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07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15 SEGURANÇA NO TRABALHO AULA 1 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15 Prof.ª Karla Knihs CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo(a) a esta aula! Nela, estudaremos o conceito de direito do trabalho, bem como os princípios que o orienta. Você vai perceber que os princípios são verdadeiros alicerces do Direito do trabalho, sendo possível resolver as situações de casos concretos não só por meio da legislação, mas com a aplicação dessa principiologia que orienta todo o sistema jurídico trabalhista. Estudaremos, também, a diferença entre relação de trabalho e relação de emprego, tendo em vista que nem sempre trabalho significa emprego, e existem várias formas de trabalho para além das relações empregatícias. Assim, estudaremos os conceitos de empregado e empregador, e veremos os requisitos para que se considere existente a relação empregatícia. Vamos começar, então, nossos estudos, para que possamos compreender o universo trabalhista e de que forma a segurança no trabalho está intimamente ligada com os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal e, até mesmo, nas normas internacionais de proteção do trabalhador. Bons estudos! TEMA 1 – NOÇÕES SOBRE DIREITO DO TRABALHO Podemos conceituar Direito do Trabalho como o conjunto de normas e princípios que rege as relações individuais e coletivas de trabalho subordinado, bem como as relações de trabalho, tendo em vista a necessidade de proteção do trabalhador, de melhoria das condições sociais do trabalhador e, por fim, o equilíbrio dos interesses do capital e do trabalho. 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/15 Assim, o Direito do Trabalho regula a relação empregatícia, sendo ramo especializado e autônomo do Direito, ou seja, possui autonomia em relação aos demais ramos do direito. O Direito do Trabalho possui seus próprios enfoques, teorias, princípios. Apesar de o Direito do Trabalho ter por objeto principal o estudo da relação de emprego, possui ainda em seu campo de estudo a relação de trabalho, a negociação coletiva e a greve. Quanto à natureza jurídica, discute-se se tal ramo pertence ao Direito Público ou ao Direito Privado. Consideramos que o Direito do Trabalho é misto, pois se de um lado privilegia a autonomia da vontade, por outro também estabelece normas de ordem pública. Podemos dizer, também, que o Direito do Trabalho está ligado com o Direito Social, pois o interesse coletivo da sociedade prevalece sobre o Direito Privado. Podemos dividir o Direito do Trabalho em dois ramos: Direito individual do trabalho: estudo e análise dos contratos individuais de trabalho; Direito coletivo do trabalho: trata das convenções e dos acordos coletivos de trabalho. Deve-se ressaltar que o Direito do Trabalho, como ordenamento jurídico, é plural, sendo composto não só de normas jurídicas, mas também de princípios e instituições, uma vez que sua origem não é unicamente estatal, dependendo da participação de grupos sociais, tais como os sindicatos, que devem observar os princípios de liberdade e democracia. Ainda, há a chamada concepção autotutelar, já que a tutela jurídica do trabalhador não é apenas estatal, mas pode ser efetuada, concomitantemente, pelos próprios trabalhadores. Tema recente e polêmico diz respeito à flexibilização do Direito do Trabalho. Frise-se que o tratamento das questões trabalhistas deve levar em conta o princípio da proteção ao emprego, o melhor interesse do trabalhador, com a análise da situação conjuntural da economia, das empresas e dos trabalhadores, visando à preservação de postos de trabalho ou, ao menos, a minimização das dispensas dos trabalhadores. Por todo o exposto, percebe-se que o Direito do Trabalho existe em função de normas criadas pelo Estado e pelos particulares, ou seja, normas estatais e não estatais, sendo que as normas não estatais são toleradas pelo Estado. Tais normas são aplicadas segundo a sua hierarquia, devendo prevalecer, como regra geral, a norma mais benéfica ao trabalhador. Estudaremos ainda nesta aula as fontes do Direito do Trabalho e os princípios que orientam a aplicação das normas. 