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J U N H O D E 2 0 2 1 P R O F. D I O G E N E S PA I VA NEOPLASIAS BENIGNAS E MALIGNAS DE CABEÇA E PESCOÇO, DOENÇAS CONGÊNITAS CERVICOFACIAIS E TRAQUEOSTOMIA Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia 2CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO PROF. DIÓGENES PAIVA APRESENTAÇÃO: Olá, querido(a) Aluno(a). Neste resumo abordarei a segunda parte dos temas relacionados à cirurgia de cabeça e pescoço, referentes ao livro 2. No livro 1, estão expostas a teoria e as questões sobre: manejo dos nódulos tireoidianos, câncer de tireoide e tireoidectomia. Em termos de incidência nas provas anteriores, estes foram os temas mais abordados sobre os assuntos dessa minha querida especialidade, conforme exposto no gráfico abaixo: 71% 15% 7% 7% Tireoide (Nódulo câncer cirurgia) Doenças congênitas cervico-faciais Traqueostomia Neoplasias malignas de CCP CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO NAS PROVAS Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia 3CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO @dr.diogenespaiva @estrategiamed /estrategiamed Estratégia MED t.me/estrategiamed No entanto, outros assuntos dessa especialidade também foram abordados. Apesar de menos frequentes, podem ser importantes para sua aprovação, merecendo uma revisão mais “rápida”. Como assuntos contemplados neste livro, temos as doenças congênitas cervicais, muito presentes tanto na prova de Pediatria quanto na de Cirurgia Geral. A traqueostomia, que também é recorrente nas provas de Cirurgia Geral, será o último capítulo a ser abordado. Por fim, teremos as neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço. Esses assuntos vêm aumentando sua participação nas provas para R1 a cada ano, apesar de ser um conteúdo muito extenso, se for estudado em todos os detalhes. Pela menor prevalência, focarei nos tópicos principais desses temas, mas preciso deixar a seguinte informação: todos os assuntos descritos no livro completo só estão lá porque caíram em provas anteriores. Assim, caso tenha tempo, uma leitura da versão completa dará um panorama de tudo o que caiu nos últimos anos. Vamos começar. https://www.instagram.com/dr.diogenespaiva/ https://www.instagram.com/profbruno.souza/ https://www.instagram.com/estrategiamed/ https://www.instagram.com/estrategiamed/ https://www.facebook.com/estrategiamed1 https://www.facebook.com/estrategiamed1 https://www.youtube.com/channel/UCyNuIBnEwzsgA05XK1P6Dmw https://www.youtube.com/channel/UCyNuIBnEwzsgA05XK1P6Dmw?app=desktop https://t.me/estrategiamed https://t.me/estrategiamed Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 4 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia SUMÁRIO 1.0 DOENÇAS CONGÊNITAS CERVICOFACIAIS 6 1.1. ATRESIA DE COANAS 6 1.2. ANORMALIDADES DOS ARCOS BRANQUIAIS 7 1.3. CISTO TIREOGLOSSO 8 2.0 TRAQUEOSTOMIA 10 2.1. INDICAÇÕES 10 2.2. TÉCNICA OPERATÓRIA 11 2.3. MANEJO PÓS-OPERATÓRIO 12 2.4. COMPLICAÇÕES 13 3.0 NEOPLASIAS BENIGNAS DE CABEÇA E PESCOÇO 15 4.0 NEOPLASIAS MALIGNAS DE CABEÇA E PESCOÇO 15 4.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS 15 4.2. CAVIDADE ORAL 16 4.4. LARINGE 17 4.5. RINOFARINGE 18 4.6. METÁSTASE CERVICAL DE TUMOR PRIMÁRIO OCULTO 18 5.0 NEOPLASIAS DAS GLÂNDULAS SALIVARES 19 6.0 ESVAZIAMENTO CERVICAL 21 6.1. DRENAGEM LINFÁTICA PREFERENCIAL 21 6.2. DEFINIÇÕES E TIPOS DE ESVAZIAMENTO CERVICAL 23 6.2.1. ESVAZIAMENTO CERVICAL SELETIVO 23 6.2.2. ESVAZIAMENTO CERVICAL RADICAL 23 6.3. COMPLICAÇÕES 23 Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 5 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia 7.0 MAPA MENTAL 25 8.0 LISTA DE QUESTÕES 26 9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 27 10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 28 Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 6 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia CAPÍTULO 1.0 DOENÇAS CONGÊNITAS CERVICOFACIAIS Iniciaremos agora o tema mais prevalente deste livro nas provas anteriores: as alterações cervicais congênitas. Elas podem estar presentes tanto nas provas de Cirurgia Geral quanto nas de Pediatria. Apresentam-se frequentemente como diagnósticos diferenciais de lesões nodulares cervicais e assimetrias faciais, bem como possíveis causas de obstrução nasal e estridor. Baseando-se na estatística das questões anteriores, vemos que o cisto tireoglosso foi disparadamente a doença congênita mais comum nas provas, seguido das anormalidades dos arcos branquiais e da atresia de coanas. Pela menor incidência, torcicolo congênito, hemangioma e higroma cístico não serão abordados neste resumo, embora todos já tenham caído anteriormente em provas. Os detalhes já cobrados estão descritos no livro completo. 1.1. ATRESIA DE COANAS A atresia coanal é a obliteração ou o bloqueio da abertura nasal posterior. Frequentemente está associada a anormalidades ósseas das placas pterigoideas, bem como no crescimento do terço médio da face. A maioria dos casos envolve obstrução óssea e membranosa em graus variados, ocorrendo em aproximadamente um a cada 7000 nascidos vivos, sendo mais comum em meninas do que meninos. Aproximadamente, dois terços dos casos são unilaterais e a apresentação clínica varia de acordo com o envolvimento de um ou de ambos os lados. Indivíduos com atresia coanal unilateral geralmente apresentam sintomas mais tardios, principalmente com manifestação de secreção e/ou obstrução nasal unilateral. Fonte: Shutterstock 0 5 10 15 20 25 30 35 40 TORCICOLO CONGÊNITO ATRESIA DE COANAS ANORMALIDADES DOS ARCOS BRANQUIAIS OSTO TIREOGLOSSO HEMANGIOMA HIGROMA CÍSTICO DOENÇAS CONGÊNITAS CÉRVICO FACIAIS Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 7 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia Nas provas, o que costuma cair é a apresentação bilateral. Nesses casos, verificamos a presença de rinorreia hialina associada à impossibilidade de passagem de sonda nasal, angústia respiratória e cianose cíclica. Esses sintomas apresentam como característica melhora com o choro e piora com a alimentação. A comprovação clínica dessa melhora com o choro é que, nesses momentos, a criança fica rosada. Após o término do choro, o trabalho respiratório torna-se intenso associado à cianose. Em alguns casos, verificamos apenas um desconforto respiratório após o choro, sem a cianose associada. O diagnóstico é suspeitado clinicamente através da sintomatologia descrita e pode ser confirmado através de exames de imagem e endoscopia nasal. O tratamento é baseado em intervenção cirúrgica o mais precoce possível para possibilitar uma alimentação adequada. Já foi descrita de forma errônea em questões prévias a utilização de corticoide venoso, CPAP nasal e óxido nítrico. 