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PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Maurício Euclides de Melo CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Uniasselvi Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. M528p Melo, Maurício Euclides de Planejamento e controle financeiro. / Maurício Euclides de Melo – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 157 p.; il. ISBN 978-85-53158-28-7 1.Planejamento financeiro – Brasil. 2.Controle financeiro – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 657.72 Maurício Euclides de Melo O professor Maurício Euclides de Melo é bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (2002), com especialização em Gestão Pública pela Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB (2011) e mestrado em Administração pela Escola Superior de Administração e Gerência, ESAG - UDESC (2012). Atuou na área de Recursos Humanos, em importantes empresas regionais, como a RBS TV - Santa Catarina, Shopping Itaguaçu e a Cia. de Gás de Santa Catarina (SCGás). Na área de gestão organizacional, no cargo de administrador, atuou no Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e Advocacia Geral da União (AGU). Atualmente, exerce suas atividades como Coordenador de Negócios, na SCPar - SC Participações e Parcerias S/A, empresa estadual responsável pelo estabelecimento de participações acionárias em empresas do setor público e privado, assim como pela gestão de empreendimentos portuários delegados ao Estado de Santa Catarina, como o Porto de Imbituba e São Francisco do Sul. Para conhecer melhor o autor acesse o Currículo Lattes, disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/ buscatextual/visualizacv.do?id=K4441698P6>. Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................... 07 CAPÍTULO 1 Princípios de Administração Financeira .............................09 CAPÍTULO 2 Demonstração de Resultados .............................................35 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 5 CAPÍTULO 6 Alavancagem Financeira e Operacional .............................61 Fluxo de Caixa Para Pequenos Negócios...........................81 Negociação com Bancos, Credores e Devedores ..........115 Novas Moedas: Riscos e Oportunidades Para Pequenas Empresas ............................................................137 APRESENTAÇÃO Manter a saúde financeira de uma empresa, assim como na sua vida pessoal, é essencial para que se tenha sucesso no alcance dos seus objetivos. Ao avaliar o plano de negócios de uma empresa, por exemplo, um dos capítulos mais discutidos pelos investidores é o de finanças, no qual se verifica o retorno do investimento, a necessidade de capital, os custos de operação e outros indicadores financeiros do negócio. No dia a dia, é essencial que se tenha capital suficiente para cumprir com as obrigações com fornecedores, por exemplo, que esse dinheiro seja apenas o suficiente, pois ele possui valor no tempo, e capital parado perde valor. Para quem atua em micro e pequenas empresas, conhecer o setor de finanças é tão essencial como conhecer o negócio em que se está empreendendo. Muitos empreendedores possuem um dom, um talento específico para um determinado produto ou serviço, conseguem vender e atingir um mercado, mas muitos não compreendem como funcionam as finanças e acabam por encerrar o seu negócio sem entender onde falharam. Para cada tipo de negócio existe uma área de concentração dos estudos de administração financeira que impacta mais no seu empreendimento. Por exemplo, ter noção de capital de giro é muito importante para quem trabalha no comércio tradicional, já para quem atua em empresas inovadoras, que possuem uma curva de crescimento exponencial, conhecer a demonstração de resultados, o fluxo de caixa e a alavancagem pode ser essencial para fazer avaliação do seu negócio e trazer mais investidores. Assim, nesta disciplina, vamos analisar as finanças na ótica dos pequenos negócios, seja para aqueles que são e se manterão tradicionalmente pequenos, seja para aqueles que começam pequenos, mas que tendem a expandir e a tornarem-se grandes no futuro. Trabalharemos os princípios da administração financeira, as demonstrações dos resultados, a alavancagem financeira e operacional, o fluxo de caixa voltado a pequenos negócios, a negociação com bancos, credores e devedores, e também trabalharemos as novas moedas, seus riscos e oportunidades. Esperamos que você tenha se interessado pelo tema e compreendido sua importância. Bons estudos! CAPÍTULO 1 Princípios de Administração Financeira A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Compreender os principais conceitos de administração fi nanceira. Identifi car as principais rotinas fi nanceiras. Debater com outros administradores os principais conceitos de administração fi nanceira. Organizar as atividades inerentes à rotina fi nanceira de uma micro ou pequena empresa. 10 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO 11 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 ContextualiZação Em empresas grandes, a área de fi nanças é vista pelos demais departamentos com um misto de admiração e frustração. Isso ocorre, pois, a área de fi nanças é uma engrenagem fundamental para a qual são bombeadas as receitas e integralização de capital, e de onde saem os recursos para os investimentos e custeio da empresa. Se ela não possui recursos, todo o restante da empresa perde a sua função. Assim, quando os projetos da companhia ocorrem conforme o planejado, a área de fi nanças é vista como um braço amigo, aquele que suporta a operação e fornece o capital necessário, contudo, quando é necessário contingenciar recursos, o departamento fi nanceiro acaba frustrando as intenções dos demais departamentos. Como em pequenos negócios não há essa formalidade e burocracia de áreas, departamentos e processos, a tomada de decisão é muito ágil e rápida. No entanto, é necessário muito conhecimento e disciplina por parte dos empreendedores, para avaliar, como, quando e onde gastar o seu escasso recurso fi nanceiro. Empresas pequenas, geralmente, não possuem um departamento fi nanceiro formal, mas, ainda assim, ele é um componente da empresa, tão essencial quanto em grandes corporações. Por ser, às vezes, invisível aos olhos do empreendedor entusiasta, as decisões de investimento podem não contemplar a relação de risco e retorno adequada, trazendo prejuízos reiterados e inviabilizando negócios. Neste primeiro capítulo, começaremos a desenhar a área fi nanceira, seus conceitos e principais funções em uma organização, independentemente do seu tamanho. Este capítulo é essencial para o entendimento de toda a disciplina, pois você compreenderá o propósito do estudo das fi nanças para as micro e pequenas empresas. Finanças e Empresas Para iniciarmos nossos estudos em planejamento e controle fi nanceiro, cabe conceituar o termo fi nanças, de um modo geral. Gitman (2002, p. 4) defi ne fi nanças como a arte de gerir o dinheiro, para o autor “a área de fi nanças preocupa-se com os processos, as instituições, os mercados e os instrumentos associadosà transferência de dinheiro entre indivíduos, empresas e órgãos governamentais”, ou seja, a área de fi nanças engloba todas as áreas ligadas à gestão de dinheiro, assim, temos desde os processos cotidianos de contas a pagar e a receber, como as transações no mercado fi nanceiro, os sistemas bancários, entre outras áreas. O termo fi nanças é amplo e pode ser usado tanto para empresas quanto para as fi nanças pessoais. 12 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Para você que está cursando esta disciplina, é interessante perceber que o conhecimento e a habilitação profi ssional na área de fi nanças podem ofertar oportunidades para a sua carreira. Gitman (2002) divide estas oportunidades em duas grandes áreas: serviços fi nanceiros e administração fi nanceira. • Serviços fi nanceiros: está focado em desenvolver e entregar serviços de assessoramento e produtos fi nanceiros a pessoas, corporações e governo. Nesta área se inserem oportunidades de carreira em serviços bancários, assessoramento em investimentos, fi nanças pessoais, imóveis e seguro. • Administração fi nanceira: está ligada ao papel do gestor fi nanceiro das companhias, sejam elas grandes, pequenas, ligadas ao setor fi nanceiro ou não (a grande maioria não é), públicas ou privadas, com ou sem fi ns lucrativos. Gitman (2002, p. 4) cita que as tarefas comumente desempenhadas pelo gestor fi nanceiro envolvem: “planejamento, concessão de crédito a clientes, avaliação de projetos de investimentos, e captação de fundos para fi nanciar as operações da empresa”. Percebe-se que o administrador fi nanceiro possui um papel em qualquer tipo de empresa, basta que ela tenha recursos para serem geridos. Assim, em empresas que possuem poucos colaboradores, nas quais o cargo de gestor fi nanceiro é acumulado com outros, seja no administrativo, vendas ou operações, é essencial entender o papel e a função das fi nanças na organização, para que haja uma disciplina na gestão fi nanceira do empreendimento. O papel do gestor fi nanceiro de uma organização é infl uenciado por diversos fatores, como o tamanho da organização, o faturamento e a modalidade jurídica adotada. Para uma melhor compreensão deste último fator, especifi caremos as três modalidades jurídicas mais comumente adotadas pelas organizações. Gitman (2002, p. 4) cita que as tarefas comumente desempenhadas pelo gestor fi nanceiro envolvem: “planejamento, concessão de crédito a clientes, avaliação de projetos de investimentos, e captação de fundos para fi nanciar as operações da empresa”. Modalidades Jurídicas de OrganiZação de Empresas Gitman (2002) afi rma que as modalidades jurídicas mais comumente adotadas pelas organizações podem ser elencadas em fi rma individual, sociedade por cotas e sociedade por ações. 