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Planejamento e contole financeiro

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PLANEJAMENTO E 
CONTROLE FINANCEIRO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Maurício Euclides de Melo
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
 Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
 Cristiane Lisandra Danna
 Norberto Siegel
 Camila Roczanski
 Julia dos Santos
 Ariana Monique Dalri
 Bárbara Pricila Franz
 Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: Uniasselvi
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
M528p
 Melo, Maurício Euclides de
 Planejamento e controle financeiro. / Maurício Euclides de Melo 
– Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 157 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-28-7
 1.Planejamento financeiro – Brasil. 2.Controle financeiro – 
 Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 657.72 
Maurício Euclides de Melo
O professor Maurício Euclides de Melo é 
bacharel em Administração de Empresas pela 
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC 
(2002), com especialização em Gestão Pública pela 
Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB 
(2011) e mestrado em Administração pela Escola Superior 
de Administração e Gerência, ESAG - UDESC (2012). Atuou 
na área de Recursos Humanos, em importantes empresas 
regionais, como a RBS TV - Santa Catarina, Shopping 
Itaguaçu e a Cia. de Gás de Santa Catarina (SCGás). Na 
área de gestão organizacional, no cargo de administrador, 
atuou no Departamento Nacional de Infraestrutura e 
Transportes (DNIT) e Advocacia Geral da União (AGU). 
Atualmente, exerce suas atividades como Coordenador de 
Negócios, na SCPar - SC Participações e Parcerias S/A, 
empresa estadual responsável pelo estabelecimento de 
participações acionárias em empresas do setor público e 
privado, assim como pela gestão de empreendimentos 
portuários delegados ao Estado de Santa Catarina, 
como o Porto de Imbituba e São Francisco do Sul. 
Para conhecer melhor o autor acesse o Currículo 
Lattes, disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/
buscatextual/visualizacv.do?id=K4441698P6>.
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................... 07
CAPÍTULO 1
Princípios de Administração Financeira .............................09
CAPÍTULO 2
Demonstração de Resultados .............................................35
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
Alavancagem Financeira e Operacional .............................61
Fluxo de Caixa Para Pequenos Negócios...........................81
Negociação com Bancos, Credores e Devedores ..........115
Novas Moedas: Riscos e Oportunidades Para 
Pequenas Empresas ............................................................137
APRESENTAÇÃO
Manter a saúde financeira de uma empresa, assim como na sua vida 
pessoal, é essencial para que se tenha sucesso no alcance dos seus objetivos. 
Ao avaliar o plano de negócios de uma empresa, por exemplo, um dos capítulos 
mais discutidos pelos investidores é o de finanças, no qual se verifica o retorno 
do investimento, a necessidade de capital, os custos de operação e outros 
indicadores financeiros do negócio. No dia a dia, é essencial que se tenha capital 
suficiente para cumprir com as obrigações com fornecedores, por exemplo, que 
esse dinheiro seja apenas o suficiente, pois ele possui valor no tempo, e capital 
parado perde valor. 
Para quem atua em micro e pequenas empresas, conhecer o setor de finanças 
é tão essencial como conhecer o negócio em que se está empreendendo. Muitos 
empreendedores possuem um dom, um talento específico para um determinado 
produto ou serviço, conseguem vender e atingir um mercado, mas muitos não 
compreendem como funcionam as finanças e acabam por encerrar o seu negócio 
sem entender onde falharam. 
Para cada tipo de negócio existe uma área de concentração dos estudos de 
administração financeira que impacta mais no seu empreendimento. Por exemplo, 
ter noção de capital de giro é muito importante para quem trabalha no comércio 
tradicional, já para quem atua em empresas inovadoras, que possuem uma curva 
de crescimento exponencial, conhecer a demonstração de resultados, o fluxo de 
caixa e a alavancagem pode ser essencial para fazer avaliação do seu negócio e 
trazer mais investidores. 
Assim, nesta disciplina, vamos analisar as finanças na ótica dos pequenos 
negócios, seja para aqueles que são e se manterão tradicionalmente pequenos, 
seja para aqueles que começam pequenos, mas que tendem a expandir e a 
tornarem-se grandes no futuro. Trabalharemos os princípios da administração 
financeira, as demonstrações dos resultados, a alavancagem financeira e 
operacional, o fluxo de caixa voltado a pequenos negócios, a negociação com 
bancos, credores e devedores, e também trabalharemos as novas moedas, seus 
riscos e oportunidades. Esperamos que você tenha se interessado pelo tema e 
compreendido sua importância. 
Bons estudos! 
CAPÍTULO 1
Princípios de Administração 
Financeira
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender os principais conceitos de administração fi nanceira.
 Identifi car as principais rotinas fi nanceiras.
 Debater com outros administradores os principais conceitos de administração 
fi nanceira.
 Organizar as atividades inerentes à rotina fi nanceira de uma micro ou pequena 
empresa.
10
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
11
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
ContextualiZação
Em empresas grandes, a área de fi nanças é vista pelos demais 
departamentos com um misto de admiração e frustração. Isso ocorre, pois, a 
área de fi nanças é uma engrenagem fundamental para a qual são bombeadas 
as receitas e integralização de capital, e de onde saem os recursos para os 
investimentos e custeio da empresa. Se ela não possui recursos, todo o restante 
da empresa perde a sua função. Assim, quando os projetos da companhia 
ocorrem conforme o planejado, a área de fi nanças é vista como um braço amigo, 
aquele que suporta a operação e fornece o capital necessário, contudo, quando é 
necessário contingenciar recursos, o departamento fi nanceiro acaba frustrando as 
intenções dos demais departamentos.
Como em pequenos negócios não há essa formalidade e burocracia de áreas, 
departamentos e processos, a tomada de decisão é muito ágil e rápida. No entanto, 
é necessário muito conhecimento e disciplina por parte dos empreendedores, para 
avaliar, como, quando e onde gastar o seu escasso recurso fi nanceiro. Empresas 
pequenas, geralmente, não possuem um departamento fi nanceiro formal, mas, 
ainda assim, ele é um componente da empresa, tão essencial quanto em grandes 
corporações. Por ser, às vezes, invisível aos olhos do empreendedor entusiasta, 
as decisões de investimento podem não contemplar a relação de risco e retorno 
adequada, trazendo prejuízos reiterados e inviabilizando negócios. 
Neste primeiro capítulo, começaremos a desenhar a área fi nanceira, seus 
conceitos e principais funções em uma organização, independentemente do seu 
tamanho. Este capítulo é essencial para o entendimento de toda a disciplina, pois 
você compreenderá o propósito do estudo das fi nanças para as micro e pequenas 
empresas. 
Finanças e Empresas
Para iniciarmos nossos estudos em planejamento e controle fi nanceiro, cabe 
conceituar o termo fi nanças, de um modo geral. Gitman (2002, p. 4) defi ne fi nanças 
como a arte de gerir o dinheiro, para o autor “a área de fi nanças preocupa-se 
com os processos, as instituições, os mercados e os instrumentos associadosà 
transferência de dinheiro entre indivíduos, empresas e órgãos governamentais”, 
ou seja, a área de fi nanças engloba todas as áreas ligadas à gestão de dinheiro, 
assim, temos desde os processos cotidianos de contas a pagar e a receber, como 
as transações no mercado fi nanceiro, os sistemas bancários, entre outras áreas. 
O termo fi nanças é amplo e pode ser usado tanto para empresas quanto para as 
fi nanças pessoais.
12
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
 Para você que está cursando esta disciplina, é interessante perceber que 
o conhecimento e a habilitação profi ssional na área de fi nanças podem ofertar 
oportunidades para a sua carreira. Gitman (2002) divide estas oportunidades em 
duas grandes áreas: serviços fi nanceiros e administração fi nanceira. 
• Serviços fi nanceiros: está focado em desenvolver e entregar serviços 
de assessoramento e produtos fi nanceiros a pessoas, corporações 
e governo. Nesta área se inserem oportunidades de carreira em 
serviços bancários, assessoramento em investimentos, fi nanças 
pessoais, imóveis e seguro. 
