determinado valor para os custos do projeto. Por sua vez, a estimativa de três pontos é uma técnica utilizada para o gerenciamento do tempo, mas que também pode ser empregada no gerenciamento de custos – mais especificamente para a ponderação dos custos entre distintos cenários. Para não ser repetitivo, sugiro que retorne ao capítulo anterior para resgatar a aplicação desta técnica. A análise de reservas ou reserva de contingência é uma técnica utilizada para cobrir os riscos e incertezas nos custos. Como por exemplo, o retrabalho de algumas atividades do projeto. A reserva de contingência pode ser um percentual do custo estimado, um valor fixo, ou ainda ser desenvolvido por meio de métodos quantitativos relacionados aos riscos do projeto – matriz de probabilidade e impacto. A seguir, vamos tomar um exemplo hipotético para alguns riscos das atividades mencionadas na seção anterior ao projeto da casa de contêiner. Tabela 22 - Reserva de contingência Evento de risco Probabilidade de risco Impacto do valor esperado do custo Valor esperado Greve de funcionários 5% R$ 20.000,00 R$ 1.000,00 Falta de material(cimento, aço, areia etc.) 80% R$ 5.000,00 R$ 4.000,00 Atraso na entrega do projeto 20% R$ 50.000,00 R$ 10.000,00 Total: R$ 15.000,00 Fonte: O autor. 112 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos O cálculo da reserva de contingência basicamente consiste da relação entre a probabilidade de ocorrência com o impacto do risco. O resultado desta relação forma o valor esperado. Considerando que o conjunto de atividades represente um montante de R$ 150.000,00 de custos, adicionaríamos mais o valor esperado de R$ 15.000,00 para cobrir aos riscos percebidos no projeto. Portanto, o orçamento destas atividades seria hipoteticamente de R$ 165.000,00. Indubitavelmente, este método possui suas limitações, especialmente pelo fator risco e incerteza. Pois, como identificar a probabilidade e impacto de riscos catastróficos? Como mensurar riscos sem histórico de ocorrências? Como mensurar reservas se podem haver riscos que extinguem o projeto? Apesar destas incertezas, a reserva de contingência assegura possíveis desvios no custo planejado do projeto. Quando o processo da estimativa de custos estiver concluído, inicia-se o processo de orçamento do projeto com o objetivo de gerar a linha de base de custos do projeto (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). Na seção seguinte, vamos abordar esta discussão. Orçamento do Projeto O processo de orçamentação consiste em agregar os custos das atividades individuais ou pacotes de trabalho para estabelecer os recursos financeiros necessários para todo o projeto. O principal benefício deste processo é desenvolver a linha de base de custos (cost baseline) para controlar o desempenho do custo do projeto em distintos períodos de tempo (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011; PMI, 2013). Assim, após estimar os custos por atividades ou pacotes de trabalho na seção anterior, vamos agora, distinguir os custos por período por adotar a casa de contêiner como exemplo de projeto por aproveitar as informações anteriores. Como a entrega deste projeto será realizado em 40 dias, adotamos aqui a “semana” como unidade de tempo. Tabela 23 - Orçamento do projeto Item de custo 1ª sem 2ª sem 3ª sem 4ª sem 5ª sem 6ª sem Total Arquiteto 3.840 200 400 500 600 5.840 Engenheiro 3.420 1.200 500 300 5.420 Analista Sênior 5.580 200 200 200 200 200 6.580 113 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 Ger. projetos 4.320 600 500 400 400 400 6.620 Pedreiro 1.440 2.100 3.200 6.740 Terraplanagem 8.500 8.000 Empresa de concreto 2.640 2.640 Contêineres 13.600 13.600 Jardineiro 1.200 1.200 Serralheiro 4.950 4.950 Eletricista 2.200 2.200 Encanador 2.550 750 3.300 Pintor 5.100 5.100 Serv. Limpeza 2.500 2.500 Materiais 2.500 3.350 10.250 11.550 750 28.400 Plantas / flores 1.300 1.300 Reservas 15.000 Total 17.160 19.580 23.500 18.500 21.700 4.450 119.890 Total acumul. 17.160 36.740 60.240 78.740 100.440 104.890 Fonte: O autor. Conforme tabela 21, o projeto da casa de contêiner tem um orçamento de R$ 119.890,00 para realização de todas as atividades, desde a elaboração do projeto até a entrega das chaves em mãos do cliente. Vale destacar aqui, que a reserva de contingência pertence ao orçamento do projeto, mas não faz parte da linha de base do projeto. As reservas não são incorporadas na linha de base de custos do projeto, mas podem ser incluídas no orçamento total do projeto (TRENTIM, 2011). Ademais, adotamos neste exemplo, o orçamento quanto à data de término das atividades, mas pode ser representado também pela data de início das atividades (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). Além disso, consideramos o pagamento à vista, logo após, a conclusão da atividade, entretanto, o cronograma de desembolsos pode alterar se as compras forem realizadas a prazo. As reservas não são incorporadas na linha de base de custos do projeto, mas podem ser incluídas no orçamento total do projeto (TRENTIM, 2011). 114 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Para desenvolver o cronograma de desembolsos, você deve considerar o prazo de pagamento para cada fonte de custo. Em seguida, utilizamos o custo acumulado para desenvolver a linha de referência para os custos do projeto (cost baseline). A linha de base de custos ou ainda chamada de curva dos custos acumulados, representa o orçamento em base temporal com os valores acumulados a cada período do projeto. Normalmente, tem a forma de uma curva S (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011; MAXIMIANO, 2009). A linha de base de custos é utilizada para identificar o desempenho do projeto quando estiver na etapa de execução. Desta forma, esta ferramenta é fundamental para a gestão de custos, pois podemos estabelecer eventuais ações contingenciais caso os custos realizados estejam se desviando do que foi planejado (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011; HELDMAN, 2006). A seguir, apresentamos uma curva de custos acumulados (cost baseline), por adotar o caso da casa de contêiner como exemplo. Note que a construção deste gráfico depende da elaboração da estrutura analítica de projetos (EAP), cronograma com entregas definidas, e os custos estimados para cada atividade (PMI, 2013). Gráfico 1 - Curva S Finalizada a construção da linha de base de custos sendo representado pela curva S, todo o orçamento servirá de base ao gerente de projetos para monitorar os custos do projeto durante a etapa de execução. Note que o gráfico apresenta Para desenvolver o cronograma de desembolsos, você deve considerar o prazo de pagamento para cada fonte de custo. 