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NIVELAMENTO DE
LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
ETAPA 5
TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA LIBRAS
CENTRO UNIVERSITÁRIO
LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito
89130-000 - INDAIAL/SC
www.uniasselvi.com.br
Nivelamento de Libras Intermediário II
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Organização
Prof.ª Ana Clarisse Alencar Barbosa
Autora
Fabiana Schmitt Corrêa
Reitor da UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância
Prof.ª Francieli Stano Torres
Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância
Prof. Hermínio Kloch
Diagramação e Capa
Renan Willian Pacheco
Revisão
Aline Fernanda Guse
“Aprender a falar é aprender a traduzir: quando uma criança pergunta à sua mãe o 
significado desta ou daquela palavra, o que realmente pede é que traduza para a sua 
linguagem a palavra desconhecida. A tradução dentro de uma língua não é, nesse 
sentido,
essencialmente diferente da tradução entre duas línguas, e a história de todos os povos 
repete a experiência infantil”. Octavio Paz (1990: 9)
2 NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
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Tradução e Interpretação de Libras
Olá, iniciamos mais um capítulo discorrendo sobre Libras, uma língua diferente, 
instigante e já conhecida pelos leitores desse material! O tema, agora, aborda um 
aspecto normalmente exercido por profissionais ouvintes, mas para surpresa de 
muitos, atualmente praticado por surdos também. Sim, logo mais explicações! De início 
abordaremos o conceito de tradução e interpretação, em seguida esse novo campo de 
atuação dos intérpretes surdos. 
Bem, antes de qualquer coisa, é imprescindível lembrar que o trabalho do 
tradutor/intérprete de Libras baseia-se em valores também éticos, para além dos que a 
seguir estudaremos. 
O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética 
é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana 
na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento 
social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, em-
bora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento 
de justiça social (SUA PESQUISA, [s.d.], s.p.).
Em breve veremos mais sobre ética, especificamente nesta área de atuação, 
conhecendo também o código de ética profissional. 
Os conceitos tradução e interpretação, se pensados num aspecto geral, nos 
indicam que, segundo o Dicionário Aurélio: 
Tradução: Fazer passar (uma obra) de uma língua para outra; trasladar, verter;
Interpretação: Fazer a interpretação de; Tomar (alguma coisa) em determinado 
sentido; Explicar (a si próprio ou a outrem); Desempenhar um papel ou executar 
uma obra. (AURÉLIO, 2016, s.p.)
Bem, outra questão importante de se saber é sobre processos de se realizar a 
interpretação, Quadros (2004, p. 11) explica que:
Tradução-interpretação simultânea - É o processo de tradução-interpretação 
de uma língua para outra que acontece simultaneamente, ou seja, ao mesmo 
tempo. Isso significa que o tradutor-intérprete precisa ouvir/ver a enunciação 
em uma língua (língua-fonte), processá-la e passar para a outra língua (língua-
-alvo) no tempo da enunciação. Tradução-interpretação consecutiva - É o 
processo de tradução interpretação de uma língua para outra que acontece de 
forma consecutiva, ou seja, o tradutor-intérprete ouve/vê o enunciado em uma 
língua (língua-fonte), processa a informação e, posteriormente, faz a passagem 
para a outra língua (língua-alvo).
Agora, traremos o conceito sob a perspectiva da atuação profissional e as nuances 
envolvidas.
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NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
Modalidades de tradução-interpretação - língua brasileira de sinais para 
português oral, sinais para escrita, português para a língua de sinais oral, 
escrita para sinais - Uma tradução sempre envolve uma língua escrita. Assim, 
poder-se-á ter uma tradução de uma língua de sinais para a língua escrita de 
uma língua falada, da língua escrita de sinais para a língua falada, da escrita 
da língua falada para a língua de sinais, da língua de sinais para a escrita da 
língua falada, da escrita da língua de sinais para a escrita da língua falada e 
da escrita da língua falada para a escrita da língua de sinais. A interpretação 
sempre envolve as línguas faladas/sinalizadas, ou seja, nas modalidades orais-
-auditivas e visuais-espaciais. Assim, poder-se-á ter a interpretação da língua 
de sinais para a língua falada e vice-versa, da língua falada para a língua de 
sinais. Vale destacar que o termo tradutor é usado de forma mais generalizada 
e inclui o termo interpretação. (QUADROS, 2004, p. 09) 
Observando a citação acima, tradução de Libras e Interpretação de Libras, então 
tem algumas diferenças?! É o que veremos a seguir.
Há autores que considerem conceitos com a mesma função, já outros 
compreendem que há distinção na execução desse trabalho, é o de que nos valeremos 
aqui, “[...] distinção conceitual em que interpretação é o ato de passar um texto oral de 
uma língua para outra, ao passo que tradução envolve textos escritos. (GESSER, 2011, 
p. 22) 
Para esclarecer mais sobre a questão, a autora ainda comenta que: 
As traduções envolveriam a língua de sinais, a escrita de sinais e a língua 
portuguesa (ou outras línguas) nos diversos gêneros textuais. Por exemplo, 
a literatura surda que vem sendo registrada na sua “oralidade” pode ter sua 
versão em escrita de sinais ou mesmo em português escrito. O mesmo para 
trabalhos e pesquisas realizados por surdos em língua de sinais que podem ter 
sua versão em um sistema escrito e vice-versa. (GESSER, 2011, p. 23)
A tradução pode ocorrer de diferentes formas, segundo o autor Jakobson (1959, 
p. 232), distinguindo em: “Tradução intralingual ou reformulação, a interpretação da 
língua para mesma língua (por exemplo, o texto de adulto para texto infantil)”.