• Administração fi nanceira: está ligada ao papel do gestor fi nanceiro 
das companhias, sejam elas grandes, pequenas, ligadas ao setor 
fi nanceiro ou não (a grande maioria não é), públicas ou privadas, 
com ou sem fi ns lucrativos. Gitman (2002, p. 4) cita que as tarefas 
comumente desempenhadas pelo gestor fi nanceiro envolvem: 
“planejamento, concessão de crédito a clientes, avaliação de projetos 
de investimentos, e captação de fundos para fi nanciar as operações 
da empresa”.
Percebe-se que o administrador fi nanceiro possui um papel em qualquer 
tipo de empresa, basta que ela tenha recursos para serem geridos. Assim, em 
empresas que possuem poucos colaboradores, nas quais o cargo de gestor 
fi nanceiro é acumulado com outros, seja no administrativo, vendas ou operações, 
é essencial entender o papel e a função das fi nanças na organização, para que 
haja uma disciplina na gestão fi nanceira do empreendimento.
 
 O papel do gestor fi nanceiro de uma organização é infl uenciado por diversos 
fatores, como o tamanho da organização, o faturamento e a modalidade jurídica 
adotada. Para uma melhor compreensão deste último fator, especifi caremos as 
três modalidades jurídicas mais comumente adotadas pelas organizações. 
Gitman (2002, 
p. 4) cita que as 
tarefas comumente 
desempenhadas 
pelo gestor 
fi nanceiro envolvem: 
“planejamento, 
concessão de 
crédito a clientes, 
avaliação de 
projetos de 
investimentos, e 
captação de fundos 
para fi nanciar as 
operações da 
empresa”.
Modalidades Jurídicas de OrganiZação 
de Empresas
Gitman (2002) afi rma que as modalidades jurídicas mais comumente 
adotadas pelas organizações podem ser elencadas em fi rma individual, sociedade 
por cotas e sociedade por ações. 
13
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
a) Firmas Individuais 
Segundo Gitman (2002), uma fi rma individual é um tipo de empresa que tem 
uma única pessoa como proprietária. Trata-se de uma micro ou pequena empresa, 
por vezes ligada a algum tipo de profi ssional liberal, como arquiteto, advogado, ou 
então ao comércio varejista, de serviços e construção civil. Uma característica é 
que o proprietário possui responsabilidade ilimitada, e seu patrimônio pessoal, e 
não somente o capital integralizado na empresa, pode ser utilizado para quitar 
dívidas junto aos credores. 
No ano de 2008, a partir da sanção da Lei Complementar n° 
128/2008, o Brasil passou a contar com um tipo específi co de 
fi rma individual, o Microempreendedor Individual - MEI. O intuito da 
implantação desta modalidade de personalidade jurídica é tirar da 
informalidade milhares de empreendedores. Veja no portal do MEI os 
pré-requisitos e benefícios ofertados a estes microempreendedores. 
Fonte: Disponível em: <http://www.portaldoempreendedor.
gov.br/>. Acesso em: 8 jan. 2018.
b) Sociedade por Cotas
Segundo Gitman (2002), uma sociedade por cotas necessita de dois ou 
mais proprietários que atuem em conjunto para obtenção de lucro, explorando 
alguma atividade econômica. Por este pré-requisito, as sociedades por cotas 
costumam ser adotadas por organizações maiores. Segundo o autor, empresas 
do ramo securitário, fi nanceiro e imobiliário costumam adotar esta forma jurídica. 
Um contrato de associação ou acordo de acionistas costuma ser os documentos 
que regram este tipo de sociedade, sendo cada um dos sócios responsável, 
ilimitadamente, por todas as dívidas da companhia. O conceito ora apresentado 
está de acordo com a realidade norte-americana, mas, no Brasil, existe uma 
variação da sociedade por cotas, a sociedade limitada. Na sociedade limitada, 
os sócios respondem somente até o montante do capital social da companhia 
(BRASIL, 2011).
c) Sociedade por ações
A sociedade por ações é a forma mais complexa de organização, e por 
isso costuma ser adotada por grandes corporações. Uma sociedade por ações, 
14
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
como defi ne Gitman (2002, p. 6) é um “ente artifi cial criado por lei”. A defi nição de 
ente artifi cial pode soar estranha, mas ela faz sentido quando você desdobra o 
conhecimento de sociedade por ações. As chamadas S/A são capazes de contratar 
e adquirir bens em seu nome, de ajuizarem ações e serem também acionadas na 
justiça. A responsabilidade nesse tipo de sociedade é limitada e seus proprietários 
segregam o risco de ter seu patrimônio pessoal afetado diretamente por ações 
realizadas em nome da companhia.
Os proprietários de uma S/A são seus acionistas, que possuem ações 
(ordinárias ou preferenciais) de uma companhia. De modo muito resumido, 
podemos dizer que as ações ordinárias possuem poder de votar nas assembleias, 
elegendo o conselho de administração e algumas matérias relevantes quanto ao 
futuro da companhia. As preferências, como o próprio nome já diz, no recebimento 
de dividendos, partem do lucro da companhia destinado a remunerar o capital 
investido.
Existem pelo menos duas fi guras que distinguem as S/A das outras 
formas jurídicas: os acionistas e o conselho de administração. Os proprietários 
não realizam diretamente a gestão do seu empreendimento, em vez disso, 
eles elegem um conselho de administração que, segundo Gitman (2002) é a 
autoridade máxima na gestão da empresa, defi nindo a sua política geral. O 
conselho de administração, por sua vez, seleciona o presidente ou CEO (chief 
executive offi cer) que comandará a empresa em suas atividades diárias. Veja 
na fi gura a seguir, como existe uma diferença entre os acionistas, conselho de 
administração e presidente. No próprio organograma, fi ca clara a diferenciação 
da gestão do dia a dia da organização com os acionistas e seus representantes, 
isso ocorre para que o conselho possa ser independente, e garantir o interesse 
dos acionistas, monitorando e fi scalizando a gestão realizada pelo presidente. 
Este precisa ter em mente que não é o proprietário da companhia e não pode 
conduzi-la para o interesse próprio, precisa maximizar o retorno do acionista, o 
que pode signifi car, em certas ocasiões, assumir determinados riscos que por sua 
própria avaliação não o faria. Por exemplo, para uma companhia que já possui 
um produto bem estabelecido no mercado, que rende um faturamento razoável 
para manter as contas da empresa em dia, garantindo uma boa remuneração ao 
seu presidente, este tenderia a não descapitalizar a empresa para investir em 
novos produtos, arriscando a saúde fi nanceira da companhia, mas poderia estar 
deixando passar uma oportunidade de maximizar o retorno ao acionista. Assim, o 
presidente responde às políticas determinadas pelo conselho de administração, 
representantes dos interesses dos acionistas. 
15
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Figura 1 – Estrutura de uma sociedade por ações
Proprietários
Administradores
Acionistas
que contrata o
conselho de
administração
elegem o
Presidente(CEO)
Vice-
presidente 
de recursos 
humanos
Vice-
presidente 
de 
operações
Vice-
presidente 
de fi nanças
(CFO)
Vice-
presidente 
de 
marketing
Vice-
presidente 
de sistemas
de 
informação
Tesoureiro Controller
Gerente 
de gastos 
de capital
Gerente de 
crédito
Gerente de 
operações 
de câmbio
Gerente de 
assuntos 
fi scais
Gerente de 
contabilidade 
de custos
Gerente de 
planejamento 
fi nanceiro 
e captação 
de fundos
Gerente 
de caixa
Gerente 
do fundo 
de pensão
Gerente de 
contabilidade 
gerencial
Gerente de 
contabilidade 
fi nanceira
Fonte: Gitman (2002, p. 7).
Toda essa governança diferenciada traz consigo um custo e uma burocracia, 
fazendo com que ela seja vantajosa para apenas um determinado número de 
organizações. 