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/15 Importante Vídeo disponível no material online. TEMA 2 – CONCEITO DE DIREITO DO TRABALHO E PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO O Direito do Trabalho pode ser conceituado como o ramo da ciência jurídica dotado de um conjunto de princípios, regras, instituições e institutos próprios que disciplinam a relação de emprego e algumas relações de trabalho semelhantes. A finalidade do Direito do Trabalho é estabelecer normas protetivas ao empregado, para a proteção das condições de trabalho e melhoria da condição social do trabalhador. Os princípios, assim como a Lei são fontes de Direito. A Constituição Federal de 1988 (CF/88), por exemplo, traz inúmeros princípios, como o da igualdade e o da liberdade. Assim, não apenas a lei é fonte de direito, mas, conforme o art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”. Assim, os princípios orientam o próprio sistema jurídico e traduzem “a noção de proposições fundamentais que se foram na consciência das pessoas e grupos sociais, a partir de certa realidade” e se tratam de “proposições que se colocam na base de uma ciência, informando-a” (Delgado, 2015, p. 189-190). De tal forma que não basta apenas conhecer a lei, é necessário conhecer os princípios que informam o Direito do Trabalho e que orientam a aplicação das demais normas, já que os princípios são essenciais para a compreensão e aplicação das normas trabalhistas e previdenciárias aos casos concretos. 2.1 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO Esse princípio consiste numa teia de proteção à parte hipossuficiente na relação de emprego, visando reduzir ou equilibrar o desiquilíbrio no plano jurídico. A lógica central desse princípio considera que, tendo em vista que o empregador é o detentor do poder econômico e fica em uma 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/15 situação privilegiada diante da relação de trabalho, é necessário garantir ao empregado uma vantagem jurídica que buscará diminuir essa diferença. Decorre do princípio constitucional da igualdade, já que “A verdadeira igualdade consiste em tratar-se igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”. Ou seja, é uma forma de compensar a superioridade econômica do empregador em relação ao empregado, dando a ele superioridade jurídica, que lhe é conferida no momento em que a proteção é dispensada por Lei. Daí porque este princípio tem como objetivo o nivelamento das desigualdades existentes. Além disso, esse é um princípio cardeal do Direito do Trabalho e que fundamenta os demais princípios, assim como estrutura o próprio Direito do Trabalho. Este princípio dá origem a mais três princípios: O in dúbio pro operario, in dubio pro misero ou, “na dúvida, em favor do operário”, segundo o qual o intérprete deve escolher, entre os vários sentidos possíveis da norma, o mais favorável ao trabalhador; O da norma mais favorável, segundo o qual se houver mais de uma norma aplicável, deve-se optar por aquela que seja melhor ao empregado. O operador do direito deve optar pela regra mais favorável ao obreiro em três ocasiões: (i) no momento de elaboração da regra (orienta a ação legislativa); (ii) no confronto entre regras concorrentes (hierarquização); (iii) no contexto de interpretação das regras jurídicas (sentido da regra). E o da condição mais benéfica, segundo o qual a aplicação de uma norma trabalhista nunca deve servir para diminuir as condições mais favoráveis ao trabalhador. É a garantia da preservação, ao longo docontrato, da cláusula contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/1988). Além do caráter constitucional, pode ser encontrado na CLT, art. 468: “Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia”. Tem-se como exemplo de sua aplicação a Súmula do Tribunal Superior do Trabalho: Súmula 51, I “I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento”. Protege, portanto, o Direito Adquirido, proibido a alteração contratual lesiva ao trabalhador. 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/15 2.2 PRINCÍPIO DA IRRENUNCIABILIDADE Também chamado de princípio da indisponibilidade, preceitua que ao empregado é vedado dispor de seus direitos assegurados pela ordem jurídica. A renúncia pode ser definida como o ato unilateral do empregado que desiste de algum direito assegurado por lei. Conforme salienta o professor Maurício Godinho Delgado (2015, p. 205) “a indisponibilidade inata aos direitos trabalhistas constitui-se talvez no veículo principal utilizado pelo Direito do Trabalho para tentar equalizar, no plano jurídico, a assincronia clássica existente entre os sujeitos da relação socioeconômica de emprego”. Como exemplo, podemos imaginar que o trabalhador assine documento renunciando às suas férias. Se isso ocorrer, a renúncia não terá qualquer validade, e o trabalhador poderá reclamar o seu pagamento, em dobro, na Justiça do Trabalho. Por tudo, temos que o princípio da irrenunciabilidade dos direitos garante a nulidade de todo ato destinado a fraudar, desvirtuar ou impedir a aplicação da legislação trabalhista, só sendo permitida a alteração nas condições de trabalho com o consentimento do empregado e, ainda assim, desde que não lhe acarretem prejuízos, sob pena de nulidade. Não pode o trabalhador concordar, portanto, com o pagamento de salário inferior ao piso, ou com a não remuneração de horas extras, por exemplo. 