Um exemplo dessa tradução é a literatura “Quem mexeu no meu queijo”, uma 
parábola escrita pelo Dr. Spencer Johnson, nas versões adulto, jovem e infantil. 
4 NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
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FIGURA 1 – LIVROS NAS VERSÕES ADULTO, JOVEM E INFANTIL
FONTE: Disponível em: <livrariasaraiva.com.br>. Acesso em 03 jul. 2017. 
Tradução interlingual ou tradução propriamente dita, que é definida como a 
interpretação de uma língua para outra; ou seja, uma interpretação de signos verbais 
de uma língua para outra língua. 
Esse tipo de tradução é muito comum em espaços educacionais, em várias 
situações, quando o aluno sinaliza e o intérprete serve de escriba para o aluno, nas 
traduções dos trabalhos.
FONTE: Disponível em: <http://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=
16&idart=301>. Acesso em: 03 jul. 2017
FIGURA 2 – TRADUÇÃO DE LIBRAS PARA LÍNGUA PORTUGUESA
Tradução intersemiótica ou transmutação que é definida como a interpretação 
de um sistema de código para outro por meio de signos de sistemas não verbais. 
FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br/amor>. Acesso em: 03 
jul. 2017. \
FIGURA 3 – SIGNOS NÃO VERBAIS
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NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
Exemplo dessa tradução: transposição de um signo literário para signo 
cinematográfico.
FONTE: Disponível em: <https://www.dreamstime.com/stock-image-colorful-flower-
arrangement-image> e <http://bookeando.com/site/2012/05/31/serie-pilares-
da-terra-de-ken-follet/>. Acesso em: 03 jul. 2017. 
FIGURA 4 – SIGNO LITERÁRIO PARA SIGNO CINEMATOGRÁFICO
E falando em interpretação, traremos aqui o entendimento que envolve a ação 
de converter um texto oral de uma língua para outra, inclui algumas singularidadesse comparada a tradução, pois [...] não tem a mesma possibilidade que tem o tradutor 
quando faz suas opções tradutórias, por exemplo, apoiando-se em outras ferramentas, 
como: dicionários, enciclopédias, tradutores eletrônicos, bancos de dados etc.” (GESSER, 
2011, p. 23)
Uma definição muito tranquila sobre o intérprete em relação ao estudo em questão 
é apresentada por Quadros (2004, p. 7): “Intérprete de língua de sinais - Pessoa que 
interpreta de uma dada língua de sinais para outra língua, ou desta outra língua para 
uma determinada língua de sinais”.
O campo de atuação é bem vasto, escolas, universidades, espaços públicos (teatros, 
hospitais, delegacias, fóruns, etc.), programas eleitorais, eventos (seminários, palestras, 
congressos), propagandas diversas, enfim são inúmeras possibilidades. Mas, com certeza, 
a área educacional é a de maior demanda, considerando também a política nacional de 
inclusão e o fato de que a inserção de estudantes com surdez nas universidades tem 
maior frequência atualmente. 
E de quem estamos falando, quem é esse profissional? Segundo Quadros (2004, 
p. 28):
É o profissional que domina a língua de sinais e a língua falada do país e que 
é qualificado para desempenhar a função de intérprete. No Brasil, o intérprete 
deve dominar a língua brasileira de sinais e a língua portuguesa. Ele também 
pode dominar outras línguas, como o inglês, o espanhol, a língua de sinais 
americana e fazer a interpretação para a língua brasileira de sinais ou vice-
-versa (por exemplo, conferências internacionais). Além do domínio das línguas 
envolvidas no processo de tradução e interpretação, o profissional precisa 
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ter qualificação específica para atuar como tal. Isso significa ter domínio dos 
processos, dos modelos, das estratégias e técnicas de tradução e interpretação. 
0 profissional intérprete também deve ter formação específica na área de sua 
atuação (por exemplo, a área da educação).
De forma muito clara e valorosa, a respeito da atuação e do profissional, Gesser 
(2011, p. 26) acrescenta:
Em quaisquer processos de interpretação estão relacionados fatores tais como: 
memória, tomada de decisões, categorização e estratégias de interpretação, por 
exemplo. Assim sendo, cada uma das modalidades supracitadas exige habilida-
des e técnicas distintas do intérprete. A este, portanto, cabe o gerenciamento das 
informações e dos conhecimentos de modo que possa conduzir seu trabalho da 
melhor maneira. Como se vê, interpretar é uma atividade altamente complexa.
