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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ECONOMIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS
ARLISON SOUZA
UM ESTUDO SOBRE A DESIGUALDADE EDUCACIONAL
NA CIDADE DE SALVADOR
Salvador
2023
ARLISON SOUZA
UM ESTUDO SOBRE A DESIGUALDADE EDUCACIONAL
NA CIDADE DE SALVADOR
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
curso de Ciências Econômicas da Universidade
Federal da Bahia requisito parcial à obtenção do
grau de Bacharel em Ciências Econômicas.
Área de Concentração: Economia da Educação.
Orientadora: Profa. Dra. Cláudia Sá Malbouisson
Andrade
Salvador
2023
RESUMO
Ao longo dos últimos anos, o Brasil apresentou avanços expressivos nos
indicadores médios ligados à educação, principalmente no ensino fundamental. É
problemático, no entanto, que esses ganhos não estejam sendo devidamente
distribuídos entre os diversos grupos sociais,agravando o problema histórico que é a
desigualdade educacional.
Palavras-chave: Economia da educação. Desigualdade educacional. Ensino
vvdvdvdfdfdfffdfd Fundamental. Educação. Permanência. Aprendizado.
SUMÁRIO
Introdução...............................................................................................................................6
Referencial Teórico................................................................................................................ 8
Metodologia............................................................................................................................ 8
Resultados..............................................................................................................................8
Bibliografia............................................................................................................................. 8
Anexos.................................................................................................................................... 8
Introdução
A Constituição de 1988 institui que o Estado e as famílias têm o dever de garantir,
através da educação, o desenvolvimento de cidadãos éticos, críticos e capazes de
participar ativamente da sociedade (Brasil,1988). Esses termos justificam
juridicamente a oferta da educação por parte do setor público, e são devidamente
embasados pela comunidade acadêmica. Quintella Junior (2010) e Barbosa Filho e
Pessôa (2008), por exemplo, utilizando dados brasileiros, estimam que além dos
retornos privados, o investimento em educação também traz retornos sociais como
o aumento do crescimento econômico e da produtividade, justificando a alocação de
recursos públicos na área. Outras pesquisas ainda indicam queda nas taxas de
crimes violentos, aumento da felicidade e maior participação política (SILVA, 2014;
STRYZHAK, 2020; SCHLEGEL, 2010).
Ao longo dos últimos anos, o Brasil experimentou avanços significativos com a
melhora nos indicadores ligados às três dimensões essenciais da educação:
acesso, permanência e aprendizado. O interesse do presente trabalho é,
primordialmente, a rede pública de ensino, isso porque é onde a maioria dos alunos
está matriculada. Além disso, é sobre a qual a União, estados e municípios têm
influência direta através de programas e políticas públicas, portanto, podem e
devem ser cobrados pelos resultados gerados. Desta forma, os indicadores a serem
analisados a seguir serão majoritariamente da rede em questão.
A começar pelo acesso, em 2009, 95,3% das crianças de 6 a 14 anos estavam
matriculadas no ensino fundamental (IBGE, 2020), em 2019 esse percentual se
encontrava no patamar de 98%1. Tal dado indica a universalização do acesso desta
etapa de ensino, ultrapassando até mesmo a meta do Plano Nacional de Educação
(PNE)2, estabelecida em 95%.
Avanços também são observados no âmbito da permanência. Segundo dados
organizados pelo Observatório da Criança e do Adolescente (2022), o abandono
nos anos iniciais (1º ao 5º ano) e finais (6º ao 9º ano) do ensino fundamental (EF)
2 O Plano Nacional de Educação é um documento elaborado pelo governo de um país com
o objetivo de estabelecer diretrizes, metas e estratégias para a política educacional em um
período determinado. O PNE geralmente abrange um período de 10 anos e é concebido
como uma ferramenta para orientar a formulação de políticas públicas na área da educação.
1 Levando em consideração a taxa líquida de matrícula (TLM),a mesma representa a
parcela populacional matriculada no nível de ensino adequado a sua faixa etária.
público foi reduzido. Se em 2009 2,5% das crianças abandonaram as escolas nos
anos iniciais, 0,6% o fizeram em 2019. Para os anos finais o percentual foi de 5,9%,
para 2,2%. O mesmo movimento pôde ser observado em relação à taxa de
reprovação. Em 2009, 10,2% das crianças nos anos iniciais reprovaram e em 2019,
5,1%. Para os anos finais os números são de 14,4% (2009) e 9,2% (2019).
