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DEFINIÇÕES E CONCEITOS SOBRE DESIGN

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DEFINIÇÕES E CONCEITOS SOBRE DESIGN
1 INTRODUÇÃO
Quando iniciamos nossos estudos na área do design é comum que a pergunta “o que é design?” venha à tona, e esse não é um questionamento irrelevante, pois a complexidade da área faz com que seja difícil identificar seus produtos em algumas situações. 
Além das questões conceituais inerentes ao campo do saber do design algumas vezes a confusão entre profissão e profissional é percebida, portanto, para começar, a área de atuação profissional é chamada de design enquanto aquele que exerce essa profissão é chamado de designer. 
Cientes desta nomenclatura, avance a leitura para que você conheça alguns conceitos inerentes à área a fim de lhe auxiliar no entendimento sobre “o que é design”. Desta forma, você acompanhará, neste tópico, a reflexão de alguns profissionais da área sobre este tema. 
2 O QUE É DESIGN?
Antes de começar com a teoria, você consegue dizer o que é design? Em caso negativo, consegue ao menos listar algumas coisas que você considera compor, ou não, o arcabouço do design? Ainda parece complexo? Então tente listar o que não possui design para você. Acompanhe as imagens a seguir, elas vão lhe dar pistas importantes sobre o que é design.
FIGURA 1 – GOLF DIGEST – PENTAGRAM
FONTE: <https://www.pentagram.com/work/golf-digest#18762>. Acesso em 03 de julho de 2020.<https://www.pentagram.com/work/golf-digest#18765>. Acesso em 03 de julho de 2020.
A Golf Digest é uma revista americana sobre golfe e seu design busca se conectar com os millenial golfers (geração de jogadores cujas idades variam entre 25 e 34 anos). A versão antiga da revista focava em um público menos jovem, por volta dos 50 anos. Com o novo design, a revista atualizou seus conteúdos e passou a incorporar matérias sobre estilo de vida. O projeto foi desenvolvido pelo estúdio Pentagram, que reúne um grande conjunto de designers de renome, como Paula Scher e outros. Atuando em diversas áreas do design – gráfico e identidade, arquitetura e interiores, embalagens e produtos, web e experiência digital –, o estúdio foi responsável pelo desafio de identificar novos métodos para visualização de conteúdo, buscando quebrar com a monotonia que era presente nas imagens de gramados verdes em contraste com o céu azul. A tipografia da marca possui terminais arredondados que denotam um tom divertido, agregando liberdade ao movimento e o pingo vermelho do i foi mantido para fazer um link com a versão antiga da revista.
 Para você entender a importância de Paula Scher para o Design, assista ao episódio Paula Scher: design gráfico da série Abstract: a arte do Design, disponível na Netflix.
Com base no exposto, podemos presumir que, dentre os elementos que constituem o campo do design, está o editorial, que engloba revistas, jornais, livros, entre outras. Observe a seguir, outro case.
FIGURA 2 – GIN VELVO – BOTANIC E ARTICE – PREMIER PACK
FONTE: <http://www.abre.org.br/galeria_inovacao/fotos/premio_2019_1450.jpg>. Acesso em: 15 jun. 2020.
A embalagem para a bebida alcoólica Gin Velvo foi vencedora do prêmio nessa categoria, no ano de 2019. O design foi desenvolvido por Premier Pack e o Brand Owner (ou seja, o proprietário da marca) é a Velvo Destilaria. A embalagem teve como objetivo posicionar no mercado um Gin, produzido no Brasil, baseada em referenciais de seus concorrentes no exterior. A opção do cliente foi o uso de uma garrafa que guardasse relação com as antigas garrafas de boticário, com vistas a um design contemporâneo e sofisticado. Além dos aspectos estéticos facilmente identificados, a embalagem conta com uma economia de material (vidro), usando um processo de fabricação da garrafa que garante resistência mecânica com o uso de menos matéria prima. A Premier Pack é uma empresa brasileira de embalagens de vidro, possui uma ampla cartela de clientes dos ramos de bebida, alimentos, perfumaria e cosméticos.