115 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 um valor acumulado no período, por isso, apresentamos a tabela resumo ao qual representa outra forma de apresentar e monitorar o orçamento do projeto. Tabela 24 - Orçamento do projeto por período Etapa Valor (R$) Acumulado (R$) 1ª semana 17.160 17.160 2ª semana 19.580 36.740 3ª semana 23.500 60.240 4ª semana 18.500 78.740 5ª semana 21.700 100.440 6ª semana 4.450 104.890 Fonte: O autor. Gráfico 2 - Monitoramento da Curva S Fonte: O autor. Supondo que tal projeto foi executado, podemos acompanhá-lo ao longo do tempo e monitorar os gastos. Conforme gráfico 2, veja que na terceira, quarta e quinta semanas, os gastos foram superiores ao orçamento, fazendo com que o gerente de projetos tomasse ações contingenciais junto de sua equipe para assegurar o sucesso do projeto no quesito orçamento. Outra ferramenta associada ao orçamento é o fluxo de caixa. O fluxo de caixa ou também chamado de cronograma de desembolsos em projetos é a 116 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos representação das movimentações monetárias ao longo do tempo (entradas e saídas de caixa) (GITMAN; MADURA, 2003; MAXIMIANO, 2009). Além de ser utilizado para o acompanhamento do projeto, o fluxo de caixa é um importante mecanismo para duas principais análises: • Análise do caixa: especificamente na etapa de planejamento do projeto para dimensionar a necessidade de recursos financeiros – se próprios ou de terceiros; • Análise de investimentos: utilizado para analisar a viabilidade econômica de projetos. Quanto à análise do caixa, devemos projetar o fluxo de caixa quanto aos recebimentos (entradas) e despesas (saídas) previstas. Pois, se o cliente der apenas uma entrada parcial no projeto, como identificar o saldo de recursos financeiros? O fluxo de caixa nos fornecerá esta informação, veja o caso abaixo. Tabela 25 - Fluxo de caixa do projeto Item de custo 1ª sem 2ª sem 3ª sem 4ª sem 5ª sem 6ª sem Total Recebimentos 20.000 10.000 10.000 10.000 10.000 59.890 119.890 Entrada cliente 20.000 10.000 10.000 10.000 10.000 59.890 119.890 Despesas 17.160 19.580 23.500 18.500 21.700 4.450 104.890 Arquiteto 3.840 200 400 500 600 5.840 Engenheiro 3.420 1.200 500 300 5.420 Analista Sênior 5.580 200 200 200 200 200 6.580 Ger. projetos 4.320 600 500 400 400 400 6.620 Pedreiro 1.440 2.100 3.200 6.740 Terraplanagem 8.500 8.000 Empresa de concreto 2.640 2.640 Contêineres 13.60013.600 Jardineiro 1.200 1.200 Serralheiro 4.950 4.950 Eletricista 2.200 2.200 Encanador 2.550 750 3.300 117 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 Pintor 5.100 5.100 Serv. Limpeza 2.500 2.500 Materiais 2.500 3.350 10.250 11.550 750 28.400 Plantas / flores 1.300 1.300 Reservas 15.000 Saldo 2.840 -9.580 -13.500 -8.500 -11.700 55.440 Saldo acumul. 2.840 -6.740 -20.240 -28.740 -40.440 15.000 Fonte: O autor. No exemplo, o cliente do projeto desembolsa uma entrada no valor de R$ 20.000,00, mais parcelas mensais de R$ 10.000,00 e a quitação do projeto no ato da entrega das chaves. Note que durante a execução do projeto, o saldo de caixa, é negativo. Gráfico 3 - Fluxo de caixa projetado Fonte: O autor. O gráfico 3 demonstra o saldo de caixa acumulado. A partir da segunda semana faltarão recursos financeiros e somente na sexta semana o saldo torna- se positivo em função da quitação do projeto com a entrega das chaves. Toda esta evidência nos remete à seguinte questão: 118 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Como vamos financiar este projeto? Com recursos próprios ou de terceiros? Como vamos captar tais recursos? Esta discussão nos direciona para uma análise financeira do orçamento do capital e, assim, cabe ao gerente de projetos, avaliar as melhores alternativas de fontes de financiamento. Ou seja, aquela opção com o menor custo dada as proporções de riscos. Sugiro que você pesquise estudos de caso que tratem de decisões em projetos quanto ao uso de capital próprio ou captação de terceiros. Em paralelo, você, deve pesquisar sobre o termo “custo de capital”, pois está correlacionado a esta discussão por caracterizar as opções de viabilidade do capital. Já, a análise de investimentos, é uma área do conhecimento que permite avaliar o retorno financeiro de cada projeto, bem como comparar investimentos e decidir sobre os projetos mais lucrativos (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010). Estas técnicas são empregadas no início dos projetos para dimensionar o custo- benefício dos projetos, considerando uma taxa de atratividade. Destacamos, aqui, os seguintes métodos que podem ser empregados para realizar esta análise: • Método do Valor Presente Líquido (VPL); • Método da Taxa Interna de Retorno (TIR); • Método do Índice Benefício/Custo (IBC); • Payback simples; • Payback descontado (CASAROTTO FILHO; KOPITTKE, 2010; HIRSCHFELD, 2010). 119 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 Você pode aprofundar seus conhecimentos com a leitura dos seguintes livros relacionados à análise de investimentos e orçamento de capital: CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. HIRSCHFELD, H. Engenharia econômica e análise de custos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Considerando o projeto economicamente viável, este toma o curso normal de desenvolvimento e execução. Finalizando toda a etapa de planejamento do orçamento do projeto, o plano de custos é entregue e incorporado ao plano de gerenciamento do projeto. Em seguida, vamos à fase de execução, por monitorar e controlar os custos do projeto. Controle de Custos O controle de custos é um processo realizado na etapa de monitoramento e controle do projeto, e tem por objetivo medir e comparar o desempenho do projeto, conforme planejado (PMI, 2013). Este processo envolve um conjunto de atividades, as quais destacamos: • Monitorar fatores que podem causar mudanças na linha de base de projetos; • Assegurar que as solicitações de mudanças sejam devidamente analisadas; • Assegurar que os gastos não excedam os recursos autorizados por período; • Analisar o desempenho dos custos para compreender as variações e suas causas; • Agir para corrigir eventuais desvios (PMI, 2013; TRENTIM, 2011). 120 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Um conjunto de técnicas permite o monitoramento dos custos de projetos: o gerenciamento do valor agregado (variação e desempenho), o cálculo de previsão e o índice de desempenho para término. a) Gerenciamento do valor agregado O gerenciamento do valor agregado ou Earned value management (EVM) é uma das técnicas mais utilizadas para mensuração e monitoramento do desempenho do projeto. Esta técnica compara o valor do trabalho realizado ao montante orçado para determinado período de tempo. Esta técnica é utilizada para o monitoramento do tempo e custo (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011; PMI, 2013). “[…] em cada data de controle, determina-se quanto vale o trabalho realizado até aquele momento” (MAXIMINIANO, 2009, p. 132). Portanto, a técnica de gerenciamento do valor agregado considera duas equações para avaliar o desempenho do custo do projeto: a análise de variação e índice de desempenho. A análise de variação do custo ou Cost Variance (CV) contempla a medição de desempenho do projeto pela variação em relação à linha de base. Já, o índice de desempenho do custo ou Cost Performance Index (CPI), avalia a eficiência de custos por meio do valor agregado ao projeto, ou seja, quanto se está realizando de trabalho para cada unidade monetária gasta. Quadro 4 - Fórmulas do CV e CPI Análise de variação ou cost variance (CV) Índice de desempenho do custo ou cost performance index (CPI) CV= EV – AC CPI= EV / AC Onde: - EV (Earned Value): é o valor agregado em determinado período de tempo. - AC (Actual Cost): é o custo real/incorrido em determinado período de tempo. Fonte: PMI (2013). O valor agregado (EV – Earned Value) é o montante orçado para o trabalho efetivamente realizado no período. Para determinar este valor, é necessário algum marco de controle, ou identificar o percentual do trabalho planejado para assimilar com o período de execução. Já, o custo real (AC – Actual Cost), representa o custo total incorrido em determinado período de tempo (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011). 