13 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 a) Firmas Individuais Segundo Gitman (2002), uma fi rma individual é um tipo de empresa que tem uma única pessoa como proprietária. Trata-se de uma micro ou pequena empresa, por vezes ligada a algum tipo de profi ssional liberal, como arquiteto, advogado, ou então ao comércio varejista, de serviços e construção civil. Uma característica é que o proprietário possui responsabilidade ilimitada, e seu patrimônio pessoal, e não somente o capital integralizado na empresa, pode ser utilizado para quitar dívidas junto aos credores. No ano de 2008, a partir da sanção da Lei Complementar n° 128/2008, o Brasil passou a contar com um tipo específi co de fi rma individual, o Microempreendedor Individual - MEI. O intuito da implantação desta modalidade de personalidade jurídica é tirar da informalidade milhares de empreendedores. Veja no portal do MEI os pré-requisitos e benefícios ofertados a estes microempreendedores. Fonte: Disponível em: <http://www.portaldoempreendedor. gov.br/>. Acesso em: 8 jan. 2018. b) Sociedade por Cotas Segundo Gitman (2002), uma sociedade por cotas necessita de dois ou mais proprietários que atuem em conjunto para obtenção de lucro, explorando alguma atividade econômica. Por este pré-requisito, as sociedades por cotas costumam ser adotadas por organizações maiores. Segundo o autor, empresas do ramo securitário, fi nanceiro e imobiliário costumam adotar esta forma jurídica. Um contrato de associação ou acordo de acionistas costuma ser os documentos que regram este tipo de sociedade, sendo cada um dos sócios responsável, ilimitadamente, por todas as dívidas da companhia. O conceito ora apresentado está de acordo com a realidade norte-americana, mas, no Brasil, existe uma variação da sociedade por cotas, a sociedade limitada. Na sociedade limitada, os sócios respondem somente até o montante do capital social da companhia (BRASIL, 2011). c) Sociedade por ações A sociedade por ações é a forma mais complexa de organização, e por isso costuma ser adotada por grandes corporações. Uma sociedade por ações, 14 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO como defi ne Gitman (2002, p. 6) é um “ente artifi cial criado por lei”. A defi nição de ente artifi cial pode soar estranha, mas ela faz sentido quando você desdobra o conhecimento de sociedade por ações. As chamadas S/A são capazes de contratar e adquirir bens em seu nome, de ajuizarem ações e serem também acionadas na justiça. A responsabilidade nesse tipo de sociedade é limitada e seus proprietários segregam o risco de ter seu patrimônio pessoal afetado diretamente por ações realizadas em nome da companhia. Os proprietários de uma S/A são seus acionistas, que possuem ações (ordinárias ou preferenciais) de uma companhia. De modo muito resumido, podemos dizer que as ações ordinárias possuem poder de votar nas assembleias, elegendo o conselho de administração e algumas matérias relevantes quanto ao futuro da companhia. As preferências, como o próprio nome já diz, no recebimento de dividendos, partem do lucro da companhia destinado a remunerar o capital investido. Existem pelo menos duas fi guras que distinguem as S/A das outras formas jurídicas: os acionistas e o conselho de administração. Os proprietários não realizam diretamente a gestão do seu empreendimento, em vez disso, eles elegem um conselho de administração que, segundo Gitman (2002) é a autoridade máxima na gestão da empresa, defi nindo a sua política geral. O conselho de administração, por sua vez, seleciona o presidente ou CEO (chief executive offi cer) que comandará a empresa em suas atividades diárias. Veja na fi gura a seguir, como existe uma diferença entre os acionistas, conselho de administração e presidente. No próprio organograma, fi ca clara a diferenciação da gestão do dia a dia da organização com os acionistas e seus representantes, isso ocorre para que o conselho possa ser independente, e garantir o interesse dos acionistas, monitorando e fi scalizando a gestão realizada pelo presidente. Este precisa ter em mente que não é o proprietário da companhia e não pode conduzi-la para o interesse próprio, precisa maximizar o retorno do acionista, o que pode signifi car, em certas ocasiões, assumir determinados riscos que por sua própria avaliação não o faria. Por exemplo, para uma companhia que já possui um produto bem estabelecido no mercado, que rende um faturamento razoável para manter as contas da empresa em dia, garantindo uma boa remuneração ao seu presidente, este tenderia a não descapitalizar a empresa para investir em novos produtos, arriscando a saúde fi nanceira da companhia, mas poderia estar deixando passar uma oportunidade de maximizar o retorno ao acionista. Assim, o presidente responde às políticas determinadas pelo conselho de administração, representantes dos interesses dos acionistas. 15 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 Figura 1 – Estrutura de uma sociedade por ações Proprietários Administradores Acionistas que contrata o conselho de administração elegem o Presidente(CEO) Vice- presidente de recursos humanos Vice- presidente de operações Vice- presidente de fi nanças (CFO) Vice- presidente de marketing Vice- presidente de sistemas de informação Tesoureiro Controller Gerente de gastos de capital Gerente de crédito Gerente de operações de câmbio Gerente de assuntos fi scais Gerente de contabilidade de custos Gerente de planejamento fi nanceiro e captação de fundos Gerente de caixa Gerente do fundo de pensão Gerente de contabilidade gerencial Gerente de contabilidade fi nanceira Fonte: Gitman (2002, p. 7). Toda essa governança diferenciada traz consigo um custo e uma burocracia, fazendo com que ela seja vantajosa para apenas um determinado número de organizações. O Quadro 1 aborda as vantagens e as desvantagens de adoção de determinada modalidade jurídica para cada tipo de organização. 16 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Quadro 1 – Pontos fortes e fracos das modalidades jurídicas mais comuns da organização Firma Individual Sociedade por cotas Sociedade por ações Pontos fortes -Proprietário recebe todos os lucros (e assume todos os prejuízos). -Custo baixo de organização. -Lucro incluído e tributado na declaração de rendimento de pessoa física do proprietário. -Independência. -Sigilo. -Facilidade de dissolução. -Pode captar mais recursos que as fi rmas individuais. -Poder de endivida- mento ampliado com a existência de mais sócios. -Maior disponibili- dade de poder de gestão. -Lucro incluído e tributado na declaração de rendimento de pessoa física dos sócios. -Os proprietários têm responsabili- dade limitada, o que garante que não podem perder mais do que investem. -Pode alcançar porte substancial com a venda de ações. -As participações (ações) são facil- mente transferíveis. -Duração longa. -Pode contratar administradores profi ssionais. -Tem acesso mais fácil a fi nanciamento. Pontos fracos - O proprietário tem responsabilidade ilimitada, todo o seu patrimônio pessoal pode ser utilizado para pagar dívidas da empresa. -O poder limitado de captação de recur- sos tende a restrin- gir o crescimento. - O proprietário pre- cisa ser um gestor eclético. -É difícil oferecer car- reiras de longo prazo aos funcionários. -Não tem continui- dade com a morte do proprietário. -Se o modelo adotado for o de sociedade ilimita- da, os proprietários podem ter respons- abilidade não limit- adas e podem ser obrigados a saldar as dívidas de outros sócios. -A sociedade é dis- solvida quando um dos sócios morre. -É difícil liquidar ou transferir a partici- pação de um sócio. -Impostos geralmente mais altos, pois o lu- cro é tributado. - Custo mais eleva- do de organização que as outras mo- dalidades. - Sujeita à maior regulamentação governamental. - Não oferece sigilo, porque os acionistas precisam receber demonstrações fi nanceiras. Fonte: Adaptado de Gitman (2002, p. 5). 17 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 Muito se fala em micro e pequena empresa, mas você sabe classifi car a empresa de acordo com o porte? Qual o critério utilizado? Conhecer estas informações é muito importante na hora de verifi car os encargos tributários e contratar fi nanciamentos. Conheça um pouco mais sobre o enquadramento de empresas de acordo com o porte, acessando o site: <https://goo.gl/4D1Nm3>. Você deve estar pensando que os tipos mais complexos de organização de empresas nem devem fazer sentido para pequenos negócios, correto? Nem sempre. Isso depende da sua estratégia para a sua empresa. Lembre-se de que determinadas empresas nascem pequenas e tornam-se grandes em um espaço de tempo relativamente pequeno. Empresas da área de tecnologia ou inovação, por exemplo, costumam ter uma curva de crescimento exponencial, e mesmo quando ainda são pequenas, às vezes, precisam adotar a forma de sociedade por ações para receber aporte fi nanceiro de fundos de investimentos. Esta necessidade se faz para que a empresa possa ter mais transparência perante os seus investidores e ao mercado. Mesmo pequenos negócios em áreas tradicionais, como varejo e alimentação, por exemplo, podem ter um crescimento exponencial, e, de novo, tudo depende da estratégia adotada para o futuro do, hoje, pequeno negócio. A Função de Administração Financeira Quando falamos em pequenas empresas tendemos a pensar em estruturas pequenas e enxutas, com pouca hierarquia e poucos departamentos. Isso é sim verdade, mas não podemos pensar que uma pequena empresa bem-sucedida não terá as funções inerentes a uma organização comum. Assim, em uma pequena empresa teremos também funções organizacionais que são melhor identifi cadas em grandes corporações. A função fi nanceira, segundo Antonik (2016), é uma atividade que pertence à profi ssão de administrador, e não ao economista e contador, apesar de relacionar-se intimamente com conceitos econômicos e contábeis, como podemos verifi car na Figura a seguir. 