E o trabalho realizado sempre dever compreender as questões abaixo definidas 
por Quadros (2004, p. 28), principalmente nas questões éticas, as quais devem ser 
imprescindivelmente respeitadas:
a) Confiabilidade (sigilo profissional).
b) Imparcialidade (o intérprete deve ser neutro e não interferir com opiniões 
próprias).
 c) Discrição (o intérprete deve estabelecer limites no seu envolvimento durante 
a atuação).
 d) Distância profissional (o profissional intérprete e sua vida pessoal são 
separados).
 e) Fidelidade (a interpretação deve ser fiel, o intérprete não pode alterar a 
informação por querer ajudar ou ter opiniões a respeito de algum assunto, o 
objetivo da interpretação é passar o que realmente foi dito).
 
 A categoria tem como base o código de ética, que exprime orientações quanto 
à atuação. 
Gesser (2011, p. 15) nos explica a necessidade desse documento, quanto expõe que:
Os códigos de ética são elaborados com o objetivo de orientar as ações de 
seus participantes. Trata-se de um texto redigido, analisado e aprovado pela 
organização e/ou instituição competente em que são apresentadas as diretrizes 
referentes aos seus princípios, visão e missão. Neles ficam impressas as posturas 
e atitudes esperadas – e estas devem estar em conformidade com as condutas 
moralmente aceitas pela sociedade. O conteúdo dos códigos de ética é de suma 
importância, pois reflete aquilo que é esperado das pessoas, além de também 
respaldá-las na empresa frente a situações vivenciadas.
Segue de acordo com o Regimento Interno do Departamento Nacional de 
Intérpretes (FENEIS), o código de ética, que expõe questões já anteriormente indicadas 
para a atuação: 
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NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
CAPÍTULO 1 Princípios fundamentais
Artigo 1º . São deveres fundamentais do intérprete: 
1°. O intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral, honesto, consciente, 
confidente e de equilíbrio emocional. Ele guardará informações confidenciais 
e não poderá trair confidências, as quais foram confiadas a ele; 
2º. O intérprete deve manter uma atitude imparcial durante o transcurso da 
interpretação, evitando interferências e opiniões próprias, a menos que seja 
requerido pelo grupo a fazê-lo; 
3º. O intérprete deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade, 
sempre transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. Ele 
deve lembrar dos limites de sua função e não ir além de sua responsabilidade;
 4°. O intérprete deve reconhecer seu próprio nível de competência e ser pru-
dente em aceitar tarefas, procurando assistência de outros intérpretes e/ou 
profissionais, quando necessário, especialmente em palestras técnicas; 
5°. O intérprete deve adotar uma conduta adequada de se vestir, sem adereços, 
mantendo a dignidade da profissão e não chamando atenção indevida sobre si 
mesmo, durante o exercício da função. (QUADROS, 2004, p. 31)
Essas questões são importantes de serem apreendidas pelo profissional, a fim de 
que, além de fluente, ele seja capaz de executar com tranquilidade as questões acima 
referidas e com zelo pela profissão, compreendendo que não trabalha só, e sim por uma 
categoria. Esclarecimento também indicado no código, quando apresenta:
CAPÍTULO 4 - Relações com os colegas 
13°. Reconhecendo a necessidade para o seu desenvolvimento profissional, o 
intérprete deve agrupar-se com colegas profissionais com o propósito de dividir 
novos conhecimentos de vida e desenvolver suas capacidades expressivas e 
receptivas em interpretação e tradução. 
Parágrafo único. O intérprete deve esclarecer o público no que diz respeito ao 
surdo sempre que possível, reconhecendo que muitos equívocos (má informa-
ção) têm surgido devido à falta de conhecimento do público sobre a área da 
surdez e a comunicação com o surdo. (QUADROS, 2004, p. 33)
Ainda sobre a postura ética, de certa forma discutindo com o acima exposto 
por Quadros, a pesquisadora Damázio infere sua compreensão acerca do profissional, 
destacando: 
Entende-se que, sendo o tradutor e intérprete uma pessoa com capacidade, 
opiniões e construção identitária próprias, não é coerente exigir que ele adote 
uma postura absolutamente neutra, como se sua atividade fosse apenas uma 
atividade mecânica. Mas o fato de ter uma opinião própria sobre um assunto 
não dá a esse profissional o direito de interferir em uma situação concreta em 
que está atuando, quando não for chamado a intervir. (DAMÁZIO, 2007, p. 50)
O trabalho a ser abordado terá um foco maior na área educacional, logo, que é 
onde encontramos maior demanda e necessidade de muitos esclarecimentos. 
Ainda falando em esclarecimentos, vamos abordar alguns dos mitos comumente 
divulgados acerca do profissional, num recorte do livro de Quadros (2004, p. 29-30):
8 NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
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• Professores de surdos são intérpretes de língua de sinais – [...] os professores 
são professores e os intérpretes são intérpretes. Cada profissional desempenha 
sua função e papel que se diferenciam imensamente. O professor de surdos 
deve saber e utilizar muito bem a língua de sinais, mas isso não implicaser 
intérprete de língua de sinais. O professor tem o papel fundamental associado 
ao ensino e, portanto, completamente inserido no processo interativo social, 
cultural e linguístico. O intérprete, por outro lado, é o mediador entre pessoas 
que não dominam a mesma língua, abstendo-se, na medida do possível, de 
interferir no processo comunicativo.
• As pessoas ouvintes que dominam a língua de sinais são intérpretes – [...] 