1.2. ANORMALIDADES DOS ARCOS BRANQUIAIS Essas alterações são decorrentes de fechamentos anormais dos arcos branquiais presentes na nossa formação embriológica e que são responsáveis por vários órgãos e estruturas do corpo. Ao apresentar um fechamento incompleto, pode ocorrer o desenvolvimento de cistos ou fístulas branquiais que se manifestam mais frequentemente durante a infância, embora também possam ocorrer na idade adulta. Tanto os cistos quanto as fístulas aparecem na região lateral da face e do pescoço, variando a apresentação clínica e a localização de acordo com o arco branquial que apresentou o fechamento incompleto. Fonte: Shutterstock 1. Cisto Branquial Os cistos branquiais representam quase 20% das massas cervicais na infância, ocorrendo geralmente no final da infânciaou no início da vida adulta. Fonte: Estratégia MED. Um dos principais gatilhos para a manifestação clínica dessas lesões é a ocorrência de uma IVAS. O cisto branquial ocorre por defeito no fechamento do 2º arco branquial. Os defeitos dos demais arcos branquiais manifestam-se frequentemente na forma de fístula e serão descritos no próximo tópico. Clinicamente, apresenta-se como: lesão nodular de consistência amolecida, localizada na região cervical lateral, entre os níveis II ou III, e anterior ao músculo esternocleidomastóideo. Também pode ser descrita como uma lesão próxima ao ângulo da mandíbula, indolor e de limites precisos. A bilateralidade é muito rara, sendo a maioria dos casos unilateral. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 8 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia Esse diagnóstico pode ser confirmado utilizando a ultrassonografia, que apresentará o aspecto cístico da lesão. Aprenda o aspecto de lesão cística no ultrassom, pois algumas bancas já solicitaram esse conhecimento. Também podemos utilizar a tomografia computadorizada em caso de cistos muito volumosos, para avaliação de sua extensão e contato com as estruturas cervicais adjacentes. Outra avaliação, complementar ao exame físico, é a realização de punção e aspiração do conteúdo do cisto. O conteúdo obtido é uma secreção de aspecto leitoso que, quando submetida ao esfregaço, apresentará um “brilho” na lâmina devido à presença dos cristais de colesterol. O tratamento é sempre com cirurgia, sendo necessária a ressecção completa do cisto, incluindo seu trajeto até a orofaringe. Essa região é a localização mais frequente de inserção entre os cistos do 2º arco e a mucosa. 2. Fistulas Branquiais As fístulas do primeiro arco branquial correspondem a < 1% das anormalidades branquiais e ocorrem tipicamente na região pré-auricular. Podem ser uni ou bilaterais, bem como apresentar contato com o conduto auditivo externo. No trajeto dessas fístulas, podem ocorrer infecções que levam à drenagem de secreção espessa e odor fétido. Outra possível manifestação das infecções é a formação de dilatações no trajeto fistuloso, originando lesões nodulares semelhantes aos cistos, chamadas de sinus pré- auricular ou coloboma aureus. As anormalidades do primeiro arco são anteriores ao nervo facial, também sendo tratadas com cirurgia, mas sem a necessidade de manipulação do referido nervo. O tratamento também é cirúrgico, através da remoção do orifício externo e de todo o trajeto da fístula, para evitar recidivas. 1.3. CISTO TIREOGLOSSO Agora começaremos o estudo do queridinho das provas de Residência e “líder de audiência” entre as lesões congênitas: o cisto tireoglosso. Está presente desde o nascimento, mas pode manifestar-se apenas após várias semanas, meses ou anos de vida. São as lesões da linha média do pescoço mais comuns em crianças em idade pré-escolar. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 9 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia O cisto tireoglosso é originado pela persistência do ducto tireoglosso. Esse ducto apresenta um importante papel durante nosso desenvolvimento embriológico. A tireoide apresenta sua origem embriológica próxima à base da língua. Em seguida, através do ducto tireoglosso, ela desce pela linha média cervical, apresentando íntimo contato com o osso hioide, até a chegada na sua localização habitual, anterior aos primeiros anéis traqueais. O que normalmente ocorre após essa descida é uma regressão total desse ducto, que já cumpriu sua missão e pode “descansar em paz”. Mas, em alguns casos, ele resolve persistir, fazendo com que fique latente essa bolsa em fundo cego em contato com o forame cego. Por essa razão, ele é sempre (nas provas) encontrado na linha média! Embora possa ocorrer em topografia da linha média, desde a base da língua até a glândula tireoide, a maioria é encontrada aderida ao osso hioide ou logo abaixo dele. Fonte: Shutterstock Nas provas anteriores, essa patologia se apresentou em questões com enunciados curtos, que trouxeram suas três características clínicas principais: • Lesão bem delimitada e/ou consistência fibroelástica e/ou aspecto cístico em crianças; • Localização na linha média; • Móvel cranialmente à deglutição e/ou protrusão da língua. Normalmente, esses cistos se apresentam sem sinais inflamatórios, embora possam evoluir com episódios de abscedação. Essa movimentação craniocaudal à deglutição também é chamada de manobra de Sistrunk. O exame complementar mais indicado nessa investigação é a ultrassonografia, por ser não invasivo, de fácil execução e conseguir definir o aspecto cístico. O tratamento é através de cirurgia. Ela apresenta uma peculiaridade que costuma ser cobrada nas provas. Pela grande proximidade do ducto tireoglosso com a porção central do osso hioide, quando se fazia apenas a remoção do cisto, como nas outras lesões de aspecto semelhante, ocorria um alto índice de recidiva. Até que um cirurgião chamado Sistrunk padronizou a cirurgia como: ressecção completa do cisto + porção central do hioide + remanescente do ducto até a base da língua. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 10 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia indicação ser do conhecimento de todos os médicos. Assim, trabalharei com você os principais tópicos abordados nas provas anteriores, para otimizar seu estudo e deixar “mastigado” o conhecimento solicitado para a resolução dessas questões. Então, vamos continuar nossa viagem. 2.0 TRAQUEOSTOMIA CAPÍTULO Esse tema é atraente para as provas, pois a traqueostomia é um procedimento realizado por todos os cirurgiões e otorrinolaringologistas, não sendo específica de nenhuma subespecialidade cirúrgica. Além disso, é bem cobrado nas provas pela possibilidade de ter indicações eletivas ou de urgência, devendo seus critérios de 2.1. INDICAÇÕES As indicações da traqueostomia foram o assunto mais abordado sobre esse tema nas provas anteriores. Um dos pontos mais abordados sobre sua indicação é que esse procedimento pode ser realizado de URGÊNCIA, mas nunca de EMERGÊNCIA. Assim, algumas questões sobre ATLS abordando o manejo da via aérea na emergência descreverão a realização de traqueostomia entre suas alternativas. Porém, o procedimento adequado para emergências é a cricotireoidostomia. As indicações de traqueostomia cobradas em provas anteriores estão expostas na tabela abaixo: Indicações de traqueostomia cobradas em provas anteriores • Paciente com intubação orotraqueal por mais de 7 dias, ou até 2 semanas (ainda não existe regra bem definida), para a prevenção de estenose e necrose traqueais. • Auxiliar tanto na higiene pulmonar realizada pela fisioterapia respiratória quanto nos cuidados orais nos pacientes em ventilação mecânica prolongada. • Prevenir aspiração crônica em condições patológicas que apresentem incapacidade de proteção das vias aéreas. • Obstrução aguda das vias aéreas superiores, secundária a trauma facial ou laríngeo (em situações de urgência e não de emergência). • Infecções profundas dos espaços cervicais. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 11 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia • Em cirurgias para ressecção de tumores de cabeça e pescoço, tanto no pré-operatório para possibilitar a intubação quanto no intraoperatório para prevenir insuficiência respiratória pelo frequente edema no pós-operatório. • Em pré-operatórios com anestesia geral, na impossibilidadede intubação do paciente (como em carcinomas de laringe). • No carcinoma anaplásico de tireoide é indicada de forma isolada antes da apresentação de sintomas respiratórios. • Doenças neurológicas, com baixo prognóstico e pouca possibilidade de autonomia do sistema respiratório apresen- tam indicação de traqueostomia precoce (exemplo: AVC extenso). • Grandes traumas, grandes queimaduras nas VAS e alguns casos de reações alérgicas graves. A principal indicação é a que está no topo dessa tabela, intubação prolongada, sendo esse conhecimento já cobrado por algumas bancas. 2.2. TÉCNICA OPERATÓRIA Os planos de dissecção necessários são: pele, tecido subcutâneo, platisma, rafe mediana e parede anterior da traqueia. Após a exposição da traqueia, os pontos de reparo para sua realização são: borda inferior da glândula tireoide, cartilagem cricoide e fúrcula esternal. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 12 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia A incisão traqueal deve ser realizada entre o segundo e o terceiro anéis traqueais, não devendo ser realizada nem entre o primeiro e o segundo, pela chance de estenose subglótica, nem abaixo do 4º anel, pelo risco de sangramento. Nos pacientes da UTI previamente intubados, que foram levados ao centro cirúrgico para a realização da traqueostomia, deve ser removido o tubo e colocada a cânula na própria sala de cirurgia, sem aguardar o retorno à UTI para fazer essa substituição. Após a introdução da cânula, não se deve suturar o subcutâneo e a pele ao redor da traqueostomia. Essas suturas poderiam levar a complicações, como o enfisema subcutâneo e o pneumomediastino. Não é necessário, no pós-operatório imediato, fazer curativo compressivo para evitar sangramento. Além disso, não devemos fixar a cânula com fio de sutura absorvível, para evitar a decanulação acidental. Esse fio pode se dissolver pelo contato com as secreções respiratórias, possibilitando a ocorrência da extrusão da cânula. Para essa fixação, podemos utilizar fio inabsorvível ou cadarço em ambos os lados da cânula, “abraçando” o pescoço. Fonte: Shutterstock 2.3. MANEJO PÓS-OPERATÓRIO No momento do procedimento cirúrgico, para proteção de aspiração de secreções ou sangue oriundos das vias aéreas superiores, utilizamos a cânula plástica (figura ao lado). Ela possibilita a conexão com a ventilação mecânica e apresenta um balão (cuff) que pode ser insuflado para realizar a referida proteção. Fonte: Shutterstock Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 13 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia O balonete da cânula plástica NÃO necessita se manter insuflado totalmente durante todo o tempo até a troca pela cânula metálica, existindo indicações específicas para a insuflação. Caso o paciente não necessite mais de ventilação mecânica (que precisa do cuff), ou na diminuição da possibilidade de aspiração, fazemos a troca pela cânula metálica (figura ao lado). A