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fonoaudiologia_oncologica

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Brasília-DF. 
Fonoaudiologia oncológica
Elaboração
Karlla Cassol
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER .............................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO EM CÂNCER ...................................................................... 11
CAPÍTULO 2
DISTÚRBIOS NA ÁREA DA FONOAUDIOLOGIA DECORRENTES DO CÂNCER .............................. 15
UNIDADE II
CÂNCER ............................................................................................................................................. 35
CAPÍTULO 1
CONCEITOS TEÓRICOS SOBRE O CÂNCER ............................................................................. 35
UNIDADE III
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO .............................................................................................................. 41
CAPÍTULO 1
TRATAMENTOS DO CÂNCER ................................................................................................... 50
CAPÍTULO 2
REABILITAÇAO FONOAUDIOLÓGICA ....................................................................................... 76
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 86
ANEXO 1 ......................................................................................................................................... 87
ANEXO 2 ......................................................................................................................................... 92
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
A Fonoaudiologia, com atuação em Oncologia, é considerada uma nova área de atuação, 
centrada, principalmente, na atenção a pacientes submetidos a cirurgias e tratamento 
oncológicos de cabeça e pescoço. O tratamento para o câncer, incluindo a cirurgia, a 
quimioterapia e a radioterapia, pode ter como consequência alterações na cavidade 
oral, faringe, laringe e sistema nervoso, causando dificuldades na comunicação oral e 
na alimentação.
O fonoaudiólogo é o profissional responsável pela comunicação, incluindo a fala, 
audição, expressão facial, assim como pela alimentação, mais exatamente, o ato de 
engolir, a deglutição. 
No processo de reabilitação oncológica, tanto pré, durante e pós tratamento, os 
pacientes podem apresentar alterações em quaisquer dessas funções. É competência 
fonoaudiológica avaliar, identificar, diagnosticar as sequelas decorrentes do tratamento 
e intervir visando à melhora das funções orofaciais desses pacientes. 
É importante considerar que, muitas vezes, não somente a lesão gerada pelo tumor em 
si gera alterações, mas também as diferentes formas de tratamento, que muitas vezes 
geram alterações significativas, de comunicação e deglutição no paciente. Exemplo 
dessas formas de tratamento são as sondas de alimentação e a traqueostomia que 
podem dificultar a alimentação e fala do paciente.
Dessa forma, independente da localização e extensão do tumor, e opção de tratamento 
oncológico, as sequelas geradas interferem principalmente nas funções de fala e 
deglutição, e geram consequências negativas ao bem-estar físico, emocional e psíquico 
do indivíduo. 
Nesse sentido, é função do profissional fonoaudiólogo auxiliar na recuperação das 
funções naturais das estruturas orofaciais, desenvolvendo mecanismos compensatórios, 
possibilitando a recuperação da melhor condição possível para desempenhar as funções 
de mastigação, deglutição e fala. O melhor desempenho dessas funções é essencial na 
alimentação e no uso da comunicação oral, visando à melhora da qualidade de vida. 
A reabilitação fonoaudiológica de pacientes oncológicos – de cabeça e pescoço – inicia 
após o tratamento proposto pela junta médica (cirurgia, radioterapia, quimioterapia, 
ou associação de métodos terapêuticos) e é planejada de acordo com as dificuldades 
apresentadas pelo paciente, sendo as mais comuns as alterações do sistema sensório 
motor oral, as disfonias e as disfagias.
8
Objetivos
 » Reabilitar os pacientes oncológicos de cabeça e pescoço que apresentam 
alterações fonoaudiológicas.
 » Avaliar as possíveis complicações fonoaudiológicas em pacientes 
oncológicos de cabeça e pescoço.
 » Planejar a reabilitação fonoaudiológica de pacientes oncológicos de 
cabeça e pescoço que apresentam alterações fonoaudiológicas.
 » Reabilitar, em nível fonoaudiológico, pacientes oncológicos de cabeça e 
pescoço.
 » Proporcionar aos pacientesoncológicos de cabeça e pescoço melhor 
qualidade de vida/sobrevida.
9
UNIDADE IFONOAUDIOLOGIA 
E CÂNCER
De acordo com a constituição, Decreto no 87.218 (BRASIL, 1982) que regulamenta 
a Lei no 6.965, de 9 de dezembro de 1981, que dispõe sobre a regulamentação da 
profissão de fonoaudiólogo, e determina outras providências, o Art. 3o que relata sobre 
as competências do fonoaudiólogo, determina que cabe a ele desenvolver trabalho de 
prevenção no que se refere à área de comunicação escrita e oral, voz e audição, participar 
de equipes de diagnóstico, realizando a avaliação, terapia e aperfeiçoamento nessas 
áreas, entre outras providências. 
Sendo assim, o profissional fonoaudiólogo é habilitado, também, para avaliação e 
reabilitação dos distúrbios de fala, audição, voz, deglutição e motricidade orofacial, 
decorrentes do tratamento do câncer. A atuação do fonoaudiólogo junto ao paciente 
com câncer de cabeça e pescoço, principalmente nos casos de câncer de laringe, vem 
crescendo consideravelmente nos últimos anos.
Por envolver essas estruturas anatomofisiológicas, são os casos de câncer de cabeça e 
pescoço (CCP) os de maior área de demanda do atendimento fonoaudiológico. O impacto 
do CCP nessas estruturas e funções está diretamente relacionado à extensão da cirurgia, 
do tipo de reconstrução realizada e da combinação com o tratamento radioterápico e 
quimioterápico. 
Esses tratamentos podem envolver as regiões de lábios, boca (mucosa, gengivas, 
palato duro, língua, assoalho de boca), orofaringe (tonsilas palatinas, palato mole, 
base da língua), cavidade nasal e seios paranasais, nasofaringe, hipofaringe, laringe e 
glândulas salivares. Como consequências, dependendo do local e extensão do tumor, 
pode haver acúmulo de secreções, disfagia, aspiração, redução de paladar, problemas 
dentários e mudanças na quantidade de saliva, dificultando a fala, a voz, a mastigação 
e a deglutição. 
Em especial, as dificuldades alimentares decorrentes da disfagia (alteração no processo 
de deglutição) podem isolar o paciente do convívio familiar e social durante as refeições. 
Nesses casos, o ato de comer, que costuma ser prazeroso, passa a ser realizado com 
privação. Bem como, as sequelas vocais (alterações na voz) implicam diretamente na 
comunicação oral, essencial na manutenção do convívio social.
10
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
Figura 1.
Fonte: <www.centraldafonoaudiologia.com.br>.
11
CAPÍTULO 1
Atuação do fonoaudiólogo em câncer
O enfoque do tratamento fonoaudiológico é direcionado, portanto, às sequelas dos 
tratamentos utilizados para o combate ao câncer e não à doença em si. O fonoaudiólogo 
tem o papel de auxiliar a mobilização natural do organismo do próprio paciente, 
desenvolvendo mecanismos compensatórios, possibilitando a recuperação da melhor 
condição possível para desempenhar as funções de mastigação, deglutição e fala. O melhor 
desempenho dessas funções é essencial na alimentação e no uso da comunicação oral, 
visando à melhora da qualidade de vida.
A atuação fonoaudiológica inicia no atendimento e aconselhamento pré-operatório, 
quando o paciente é informado sobre as possíveis sequelas da cirurgia indicada e sobre 
o seguimento do tratamento fonoaudiológico e no pós-operatório para reabilitação da 
fala, voz, audição, deglutição e motricidade orofacial. Essas etapas podem ser descritas 
da seguinte forma:
1. Acompanhamento pré-operatório (ou pré-tratamento): na área 
fonoaudiológica, a orientação pré-operatória tem como objetivo principal 
estabelecer vínculo inicial com o paciente, promovendo suporte e 
segurança tanto para o paciente, como para os familiares. Além disso, 
cabe ao fonoaudiólogo avaliar as habilidades de comunicação e deglutição, 
fornecer informações sobre a produção normal da fala e deglutição, e, 
finalmente, preparar para a cirurgia, conscientizando o paciente sobre a 
possibilidade de ocorrer a perda ou alteração da voz e/ou da deglutição. 
A orientação familiar nesses casos é indispensável considerando que o 
sucesso da reabilitação está intimamente relacionado com as atitudes dos 
familiares frente às dificuldades do paciente e ao seu esforço para falar e 
deglutir.
2. Acompanhamento pós-operatório: após a cirurgia, analisando a 
dimensão da área ressecada, pode avaliar e analisar as sequelas geradas. 
Nesse momento, também é realizada a acolhida ao paciente pós-cirúrgico, 
bem como são realizadas as orientações necessárias que impliquem em 
maior conforto ao paciente e seus familiares. 
3. Reabilitação fonoaudiológica: a reabilitação propriamente dita, 
geralmente, inicia-se 15 dias após a cirurgia, caso não haja complicações. 
É usualmente realizada uma avaliação clínica e instrumental precisa 
12
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
de todas as estruturas e funções remanescentes, e quando necessário, 
encaminha-se para exames complementares. O planejamento 
terapêutico deve contemplar as particularidades presentes em cada 
caso, considerando a peculiaridade da adaptação de cada indivíduo. 
Os pacientes são atendidos individualmente em sessões com tempo 
predeterminado (usualmente utiliza-se de trinta a quarenta minutos). 
Conforme as dificuldades apresentadas, a frequência poderá ser semanal, 
quinzenal ou mensal. 
Considerando que as principais sequelas que acometem os pacientes com CCP é a disfagia 
e a limitação na comunicação, algumas adaptações são necessárias. Nos casos de lesões 
que acometem a deglutição, ocasionando uma disfagia que pode ser de diferentes graus, 
é possível que esse paciente retorne da cirurgia com sondas oro ou nasogástricas. 