O intérprete de língua de sinais é um profissional que deve ter qualificação 
específica para atuar como intérprete. Muitas pessoas que dominam a língua de 
sinais não querem e nem almejam atuar como intérpretes de língua de sinais. 
Também, há muitas pessoas que são fluentes na língua de sinais, mas não têm 
habilidade para serem intérpretes.
• Os filhos de pais surdos são intérpretes de língua de sinais – [...] Normal-
mente os filhos de pais surdos intermedeiam as relações entre os seus pais e as 
outras pessoas, mas desconhecem técnicas, estratégias e processos de tradução 
e interpretação, pois não possuem qualificação específica para isso. Os filhos 
fazem isso por serem filhos e não por serem intérpretes de língua de sinais. 
Alguns filhos de pais surdos se dedicam à profissão de intérprete e possuem 
a vantagem de ser nativos em ambas as línguas. Isso, no entanto, não garante 
que sejam bons profissionais intérpretes. O que garante a alguém ser um bom 
profissional intérprete é, além do domínio das duas línguas envolvidas nas 
interações, o profissionalismo, ou seja, busca de qualificação permanente e 
observância do código de ética.
Sobre o aspecto educacional, elucidaremos as questões com base no material 
organizado pelo MEC, considerando que nossas escolas devam respeitar tais diretrizes 
e determinações legais, logo que “[...] o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – 
Libras, em abril de 2002, e sua recente regulamentação, conforme o Decreto nº 5.626, de 
22 de dezembro de 2005, legitimam a atuação e a formação profissional de tradutores 
e intérpretes de Libras e Língua Portuguesa. (DAMÁZIO, 2007, p. 49)
Falando em escola e em intérprete educacional, Damázio (2007, p. 50) pontua 
ainda que:
Com relação à sala de aula, devemos sempre considerar que este espaço per-
tence ao professor e ao aluno e que a liderança no processo de aprendizagem 
é exercida pelo professor, sendo o aluno de sua responsabilidade. É absoluta-
mente necessário entender que o tradutor e intérprete é apenas um mediador 
da comunicação e não um facilitador da aprendizagem e que esses papéis são 
absolutamente diferentes e precisam ser devidamente distinguidos e respei-
tados nas escolas de nível básico e superior. Não cabe ao tradutor/intérprete 
a tutoria dos alunos com surdez e também é de fundamental importância que 
o professor e os alunos desenvolvam entre si interações sociais e habilidades 
comunicativas, de forma direta, evitando-se sempre que o aluno com surdez 
dependa totalmente do intérprete. 
Essas questões parecem ser redundantes, já tão conhecidas, mas infelizmente 
são informações que carecem ser esclarecidas para intérpretes e professores das nossas 
escolas. 
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NIVELAMENTO DE LIBRAS INTERMEDIÁRIO II
A autora acrescenta ainda que: 
[...] o tradutor/intérprete deve conhecer com profundidade, cientificidade e 
criticidade sua profissão, a área em que atua, as implicações da surdez, as 
pessoas com surdez, a Libras, os diversos ambientes de sua atuação a fim de 
que, de posse desses conhecimentos, seja capaz de atuar de maneira adequada 
em cada uma das situações que envolvem a tradução, a interpretação e a ética 
profissional. (DAMÁZIO, 2007, p. 51) 
Outra questão muito importante trazida pela autora acima faz referência 
ao ensino de Libras, é papel do professor com surdez executar esse trabalho, e ao 
intérprete cabe a mediação na comunicação. Infelizmente é comum observarmos o 
contrário acontecendo, intérpretes de Libras assumindo o papel do professor com 
surdez e lecionando em disciplinas de Libras ou em cursos de formação, inclusive 
em universidades. Desrespeitando o artigo e incisos indicados no Decreto 5.626/2005, 
quando expõe no Capítulo III: 
Art. 7o Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, caso não 
haja docente com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o 
ensino dessa disciplina em cursos de educação superior, ela poderá ser minis-
trada por profissionais que apresentem pelo menos um dos seguintes perfis:
 
 I - professor de Libras, usuário dessa língua com curso de pós-graduação 
ou com formação superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por 
meio de exame promovido pelo Ministério da Educação;
 II - instrutor de Libras, usuário dessa língua com formação de nível 
médio e com certificado obtido por meio de exame de proficiência em Libras, 
promovido pelo Ministério da Educação;
 III - professor ouvinte bilíngue: Libras - Língua Portuguesa, com pós-
-graduação ou formação superior e com certificado obtido por meio de exame 
de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação. (BRASIL, 
2005) 
Muitos espaços se prevalecem do inciso III, valendo-se de questões econômicas, 
já que não precisam pagar dois profissionais, ignorando a qualidade da ação do ensino 
de Língua 1 por um nativo e do trabalho específico do intérprete de Libras e também 
por conta da inobservância da quantidade de turmas já formadas no Letras/Libras – 
licenciatura, com diplomação em nível superior que qualifica para esse ensino, formação 
essa ofertada principalmente pela UFSC, com polos espalhados pelo brasil. 