troca da cânula plástica pela cânula metálica pode ser realizada com segurança após o terceiro dia do procedimento, não necessitando aguardar semanas para essa substituição. Na maior parte dos casos, a utilização da traqueostomia é de forma provisória ou temporária, somente enquanto o critério que levou a sua indicação ainda estiver presente. Após a resolução da situação que levou à realização da traqueostomia, já podemos remover a cânula. A decanulação, tanto em crianças quanto em adultos, depende apenas do exame físico e avaliação de prognóstico, sem necessidade de nenhum exame complementar para essa tomada de decisão. Após a decanulação, ocorre fechamento do orifício traqueal e cutâneo em menos de 3 semanas. Esse fechamento acontece de forma espontânea, sem a necessidade de sutura cutânea. Se for realizada uma decanulação precoce e o cirurgião resolver suturar a pele, ocorrerá a formação de enfisema subcutâneo. Contudo, quando é feita uma decanulação com pelo menos uma semana após a traqueostomia, a fibrose peritraqueostoma já terá ocorrido. Com isso, seria possível utilizar as suturas cutâneas, embora não sejam necessárias pela ocorrência do fechamento espontâneo. Por ser uma cirurgia potencialmente contaminada, devido ao contato com as secreções das vias aéreas, a traqueostomia não apresenta indicação de antibióticos de forma profilática. 2.4. COMPLICAÇÕES Algumas complicações da traqueostomia também foram cobradas em provas anteriores e irei descrevê-las agora. A complicação mais temida da traqueostomia é a hemorragia maciça por trauma na artéria inominada. Artéria inominada é outro nome que se dá ao tronco braquiocefálico, primeiro ramo da aorta, e localiza-se anteriormente à traqueia na sua porção mais inferior. Fonte: Shutterstock Fonte: Shutterstock Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 14 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia Por isso as traqueostomias altas não levam a sangramentos significativos, mas as mais baixas, sim. Essa complicação justifica a contraindicação de realização da traqueostomia abaixo do 4º anel traqueal. Esse contato pode levar a uma corrosão da parede anterior da traqueia, e posteriormente da artéria. Em caso de identificação de sangramento pela artéria inominada, deve-se fazer uma compressão digital entre ela e a parede posterior do externo. Outra possível complicação é um sangramento peritraqueostoma sem relação com a artéria inominada. Contudo, geralmente não é uma complicação grave como os sangramentos inferiores. Também é comum a formação de granuloma peritraqueostoma, mas não é exuberante nem causa grandes repercussões na maioria dos casos. Durante o procedimento, pode ocorrer lesão das cúpulas pleurais, levando ao desenvolvimento de pneumotórax. Além disso, durante a introdução da cânula, pode ocorrer uma perfuração na parede posterior da traqueia, com possibilidade de associação a uma perfuração do esôfago e formação de uma fístula traqueoesofágica, sendo a última uma complicação de difícil controle. Estenose traqueal pode ocorrer tanto por uma intubação prolongada quanto por uma “traqueostomia alta”, por isso que não deve ser realizada a incisão no primeiro anel traqueal. “Para piorar”, as estenoses subglóticas (altas) apresentam um manejo mais difícil do que as baixas, justificando a localização da incisão nos anéis traqueais referidos anteriormente. Fonte: Shutterstock Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 15 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia CAPÍTULO CAPÍTULO 3.0 NEOPLASIAS BENIGNAS DE CABEÇA E PESCOÇO Foram cobrados, nos últimos anos, apenas 3 tumores benignos, com uma questão para cada um. São eles: papiloma invertido, papilomatose laríngea e nasoangiofibroma juvenil. Pela baixa prevalência nas provas, eles foram excluídos deste resumo. Mas, todo o conteúdo abordado sobre eles nas questões anteriores está na versão completa deste livro. 4.0 NEOPLASIAS MALIGNAS DE CABEÇA E PESCOÇO 4.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS Conheceremos agora as características sobre as neoplasias malignas de cabeça e pescoço. Mas, o foco deste capítulo são as neoplasias mucosas dessas regiões. Não abordaremos os tumores de pele (que serão tratados pela Dermatologia) e do sistema nervoso central (discutidos pela Neurologia), nem o câncer de tireoide, apresentado no livro 1 de cirurgia de cabeça e pescoço. O tabagismo é o principal fator de risco para essas neoplasias. O risco apresenta relação com a quantidade de cigarros fumados diariamentee a quantidade de anos com esse hábito. O tabagismo, quando associado ao etilismo, causa uma sinergia que potencializa os efeitos carcinogênicos das substâncias tóxicas existentes no cigarro. Além desses, outros fatores importantes já descritos em provas anteriores foram: desnutrição, síndrome de Plummer- Vinson, HPV, vírus Epstein-Barr e carcinógenos químicos. Epidemiologicamente, os homens são mais frequentemente acometidos do que as mulheres. Contudo, a incidência no sexo Fonte: Shutterstock feminino vem aumentando de forma significativa nos últimos anos, por um aumento do hábito do tabagismo nesse sexo. Os subsítios que apresentam maior mortalidade são: 1) Laringe > 2) Orofaringe > 3) Língua > 4) Outras partes de faringe > 5) Hipofaringe. O carcinoma epidermoide é o tipo histológico mais comum, seguido pelo adenocarcinoma e pelos linfomas. Pela grande drenagem linfática de boa parte dos sítios mucosos da cabeça e pescoço, é comum a presença de linfonodomegalia metastática como manifestação inicial isolada, ou associada aos sintomas locais do tumor. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 16 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia Os linfonodos metastáticos apresentam uma consistência endurecida e crescimento lento. Assim, quando o linfonodo tiver as características citadas no parágrafo anterior, é imperativo o rastreio para o diagnóstico de provável carcinoma. Nesses casos, não é necessária a realização de exames laboratoriais e sorologias para a identificação de possíveis linfonodomegalias de origem infecciosa. Fonte: Shutterstock Diante disso, devemos preferir a PAAF (punção aspirativa com agulha fina) ao invés da biópsia incisional do linfonodo acometido. A citologia pode confirmar o diagnóstico de malignidade através da avaliação de características celulares compatíveis com o carcinoma. A biópsia incisional do linfonodo cervical pode levar à contaminação por células tumorais de pele e do tecido celular subcutâneo. Fonte: Shutterstock Pontuaremos agora as características gerais sobre cada subsítio anatômico da cabeça e do pescoço que já foram cobradas nas provas anteriores. 4.2. CAVIDADE ORAL O primeiro conhecimento necessário é em relação ao tipo histológico preponderante nesse local, que é o mesmo da maioria das outras localizações da cabeça e pescoço. Esse tipo é o famoso carcinoma epidermoide, seguido pelo adenocarcinoma. Esses tumores podem se apresentar como lesões ulceradas com margens endurecidas, ou como uma massa que não cicatriza. Eles apresentam uma diversidade de sintomas, a depender da extensão da lesão, sendo comum a presença de dor, alteração na fala (por paralisia da língua) e disfagia. A língua é o subsítio mais acometido na cavidade oral, seguida pelo lábio inferior e assoalho bucal. Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a grande drenagem linfática dessa região, favorecendo o envio de metástase para linfonodos regionais. Essas metástases são identificadas entre 30% a 50% dos pacientes, mas dificilmente ocorre o envio direto de metástases à distância. O tratamento desses tumores deve ser cirúrgico sempre que possível e, na maioria das vezes, associado ao esvaziamento cervical, pelas características descritas no parágrafo anterior. Fonte: Shutterstock Fonte: Shutterstock Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 17 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia 4.4. LARINGE Por serem as neoplasias com maior mortalidade, os carcinomas de laringe foram abordados com maior frequência do que aqueles dos demais sítios da cabeça e pescoço. Entre os fatores de risco podemos ter, além dos tradicionais tabagismo e etilismo, os seguintes: ingestão de gorduras e carne salgada, exposições a cancerígenos ocupacionais e polimorfismos genéticos, refluxo gastrointestinal e antecedente familiar de tumores de cabeça e pescoço. Uma das principais características desse tumor é sua sintomatologia precoce, manifestada principalmente pela disfonia (rouquidão) nos tumores de glote (pregas vocais). Por isso, em todos os pacientes com rouquidão > 15 dias associada à história de tabagismo e etilismo, devemos suspeitar de câncer de laringe e realizar uma investigação adicional. Dispneia pode ocorrer nos casos avançados devido ao crescimento importante da lesão que leva a uma oclusão significativa do lúmen laríngeo. Fonte: Shutterstock Otalgia reflexa não é encontrada no câncer de laringe, sendo identificada de forma mais frequente nos tumores de orofaringe e hipofaringe. Essa condição decorre da estimulação de ramos do nervo laríngeo superior e do glossofaríngeo, que fazem anastomose nos gânglios de Arnold e Jacobson. Os referidos gânglios apresentam ramos aferentes da orelha média e pavilhão auricular, justificando a sensação de dor nessas regiões. Outra diferença dos tumores de laringe, em relação às demais localizações da cabeça e do pescoço, é que na glote, local mais comum dos tumores de laringe, existe uma pobre drenagem linfática, que não propicia o desenvolvimento de metástases linfonodais de forma precoce, como verificado nas outras regiões. Já a supraglote e a subglote apresentam uma rica drenagem linfática, propiciando o envio de metástases mesmo em tumores iniciais. O melhor exame para avaliação dos casos suspeitos é a laringoscopia, devendo ser solicitado antes de qualquer outro exame de imagem. Fonte: Shutterstock Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 18 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia 4.5. RINOFARINGE Os fatores de risco para essas neoplasias também apresentam uma diferença em relação aos demais, pois são causados por carcinógenos químicos e infecção pelo vírus Epstein- Barr, não sendo o tabagismo a principal causa como nos demais sítios mucosos das vias aéreas e digestivas superiores. A característica mais marcante desses tumores, e que já foi cobrada em provas anteriores, é sua grande capacidade de envio de metástases linfonodais. Além disso, esses tumores apresentam poucos sintomas locais nos estágios iniciais, sendo frequentemente diagnosticado com metástases cervicais volumosas e, em algumas situações, já concomitantes com metástases à distância. 4.6. METÁSTASE CERVICAL DE TUMOR PRIMÁRIO OCULTO A apresentação de neoplasias malignas das mucosas da cabeça e do pescoço ocorre quando se diagnostica um carcinoma num linfonodo cervical metastático, mas sem identificação do sítio primário responsável pelas metástases. Os sítios primários podem permanecer ocultos mesmo após a utilização de exames endoscópicos das vias aerodigestivas e vias respiratórias superiores, bem como após a realização de exames de imagem. O diagnóstico confirmatório da etiologia pode ser feito através da citologia por punção, evitando a possibilidade de disseminação neoplásica para pele e tecido subcutâneo com uma biópsia incisional. Fonte: Shutterstock Mas, apesar de o sítio primário não se manifestar clinicamente, nem ser identificado com os exames complementares, a metástase veio de algum lugar. O local mais comum de origem desses tumores é a loja amigdaliana, e pode ser realizada amigdalectomia para confirmação diagnóstica em casos suspeitos. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 19 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia CAPÍTULO 5.0 NEOPLASIAS DAS GLÂNDULAS SALIVARES Em semelhança com os sítios mucosos de cabeça e pescoço descritos anteriormente, as neoplasias das glândulas salivares não foram abordadas com muitafrequência nas provas anteriores, sendo verificadas apenas 4 questões nos últimos 5 anos em todas as provas do Brasil catalogadas por mim. A. Benignos Os tumores das glândulas salivares compreendem um grupo raro e diversificado de histologias benignas e malignas. A maioria dos tumores das glândulas salivares é benigna e ocorre na glândula parótida. O tumor benigno mais comum dessa glândula é o adenoma pleomórfico, ocorrendo em aproximadamente 75% dos casos. Como esses tumores costumam se localizar na porção superficial da glândula, a parotidectomia parcial é o tratamento de escolha, sendo associada a uma leve margem de segurança (mesmo sendo benigno) pela alta possibilidade de recidiva. B. Malignos A distribuição entre tumores benignos e malignos apresenta uma variação de acordo com a glândula salivar avaliada, e isso já foi questão de prova. As glândulas salivares maiores são: parótida, submandibular e sublingual. Além delas, existem outras chamadas de glândulas salivares menores (ou pequenas glândulas), distribuídas ao longo da mucosa da cavidade oral e faringe. Fonte: Shutterstock Distribuição das neoplasias nas glândulas salivares Glândula Benignos Malignos Parótida 75% 25% Submandibular 50% 50% Sublingual e pequenas glândulas 25% 75% Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 20 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia O tumor maligno mais comum da parótida é o carcinoma mucoepidermoide, sendo dividido em baixo grau e alto grau de malignidade, de acordo com suas características celulares associadas à capacidade de disseminação local e à distância. O carcinoma adenoide cístico é o tumor maligno mais comum das glândulas sublingual e glândulas salivares menores. Esse tumor pode ser do tipo cribiforme ou do tipo tubular, sendo o cribiforme o que possui pior prognóstico. Um carcinoma mucoepidermoide de lobo superficial, que não apresente metástases regionais/distância e seja de baixo grau pode ser tratado com lobectomia lateral (parotidectomia parcial) e preservação do nervo facial. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 21 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia CAPÍTULO 6.0 ESVAZIAMENTO CERVICAL Esse procedimento faz parte da terapêutica das neoplasias malignas de cabeça e pescoço, tendo sido abordados detalhes da anatomia cirúrgica e da técnica operatória em questões anteriores. É uma anatomia rica e importante para a realização adequada dessa cirurgia. Ao final deste capítulo, apresentarei as correlações entre as complicações cirúrgicas e as respectivas estruturas lesadas já abordadas em provas anteriores. Descrição detalhada sobre todas as estruturas anatômicas cobradas nas provas anteriores estão na versão completa deste livro. 6.1. DRENAGEM LINFÁTICA PREFERENCIAL Fonte: Shutterstock Cada sítio mucoso da cabeça e do pescoço possui uma drenagem linfática preferencial que é direcionada para determinados agrupamentos de linfonodos. Esse conhecimento é muito importante, pois quando for apresentada a identificação de um linfonodo cervical com aspecto metastático, pode-se guiar a busca de um possível tumor primário baseando-se nos referidos padrões de drenagem. Didaticamente, os linfonodos cervicais são divididos em níveis e, utilizando essa classificação, fazemos a descrição clínica das localizações. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 22 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia Descrição dos níveis cervicais Nível Ia Entre os ventres anteriores dos músculos digástricos Nível Ib Entre o ventre anterior e posterior do músculo digástrico, abrigando a glândula submandibular Nível II • Anterior: ventre posterior do músculo digástrico • Posterior: borda posterior do músculo esternocleidomastóideo • Inferior: o nível do osso hioide Nível III • Superior: nível do osso hioide • Inferior: músculo omo-hioideo • Posterior: borda posterior do músculo esternocleidomastóideo Nível IV • Superior: músculo omo-hioideo • Inferior: clavícula • Posterior: borda posterior do músculo esternocleidomastóideo Nível V • Anterior: borda posterior do músculo esternocleidomastóideo • Inferior: clavícula • Posterior: borda anterior do músculo trapézio Nível VI • Superior: osso hioide • Inferior: incisura supraesternal • Laterais: artérias carótidas Drenagens linfáticas preferenciais Cavidade Oral (incluindo área retromo- lar) Níveis I, II e III Orofaringe Níveis II, III e IV Hipofaringe Níveis II, III e IV Laringe Níveis II, III e IV Tireoide Nível VI e depois níveis de II a V (poupa nível I) Rinofaringe Níveis de II a V Couro cabeludo posterior Linfonodos occipitais (na região cervical posterior) Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 23 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia 6.2. DEFINIÇÕES E TIPOS DE ESVAZIAMENTO CERVICAL Os esvaziamentos cervicais podem ser divididos didaticamente em dois grandes grupos: os seletivos e os radicais. 6.2.1. ESVAZIAMENTO CERVICAL SELETIVO É realizado nos pacientes que não apresentam metástase clinicamente detectável. Nesses casos, o tamanho do tumor primário, associado à possível abundância de drenagem linfática no sítio acometido, pode indicar uma grande probabilidade de metástases subdiagnosticadas. Para tirarmos essa dúvida e tratarmos o paciente de forma completa, devemos realizar remoção dos linfonodos dos níveis de drenagem preferencial associada à remoção do tumor primário. Os esvaziamentos cervicais seletivos podem ganhar alguns “apelidos” baseados no grupo de linfonodos que eles incluem. O esvaziamento dos níveis de I, II e III realizado em tumores de cavidade oral é chamado de esvaziamento cervical supra omo- hioideo, em virtude de serem removidos todos os linfonodos “acima” desse músculo. Já os esvaziamentos dos níveis II, III e IV realizados em tumores de orofaringe, hipofaringe e laringe, por não incluírem o nível I (considerado central), são chamados de esvaziamentos cervicais laterais. 