Agora faça uma pausa e pense em todos os produtos que você consome, para ser um pouco mais restritivo, pense sobre a sua experiência em um supermercado: todo e qualquer produto está embalado, desde os mais nobres até mesmo aqueles que são tão comuns no nosso dia a dia que nem pensamos na importância da embalagem. Elas garantem que o consumidor tenha informações sobre o produto das mais diversas ordens (composição, validade etc.), mantêm os produtos conservados e com qualidade para serem consumidos, facilitam o transporte da fabricação para o ponto de venda e deste, para a sua casa. Só este exemplo amplia muito sua percepção sobre o que pode ser design. Avance para o próximo exemplo, no qual você poderá verificar que o mobiliário também pode ser introduzido dentro da concepção do que é design.
FIGURA 3 – JARDIM/GARDEN – STUDIO OVO
Na imagem, vê-se o sofá Jardim isolado, sua aplicação no ambiente e seu desenho técnico. Você deve estar se perguntando: o que esta imagem representa? O desenho técnico apresenta as informações técnicas para execução de um projeto, por exemplo, forma, medidas, posição dos elementos que compõe o objeto, entre outras. No caso da imagem aqui apresentada, ela informa apenas as medidas básicas do sofá, ou seja, as medidas que quem está adquirindo o produto precisa levar em consideração para aplicá-lo em um ambiente.
A geometria do sofá Jardim tem o objetivo de explorar o paisagismo modernista, no qual é possível sentar-se em qualquer lugar devido à sua forma desconstruída. Luciana Martins e Gerson de Oliveira produzem trabalhos que oscilam entre arte e design, atuam no mercado há pelo menos 27 anos e seus produtos podem ser adquiridos na loja Ovo.
Além do mobiliário, entra nesse contexto o design de ambientes, de objetos de decoração e de produtos. Neste momento, tente pensar nas experiências que você já teve nos mais diversos ambientes, desde aqueles compartilhados com o público em geral até os mais íntimos, como sua casa, por exemplo. Todo mobiliário adquirido, no mínimo, foi considerado a partir das suas dimensões, seguido por fatores estéticos e emocionais. Tente pensar na configuração de restaurantes populares, restaurantes mais sofisticados e até mesmo as praças de alimentação dos shoppings. 
Reflita sobre o quanto a ambientação de um espaço pode modificar a sua relação e experiência com ele. Siga para o próximo exemplo, você já pensou sobre como se dá a sua relação com os textos? O próximo campo do design a ser apresentado visa demonstrar que um texto é mais do que palavras, as características de uma tipografia afetam diretamente a experiência que temos em uma leitura.
FIGURA 4 – TIPOGRAFIA CURITYBA. CYLA COSTA
A tipografia Curityba foi desenvolvida por Cyla Costa e foi inspirada em tipografias utilizadas na cidade de Curitiba no século XIX, que marcou o surgimento da Tipografia Paranaense. As referências para a tipografia vieram do acervo imagético da Casa da Memória de Curitiba. Cyla Costa é designer gráfica e artista tipográfica. 
Observando a tipografia apresentada, pense sobre os juízos que você fez ao visualizá-la: parece retrô? É fácil ou difícil de ler? Você consegue perceber que, além do texto que a tipografia informa, ela também desperta sensações? Pense sobre a experiência de ler uma bula de remédio, um contrato qualquer, um livro e uma página de notícias na internet. Perceba que, além das qualidades inerentes à tipografia, o suporte ao qual ela está aplicada interfere, também, na experiência que você terá na leitura. Pense sobre como era a produção de livros antes do computador: parece algo absurdamente complexo e inviável se compararmos com a facilidade de mudança de tipografia que fazemos hoje, quando criamos um layout no computador.
Enfim, essa lista de “coisas que possuem design” é infinita. Elas não serão abordadas por uma questão de foco em tentar elucidar o que é design, mas incorpore nos seus pensamentos algumas coisas: design de jogos, design de joias, design da informação, design de interação, enfim, muitos designs para um único conceito. Reforçamos, portanto, que os projetos aqui listados são apenas uma parte daquilo que está dentro doslimites do design. 
Agora faça um pequeno esforço para identificar coisas em comum ao que fora apresentado: além dos aspectos estéticos muito bem elaborados, as peças apresentam um contexto, denotam a existência de um conceito que orienta as escolhas formais. Obviamente, o que vemos ali é a superfície do design, mas existe todo um estudo, um motivo, uma justificativa para o uso de cada um daqueles elementos. É nesse caminho, imbricado entre ideia e concretude, entre esboço e objeto, que o design se manifesta naquilo que consideramos sua melhor forma: o projeto.