2.3 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO Refere-se à permanência do vínculo empregatício, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Assim, por esse princípio, dá-se preferência aos contratos de trabalho por tempo indeterminado, sendo que os contratos por prazo determinado só podem ser celebrados quando houver expressa previsão legal. Esse princípio atribui à relação de emprego a mais ampla duração, impedindo as despedidas nos casos de estabilidade, impedindo, também, o rebaixamento de função. O princípio é mais uma garantia que o trabalhador tem em relação a seu emprego e encontra amparo tanto constitucional quanto do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Conforme a Constituição Federal: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I – relação de emprego protegida contra 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/15 despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos”. Ainda, nos termos da Súmula n. 212 do TST “DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA: “O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado”. Por fim, o Direito do Trabalho garante, inclusive, a continuidade da relação de emprego quando haja sucessão de empregadores, nos termos dos arts. 10 e 448 da CLT: “Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados”. “Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados”. TEMA 3 – DEMAIS PRINCÍPIOS RELEVANTES DO DIREITO DO TRABALHO Além dos princípios basilares apresentados, o Direito do Trabalho também se arvora nos seguintes: Princípio da Primazia da Realidade sobre a forma: Refere-se à prevalência da realidade/prática concreta ao longo do contrato, independentemente da forma contratada. Assim, deve ser dada preferência à realidade fática verificada na prática da prestação de serviços em vez de ao que possa se depreender de documentos, quando houver discordância entre fatos e documentos. Por exemplo: O cartão-ponto foi registrado sempre no mesmo horário, todos os dias, com entrada às 08:00 e saída às 17:00. Tendo em vista ser impossível que o empregado tenha cumprido exatamente esse horário durante todo o contrato de trabalho, o que vale é o fato, que pode ser comprovado por testemunha, por exemplo, e não o cartão ponto; Princípio da intangibilidade salarial: O salário merece garantia de modo a assegurar o seu valor, montante e disponibilidade em benefício do empregado. Ainda, o salário possui caráter alimentar, sendo vedada a redução salarial. O salário não pode sofrer descontos que não sejam legalmente permitidos, nos termos do art. 462 da CLT: “Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/15 adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo”. Essa disposição pode ser flexibilizada por negociação coletiva, nos termos do art. 7º, VI, CF/88: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo”; Princípio da preservação da empresa: é a forma moderna da concepção das relações trabalhistas, em que se busca a harmonização de interesses entre empregado e empregador. Diz respeito ao “não comprometimento da viabilidade da empresa como unidade produtiva de bens e serviços para a sociedade geradora de renda e emprego para os trabalhadores” (Martins Filho, 2010, p. 69); Princípio da isonomia: significa tratar com igualdade os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. O art. 5º da CF/88 traz algumas regras que refletem esse princípio, tais como: liberdade de exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, liberdade sindical, direito de greve, representação dos trabalhadores na empresa, etc. O art. 7º da CF/88, por sua vez, traz algumas das hipóteses de tratamento isonômico: equiparação entre trabalhadores urbanos e rurais; não discriminação por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil quanto a salários, funções e contratação; não discriminação ao trabalhador portador de deficiência; não discriminação entre trabalho intelectual, técnico e manual; igualdade de direitos entre trabalhador com vínculo empregatício e trabalhador avulso, etc. O Direito Internacional do Trabalho também garante a isonomia, na Declaração da OIT sobre os princípios fundamentais no trabalho, proibindo o trabalho forçado, o trabalho infantil, garantindo liberdade sindical e a igualdade de remuneração e não discriminação. Princípio da boa-fé: Norteia todas as relações contratuais, não só no Direito do Trabalho. Pode ser descrita como a intenção moralmente reta no agir, estabelecendo um padrão ético de conduta para as partes nas relações obrigacionais. Importante Vídeo disponível no material online. TEMA 4 – RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/15 Dentro do universo das relações jurídicas, encontram-se as relações de trabalho e as relações de emprego. A relação de emprego é uma espécie de relação de trabalho, conforme se depreende do esquema a seguir: Fonte: Knihs, 2020.Assim, a relação de trabalho tem caráter genérico. “Refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer, consubstanciada em labor humano” (Godinho, 2013, p. 277). É toda modalidade de contratação do trabalho humano modernamente