121 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 A análise de variação do custo (CV – Cost Variance) confronta o valor agregado ao custo incorrido no mesmo período de tempo. Desta forma, com o resultado abaixo de zero, pode-se afirmar, que o projeto está adicionando menos valor que o planejado e, portanto, está mais caro. Já, se o resultado for positivo, pode-se afirmar, que o valor adicional do projeto no período, possui maior valor que o planejado, então, está mais barato que o planejado. Já, o índice de desempenho do custo (CPI – Cost Performance Index), compara quanto de valor agregado está sendo apropriado ao projeto em detrimento dos custos incorridos. Assim, com o resultado abaixo de um, pode- se afirmar, que o projeto está gastando mais que o planejado para realizar determinada atividade. Por sua vez, se o resultado for maior que um, pode-se afirmar, que o projeto está progredindo acima do esperado, e denomina-se econômico. Para Tomada de decisão: • Se o CV for positivo, o projeto está econômico, do contrário está gastando mais do que o planejado. • Se o CPI for maior que um, o projeto está progredindo acima do esperado por agregar mais valor em detrimentos dos custos incorridos no projeto, do contrário gastando mais do que o planejado (PMI, 2013). Vamos discutir um exemplo de aplicação do CV e CPI. Uma determinada organização decide investir em equipamentos novos, e prevê um orçamento de R$15.000,00 durante quatro meses. A cada mês, o gerente de projetos, marca uma reunião com o financeiro para discutir o desempenho do projeto em relação aos custos. Tabela 26 - Exemplo cálculo CV e CPI Planejado Realizado Dia/Marco Orçado % orçado % concluído Custo real CV CPI 1º mês 1.500,00 10% 10% 1.600,00 -100,00 0,94 2º mês 3.000,00 20% 20% 2.400,00 600,00 1,25 3º mês 12.000,00 80% 80% 10.600,00 1.400,00 1,13 4º mês 15.000,00 100% Fonte: O autor. Para Tomada de decisão: Se o CV for positivo, o projeto está econômico, do contrário está gastando mais do que o planejado. Se o CPI for maiorque um, o projeto está progredindo acima do esperado por agregar mais valor em detrimentos dos custos incorridos no projeto, do contrário gastando mais do que o planejado (PMI, 2013). 122 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Quais conclusões que podemos extrair deste exemplo? Podemos afirmar, que o projeto gastou mais que o planejado para realizar as atividades apenas no primeiro mês, com variação negativa de custos (CV= -100,00) e desempenho abaixo do esperado (CPI= 0,94). Porém nos dois meses seguintes, a variação e desempenho demonstram-se acima do esperado em termos de custos. Portanto, de forma acumulada até o terceiro mês do projeto, podemos interpretar que para cada unidade monetária gasta, há 1,13 de valor agregado para determinado conjunto de atividades. Caso algum índice variar muito, a linha de base de custos deverá ser revista. Ainda, por meio da integração dos índices de desempenho do projeto em tempo (SPI – Schedule Performance Index) e custo (CPI – Cost Performance Index), podemos categorizar o projeto quanto ao seu desempenho. Veja a classificação apresentada na figura 26, lembrando que a meta é de CPI e SPI igual a um. Note que o Schedule Performance Index – SPI foi demonstrado no capítulo 3 deste caderno de estudos, enquanto o Cost Performance Index – CPI foi apresentado no presente capítulo. Figura 31 - Categorias do desempenho de projetos Fonte: Adaptado de Carvalho e Roque Rabechini Jr. (2011). Além disso, por meio da fusão destes dois índices: índice de desempenho do cronograma e índice do custo do projeto (SPI e CPI), podemos sintetizar o desempenho do projeto em um único índice, denominado Razão crítica (CR – Critical ratio) (ANBARI, 2003). Caso algum índice variar muito, a linha de base de custos deverá ser revista. 123 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 b) Cálculo de previsão Outro método para avaliar o desempenho do projeto é o cálculo de previsão ou forecasting, por meio de estimativas para conclusão (EAC – Estimation at Completion). A previsão de estimativas de término envolve projeções de condições e eventos futuros no projeto baseado na informação de desempenho atual do projeto, e informações disponíveis que podem impactar no futuro do projeto (PMI, 2013). As estimativas de conclusão são baseadas nos custos incorridos do trabalho completado e adicionado a uma estimativa (ETC – Estimate to Complete) para completar o trabalho remanescente. Estas informações são identificadas pelo gerente de projetos junto de sua equipe de trabalho, por examinar uma síntese das pendências do projeto através de fórmulas ou bottom-up. Para realizar tais estimativas, faz-se necessário o uso dos indicadores do EVM – Earned Value Management (PMI, 2013). Ainda, como benefício, esta técnica permite projetar o orçamento seguindo o ritmo de trabalho planejado ou de acordo com o ritmo exequível do projeto em questão, por meio dos indicadores de desempenho do cronograma e custo – SPI e CPI. Apresentamos as fórmulas mais utilizadas nesta técnica: Quadro 5 - Fórmulas do cálculo de previsão Previsão de orçamento para conclusão no ritmo do trabalho planejado EAC= AC + (BAC – EV) Previsão de orçamento para conclusão no ritmo do CPI EAC= BAC / CPI Previsão de orçamento para conclusão no ritmo do SPI e CPI EAC= AC + [(BAC – EV) / CPI x SPI)] Onde: - EAC (Estimate at Completion): é o custo total esperado para a conclusão do projeto, tomando o desempenho do projeto ao longo do tempo. - AC (Actual Cost): é o custo real/incorrido em determinado período de tempo. - BAC (Budget at Completion): orçamento esperado para a conclusão do projeto. - EV (Earned Value): é o valor agregado em determinado período de tempo. - SPI (Schedule Performance Index): índice de desempenho do cronograma. - CPI (Cost Performance Index): índice de desempenho do custo. Fonte: PMI (2013). Esta técnica é aplicável para qualquer projeto e irá fornecer ao gerente de projetos e a sua equipe sinais de alerta quanto às previsões de entrega do projeto. 