18 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Figura 2 – Administração e suas relações ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA MACROECONOMIA Política econômica e monetária, indicadores econômicos. Atividade econômica, nível de emprego, crescimento global. MICROECONOMIA Níveis de preços, tendências, riscos, juros, infl ação Mercado, marketing. CONTABILIDADE Reconhecimento da receita na venda do produto Regime de caixa Regime contábil FERRAMENTAS Matemática fi nanceira, comercial, serviços bancários, custos Fonte: Antonik (2016, p. 3). Gitman (2002) afi rma que a função de administração fi nanceira pode ser estudada de acordo com a sua relação com a teoria econômica e contabilidade, por exemplo. a) Estrutura da função fi nanceira Gitman (2002) destaca que o porte da empresa é determinante para defi nirmos como a função fi nanceira será estruturada em uma organização. Em micro e pequenas empresas, segundo Antonik (2016), o proprietário acaba assumindo boa parte das funções fi nanceiras, podendo adotar uma contabilidade terceirizada. 19 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 Figura 3 – Organograma empresarial Fonte: Antonik (2016, p. 5). À medida em que a empresa vai crescendo, podemos ver departamentos e pessoas especializadas nas atividades descritas na Figura 2. Segundo Gitman (2002), em empresas médias e grandes temos a fi gura do tesoureiro, principal gestor fi nanceiro de uma companhia, responsável pela gestão de caixa, captação de fundos, decisões sobre investimento, gestão do caixa, gerenciamento das atividades de crédito e o planejamento fi nanceiro. O tesoureiro se relaciona diretamente com o Controller, que executa atividades contábeis, como a contabilidade gerencial, gerenciamento fi scal, contabilidade fi nanceira e de custos. b) Relação com a teoria econômica As funções do administrador fi nanceiro, segundo Gitman (2002), estão intimamente relacionadas com a teoria econômica, pois é através dela que o administrador fi nanceiro consegue obter informações que o auxiliam nas projeções futuras, no seu planejamento. Por exemplo, as informações oriundas do ambiente macroeconômico, como as taxas de juros, os níveis de preços e a infl ação, são importantes variáveis para compor as projeções futuras de fl uxo de caixa, infl uenciando em parâmetros como reajustes de preços dos produtos vendidos e reajuste salarial dos empregados. Gitman (2002, p. 9) afi rma que um Tesoureiro, principal gestor fi nanceiro de uma companhia, responsável pela gestão de caixa, captação de fundos, decisões sobre investimento, gestão do caixa, gerenciamento das atividades de crédito e o planejamento fi nanceiro. As funções do administrador fi nanceiro, segundo Gitman (2002), estão intimamente relacionadas com a teoria econômica, pois é através dela que o administrador fi nanceiro consegue obter informações que o auxiliam nasprojeções futuras, no seu planejamento. Diretor Administrativo e Financeiro Diretor de Marketing e Comercial Diretor de Operações DIRETOR GERAL EMPRESÁRIO, PROPRIETÁRIO 20 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO princípio econômico muito utilizado na área de fi nanças é a análise marginal, “o princípio de que uma decisão fi nanceira somente deve ser tomada quando os benefícios adicionais superarem os custos adicionais”. Vamos usar um exemplo bastante simples para ilustrar uma análise marginal. Suponha que você tenha uma padaria, e pretenda lançar um pão sem glúten caseiro, para aproveitar esse nicho de alimentação saudável e obter receitas acessórias com produtos de terceiros. Para isso, é preciso locar uma máquina nova, treinar funcionários, ter uma parte da cozinha totalmente esterilizada de farinha de trigo e outros produtos que contenham glúten. Resumindo, os dados utilizados na análise são os seguintes (dados completamente fi ctícios). Quadro 2 – Exemplo de Análise Marginal + Receita com venda de pães com glúten: R$ 4.500,00 + Receitas acessórias com produtos de terceiros sem glúten: R$ 4.500,00 - Produtividade mensal do espaço agora dedicado a alimentos sem glúten: R$ 3.000,00. (1) Total de benefícios marginais: R$ 6.000.00 Custos Marginais - Custo mensal de uma máquina para pão sem glúten: R$ 2.000,00. - Custo mensal da matéria-prima (farinha especial): R$ 1.000,00. - Treinamento do funcionário especializado em alimentos sem glúten: R$ 1.000,00. (2) Total de custos marginais: R$ 4.000,00. Benefício Líquido (1 – 2): R$ 2.000,00 Fonte: O autor. No caso fi ctício acima, o empreendedor desta padaria estaria fazendo um bom negócio se diversifi casse seus produtos com opções sem glúten. Veja que estudos de mercado são importantes para posicionar produtos novos, apontando a aceitação e a demanda destas, de onde é possível extrair dados mais confi áveis quanto as projeções de vendas. O papel do administrador fi nanceiro é o de interpretar estes dados e realizar as devidas análises, apontando seus custos e benefícios. c) Relação com a contabilidade Distinguir a atividade fi nanceira da contabilidade, principalmente em micro e pequenas empresas, não é tarefa das mais fáceis, como corroboram Antonik (2016) e Gitman (2002). Isto porque a atividade fi nanceira e contábil, muitas vezes, se sobrepõe, com o tesoureiro executando a atividade fi nanceira e o contador registrando os fatos. Essa pequena diferenciação nos papéis de cada função é a base para distingui-las. Gitman (2002) afi rma que existem duas distinções básicas nas funções de administração fi nanceira e contabilidade: uma está relacionada com a ênfase no fl uxo de caixa, e a outra, à tomada de decisões. 21 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 d) Ênfase em fl uxo de caixa Segundo Gitman (2002, p. 06) “a função primordial do contador é produzir dados para a mensuração do desempenho da empresa, avaliando sua posição fi nanceira, e para o pagamento de impostos”. Assim, o contador prepara as demonstrações fi nanceiras com base em certos princípios predeterminados e geralmente aceitos, reconhecendo receitas no momento da venda (independente do pagamento) e reconhecem as despesas quando realizadas. A esse enfoque é dado o nome de regime por competências. Já o administrador fi nanceiro se preocupa com o fl uxo de caixa, o resultado de entradas e saídas, assim mantém a solvência da empresa, garantindo que as entradas sejam sufi cientes para cobrir as obrigações do período, restando um saldo de caixa positivo. A esse enfoque é denominado regime de caixa. Exemplo de diferença dos enfoques de competência e caixa: em dezembro de 2017, a padaria Pães e Sabores Ltda., especializada em panetones, iniciou suas operações e vendeu 2.000 panetones a um supermercado, por um valor total de R$ 1.000,00. Para tanto, teve um custo de R$ 800,00. O supermercado acordou em pagá-los em 15 de janeiro de 2018. O administrador fi nanceiro se preocupa com o fl uxo de caixa, o resultado de entradas e saídas, assim mantém a solvência da empresa, garantindo que as entradas sejam sufi cientes para cobrir as obrigações do período. Tabela 1 – Diferença entre os regimes de caixa e competência Visão contábil (regime de competência) Visão fi nanceira (regime de fl uxo de caixa) Padaria Pães e Sabores (Demonstrações do resultado do exercício encerrado em 31/12/2017. Padaria Pães e Sabores (Demonstrações do fl uxo de caixa do exercício encerrado em 31/12/2017. Receita de venda R$ 1.000,00 Menos: custos: R$ 800,00 Lucro líquido: R$ 200,00 Entrada de caixa: R$ 0,00 Menos: Saída de caixa: R$ 800,00 Saldo de caixa: - R$ 800,00 Fonte: O autor. Assim, em um sentido contábil, a operação da padaria em 2017 foi rentável, porém em termos de fl uxo de caixa, ela foi um desastre, pois teve que pagar R$ 800,00 em custos de fabricação com a promessa de obter um retorno de R$ 200,00 em seu fl uxo de caixa, no ano seguinte. Essa operação a descoberto exige do tesoureiro habilidade em negociar com fornecedores, gerir capital de giro etc. 22 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO - Tomada de decisões: segundo Gitman (2002), a segunda diferença básica entre fi nanças e contabilidade está na questão do uso das informações. Os contadores têm por missão coletar e apresentar dados fi nanceiros, com o intuito de evidenciar a situação patrimonial da empresa, produzindo peças contábeis, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). Já o administrador fi nanceiro preocupa-se com o fl uxo de caixa da companhia, com os fi nanciamentos e decisões de investimento, ponderando o risco tomado e o potencial de retorno fi nanceiro. Assim, as informações contábeis são elementos da tomada de decisão do administrador fi nanceiro, mas não devem ser as únicas variáveis. Atividade de Estudos: 1) Empresas pequenas, com pequeno número de funcionários não precisam ter funções fi nanceiras? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ OBJetivo da Empresa Se alguém te perguntasse, qual o objetivo de uma empresa, o que você responderia? Lucro? Essa talvez seja a resposta mais recorrente, ao menos é a medida de desempenho de uma organização que é mais conhecida. Antonik (2016, p. 5) afi rma que “o lucro é a razão última de qualquer negócio estabelecido em uma economia de mercado”. No entanto, o autor também faz uma importante ponderação, afi rmando que acima do lucro está a maximização da riqueza ao acionista. Você deve estar se perguntando se o lucro e a riqueza não seriam sinônimos em uma perspectiva empresarial. Sem dúvida que a riqueza de um proprietário de uma empresa tem muito a ver com a lucratividade ou potencial de lucratividade de uma companhia, mas a perseguição do lucro a qualquer custo não deve ser o objetivo de uma empresa, não se ela quiser ser duradoura. O lucro tem um conceito de curto prazo, se pensarmos em um horizonte contábil, resume-se a 23 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 um exercício, um ano. O lucro como único objetivo pode fazer com que a empresa se destrua no longo prazo. Vou exemplifi car para melhorar a compreensão. Um dono de restaurante que sacrifi que a qualidade da comida, sempre utilizando de alimentos de origem duvidosa, e com mão de obra mal qualifi cada, com o intuito de melhorar sua margem de lucratividade, tenderá a fechar suas portas num futuro não muito longínquo. “A maximização da riqueza, por outro lado, contém uma visão de longo prazo, pois se preocupa com a qualidade do produto ou serviço, coma satisfação do cliente e sua fi delização” (ANTONIK, 2016, p. 6). Uma empresa que tenha por objetivo maximizar a riqueza do seu proprietário tem uma visão mais estratégica, posiciona-se perante os concorrentes de forma consistente e oferece valor ao seu cliente. A maximização da riqueza, por outro lado, contém uma visão de longo prazo, pois se preocupa com a qualidade do produto ou serviço, com a satisfação do cliente e sua fi delização. Atividade de Estudos: 1) A empresa deve buscar o lucro ou maximizar a riqueza? ____________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ Administração Financeira em Micro e Pequenas Empresas Ao longo deste capítulo estamos procurando apresentar os conceitos de fi nanças empresariais, destacando as peculiaridades que se aplicam às micro e pequenas empresas. Você já deve ter uma noção, mas é importante ressaltar que as micro e pequenas empresas correspondem a 20% do Produto Interno Bruto do Brasil - PIB - e signifi cam 89% do total de empresas existentes, gerando 60% dos empregos, segundo dados do SEBRAE (2010 apud ANTONIK, 2016). Assim, se você já é um micro ou pequeno empresário, está pensando em montar um negócio próprio, ou pretende ser um dos R$ 56,4 milhões de empregados em micro e 24 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO pequenas empresas, saiba que o mercado é bastante grande e concorrido, mas que há sim muitas oportunidades. O quadro a seguir traz um mapeamento das micro e pequenas empresas por setores da economia, dividido por regiões. Quadro 3 – Mapeamento das micro e pequenas empresas do Brasil Região Total Comércio Serviço Construção Civil Optantes pelo Simples Centro-Oeste 437.424 244.265 314.139 63.972 448.219 Nordeste 884.980 551.125 1.040.396 122.874 1.048.113 Norte 204.840 128.624 230.437 31.243 271.827 Sudeste 3.038.613 1.483.694 250.861 428.487 2.776.052 Sul 1.406.617 715.850 115.760 250.747 1.093.952 Brasil 5.972.474 3.123.558 1.951.593 897.323 5.638.163 Percentual 100% 52% 33% 15% 94% Fonte: Antonik (2016, p. 14). O quadro traz uma informação importante que se refere à tributação das empresas, 94% delas optam pelo regime de tributação denominado simples, que como o próprio nome já afi rma, é um regime tributário simplifi cado, que cobra muitos impostos em uma única alíquota. Antonik (2016) traz um quadro bastante elucidativo, que compara os regimes tributários passíveis de serem adotados por empresas no país, variando conforme o seu porte, conforme o faturamento. Quadro 4 – Regimes tributários no Brasil Regime Tributário Quem pode adotar Como funciona Muito importante Simples Pequenas e mé- dias empresas com faturamento anual de até R$ 3.6 milhões. Uma série de tributos é paga em uma úni- ca declaração sim- plifi cada. Uma única alíquota sobre o fatu- ramento, sendo maior quanto mais a empre- sa faturar. Empresas com poucos funcionários e faturamen- to alto podem ter uma con- tribuição previdenciária desproporcional. Em- presas que compram de optantes pelo Simples re- cebem menos crédito de ICMS. Lucro Presum- ido Empresas com faturamento anu- al menor do que R$ 48 milhões As alíquotas incidem sobre o faturamento total, a partir de per- centuais predeter- minados conforme a atividade executada. Se a empresa tiver pou- co lucro, pode ser mais vantajoso optar pelo lu- cro real. 25 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 Lucro Real Todas as empre- sas. Obrigatório para empresas com faturamen- to maior do que R$ 48 milhões. IR e outros são cal- culados com base no lucro. Além disso, PIS e COFINS podem ser deduzidos com a uti- lização de créditos. Em caso de lucro alto, outras formas de tribu- tação podem ser mais vantajosas. O cálculo do lucro real é complexo. Lucro arbitrado Os indicados pela Receita Fed- eral e o próprio contribuinte. Me- diante condições. A determinação das bases de cálculo de IRPJ e CSLL é sem- pre a do lucro presu- mido, com acréscimo de 20%. Importante ter um en- quadramento adequa- do perante a Receita Federal. Fonte: Adaptado de Antonik (2016, p. 16). Veja no site da Receita Federal quem pode se enquadrar no regime de lucro arbitrado e como isso ocorre. Acesse: <http://www. receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2012/CapituloXIV- LucroArbitrado2012.pdf>. Segundo Antonik (2016), o regime tributário do Simples não é uma decisão tão elementar de ser tomada. Ele engloba oito tributos (IRPJ, PIS, COFINS, CSLL, INSS patronal, IPI das industrias, ISS dos prestadores de serviço e ICMS). As alíquotas do tributo podem ter uma variação de 4% a 22,45%, dependendo do setor de atuação (comércio, indústria ou serviços). A partir de primeiro de janeiro de 2015 passou a vigorar a Lei Complementar 147/2014, incluindo 140 novas categorias de empresas ao Super Simples, podendo alcançar até 450 mil empreendimentos no Brasil. 26 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Segundo Antonik (2016), uma informação importante com relação ao regime tributário do Simples, é que as alíquotas de contribuição incidem sobre o faturamento da empresa. Essa questão é relevante, pois faturamento não é o mesmo que lucro, e dependendo do arranjo fi nanceiro da companhia, sua margem de lucro pode ser pequena, e uma alíquota incidindo sobre o faturamento poderá ser pior do que uma que incida diretamente sobre o lucro. Por exemplo, empresas que tenham um faturamento alto, com margens de lucro pequenas, e poucos empregados, podem ter uma oneração maior com o INSS embutido no regime tributário do Simples (alíquota única), do que pagar separadamente INSS e impostos sobre lucro. Conforme afi rma Antonik (2016), em resumo, as principais vantagens do regime tributário do Simples são as seguintes: 1. Tributação com alíquotas mais brandas e progressivas. 2. Recolhimento unifi cado em uma única Guia, que pode abranger tributos estaduais e municipais. 3. Cálculo simplifi cado sobre uma base única (receita bruta mensal). 4. Dispensa obrigatoriedade da escrituração comercial para fi ns do fi sco, sob algumas condições de guarda e armazenamento. 5. Dispensa a empresa de contribuir para o sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senac e Sebrae), assim como das contribuições de salário educação e contribuição sindical patronal. 6. Dispensa a empresa de sujeitar-se à retenção na fonte de tributos e contribuições para órgãos da administração federal. 7. Isenção de tributação sobre os rendimentos que forem destinados aos sócios, exceto quando se tratar de pró-labore, aluguéis e serviços prestados. Antonik (2016) destaca a importância de um assessoramento técnico com um contador especializado, de modo que se possa planejar corretamente o enquadramento tributário da empresa. Discorremos um pouco sobre as micro e pequenas empresas e sua tributação para introduzir as principais funções fi nanceiras realizadas nestas organizações. A primeira destas funções corresponde justamente ao planejamento, do qual o planejamento tributário abordado anteriormente é um importante componente. As demais atividades correspondem à função de investimento e administração de capital de giro. Vamos ver com mais detalhes cada uma delas nos tópicos a seguir. a) Função Planejamento Antonik (2016) afi rma que as micro e pequenas empresas são aquelas que mais sofrem com a falta de profi ssionalização por uma falta de cultura na 27 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 educação em gestão. Saiba, portanto, que você que está cursando esta pós- graduação está a alguns passos à frente. Em pesquisa realizada pelo Sebrae (2016), podemos perceber que 25%dos micro e pequenos empresários alegaram problemas de gestão como um dos motivos determinantes para o fechamento das empresas. Se levarmos em consideração que impostos, custos, despesas, juros, vendas, demanda e concorrência podem ser objeto de um prévio planejamento, e elas correspondem a 50% dos motivos alegados como determinantes para o fechamento das micro e pequenas empresas. Podemos inferir que problemas de gestão e planejamento de forma ampla, correspondem a 75% dos motivos determinantes para o fechamento de empresas. Para quem vai montar um negócio próprio, é uma informação bastante relevante e quem deixar de considerá-la tem grandes chances de estar nesta estatística nos próximos anos, afi nal, apesar de estar em queda, a taxa de mortalidade de empresas no Brasil ainda é alta, 23,4% das empresas criadas há dois anos, em 2012, fecharam as portas. Este índice, em 2008, era de 45.8%. Figura 4 – Motivos determinantes para fechamento de empresas no Brasil Fonte: Sebrae (2016, p. 7). Planejar a empresa é averiguar a demanda para o produto ou serviço, compor os custos, formar o preço de venda, compreender os públicos de interesse, defi nir objetivos de curto, médio e longo prazo, averiguar a viabilidade fi nanceira, enquadramento tributário adequado, fazer orçamentos, simulações, atribuir usos e elencar as fontes dos recursos, ou seja, o planejamento de uma empresa sempre irá convergir para o planejamento fi nanceiro, para um orçamento, uma planilha, um fl uxo de caixa projetado. Somente com este se poderá defi nir os investimentos a serem realizados. A função investimento, aliás, é o próximo tópico a ser estudado. 