Para ampliar mais nossa concepção sobre design, podemos citar aqui alguns designers de grande expressão no contexto nacional e internacional: Walter Gropius (arquiteto alemão); Jan Tschichold (tipógrafo alemão); Aloísio Magalhães (designer gráfico brasileiro), Alan Fletcher (designer gráfico queniano); Philippe Stark (designer francês); Ruth Carter (figurinista americana); Cas Holman (designer americana de brinquedos); Ilse Crawford (designer britânica). A partir desses nomes você poderá realizar pesquisas sobre design e descobrir novos indícios para lhe ajudar na tarefa de compreender o que é design. 
Espero que por meio da leitura deste tópico você comece a perceber que o design está presente em coisas que você menos espera. Ampliando essa abordagem sobre o que é design, acompanhe a seguir a perspectiva de alguns teóricos da
Uma outra perspectiva é apresentada por Daniel Furtado em seu canal sobre UX Design. O vídeo O que é design? está disponível no YouTube, no endereço a seguir: https://bit.ly/2HIeuEB
Não raramente, ao assistir palestras, vídeos, propagandas, entre outros, somos lançados à ideia de que design é tudo ou tudo é design. Em contrapartida, uma propaganda de automóvel veiculada pela televisão anuncia: “seu carro com mais design”. Nesse contexto dúbio, no qual tudo pode ser design e que algumas coisas possuem mais design do que outras, se constrói uma área que parece não estar conseguindo responder ao certo a que veio. 
Sobre esse tema, o professor Norberto Chaves (s.d.) publicou um artigo, em sua página da web, intitulado: Diseño: disciplina “vacía” (Design: disciplina vazia). A abordagem de Chaves (s.d.) é muito interessante, pois ele problematiza esse lugar comum em que o design é depositado, para ele, quando colocamos este entendimento numa posição generalista, acabamos deixando de lado tudo aquilo que o próprio design produz, ficando apenas debruçado sobre tarefas projetuais, definindo todos os aspectos do projeto, antes de sua efetiva produção e objetivando as necessidades do usuário. Basicamente, dentro dessa perspectiva, o design é orientado por aspectos formais e materiais que compõe o contexto social.  
Na perspectiva de Chaves (s.d.), cabe ao designer inteirar-se dos códigos vigentes e incorporá-los, uma vez que este profissional precisa estar a par de todos os elementos que estão além de suas práxis. Basicamente, o que Chaves (s.d.) apresenta é que se nos limitarmos a pensar apenas que o designer é o responsável por combinar materiais, cores e formas, observando as particularidades do projeto, estamos, de fato, dizendo que tudo é design. Essa postura acaba esvaziando o próprio conceito, tornando-o uma prática universal de produção. 
No entanto, é necessário entender que a tarefa do designer é anterior ao produto, ou seja, todo o estudo realizado antes de sua concepção, de esboços a protótipos, definição de critérios, normas e função de acordo com o contexto, é o que caracteriza de forma mais assertiva a atividade do designer. Basicamente, o designer trabalha com o objetivo de adequar seu projeto à necessidade de uso do produto, considerando o que se pretende atingir com esse produto. Para Chaves (s.d.), o estudo do design parte do conhecimento construído sobre sociedade e cultura, fatores imprescindíveis na tomada de decisão sobre os aspectos do design propriamente dito. Portanto, apesar dessa característica de amplidão do design, que lhe confere uma concepção, de certa forma, “vazia”, é exatamente o que o coloca num lugar de destaque, pois não é a ausência de normas que colocará em cheque aquilo produzido pelo designer, mas sim, aquilo que ele não conseguiu absorver do contexto de mundo. 
Dentro da perspectiva apresentada por Chaves (s.d.), se podemos afirmar que uma coisa é certa no design é sua eficiência e sua eficácia, os recursos para atingir esses dois fatores estão naquilo que o próprio designer consegue construir enquanto repertório, e o quanto ele consegue projetar isso na linguagem do design.