124 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Cabe, a equipe, avaliar as tolerâncias aceitáveis e decidir ações contingenciais aceitáveis (PMI, 2013). c) Índice de desempenho para término (IDPT) O índice de desempenho para término ou To-Complete Performance Index (TCPI) é a projeção calculada do desempenho de custos que deve ser atingido no trabalho restante para alcançar um objetivo de gerenciamento especificado como na estimativa de término (EAC – Estimate at Completion) ou orçamento de término (BAC – Budget at Completion) (PMI, 2013). Portanto, o IDPT, mostra o índice de quanto de valor agregado vem sendo realizado dividido pela quantidade de atividades restantes (TRENTIM, 2011). Ou seja, qual o índice necessário para assegurar o alcance dos objetivos de término do projeto? Este índice demonstra esta informação. Apresentamos as fórmulas utilizadas nesta técnica: Quadro 6 - Fórmulas do Índice de desempenho para término (IDPT) IDPT baseado no orçamento para término (BAC) BAC= (BAC – EV) / (BAC – AC) IDPT baseado na estimativa de custo para término (EAC) EAC= (BAC – EV) / (EAC – AC) Onde: - EAC (Estimate at Completion): é o custo total esperado para a conclusão do projeto, tomando o desempenho do projeto ao longo do tempo. - AC (Actual Cost): é o custo real/incorrido em determinado período de tempo. - BAC (Budget at Completion): orçamento para a conclusão do projeto. - EV (Earned Value): é o valor agregado em determinado período de tempo. Fonte: PMI (2013). Tratando de um índice, quanto menor, melhor para a conclusão do projeto, pois indica um desempenho mais atingível quanto ao custo. Se o valor for um ou menos que um será facilmente atingível, no entanto, se o índice for maior que um deverá haver algum sacrifício em custo do projeto para cumprir as atividades no orçamento previsto (CARVALHO; ROQUE RABECHINI JR., 2011; PMI, 2013). Assim, a eficiência do custo do projeto deverá ser mantida até o término do projeto (PMI, 2013). Por exemplo, se o IDPT= 1,5, muito provavelmente será inatingível, pois você, terá de gastar apenas 50% do orçamento para completar as atividades pendentes dentro do orçamento. 125 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 Para complementar seus estudos no controle de custos sugerimos a leitura de dois casos. O primeiro aborda as experiências e lições aprendidas do governo e Secretaria de defesa da Suécia com o EVM – Earned Value Management na gestão dos projetos das aeronaves militares (ANTVIK, 2002). O segundo caso, aborda uma explicação acerca da aplicabilidade do EVM – Earned value management, e as vantagens, benefícios, críticas, fórmulas e métricas chaves (KANABAR, 2009). ANTVIK, S. Earned value management in Sweden: experiences and examples. Project Management Institute, 2002. KANABAR, V. Practical Calculation Of Delays And Cost Overruns. Project Management Institute, 2009. Atividade de Estudos: 1) Estudo de caso – Custos do projeto expansão comercial, adaptado de Maximiano (2009). A diretoria da Cat and Black deseja que você seja o responsável pelo planejamento dos custos do projeto de expansão comercial. A empresa está com um planejamento agressivo de vendas e prevê um crescimento de vendas equivalente a 40% ao ano. Portanto, a empresa conta com este projeto para suportar tal crescimento. Em uma estimativa inicial feita pelo analista sênior do projeto foram apresentados os seguintes valores de custos/despesas para cada uma das atividades (em valores monetários). Tabela 27 - Exercício – Custos do projeto Ativ. Dependente Duração(semanas) Custos dos materiais Custo de mão de obra Despesas de viagem Custo total A - 3 500 1.000 600 2.100 B - 5 2.000 2.000 1.000 5.000 C B 3 200 800 800 1.800 D A, C 4 1.000 2.000 1.800 4.800 E D 8 15.000 7.000 10.000 32.000 126 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos F C 2 200 600 200 1.000 G F 4 2.000 500 300 2.800 H F 2 3.000 2.000 2.0007.000 I B 5 1.000 2.000 1.000 4.000 J G 3 10.000 5.000 15.000 30.000 K F 3 800 200 500 1.500 Total 35.700 23.100 33.200 92.000 Fonte: PMI (2013). Ao término da oitava semana, o analista que acompanha o projeto com você tomou nota do controle de custos e identificou os resultados na tabela seguinte: Tabela 28 - Exercício – Acompanhamento dos custos do projeto Atividades Duração (semanas) % completo Custo real A 3 100% 1.500 B 5 100% 4.800 C 3 100% 2.100 D 4 80% 3.900 E 8 F 2 G 4 H 2 I 5 J 3 K 3 Total Fonte: PMI (2013). Com base nestas informações, você, como responsável deste projeto deve: a) Elaborar o orçamento do projeto por mês (considerar 4 semanas como 1 mês). Para tanto, considere o custo total de cada atividade distribuído uniformemente ao longo de sua duração. 127 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Apresentar a planilha de custos, assim como um gráfico da “curva S” ou baseline de custos do projeto. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Calcular e interpretar os seguintes indicadores para esse período: i. PV – planned value ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ii. EV – earned value ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 128 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos iii. AC – actual cost ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ iv. CV – cost variance ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ v. SV – schedule variance ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ vi. CPI – cost performance index ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ vii. SPI – schedule performance index ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ viii. BAC – budget at completion ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 129 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 d) Calcular a previsão de orçamento para a conclusão do projeto: i. No ritmo do trabalho planejado ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ii. No ritmo do CPI ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ iii. No ritmo do SPI e CPI ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ e) Identificar o Índice de Desempenho para Término (IDPT). i. Baseado no BAC ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ii. Baseado no EAC ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 130 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Algumas Considerações A discussão do gerenciamento de custos em projetos é sempre um tema recorrente no gerenciamento de projetos. De acordo com um estudo internacional, o The Standish Group identificou que 52,7% dos projetos obterão um custo na média de 189% acima da estimativa prevista (THE STANDISH GROUP, 2014). De acordo com esta perspectiva, este capítulo buscou fornecer mecanismos para obter o sucesso de projetos no quesito custos. Ao longo das seções, foram sugeridas técnicas e ferramentas de fácil aplicabilidade que fazem toda a diferença no processo de gerenciamento do projeto. Na primeira seção, abordamos o processo de planejamento e definição dos custos. Lembramos que as fontes de custos provêm das atividades estabelecidas no