admissível; A expressão englobaria: a relação de emprego; relação de trabalho autônomo; relação de trabalho eventual; trabalho avulso, estágio, etc. Já a relação de emprego: é uma das modalidades jurídicas específicas de relação de trabalho; De acordo com o art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), “considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Assim, pessoa jurídica não pode ser empregado, por expressa disposição legal. O conceito de Empregador, por sua vez, está definido no art. 2º da CLT: “Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. Perceba que qualquer pessoa pode ser considerada empregador, seja pessoa física ou jurídica, empresa individual ou sociedade, profissional liberal, associação ou instituição, mesmo aquelas que 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/15 não tenham fins lucrativos. O empregador, segundo a Lei, possui algumas prerrogativas. Os poderes do empregador se manifestam de quatro maneiras: a) Poder de direção; b) Poder de regulamentação; c) Poder de fiscalização, de controle ou de vigilância; d) Poder disciplinar. O poder de direção permite ao empregador definir e organizar a estrutura interna da empresa, como o processo de trabalho e as rotinas e fluxos das atividades desempenhadas pelo(s) empregado(s). É, portanto, o poder de estabelecer regras que devem ser observadas no decorrer da prestação de serviços decorrente do vínculo jurídico laboral. O poder de regulamentação diz respeito às ordens de serviço (verbais e escritas); regulamentos internos; as circulares e os memorandos, entre outros expedientes, que têm por finalidade estruturar (organizar) as atividades desenvolvidas. O poder de fiscalização é a da prerrogativa conferida ao empregador de acompanhar e exercer vigilância no âmbito interno do espaço empresarial. O poder disciplinar ou poder diretivo trata-se do direito conferido ao empregador de impor sanções aos empregados em caso de descumprimento de suas obrigações contratuais. Importante Vídeo disponível no material online. TEMA 5 – CARACTERÍSTICAS DA RELAÇÃO DE EMPREGO A Consolidação das Leis do Trabalho elenca na combinação dos arts. 2º e 3º os requisitos fáticos e jurídicos da relação de emprego. Conforme se depreende do art. 3º da CLT, para que se configure a relação empregatícia é necessário que estejam presentes cinco requisitos. São eles: 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/15 1) Pessoa física; 2) Pessoalidade; 3) Subordinação jurídica (dependência); 4) Habitualidade (não eventual); 5) Onerosidade (salário). Vamos analisar cada requisito separadamente: a) Pessoa Física: prestação de trabalho por pessoa física a um tomador qualquer: a figura do empregado é sempre uma pessoa natural. Para que para a existência de vínculo empregatício, há a necessidade de que o empregado seja pessoa natural, ou seja, não pode ser pessoa jurídica. Perceba que a contratação de uma pessoa jurídica para a prestação de serviços é permitida, mas a relação não será de caráter trabalhista, mas sim civil. Com a recente reforma trabalhista, houve a criação de uma figura até então inexistente nas leis do trabalho, o chamado “autônomo exclusivo”. Trata-se de um profissional que poderá prestar serviços de forma contínua e para uma única empresa sem que isso seja caracterizado como vínculo empregatício. Entretanto, nessa modalidade de contrato, não existe o requisito da subordinação, razão ela qual não se trata de vínculo empregatício. Exemplo: Imagine que eu tenho um caminhão. Só que, para mim, é muito difícil conseguir viagens. Então, eu chego para uma transportadora, ofereço meus serviços e firmo um contrato com ela. Eu não serei empregado dela, não tenho subordinação. Posso fazer o que eu quiser — dirigir o número de horas que eu quiser, escolher onde vou parar. A empresa não vai me dar ordens. Assim, é necessário, para a inexistência de vínculo empregatício, que o trabalhador atue com total independência — o que importa é a entrega dos resultados. No caso deste exemplo, que a carga seja entregue no local e no dia previsto. b) Pessoalidade: empregado não pode se fazer substituir por outra pessoa. 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/15 Conforme vimos, a contratação de Pessoa Jurídica para prestação de serviços é permitida pela lei, mas não será a Lei Trabalhista que cuidará dessas relações, e, sim a lei civil, uma vez que se tratam de duas empresas negociando. Nesse caso, seria perfeitamente possível o responsável pela Pessoa Jurídica enviar quem ele quiser para prestar aquele serviço, já que não existe a pessoalidade. Contudo, para a caracterização do vínculo empregatício, é necessário que haja pessoalidade, ou seja: o empregado não pode mandar outra pessoa para trabalhar em seu lugar, não podendo o empregado se fazer substituir por outra pessoa. O serviço deve ser prestado pelo empregado, pessoalmente. c) Não eventualidade (habitualidade ou com continuidade): Durante a graduação, imagine que você teve aulas com um professor que lecionava apenas uma vez por semana, às quintas-feiras. Nesse caso, o professor pode ser considerado empregado, mesmo comparecendo uma vez por semana para ministrar as aulas? A resposta é afirmativa: o professor trabalha habitualmente, e não eventualmente, ou seja, toda semana ele comparece à instituição. A confusão é bastante comum, mas é importante perceber que a prestação habitual de serviços por longos períodos e horário definido, mesmo que não diariamente, configura vínculo de emprego, salvo no caso de atividade sem fim lucrativo, como é o caso do trabalhador diarista doméstico. Assim, se uma empresa contrata uma faxineira (pessoa física) para trabalhar duas vezes por semana, com pessoalidade, subordinação, onerosidade, não habitualidade, levando-se em consideração o caráter lucrativo da empresa, há a caracterização do vínculo empregatício. d) Subordinação ao tomador de serviços. Dizer que o empregado está subordinado ao empregador, significa que há dependência social, econômica, técnica e jurídica por parte do empregado, razão pela qual o empregado é hierarquicamente subordinado ao patrão, que deve assumir todos os riscos do negócio. O empregado não é autônomo, estando, portanto, subordinado ao empregador. O subordinado está sob a direção do empregador, e acata as ordens por haver uma relação hierárquica de dependência. Assim, caso não haja subordinação, não se configura o vínculo empregatício. e) Onerosidade: possui cunho econômico; contrato bilateral e oneroso. 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15 Imagine a seguinte situação: Amanda trabalhou durante 13 meses em uma ONG, duas vezes por semana, das 08:00 às 13:00, recebendo ordens diretas do diretor de marketing. O trabalho se deu de maneira voluntária, sem remuneração. Nesse caso, pode Amanda pleitear junto à Justiça do Trabalho o reconhecimento de vínculo empregatício com a ONG? A resposta é negativa, uma vez que não se cumpriu no caso o requisito da onerosidade, ou seja, Amanda não pode ser considerada empregada porque não recebia salário. Importante Vídeo disponível no material online. NA PRÁTICA Marcos foi contratado por Álvaro, para vigiar o pátio de sua empresa, que trabalha com entrega de gás. Apesar de ambos acordarem que Álvaro pagaria a Marcos o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais) para que Marcos trabalhassedas 22:00 às 05:00, com uma hora de intervalo, não houve anotação da CTPS, pois Marcos estava recebendo seguro-desemprego, e não queria ser registrado. Passados 15 dias, Marcos não mais comparece para trabalhar, nem dá qualquer satisfação a Álvaro. Certo dia, Álvaro é surpreendido com uma notificação da Justiça do Trabalho, sobre ação trabalhista em que Marcos pede o reconhecimento de vínculo empregatício, bem como os reflexos legais, e até mesmo aviso-prévio e verbas rescisórias. Nesse caso, Marcos possui algum direito? Sim! Apesar de parecer muito injusto que Marcos possa ter direitos trabalhistas reconhecidos, temos que pensar nos princípios inerentes às relações trabalhistas. Assim, caso comprove os fatos (quem alega tem que provar!), Marcos pode receber verbas trabalhistas. Saiba mais 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15 Para compreender quais seriam esses direitos, acesse a aula da disciplina, na qual há a explicação concreta desse caso! FINALIZANDO Nesta aula, tivemos a oportunidade de compreender o conceito de direito do trabalho e os princípios que embasam todo o ordenamento jurídico trabalhistas, em especial no que se refere à proteção do trabalhador – que deve se refletir, evidentemente – na preservação de sua saúde e segurança. Estudamos as diferenças existentes entre relação de trabalho e relação de emprego, compreendendo quem é o empregado e quem é o empregador, bem como, quais são os requisitos que devem ser preenchidos para a configuração do vínculo empregatício. Até o próximo encontro! REFERÊNCIAS DELGADO, M. G. Curso de Direito do Trabalho. 14. ed. São Paulo: RT, 2015. GUIMARÃES, R. P. de F. Manual de direito individual do trabalho. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014. MANUS, P. P. T. Direito do Trabalho. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MARQUES, F.; ABUD, C. J. Direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARTINS FILHO, I. G. da S. Manual de Direito e Processo do Trabalho. 19. ed. Rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. MARTINS, S. P. Manual de Direito do Trabalho. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. PEREITA, L. Direito do trabalho. 3. ed., revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013. 07/11/2022 12:02 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/15 SILVA, D. M. da. Terceirização na Administração Pública Como Instrumento Estratégico de Gestão. Curitiba: Juruá, 2014.