O Decreto 5.626, de maneira bem específica, apresenta: 
Art. 21. A partir de um ano da publicação deste Decreto, as instituições federais 
de ensino da educação básica e da educação superior devem incluir, em seus 
quadros, em todos os níveis, etapas e modalidades, o tradutor e intérprete de 
Libras - Língua Portuguesa, para viabilizar o acesso à comunicação, à infor-
mação e à educação de alunos surdos.
§ 1o O profissional a que se refere o caput atuará:
I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino;
II - nas salas de aula para viabilizar o acesso dos alunos aos conhecimentos e 
conteúdos curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e
III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição 
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de ensino.
Em momento algum indicando a questão do ensino quando faz referência ao 
espaço escolar. 
Bem, falando em escola, ainda, e pensando em duas possibilidades em relação aos 
professores que trabalham em parceria com o intérprete, temos duas situações trazidas 
pela autora Damázio (2007, p. 51):
1. Atuação do tradutor/intérprete com o professor fluente em Libras: O 
professor que é fluente em Libras é a pessoa mais habilitada para transmitir 
seus conhecimentos aos alunos usuários da Língua de Sinais. Uma vez que o 
professor tenha fluência nessa língua e que o domínio do conhecimento a ser 
trabalhado é exclusivo desse professor, não existe a barreira da comunicação 
e, assim sendo, o intérprete será desnecessário.
2. Atuação do tradutor/intérprete em sala de aula comum com o professor 
sem fluência em Libras - O tradutor/intérprete poderá atuar na sala comum, 
mas sempre evitando interferir na construção da Língua Portuguesa como 
segunda língua dos alunos com surdez. A sala de aula comum é um dos locais 
de aprendizado da Língua Portuguesa para os alunos com surdez. 
Assim, temos aqui duas questões complexas e que precisam ser bem observadas. 
Primeiro, que as escolas comuns dificilmente terão em seus quadros de profissionais 
professores com fluência em Libras, ao ponto de conseguirem passar todo e qualquer 
conhecimento nalíngua em questão. Se o tiverem, as salas de aula das escolas comuns 
são numa perspectiva de inclusão, logo, teremos alunos ouvintes e surdos, assim, um 
professor não poderá ministrar suas aulas na Libras, observando os demais que estão 
ali. Claro, caso o professor seja fluente, poderá sim, sempre intervir, trocar, participar de 
todo o processo de elaboração junto com o aluno surdo, sem a necessidade do intérprete, 
isso em momentos específicos, já que falamos de uma língua com duas modalidades 
diferentes e que não podem ser expressas ao mesmo tempo, sendo duas estruturas 
gramaticais complexas. 
Por outro lado, é comum que professores se surpreendam com a presença, tanto 
do aluno surdo, quanto do segundo profissional no espaço, o que em algumas situações 
pode causar um desconforto. Assim, embora o papel do ensino seja prioritariamente do 
professor, é inegável a necessidade dos dois profissionais interagirem para qualificar 
esse processo, numa perspectiva colaborativa. 
Quanto à atuação do intérprete no espaço escolar, Damázio ainda explicita:
A atuação do tradutor/intérprete escolar envolve também a mediação da co-
municação nas diversas atividades que acontecem na escola ou relacionadas a 
ela, visando atender às necessidades tanto de professores e alunos quanto da 
comunidade escolar e promovendo a inclusão social. 
O tradutor/intérprete é mais um profissional que, ciente de sua responsabili-
11
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dade social, poderá mobilizar gestores e professores para a importância de se 
promover a igualdade de acesso ao conhecimento acadêmico para todos os 
alunos, indistintamente (DAMÁZIO, 2007, p. 52).
O trabalho em escola pode exigir do profissional, também, atuação numa 
perspectiva mais tradutória, quando compreendida sua função. Em provas, trabalhos, 
textos, sempre que houver a necessidade de o aluno expor suas ideias e exprimi-las no 
papel. Destacamos um exemplo desse tipo de atuação, retirado do texto de Fernandes 
(2002, p. 7).
Texto I - Relato de experiência 
Eu fui escola faze junho. Nós faminha fui Escola X. Eu fui roba toroca Ale. Você 
bomito bom Ale. Nós vamos familha foi um carro do muito pessado. Eu Escola 
muito feliz nós (A, 18 anos, EJA, séries iniciais.) 
(Versão sinalizada da narrativa e traduzida em português pela intérprete de 
Libras)
Quando eu era pequena, em 1984, fui à escola X em uma Festa Junina. Fui junto 
com minha família e gostei muito. Fui sinhazinha e minha mãe trocou minha 
roupa, vestiu a saia e fez a trança. Mamãe me olhou e disse que eu estava linda, 
uma gracinha e apertou minha bochecha carinhosamente. Eu lembro que nós 
fomos à festa em um carro pequeno, estava muito apertado, mas eu estava feliz, 
porque a família estava toda junta.
Texto II - Relato de experiência 
Jardim Botânico Aniversário de Curitiba Eu gosto bom ele Jardim Botânico. 
Eu foi vi ele bom rosa muito Jardim Botânico. Eu fui passear vi muito frboi 
bom no cor. Nós vamos e amigos na foi eu fui sim. Eu gosto bom ele frboi. 
Ele muito passirios. Eu casado pé no calhor. Eu comei um coca–cola de pissar. 