O Quadro 1 aborda as vantagens e as desvantagens de adoção de 
determinada modalidade jurídica para cada tipo de organização. 
16
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Quadro 1 – Pontos fortes e fracos das modalidades 
jurídicas mais comuns da organização 
Firma Individual Sociedade por cotas
Sociedade por 
ações
Pontos 
fortes
-Proprietário recebe 
todos os lucros 
(e assume todos os 
prejuízos).
-Custo baixo de 
organização.
-Lucro incluído e 
tributado na 
declaração de 
rendimento de 
pessoa física do 
proprietário.
-Independência. 
-Sigilo.
-Facilidade de 
dissolução.
-Pode captar mais 
recursos que as 
fi rmas individuais.
-Poder de endivida-
mento ampliado 
com a existência 
de mais sócios. 
-Maior disponibili-
dade de poder 
de gestão.
-Lucro incluído e 
tributado na
declaração de 
rendimento de
 pessoa física dos
sócios.
-Os proprietários 
têm responsabili-
dade limitada, o que 
garante que não 
podem perder mais 
do que investem. 
-Pode alcançar porte 
substancial com a 
venda de ações. 
-As participações
(ações) são facil-
mente transferíveis.
-Duração longa. 
-Pode contratar 
administradores 
profi ssionais.
-Tem acesso mais
fácil a fi nanciamento.
Pontos 
fracos
- O proprietário tem 
responsabilidade 
ilimitada, todo o seu 
patrimônio pessoal 
pode ser utilizado 
para pagar dívidas 
da empresa.
-O poder limitado de 
captação de recur-
sos tende a restrin-
gir o crescimento.
- O proprietário pre-
cisa ser um gestor 
eclético.
-É difícil oferecer car-
reiras de longo prazo 
aos funcionários.
-Não tem continui-
dade com a morte 
do proprietário. 
-Se o modelo 
adotado for o de 
sociedade ilimita-
da, os proprietários 
podem ter respons-
abilidade não limit-
adas e podem ser 
obrigados a saldar 
as dívidas de outros 
sócios.
-A sociedade é dis-
solvida quando um 
dos sócios morre. 
-É difícil liquidar ou 
transferir a partici-
pação de um sócio. 
-Impostos geralmente 
mais altos, pois o lu-
cro é tributado. 
- Custo mais eleva-
do de organização 
que as outras mo-
dalidades.
- Sujeita à maior
 regulamentação 
governamental.
- Não oferece sigilo, 
porque os acionistas 
precisam receber 
demonstrações
 fi nanceiras. 
Fonte: Adaptado de Gitman (2002, p. 5).
17
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Muito se fala em micro e pequena empresa, mas você sabe 
classifi car a empresa de acordo com o porte? Qual o critério 
utilizado? Conhecer estas informações é muito importante na hora de 
verifi car os encargos tributários e contratar fi nanciamentos. Conheça 
um pouco mais sobre o enquadramento de empresas de acordo com 
o porte, acessando o site: <https://goo.gl/4D1Nm3>.
Você deve estar pensando que os tipos mais complexos de organização 
de empresas nem devem fazer sentido para pequenos negócios, correto? Nem 
sempre. Isso depende da sua estratégia para a sua empresa. Lembre-se de que 
determinadas empresas nascem pequenas e tornam-se grandes em um espaço de 
tempo relativamente pequeno. Empresas da área de tecnologia ou inovação, por 
exemplo, costumam ter uma curva de crescimento exponencial, e mesmo quando 
ainda são pequenas, às vezes, precisam adotar a forma de sociedade por ações 
para receber aporte fi nanceiro de fundos de investimentos. Esta necessidade se 
faz para que a empresa possa ter mais transparência perante os seus investidores 
e ao mercado. Mesmo pequenos negócios em áreas tradicionais, como varejo e 
alimentação, por exemplo, podem ter um crescimento exponencial, e, de novo, 
tudo depende da estratégia adotada para o futuro do, hoje, pequeno negócio. 
A Função de Administração 
Financeira
Quando falamos em pequenas empresas tendemos a pensar em estruturas 
pequenas e enxutas, com pouca hierarquia e poucos departamentos. Isso é sim 
verdade, mas não podemos pensar que uma pequena empresa bem-sucedida não 
terá as funções inerentes a uma organização comum. Assim, em uma pequena 
empresa teremos também funções organizacionais que são melhor identifi cadas 
em grandes corporações. A função fi nanceira, segundo Antonik (2016), é uma 
atividade que pertence à profi ssão de administrador, e não ao economista e 
contador, apesar de relacionar-se intimamente com conceitos econômicos e 
contábeis, como podemos verifi car na Figura a seguir. 
18
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Figura 2 – Administração e suas relações
ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
MACROECONOMIA
Política econômica e 
monetária, indicadores 
econômicos.
Atividade econômica, 
nível de emprego, 
crescimento global.
MICROECONOMIA
Níveis de preços, 
tendências, riscos, 
juros, infl ação
Mercado, marketing.
CONTABILIDADE
Reconhecimento 
da receita na 
venda do produto
Regime de caixa
Regime contábil
FERRAMENTAS
Matemática fi nanceira, 
comercial, serviços 
bancários, custos
Fonte: Antonik (2016, p. 3).
Gitman (2002) afi rma que a função de administração fi nanceira pode ser 
estudada de acordo com a sua relação com a teoria econômica e contabilidade, 
por exemplo. 
a) Estrutura da função fi nanceira
Gitman (2002) destaca que o porte da empresa é determinante para 
defi nirmos como a função fi nanceira será estruturada em uma organização. 
Em micro e pequenas empresas, segundo Antonik (2016), o proprietário acaba 
assumindo boa parte das funções fi nanceiras, podendo adotar uma contabilidade 
terceirizada. 
19
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Figura 3 – Organograma empresarial
Fonte: Antonik (2016, p. 5).
À medida em que a empresa vai crescendo, podemos ver 
departamentos e pessoas especializadas nas atividades descritas na 
Figura 2. Segundo Gitman (2002), em empresas médias e grandes 
temos a fi gura do tesoureiro, principal gestor fi nanceiro de uma 
companhia, responsável pela gestão de caixa, captação de fundos, 
decisões sobre investimento, gestão do caixa, gerenciamento das 
atividades de crédito e o planejamento fi nanceiro. O tesoureiro se 
relaciona diretamente com o Controller, que executa atividades 
contábeis, como a contabilidade gerencial, gerenciamento fi scal, 
contabilidade fi nanceira e de custos.
 
b) Relação com a teoria econômica
As funções do administrador fi nanceiro, segundo Gitman (2002), 
estão intimamente relacionadas com a teoria econômica, pois é através 
dela que o administrador fi nanceiro consegue obter informações que o 
auxiliam nas projeções futuras, no seu planejamento. Por exemplo, as 
informações oriundas do ambiente macroeconômico, como as taxas 
de juros, os níveis de preços e a infl ação, são importantes variáveis 
para compor as projeções futuras de fl uxo de caixa, infl uenciando 
em parâmetros como reajustes de preços dos produtos vendidos e 
reajuste salarial dos empregados. Gitman (2002, p. 9) afi rma que um 
Tesoureiro, principal 
gestor fi nanceiro de 
uma companhia, 
responsável pela 
gestão de caixa, 
captação de fundos, 
decisões sobre 
investimento, 
gestão do caixa, 
gerenciamento das 
atividades de crédito 
e o planejamento 
fi nanceiro.
As funções do 
administrador 
fi nanceiro, segundo 
Gitman (2002), 
estão intimamente 
relacionadas com a 
teoria econômica, 
pois é através dela 
que o administrador 
fi nanceiro consegue 
obter informações 
que o auxiliam nasprojeções futuras, no 
seu planejamento.
Diretor
Administrativo
e Financeiro
Diretor de
Marketing
e Comercial
Diretor de
Operações
DIRETOR GERAL
EMPRESÁRIO,
PROPRIETÁRIO
20
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
princípio econômico muito utilizado na área de fi nanças é a análise marginal, “o 
princípio de que uma decisão fi nanceira somente deve ser tomada quando os 
benefícios adicionais superarem os custos adicionais”. 