28 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO b) Função Investimento Segundo Antonik (2006), a função de investimento também pode ser compreendida como a administração da estrutura de ativos de uma empresa. Assim, quando uma empresa decide investir, ela está disponibilizando recursos para a conta do ativo, seja disponibilizando recursos no caixa, estoques ou no patrimônio da companhia, por exemplo, com o intuito de que estes rendam benefícios econômicos futuros. Se você não teve contato com termos técnicos da contabilidade, ou precisa recordar, vale o seguinte lembrete dos conceitos de ativo, passivo e patrimônio líquido: a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade. b) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos. c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos. Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 00 (2011, p. 16). O investimento é o passo seguinte ao planejamento de uma estratégia organizacional, pois defi nindo-se os objetivos, as metas a serem alcançadas, realizam-se os investimentos na empresa para que esta possa gerar um retorno fi nanceiro, um benefício futuro. Veremos com mais detalhes a análise de investimentos quando trabalharmos a gestão de fl uxo de caixa no Capítulo 4. É importante compreender que a gestão de investimentos é uma função de administração fi nanceira que será capaz de suportar a operação da empresa, gerando benefícios futuros. Um item essencial para suportar a operação da empresa, principalmente em seu ciclo operacional, é o investimento em capital de giro. Tópico que detalharemos a seguir. É importante compreender que a gestão de investimentos é uma função de administração fi nanceira que será capaz de suportar a operação da empresa, gerando benefícios futuros. 29 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 c) Função Administração do Capital de Giro Antes de falarmos de capital de giro, é importante resgatarmos um conceito contábil de Ativo e Passivo Circulante. Segundo Gitman (2002), Ativos Circulantes e Passivos Circulantes são, respectivamente, bens e direitos a receber no curto prazo e, obrigações, também de curto prazo. Estes grupos de Ativos e Passivos fornecem uma imagem do funcionamento da empresa no dia a dia, da sua operação. Essa afi rmação fi ca mais evidente quando esmiuçamos os itens que compõem cada conta. Assim, no grupo de Ativos Circulantes temos: estoques, contas a receber, caixa e aplicações fi nanceiras de curto prazo. Já no grupo de Passivos Circulantes temos: contas a pagar, despesas a pagar e instituições fi nanceiras a pagar. Isto faz com que a administração fi nanceira de curto prazo seja uma das atividades mais intensas do administrador fi nanceiro. Gitman (2002) afi rma que o Ativo Circulante, também chamado de capital de giro, é uma proporção dos investimentos realizados na empresa que circula, ou seja, que gira, para que a empresa possa produzir ou prestar o seu serviço, pagar suas obrigações e receber a receita. Em uma situação ideal, até certo ponto utópica para a maioria das empresas, a necessidade de capital de giro seria zero, pois se contrataria fornecedores a prazo e se receberia à vista ou até mesmo antecipado. A necessidade de capital de giro varia de empresa para empresa, e o setor de atividade é relevante para essa defi nição. Por exemplo, empresas que trabalham com produção, geralmente precisam de estoque e recebem as vendas a prazo, então precisam de um capital para poder girar a produção, entregar o produto e manter suas atividades em operação até receber o pagamento do seu cliente. Parte da receita é injetada novamente como capital de giro e, assim, o ciclo recomeça. Empresas que trabalham prestando serviço podem ter uma necessidade de capital de giro menor, pois não se utilizam de estoque e muitas recebem logo após a realização do serviço. Caso o recebimento seja a prazo já confi guramos uma necessidade de capital de giro maior. Empresas que trabalham por projetos, como construtoras, precisam ter uma boa estratégia de capital de giro, pois a preparação do produto é longa, os custos são elevados e a venda depende da situação do mercado quando o produto estiver disponível. Antonik (2016) traz um gráfi co bastante interessante, que ajuda a compreender a importância do capital de giro em uma organização. Na Figura 5, temos o ciclo operacional de uma companhia que inicia suas atividades no dia zero e recebe a sua primeira receita 150 dias após. A todo esse ciclo é dado o nome de ciclo operacional. 30 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Figura 5 – Ciclos operacionais e fi nanceiros Fonte: Antonik (2016, p. 23). Vamos imaginar que a companhia citada seja uma fábrica de móveis para o varejo que está iniciando suas atividades. No dia zero a empresa recebe a matéria-prima para a fabricação dos móveis (madeiras, parafusos, fi xadores, lixa, tinta, fi tas, puxadores, acabamentos, dentre outros), os quais deixa estocados durante trinta dias até fi nalizar sua linha de montagem e treinar funcionários. O pagamento negociado com os fornecedores é realizado a prazo, em 30 dias a contar do recebimento. Após esse período, inicia a fabricação, que leva mais 40 dias para concluir. Com o produto acabado, leva 15 dias até fechar a venda dos móveis a uma grande rede varejista, a qual negocia um prazo de 65 dias para o pagamento, ou seja, a empresa começou a ter custos no dia 30, quando pagou seus fornecedores e despesas internas (funcionários, aluguel etc.), terminou o produto no dia 70 e só recebeu no dia 150. O ciclo que compreende o período 90 dias 120 dias 150 dias60 dias30 dias0 dias Ciclo econômico (85 dias) Venda de produto acabado (85 dias) Recebe duplicata (150 dias) Recebimento do cliente (150 dias) Entrada de MP no estoque Termina a fabricaçãoIniciada a fabricação Compra de MP a crédito Desembolso (30 dias) PMPF CC (120 dias) PMPF (30 dias) PMC (65 dias) PMF (40 dias) PMV PTE (85 dias) PME (30 dias) PMV (15dias) Le ge nd a: CC - ciclo de caixa - fi nanceiro (120 dias) MP - matéria -prima PMV - período médio de venda (15 dias) PTE - período total de estoque (85 dias) PMF - período médio de fabricação (40 dias) PME - período médio de estoque de matéria-prima (30 dias) PMC - período médio de cobrança de duplicatas (65 dias) PMPF - período médio de pagamento de fornecedor (30 dias) 31 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 médio de estoque (PME), o período médio de fabricação (PMF), o período médio de venda e cobrança (PMV e PMC), descontado do prazo médio de pagamento de fornecedores (PMPF), é conhecido como ciclo de caixa. Assim temos: Quadro 5 – Fórmula do ciclo de caixa Ciclo de Caixa: PME+PMF+PMV+PMC – PMPF = 30 + 40 + 15 + 65 – 30 = 120 dias Fonte: Antonik (2016, p. 24). Vamos imaginar que uma empresa possua uma necessidade anual de capital de giro de R$ 180.000,00 para um ciclo de caixa de 120 dias e que ela possua apenas custos variáveis, ou seja, todos estes custos são proporcionais aos produtos vendidos e podem ser a esse atribuídos/repassados. Se a empresa consegue reduzir esse ciclo em 30 dias, ou seja, alterando o ciclo de caixa para 90 dias, negociando melhor com fornecedores, ou então antecipando seus recebimentos, ou um pouco de cada, ela tem uma economia de R$ 45.000.00, pois a necessidade de capital de giro para 90 dias passaria para R$ 135.000,00. O exemplo acima é hipotético e sempre haverá custos fi xos que precisam ser considerados, gerando um resultado que não é diretamente proporcional, mas sem dúvida o ganho com a redução do ciclo de caixa será signifi cativo. Isso demonstra a importância da administração do capital de giro em pequenos negócios, ele pode ser uma das chaves do sucesso da organização. Atividades de Estudos: 1) Qual o papel do planejamento na administração fi nanceira? ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ _____________________________________________ 2) O que é capital de giro? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 32 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Algumas ConsideraçÕes Este capítulo teve a intenção de ser uma introdução ao planejamento e controle fi nanceiros aplicados a pequenos negócios. Iniciamos resgatando uma visão ampla da área fi nanceira e suas principais aplicações, como a área de serviços fi nanceiros e a administração fi nanceira. Embora distintas, estas áreas se correlacionam, pois, a administração fi nanceira interna das empresas se relaciona com instituições fi nanceiras, seja para aplicar suas receitas, seja para tomar fi nanciamento para executar suas atividades. Fizemos, também, um apanhado sobre as formas de constituição de empresas, seus níveis de risco e responsabilidade dos acionistas, de modo que você pudesse ter uma noção dos custos de estruturação das empresas e facilidade para obter fi nanciamentos, por exemplo. Após essa noção geral, adentramos mais especifi camente na estrutura do campo de estudos de fi nanças e sua correlação com os campos de estudos da contabilidade e economia, assimilando as suas semelhanças e divergências. Partimos então para a compreensão dos objetivos da empresa, que é a maximização da riqueza dos acionistas a longo prazo em detrimento da busca única pelo lucro a curto prazo. A partir daí, aprofundamos nossos estudos fi nanceiros nas micro e pequenas empresas, iniciando por uma visão geral destas, incluindo o planejamento tributário. Por fi m, fi nalizamos com as principais funções exercidas pelo administrador fi nanceiro em pequenas companhias, que são as funções de planejamento, investimento e de administração do capital de giro. No próximo capítulo, adentraremos um pouco no estudo da contabilidade, especifi camente nas Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE), mas com uma visão aplicada à área de fi nanças, com a identifi cação de indicadores que ajudarão a monitorar o desempenho e a saúde fi nanceira da empresa. 33 PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 ReFerÊncias ANTONIK, L. R. Empreendedorismo: gestão fi nanceira para micro e pequenas empresas. São Paulo: Elsevier, 2016. BRASIL. Economia e emprego. Diferenças entre tipos de empresas. 2011. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/11/diferencas- entre-tipos-de-empresas>. Acesso em: 20 dez. 2017. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento conceitual básico (R1) para elaboração e divulgação de relatório contábil-fi nanceiro. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/ Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 3 jan. 2018. GITMAN, L. J. Princípios de administração fi nanceira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2002. SEBRAE. Apresentação dos relatórios de sobrevivência das empresas no Brasil. 2016. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/ Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-102016.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2018. 34 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO CAPÍTULO 2 Demonstração de Resultados A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Defi nir as demonstrações de resultado de uma empresa. Localizar os indicadores fi nanceiros de desempenho da micro e pequena empresa. Examinar uma demonstração de resultados do exercício. Avaliar o impacto das receitas, despesas, custos e investimentos no resultado do exercício. 36 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO 37 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 ContextualiZação Você já ouviu falar nessa expressão: o poder de uma nação está diretamente relacionado à estabilidade de suas instituições? Esta expressão está presente no trabalho de North (2003 apud ANTONIK, 2016). Douglas Cecil North é um economista americano que desenvolveu uma teoria sobre o amadurecimento das instituições, a qual fazia referência à correlação entre o grau de amadurecimento das instituições de determinados países ao seu nível de desenvolvimento econômico e social. A partir deste trabalho, fi cou evidente que quanto mais uma nação possuía um alto grau de amadurecimento institucional (leia-se baixos níveis de corrupção, leis que não se alteram facilmente, consenso no judiciário quanto à interpretação destas, funcionários públicos capacitados, serviço público efi ciente etc.) maior era o grau de desenvolvimento de uma nação, ou seja, menores eram os seus níveis de pobreza e maior a sua renda per capita, educação, sensação de segurança etc. North (2008 apud ANTONIK, 2016, p. 107) afi rma que “as instituições podem ser interpretadas como sendo as regras de um certo jogo, que determinam o que os jogadores podem fazer”. Aqui entra muito o conceito de normativas em um sentido amplo, que engloba não só as instruções de um modo geral, como leis, decretos, resoluções, assim como os próprios entes que os elaboram e fi scalizam. As empresas fazem parte deste arcabouço institucional e são um espelho da maturidade de um país. Assim, em países nos quais há uma estabilidade na legislação, no judiciário, as empresas possuem uma competitividade mais justa, haja vista que a regra é igual para todos e todos são igualmente fi scalizados e obrigados perante a lei. Assim, se uma empresa possui um bom desempenho, este tenderá a estar relacionado a uma gestão mais efi ciente dos seus recursos ou no diferencial de seu produto, em vez de estar relacionado a um enquadramento tributário diferenciadoe específi co que não está acessível a todos, por exemplo. A contabilidade, como já vimos no Capítulo 1, possui duas grandes funções, demonstrar a situação patrimonial e o resultado da empresa, apurando os tributos a serem recolhidos com base neste desempenho. Assim, no meio empresarial, a contabilidade exerce um importante papel como instituição. Neste capítulo exploraremos com mais detalhes o papel da contabilidade em uma organização, entenderemos o seu papel quanto à Demonstração dos Resultados do Exercício e compreenderemos a sua função enquanto instituição, como regra do jogo da gestão de uma empresa. 38 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO ContaBilidade Gerencial O papel de um instituto contábil sólido é importante no ambiente empresarial para que se possa ter transparência na gestão das empresas e uma certeza de que estas estão agindo conforme as regras do jogo. Entretanto, esse papel contábil é também importante para o sucesso do próprio negócio. Verifi camos que uma das funções de um administrador fi nanceiro é o planejamento fi nanceiro, como recorda Antonik (2016). Este planejamento visa estabelecer uma previsão de uma situação futura desejada para o empreendimento, elencando os custos, despesas e receitas necessários para o alcance deste objetivo. Em termos fi nanceiros, o planejamento se traduz em um orçamento, uma planilha que permite simular as operações fi nanceiras da companhia no curto, médio e longo prazo. No entanto, de nada adianta planejar se o empreendedor não acompanhar o desempenho da sua companhia. Essa é uma parte fundamental do processo de planejamento: a mensuração e controle dos resultados. A partir disso, o empreendedor poderá ajustar a sua mira para atingir o alvo. Utilizando-se de mecanismos de controle, é possível rever o planejamento inicial com vistas a alcançar o objetivo. Lembre-se de que o planejamento é um exercício de prever situações futuras, que estão sujeitas a todos os tipos de mudança. Por exemplo, às vezes, a demanda estimada para determinado produto poderá variar, e você necessitará ajustar os preços para atingir seu objetivo, seja para manter a rentabilidade ou livrar-se de um estoque excedente. Antonik (2016) divide o planejamento empresarial em três fases: planejamento, apuração dos resultados e análise de desempenho, como podemos verifi car na fi gura a seguir. Esse ciclo é contínuo, pois a análise de desempenho permite comparar a nossa meta traçada com aquela executada e, assim, ajustar novamente nosso planejamento para chegar mais próximo do alvo. Caso esta meta tenha sido atingida, pode-se, então, traçar metas mais desafi adoras e melhorar ainda mais o desempenho da empresa. Financeiramente, a aferição destas metas utiliza de ferramentas contábeis, hoje harmonizadas de acordo com regras internacionais. Na relação entre a necessidade de um instituto contábil sólido e a apuração do desempenho da empresa, ressaltamos: com uma instituição de normas e regras contábeis fortes, as empresas contam com uma ferramenta que dá credibilidade na apuração de seus resultados, sabendo que estes são medidos através de um critério padrão, podendo, então, agir para realizar mudanças na gestão da companhia que resulta em dados de entrada diferentes, que proporcionem resultados distintos. Com uma instituição de normas e regras contábeis fortes, as empresas contam com uma ferramenta que dá credibilidade na apuração de seus resultados, sabendo que estes são medidos através de um critério padrão, podendo, então, agir para realizar mudanças na gestão da companhia que resulta em dados de entrada diferentes, que proporcionem resultados distintos. 