Nesses casos o principal objetivo da terapia fonoaudiológica será a retirada dessa sonda 
e o restabelecimento da alimentação via oral. O prognóstico dependerá da extensão da 
lesão e da determinação e comprometimento do paciente, sendo gradativa, com a inserção 
de diferentes consistências alimentares, verificando qual fornece mais segurança ao 
paciente, e também, são realizadas manobras compensatórias, possibilitando conforto 
e segurança ao engolir. 
Nas alterações de fala, consequentes de lesões em cavidade oral, tais como, ressecção 
ou sequelas do tratamento de radioterapia em região de língua, palato duro e mole, 
bochecha, lábios e outros, há comprometimento da articulação e intelegibilidade da 
fala propriamente dita. Nesses casos, a reabilitação tem como principal objetivo a 
maximação das estruturas remanescentes, voltadas a compensar as dificuldades, bem 
como o desenvolvimento de articulações compensatórias visando a uma boa produção 
de fala, e a desativação de compensações que possam estar contribuindo negativamente 
na clareza da fala. 
As alterações de voz, sequelas de ressecção e radiação nas estruturas laríngeas, que 
impactam significativamente na qualidade de comunicação oral, ocasionando desde 
leves disfonias até a afonia total, a reabilitação tem como meta principal restabelecer a 
comunicação por meio do uso da fala e voz. Para tal, são trabalhadas desde a respiração, 
a capacidade fonatória, a articulação e fala e a intensidade vocal, comprometendo a 
compreensão e inteligibilidade da fala. As principais lesões em local laríngeo são 
decorrentes de cirurgias denominadas laringectomias, que podem ser parciais ou totais.
As laringectomias totais têm como consequência a perda do mecanismo fonatório 
básico, implicando na privação do individuo de expressar emoções e ideias por meio de 
sua voz. Nesse caso, o objetivo é oferecer uma forma alternativa de comunicação, como 
a voz esofágica (que pode ser produzida pelo esôfago) e quando possível, trabalhar a 
13
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
fala usando equipamentos auxiliares para a produção da voz, como a laringe eletrônica 
e a válvula de fala. Veremos mais sobre essas alternativas em: reabilitação!
Como podemos compreender, a reabilitação fonoaudiológica, de forma geral, objetiva 
restabelecer a comunicação e a alimentação do paciente da forma mais rápida e segura 
possível, por meioda adequação de funções, respeitando os limites anátomo-funcionais 
impostos pelo tratamento realizado, otimizando as possibilidades do paciente, na tentativa 
de inseri-lo na sociedade como comunicador e adaptado às situações de alimentação, 
promovendo bem-estar físico, emocional, social e profissional, melhorando, assim, sua 
qualidade de vida. 
É importante considerar que o paciente sente confiança no terapeuta, ele percebe e 
sente confiança naquele profissional que transmite seriedade, que compreende as 
suas dificuldades e que se empenha para lhe proporcionar a melhor qualidade de vida 
possível. O paciente com câncer geralmente se sente fragilizado, necessitando que os 
profissionais a sua volta lhe mostrem o sentido de viver (VICENTE, 2000). A atuação 
do fonoaudiólogo não deve se limitar ao paciente. Muitas vezes, a intervenção junto 
aos familiares se faz necessária. A relação familiar, com frequência se desestabiliza 
fazendo com que os familiares se sintam despreparados para agir com seu parente 
doente. O desconhecimento do que e de como fazer para ajudar na recuperação, 
acabam por isolar o paciente da família. Outras vezes, a família se isenta do processo de 
recuperação e assume um comportamento excessivamente zeloso para com o paciente. 
Cabe ao fonoaudiólogo orientar a família e fazer com que ela participe ativamente da 
reabilitação do doente (BARROS et al., 2000).
Indicar e ajudar o paciente na escolha do meio para a sua reabilitação também é função 
do fonoaudiólogo. Nas laringectomias totais, por exemplo, o fonoaudiólogo deve 
expor ao paciente os recursos terapêuticos disponíveis e auxiliá-lo na escolha do meio 
de reabilitação vocal que melhor se adapte a ele, especificamente. A não apresentação 
de todos os recursos de produção vocal alaríngea é, no mínimo, uma atitude antitética 
e centralizadora. A opção final deve ser sempre do paciente. Em outros casos, como nas 
laringectomias com disfagia, cabe ao fonoaudiólogo determinar a terapêutica adequada, 
sendo de extrema importância que o paciente esteja conscientizado das razões para que 
se estabeleça um perfeito elo de colaboração (BARROS et al., 2000).
Quando inserido em uma equipe multidisciplinar, características desses centros de 
intervenção e reabilitação oncológica, devido à complexidade do caso, a função do 
fonoaudiólogo não se restringe apenas à reabilitação do paciente. O fonoaudiólogo 
tem capacitação teórico-prática para auxiliar e contribuir com os demais membros da 
equipe, como os cirurgiões de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas, cirurgiões 
14
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
buco-maxilo-faciais, nutricionistas entre outros, no que se refere ao diagnóstico, 
prognóstico e terapêutica. Para tanto, é necessário, mais uma vez, enfatizar a importância 
do amplo conhecimento por parte do fonoaudiólogo sobre as deficiências funcionais 
acarretadas por cada uma das modalidades de tratamento: cirurgia, radioterapia e/ou 
quimioterapia (VICENTE, 2000). 
O fonoaudiólogo deve reconhecer as estruturas remanescentes que podem participar 
das funções de comunicação e alimentação e os recursos de reabilitação a serem 
empregados. Dessa forma, o fonoaudiólogo, nas reuniões clínicas, deve ter habilidade 
para discernir sobre as possibilidades fonoterápicas existentes no contexto de um 
planejamento terapêutico global, e juntamente com os demais membros da equipe, 
ajudar na indicação médica, considerando a futura qualidade de vida do paciente e 
as reais possibilidades dele se reintegrar socialmente. Porém, o reconhecimento da 
importância do fonoaudiólogo como um dos membros da equipe multidisciplinar que 
cuida do paciente com câncer, será sempre decorrente de um trabalho responsável e 
respaldado cientificamente (BARROS; VICENTE et al., 2000). 
Diante do exposto, fica claro que o papel do fonoaudiólogo deve ir além do ato de 
reabilitar as sequelas funcionais inerentes ao tratamento oncológico. O fonoaudiólogo 
deve ter também uma ação participativa junto à equipe multiprofissional e uma ação 
de orientação e esclarecimento junto ao paciente e seus familiares. Além disso, cabe ao 
fonoaudiólogo uma atuação voltada à pesquisa científica para que a Fonoaudiologia 
cresça com respeito e dignidade também na Oncologia. 
Figura 2.
Fonte: <www.centraldafonoaudiologia.com.br>.
15
CAPÍTULO 2
Distúrbios na área da Fonoaudiologia 
decorrentes do câncer
Vamos relembrar um pouco sobre a anatomia da laringe?
Situada na região infra-hioídea, abaixo da faringe e acima da traqueia, a laringe é uma 
parte do aparelho respiratório, altamente diferenciada, formada por um arcabouço 
musculocartilaginoso. Ela desempenha as funções de respiração, fonação, além da 
função esfincteriana.
Figura 3.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
São nove as cartilagens da laringe: 
 » Três ímpares e medianas: 
 › cartilagem tireoide;
 › cartilagem cricoide;
 › cartilagem epiglote. 
16
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
 » Seis pares e laterais: 
 › cartilagens aritenoides;
 › cartilagens corniculadas de Santorini;
 › cartilagens cuneiformes ou de Wrisberg. (Essas últimas não são 
constantes).
As diferentes peças cartilaginosas que acabamos de descrever estão unidas entre si, 
ora por simples ligamentos, ora por verdadeiras articulações, que um certo número de 
músculos põe em movimento.
Figura 4.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
Divisão da Laringe
A laringe é dividida em três regiões. 
 » A região glótica: compõe o espaço virtual entre as duas cordas vocais. 
 » A região supraglótica: estende-se das cordas vocais até a abertura 
superior da laringe, que compreende a borda livre da epiglote, as pregas 
aritenoepiglóticas e os vértices das cartilagens aritenoides. 
17
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
A superfície interna da região supraglótica apresenta em suas paredes 
laterais as falsas cordas vocais ou bandas ventriculares, que normalmente 
não apresentam função fonatória e delimitam com as cordas vocais 
verdadeiras um espaço denominado de ventrículo de Morgagni.
Figura 5.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
 » A região infraglótica: vai das cordas vocais até o plano que passa pela 
borda inferior da cartilagem cricoide. 
Os músculos da laringe são os tireoaritenóideos, que constituem as próprias cordas 
vocais e se inserem, na frente, no ângulo agudo da cartilagem tireoide e, posteriormente, 
nas apófises vocais das cartilagens aritenoides, limitando o espaço glótico entre elas.
 » O músculo ariaritenóideo, que vai de uma aritenoide à outra e que ao se 
contrair, aproxima as aritenoides e, portanto, as cordas vocais. 
 » Os cricoaritenóideos posteriores se inserem na face posterior da placa 
da cricoide e na apófise muscular da aritenoide e quando se contraem 
provocam um movimento dilatador da glote. 
 » Os cricoaritenóideos laterais se inserem na porção lateral da borda 
superior do anel da cricoide e na apófise muscular da aritenoide, e quando 
se contraem provocam o fechamento da glote. 
 » Os cricotiróideos, que se inserem na face anterior das cartilagens cricoide 
e tireoide, ao lado da linha média, na região infra-hioídea, quando se 
contraem distendem as cordas vocais. 
18
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
De acordo com sua ação, os músculos da laringe são classificados em adutores, abdutores 
e tensores. 
 » Os adutores aproximam as cordas vocais e são constritores da 
glote. São adutores os cricoaritenóideos laterais e ariaritenóideos. 
Eles desempenham função fonatória.
 » Os abdutores afastam as cordas vocais, portanto, funcionam como 
dilatadores da glote. São abdutores os cricoaritenóideos posteriores. 
Eles têm função respiratória.
 » Os tensores que distendem as cordas vocais incluem os tireoaritenóideos 
e os cricotireóideos.