Vamos usar um exemplo bastante simples para ilustrar uma análise marginal. 
Suponha que você tenha uma padaria, e pretenda lançar um pão sem glúten 
caseiro, para aproveitar esse nicho de alimentação saudável e obter receitas 
acessórias com produtos de terceiros. Para isso, é preciso locar uma máquina 
nova, treinar funcionários, ter uma parte da cozinha totalmente esterilizada de 
farinha de trigo e outros produtos que contenham glúten. Resumindo, os dados 
utilizados na análise são os seguintes (dados completamente fi ctícios).
Quadro 2 – Exemplo de Análise Marginal
+ Receita com venda de pães com glúten: R$ 4.500,00 
+ Receitas acessórias com produtos de terceiros sem glúten: R$ 4.500,00
- Produtividade mensal do espaço agora dedicado a alimentos sem glúten: R$ 3.000,00.
(1) Total de benefícios marginais: R$ 6.000.00
Custos Marginais
- Custo mensal de uma máquina para pão sem glúten: R$ 2.000,00.
- Custo mensal da matéria-prima (farinha especial): R$ 1.000,00.
- Treinamento do funcionário especializado em alimentos sem glúten: R$ 1.000,00. 
(2) Total de custos marginais: R$ 4.000,00. 
Benefício Líquido (1 – 2): R$ 2.000,00 
Fonte: O autor.
No caso fi ctício acima, o empreendedor desta padaria estaria fazendo um bom 
negócio se diversifi casse seus produtos com opções sem glúten. Veja que estudos 
de mercado são importantes para posicionar produtos novos, apontando a aceitação 
e a demanda destas, de onde é possível extrair dados mais confi áveis quanto as 
projeções de vendas. O papel do administrador fi nanceiro é o de interpretar estes 
dados e realizar as devidas análises, apontando seus custos e benefícios. 
 
c) Relação com a contabilidade
Distinguir a atividade fi nanceira da contabilidade, principalmente em micro 
e pequenas empresas, não é tarefa das mais fáceis, como corroboram Antonik 
(2016) e Gitman (2002). Isto porque a atividade fi nanceira e contábil, muitas vezes, 
se sobrepõe, com o tesoureiro executando a atividade fi nanceira e o contador 
registrando os fatos. Essa pequena diferenciação nos papéis de cada função é a 
base para distingui-las. Gitman (2002) afi rma que existem duas distinções básicas 
nas funções de administração fi nanceira e contabilidade: uma está relacionada 
com a ênfase no fl uxo de caixa, e a outra, à tomada de decisões. 
21
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
d) Ênfase em fl uxo de caixa
Segundo Gitman (2002, p. 06) “a função primordial do contador é produzir 
dados para a mensuração do desempenho da empresa, avaliando sua posição 
fi nanceira, e para o pagamento de impostos”. Assim, o contador prepara as 
demonstrações fi nanceiras com base em certos princípios predeterminados 
e geralmente aceitos, reconhecendo receitas no momento da 
venda (independente do pagamento) e reconhecem as despesas 
quando realizadas. A esse enfoque é dado o nome de regime por 
competências. Já o administrador fi nanceiro se preocupa com o fl uxo 
de caixa, o resultado de entradas e saídas, assim mantém a solvência 
da empresa, garantindo que as entradas sejam sufi cientes para cobrir 
as obrigações do período, restando um saldo de caixa positivo. A esse 
enfoque é denominado regime de caixa. 
Exemplo de diferença dos enfoques de competência e caixa: em 
dezembro de 2017, a padaria Pães e Sabores Ltda., especializada em 
panetones, iniciou suas operações e vendeu 2.000 panetones a um 
supermercado, por um valor total de R$ 1.000,00. Para tanto, teve um 
custo de R$ 800,00. O supermercado acordou em pagá-los em 15 de 
janeiro de 2018. 
O administrador 
fi nanceiro se 
preocupa com o 
fl uxo de caixa, 
o resultado de 
entradas e saídas, 
assim mantém 
a solvência da 
empresa, garantindo 
que as entradas 
sejam sufi cientes 
para cobrir as 
obrigações do 
período.
Tabela 1 – Diferença entre os regimes de caixa e competência
Visão contábil 
(regime de competência)
Visão fi nanceira (regime de fl uxo 
de caixa)
Padaria Pães e Sabores 
(Demonstrações do resultado do 
exercício encerrado em 31/12/2017.
Padaria Pães e Sabores 
(Demonstrações do fl uxo de caixa do 
exercício encerrado em 31/12/2017.
Receita de venda R$ 1.000,00
Menos: custos: R$ 800,00
Lucro líquido: R$ 200,00
Entrada de caixa: R$ 0,00
Menos: Saída de caixa: R$ 800,00
Saldo de caixa: - R$ 800,00
Fonte: O autor.
Assim, em um sentido contábil, a operação da padaria em 2017 foi rentável, 
porém em termos de fl uxo de caixa, ela foi um desastre, pois teve que pagar 
R$ 800,00 em custos de fabricação com a promessa de obter um retorno de R$ 
200,00 em seu fl uxo de caixa, no ano seguinte. Essa operação a descoberto exige 
do tesoureiro habilidade em negociar com fornecedores, gerir capital de giro etc. 
22
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
- Tomada de decisões: segundo Gitman (2002), a segunda diferença básica 
entre fi nanças e contabilidade está na questão do uso das informações. Os 
contadores têm por missão coletar e apresentar dados fi nanceiros, com o intuito 
de evidenciar a situação patrimonial da empresa, produzindo peças contábeis, 
como o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resultados do Exercício 
(DRE). Já o administrador fi nanceiro preocupa-se com o fl uxo de caixa da 
companhia, com os fi nanciamentos e decisões de investimento, ponderando 
o risco tomado e o potencial de retorno fi nanceiro. Assim, as informações 
contábeis são elementos da tomada de decisão do administrador fi nanceiro, 
mas não devem ser as únicas variáveis. 
Atividade de Estudos:
1) Empresas pequenas, com pequeno número de funcionários não 
precisam ter funções fi nanceiras? 
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____________________________________________________
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____________________________________________________
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OBJetivo da Empresa
Se alguém te perguntasse, qual o objetivo de uma empresa, o que você 
responderia? Lucro? Essa talvez seja a resposta mais recorrente, ao menos é 
a medida de desempenho de uma organização que é mais conhecida. Antonik 
(2016, p. 5) afi rma que “o lucro é a razão última de qualquer negócio estabelecido 
em uma economia de mercado”. No entanto, o autor também faz uma importante 
ponderação, afi rmando que acima do lucro está a maximização da riqueza ao 
acionista. Você deve estar se perguntando se o lucro e a riqueza não seriam 
sinônimos em uma perspectiva empresarial. Sem dúvida que a riqueza de um 
proprietário de uma empresa tem muito a ver com a lucratividade ou potencial de 
lucratividade de uma companhia, mas a perseguição do lucro a qualquer custo não 
deve ser o objetivo de uma empresa, não se ela quiser ser duradoura. O lucro tem 
um conceito de curto prazo, se pensarmos em um horizonte contábil, resume-se a 
23
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
um exercício, um ano. O lucro como único objetivo pode fazer com que a empresa 
se destrua no longo prazo. Vou exemplifi car para melhorar a compreensão. Um 
dono de restaurante que sacrifi que a qualidade da comida, sempre utilizando de 
alimentos de origem duvidosa, e com mão de obra mal qualifi cada, 
com o intuito de melhorar sua margem de lucratividade, tenderá a 
fechar suas portas num futuro não muito longínquo. “A maximização 
da riqueza, por outro lado, contém uma visão de longo prazo, pois se 
preocupa com a qualidade do produto ou serviço, coma satisfação do 
cliente e sua fi delização” (ANTONIK, 2016, p. 6). Uma empresa que 
tenha por objetivo maximizar a riqueza do seu proprietário tem uma 
visão mais estratégica, posiciona-se perante os concorrentes de forma 
consistente e oferece valor ao seu cliente. 