39 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 Imagine que você tem por objetivo perder peso, por exemplo, e que sua balança não é confi ável, pois dependendo da condição climática pode pesar dois quilos a mais ou a menos. Assim, por mais que você modifi que sua alimentação, não saberá exatamente se está diminuindo ou aumentando o seu peso. A contabilidade é como se fosse uma balança, precisa ser confi ável e estável, de modo que as empresas possam aferir seu resultado, sabendo que ao aplicarem seus esforços em determinada ação que o altere, este será corretamente identifi cado pelas demonstrações contábeis. Figura 6 – Fases do planejamento empresarial Fonte: Antonik (2016, p. 111). No próximo tópico, iremos identifi car os principais relatórios contábeis que devem ser compreendidos e utilizados por empreendedores que atuam nas micro e pequenas empresas. DemonstraçÕes de Resultado AtravÉs da ContaBilidade Evidenciar o resultado de uma determinada empresa não é tarefa simples. Como já abordamos, para termos um resultado confi ável, é preciso adotar normas e critérios amplamente aceitos, assim, tanto o empreendedor quanto outras pessoas e entidades interessadas na empresa poderão ter certeza de que a empresa está traçando um caminho virtuoso ou necessita de ajustes em sua rota para melhorar o desempenho. A utilização deste arcabouço de normas exige profi ssionais capacitados e dedicados, mas o empreendedor deverá saber ler e interpretar o resultado destes relatórios contábeis, de modo que possa ter a exata noção do caminho que estão tomando as fi nanças da sua empresa. Antonik (2016) afi rma que as peças fundamentais para análise de desempenho de uma organização são as seguintes: Planejamento Apuração de resultados Análise de desempenho 40 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO a) Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE) Segundo Gitman (2002), a demonstração de resultados segue a lógica do regime de competência para projetar o lucro/prejuízo e refl ete a posição fi nanceira geral da companhia. Como o próprio nome defi ne, a Demonstração do Resultado do Exercício - DRE - é um dos instrumentos mais comumente utilizados quando falamos em aferir o desempenho de uma empresa. Antonik (2016) afi rma que este instrumento também pode ser conhecido como demonstração de lucros e perdas, pois uma das suas funções principais é demonstrar o lucro ou prejuízo aferido em um determinado exercício (período de tempo geralmente coincidente com o calendário civil, de 1 de janeiro a 31 de dezembro). Este instrumento é baseado no conceito de competência, ou seja, para a DRE, o importante é o fato gerador do lançamento contábil, independente de este ter uma contrapartida imediata que represente uma entrada ou saída no caixa da companhia. Utilizaremos o Quadro 6, que traz uma DRE da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., explorando as principais contas que compõem este demonstrativo. Segundo Gitman (2002), a demonstração de resultados segue a lógica do regime de competência para projetar o lucro/ prejuízo e refl ete a posição fi nanceira geral da companhia. Quadro 6 – Demonstração do Resultado do Exercício NIW Produtos Florestais Ltda. Demonstrações de Resultado do Exercício, 31 de dezembro de 2012 (R$) 2012 Receita operacional líquida (1) R$ 257.772,46 Custo da mercadoria vendida (2) R$ 149.508,03 Margem Bruta R$ 108.264,43 Salários e benefícios R$ 58.464,25 Despesas de comercialização R$ 16.994,70 Outras despesas R$ 12.098,76 Despesas operacionais (3) R$ 87.557,72 Depreciação (4) R$ 7.850,84 Total das despesas operacionais R$ 95.408,56 Lucro operacional R$ 12.855,87 Despesas fi nanceiras (5) R$ 4.413,59 Lucro líquido do exercício R$ 8.442,28 Fonte: Tracy (2007 apud ANTONIK, 2016, p. 113). 41 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 • Receita Operacional Líquida (1): na receita operacional líquida temos aquilo que a empresa realmente recebeu pelas suas vendas, descontados os tributos incidentes sobre a venda, e eventuais descontos ou abatimentos realizados. • Custo da Mercadoria Vendida (2): no custo da mercadoria vendida, teríamos os custos diretamente relacionados à fabricação do produto, como mão de obra aplicadadiretamente na produção, o valor da matéria-prima, gastos gerais relacionados à produção, exemplo, aluguel da unidade fabril, energia elétrica da unidade fabril, manutenção do maquinário etc. Lembre-se de que o custo aqui apurado refere-se às mercadorias efetivamente vendidas, então deve-se somar o estoque inicial e descontar o estoque fi nal, pois, se a mercadoria está no estoque, não foi vendida. Importante salientar que estes custos não se misturam com outras despesas administrativas, e mão de obra não relacionada à produção. Aqui temos uma conta específi ca para apurar o custo da mercadoria vendida. • Despesas Operacionais (3): na conta do Custo das Mercadorias Vendidas temos a apuração direta do custo daquilo que é fabricado e efetivamente vendido, mas quando falamos em resultado de uma empresa, esse processo fabril é gerenciado e possui, portanto, uma administração, e nem todos empregados da empresa trabalham na sua linha de produção, muitos trabalham na área de vendas, na área administrativa, recursos humanos etc. Assim, nas despesas operacionais, temos englobado o montante de despesas relacionadas diretamente à operação da companhia. Não confunda operação da companhia com processo de fabricação. • Depreciação (4): a depreciação também é considerada uma despesa operacional, mas convém tratarmos dela em separado, dada a sua complexidade. Muitos dos custos e despesas referentes à confecção dos produtos e operação da companhia são adquiridos e consumidos num curto espaço de tempo. Utilizaremos como exemplo a compra de papel e tinta para impressão de documentos na empresa NIW Produtos Florestais. Eles se referem a despesas operacionais e são totalmente consumidos à medida que os documentos são impressos, o que não ocorre com um maquinário adquirido para corte de madeiras, por exemplo. Vamos supor que este maquinário possua um valor de R$ 100.000,00, e sua vida útil esteja estimada em 5 anos (60 meses). No ano da aquisição é lançado na contabilidade o valor de aquisição da máquina, um desembolso de caixa, mas a cada ano da vida útil da máquina, é possível lançar um valor referente a 1/5 do seu custo de aquisição como despesa de depreciação 42 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO (os lançamentos mensais correspondem a 1/60 do valor de aquisição do bem). Assim, anualmente, durante cinco anos, a empresa lança uma despesa de R$ 20.000,00 referente à depreciação deste bem, que é utilizada como abatimento da base de cálculo do imposto a pagar para aquelas empresas que se utilizam do regime tributário de lucro real. Na fi gura a seguir, Antonik (2016) cita um exemplo do passo a passo do lançamento de uma despesa a ser depreciada. Figura 7 – Bens depreciáveis Fonte: Antonik (2016, p. 116). Quem defi ne a duração de um bem para fi ns de depreciação é a Receita Federal, através do Regulamento do Imposto de Renda – RIR. Para compreender melhor como os bens são depreciados, verifi que a Subseção II – Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado do RIR, acessando o site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ decreto/d3000.htm>. 1º passo Compra de máquina por R$ 6.000,00 Contador lança a compra no imobilizado Todos os meses o contador lança 1/60 na despesa (R$100,000) 2º passo 3º passo Compra de material de escritório por R$82,00 O contador lança a compra diretamente no resultado Nada Bens de alto valor com vida útil controlada pela Receita Bens de baixo valor, sem vida útil controlada pela Receita 43 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 • Despesa Financeira (5): a despesa fi nanceira, segundo Antonik (2016), refere-se aquelas despesas realizadas com atividades que não estão relacionadas à atividade da empresa, mas sim na aquisição de capital e também em investimentos realizados pela empresa em produtos fi nanceiros. Vejamos, por exemplo, uma empresa que toma um empréstimo para o capital de giro. Esta companhia arcará com custos de juros e encargos sobre esta dívida, que podem ser bastante representativos para o resultado da empresa. Outro exemplo pode ser a aplicação fi nanceira da sobra de caixa da companhia. Essa receita auferida também deve ser contabilizada em separado. Assim, poderemos saber e diferenciar as receitas e os custos de produção e operação, vinculados à atividade empresarial exercida pela companhia, daqueles custos e receitas oriundas da atividade da companhia junto ao mercado fi nanceiro. Uma empresa que possui uma receita fi nanceira alta e um receita operacional baixa, não está executando bem a atividade para a qual foi criada, apesar de poder estar sendo lucrativa. Como pudemos verifi car no quadro anterior, a NIW Produtos Florestais Ltda. apurou um lucro líquido do exercício no valor de R$ 8.442,28 e, para chegar neste valor, foram subtraídas da receita operacional líquida, o custo das mercadorias vendidas, as despesas operacionais, a depreciação e as despesas fi nanceiras. Veja que o lucro bruto corresponde a R$ 12.855,87, praticamente 50% superior ao lucro líquido, o que signifi ca dizer que se não houvesse despesas fi nanceiras, a empresa teria um lucro um tanto quanto mais elevado. b) Balanço Patrimonial (BP) Segundo Gitman (2002), o Balanço Patrimonial representa uma posição fi nanceira da empresa em uma determinada data, que geralmente coincide com o fi nal do calendário civil, 31 de dezembro. Ele iguala os Ativos (bens e direitos), com a soma de fi nanciamentos realizados com terceiros e de seus proprietários (sócios). A fi gura a seguir demonstra uma síntese de um Balanço Patrimonial, separado em duas semiesferas, representando que o lado do Ativo deve ter igual contrapartida com a soma do Passivo e do Patrimônio Líquido. Gitman (2002) ensina que o Balanço Patrimonial deve segregar as contas conforme a sua liquidez, ou seja, a rapidez com a qual se pode transformar os Ativos em entrada de caixa, e os Passivos, em saída de caixa. Temos uma primeira separação no balanço a ser assim apresentada: Ativos e Passivos de curto prazo e Ativos e Passivos de longo prazo. Os Ativos e Passivos com liquidez prevista para serem realizadas em até um ano, são denominados de Ativos e Passivos Circulantes ou Ativos e Passivos Correntes, como afi rma Antonik (2016). Segundo Gitman (2002), o Balanço Patrimonial representa uma posição fi nanceira da empresa em uma determinada data, que geralmente coincide com o fi nal do calendário civil, 31 de dezembro. 