Figura 6.
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
A inervação motora desses músculos é feita pelo laríngeo inferior ou recorrente, com 
exceção do cricotireóideo, cuja motilidade é garantida pelo laríngeosuperior, nervo que 
é também responsável pela sensibilidade da mucosa laríngea. 
As alterações motoras desses grupos musculares acarretam distúrbios respiratórios 
ou fonatórios que podem chegar até mesmo à asfixia ou à afonia!
Motricidade orofacial
A denominação câncer de cabeça e pescoço (CCP) corresponde ao agrupamento de um 
conjunto de afecções malignas, com características muitas vezes bastante distintas umas 
19
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
das outras, mas que se desenvolvem na face e no pescoço. Nesse caso, não incluem 
os tumores malignos das estruturas endocranianas, normalmente abordadas por 
especialistas em neurologia e neurocirurgia (RAPOPORT; KOWALSKI, 1989). 
Entre os cânceres da cabeça e do pescoço, pode-se citar todo o grupo dos tumores 
malignos das chamadas vias respiratórias e digestivas superiores. Entre eles está 
incluído o câncer da mucosa de revestimento da cavidade oral, ou, mais simplesmente, 
câncer de boca (câncer bucal ou câncer oral). 
Ainda se incluem os cânceres da laringe, da faringe, da cavidade nasal e dos seios 
paranasais. Outros tumores malignos da região cervical bastante incidentes acometem 
a tireoide. Essa glândula é sede de uma gama de tumores malignos bastante distintos no 
que diz respeito ao comportamento biológico. Destacam-se ainda na região cervicofacial 
os tumores malignos da pele e o câncer das glândulas salivares. Os linfomas muitas 
vezes, se manifestam no pescoço. Existem também outras afecções malignas que se 
desenvolvem no território da cabeça e do pescoço, porém com menos frequência que as 
acima mencionadas (BRANDÃO; FERRAZ, 1989). 
As estruturas anatómicas da cabeça e do pescoço, sendo parte integrante do sistema 
respiratório e digestivo, partilham funções como a respiração, a mastigação e a deglutição. 
A sintonia de muitas dessas funções permitiu ao homem estabelecer comunicação por 
meio da fala. Assim, a ressecção de parte ou da totalidade de alguma dessas estruturas, 
vai interferir diretamente naquelas funções (BOYLE; KRAUS, 1998; TONINI, 2004). 
Por isso, a intervenção dos terapeutas da fala tem benefícios evidentes no sentido 
de adaptar as estruturas alteradas a funções como a comunicação e a deglutição. 
O trabalho desses profissionais deve proporcionar uma reabilitação rápida e eficaz, com 
vista a equilibrar o funcionamento daquelas estruturas, melhorando assim o estado 
psicossocial e emocional dos doentes (GULFIER, 2005).
Vamos explorar mais a cavidade oral?
A cavidade bucal está dividida nas seguintes áreas:
 » lábio;
 » 2/3 anteriores da língua;
 » mucosa jugal;
 » assoalho da boca;
 » gengiva inferior;
 » gengiva superior;
20
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
 » área retromolar;
 » palato duro.
Figura 7.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
Figura 8.
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana. 2a ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
21
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
Todas essas áreas apresentam drenagem linfática para o pescoço, sendo que a primeira 
estação de drenagem inclui os linfonodos, jugulodigástricos, jugulo-omohioideos, 
submandibulares e submentonianos. Linfonodos do segundo escalão de drenagem são 
os parotídeos, jugulares e cervicais posteriores superior e inferior. 
Comumente os cânceres de cavidade oral dão denominados de câncer de boca. Eles são 
incluídos no Cadastro Internacional de Doenças (CID) sob os códigos C00 a C06 da 
CID-O.
Essa denominação inclui todas essas localizações já citadas anteriormente. 
Epidemiologicamente o câncer da boca deve englobar, de maneira conjunta, suas diferentes 
estruturas anatômicas, uma vez que os cânceres de lábio, cavidade oral (mucosa bucal, 
gengivas, palato duro, língua oral, soalho da boca) e orofaringe (úvula, palato mole e base 
da língua) apresentam os mesmos fatores de risco e, consequentemente, são sujeitos às 
mesmas ações preventivas, além da probabilidade de ocorrência de tumores múltiplos, 
sincrônicos ou assincrônicos, e a expansão tumoral entre as partes contíguas da boca. 
Na cavidade oral, excetuando-se a região dos lábios, com alta incidência de tumores 
malignos, a língua e o soalho bucal são as localizações preferenciais de ocorrência do 
câncer bucal, sendo o carcinoma epidermoide o tipo histológico mais frequente. 
Além desses aspectos, é necessário o conhecimento das regiões anatômicas da boca 
para que se proceda adequadamente ao seu exame e à busca de alterações que, por 
vezes, são de localização preferencial. 
Anatomicamente a boca é dividida em: 
Figura 9.
Fonte: <http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/falandosobrecancerdeboca.pdf>.
22
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
 » A cavidade oral é o espaço limitado pelos lábios anteriormente, e mucosa 
jugal lateralmente; palato duro e mole superiormente, língua e arcada 
dentária inferiormente e posteriormente pelo istmo da garganta. Inclui 
como sítios topográficos os lábios, a mucosa jugal, rebordos gengivais 
e arcadas dentárias, língua oral, soalho da boca, palato duro e trígono 
retromolar. 
 » Os lábios apresentam no ponto de contato entre o lábio superior e o 
inferior, uma camada denominada de “vermelhão” do lábio, que liga a 
pele externamente à mucosa endobucal. 
 » O palato duro constitui o teto da boca e é formado pelo osso maxilar e 
ossos palatinos, aderidos à mucosa rica em glândulas salivares menores. 
 » Os rebordos gengivais inferior e superior são constituídos pelos processos 
alveolares da mandíbula e maxilar superior, respectivamente, que sofrem 
uma certa reabsorção em pacientes edêntulos e de idade avançada. 
Figura 10.
Fonte: <http://cfo.org.br/wp-content/uploads/2009/10/falandosobrecancerdeboca.pdf>.
 » O trígono retromolar é uma área triangular que recobre o ramo ascendente 
da mandíbula a partir do último dente molar (base) até o ápice, que 
termina na tuberosidade maxilar. 
 » A mucosa oral inclui a parte interna da bochecha e dos lábios, estendendo-
se até a linha de união da mucosa dos rebordos alveolares e a rafe 
pterigomandibular. 
23
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
 » A língua oral é representada pelos 2/3 anteriores da língua, também 
chamada de língua móvel. Inclui quatro áreas anatômicas: ponta, bordas 
e superfícies ventral e dorsal. É limitada posteriormente pelas papilas 
circunvaladas. 
O soalho da boca é um espaço que vai desde a superfície ventral da língua à parte 
inferior dos rebordos alveolares. Sua mucosa repousa sobre os músculos milohioideo 
e hioglosso e está dividida anteriormente pelo freio da língua em 2 lados (direito e 
esquerdo). Sua parte anterior inclui o ducto de Wharton e as glândulas sublinguais 
(RAPOPORT; KOWALSKI, 1989).
Em toda a cavidade oral os sintomas são semelhantes, entre eles inclui-se:
 » irritação constante da garganta;
 » dor ao engolir;
 » caroço, inchaço ou ferida no pescoço; 
 » mudança na qualidade da voz;
 » imprecisão articulatória;
 » sialorreia;
 » disfonia que não melhora em até 15 dias;
 » dispneia;
 » dor de garganta;
 » dores de ouvido constantes;
 » caroço, inchaço ou ferida na boca que não melhora em até 15 dias;
 » aumento, mudanças na cor ou sangramento de verrugas;
 » escarro sanguinolento;
 » alterações de pele com pintas, feridas ou ulcerações;
 » abaulamento de alguma estrutura da região;
 » limitação da mobilidade da estrutura da região.
24
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
Entre as mais comuns regiões neoplásicas de cabeça e pescoço, temos:
Cavidade oral
Figura 11.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
 » lábios;
 » mucosa bucal;
 » gengivas;
 » região retromolar;
 » palato duro;
 » soalho bucal; e 
 » língua. 
Figura 12.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
25
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
 » Orofaringe: amígdalas, pilares, velo, base de língua, paredes posterior e 
lateral da laringe, músculos palatoglosso e palatofaríngeo.
 » Laringe: região supraglótica e infraglótica.
 » Fossas nasais e seios paranasais.
 » Glândulas salivares.
 » Glândula tireoide.
Referente a sequelas, vamosdetalhar cada região, com as possíveis alterações geradas 
pela ressecção.
Ressecção labial
 » dificuldade ou ausência da vedação labial;
 » incontinência oral dos alimentos e da saliva;
 » dificuldade nas funções estomatognáticas; 
 » disfagia.
Glossectomias (ressecção de língua)
 » alteração na mastigação; 
 » imprecisão articulatória; 
 » distorção dos fonemas dentais, alveolares e palatais;
 » diminuição da inteligibilidade da fala;
 » voz pastosa, monótona e hipernasal;
 » dificuldades de mastigação, lateralização do bolo alimentar;
 » dificuldade de trânsito oral, com estase de alimento no sulco lateral; 
 » escape oral;
 » dificuldade de propulsão do bolo alimentar.
26
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
Figura 13. Imagem ilustrando a glossectomia.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
Pelvectomia (remoção do pavimento da boca, parcial 
ou total)
 » dificuldade na mobilidade lingual, principalmente elevação;
 » dificuldade na mastigação;
 » dificuldade articulatória dos fonemas linguodentais;
 » dificuldade no controle do bolo alimentar.
Ressecção retromolar
 » trismo ou fibrose do masseter pós-radioterapia;
 » diminuição da contração faríngea;
 » regurgitação nasal;
 » atraso no reflexo da deglutição.
Figura 14. Imagem ilustrando a glossectomia e a pelvectomia.