A maximização 
da riqueza, por 
outro lado, contém 
uma visão de 
longo prazo, pois 
se preocupa com 
a qualidade do 
produto ou serviço, 
com a satisfação 
do cliente e sua 
fi delização.
Atividade de Estudos:
1) A empresa deve buscar o lucro ou maximizar a riqueza? 
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Administração Financeira em Micro e 
Pequenas Empresas
Ao longo deste capítulo estamos procurando apresentar os conceitos de 
fi nanças empresariais, destacando as peculiaridades que se aplicam às micro e 
pequenas empresas. Você já deve ter uma noção, mas é importante ressaltar que 
as micro e pequenas empresas correspondem a 20% do Produto Interno Bruto do 
Brasil - PIB - e signifi cam 89% do total de empresas existentes, gerando 60% dos 
empregos, segundo dados do SEBRAE (2010 apud ANTONIK, 2016). Assim, se 
você já é um micro ou pequeno empresário, está pensando em montar um negócio 
próprio, ou pretende ser um dos R$ 56,4 milhões de empregados em micro e 
24
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
pequenas empresas, saiba que o mercado é bastante grande e concorrido, mas 
que há sim muitas oportunidades. O quadro a seguir traz um mapeamento das 
micro e pequenas empresas por setores da economia, dividido por regiões.
Quadro 3 – Mapeamento das micro e pequenas empresas do Brasil
Região Total Comércio Serviço Construção Civil
Optantes 
pelo Simples
Centro-Oeste 437.424 244.265 314.139 63.972 448.219
Nordeste 884.980 551.125 1.040.396 122.874 1.048.113
Norte 204.840 128.624 230.437 31.243 271.827
Sudeste 3.038.613 1.483.694 250.861 428.487 2.776.052
Sul 1.406.617 715.850 115.760 250.747 1.093.952
Brasil 5.972.474 3.123.558 1.951.593 897.323 5.638.163
Percentual 100% 52% 33% 15% 94%
Fonte: Antonik (2016, p. 14).
O quadro traz uma informação importante que se refere à tributação das 
empresas, 94% delas optam pelo regime de tributação denominado simples, que 
como o próprio nome já afi rma, é um regime tributário simplifi cado, que cobra 
muitos impostos em uma única alíquota. Antonik (2016) traz um quadro bastante 
elucidativo, que compara os regimes tributários passíveis de serem adotados por 
empresas no país, variando conforme o seu porte, conforme o faturamento.
Quadro 4 – Regimes tributários no Brasil
Regime 
Tributário
Quem pode
 adotar Como funciona Muito importante
Simples
Pequenas e mé-
dias empresas 
com faturamento 
anual de até R$ 
3.6 milhões.
Uma série de tributos 
é paga em uma úni-
ca declaração sim-
plifi cada. Uma única 
alíquota sobre o fatu-
ramento, sendo maior 
quanto mais a empre-
sa faturar.
Empresas com poucos 
funcionários e faturamen-
to alto podem ter uma con-
tribuição previdenciária 
desproporcional. Em-
presas que compram de 
optantes pelo Simples re-
cebem menos crédito de 
ICMS. 
Lucro 
Presum-
ido
Empresas com 
faturamento anu-
al menor do que 
R$ 48 milhões
As alíquotas incidem 
sobre o faturamento 
total, a partir de per-
centuais predeter-
minados conforme a 
atividade executada. 
Se a empresa tiver pou-
co lucro, pode ser mais 
vantajoso optar pelo lu-
cro real. 
25
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
Lucro 
Real
Todas as empre-
sas. Obrigatório 
para empresas 
com faturamen-
to maior do que 
R$ 48 milhões.
IR e outros são cal-
culados com base no 
lucro. Além disso, PIS 
e COFINS podem ser 
deduzidos com a uti-
lização de créditos. 
Em caso de lucro alto, 
outras formas de tribu-
tação podem ser mais 
vantajosas. O cálculo do 
lucro real é complexo. 
Lucro
arbitrado
Os indicados 
pela Receita Fed-
eral e o próprio 
contribuinte. Me-
diante condições. 
A determinação das 
bases de cálculo de 
IRPJ e CSLL é sem-
pre a do lucro presu-
mido, com acréscimo 
de 20%. 
Importante ter um en-
quadramento adequa-
do perante a Receita 
Federal. 
Fonte: Adaptado de Antonik (2016, p. 16).
Veja no site da Receita Federal quem pode se enquadrar no 
regime de lucro arbitrado e como isso ocorre. Acesse: <http://www.
receita.fazenda.gov.br/publico/perguntao/dipj2012/CapituloXIV-
LucroArbitrado2012.pdf>.
Segundo Antonik (2016), o regime tributário do Simples não é uma decisão 
tão elementar de ser tomada. Ele engloba oito tributos (IRPJ, PIS, COFINS, CSLL, 
INSS patronal, IPI das industrias, ISS dos prestadores de serviço e ICMS). As 
alíquotas do tributo podem ter uma variação de 4% a 22,45%, dependendo do 
setor de atuação (comércio, indústria ou serviços). 
A partir de primeiro de janeiro de 2015 passou a vigorar a 
Lei Complementar 147/2014, incluindo 140 novas categorias 
de empresas ao Super Simples, podendo alcançar até 450 mil 
empreendimentos no Brasil. 
26
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Segundo Antonik (2016), uma informação importante com relação ao regime 
tributário do Simples, é que as alíquotas de contribuição incidem sobre o faturamento 
da empresa. Essa questão é relevante, pois faturamento não é o mesmo que lucro, 
e dependendo do arranjo fi nanceiro da companhia, sua margem de lucro pode ser 
pequena, e uma alíquota incidindo sobre o faturamento poderá ser pior do que 
uma que incida diretamente sobre o lucro. Por exemplo, empresas que tenham um 
faturamento alto, com margens de lucro pequenas, e poucos empregados, podem 
ter uma oneração maior com o INSS embutido no regime tributário do Simples 
(alíquota única), do que pagar separadamente INSS e impostos sobre lucro. 
Conforme afi rma Antonik (2016), em resumo, as principais vantagens do 
regime tributário do Simples são as seguintes: 
1. Tributação com alíquotas mais brandas e progressivas.
2. Recolhimento unifi cado em uma única Guia, que pode abranger tributos 
estaduais e municipais.
3. Cálculo simplifi cado sobre uma base única (receita bruta mensal).
4. Dispensa obrigatoriedade da escrituração comercial para fi ns do fi sco, 
sob algumas condições de guarda e armazenamento.
5. Dispensa a empresa de contribuir para o sistema S (Sesi, Senai, Sesc, 
Senac e Sebrae), assim como das contribuições de salário educação e 
contribuição sindical patronal.
6. Dispensa a empresa de sujeitar-se à retenção na fonte de tributos e 
contribuições para órgãos da administração federal.
7. Isenção de tributação sobre os rendimentos que forem destinados aos 
sócios, exceto quando se tratar de pró-labore, aluguéis e serviços prestados.
 
Antonik (2016) destaca a importância de um assessoramento técnico com 
um contador especializado, de modo que se possa planejar corretamente o 
enquadramento tributário da empresa. 
Discorremos um pouco sobre as micro e pequenas empresas e sua tributação 
para introduzir as principais funções fi nanceiras realizadas nestas organizações. 