6.2.2. ESVAZIAMENTO CERVICAL RADICAL Outro tipo é o esvaziamento cervical radical. Esse é realizado quando são diagnosticadas metástases clinicamente detectáveis, independentemente do tamanho. O tratamento efetivo para essas situações é obtido através da remoção de todos os linfonodos dos níveis de I a V (não incluindo o nível VI nem os occipitais). Esse último tipo pode ainda ser dividido em esvaziamento radical clássico ou radical modificado. O esvaziamento radical clássico foi o primeiro tipo de esvaziamento a ser descrito. Nele, além de remoção de todos os linfonodos dos níveis de I a V, ainda são removidos o músculo esternocleidomastóideo, a veia jugular interna e o nervo acessório. 6.3. COMPLICAÇÕES As complicações/sequelas decorrente de lesões vasculares, nervosas e linfáticas passiveis de ocorrência durante ou após um esvaziamento cervical, e que já foram cobradas em provas anteriores, são: • Lesão do nervo espinhal/acessório (XI): Dificuldade de rotação do ombro ipsilateral ao esvaziamento, sem alterações na rotação cervical nem na movimentação do membro superior; Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 24 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia • Lesão do ducto torácico: Fístula quilosa, que é uma complicação relativamente grave; • Lesão do nervo vago (X par): Paralisia da hemilaringe ipsilateral ao esvaziamento; • Lesão do nervo frênico: Paralisia do diafragma levando à elevaçãoda hemicúpula diafragmática ipsilateral; • Lesão do hipoglosso (XII par): Paralisia da hemilíngua ipsilateral à lesão, com desvio da língua para o lado lesado durante a protrusão; • Lesão do ramo mandibular/marginal do nervo facial: Paralisia da comissura labial ipsilateral; • Lesão do plexo simpático cervical: Síndrome de Claude-Bernard-Horner, que é composta por: ptose palpebral, miose, enoftalmia, anidrose da hemiface ipsilateral, aumento da temperatura e hiperemia facial. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 25 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia CAPÍTULO 7.0 MAPA MENTAL Persistência do ducto tireoglosso (que é o ducto que leva na fase embriológica a tireoide, formada próximo à base da língua, a sua posição cervical denitiva) / Íntimo contato com o osso hioide Clinico / Vericação da manobra de sistrunk (mobilidade á deglutição) / Ultrassonograa conrma o aspecto cístico ETIOLOGIA ETIOLOGIA Mal formações linfáticas compostas por canais linfáticos dilatados ou cistos revestidos por células endoteliais. Os macrocísticos são o higroma cístico e os microcísticos linfangioma circunscrito O tratamento é sempre cirúrgico com ressecção completa do cisto e do trajeto até a orofaringe QUADRO CLÍNICO QUADRO CLÍNICO Massa grande, delimitada, translúcida e macia, coberta por pele normal, localizada na região cervico-facial, axila ou parede lateral do tórax DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO TRATAMENTO TRATAMENTO Cirurgia composta de ressecção completa do cisto + porção central do hioide + remanescente do ducto até a base da língua Lesões vasculares caracterizadas por uma fase de crescimento (proliferativa) e uma fase de involução (cicatrização) São os tumores vasculares mais comuns da infância / Mais comum no sexo feminino Se inicia com uma lesão que era papular e eritematosa que evoluiu para tumoração vermelho vivo, bem delimitada e não dolorosa / Pode ter crescimento indolente ou rápido Observação seriada com orientações dos familiares / Não tem indicação de cirurgia nem tratamento tópico Primeira linha: Propranolol / Segunda linha: corticoides sistêmicos e interferon alfa / Cirurgia: em casos de grandes preocupações estéticas ou cicatrizes dismórcas Lesão bem delimitada (ou nodular) na linha média, mobilidade cranio-caudal à deglutição ou protrusão da língua Obliteração ou o bloqueio da abertura nasal posterior (uni ou bilateral) / Óssea e membranosa / Unilateral geralmente apresentase mais tarde Suspeitado clinicamente / Pode ser confirmado por exames de imagem ou endoscopia nasal ETIOLOGIA ETIOLOGIA QUADRO CLÍNICO QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO ATRESIA DE COANAS AR CO S BR AN Q UI AI S Clínico Cirurgia para remover o orifício stuloso e todo o trajeto (para evitar recidivas) Fechamento incompleto dos arcos branquiais / Mais frequente com o 1o., 3o. e 4o. arcos Primeiro arco forma o sinus préauricular / Terceiro arco forma fístulas (cistos menos comuns) anteriores ao músculo esternocleidomastóideo / Quarto arco forma fístula posterior ao esternocleido CISTO TIREOGLOSSO TRATAMENTO TRATAMENTO Intervenção cirúrgica de forma precoce Rinorreia hialina / impossibilidade de passagem de sonda nasal / angústia respiratória / cianose cíclica / melhora com o choro e piora com alimentação ETIOLOGIA FÍSTULAS BRANQUIAIS CISTO BRANQUIAL HE M AN GI O M A ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO CASOS NÃO COMPLICADOS CASOS COMPLICADOS TRATAMENTO QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO Clínico Fechamento incompleto dos arcos branquiais / Mais frequente com o 1o., 3o. e 4o. arcos Primeiro arco forma o sinus préauricular / Terceiro arco formam fístulas (cistos menos comuns) anterior ao músculo esternocleido / Quarto arco forma fístula posterior ao esternocleido Clínico Quimioablação com OK-432 (não é cirúrgico) Clínico DOENÇAS CONGÊNITAS CERVICOFACIAIS Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 26 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia Baixe na Google Play Baixe na App Store Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ou busque na sua loja de apps. Baixe o app Estratégia MED Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula! Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação. Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser. Resolva questões pelo computador Copie o link abaixo e cole no seu navegador para acessar o site Resolva questões pelo app Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e acesse o app https://bit.ly/3jPYvD1 https://bit.ly/3jPYvD1 Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 27 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia CAPÍTULO 9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Gregory W Randolph, MD, FACSDipti V Kamani, MD. Thyroglossal duct cysts and ectopic thyroid. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 2. Kevin Emerick, MD. Differential diagnosis of a neck mass. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 3. Glenn C Isaacson, MD, FAAP. Congenital anomalies of the nose. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www. uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 4. Robert C Hyzy, MDJakob I McSparron, MD. Overview of tracheostomy. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www. uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 5. Henry T Hoffman, MD, MS, FACS. Salivary gland tumors: Epidemiology, diagnosis, evaluation, and staging. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 6. William M Lydiatt, MDJeanne M Quivey, MD, FACR. Salivary gland tumors: Treatment of locoregional disease. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 7. Robert C Hyzy, MD Jakob I McSparron, MD. Overview of tracheostomy. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www. uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 8. Bruce E Brockstein, MDKerstin M Stenson, MD, FACSShiyu Song, MD, PhD. Overview of treatment for head and neck cancer. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 9. Kerstin M Stenson, MD, FACS. Epidemiology and risk factors for head and neck cancer. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 10. Kerstin M Stenson, MD, FACSDaniel J Haraf, MD. Human papillomavirus-associated head and neck cancer. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www.uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 11. Kerstin M Stenson, MD, FACSDaniel J Haraf, MD. Paranasal sinus cancer. Post TW, ed. UpToDate. Waltham, MA: Uptodate Inc. https://www. uptodate.com (Acessed on May12, 2020). 12. GRANATO, Dr. Lídio; HASHIMOTO, Dr. Inácio Koji. Angiofibroma juvenil com evolução atípica. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São Paulo, v. 67, n. 6, p. 873-878, Nov. 2001. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003472992001000600019&lng=en&nrm=iso>. access on 01 July 2020. https://doi.org/10.1590/S0034-72992001000600019. 13. WUNSCH, Victor. The epidemiology of laryngeal cancer in Brazil. Sao Paulo Med. J. [online]. 2004, vol.122, n.5 [cited 2020-07-10], pp.188- 194. Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151631802004000500002&lng=en&nrm=iso>. ISSN 1806- 9460. https://doi.org/10.1590/S1516-31802004000500002. 14. DIEHL, A.; CORDEIRO, D. C.; LARANJEIRA, R. (Orgs.). Dependência química: prevenção, tratamento e políticaspúblicas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 554 p. https://doi.org/10.1590/S0034-72992001000600019 https://doi.org/10.1590/S1516-31802004000500002 Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 28 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia 10.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS CAPÍTULO Querido(a) Aluno(a), terminamos aqui mais essa jornada de aprendizado sobre os assuntos de Cirurgia de Cabeça e Pescoço abordados nas provas anteriores. Espero que tenha gostado do texto, memorizado as informações relevantes e aproveitado as questões comentadas para praticar esse conhecimento. A realização de uma boa Residência Médica, na especialidade que você escolheu, trará uma relação ainda mais satisfatória com o exercício desta nossa nobre profissão. Isso influenciará no seu equilíbrio geral e trará repercussões positivas em vários aspectos de sua vida. Mas, para chegar lá, existe um caminho que requer esse esforço realizado por você nesse momento. Em relação ao esforço necessário para obtenção de mudanças positivas na nossa vida, Sêneca, o filósofo do estoicismo, certa vez falou: “Trabalhe duro para pensar nas dificuldades, tempos difíceis podem ser suavizados e cargas pesadas tornam-se mais leves para aqueles que aplicam a pressão certa.” Não encare a prova como um obstáculo ou inimigo, mas sim como um instrumento que existe para fazer você obter os conhecimentos e a evolução necessários para ser digno da vaga na Residência Médica. Caso a preparação seja deficiente, ou sem o esforço necessário, a prova será um momento de grande dificuldade. Contudo, as batalhas não são vencidas no momento da guerra, mas durante a preparação. Baseado nisso, continue vencendo uma pequena batalha a cada dia, e certamente o momento da prova será apenas para celebrar a vitória sobre cada uma dessas batalhas. Nessa caminhada, eu e toda a equipe do Estratégia MED estamos ao seu lado, ajudando-lhe no Fórum de Dúvidas e no Instagram (@ prof.diogenespaiva). Conte sempre conosco, descanse a mente e até o próximo livro. Estratégia MED Prof. Diógenes Paiva | Resumo estratégico | Junho 2021 29 CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO Neoplasias benignas e malignas de cabeça e pescoço, Doenças congênitas cervicofaciais e Traqueostomia https://med.estrategiaeducacional.com.br/ 1.0 Doenças Congênitas Cervicofaciais 1.1. Atresia de Coanas 1.2. Anormalidades dos Arcos Branquiais 1.3. Cisto Tireoglosso 2.0 Traqueostomia 2.1. Indicações 2.2. Técnica Operatória 2.3. Manejo pós-operatório 2.4. Complicações 3.0 Neoplasias Benignas de Cabeça e Pescoço 4.0 Neoplasias Malignas de Cabeça e Pescoço 4.1. Características Gerais 4.2. Cavidade Oral 4.4. Laringe 4.5. Rinofaringe 4.6. Metástase Cervical de Tumor Primário Oculto 5.0 Neoplasias das Glândulas Salivares 6.0 Esvaziamento Cervical 6.1. Drenagem Linfática Preferencial 6.2. Definições e Tipos de Esvaziamento Cervical 6.2.1. Esvaziamento Cervical Seletivo 6.2.2. Esvaziamento Cervical Radical 6.3. Complicações 7.0 Mapa Mental 8.0 Lista de Questões 9.0 Referências bibliográficas 10.0 Considerações Finais
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