Para entender um pouco mais sobre a linguagem do design, observe como ele se comunica com seu público: conclui-se, assim, que a linguagem do design é permeada por textos, imagens, formas, cores, suportes, materiais, entre outros, tudo organizado de forma sistemática dentro de um determinado espaço. Esses fatores são empregados em decorrência de um conceito e podemos inferir que design possui um elemento simbólico relacionado ao projeto, que é expresso na medida em que se explora os elementos estéticos e formais. Mas, o que entendemos como projeto?
Um projeto está relacionado às definições, requisitos, restrições, geração de ideias, organização da informação, reconhecimento das necessidades humanas, entre outras particularidades. Em face disso, podemos nos perguntar sobre como concatenar todo esse volume de informação e é no método que encontramos nossa resposta – ele será responsável pelo modo como iremos projetar algo. Devido a sua linguagem formal, o design tem forte apelo estético o que denota um caráter simbólico. Mas se design é tudo, como podemos identificar um bom ou um mal design? E aqui, caímos mais uma vez no aspecto dualístico do design: partimos da estética, do gosto pessoal e das sensações para avaliar um design, assim como partimos de aspectos técnicos, se o suporte é adequado, se o material empregado é o melhor disponível, se a plataforma digital atende a todas as necessidades do projeto e mais um mar de outras possíveis considerações. A subjetividade no design pode ser um elemento avaliado, inclusive, pelo contexto no qual o objeto de design está inserido. 
O livro Conceitos-chave em Design, organizado por Luiz Antonio Coelho (2008), apresenta uma série de verbetes relacionados com a atividade do design em diversos campos. Consultando o verbete design, somos inicialmente advertidos sobre o caráter polissêmico da palavra, cujos sentidos podem contemplar “designar, indicar, representar, marcar, ordenar, dispor, regular” (COELHO, 2008, p. 189) e enquanto significado, pode abranger termos como “invento, planejamento, projeto, configuração” (COELHO, 2008, p. 189), denotando assim, sua distinção em relação à palavra desenho (drawing em inglês). Além disso, como alerta o filósofo tcheco, naturalizado no Brasil, Vilém Flusser (2013), a palavra design tem origem no idioma inglês e pode ser substantivo ou verbo. 
O campo do design é uma área interdisciplinar, dotada de flexibilidade e que oportuniza diferentes interpretações. O verbete segue apresentando que a prática na área é permeada por teorias fundamentais e críticas, com isso, design visa dar forma a objetos que possuem um objetivo específico. Possui vasto campo, com atividades que requerem determinada especialização – retomaremos este tema no Tópico 4 desta unidade – as quais são de ordem técnica e cientifica, criativa e artística se desdobrando no contexto bidimensional e tridimensional, virtual e gráfico, para espaços ou produtos.
Diante destas considerações, o verbete defende que as atividades desempenhadas pelo designer envolvem desenvolvimento projetual, considerando uso, função, produção, mercado, utilidade, qualidade formal e estética, orientado por fatores socioculturais, ecológicos, econômicos, tecnológicos, ergonômicos, entre outros. Ao designer, cabe equacionar a relação entre homem e objeto, atendendo às necessidades do primeiro, criando uma relação prazerosa com o objeto. Coelho (2008) também comenta sobre o amplo campo de atuação do designer,e afirma que este também pode ser reconhecido como desenhista industrial, designer industrial, comunicador visual, programador visual, entre outras designações.
Em sua definição, Flusser (2013), no livro O mundo codificado, faz uma análise sobre o termo design e seus possíveis desdobramentos, observando como as transformações históricas fizeram com que o termo fosse revisto até atingir o significado que possui hoje. 
O filósofo passa pelo universo semântico da palavra, relacionando-a com arte e técnica, em que, por oscilar tanto na arte quanto na técnica, o termo se posicionou entre ambas, unificando características destes dois universos. Além disso, ele defende o design contemporâneo como algo expresso por meio de ideias que funcionam como elementos de valoração. Com uma abordagem diversa, o design é fator importante na compreensão sobre a manipulação e percepção de algo.
Também apontando para a pluralidade da área, o professor e pesquisador Bernd Löbach (2001) propõe que o termo seja visto sob múltiplas perspectivas: a dos usuários, a do fabricante, a de um crítico marxista, a do designer e a de um advogado dos usuários, demonstrando que distintas perspectivas apresentam diferentes concepções de design e isso não significa que alguma delas seja a mais certa ou a mais errada. 