A primeira destas funções corresponde justamente ao planejamento, do qual o 
planejamento tributário abordado anteriormente é um importante componente. As 
demais atividades correspondem à função de investimento e administração de 
capital de giro. Vamos ver com mais detalhes cada uma delas nos tópicos a seguir. 
a) Função Planejamento 
Antonik (2016) afi rma que as micro e pequenas empresas são aquelas 
que mais sofrem com a falta de profi ssionalização por uma falta de cultura na 
27
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
educação em gestão. Saiba, portanto, que você que está cursando esta pós-
graduação está a alguns passos à frente. Em pesquisa realizada pelo Sebrae 
(2016), podemos perceber que 25%dos micro e pequenos empresários alegaram 
problemas de gestão como um dos motivos determinantes para o fechamento das 
empresas. Se levarmos em consideração que impostos, custos, despesas, juros, 
vendas, demanda e concorrência podem ser objeto de um prévio planejamento, 
e elas correspondem a 50% dos motivos alegados como determinantes para o 
fechamento das micro e pequenas empresas. Podemos inferir que problemas 
de gestão e planejamento de forma ampla, correspondem a 75% dos motivos 
determinantes para o fechamento de empresas. Para quem vai montar um negócio 
próprio, é uma informação bastante relevante e quem deixar de considerá-la tem 
grandes chances de estar nesta estatística nos próximos anos, afi nal, apesar de 
estar em queda, a taxa de mortalidade de empresas no Brasil ainda é alta, 23,4% 
das empresas criadas há dois anos, em 2012, fecharam as portas. Este índice, 
em 2008, era de 45.8%.
Figura 4 – Motivos determinantes para fechamento de empresas no Brasil
Fonte: Sebrae (2016, p. 7).
Planejar a empresa é averiguar a demanda para o produto ou serviço, compor 
os custos, formar o preço de venda, compreender os públicos de interesse, 
defi nir objetivos de curto, médio e longo prazo, averiguar a viabilidade fi nanceira, 
enquadramento tributário adequado, fazer orçamentos, simulações, atribuir usos e 
elencar as fontes dos recursos, ou seja, o planejamento de uma empresa sempre 
irá convergir para o planejamento fi nanceiro, para um orçamento, uma planilha, um 
fl uxo de caixa projetado. Somente com este se poderá defi nir os investimentos a 
serem realizados. A função investimento, aliás, é o próximo tópico a ser estudado.
28
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
b) Função Investimento
Segundo Antonik (2006), a função de investimento também pode ser 
compreendida como a administração da estrutura de ativos de uma empresa. 
Assim, quando uma empresa decide investir, ela está disponibilizando recursos 
para a conta do ativo, seja disponibilizando recursos no caixa, estoques ou 
no patrimônio da companhia, por exemplo, com o intuito de que estes rendam 
benefícios econômicos futuros. 
Se você não teve contato com termos técnicos da contabilidade, 
ou precisa recordar, vale o seguinte lembrete dos conceitos de ativo, 
passivo e patrimônio líquido:
 
a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de 
eventos passados e do qual se espera que resultem futuros 
benefícios econômicos para a entidade.
b) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de 
eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em 
saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos.
c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade 
depois de deduzidos todos os seus passivos.
Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC 00 (2011, p. 16).
O investimento é o passo seguinte ao planejamento de uma estratégia 
organizacional, pois defi nindo-se os objetivos, as metas a serem alcançadas, 
realizam-se os investimentos na empresa para que esta possa 
gerar um retorno fi nanceiro, um benefício futuro. Veremos com mais 
detalhes a análise de investimentos quando trabalharmos a gestão de 
fl uxo de caixa no Capítulo 4. É importante compreender que a gestão 
de investimentos é uma função de administração fi nanceira que 
será capaz de suportar a operação da empresa, gerando benefícios 
futuros. Um item essencial para suportar a operação da empresa, 
principalmente em seu ciclo operacional, é o investimento em capital 
de giro. Tópico que detalharemos a seguir. 
É importante 
compreender 
que a gestão de 
investimentos é 
uma função de 
administração 
fi nanceira que será 
capaz de suportar 
a operação da 
empresa, gerando 
benefícios futuros.
29
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
c) Função Administração do Capital de Giro
Antes de falarmos de capital de giro, é importante resgatarmos um conceito 
contábil de Ativo e Passivo Circulante. Segundo Gitman (2002), Ativos Circulantes 
e Passivos Circulantes são, respectivamente, bens e direitos a receber no curto 
prazo e, obrigações, também de curto prazo. Estes grupos de Ativos e Passivos 
fornecem uma imagem do funcionamento da empresa no dia a dia, da sua 
operação. Essa afi rmação fi ca mais evidente quando esmiuçamos os itens que 
compõem cada conta. Assim, no grupo de Ativos Circulantes temos: estoques, 
contas a receber, caixa e aplicações fi nanceiras de curto prazo. Já no grupo de 
Passivos Circulantes temos: contas a pagar, despesas a pagar e instituições 
fi nanceiras a pagar. Isto faz com que a administração fi nanceira de curto prazo 
seja uma das atividades mais intensas do administrador fi nanceiro. 
Gitman (2002) afi rma que o Ativo Circulante, também chamado de capital 
de giro, é uma proporção dos investimentos realizados na empresa que circula, 
ou seja, que gira, para que a empresa possa produzir ou prestar o seu serviço, 
pagar suas obrigações e receber a receita. Em uma situação ideal, até certo ponto 
utópica para a maioria das empresas, a necessidade de capital de giro seria zero, 
pois se contrataria fornecedores a prazo e se receberia à vista ou até mesmo 
antecipado. A necessidade de capital de giro varia de empresa para empresa, e 
o setor de atividade é relevante para essa defi nição. Por exemplo, empresas que 
trabalham com produção, geralmente precisam de estoque e recebem as vendas 
a prazo, então precisam de um capital para poder girar a produção, entregar o 
produto e manter suas atividades em operação até receber o pagamento do seu 
cliente. Parte da receita é injetada novamente como capital de giro e, assim, o 
ciclo recomeça. Empresas que trabalham prestando serviço podem ter uma 
necessidade de capital de giro menor, pois não se utilizam de estoque e muitas 
recebem logo após a realização do serviço. Caso o recebimento seja a prazo já 
confi guramos uma necessidade de capital de giro maior. Empresas que trabalham 
por projetos, como construtoras, precisam ter uma boa estratégia de capital de 
giro, pois a preparação do produto é longa, os custos são elevados e a venda 
depende da situação do mercado quando o produto estiver disponível. 
Antonik (2016) traz um gráfi co bastante interessante, que ajuda a 
compreender a importância do capital de giro em uma organização. Na Figura 
5, temos o ciclo operacional de uma companhia que inicia suas atividades no dia 
zero e recebe a sua primeira receita 150 dias após. A todo esse ciclo é dado o 
nome de ciclo operacional. 
30
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Figura 5 – Ciclos operacionais e fi nanceiros
Fonte: Antonik (2016, p. 23).
Vamos imaginar que a companhia citada seja uma fábrica de móveis para 
o varejo que está iniciando suas atividades. No dia zero a empresa recebe a 
matéria-prima para a fabricação dos móveis (madeiras, parafusos, fi xadores, lixa, 
tinta, fi tas, puxadores, acabamentos, dentre outros), os quais deixa estocados 
durante trinta dias até fi nalizar sua linha de montagem e treinar funcionários. O 
pagamento negociado com os fornecedores é realizado a prazo, em 30 dias a 
contar do recebimento. Após esse período, inicia a fabricação, que leva mais 40 
dias para concluir. Com o produto acabado, leva 15 dias até fechar a venda dos 
móveis a uma grande rede varejista, a qual negocia um prazo de 65 dias para o 
pagamento, ou seja, a empresa começou a ter custos no dia 30, quando pagou 
seus fornecedores e despesas internas (funcionários, aluguel etc.), terminou o 
produto no dia 70 e só recebeu no dia 150. O ciclo que compreende o período 
90 dias 120 dias 150 dias60 dias30 dias0 dias
Ciclo econômico (85 dias)
Venda de produto
acabado (85 dias)
Recebe
duplicata
(150 dias)
Recebimento do
cliente (150 dias)
Entrada de
MP no estoque
Termina a 
fabricaçãoIniciada a 
fabricação
Compra de
MP a crédito Desembolso
(30 dias)
PMPF CC (120 dias) 
PMPF (30 dias)
PMC (65 dias)
PMF (40 dias) PMV
PTE (85 dias)
PME (30 dias)
PMV (15dias)
Le
ge
nd
a:
CC - ciclo de caixa - fi nanceiro (120 dias)
MP - matéria -prima
PMV - período médio de venda (15 dias)
PTE - período total de estoque (85 dias)
PMF - período médio de fabricação (40 dias)
PME - período médio de estoque de matéria-prima (30 dias)
PMC - período médio de cobrança de duplicatas (65 dias)
PMPF - período médio de pagamento de fornecedor (30 dias)
31
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
médio de estoque (PME), o período médio de fabricação (PMF), o período médio 
de venda e cobrança (PMV e PMC), descontado do prazo médio de pagamento 
de fornecedores (PMPF), é conhecido como ciclo de caixa. Assim temos: 
Quadro 5 – Fórmula do ciclo de caixa
Ciclo de Caixa: PME+PMF+PMV+PMC – PMPF = 30 + 40 + 15 + 65 – 30 = 120 dias
Fonte: Antonik (2016, p. 24).