27
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
Fonte: www.unifest.com.br
Maxilectomia (remoção parcial ou total do processo 
palatino da maxila)
 » dificuldade nas funções estomatognáticas;
 » dificuldade na mordedura dos alimentos;
 » voz pastosa;
 » imprecisão articulatória dos fonemas plosivos e fricativos;
 » redução na inteligibilidade da fala;
 » incontinência salivar e alimentar – ressecção mentual.
Palato ósseo
 » hipernasalidade;
 » regurgitação do alimento pelo nariz;
 » dificuldade na mastigação e deglutição;
 » inteligibilidade da fala comprometida. 
Palato mole
 » disfagia;
 » hipernasalidade;
28
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
 » trismo;
 » alteração do esfíncter velo-faríngeo.
Figura 15. Imagem ilustrando a maxilectomia.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
Figura 16. Imagem ilustrando o tumor in situ em palato mole e duro.
Fonte: <www.unifest.com.br>.
29
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
Ressecção da raiz lingual
 » disfagia;
 » contração faríngea diminuída;
 » dificuldade na abertura cricofaríngea;
 » diminuição da sensibilidade faríngea.
Voz
Anatomia e fisiologia da laringe
A laringe, localizada abaixo da hipofaringe, é o órgão ou estrutura do corpo humano, 
responsável pela produção da voz. Na laringe estão localizadas as cartilagens aritenoides 
(cuneiformes e corniculadas), incisura interaritenóidea, ligamento ari-epiglótico, 
valécula e seios piriformes, além das pregas vocais falsas e verdadeiras.
Figura 17. Vista lateral da laringe.
Fonte: <http://www.pacienteipo.com.br/Imagens/anato_fisio/faringe/af_faringe01.jpg>.
30
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
Figura 18. Vista posterior da laringe. 
Fonte: <http://www.pacienteipo.com.br/Imagens/anato_fisio/faringe/af_faringe02.jpg>.
Figura 18. Vista superior da laringe.
Fonte: <http://www.pacienteipo.com.br/Imagens/anato_fisio/laringe/af_laringe05.jpg>.
A principal função da laringe é a produção sonora (fonação). Por meio de seu movimento 
de abertura, ocorre a passagem do ar que vai para os pulmões. Além dessas funções, 
também atua na proteção contra a passagem de alimentos para o pulmão.
31
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
Por meio da musculatura intrínseca e extrínseca da laringe, são realizados os movimentos 
de abertura e fechamento, além da elevação e abaixamento, responsáveis pelas funções 
normais da laringe, tais como a deglutição (BEHLAU, 2005).
As alterações anatômico-funcionais nessa região proporcionam as disfunções ou 
patologias da laringe.
Figura 19. Laringe - inspiração e fonação.
Fonte: <http://www.pacienteipo.com.br/Imagens/anato_fisio/laringe/af_laringe06.jpg>.
Figura 20.
Fonte: <http://www.pacienteipo.com.br/Imagens/anato_fisio/laringe/af_laringe09.jpg>.
Figura 21.
Laringe – Fonação.
Quando emitimos um som, as pregas vocais estão posicionadas na linha 
média, encostadas uma na outra.
Laringe – Inspiração.
Quando respiramos, nossas pregas vocais estão abduzidas, ou seja, 
afastadas para a entrada do ar nos pulmões, onde ocorrerá a troca 
gasosa.
Fonte: <http://svas.com.au/wp-content/uploads/2011/03/Untitled-1.png>.
32
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
Figura 22.
Fonte: <www.repositoriodavoz.wordpress.com>.
A produção vocal inicia com a respiração. Quando respiramos, o nosso diafragma 
(músculo largo e horizontal localizado logo abaixo dos pulmões) abaixa. O ar inalado 
entra no pulmão aumentando seu volume. 
Quando expiramos, há relaxamento da musculatura da caixa torácica. 
O diafragma abaixa e o ar é exalado para fora. A voz é produzida pela vibração das 
pregas vocais durante a passagem de ar fornecido pelos pulmões. 
Quando a corrente de ar passa pela região de estreitamento criada pelas pregas vocais 
em posição fonatória, há vibração dessas e produção de ondas sonoras.
Figura 23.
Fonte: <www.repositoriodavoz.wordpress.com>.
33
FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER │ UNIDADE I
Para que isso ocorra, os músculos adutores são ativados, promovendo resistência à 
passagem de ar. A vibração das pregas vocais ocorre em ciclos de abertura (afastamento 
das pregas vocais) e fechamento (aproximação) durante a passagem de ar. Na mulher a 
frequência de vibração das pregas vocais gira em torno de 200-250 Hz e no homem em 
torno de 100-150 Hz.
O som produzido pela vibração das pregas vocais é amplificado e modificado pelas 
cavidades de ressonância formadas pelo trato vocal, nariz, seios paranasais e cavidade 
oral e articulada na boca pelo lábio, língua e palato para a formação das palavras e da 
fala.
O som produzido nas pregas vocais pode ser modulado dependendo do predomínio 
muscular. Por exemplo: podemos produzir uma voz mais aguda quando esticamos as 
pregas vocais por ação do músculo cricotireóideo (analogamente, as cordas do violão 
produzem um som mais agudo quando tensionadas).
Os tumores de laringe, em sua maioria, são carcinoma espinocelular. Eles podem atingir 
o nível glótico, e são classificados segundo a localização. 
Tabela 1. Classificação dos tumores de laringe segundo o estadiamento.
ESTADIAMENTO
CLASSIFICAÇÃO DO 
TUMOR PRIMÁRIO 
(T) PARA A LARINGE 
(UICC E AJCC)
Tx Sem os requisitos mínimos para avaliação do tumor primário.
T0 Sem evidência de tumor primário.
Tis Carcinoma in situ.
SUPRAGLOTE
Tl Tumor limitado a um sítio da região com mobilidade preservada.
T2 Tumor invade mais de um sítio da supraglote, com mobilidade normal das cordas vocais.
T3 Tumor limitado à laringe com fixação de corda vocal e ou invasão da área retrocricoide, parede medial do seio piriforme 
ou espaço pré-epiglótico.
T4 Tumor invade a cartilagem tireoide e ou se estende aos tecidos vizinhos.
GLOTE
Tl Tumor limitado a corda(s) vocal(is) com mobilidade normal.
Tla Tumor limitado a uma corda vocal.
Tlb Tumor acomete ambas as cordas vocais.
T2 Tumor com extensão para supraglote e ou subglote e ou com mobilidade nenhum maior que 6 cm.
N2a Metástase num linfonodo ipsilateral, maior que 3 cm, menor ou igual a 6 cm.
N2b Metástase em múltiplos linfonodos ipsilaterais, nenhum maior que 6 cm.
N2c Metástases bilaterais ou contralaterais, nenhum maior que 6 cm.
N3 Metástase em linfonodo maior que 6 cm de diâmetro.
CLASSIFICAÇÃO 
DAS METÁSTASES À 
DISTÂNCIA (M)
Mx Presença de metástases a distância não podem ser avaliadas
M0 Não apresenta metástases a distância.
M1 Metástases a distância.
Fonte: MATOS, 1998.
34
UNIDADE I │ FONOAUDIOLOGIA E CÂNCER
Referente a sequelas, vamos detalhar cada região da laringe, com as possíveis alterações 
geradas pela ressecção:
Laringectomia parcial horizontal
 » voz normal, molhada, rouca ou tensa;
 » ineficiência laríngea;
 » alteração da ressonância;
 » perda dos dois esfíncteres superiores de proteção dasvias aéreas.
Laringectomia parcial vertical
 » deficiência na coaptação glótica;
 » fístulas;
 » possibilidade de aspiração, principalmente com líquido;
 » disfonia: irregularidade vibratória, controle insuficiente do fluxo aéreo e 
perda do refinamento de ondulação da mucosa.
Laringectomia total
 » tosse;
 » muco;
 » trato respiratório encurtado;
 » disfunção no olfato e paladar.
Figura 24. Possibilidades cirúrgicas para remoção de tumor de laringe, localização supraglótica.
Fonte: <http://images.slideplayer.com.br/1/338205/slides/slide_8.jpg>.
35
UNIDADE IICÂNCER
CAPÍTULO 1
Conceitos teóricos sobre o câncer
Definição
Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), responsável pela apostila intitulada 
“abc do câncer” de 2011, e Batista et al. (2011, apud AMERICAN CANCER SOCIETY, 
2005), a definição para câncer vem do grego: karkínos que quer dizer caranguejo. 
Dada essa definição pela primeira vez por Hipocrates, que viveu entre 460 e 377 a.C., 
considerado hoje o pai da Medicina.
Entendemos então que o câncer não é uma palavra nova nem uma doença nova. 
Conforme Almeida et al. (2005, p. 118), a analogia da palavra câncer ao caranguejo se 
dá pelo fato do crustáceo, introduzir as pernas na areia, ou lama de forma tão infiltrada 
que é difícil a sua remoção do local. 
Atualmente, câncer é o nome dado ao crescimento desordenado de células que a invadem 
tecidos e órgãos vizinhos, essa ideia corrobora com os pensamentos de Almeida (2005, 
p. 118), entretanto, ela complementa afirmando que a definição científica de câncer 
está ligada ao termo neoplasia, que é a nomeação utilizada para tumores malignos, 
caracterizada pelo crescimento anormal de células transformadas. 
Ainda para, Garófolo et al. (2004, p. 92) o câncer, além de ser um crescimento 
desordenado de células, é definido como enfermidade multicausual crônica. Junior et 
al. (2006) nos deixa claro que o conceito de câncer, ainda sem definição unânime ou até 
reconhecida por todo mundo, não pode ser lembrado apenas por massa sólida, existem 
as patologias hemopáticas, como por exemplo os linfomas e a leucemia. 
Proliferação celular e tipos de crescimento celular
Sobre o crescimento celular, sabemos que as células normais do corpo humano têm 
a capacidade de se multiplicar inúmeras vezes, sendo um processo normal e natural. 