cronograma. Adicionalmente a estrutura analítica do projeto (EAP) e a declaração do escopo podem ser complementares neste processo. Desta forma, as fontes de custos são estabelecidas. Já, na segunda seção, de trabalho discutimos as estimativas de custos e um conjunto de técnicas e ferramentas para realizar tal processo. Abordamos a estimativa Bottom-up, por ser um dos principais métodos de mensuração para estimar os custos do projeto, pois avalia os custos de cada atividade. Ainda, enfatizamos o cálculo de reserva de contingência, embora seja mais adequado quando relacionado com a análise de riscos do projeto. O processo de desenvolvimento do orçamento do projeto foi abordado na terceira seção deste capítulo. Este processo, consiste em sintetizar os custos envolvidos por etapas temporais de início ou términodas atividades. Com este processo, podemos desenvolver a linha base de custos (cost baseline) ou curva S, que servirá para o controle e monitoramento do projeto. Ainda, na terceira seção, abordamos o fluxo de caixa como ferramenta do processo de orçamentação de projetos. Destacamos esta ferramenta como meio de análise dos recursos de caixa necessários ao projeto e decisão das fontes do capital. Ainda, a análise de investimentos faz uso do fluxo de caixa para demonstração da viabilidade econômica do projeto. Após finalizar este conjunto de processos que envolvem a etapa de planejamento do orçamento do projeto, passamos a etapa de execução e monitoramento e controle por avaliar o desempenho do projeto na dimensão custos. Na seção, denominada controle de custos, avaliamos três métodos de 131 Gerenciamento do CustoCapítulo 4 análise da variação e desempenho do custo do projeto que utilizam o EVM – Earned Value Management como base para o cálculo dos indicadores. Com este conjunto de conhecimentos, você, é capaz de desenvolver o orçamento de projetos por apontar custos relacionados às atividades do projeto e estabelecer um orçamento como linha de base dos custos. Além disso, você é capaz de controlar, monitorar e interpretar o desempenho e variações no custo das atividades planejadas do projeto. Com um arcabouço de técnicas e ferramentas, você, terá subsídios para agir pró-ativamente na correção ou prevenção de possíveis desvios ao longo do desenvolvimento de projetos. Apresentamos até aqui, um conjunto base do gerenciamento do escopo, tempo e custo que são intrinsecamente correlacionados e mutuamente dependentes. Por meio de casos apresentados ao longo dos capítulos, você, pôde perceber que é fundamental deter conhecimento destas metodologias para obter êxito nos projetos. No capítulo seguinte, vamos empregar estes conhecimentos com o uso do software MS Project. Referências ANBARI, F. T. Earned value project management method and extensions. Project Management Journal, v. 34, n. 4, p. 12–23, 2003. ANTVIK, S. Earned value management nn Sweden: experiences and examples. Project Management Institute, 2002. CARVALHO, M. M. DE; ROQUE RABECHINI JR. Fundamentos em gestão de projetos: construindo competências para gerenciar projetos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CASAROTTO FILHO, N.; KOPITTKE, B. H. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. DUBOIS, A.; KULPA, L.; SOUZA, L. E. DE. Gestão de custos e formação de preços: conceitos, modelos e instrumentos. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2008. GITMAN, L. J.; MADURA, J. Administração Financeira: uma Abordagem Gerencial. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2003. 132 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos HELDMAN, K. Gerência de Projetos: guia para o exame oficial do PMI. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. HIRSCHFELD, H. Engenharia econômica e análise de custos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. KANABAR, V. Practical Calculation Of Delays And Cost Overruns. Project Management Institute, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Administração de Projetos: Como transformar idéias em resultados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. PMI. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. New Square: Project Management Institute, 2013. THE STANDISH GROUP. The Standish group: the chaos report. Project Smart, p. 16, 2014. TRENTIM, M. H. Gerenciamento de Projetos: Guia para as certificações CAPM e PMP. São Paulo: Atlas, 2011. CAPÍTULO 5 Gerenciamento do Projeto com o Ms Project A partir da perspectiva do saber fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: 9 Reconhecer a importância de um software de gerenciamento de projetos (utilizando o MS Project). 9 Planejar o escopo, tempo e custo do projeto com uso do MS Project. 9 Desenvolver controles de gerenciamento do projeto com base no escopo, tempo e custo no MS Project. 134 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos 135 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Contextualização A esta altura da disciplina de Gerenciamento do Escopo, Tempo e Custo em Projetos você deve estar se perguntando: - Há um meio facilitador para operacionalizar todas estas técnicas abordadas ao longo dos quatro capítulos? Pois bem, existe sim, vários! Existem softwares que podem contribuir para uma melhor gestão do projeto. Os softwares têm utilidade valiosa no gerenciamento de projetos, pois reúnem um conjunto amplo de dados e que com poucos cliques fornecem informações de forma rápida e precisa. Agora você deve se perguntar: - Então, por que não abordamos o uso deste software desde o primeiro capítulo? A resposta é simples: - Porque você deve deter o conhecimento base do gerenciamento de projetos para operacionalizar no software. Assim, o software será uma ferramenta adicional para você gerenciar projetos! Decidimos utilizar o Microsoft Project em sua versão 2016 como uma alternativa de software para o gerenciamento do escopo, tempo e custo. Esta escolha foi devido à grande influência internacional do software na área de gerenciamento de projetos. Outra alternativa de software, ainda que menos difundida no Brasil, é o Oracle Primavera P6. Com base nesta premissa, este capítulo tem por objetivo fornecer subsídios para você melhorar o processo de gerenciamento de projetos, por integrar o planejamento, monitoramento e controle do escopo, tempo e custo em projetos. Desde já, reiteramos que este capítulo não se configura de um manual de uso do software, mas busca fornecer orientações básicas para que você possa desenvolver ou gerenciar projetos. Este capítulo está estruturado em duas seções: na primeira, vamos abordar o processo de planejamento do escopo, tempo e custo com o uso do MS Project; e em seguida, vamos discutir o processo de monitoramento e controle do projeto no MS Project. Bons estudos! 