Vamos imaginar que uma empresa possua uma necessidade anual de 
capital de giro de R$ 180.000,00 para um ciclo de caixa de 120 dias e que ela 
possua apenas custos variáveis, ou seja, todos estes custos são proporcionais 
aos produtos vendidos e podem ser a esse atribuídos/repassados. Se a empresa 
consegue reduzir esse ciclo em 30 dias, ou seja, alterando o ciclo de caixa para 
90 dias, negociando melhor com fornecedores, ou então antecipando seus 
recebimentos, ou um pouco de cada, ela tem uma economia de R$ 45.000.00, 
pois a necessidade de capital de giro para 90 dias passaria para R$ 135.000,00. 
O exemplo acima é hipotético e sempre haverá custos fi xos que precisam ser 
considerados, gerando um resultado que não é diretamente proporcional, mas 
sem dúvida o ganho com a redução do ciclo de caixa será signifi cativo. Isso 
demonstra a importância da administração do capital de giro em pequenos 
negócios, ele pode ser uma das chaves do sucesso da organização.
Atividades de Estudos:
1) Qual o papel do planejamento na administração fi nanceira? 
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
_____________________________________________
2) O que é capital de giro? 
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
32
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Algumas ConsideraçÕes 
Este capítulo teve a intenção de ser uma introdução ao planejamento e 
controle fi nanceiros aplicados a pequenos negócios. Iniciamos resgatando uma 
visão ampla da área fi nanceira e suas principais aplicações, como a área de 
serviços fi nanceiros e a administração fi nanceira. Embora distintas, estas áreas 
se correlacionam, pois, a administração fi nanceira interna das empresas se 
relaciona com instituições fi nanceiras, seja para aplicar suas receitas, seja para 
tomar fi nanciamento para executar suas atividades. 
Fizemos, também, um apanhado sobre as formas de constituição de 
empresas, seus níveis de risco e responsabilidade dos acionistas, de modo 
que você pudesse ter uma noção dos custos de estruturação das empresas e 
facilidade para obter fi nanciamentos, por exemplo. 
Após essa noção geral, adentramos mais especifi camente na estrutura do 
campo de estudos de fi nanças e sua correlação com os campos de estudos da 
contabilidade e economia, assimilando as suas semelhanças e divergências.
 
Partimos então para a compreensão dos objetivos da empresa, que é a 
maximização da riqueza dos acionistas a longo prazo em detrimento da busca 
única pelo lucro a curto prazo. A partir daí, aprofundamos nossos estudos 
fi nanceiros nas micro e pequenas empresas, iniciando por uma visão geral destas, 
incluindo o planejamento tributário.
 
Por fi m, fi nalizamos com as principais funções exercidas pelo administrador 
fi nanceiro em pequenas companhias, que são as funções de planejamento, 
investimento e de administração do capital de giro.
No próximo capítulo, adentraremos um pouco no estudo da contabilidade, 
especifi camente nas Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE), mas com 
uma visão aplicada à área de fi nanças, com a identifi cação de indicadores que 
ajudarão a monitorar o desempenho e a saúde fi nanceira da empresa. 
33
PRINCÍPIOS DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Capítulo 1 
ReFerÊncias
ANTONIK, L. R. Empreendedorismo: gestão fi nanceira para micro e pequenas 
empresas. São Paulo: Elsevier, 2016. 
BRASIL. Economia e emprego. Diferenças entre tipos de empresas. 2011. 
Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2011/11/diferencas-
entre-tipos-de-empresas>. Acesso em: 20 dez. 2017.
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Pronunciamento conceitual 
básico (R1) para elaboração e divulgação de relatório contábil-fi nanceiro. 2011. 
Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/
Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 3 jan. 2018.
GITMAN, L. J. Princípios de administração fi nanceira. 7. ed. São Paulo: 
Harbra, 2002.
SEBRAE. Apresentação dos relatórios de sobrevivência das empresas no 
Brasil. 2016. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/
Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-102016.pdf>. Acesso em: 2 jan. 2018. 
34
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
CAPÍTULO 2
Demonstração de Resultados
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Defi nir as demonstrações de resultado de uma empresa.
 Localizar os indicadores fi nanceiros de desempenho da micro e pequena 
empresa.
 Examinar uma demonstração de resultados do exercício.
 Avaliar o impacto das receitas, despesas, custos e investimentos no resultado 
do exercício.
36
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
37
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
ContextualiZação
Você já ouviu falar nessa expressão: o poder de uma nação está diretamente 
relacionado à estabilidade de suas instituições? Esta expressão está presente 
no trabalho de North (2003 apud ANTONIK, 2016). Douglas Cecil North é um 
economista americano que desenvolveu uma teoria sobre o amadurecimento das 
instituições, a qual fazia referência à correlação entre o grau de amadurecimento 
das instituições de determinados países ao seu nível de desenvolvimento 
econômico e social. A partir deste trabalho, fi cou evidente que quanto mais uma 
nação possuía um alto grau de amadurecimento institucional (leia-se baixos níveis 
de corrupção, leis que não se alteram facilmente, consenso no judiciário quanto à 
interpretação destas, funcionários públicos capacitados, serviço público efi ciente 
etc.) maior era o grau de desenvolvimento de uma nação, ou seja, menores eram 
os seus níveis de pobreza e maior a sua renda per capita, educação, sensação 
de segurança etc. North (2008 apud ANTONIK, 2016, p. 107) afi rma que “as 
instituições podem ser interpretadas como sendo as regras de um certo jogo, 
que determinam o que os jogadores podem fazer”. Aqui entra muito o conceito 
de normativas em um sentido amplo, que engloba não só as instruções de um 
modo geral, como leis, decretos, resoluções, assim como os próprios entes que 
os elaboram e fi scalizam. 
As empresas fazem parte deste arcabouço institucional e são um espelho 
da maturidade de um país. Assim, em países nos quais há uma estabilidade na 
legislação, no judiciário, as empresas possuem uma competitividade mais justa, 
haja vista que a regra é igual para todos e todos são igualmente fi scalizados e 
obrigados perante a lei. Assim, se uma empresa possui um bom desempenho, 
este tenderá a estar relacionado a uma gestão mais efi ciente dos seus recursos ou 
no diferencial de seu produto, em vez de estar relacionado a um enquadramento 
tributário diferenciadoe específi co que não está acessível a todos, por exemplo.
A contabilidade, como já vimos no Capítulo 1, possui duas grandes funções, 
demonstrar a situação patrimonial e o resultado da empresa, apurando os tributos 
a serem recolhidos com base neste desempenho. Assim, no meio empresarial, 
a contabilidade exerce um importante papel como instituição. Neste capítulo 
exploraremos com mais detalhes o papel da contabilidade em uma organização, 
entenderemos o seu papel quanto à Demonstração dos Resultados do Exercício 
e compreenderemos a sua função enquanto instituição, como regra do jogo da 
gestão de uma empresa.