36
UNIDADE II │ CÂNCER
Comumente, essas células têm um controle ordenado e passam por um processo evolutivo: 
crescem, se multiplicam e morrem. Esse processo é indispensável, principalmente para 
repor as células mortas. 
Entretanto, nem todas as células normais passam pelo processo completo, ou seja, 
algumas delas se dividem de forma muito rápida e contínua, desencadeando um 
crescimento celular desordenado, sendo ele de células malignas ou benignas. Os de 
causa benigna correspondem geralmente a uma necessidade do corpo humano, sendo 
controlado logo após suprir a necessidade. As malignas não ocorrem da mesma forma, 
continuam se desenvolvendo, sem pausa.
Figura 25.
Fonte: ALMEIDA, 2005.
A imagem a cima, mostra o crescimento normal de células e o desordenado já mostrando 
traços de malignidade.
Tipos de crescimento celular
Como vimos no item anterior, a proliferação celular pode ser controlada ou não, no 
crescimento controlado, exige um aumento do número de células de tecidos normais, 
geralmente são causadas por estímulos físicos ou patológicos. Nesse caso, as células 
têm pouca alteração na função e/ou na forma e o efeito é reversível após o término do 
estímulo que as provoca, como na figura abaixo.
Figura 26.
Fonte: INCA. ABC DO CÂNCER. Rio de Janeiro, 2012.
37
CÂNCER │ UNIDADE II
Como vemos na figura 26, além do crescimento normal de células, pode ocorrer 
o crescimento descontrolado de tecido, resistindo após o término do estímulo 
que o provocou. Essas neoplasias são chamadas de (câncer in situ ou câncer 
invasivo).
O câncer, em 2002, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), foi a terceira 
causa de óbitos no mundo, com uma porcentagem de 12%, matando cerca de 6 
milhões de pessoas por ano. No Brasil, é a segunda maior causa de morte por 
doenças. 
As neoplasias podem ser malignas ou benignas, segundo o INCA (2011, p. 11) a 
diferenciação entre as duas formas de neoplasias se dá a partir de: tipos de células, 
velocidade do crescimento, metástase e velocidade de expansão. 
Criamos uma tabela para facilitar a compreensão:
Tabela 2.
TUMOR MALIGNO TUMOR BENINGNO
Metástase quase sempre presente. Não ocorre metástase.
Crescimento acelerado, infiltra tecidos adjacentes. Crescimento localizado, com localização circunscrita.
Células atípicas, anaplásicas. Células parecidas com características normais.
Fonte: própria autora.
Etiologia
Percebemos que o câncer, além de ter vasto e antigo conceito, tem uma etiologia 
cosmopolita, e é o que veremos a seguir.
Segundo Cabral (2010, p. 1) os fatores variam, entre genéticos, ambientais, entretanto, 
vírus e substâncias químicas, agentes físicos tem função determinante no aparecimento 
de tumores, tanto em humanos quanto em animais. Em outras palavras, ele quer nos 
dizer que: graves agressões ambientais ou químicas causam câncer em um indivíduo 
suscetível, inclusive o autor ainda afirma que a etiologia do câncer é a combinação de 
vários fatores, citando outros como: inatividade física, modos de vida, má alimentação, 
uso excessivo de álcool, cigarro entre outros.
Para facilitar o entendimento da etiologia cosmopolita do câncer, trago uma imagem, 
que nos mostra as diversas e principais causas do câncer.
38
UNIDADE II │ CÂNCER
Figura 27.
Fonte: INCA, 1997.
Existe também como classificar, como causas externas e causas internas. As causas 
internas, estão ligadas à capacidade do organismo em se defender das possíveis 
agressões externas como, por exemplo, se defender de mutações genéticas, hormônios 
e condições imunológicas desfavoráveis. Já as externas, que são relacionadas a vírus, 
fatores comportamentais e substâncias químicas, são relacionadas ao ambiente (INCA, 
2010, p. 50). A imagem, abaixo mostra isso em porcentagem. 
Figura 28.
Fonte: INCA, 2010. 
Podemos nos perguntar sobre a prevenção das neoplasias. Existe o que chamamos 
de prevenção primaria, ela parte do pressuposto de realizar intervenções em fatores 
ambientais e comportamentais, desde as primeiras fases da vida, entretanto, também 
39
CÂNCER │ UNIDADE II
não garante o surgimento do câncer, mas reduz as chances de óbitos pela doença, 
falaremos mais disso, quando tratarmos sobre fatores de risco. 
Como falaremos mais tarde sobre câncer de cabeça e pescoço, acho justo comentar o 
texto de Carvalho (2000). Ele diz que a maioria dos casos novos de câncer, cerca de 
3,03%, é da cavidade oral, além disso, comenta que em geral os pacientes são alcoólatras, 
tabagistas e não cuidam da higiene oral.
Fatores de risco
Uma vez que falamos de prevenção e etiologia, é impossível não comentar sobre os 
fatores de risco para o câncer, ou seja, será que é possível evitar o câncer. Dentro desse 
tema, podemos classificar em dois tipos os fatores de risco: os modificáveis e os não 
modificáveis. Eles estão organizados no organograma abaixo.
Figura 29.
Modificáveis Não modificáveis
 
 
Inatividade física, tabaco e álcool. 
Obesidade, radiações, agentes 
infecciosos, poluição ambiental, nível 
socioeconômico, exposição 
ocupacional. 
Idade, etnia, hereditariedade, 
gênero. 
Fonte: própria autora.
Os fatores modificáveis são aqueles que podemos alterar, ou seja, depende do 
comportamento do indivíduo e esse pode ser alterado, diminuindo os riscos do câncer. 
Entretanto, essas mudanças só ocorrem se o indivíduo quiser, já os outros fatores 
classificados como não modificáveis não dependem da boa ação do indivíduo (INCA, 
2011, p. 53). 
Para entendermos melhor, os não modificáveis não dependem do nosso comportamento, 
ações individuais ou coletivas, podem ser chamados de fatores intrínsecos, são eles: 
idade, gênero, raça, herançagenética, conforme descrito acima (INCA, 2011, p. 54). 
Os modificáveis, conhecidos como extrínsecos, além de serem passiveis de modificação 
e ou mudança de hábitos, ainda têm suas dificuldades, como por exemplo, quando 
existe a necessidade de uma mudança coletiva, para sua efetividade. Por isso, todos 
devem contribuir para a modificação dos fatores de risco. O INCA (2011) comenta e cita 
40
UNIDADE II │ CÂNCER
como exemplo, o uso de tabaco em lugares públicos. Com a proibição dessa ação, houve 
uma mudança de hábito coletiva, assim como o uso da vacina contra hepatite B, as duas 
ações promoveram então mudança nos hábitos extrínsecos, melhorando a qualidade de 
vida da população. 
Lembrando que, o que determina o risco individual é a interação entre os dois fatores 
(INCA, 2011, p. 54). 
Alguns fatores de risco são mais evidentes para câncer de cabeça e pescoço, são eles:
Figura 30.
 Tabaco 
 Alimentação inadequada 
 Bebidas alcoólicas 
41
UNIDADE IIITRATAMENTO E 
REABILITAÇÃO
Na tabela abaixo, podemos verificar as principais condutas, considerando o estadiamento 
do tumor de laringe:
Tabela 4.
Câncer 
da região 
supraglótica
Estádio inicial (TI e T2) – Estádio I e II
Tratamento com cirurgia ou radioterapia.
A taxa de cura com cirurgia é de 90 a 95% no Tl é de 80 a 90% no T2.
Radioterapia sem cirurgia de resgate produz uma taxa de controle para T1 de 80 a 90% e de T2 de 70% a 80%.
Estádio avançado (T3 e T4) – Estádio III e IV 
As taxas de cura variam de 30 a 40%, associando-se cirurgia e radioterapia.
A terapia combinada com cirurgia e radioterapia, oferece os melhores resultados.
Câncer 
da região 
glótica
Estádio inicial – Estádio I e II
Pode ser tratado por cirurgia ou radioterapia.
As taxas de controle local com radioterapia variam de 85 a 95%, para T1 e de 65 a 75% para T2.
Com radioterapia para T1 e T2, a qualidade de voz mantém-se melhor, porém observa-se um índice maior de segundos 
tumores primários, com essa modalidade terapêutica.
(Contraindicações para radioterapia são: tamanho do tumor, tumor de comissura anterior, extensão subglótica e diminuição de 
mobilidade das cordas vocais).
Estádio avançado – Estádio III e IV
Uma opção é a cirurgia, laringectomia total. Recomenda-se que seja realizado esvaziamento cervical para todos os tumores 
glóticos T3 e T4.
Fonte: Própria autora.
Segundo o Ministério da Saúde (1998), sobre a classificação de tumores malignos, 
verifica-se que, dependendo do local e extensão do tumor primário e do status dos 
linfonodos cervicais, o tratamento do câncer da cavidade bucal pode ser cirúrgico, 
radioterápico, ou uma combinação de ambos. A cirurgia para ressecção dos tumores 
primários deve incluir sempre toda a lesão tumoral e uma margem de tecido livre de 
tumor em todas as dimensões. A radioterapia de lesões extensas deve incluir também as 
cadeias de drenagem linfáticas, mesmo quando clinicamente elas não estejam acometidas.
Assim, as opções de tratamento irão variar de acordo com o estádio clínico das lesões, sendo:
Estádio I – T1
O tratamento preferencial é cirúrgico, que corresponde à ressecção da lesão com 
margens de pelo menos 1 cm. Em casos de lesões localizadas na língua, deve-se associar o 
42
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
esvaziamento cervical supraomohióideo em virtude do alto índice de metástase cervical 
oculta. Nos casos de lesões em assoalho de boca, a indicação de esvaziamento cervical 
eletivo supraomohióideo vai depender do caráter infiltrativo da lesão. Nos casos de 
pacientes com metástase cervical associar o esvaziamento cervical radical modificado 
em pacientes com apenas 1 linfonodo metastático e sem extravasamento capsular. Nos 
casos de mais de 1 linfonodo metastático ou extravasamento capsular, procede-se ao 
esvaziamento cervical radical.