Na concepção do usuário, uma visão simplista: design é design. Já para o fabricante, design está relacionado com o uso de insumos de forma rentável, com estética para seduzir os clientes e otimizando custos na produção. Para o crítico marxista, o design tem como função aumentar as vendas de algo com aparência nobre que pode aumentar ou qualificar seu valor. O designer se coloca como um mediador na resolução de problemas entre homem e meio, enquanto o advogado defenderia a necessidade de adaptação de um ambiente às necessidades físicas e psíquicas do homem. 
Löbach (2001) aborda o design como sinônimo de projeto, plano, esboço, desenho, construção e modelo e, a partir destas características, propõe que o design seja entendido como ideia, planejamento que serve para tangibilizar a solução de um problema oriundo das necessidades dos sujeitos. 
O professor argentino Jorge Frascara aborda o termo design em seu livro Diseño y Comunicación (2000). Nele, reitera a variedade de interpretações, porém, sua abordagem gira em torno dos conceitos relativos ao ato de programar, projetar, coordenar, selecionar e organizar elementos que produzam o efeito da comunicação visual. Ele alerta aqueles que buscam relacionar a palavra design com desenho: apesar de esta tarefa compor o contexto do design, o mesmo não se restringe a isso. Por esse motivo, o professor Frascara relaciona o termo design com projeto. Tenha isso em mente, pois lhe ajudará a entender melhor o contexto do design. Ele também determina o termo de forma ampla, estando, muitas vezes, acompanhado de outras palavras para que possa ser qualificado, por exemplo: design gráfico, design digital, design de produtos, entre tantos outros, delimitando, também áreas profissionais: designer digital, designer de produto, entre outras. 
Frascara (2000) enfatiza o caráter multidisciplinar do design ressaltando que um designer precisa desenvolver habilidades para criar boas relações interpessoais, isso é extremamente importante, pois, em um projeto, o designer não contará apenas com pares da área, mas sim, trabalhará em conjunto com outros profissionais, como das engenharias, por exemplo. Sua habilidade retórica deve ser aprimorada de forma que ele consiga transpor conceitos técnicos numa linguagem acessível para aqueles que não possuem a mesma formação, por exemplo. 
Para este professor, o designer precisa apresentar algumas características importantes, como estar apto a realizar análises de forma original, possuir uma imaginação criativa e um bom senso de realismo. Ao mencionar a criatividade, ele enfatiza que ela não está relacionada à criatividade característica da arte, mas sim, na capacidade criativa para solução de problemas, independente do grau de dificuldade. 
esta perspectiva, ele associa criatividade à inteligência e aposta na capacidade de ampliação do conhecimento, potencializando a capacidade de conectar informações aparentemente desconexas, criar novas relações para ressignificar coisas com poder de síntese inovadoras e admiráveis. Aponta para o fato de o designer ter um ótimo senso de observação, atenção e grande poder de análise, orientado por métodos que primem pela flexibilidade e eficiência. Desta forma, o designer consegue entender as necessidades dos clientes, propondo soluções eficientes e flexíveis.
Ainda que atento aos aspectos comunicativos do design projetado, um designer não pode se desligar dos aspectos sensíveis, ou seja, deve estar atento às questões estéticas representadas no projeto, tendo em vista que os elementos aplicados em determinada peça são os mecanismos para comunicação. Assim como o conjunto de palavras deste livro lhe transmite uma informação, um objeto de design deve transmitir informação por meio de texto, imagem, cor, textura, entre outros. A atenção aqui deve ser redobrada para não gerar ambiguidades que tornem as informações em algo não compreensível. É de suma importância entender que os elementos estéticos aplicados em um design devem estar em consonância com o público alvo, considerando as características desse projeto (sejam elas: idade, fatores sociais, culturais etc.) (FRASCARA, 2000).
Uma questão muito importante no contexto do design é que ele não deve ser exclusivamente uma questão de gosto, tão pouco um meio para a expressão das ideias do designer (porém, isso não quer dizer que também não possa ser, mas essa é uma outra discussão). Quando afirmamos isso, queremos dizer que o designer é responsável por comunicar aquilo que o cliente está solicitando, embora suas preferências estéticas sejam ativadas no processo criativo, o compromisso do designer é comunicar com base naquilo que o contexto da comunicação está exigindo, dirigindo-se ao público alvo desejado (HOLLIS, 2000).