136 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Elaboração do Projeto com o Ms Project O Microsoft Project é um software de gerenciamento de projetos de renome internacional que auxilia na gestão de qualquer tipo de projeto. Independentemente do projeto que você irá gerenciar, cada projeto será único, embora você possa criar subprojetos (MOREIRA; BERNARDES, 2012). Apresentamos aqui, um conjunto de etapas que envolvem o planejamento do projeto com o uso do MS Project por meio do projeto: Desenvolvimento de produto de moda, como exemplo. Subdividimos as configurações e passos em tópicos para facilitar a compreensão da temporalidade dos procedimentos adotados. Tela Inicial Ao iniciar um novo projeto no MS Project, você estará na tela inicial, veja figura 32. Figura 32 - Tela inicial MS Project Fonte: O autor. Nesta primeira tela você tem: 137 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 a) Tópicos de trabalho: é uma área de fácil acesso para organizar os principais mecanismos de ações do software. Esta área possui as seguintes guias: - Tarefa: contém comandos para as atividades do projeto; - Recurso: reúne os comandos destinados aos recursos do projeto; - Relatório: integra comandos para gerar relatórios do projeto; - Projeto: comandos gerais para o projeto; - Exibir: comandos gerais do software; - Formato: comandos para apresentação do projeto. b) Tabela de entrada de dados: área destinada às entradas de dados (inputs); c) Área gráfica: área destinada ao desenho do cronograma do projeto. Pode ser configurada sob diferentes formas, por exemplo, o Gráfico de Gantt, Diagrama de rede, Calendário etc. Observe que a nomenclatura de “tarefa” para MS Project corresponde na “atividade”, conforme abordamos nos capítulos anteriores. a) Configuração do calendário Acesso: Guia Projeto > Alterar período de trabalho O calendário representa a configuração do horário disponível de cada recurso. O MS Project possui três tipos de calendário(Padrão, 24 horas e Noite), mas nada impede de você criar um novo calendário. 138 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Figura 33 - Configuração de calendário Fonte: O autor. Todos os calendários podem ser alterados conforme dias não trabalhados (folgas, feriados ou exceções), bem como na alteração do horário de trabalho em função das necessidades específicas do usuário. b) Configuração das Informações do projeto Acesso: Projeto > Informações do Projeto Este processo busca atualizar as datas do projeto com o calendário. Aqui, você tem a alternativa de escolha por agendar a partir da “Data de início do projeto” ou “Data de término do projeto”. 139 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Figura 34 - Configuração das Informações do projeto Fonte: O autor. c) Configuração das opções de agendamento Acesso: Arquivo > Opções > Cronograma Na sequência, configuramos as unidades de tempo para o cronograma, se horas, dias, semanas, meses etc. 140 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Figura 35 - Configuração das Informações do projeto Fonte: O autor. d) Construção da Estrutura Analítica de Projetos (EAP) O processo de construção da EAP no MS Project presume que já foram estabelecidos os requisitos do produto e projeto e validada a Declaração do escopo do projeto. Portanto, vamos entrar com os dados obedecendo aos critérios de ordem de pacotes de trabalho e as atividades. Note que você tem duas opções quanto ao modo da tarefa: automático ou manual. No modo automático, o MS Project, calcula as datas de início e término de cada tarefa de acordo com o calendário, restrições e dependências das atividades. Por sua vez, o modo manual não é realizado desta forma e permite que você aponte as datas de início e término de cada atividade. Após inserir todos os pacotes de trabalho e atividades, selecionamos as atividades que compõe um pacote de trabalho e aplicamos o recuo. Em seguida, podemos inserir as predecessoras das atividades. Note que a área gráfica vai se formando, conforme você faz o lançamento dos dados, mas não se preocupe com as datas, pois vamos tratá-las mais na frente. 141 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Figura 36 - Criação da Estrutura analítica de projetos (EAP) Fonte: O autor. e) Sequenciar atividades Este processo envolve o sequenciamento das atividades de acordo com a modalidade de início-término de cada atividade. Ao inserir as atividades note que o software já possui uma configuração padrão de sequenciamento das atividades – término-início, isto quer dizer, que uma atividade sucessora pode iniciar quando a predecessora terminar. As quatro modalidades foram apresentadas no capítulo 3 deste livro. O sequenciamento das atividades pode ser realizado de duas maneiras: • Tarefa > Propriedades > Informações: na guia predecessoras selecionar o tipo de sequência; • Na área gráfica dar um clique duplo sobre a seta do relacionamento e selecionar o tipo de sequência desejado para a atividade. 142 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Figura 37 - Sequenciamento das atividades Fonte: O autor. f) Duração das atividades O próximo passo consiste na digitação das durações das atividades. Observe que o gráfico de Gantt considera apenas os dias úteis para definir a data de início e término das atividades. Figura 38 - Duração das atividades Fonte: O autor. 143 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Note que estamos estimando a duração baseando nas atividades. Porém, caso houver distintos recursos com agendas diferentes, podemos configurar a disponibilidade de cada recurso em particular para a elaboração do cronograma. Na guia Projeto > Propriedades > Informações, podemos apontar algumas peculiaridades para as atividades. Diante de várias alternativas de configuração, chamo sua atenção agora, pelo campo de restrição na aba “avançado”, pois podemos estabelecer uma restrição de início ou término baseado em alguma data. Figura 39 - Restrições das atividades Fonte: O autor. Nesta mesma tela ainda podemos configurar os tipos de tarefa: • Unidades fixas: ao alterar a atribuição do recurso à atividade a duração da atividade será alterada na mesma proporção. • Durações fixas: ao alterar a atribuição do recurso à atividade a duração permanecerá fixa e a quantidade de recursos alterará na mesma proporção. • Trabalho fixo: ao alterar a quantidade de recursos atribuídos a uma atividade, a duração da atividade será alterada na mesma proporção (MOREIRA; BERNARDES, 2012). Vamos explorar as demais guias ao longo deste capítulo. 144 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Podemos utilizar o método da estimativa três pontos (PERT) para estimar a duração das atividades? Como realizar este processo com o MS Project? Caso você já tenha o suplemento PERT Add-in instalado pule a seção seguinte, caso contrário, veja como instalar o suplemento. g) Instalação do suplemento PERT O MS Project original não contempla o suplemento PERT (estimativa três pontos), cabendo a você, optar por utilizá-lo. Portanto, o primeiro passo é acessar ao site da Microsoft e realizar o download do suplemento PERT (para MS Project consulte por Project 2016 PERT Add-in). O segundo passo é instalar o suplemento. Você deverá extrair o arquivo comprimido e desbloquear todos os arquivos (Propriedades > Desbloquear). Figura 40 - Desbloqueio dos arquivos para instalação Fonte: O autor. 