Estádio II – T2
O tratamento preferencial também é cirúrgico, com ressecção da lesão com margens 
de pelo menos 1 cm. Nos casos de tumores localizados na língua ou assoalho da boca, 
associar o esvaziamento cervical eletivo supraomohióideo. Nos casos de pacientes com 
metástase cervical, associar o esvaziamento cervical radical modificado em pacientes 
com apenas 1 linfonodo metastático e sem extravasamento capsular. Nos casos de mais 
de 1 linfonodo metastático ou extravasamento capsular, procede-se ao esvaziamento 
cervical radical.
Estádio III – T3
A cirurgia é o tratamento preferencial e consiste de ressecção completa da lesão com 
margens de no mínimo 1 cm e associada ao esvaziamento cervical supraomohióideo 
em casos de pescoço clinicamente negativo. Nos casos de pacientes com metástase 
cervical, associar o esvaziamento cervical radical modificado em pacientes com apenas 1 
linfonodo metastático e sem extravasamento capsular. Nos casos de mais de 1 linfonodo 
metastático ou extravasamento capsular, procede-se ao esvaziamento cervical radical.
A radioterapia deve ser usada como tratamento complementar, em casos de pescoço 
positivo ou lesão primária T3.
Estádio IV – T4
A cirurgia é o tratamento preferencial e consiste de ressecção completa da lesão com 
margens de no mínimo 1 cm e associada ao esvaziamento cervical supraomohióideo 
em casos de pescoço clinicamente negativo. Nos casos de pacientes com metástase 
cervical, associar o esvaziamento cervical radical modificado em pacientes com apenas 1 
linfonodo metastático e sem extravasamento capsular. Nos casos de mais de 1 linfonodo 
metastático ou extravasamento capsular procede-se ao esvaziamento cervical radical. 
A radioterapia deve ser usada como tratamento complementar. A radioterapia 
exclusiva pode ser indicada em pacientes considerados inoperáveis, como paliação. 
43
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
A mandíbula poderá ser ressecada parcialmente (mandibulectomia marginal), em caso de 
invasão mínima.
Obs.: O paciente deverá ser assistido por fisioterapeuta, fonoaudiólogo e psicólogo na 
sua reabilitação após cirurgia.
Figura 31. Imagem ilustrando resumidamente as condutas reabilitadoras de câncer.
Tratamento cirúrgico
O principal objetivo das laringectomias parciais é o de preservar ao máximo a função 
vocal e respiratória sem comprometer os índices de cura. 
Laringectomias parciais verticais
 » Cordectomia por laringofissura: indicada para T1 e T2 inicial da 
glote, quando sua extensão posterior não vai até o processo vocal. A técnica 
de valor no armamento da cirurgia conservadora da laringe, podendo ser 
feita também uma decorticação quando uma corda vocal está acometida 
por uma leucoplasia.
 » Laringectomia parcial frontolateral: essa técnica está indicada para 
lesões T1 de corda vocal, com infiltração da comissura anterior e com 
pequena extensão à corda vocal contralateral. São realizadas incisões 
verticais na cartilagem tireoide. A distância da linha média irá depender 
da localização e extensão do tumor. A abordagem da laringe é sempre 
realizada pelo lado menos acometido. São ressecados a cartilagem tireoide, 
o pericôndrio interno, a corda vocal verdadeira, a falsa corda vocal e o 
ventrículo. A linha de ressecção posterior pode chegar até a apófise vocal. 
A traqueostomia é realizada previamente, iniciando-se o ato cirúrgico.
 » Laringectomia parcial frontolateral ampliada: é semelhante 
à laringectomia frontolateral, diferindo apenas pelas áreas que são 
44
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
ressecadas. Sua indicação é para os tumores glóticos T1, que acometem 
a comissura anterior, podendo alcançar a apófise vocal, porém sem 
acometer a aritenoide. Pode também ser utilizada mesmo que haja 
pequena extensão do tumor para o ventrículo, para a falsa corda ou para 
a subglote. Remove-se uma maior quantidade de cartilagem tireoide, 
incluindo praticamente todo o lado acometido e 1/3 do lado contralateral. 
É ressecada a corda vocal do lado afetado, o ventrículo, a falsa corda, a 
comissura anterior e aproximadamente o terço anterior da corda vocal 
do lado menos afetado. Também poderão ser ressecadas a aritenoide e aapófise vocal do lado da lesão. Em geral, nesses casos há necessidade de 
se proceder a reconstrução com retalhos locais. 
 » Laringectomia parcial fronto-anterior: indicada para tumores 
glóticos T1 e T2, que acometem ambas as cordas anteriormente. São 
praticadas incisões verticais em cada lado da cartilagem tireoide, 
incluindo-se na ressecção o terço anterior de ambas as cordas vocais 
verdadeiras, os ventrículos e as falsas cordas.
 » Hemilaringectomia: classicamente remove-se a porção da laringe que 
inclui uma corda vocal, a comissura anterior ao processo vocal da aritenoide, 
a falsa corda ipsilateral, o ventrículo, o espaço paraglótico e a cartilagem 
tireoide. Essa técnica é usada para lesões T2 e T3 limitadas, com mínima 
extensão subglótica e acometimento supraglótico restrito à superfície 
inferior da falsa corda. A fixação da corda vocal não é uma contraindicação 
absoluta, a menos que apresente fixação da articulação cricoaritenóidea. 
Muitas modificações para esse procedimento básico têm sido desenvolvidas 
para incluir a aritenóideipsilateral, a comissura anterior, 1/3 da corda vocal 
contralateral e porções da parte superior da cartilagem cricóidea.
Figura 32. Ilustração anatômica indicando possibilidade de laringectomia vertical parcial.
Fonte: <http://www.cirurgiacp.ufc.br/files/aulas_residentes/Ubiranei%20Oliveira%20Silva%202005-2006/laringectomiais%20
parciais-%20indicacoes%20e%20tecnicas.pdf>.
45
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
As complicações nesses procedimentos incluem: 
 » aspiração nos primeiros dias pós-operatórios;
 » dificuldade de descanulização;
 » estenose glótica por excesso de espessura do retalho empregado na 
reconstrução; e 
 » formação de granuloma ou de sinéquia.
Laringectomia horizontal supraglótica
As indicações são: 
 » lesões de epiglote (face laríngea ou lingual); 
 » lesões da prega ariepiglótica;
 » lesão da porção superior das falsas cordas vocais;
 » tumores na superfície laríngea ou com extensão para a base da língua de 
1 cm a 1,5 cm. 
As contraindicações são: 
 » Fixação ou diminuição acentuada da mobilidade de uma corda vocal. 
 » Doentes idosos portadores de doença pulmonar crônica ou em mau 
estado geral.
No caso de existir extensão do tumor para a base da epiglote, extensão do tumor 
para o ventrículo, grande extensão do tumor para a base da língua, ou para o lado da 
laringe com 0,5 cm a 1,0 cm para a comissura anterior, e acometimento da cartilagem 
aritenoidea pode ser necessária a laringectomia total. 
A técnica básica remove as estruturas laríngeas acima da glote, incluindo a epliglote, o 
ligamento ariepiglótico, as falsas cordas, o espaço pré-epiglótico e porção da cartilagem 
tireoide. O osso hióide pode ser preservado em tumores pequenos, porém em tumores 
extensos que invadem o espaço pré-epiglótico sua ressecção se torna obrigatória. 
O procedimento básico pode ser estendido a estruturas adjacentes, incluindo a base 
da língua, o seio piriforme e uma aritenóide. Cada uma dessas extensões remove 
também mecanismos importantes de proteção das vias aéreas e uma cuidadosa 
avaliação pré-operatória do doente e da extensão do seu tumor é essencial para o 
sucesso final.
46
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
Figura 33. Técnica cirúrgica da região supraglótica.
Fonte: <http://image.slidesharecdn.com/auladelaringe-150726150334-lva1-app6891/95/cancer-de-laringe-precoce-52-638.
jpg?cb=1437923532>.
Laringectomias subtotais
Laringectomias subtotais com preservação da via 
aérea original
 » Laringectomia subtotal com reconstrução da epiglote: permite 
ressecção de grande parte da glote, deixando a via aérea competente. 
Deixa-se apenas o corpo de uma aritenoide e a parte posterior da cartilagem 
tireoide, bilateralmente. A cirurgia é contraindicada para doentes com 
risco cirúrgico elevado e sempre que a epiglote estiver afetada pelo tumor. 
Pode ser realizada em doentes submetidos à radioterapia prévia.
 » Laringectomia supracricóide: essa cirurgia remove toda a cartilagem 
laríngea, ambas as cordas vocais verdadeiras e falsas, uma aritenoide e o 
espaço paraglótico, preservando a epiglote. A reconstrução é feita com 
crico-hióideo-epigloto-pexia. 
As contraindicações principais são: a fixação de uma aritenoide ou 
extensão subglótica maior que 7 mm. As principais complicações incluem: 
aspiração e estenose, não havendo possibilidade de descanulização. 
47
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
As indicações para esse procedimento incluem: lesões supraglóticas T1 
e T2, que se estendam ao ventrículo, à epiglote e para o terço posterior 
das falsas cordas; lesões supraglóticas T1 e T2 que se estendam à glote 
e comissura anterior, com ou sem diminuição da mobilidade de corda 
vocal; lesões T3, transglóticas; lesões T4 supraglóticas ou transglóticas 
selecionadas, invadindo a cartilagem tireoide. 
Contraindicações: extensão infraglótica maior que 10 mm anteriormente 
e 5 mm posteriormente, fixação de aritenoide, invasão maciça do espaço 
pré-epiglótico, extensão de lesões supraglóticas e transglóticas para a 
parede da faringe, para a base da língua, para a região pós-cricoide, para 
a região interaritenoídea e por último invasão da cartilagem cricoide.