Outra preocupação do designer deve ser a reprodutibilidade daquilo que está projetando. Um projeto normalmente começa com esboços em papel ou computador, o qual também passará por finalização. Junto a uma equipe, todo o material necessário para a produção da peça gráfica é organizado (fotografias, ilustrações, protótipos etc.). Discute-se resultados com os clientes, percorrendo várias etapas até a finalização do design.
Cabe ressaltar a perspectiva da professora e pesquisadora Milene Cará (2010), a qual lança uma outra ideia sobre o conceito de design. Para ela, ainda carecemos de uma definição consensual sobre o que é design, o que faz com que as discussões no Brasil ainda girem em torno do termo design e reconhece o fato desta área concatenar aspectos concretos e abstratos. Ela realiza uma análise entre o acréscimo da palavra industrial no contexto das atividades desenvolvidas pelos designers, cujos objetos do seu ofício podem derivar produtos, serviços gráficos, interiores e arquitetura. Para ela, o design está intimamente ligado à capacidade de melhorar os padrões de vida das pessoas, somando outros profissionais as suas atividades.
Cará (2010) apresenta no livro Do desenho industrial ao design no Brasil, as definições para design propostas pelo International Council of Societies of Industrial Design (Conselho Internacional das Sociedades do Design Industrial – ICSID), hoje conhecido como World Design Organization (Organização Mundial do Design – WOD). É interessante perceber as transformações desse conceito com o passar do tempo, pois isso denota o caráter atualizador do design, que atua em consonância com as preocupações e tecnologias do seu tempo. 
O cerne de todas as versões do conceito de design fornecidas pelo ICSID/WOD denota as relações da produção com a tecnologia, economia, política e com o social. Nessa perspectiva, podemos dizer que o design assume uma posição relativa ao passar do tempo, tendo em vista todas as transformações que as sociedades passam,associado às múltiplas realidades que encontramos ao redor do mundo.
A World Design Organization é uma organização não governamental que tem como objetivo promover a profissão de design industrial e com vistas à sua capacidade de gerar produtos, sistemas, serviços e experiências com melhor qualidade. Também é atenta às necessidades da indústria no que diz respeito à geração de negócios e indústria de qualidade, o que implica em um ambiente e em uma sociedade melhor. 
No ano de 2018, na 29ª Assembleia Geral em Gwagju na Coréia do Sul, o comitê de Prática Profissional apresentou a versão mais recente do conceito de desenho industrial, defendendo ser um processo estratégico para solução de problemas.
 Ele é impulsionado pela inovação que propicia sucesso nos negócios, gerando uma melhor qualidade de vida por meio de produtos, sistemas, serviços e experiências inovadoras. De perspectiva transdisciplinar, a profissão é calcada na criatividade para resolver problemas e criar soluções conjuntas, visando melhorias em diversos setores. 
Para o WOD, o design industrial viabiliza um olhar otimista para o futuro, unindo inovação, tecnologia, pesquisa, negócios, clientes, gerando vantagens competitivas em diversos níveis: econômico, social e ambiental. Ainda na perspectiva da WOD, o ser humano é o centro do processo, e a compreensão das necessidades dos usuários parte de uma abordagem de empatia e processos pragmáticos. 
O pesquisador e designer Rafael Cardoso (2008), no livro Uma introdução à história do design, também opta pela delimitação do termo design e reforça o antagonismo entre abstrato e concreto que a palavra engendra. No campo abstrato, design relaciona-se com conceber, projetar e atribuir, enquanto no campo concreto, a palavra refere-se a registro, configuração e forma. Para ele, o objetivo do design é unir estes dois contextos, em que a forma é a expressão das ideias e dos conceitos intelectuais, assim, o design atende tanto a dimensão do projeto (expresso por meio de esboços ou modelos) quanto à dimensão projetual (expresso por meio da engenharia, por exemplo). 
Diante de todas essas acepções podemos selecionar algumas palavras recorrentes no contexto do design: organização, seleção, estratégia, planejamento, percepção, coordenação, esboço, desenho, configuração, manipulação, construção, programação e projeto. A partir de agora, faça o exercício de refletir sobre como você consegue encaixar estes termos dentro da concepção de design que você construiu ao longo deste tópico. 