145 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Figura 41 - Instalação do suplemento PERT Fonte: O autor. Após instalação, ao abrir o MS Project você perceberá que há uma nova guia chamada “PERT Add-in”. Para utilizar esta ferramenta você deverá acessar o comando: PERT Add-in> Formulário de Entrada. Aqui, você, deverá informar o Nome da tarefa, Dur. Otimista, Dur. Esperada e Dur. Pessimista. Após dar entrada nestes dados, clique no comando “Calcular”. O software irá calcular a duração estimada de cada atividade. Figura 42 - Estimando a duração das atividades com o método PERT Fonte: O autor. Ao retornar na tela principal, note que o cronograma foi ajustado baseado na estimativa PERT. Ainda, caso você queira estabelecer um marco no cronograma, basta deixar uma atividade recuada à esquerda e com duração igual a zero. 146 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos h) Cadastro de recursos O processo de estimativa de recursos integra as áreas de tempo e custo em projetos. O MS Project trabalha com três tipos de recursos: • Recursos de trabalho: são os recursos humanos, máquinas e equipamentos; • Recursos materiais: são os suprimentos consumidos ao longo do projeto; • Recursos de custo: são itens de custos onde não é possível estabelecer uma taxa consumo ou definir um calendário de utilização. Um exemplo, seria o serviço de terceiros (MOREIRA; BERNARDES, 2012). Para inserir os recursos necessários no projeto, você deverá acessar: guia Recursos > Planilha de recursos. Nesta tela, você, deverá inserir todos os recursos envolvidos no projeto. Figura 43 - Cadastro de recursos Fonte: O autor. Há maneiras de alocar custos aos recursos. Para o tipo de recurso “Trabalho”, podemos associar os custos como: • Taxa-padrão: obtido por uma taxa horária de utilização do recurso; • Taxa por hora extra: obtido pela compensação do valor hora de hora extra; • Custo/uso: o custo é considerado fixo pelo uso do recurso na tarefa. 147 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Já o tipo de recurso “Material”, podemos utilizar as seguintes modalidades de associação de custos: • Taxa-padrão: refere ao valor unitário de cada material a ser associado nas atividades; • Custo/uso: o custo é considerado fixo pelo uso do recurso na tarefa. O tipo de recurso “Custo” representa um valor monetário fixo em função do uso do recurso da tarefa. Na guia Recurso > Informações, nós podemos realizar algumas configurações em relaçãoao recurso, como, por exemplo: • Tipo de reserva: se proposta ou já comprometido com a atividade do projeto; • Disponibilidade do recurso: se integral ou parcial na atividade do projeto (em percentual); • Período útil: disponibilidade da agenda deste recurso; • Anotações: informações complementares. Figura 44 - Configurações dos recursos Fonte: O autor. 148 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos i) Atribuir recursos às atividades Para associar um recurso à atividade, você, deverá afastar a área gráfica e visualizar a coluna “Nomes dos recursos”. Neste campo, vamos selecionar os recursos que compõem cada atividade. Ou ainda, pode atribuir recursos às atividades com o acesso à guia Recurso > atribuir recursos. Note que os recursos são destacados no gráfico de Gantt ao realizar o processo de atribuição dos recursos. Figura 45 - Configurações dos recursos Fonte: O autor. Note que o software identificou a superlotação de recursos com dois ícones em vermelho na lateral esquerda em função da duração das atividades. Isso acontece devido a falta de duas configurações adicionais: a disponibilidade do recurso para aquela atividade e devido à definição do tempo de trabalho. Na primeira, a disponibilidade do recurso para as atividades deverá ser alterada. Ao alterar a disponibilidade do analista de produto para 50%, você pode perceber que os ícones de alerta desaparecerão, pois o software entende a divisão do recurso para outras atividades, ou parcialidade do recurso no projeto. Já, a segunda configuração, se refere à distinção entre duração de entrega da atividade e o trabalho efetivamente realizado pelo recurso. Por exemplo, o recurso Designer possui outras atividades em outros projetos e rotinas diárias de trabalho e, portanto, tem um prazo de até 4 dias para entrega. No entanto, para realizar a atividade “Definir modelo, tecido e aviamentos do produto” levará por volta de 10h de trabalho. Isto nos leva numa importante distinção conceitual. 149 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Duração da atividade representa o período pelo qual a atividade deverá ser entregue, enquanto o trabalho é o período efetivamente trabalhado dos recursos. Por exemplo, ao contratar um serviço de consultoria, você pagará somente pelas horas efetivamente trabalhadas, não cabendo a você pagar pelo deslocamento e custos adicionais. Mas, para que o software entenda esta diferença, você deve adicionar uma coluna chamada “Trabalho”. Note que o software compreende este campo como sendo correlacionado com a duração das atividades. Para efetuar a desvinculação entre trabalho e duração, você deverá alterar o modo da tarefa para “manual”. Figura 46 - Configurações dos recursos Fonte: O autor. No próximo passo, vamos alterar a duração da quantidade de trabalho. Este processo é semelhante à alocação de custo do projeto, por apontar quantas horas será realizada cada atividade de custo. Pronto, a elaboração do cronograma e alocação de recursos às atividades foram realizadas com sucesso. Agora, você, possui o gráfico de Gantt pronto para o controle, o monitoramento na etapa seguinte do projeto. E, no acesso à guia Formato > Estilos de barra > Tarefas críticas, você obterá o caminho crítico do projeto, ou seja, aquele que caso haja atrasos, comprometerão a entrega do projeto (PMI, 2013). 150 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Figura 47 - Gráfico Gantt com caminho crítico Fonte: O autor. Até aqui, já possuímos o escopo, cronograma e orçamento desenvolvidos. Em seguida, vamos estabelecer a linha de base. Uma linha de base é uma referência do plano inicial do projeto (ou plano provisório) que pode ser definida para futuras comparações com o plano executado. Por meio da linha de base, podemos observar facilmente os desvios na execução do projeto (MOREIRA; BERNARDES, 2012). Para inserir uma linha de base, você deverá acessar a guia Projeto > Definir linha de base. Figura 48 - Gráfico Gantt com caminho crítico Fonte: O autor. 