Laringectomias subtotais com traqueostomia
 » Laringectomianear-total (quase total): essa técnica permite 
o tratamento de lesões T3 da glote, mantendo-se a fala através de um 
pequeno shunt com saída de ar para a faringe, evitando-se assim a 
aspiração. A traqueostomia é definitiva. A ressecção inclui praticamente 
toda a cartilagem tireoide, deixando-se apenas uma pequena porção e 
preservando-se uma aritenoide. 
Indicação: lesões T3, que acometem uma hemilaringe. 
Contraindicação: está contraindicada quando há acometimento de 
ambas as aritenoides, ou do espaço interaritenóideo, ou lesões da área 
retrocricoide. Essa também está contraindicada pós-radioterapia em 
situações nas quais os limites não estejam bem definidos. 
Tratamento radioterápico
O tratamento radioterápico para pacientes acometidos de tumores malignos de cabeça e 
pescoço exibe complicações orais importantes, dentre elas mucosite, xerostomia, cáries, 
perda do paladar, infecções secundárias, osteorradionecrose e trismo. Esses efeitos 
colaterais podem ser classificados em formas agudas, por exemplo: eritema, mucosite, 
edema laríngeo moderado e rouquidão temporária, ou crônica, tais como necrose do 
tecido, função da saliva prejudicada, edemas e disfonia severa. Essas manifestações 
crônicas foram descritas como complicações tardias da radioterapia, acrescentando-se 
outras manifestações fonoaudiológicas como fibrose laríngea e imobilidade bilateral 
das pregas vocais. Alterações no tecido laríngeo e/ou em torno do arcabouço laríngeo 
restringem o movimento necessário das cartilagens e músculos, sendo modificado o 
48
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
fechamento glótico para a produção vocal, causa essa relatada pelos pacientes como 
dificuldade de fonação e rouquidão.
Tratamento cirúrgico
Para os casos em que o tratamento de eleição é a cirurgia, as sequelas funcionais de fala, 
deglutição, mastigação e respiração serão mais percebidas pelos pacientes. Além disso, 
em muitos casos é necessária a realização da radioterapia após o tratamento cirúrgico, 
o que pioram os efeitos agudos do tratamento e aumentam as sequelas.
Esvaziamento cervical 
Essa operação compreende a remoção de todo o tecido linfático do pescoço, além de 
estruturas com íntima relação com as cadeias linfáticas cervicais, tais como:
 » músculo esternocleidomastóideo;
 » veia jugular interna;
 » nervo acessório (XI par craniano). 
Além disso, existem os esvaziamentos de algumas cadeias específicas, as quais são 
denominadas ressecções seletivas do pescoço, baseadas com o estágio do tumor primário. 
Segundo a divisão sistematizada dos vasos linfáticos do pescoço, dividem-se em cinco 
níveis: 
I. grupo submentoniano e grupo submandibular; 
II. grupo jugular superior; 
III.grupo jugular mediano; 
IV. grupo jugular inferior; 
V. grupo triângulo posterior.
Conforme a ocorrência de metástase, os esvaziamentos cervicais podem ser classificados, 
segundo a indicação, em: necessidade ou eletivo (ou de princípio). 
 » O esvaziamento de necessidade é indicado na presença de um ou mais 
linfonodos clinicamente metastáticos no pescoço. 
 » O esvaziamento eletivo é indicado na ausência de linfonodo clinicamente 
positivo, nos tumores malignos em que a experiência mostra ser de 
49
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
alta produção de metástases, pois há a possibilidade de existirem 
micrometástases que são detectadas clinicamente. 
Os tipos de esvaziamento cervical são:
 » Esvaziamento cervical radical modificado tipo I: apenas uma 
estrutura é preservada, geralmente o nervo espinhal, sendo ressecados a 
veia jugular interna e o músculo esternocleidomastóideo, além dos níveis 
I – V do pescoço.
 » Esvaziamento cervical radical modificado tipo II: duas estruturas 
são preservadas, geralmente o músculo esternocleidomastóideo e o nervo 
espinhal, sendo ressecados a veia jugular interna e os níveis I – V.
 » Esvaziamento cervical radical modificado tipo III: as três estruturas, 
nervo espinhal, jugular interna e músculo esternocleidomastóideo são 
preservados, sendo esvaziado os níveis I – V.
 » Esvaziamento cervical radical (clássico): as três estruturas, nervo 
espinhal, veia jugular interna e músculo esternocleidomastóideo, são 
ressecados, além dos níveis I – V.
 » Esvaziamento cervical radical estendido: além de todas as estruturas 
ressecadas no esvaziamento cervical clássico, outras são incluídas, como: 
pele, artéria carótida externa, músculo digástrico etc.
Existem os esvaziamentos cervicais seletivos, aqueles onde apenas alguns níveis do 
pescoço são ressecados. Os mais frequentes são:
 » Esvaziamento cervical supraomohioídeo (esvaziados os níveis I, II e III).
 » Esvaziamento cervical lateral (esvaziados os níveis II, III e IV).
 » Esvaziamento cervical antero-lateral (esvaziados os níveis I, II, III e IV).
50
CAPÍTULO 1
Tratamentos do câncer
O impacto da notícia de câncer na qualidade de vida do paciente, de uma maneira 
geral, acarreta medo, diminuição da confiança, insegurança em relação à mudança da 
aparência, perda de identidade, entre outros fatores emocionais envolvidos.
No câncer de cabeça e pescoço esses fatores parecem mais exacerbados, visto que 
as alterações estéticas, e funcionais de fala, deglutição, mastigação e respiração são 
diretamente afetadas, o que diminui consideravelmente a qualidade de vida do paciente, 
dessa forma, apresentaremos de uma maneira geral, as principais sequelas dos tipos de 
tratamento utilizados para o tratamento de câncer de cabeça e pescoço.
Avaliação
O exame de toda a cavidade bucal deve ser feito de maneira metódica, para que todas as 
áreas sejam examinadas e seja possível a identificação de próteses dentárias. As lesões 
mais posteriores da cavidade bucal por vezes necessitam de visualização por espelho 
para avaliação de sua extensão. As lesões, sempre que possível, devem ser palpadas para 
avaliação de seus reais limites e acometimento de estruturas adjacentes. A palpação das 
cadeias linfáticas cervicais vai completar o exame, sendo importante a determinação do 
tamanho dos linfonodos, e sua mobilidade e relação com estruturas vizinhas.
Os pacientes tratados de câncer da boca devem manter-se sob uma rotina de 
acompanhamento em busca da detecção o mais precoce possível de qualquer recidiva 
da lesão primária ou metastática. O exame físico deve ser mensal no primeiro ano; 
trimestral no segundo; semestral após o terceiro ano; e anual após o quinto ano. 
Esse exame deve incluir:
 » exame da cavidade bucal e cadeias linfáticas cervicais;
 » avaliação do estado geral do paciente (qualidade de vida/ganho ponderal);
 » radiografia simples (RX) de tórax, realizada anualmente;
 » esofagoscopia, realizada anualmente – pesquisa de segundo tumor 
primário no trato aerodigestivo superior; 
 » laringoscopia indireta – pesquisa de segundo tumor primário, no trato 
aerodigestivo superior.
51
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
Diagnóstico
Para o diagnóstico, é importante a realização de exames tanto clínicos como instrumentais.
Alguns alertas à população são importantes, por exemplo: toda pessoa acima de 40 anos 
que apresente rouquidão progressiva há mais de 1 mês, necessita uma investigação com 
exame detalhado da laringe para esclarecimento diagnóstico. Isso se torna ainda mais 
importante se o paciente for fumante de longa data.
Deve-se estar sempre atento para queixas de odinofagia e disfagia associadas, sendo 
nesses casos obrigatório o exame da faringe e esôfago.
O exame físico deve atentar para eventuais alterações da voz, da deglutição e da 
respiração, e incluir:
 » palpação da base da língua;
 » exame indireto de hipofaringe, base da língua e laringe;
 » inspeção cuidadosa da nasofaringe, no sentido de se detectar infecções e 
neoplasias associadas;
 » inspeção e palpação do pescoço, cartilagens da laringe, tireoide, gânglios 
das cadeias ganglionares, principalmente cadeia jugular interna.
Para isso, são orientados a fazerem autoexames que auxiliam no autodiagnóstico.
Na imagem abaixo podemos ver como são as orientações sobre os autoexames.
Figura 34.
Fonte: <http://dradeisebastos.com.br/wp-content/uploads/2015/01/AUto-exame-c%C3%A2nccer-bucal.jpg>.
52
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
O exame endoscópico deve ser minucioso e relatar todas as regiões da laringe, base de 
língua, hipofaringe e esôfago cervical. 
A utilização de instrumentos de documentação fotográfica e vídeo é importante no 
sentido de complementar melhor os exames. 
A adição do exame clínico com o endoscópico confere precisão diagnóstica em 90 a 95% 
dos casos. 
A propedêutica radiológica pode ser útil. Tomografia computadorizada e ressonância 
nuclear magnética têm os mesmos objetivos e servem para se detectar invasão e 
destruição da cartilagem tireoide e das partes moles, nos casos avançados. Nos tumores 
glóticos, serve para avaliar a extensão do tumor, a existência ou não de infiltração 
da musculatura profunda, o eventual acometimento dos espaços paraglóticos e 
da área retrocricóide, a presença de gânglios cervicais com aspecto sugestivo de 
processo metastático.
Para avaliação da motricidade orofacial podemos utilizar qualquer instrumento, sendo 
necessária uma avaliação bem criteriosa, considerando os sintomas apresentados pelo 
paciente, bem como avaliação de todas as estruturas de face e cavidade oral, tanto 
estrutural quanto funcional.
Para avaliação da deglutição, sendo importante verificar as estruturas remanescentes, 
bem como, a funcionalidade da função, sugerimos o uso do protocolo ASED (Anexo 1).