44 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Os demais Ativos e Passivos são considerados de longo prazo, com realização superior a um ano. Os Ativos se denominam realizáveis no longo prazo e os Passivos, exigíveis a longo prazo. Assim, na conta dos Ativos, o caixa é o ativo mais líquido, e representa as disponibilidades em dinheiro da companhia e é sempre a primeira conta a ser descrita no Balanço Patrimonial. Na sequência, são descritas as contas de Ativo em ordem decrescente de liquidez. Figura 8 – Balanço Patrimonial - Síntese Fonte: Adaptado de Gitman (2002). Podemos verifi car no quadro a seguir, que os Ativos permanentes imobilizados, como o próprio nome já diz, são os menos líquidos e, portanto, os últimos listados. Assim ocorre no Passivo, os empréstimos de longo prazo representam as dívidas que mais demorarão a serem exigidas, portanto, são as últimas a serem listadas, em detrimento das contas a pagar, que apresentam as dívidas com fornecedores que devem ser logo quitados. Quadro 7 – Balanço Patrimonial NIW Produtos Florestais Ltda. Balanço Patrimonial, 31 de dezembro de 2012 (R$) 2011 2012 Diferenças Caixa R$ 30.695,41 R$ 51.550,75 R$ 20.855,34 Duplicatas a receber R$ 12.024,27 R$ 13.131,95 R$ 1.107,68 Estoques R$ 19.870,70 R$22.124,45 R$ 2.208,30 Despesas pré-pagas R$ 5.757,28 R$ 5.404,68 -R$ 352,60 Total dos ativos correntes R$ 67.767,78 R$92.211,83 • Ativo • PassivoPassivo Circulante Passivo Não Circulante (Realizável a Longo Prazo)Ativo Circulante Ativo não Circulante (Realizável a longo Prazo e Permanente) • Patrimônio Líquido Capital Social Reservas de Capital Reservas de Lucro 45 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 Imobilizado R$ 68.367,17 R$ 79.121,80 R$ 10.754,63 Depreciação acumulada -R$ 14.782,44 -R$ 22.633,27 -R$ 7.850,84 Imobilizado líquido R$ 53.584,73 R$ 56.488,53 Total dos ativos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 Passivo Contas a pagar R$ 25.282,44 R$ 23.074,14 -R$ 2.208,30 Despesas provisionadas R$ 5.943,95 R$ 7.199,03 R$ 1.255,08 Empréstimos de curto prazo R$ 8.826,13 R$ 17.652,25 R$ 8.826,13 Total dos passivos correntes R$ 40.052,52 R$ 47.925,42 Empréstimos de longo prazo R$ 26.478,38 R$ 35.304,50 R$ 8.826,13 Capital social MB R$ 44.130,63 R$ 46.337,16 R$ 2.206,53 Lucros retidos R$ 10.691,00 R$ 19.133,27 R$ 8.442,28 Patrimônio Líquido R$ 54.821,62 R$ 65.470,43 Total dos passivos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 Passivo Contas a pagar R$ 25.282,44 R$ 23.074,14 -R$ 2.208,30 Despesas provisionadas R$ 5.943,95 R$ 7.199,03 R$ 1.255,08 Empréstimos de curto prazo R$ 8.826,13 R$ 17.652,25 R$ 8.826,13 Total dos passivos correntes R$ 40.052,52 R$ 47.925,42 Empréstimos de longo prazo R$ 26.478,38 R$ 35.304,50 R$ 8.826,13 Capital social R$ 44.130,63 R$46.337,16 R$ 2.206,53 Lucros retidos R$ 10.691,00 R$ 19.133,27 R$ 8.442,28 Patrimônio Líquido R$ 54.821,62 R$ 65.470,43 Total dos passivos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 Fonte: Tracy (2007) apud Antonik (2016, p. 119). No Patrimônio Líquido, segundo Gitman (2002, p. 38), fi cam “os direitos dos proprietários da empresa, portanto, contém as contas de capital social, reservas de capital, e reservas de lucro, por exemplo”. No caso da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., o Patrimônio Líquido é composto pelas contas de capital social e lucros retidos. Com a DRE e o Balanço Patrimonial em mãos, o administrador fi nanceiro possui ferramentas importantes para começar a elaborar a demonstração do Fluxo de caixa, que também se apoia em outros relatórios fi nanceiros gerenciais. c) Demonstrações do Fluxo de Caixa (DFC) Segundo Gitman (2002), a demonstração de fl uxos de caixa representa o resumo das entradas e saídas de dinheiro em uma companhia, em um determinado período, sempre de acordo com o momento exato em que ocorrem, ou seja, o regime adotado é o regime de caixa. Segundo Gitman (2002), a demonstração de fl uxos de caixa representa o resumo das entradas e saídas de dinheiro em uma companhia, em um determinado período, sempre de acordo com o momento exato em que ocorrem, ou seja, o regime adotado é o regime de caixa. 46 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO Vamos explorar o exemplo da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., que nos apresenta uma DRE, já apresentada acima (Quadro 6), um Balanço Patrimonial (Quadro 7) para montarmos um demonstrativo do fl uxo de caixa (Quadro 10). Para compreender o conceito destes três instrumentos, nós iremos transitar entre esses, portanto, fi que atento para não se perder quando mencionarmos um determinado quadro, ele pode não ser o quadro que está na sequência. Vamos partir das contas da DRE para montarmos a nossa demonstração de fl uxo de caixa. • Receita Operacional Líquida: você já verifi cou que a nossa DRE traz uma Receita Operacional Líquida no montante de R$ 257.772,46. Antonik (2016) nos lembra que nem todas as receitas ali mencionadas, estão disponíveis no caixa da companhia. No quadro anterior, pudemos verifi car que temos a conta duplicatas a receber, no valor de R$ 13.131,95, ou seja, parte das vendas realizadas, da receita do ano de 2012, não foi recebida. Isso não é sinônimo de inadimplência, mas, sim, da estratégia de venda da empresa, que foi a de conceder um prazo para pagamento de seus clientes. Veja que assim como você sempre procura comprar de seus fornecedores a prazo para melhorar o seu ciclo de caixa, como vimos no Capítulo 1, os seus clientes também tenderão a comprar mercadorias a prazo. Podemos apurar que faltou R$ 1.107,68 no caixa da companhia. Ao aferir Balanço Patrimonial (Quadro 7) a conta Duplicatas a Receber, que no ano de 2011 era de R$ 12.024,27, teve uma majoração para R$ 13.131,95, ano de 2012. Antonik (2016) afi rma que a empresa está fi nanciando os clientes em R$ 1.107,68 no ano de 2012. Assim, a empresa deixou de obter este montante em caixa devido a sua estratégia de venda, mas em termos contábeis, no regime de competência, esse valor ajuda a empresa a obter um lucro maior, pois está presente na conta de receita operacional líquida. • Custo da Mercadoria Vendida (2): quando falamos em Caixa, na demonstração do Resultado do Exercício (Quadro 6), podemos verifi car que a empresa teve uma despesa contabilizada de R$ 149.508,03 como Custo das Mercadorias Vendidas, mas na verdade o desembolso de caixa foi na ordem de R$ 4.462,05, isto porque tivemos um aumento no valor dos estoques, de R$ 19.870,70 (2011) para R$ 22.124,45 (2012), e uma diminuição no contas a pagar de R$ 2.208,30, de 2011 para 2012, isto signifi ca que a empresa fi cou devendo menos de um ano para o outro. Somando-se a diferença do valor dos estoques (R$ 2.253,75) mais a diferença em contas a pagar, temos um excedente de desembolso de caixa no total R$ 4.462,05. • Despesas Operacionais (3): como afi rma Antonik (2016, p. 115), quando transpomos estas despesas operacionais para ótica de um fl uxo de 47 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 caixa, temos que ter o cuidado de observar que “algumas despesas são pagas depois de incorridas, pois quando compramos insumos ou outros bens necessários à produção ou à prestação de serviços negociamos um prazo com os fornecedores”. Isso pode ocorrer também com os salários dos funcionários, pois algumas empresas pagam a remuneração de seus colaboradores no quinto dia útil do mês seguinte ao mês trabalhado. Os salários são contabilizados no mês a que se referem, mas o desembolso de caixa ocorre no mês subsequente. Pode ocorrer também o inverso, algumas despesas operacionais podem incorrer antecipadamente, como o pagamento de um sinal para um pedido de mobiliário para área administrativa. Essa informação pode ser difícil de encontrar nos relatórios contábeis, devendo haver registros específi cos de todas despesas incorridas na empresa. No caso da NIW Produtos Florestais, foi possível verifi car em outros relatórios gerenciais que, do valor contabilizado de R$ 87.557,72 em 2012, R$ 916,15 fi cou para ser pago em 2013, ou seja, do valor de R$ 23.074,14, de Contas a Pagar, existente no Balanço Patrimonial (quadro 7), R$ 916,15 são referentes a despesas operacionais. • Depreciação: ainda, como despesa operacional, temos a depreciação, que teve uma variação, entre 2011 e 2012, de R$ 7.850,84, como demonstrado no Quadro 8. Esse valor é acrescido ao fl uxo de caixa, pois ele está descontando a nossa base de receitas, contudo ele é um valor meramente contábil e não há efetivamente um desembolso de dinheiro para pagar a depreciação. Quadro 8 – Imobilizado e Depreciação Itens do balanço 2011 2012 Diferença Imobilizado R$ 68.367.17 R$ 79.121,80 R$ 10.754,63 Depreciação -R$ 14.782,44 -R$ 22.633,17 R$ 7.850,84 Acumulada Fonte: Antonik (2016, p. 117). • Despesas Financeiras: algumas das despesas fi nanceiras também podem ocorrer em períodos distintos daqueles contabilizados na DRE. Assim, Antonik (2016) aponta que a empresa registrou R$ 4.413,59 em despesas fi nanceiras, como juros de fi nanciamento, por exemplo, que ocorreram no ano de 2012. Destes valores realizados, verifi cou-se que R$ 111,65 não foram efetivamente pagos no ano, sendo originados no mês de dezembro de 2012 e com pagamento previsto para janeiro de 2013. 48 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO O Quadro 9 traz um resumo das diferenças entre a DRE 2011 e 2012, dos quais podemos destacar os itens que compõem o cômputo do
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