151 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 O MS Project permite até onze linhas de base para um projeto. Outra possibilidade é salvar um plano provisório, o qual consiste em salvar atividades selecionadas entre as datas de início e término ou de suas linhas de base. Vamos optar por definir uma linha de base do projeto inteiro. Note que o gráfico de Gantt recebeu uma linha adicional na cor cinza. Esta linha corresponde à linha base que acabamos de estabelecer. Agora, qualquer alteração no projeto da linha de base permanecerá inalterada. Caso o gráfico de Gantt permanecer inalterado, você deverá fazer a seguinte configuração: acessar a guia Formato > Estilos de barra > Linha de base e selecione a linha que você acabou de definir. Figura 49 - Definição da linha de base Fonte: O autor. Para obter acesso aos dados gerais do projeto, acesse a guia Projeto > Informações do projeto > Estatísticas. Neste local, você, tem os dados consolidados quanto à data de início e término, duração em dias e horas trabalhadas e o custo total em valores monetários. 152 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Figura 50 - Estatísticas do projeto Fonte: O autor. Muito bem! Finalizamos a etapa de planejamento do projeto, agora, passamos ao controle e monitoramento do projeto na próxima seção. Controle do Projeto com o Ms Project A etapa de controle do projeto é realizada no MS Project por meio da análise de variações no cronograma e orçamento. Já o gerenciamento do escopo, ocorre por meio do monitoramento contínuo das entregas, requisitos, e gestão das mudanças do projeto. Assim, o controle do escopo ocorre pela comparação direta do projeto e produto realizados com o os requisitos de cada um. A declaração do escopo do projeto é o documento ideal para realizar este monitoramento. Já o controle do tempo no MS Project pode ser realizado em diversas formas. Vamos apresentar aqui duas possibilidades: • % concluída: está relacionada à coluna Duração, portanto, se apontar 50% concluída em uma atividade de quatro dias, significa que dois dias da duração já foram consumidos. • % trabalho concluído: faz relação com a coluna Trabalho e, portanto, está relacionada aos recursos atribuídos de uma determinada atividade. Por exemplo: se em uma atividade de 4h for apontado 50% concluído, significa que restam apenas 2h para conclusão do trabalho. 153 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Para realizar este controle, você deverá inserir uma coluna e digitar o nome do campo – se % concluída ou % trabalho concluído. Figura 51 - Coluna de controle de trabalho e duração de atividades Fonte: O autor. Ao realizar o lançamento dos dados de controle do cronograma, perceba que o software cria uma terceira linha no gráfico de Gantt e vai indicando no canto esquerdo quando uma tarefa foi efetivamente concluída. Figura 52 - Conclusão das atividades Fonte: O autor. 154 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Para identificar os atrasos no gráfico de Gantt, selecione a opção “Margem de atraso” e “Tarefas atrasadas” na guia Formato > Estilos de barra. Conforme, os lançamentos dos dados de conclusão das atividades, os custos já são computados pelo software. Mas, para avaliar todos os itens de custos, podemos acessar a tabela de custos, para isso você deverá acessar: Exibir > Dados > Tabela > Custo. Na tabela de custos, você poderá acompanhar os custos de acordo com o lançamento de horas trabalhadas, bem como realizar ajustes nos gastos manualmente. Figura 53 - Tabela de custos Fonte: O autor. Observe que o software indica os custos totais por atividades e os compara com a linha de base para gerar a variação. Em seguida, podemos gerar relatórios para o controle e monitoramento do projeto. Acesse a guia Relatório > Ver relatórios. Apresentamos abaixo um relatório da visão geral de custo. Com este relatório é possível avaliar quanto jáfoi efetivamente gasto no projeto, o caixa restante, o % de atividades concluídas, status de custo e o progresso do projeto em relação ao custo. Ainda, outras informações poderão ser obtidas com os demais relatórios. 155 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 Figura 54 - Relatório de custos Fonte: O autor. Note que o cálculo do valor agregado ou EVM – Earned Value Management que abordamos no capítulo 3 e 4 poderá ser obtido no “Relatório de valor agregado”. Com esta ferramenta, você poderá acompanhar o desempenho ao longo do andamento do projeto. Figura 55 - Relatório de valor agregado Fonte: O autor. 156 Gerenciamento do escopo, tempo e de custos em projetos Tendo em vista que este capítulo não busca esgotar as oportunidades de aplicabilidade de técnicas e ferramentas no gerenciamento de projetos, sugiro as seguintes leituras de livros: ERICK W. LARSON; GRAY, C. F. Project Management: The Managerial Process with MS Project. 6. ed. New York: McGraw-Hill, 2014. CHATFIELD, C.; JOHNSON, T. Microsoft Project 2013: Step by Step. Washington: Microsoft Press, 2013. CHATFIELD, C.; JOHNSON, T. Microsoft Project 2016: Step by Step. Washington: Microsoft Press, 2016. CHATFIELD, C.; JOHNSON, T. Microsoft Project 2010: Step by Step. Washington: Microsoft Press, 2010. Vale ressaltar ainda, que o MS Project possui um campo “Ajuda” com explicações de funcionalidade de ferramentas e procedimentos gerais. O software também possui alguns modelos padrões (templates) ao qual você pode utilizá-los para desenvolver seus projetos. Algumas Considerações Este capítulo tem por objetivo fornecer uma visão geral do gerenciamento de projetos com a aplicabilidade de um software de gestão – MS Project. Utilizamos um simples projeto como base para lhe fornecer um exemplo de aplicação, embora você possa utilizar este software para qualquer tipo de projeto. Na primeira seção, abordamos um conjunto de etapas de configuração e planejamento do projeto. Para tanto, discutimos a construção das atividades do projeto pela EAP, definição da duração das atividades, cadastro e atribuição de recursos, e, definição da linha de base. Este conjunto de etapas fornece a você, estudante, um mapa geral de processos necessários para elaboração de um projeto. Já, na segunda seção, apresentamos a aplicabilidade do software quanto ao controle de projetos. Sinteticamente, você define uma linha de base que 157 Gerenciamento do Projeto com o Ms ProjectCapítulo 5 corresponderá ao projeto planejado e, conforme o projeto progredir, você introduz as informações de atualização de entrega, início e término das atividades. Durante o andamento do projeto, você poderá obter relatórios parciais de desempenho e avaliar possíveis variações. Ao término do projeto, você tem os dados consolidados. Você concluiu esta disciplina! Aproveite para utilizar este conjunto de conhecimentos obtidos ao longo deste livro para melhorar o gerenciamento de seus projetos! Referências CHATFIELD, C.; JOHNSON, T. Microsoft Project 2010: Step by Step. Washington: Microsoft Press, 2010. ______. Microsoft Project 2013: Step by Step. Washington: Microsoft Press, 2013. ______. Microsoft Project 2016: Step by Step. Washington: Microsoft Press, 2016. ERICK W. LARSON; GRAY, C. F. Project Management: The Managerial Process with MS Project. 6. ed. New York: McGraw-Hill, 2014. MOREIRA, M.; BERNARDES, S. Microsoft Project 2010: Gestão e desenvolvimento de projetos. São Paulo: Editora Érica Ltda., 2012. PMI. A Guide to the Project Management Body of Knowledge. 5. ed. New Square: Project Management Institute, 2013.