O termo organizar relaciona-se com o design, pois ele é o meio através do qual mensagens são expressas, portanto, esse termo refere-se ao modo como iremos atuar junto ao cliente ou empresa. Não nos ateremos, aqui, nos processos do design, mas a organização é sempre importante em qualquer atividade que você intente desempenhar. 
Selecionar é uma condição muito importante e ela refere-se ao apego que eventualmente desenvolvemos com relação a uma ideia ou desenho. Pode parecer estranho, agora que você está iniciando seus estudos no campo do design, mas, brevemente, você verá que, às vezes, nos apegamos a coisas que parecem insubstituíveis, quando, na verdade, toda ideia deve ser ventilada para que bons designs surjam. Aprenda a selecionar aquilo que serve e o que não serve para um projeto, assim como a se desapegar quando necessário. 
Todo ato comunicativo pressupõe uma estratégia: observe como uma criança pede um brinquedo novo para os pais. Várias coisas mudam, tom de voz, postura, expressão corporal, entre outras. Com o design é assim: dependendo do que você pretende dizer e para quem quer dizer, você vai assumir uma postura, um tom de voz e uma maneira específica de expressar aquelas informações. 
Partindo deste mesmo exemplo, uma criança consegue planejar o modo como irá abordar um adulto para fazer uma solicitação, no campo do design, precisamos planejar como vamos comunicar, qual tipo de mídia ou material é mais adequado aquilo que se pretende dizer, qual o melhor momento para lançar um produto a mais. 
Aprenda a observar o mundo ao seu redor: analisar como as pessoas utilizam determinados produtos e interagem com marcas, por exemplo, isso pode transformar a sua percepção, abrindo as portas para situações que possivelmente você ainda não tenha pensado. 
Design se relaciona com o ato de coordenar, em diversos sentidos. Se você for atuar como freelancer, é preciso coordenar seu tempo para que você consiga atender bem os seus clientes. Se você for atuar num projeto que envolva um número razoável de pessoas, é preciso que você coordene suas tarefas e ações com o restante do grupo. 
Esboço, desenho, configuração, manipulação, construção, programação são ações que orientam o desenvolvimento do projeto. Considere que a ideia de representar, no design, está relacionada ao fato de o design se colocar no lugar de algo para transmitir uma informação, uma mensagem. Essa representação pode ser orientada pelo estilo ou conceito da peça que está sendo desenvolvida. 
A discussão sobre o que é design é longa e certamente não será esgotada aqui. No próximo tópico você acompanhará a história do design no mundo, o que lhe permitirá gerar e aprofundar outras reflexões.
RESUMO DO TÓPICO
Neste tópico, você aprendeu que:
•    Existem diversas reflexões que buscam delinear aquilo que se deve entender por design. 
•    O design pode ser empregado como elemento de apelo de valor ou de forma conceitual, porém, interessa-nos a perspectiva que discute, também, os aspectos projetuais do design. 
•    Existe uma série de incertezas diante dessas classificações e que a discussão não se esgota nos aspectos que apresentados.
•    O design é uma palavra que engloba uma série de atividades profissionais e que essas atividades estão presentes de diversas formas no nosso cotidiano: seja na embalagem de um produto, seja no projeto de um móvel, na estrutura de uma letra, na identificação ou definição de um público, entre outras. 
•    Apesar de não haver ainda uma definição concreta sobre o que é design, muitos teóricos já expuseram suas reflexões sobre o tema e existem alguns elementos que se repetem ao longo das explanações, são eles: projeto, organização, esboço, desenho, entre outras palavras já mencionadas ao longo do texto.
•    A atividade criativa que engendra o design difere-se da criatividade usada no campo da arte ainda que ambas se utilizem de códigos visuais para sua comunicação. O design volta-se mais para a solução de problemas do que para a expressividade a qual a arte se propõe. 
•    De posse destas informações esperamos que você assuma uma posição mais crítica a respeito do design, no sentido de compreender que tudo que é produzido de forma industrial perpassa uma etapa projetual que independe dos nossos juízos de valor ou gosto e é neste ponto que encontramos a natureza do design.

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