Eu viu muito rio. babaita amivisado bom Curitiba 305 anos. (M, 19 anos, EJA 
séries iniciais.) 
(Versão sinalizada da narrativa e traduzida em português pela intérprete de 
Libras). 
Eu fui visitar Curitiba no dia do aniversário de 305 anos. Fui passear no Jardim 
Botânico. Vi como o Jardim Botânico é bonito! Tem muitas árvores e flores 
diferentes. Eu passeei por um longo caminho de flores coloridas! Eu fiquei 
muito admirada com a beleza. Depois de tanto andar eu fiquei com fome. Fui 
comprar uma coca e uma pizza. Havia muitas famílias e pessoas andando no 
parque, olhando admirados a beleza dos peixes e pássaros. Logo me cansei, 
pois o sol e o calor estavam muito fortes. Meus pés doíam, sentei para descansar 
um pouco e fui embora para a casa da minha vó.
Texto III - Narrativa sobre um filme assistido em sala de aula sobre a aids. 
AIDS – HIV Positivo 
Eu mulher para esta como eu passear homem de todo e sex. O homem muito 
que namoralos o como você que mulheres de seu passaer gosto estavam sex HIV. 
Ela como muito você que gostos sex não gostas mulheres bom não um nada.
 A mulher amigo você que comverais nós gostos seu homem a muito para 
comverias você que mais boa. 
Eu como você converias deu jesus tomar curados sentes AIDS
 A mulher você para que como muitos esta namorelas gostos não Positivo HIV. 
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Eu mulher vosê que namorelo não para mais cama homem muitos esta esque-
cer eu azar. 
O homem muito gosto você que sexo mulheres de come mais todos para nós 
camisinha sexo. 
(Versão sinalizada traduzida para o português pela intérprete de Libras) 
Um grupo de amigos conversa sobre seus problemas. Cada um tem seus pro-
blemas particulares. Uma mulher fala: - Ninguém tem nada com isso. 
O amigo pergunta se ela quer conversar sobre o problema. A pessoa se afasta 
e conta que tem AIDS. (Dramatiza um diálogo) 
– Como? Você tem AIDS?” 
– Sim, o médico falou que meu exame é positivo. Eu estou triste. 
– Você sabe se está grávida? 
– Não. 
–- Tudo bem com seu corpo?”
 – Não. 
– Você está bem de saúde?” 
– Mais ou menos bem. 
– Por que você ainda não foi ao médico? Você precisa se distrair contando 
piadas, fazendo fofoca, brincando. 
– Não, deixa pra lá. 
– Paciência, o problema é seu. Desculpe. (C. 26 anos – Ensino Médio)
Outra observação a ser realizada, com base em Gesser (2011, p. 29), destaca três 
esforços presentes na atuação do profissional:
1 – Escutar e analisar o texto de partida (compreensão); 
2 – Produzir o discurso na língua-alvo; 
3 – Memória de curto prazo para armazenar e recuperar a informação.
A autora esclarece ainda, observando os esforços mencionados, que:
A capacidade de processamento perderia sua eficiência quando um dos es-
forços consome maior atenção do intérprete, deixando os outros esforços com 
menos “energia”, digamos assim, para funcionar. Se o intérprete se empenha 
demais para fazer uma reformulação em um determinado momento do discur-
so, há uma sobrecarga tamanha que a sua capacidade de processamento fica 
comprometida. Isto significa que os esforços utilizados não poderiam exceder 
os limites de capacidade de processamento – o que é um complicador, pois 
sabemos que mesmo com estas estratégias o intérprete trabalha muito perto 
do nível de sobrecarga de informações. (GESSER, 2011, p. 29)
Em seu material, ela apresenta um quadro que indica diferenças e similaridades 
desse processo conversado até aqui. 
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FIGURA 5 – LÍNGUA DE PARTIDA E LÍNGUA DE CHEGADA
Fonte: Adaptado de Gesser, (2011, p. 29)
Pois bem, o trabalho é bem complexo e envolve muitas questões. Algumas 
foram abordadas num trabalho coletivo entre autores e organizadores do material 
disponibilizado pela FCEE – 2013, com base em pesquisas e experiências na área da 
tradução e interpretação, com foco nas escolas. 
É interessante destacar uma questão séria e comum apontada no material citado:
Há dificuldade em a escola aceitar que ali haja profissionais sem função peda-
gógica. Entretanto, os intérpretes de LIBRAS não possuem essa função, pois não 
preparam aulas, não dão nota aos alunos surdos nem aos demais, pois essas 
atividades são relacionadas ao ensino. O que precisamos deixar claro é que a 
atual forma de contratação dos intérpretes se dá pelo cargo de professor, mas 
com atribuições diferentes, pois não há outra forma de contratação para esse 
profissional em âmbito estadual. Por enquanto! (FCEE, 2013, p. 27)
Indicam outras discussões interessantes de serem observadas e compreendidas, 
por quemtrabalha nesse contexto seja intérprete ou professor, podendo, num futuro 
próximo, auxiliar para o esclarecimento dos papéis dos envolvidos, bem como em todo 
o processo educacional presente. 