Na dimensão do aprendizado, a rede pública também registrou avanços tanto nos
anos iniciais, quanto nos finais. É o cenário encontrado ao se analisar os resultados
do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). O sistema aplica exames de
proficiência em matemática e português aos alunos do 5º e 9º ano do EF, e para os
do 3º ano do Ensino Médio (EM). A nota padronizada varia numa escala que vai de
0 a 10 e quanto maior, melhor3. Em 2009, o resultado para o quinto ano do EF da
rede pública foi de 5,04, esse número subiu para 6,02 em 2019. O desempenho do
9º ano do EF foi 4,67 em 2009 e 5,21 em 2019. Decepcionante, mas ainda melhor
que o registrado pelo 3º ano do EM, que foi de 4,35 (2009) para 4,54 (2019).
É importante salientar que os números acima estão agregados, desconsiderando
as particularidades de cada aluno , seu gênero, a região em que vive, a raça e nível
socioeconômico. Essas características são relevantes porque afetam o exercício do
direito à educação. Segundo o Anuário da Educação Básica(2020), diferentes
grupos sociais apresentam diferentes médias nos indicadores de acesso,
permanência e aprendizado, o que estabelece um cenário indesejável de
desigualdade dentro do sistema educacional público brasileiro. Afinal, como
elaborado por Soares et al (2021), fazer parte de determinado segmento não
deveria afetar a experiência do indivíduo na escola. O ideal, nesse caso, é ter
apenas o esforço individual como fator de diferenciação.
A desigualdade educacional não é um fenômeno novo no Brasil. Não apenas tem
fortes correlações com a desigualdade de renda, como também ajuda na
perpetuação da mesma (KOMATSU et al, 2019). Além disso, tem caráter
multidimensional e pode se apresentar no acesso, no tratamento e no aprendizado
Neste texto, o interesse maior fica reservado a essa última, a desigualdade de
aprendizado, que poderia receber mais atenção por parte dos programas federais,
como deixa claro Sampaio et al, 2015.
3 Obter a nota máxima é quase impossível, significaria que todos alunos alcançaram o
rendimento esperado.
Esse descuido, por sinal, é muito bem traduzido pela possível piora no quadro de
desigualdade, mesmo com os avanços nos indicadores médios. No estudo dos
hiatos de aprendizado calculados de 2005 a 2013 realizado por Soares et al (2016),
um dos achados foi a preocupante distância no desempenho entre alunos de menor
e maior nível socioeconômico (NSE), que aumentou. Se em 2005, a diferença das
notas dos quantis de menor e maior NSE era de 19,77, em 2013 o gap saltou para
46,29. Tudo isso num contexto em que os dois extratos experimentaram aumentos
no desempenho médio4.
O objetivo do presente trabalho é verificar se o aumento no desempenho dos
alunos é acompanhado por uma redução na desigualdade de aprendizado. Para
tanto, o índice de Gini Educacional será a variável dependente a ser analisada, mais
especificamente, suas variações anuais. As variáveis de controle serão raça, nível
socioeconômico e sexo. Os dados são do Sistema de Avaliação do Ensino Básico
(SAEB), do Índice de Gini-Educacional e do Censo Escolar, registrados entre os
anos de 2005 a 2019 para a cidade de Salvador.A maneira como as políticas educacionais estão sendo aplicadas hoje, em geral,
não prioriza mitigar o sério problema da desigualdade, prova disso é o tema ser
pouco mencionado no PNE. De qualquer forma, avanços são observados nos
índices que norteiam a distribuição de verbas para a educação, o que pode agravar
o problema da falta de equidade. Em suma, não é esperado que esses avanços
estejam sendo absorvidos pelos diversos grupos de maneira equânime, como seria
o desejável.
4 Esse é um dos vários hiatos encontrados pelos autores no artigo, tal resultado leva em
conta as notas obtidas em matemática na Prova Brasil pelos alunos do 5º ano do EF
matriculados na rede pública.
Referencial Teórico
Aqui, pretende-se fazer um levantamento bibliográfico demonstrando como a questão da
desigualdade educacional é percebida no mundo, para então discutir como passou a
integrar mais fortemente os debates na Economia da Educação.
Metodologia
A ideia é estimar, com dados em painel, o efeito que fatores como raça, NSE e sexo tem
sobre as variações de um indicador de desigualdade educacional, muito provavelmente o
Índice de Gini-Educacional. O recorte temporal será de 2005 a 2019, tendo em vista que
não é de interesse captar os efeitos da pandemia. A metodologia utilizada será Diff-in-Diff.
Resultados
Bibliografia
Anexos

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