Nerm desenvolveu um protocolo específico para avaliação do paciente oncológico, 
denominado: “Protocolo de avaliação fonoaudiológica pós-cirurgia de cabeça e pescoço 
– PAF – PCCP (Anexo 2).
Vamos detalhar agora, quais são os tipos de tratamento utilizados atualmente em câncer. 
São 3 os principais tipos de tratamento para o câncer:
 » cirurgia;
 » radioterapia;
 » quimioterapia. 
Ultimamente, outros tipos de terapia contra as neoplasias estão sendo usadas, como: 
terapia de fotorradiação com derivados hematoporfirínicos (HTP) e a imunoterapia. 
Independente do tipo de tratamento, o objetivo final é o mesmo, erradicar o câncer. 
Normalmente, as terapias são combinadas, ou seja, utilizam-se mais de um tipo de 
tratamento para se ter a efetividade esperada.
53
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
Trataremos agora as terapias com detalhes.
A quimioterapia é uma forma de tratamento sistêmico, que usa medicamentos administrados 
em espaços regulares, que variam de acordo com as necessidades terapêuticas dos pacientes. 
A quimioterapia tem varias finalidades:
 » Quimioterapia prévia, neoadjuvante ou citorredutora: indicada, 
para tumores mais avançados.» Quimioterapia adjuvante ou profilática: recomendada após o 
tratamento cirúrgico curativo, geralmente utilizada quando o paciente 
não tem evidências de neoplasias malignas detectadas por exame físico 
complementar. 
 » Quimioterapia curativa: como o nome mesmo já diz, tem o intuito 
de curar pacientes com neoplasias, podendo ou não estar associada à 
cirurgia e à radioterapia.
 » Quimioterapia para controle temporário de doença: indicada 
para o tratamento de tumores sólidos, avançados ou recidivados, ou 
neoplasias hematopoiéticas de evolução crônica. Permite longa sobrevida 
(meses ou anos), mas sem possibilidade de cura; sendo, porém, possível 
obter-se o aumento da sobrevida global do doente. 
 » Quimioterapia paliativa: indicada para a paliação de sinais e 
sintomas que comprometem a capacidade funcional do paciente, mas não 
repercute, obrigatoriamente, na sua sobrevida. Independente da via de 
administração, é de duração limitada, tendo em vista a incurabilidade do 
tumor (doença avançada, recidivada ou metastática), que tende a evoluir 
a despeito do tratamento aplicado. 
Nota: a hormonioterapia é considerada um tipo de tratamento quimioterápico. Consiste 
no uso de substâncias semelhantes ou inibidoras de hormônios para tratar as neoplasias 
que são dependentes desses. A finalidade desse tratamento é definida pelo oncologista 
clínico, conforme a doença do paciente.
Figura 35. Quimioterapia.
Fonte: Ministério da Saúde, s/d.
54
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
Já a radioterapia é um método de tratamento local, ou locorregional do câncer. Para o 
tratamento são utilizados equipamentos e técnicas variadas para irradiar as áreas do 
corpo humano previa e calculadamente marcadas. As finalidades variam, entretanto, 
sabemos que é mais usada em adultos do que em crianças devido aos efeitos colaterais 
tardios. Os raios gama, radioisótopos como cobalto-60, raios-X e até prótons e mésons 
pi negativos são os mais usados. 
Figura 36.
Fonte: Biomed-Central, s/d.
Radioterapia pós-operatória
A radioterapia aumenta o controle locorregional do câncer de laringe. Indica-se sempre 
que houver traqueostomia prévia à cirurgia, gânglios com extravasamento capsular, 
extensão subglótica maior que 1 cm, acometimento da hipofaringe ou base de língua, 
disseminação extralaríngea do tumor e invasão perineural.
O tratamento do câncer é planejado de acordo com a biologia do tumor e estadiamento 
clínico, além de condições clínicas do paciente, e sua aceitação. As formas de tratamento 
podem ser classificadas em: tratamento locorregional (cirurgia e radioterapia), e 
sistêmica (quimioterapia, modificadores de resposta biológica e hormonioterapia). 
Além disso, a intenção do tratamento pode ser: de cura ou alívio dos sintomas. 
A reabilitação do doente submetido a laringectomia parcial, necessita obrigatoriamente 
de uma abordagem multidisciplinar que inclua o auxílio do serviço de psicologia, 
de nutrição, de uma enfermagem especializada na área. É também absolutamente 
fundamental a participação do serviço de fonoaudiologia. Em um primeiro momento, 
esse serviço é bastante importante para a instituição dos exercícios que visem evitar 
a aspiração. 
55
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
Posteriormente o trabalho de reabilitação vocal é objetivado. Sempre que possível, 
esse trabalho deverá ser feito em conjunto com a equipe médica, que disponibilizará os 
detalhes e as peculiaridades de cada uma das cirurgias realizadas.
Lábios
 » Geralmente CEC. Pode existir tumores de glândulas salivares menores.
 » Exposição solar, tabagismo.
 » Tratamento: ressecção cirúrgica.
Impacto na fonação e deglutição:
 » microstomia;
 » dificuldade de contenção alimentar;
 » dificuldade de mastigação;
 » dor;
 » dificuldade de articulação de sons labiais.
Reabilitação pós-tratamento:
 » treinamento motor;
 » controle de processo inflamatório;
 » controle de infecção;
 » manutenção da nutrição.
Língua (2/3 ant)
 » neoplasias comuns;
 » mais comuns em bordo lateral;
 » potencial de metástases cervicais alta (mais de 30%);
 » boas chances de controle;
 » tratamento: glossectomia parcial e esvaziamento cervical + radioterapia 
(condicional).
56
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
Figura 37.
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/-6Y2BB0u8Zd4/Toi8HmX9T1I/AAAAAAAAAEw/RhJh7WM4r6s/s400/Incis%25C3%25B5es+para+m
acroglossia.png>.
Reabilitação pós-tratamento:
 » hidratação;
 » controle de infecção;
 » controle de processo inflamatório;
 » boa técnica reconstrutiva;
 » controle da dor;
 » manutenção da motricidade lingual;
 » alteração da consistência da dieta.
57
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
Palato duro
 » localização incomum de tumores;
 » mais comum: tumores de glândulas salivares menores (carcinoma 
adenóide cístico);
 » geralmente evoluem com fístulas oroantrais ou oronasais.
Reabilitação:
 » próteses palatinas oclusivas;
 » dietas enterais via sonda (nasoenteral, nasogástrica ou gastrostomia).
Gengiva e trígono retromolar
 » Geralmente necessitam ressecções ósseas (mandibulectomias), 
esvaziamento cervical e ocasionalmente traqueostomias.
 » Prognóstico favorável.
Mandibulectomia marginal
 » Não necessita reconstrução (osteossíntese).
Mandibulectomia segmentar
 » Necessita osteossíntese (costela, placa de titânio, fíbula).
Hemimandibulectomia
 » Retirada de metade da mandíbula.
 » Pode ter osteossíntese ou sem osteossíntese (cirurgia de comando).
Mandibulectomia total
 » evento raríssimo;
 » sempre necessita reconstrução;
 » reconstrução com fíbula;
 » próteses mandibulares.
58
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
Reabilitação pós-tratamento:
 » reabilitação odontológica;
 » controle da dor;
 » manutenção da arcada óssea mandibular;
 » controle da infecção;
 » controle do processo inflamatório.
Bochecha
 » A mais rara localização de tumor. 
Reabilitação:
 » Controle da dor, infecção e processo inflamatório.
Assoalho de boca
 » Espaço entre língua e dentes.
 » Reconstrução com enxerto de pele.
Reabilitação:
 » controle da infecção, dor e inflamação;
 » higienização intensiva.
Neoplasias de laringe
Vamos relembrar um pouco sobre a porcentagem de incidência das neoplasias de 
laringe, seu prognóstico e possibilidades de tratamento.
 » Laringe glótica (80%): entre o ventrículo e o bordo inferior da prega 
vocal verdadeira.
 » Laringe supraglótica (15%): entre a epiglote e o ventrículo.
 » Laringe subglótica (5%): entre o bordo inferior da prega vocal 
verdadeira e o bordo inferior da cartilagem cricoide.
59
TRATAMENTO E REABILITAÇÃO │ UNIDADE III
Neoplasia de laringe glótica
 » Bom prognóstico.
 » Sintoma precoce: disfonia.
 » Poucas metástases cervicais.
Estadiamento de tumores glóticos
 » tumor confinado à prega vocal, mobilidade preservada (T1b – bilateral);
 » mobilidade prejudicada ou invasão de supra ou infraglote;
 » fixação de corda vocal;
 » extensão para cartilagem, seio piriforme, orofaringe etc.
Tratamento:
 » Tumores glóticos I
 › radioterapia;
 › cordectomia;
 › microcirurgia.
 » Prognóstico
 › 95% – 5 anos.
 » Tumores glóticos II.
 » Laringectomia parcial.
 › Radioterapia.
 » Prognóstico.
 › 80% – 5 anos.
Laringectomia parcial frontolateral
 » Ressecção cirúrgica de metade da cartilagem tireoide, incluindo uma prega 
vocal mais comissura anterior e ventrículo com ou sem uma aritenoide. 
60
UNIDADE III │ TRATAMENTO E REABILITAÇÃO
 » Indicação: tumores de laringe glótica II (eventualmente I e III).
 » Necessita traqueostomia temporária.
 » Tumores glóticos III e IV:
 › fixação de prega vocal;
 › laringectomia total;
 › quimio/radioterapia.
Laringectomia total
Indicações:
 » Tumores de laringe estádio III e IV e hipofaringe, tumores de laringe 
subglótica.
 » Estádio III: paralisia de prega vocal por infiltração do espaço paraglótico 
(músculo tireoaritenóideo).
 » Separação total da via aerodigestiva.
 » Bom prognóstico.
 » Traqueostomia definitiva.
Reabilitação

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