Outra situação frequente nas escolas se dá na ausência de um professor. Não 
se deve pedir ao intérprete que substitua a falta daquele docente, pois ele não 
pode se responsabilizar por uma turma. A escola poderá tomar medidas que não 
envolvam o profissional intérprete mesmo que esse não esteja interpretando. 
Neste momento, aparentemente ocioso, o intérprete poderá usar para fins de 
estudos dos conteúdos que condizem com seus momentos de interpretação. 
O intérprete não deve ser visto pela escola como um “quebra-galho”. E se a 
escola não tivesse o intérprete? Com certeza, buscaria outra solução para esse 
problema, sendo assim, permanece dessa forma (FCEE, 2013, p. 26).
O material apresentado pelos organizadores propõe também explicações 
tranquilas quanto à questão ética já discutida, mas trazendo esclarecimentos também 
sobre ponderações necessárias, destacando: 
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[...] nada impossibilita o intérprete de ser solidário ou voluntário quando 
julgar adequado e necessário. Por exemplo, às vezes o intérprete é solicitado 
para acompanhar o surdo ao médico, ou quando, por ser o único conhecido 
que tem domínio da língua de sinais, a família lhe pede para conversar com 
o surdo a fim de orientá-lo, mesmo que seja algo pessoal ou relacionado à 
família ou até mesmo quando o surdo o procura para desabafar. É necessário 
estabelecer um limite ético que não venha a prejudicar sua atuação profissional. 
É importante que você deixe claro para o surdo as situações de atuação. Que 
em determinado momento você poderá lhe atender voluntariamente, mas que 
em outros ele deverá lhe ver não mais como um amigo voluntário, mas como 
um profissional. Há necessidade de bom senso e equilíbrio, tanto para os que 
desejam ser assistencialista, como para os que desejam, talvez, cobrar pelo uso 
de seus serviços em outros espaços fora da escola. Consegue estabelecer uma 
relação assim? Então, mantenha! Não consegue? Repense! Afinal, quem será 
o maior prejudicado? Pense!; (FCEE, 2013, p. 30)
Ainda quanto à postura profissional, acrescentam: 
As posturas que queremos mencionar são as que nós intérpretes passamos a nos 
atribuir por conta própria, como: cuidar do caderno do aluno, se ele terminou 
ou não de copiar, responder as perguntas que o aluno faz sem repassá-las ao 
professor que é o responsável pelo conteúdo, controlar a saída e a entrada do 
aluno em sala de aula, liberando-o para o banheiro ou não. Enfim, estas são 
atitudes simples que muitos intérpretes ainda realizam pela falta de conhe-
cimento, ou, muitas vezes, por falta de competência em interpretação. Sim, 
de fato, muitos intérpretes usam de “compensação”, isto é, compensam suas 
insuficiências e falhas na língua de sinais e na interpretação, por fazer outras 
atribuições as quais, definitivamente, não lhes compete. (FCEE, 2013, p. 40)
Das responsabilidades no trabalho: 
O intérprete não deve cobrar os exercícios, deveres ou atividades do aluno 
surdo. Já dissemos que é de responsabilidade do professor regente da turma 
o aluno surdo, mas muitos intérpretes, por estarem acostumados a certas ati-
tudes ou por acharem que não há nada de errado, acabam mantendo certas 
posturas. Assim, deixamos claro novamente que quem deve exigir as tarefas 
dos alunos, sejam surdos ou ouvintes, é o professor regente e não o intérprete, 
em nenhuma hipótese. Se o professor cobrar dos alunos, o intérprete apenas 
passará a informação para o aluno surdo. (FCEE, 2013, p. 43)
Finalizando e esclarecendo, sobre o ensino de Libras aos alunos surdos:
Como já discutimos, o intérprete não ensina a língua de sinais para o aluno 
surdo, mas em casos em que o aluno possuir somente a língua de sinais casei-
ra, isto é, sinais combinados em casa com os familiares, o intérprete poderá ir 
introduzindo, aos poucos, os sinais da LIBRAS em sua interpretação. Nunca 
ensinando a LIBRAS como se fosse uma aula paralela à do professor regente. 
Os sinais podem ser introduzidos quando conhecemos os sinais caseiros do 
surdo ou quando temos recursos visuais para apontar e mostrar o sinal usado 
na LIBRAS.
Bem, temos muitas orientações aqui, para leitor que é professor, para leitor que 
é intérprete. Independentemente da sua atuação, acreditamos que os esclarecimentos 
apresentados poderão contribuir com sua prática profissional. 
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Para concluir, abordaremos um aspecto do trabalho de tradução e interpretação 
quando realizado por pessoas surdas, atuação ainda pouco conhecida, mas existente 
há bastante tempo. 
Campello em seu trabalho aponta que 
[...] somente em 1993 há o reconhecimento do uso do Intérprete Surdo da mo-
dalidade interlingual [...] no espaço acadêmico. Isso acontece na Universidade 
Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, quando foram promovidos os cursos no pré – II 
Congresso Latino Americano de Bilinguismo (Língua de Sinais / Língua Oral) 
para Surdos. Os cursos elaborados pelos professores surdos: americano Ken 
Mikos e sueco Mats Jonsson foram traduzidos / interpretados pelo intérprete 
surdo de ASL/Libras, Nelson Pimenta de Castro (CAMPELLO, 2014, p. 146).
Acrescenta ainda:
Com o surgimento do Curso de Letras Libras, a atividade de tradutor / ator de 
língua de sinais [...] propulsionou a carreira de tradução no AVEA, produzindo 
Normas Surdas de Tradução [...] em nível acadê- mico, desempenhadas quase 
que exclusivamente pelos tradutores/atores surdos bilíngues para o Ambiente 
Virtual de Ensino e Aprendizagem – AVEA e para os DVDs. Além disso, no 
desenvolvimento de algumas disciplinas, também houve a tradução / interpre-
tação nestas modalidades, por exemplo, a atuação pioneira de uma intérprete 
surda na disciplina de Análise do Discurso, de Letras Libras, turma 2006. A 
adequação de normas, função e de novo campo de trabalho foi tomando corpo 
e passou a ser reconhecida, culminando na inclusão de candidatos surdos para 
a realização do Exame ProLibras na qualidade de tradutores/intérpretes de 
línguas de sinais, a partir de 2009. (CAMPELLO, 2014, p. 147)
Embora pouco conhecido, já tem força esse importante profissional na área da 
tradução. 
Alguns exemplos em que podemos observar intérpretes surdos aqui no Brasil:
FONTE: Disponível em: <www.Libras.ufsc.br>. Acesso em: 03 jul. 2017.
FIGURA 6 – INTÉRPRETE NO SITE UFSC
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FONTE: Portal Letras Libras – UFSC
FIGURA 7 – INTÉRPRETE NO PORTAL UFSC
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=h-x_hXX74f0>. Acesso em: 03 
jul. 2017.
FIGURA 8 – PROLIBRAS
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=mPo5VSX0Jio>. Acesso em: 03 
jul. 2017.
FIGURA 9 – CURSO PREPARATÓRIO DE LIBRAS
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FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3Qp9v1WYa5c> Acesso em: 03 
jul. 2017.
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=2ql1YJkAA78&t=78s> Acesso 
em: 03 jul. 2017.
FIGURA 10 – CURSO DE LIBRAS DO INES
FIGURA 11 - INTERPRETANDO PIADAS
DICIONÁRIO DE LIBRAS
VOCABULÁRIOS
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Treinar nunca é demais!Vídeo em Libras para treinar: 
Disponível em: <https://youtu.be/CHeLR5M81lk>.
AUTOATIVIDADE:
1.	Veja o vídeo em Libras, realize uma interpretação consecutiva, ou seja, você poderá 
rever várias vezes e escrever e reescrever a sua versão. Pesquise e busque realizar a 
melhor interpretação possível.
https://youtu.be/nTzHHv4Gfzo
2.	Agora o desafio é maior: você precisará realizar uma interpretação simultânea, para 
isso, necessitará de um gravador. Assista ao vídeo em Libras uma única vez e, ao 
assistir, realize a interpretação oral gravando no seu gravador. Transcreva o que você 
traduziu e analise sua tradução. 
https://www.youtube.com/watch?v=mZzS-75nsQU 
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REFERÊNCIAS
AURÉLIO, Dicionário Aurélio. 2016. Disponível em: <
BRASIL. Decreto 5.626/2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm>. Acesso em: 09 jun.17
CAMPELLO, Ana Regina de Souza. Intérprete surdo de língua de sinais 
brasileira: o novo campo de tradução / interpretação cultural e seu desafio. (2014) 
Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/2175-
7968.2014v1n33p143> . Acesso em: 14 junho 2017.
DAMÁZIO, M. F. M. Formação Continuada a Distância de Professores para o 
Atendimento Educacional Especializado - Pessoa com Surdez. SEESP / SEED / MEC 
Brasília/DF – 2007 
FERNANDES, S. Avaliação em língua portuguesa para alunos surdos: algumas 
considerações. [s.d.] Disponível em <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/
arquivos/File/janeiro2013/otp_artigos/sueli_fernandes.pdf>. Acesso em: 10 jun.17. 
GESSER, A. Tradução e Interpretação da Libras. Florianópolis: UFSC, 2011. 
JAKOBSON, Roman. On Linguistic Aspects of Translation. In BROWER, R.A. 
(Ed.) – On Translation. Cambridge: Harvard University Press, 1959, p. 232.
QUADROS, R. M. de. O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e 
língua portuguesa / Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à 
Educação de Surdos - Brasília: MEC; SEESP, 2004. 94 p.: il. 
QUADROS, R. M. de; SEGALA, R. R. Tradução intermodal, intersemiótica e 
interlinguística de textos escritos em Português para a Libras oral. Cadernos 
de tradução, Florianópolis, v. 35, n. 2 2015. p. 354-386, jul-dez 2015. Disponível 
em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/2175-
7968.2015v35nesp2p354>. Acesso em: 10 jun. 2017. 
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Fundação Catarinense de 
Educação Especial. Intérpretes educacionais de Libras: orientações para a prática 
profissional / Org. João Paulo Ampessan, Juliana Sousa Pereira Guimarães e Marcos 
Luchi - Florianópolis: DIOESC, 2013. 96 p.
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito
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