38
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
ContaBilidade Gerencial 
O papel de um instituto contábil sólido é importante no ambiente empresarial 
para que se possa ter transparência na gestão das empresas e uma certeza de 
que estas estão agindo conforme as regras do jogo. Entretanto, esse papel contábil 
é também importante para o sucesso do próprio negócio. Verifi camos que uma 
das funções de um administrador fi nanceiro é o planejamento fi nanceiro, como 
recorda Antonik (2016). Este planejamento visa estabelecer uma previsão de uma 
situação futura desejada para o empreendimento, elencando os custos, despesas 
e receitas necessários para o alcance deste objetivo. Em termos fi nanceiros, o 
planejamento se traduz em um orçamento, uma planilha que permite simular as 
operações fi nanceiras da companhia no curto, médio e longo prazo. No entanto, 
de nada adianta planejar se o empreendedor não acompanhar o desempenho da 
sua companhia. Essa é uma parte fundamental do processo de planejamento: 
a mensuração e controle dos resultados. A partir disso, o empreendedor poderá 
ajustar a sua mira para atingir o alvo. Utilizando-se de mecanismos de controle, é 
possível rever o planejamento inicial com vistas a alcançar o objetivo. 
Lembre-se de que o planejamento é um exercício de prever situações futuras, 
que estão sujeitas a todos os tipos de mudança. Por exemplo, às vezes, a demanda 
estimada para determinado produto poderá variar, e você necessitará ajustar os 
preços para atingir seu objetivo, seja para manter a rentabilidade ou livrar-se de 
um estoque excedente. Antonik (2016) divide o planejamento empresarial em três 
fases: planejamento, apuração dos resultados e análise de desempenho, como 
podemos verifi car na fi gura a seguir. Esse ciclo é contínuo, pois a 
análise de desempenho permite comparar a nossa meta traçada com 
aquela executada e, assim, ajustar novamente nosso planejamento 
para chegar mais próximo do alvo. Caso esta meta tenha sido 
atingida, pode-se, então, traçar metas mais desafi adoras e melhorar 
ainda mais o desempenho da empresa. Financeiramente, a aferição 
destas metas utiliza de ferramentas contábeis, hoje harmonizadas de 
acordo com regras internacionais. 
Na relação entre a necessidade de um instituto contábil sólido 
e a apuração do desempenho da empresa, ressaltamos: com uma 
instituição de normas e regras contábeis fortes, as empresas contam 
com uma ferramenta que dá credibilidade na apuração de seus 
resultados, sabendo que estes são medidos através de um critério 
padrão, podendo, então, agir para realizar mudanças na gestão 
da companhia que resulta em dados de entrada diferentes, que 
proporcionem resultados distintos. 
Com uma instituição 
de normas e regras 
contábeis fortes, 
as empresas 
contam com uma 
ferramenta que dá 
credibilidade na 
apuração de seus 
resultados, sabendo 
que estes são 
medidos através de 
um critério padrão, 
podendo, então, 
agir para realizar 
mudanças na gestão 
da companhia que 
resulta em dados de 
entrada diferentes, 
que proporcionem 
resultados distintos.
39
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Imagine que você tem por objetivo perder peso, por exemplo, e que sua 
balança não é confi ável, pois dependendo da condição climática pode pesar dois 
quilos a mais ou a menos. Assim, por mais que você modifi que sua alimentação, 
não saberá exatamente se está diminuindo ou aumentando o seu peso. A 
contabilidade é como se fosse uma balança, precisa ser confi ável e estável, de 
modo que as empresas possam aferir seu resultado, sabendo que ao aplicarem 
seus esforços em determinada ação que o altere, este será corretamente 
identifi cado pelas demonstrações contábeis. 
Figura 6 – Fases do planejamento empresarial
Fonte: Antonik (2016, p. 111).
No próximo tópico, iremos identifi car os principais relatórios contábeis que 
devem ser compreendidos e utilizados por empreendedores que atuam nas micro 
e pequenas empresas. 
DemonstraçÕes de Resultado 
AtravÉs da ContaBilidade
Evidenciar o resultado de uma determinada empresa não é tarefa simples. 
Como já abordamos, para termos um resultado confi ável, é preciso adotar 
normas e critérios amplamente aceitos, assim, tanto o empreendedor quanto 
outras pessoas e entidades interessadas na empresa poderão ter certeza de 
que a empresa está traçando um caminho virtuoso ou necessita de ajustes em 
sua rota para melhorar o desempenho. A utilização deste arcabouço de normas 
exige profi ssionais capacitados e dedicados, mas o empreendedor deverá saber 
ler e interpretar o resultado destes relatórios contábeis, de modo que possa ter a 
exata noção do caminho que estão tomando as fi nanças da sua empresa. Antonik 
(2016) afi rma que as peças fundamentais para análise de desempenho de uma 
organização são as seguintes: 
Planejamento
Apuração 
de resultados
Análise de
desempenho
40
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
a) Demonstrações do Resultado do Exercício (DRE) 
Segundo Gitman (2002), a demonstração de resultados segue 
a lógica do regime de competência para projetar o lucro/prejuízo e 
refl ete a posição fi nanceira geral da companhia. 
Como o próprio nome defi ne, a Demonstração do Resultado do 
Exercício - DRE - é um dos instrumentos mais comumente utilizados 
quando falamos em aferir o desempenho de uma empresa. 
Antonik (2016) afi rma que este instrumento também pode ser 
conhecido como demonstração de lucros e perdas, pois uma das suas 
funções principais é demonstrar o lucro ou prejuízo aferido em um determinado 
exercício (período de tempo geralmente coincidente com o calendário civil, de 
1 de janeiro a 31 de dezembro). Este instrumento é baseado no conceito de 
competência, ou seja, para a DRE, o importante é o fato gerador do lançamento 
contábil, independente de este ter uma contrapartida imediata que represente 
uma entrada ou saída no caixa da companhia. Utilizaremos o Quadro 6, que traz 
uma DRE da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., explorando as principais 
contas que compõem este demonstrativo. 
Segundo 
Gitman (2002), a 
demonstração de 
resultados segue a 
lógica do regime de 
competência para 
projetar o lucro/
prejuízo e refl ete a 
posição fi nanceira 
geral da companhia.
Quadro 6 – Demonstração do Resultado do Exercício
NIW Produtos Florestais Ltda.
Demonstrações de Resultado do Exercício, 31 de dezembro de 2012 (R$)
2012
Receita operacional líquida (1) R$ 257.772,46
Custo da mercadoria vendida (2) R$ 149.508,03
Margem Bruta R$ 108.264,43
Salários e benefícios R$ 58.464,25
Despesas de comercialização R$ 16.994,70
Outras despesas R$ 12.098,76
Despesas operacionais (3) R$ 87.557,72
Depreciação (4) R$ 7.850,84
Total das despesas operacionais R$ 95.408,56
Lucro operacional R$ 12.855,87
Despesas fi nanceiras (5) R$ 4.413,59
Lucro líquido do exercício R$ 8.442,28
Fonte: Tracy (2007 apud ANTONIK, 2016, p. 113).
41
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
• Receita Operacional Líquida (1): na receita operacional líquida 
temos aquilo que a empresa realmente recebeu pelas suas vendas, 
descontados os tributos incidentes sobre a venda, e eventuais descontos 
ou abatimentos realizados. 
• Custo da Mercadoria Vendida (2): no custo da mercadoria vendida, 
teríamos os custos diretamente relacionados à fabricação do produto, 
como mão de obra aplicadadiretamente na produção, o valor da 
matéria-prima, gastos gerais relacionados à produção, exemplo, aluguel 
da unidade fabril, energia elétrica da unidade fabril, manutenção do 
maquinário etc. Lembre-se de que o custo aqui apurado refere-se às 
mercadorias efetivamente vendidas, então deve-se somar o estoque 
inicial e descontar o estoque fi nal, pois, se a mercadoria está no estoque, 
não foi vendida. Importante salientar que estes custos não se misturam 
com outras despesas administrativas, e mão de obra não relacionada 
à produção. Aqui temos uma conta específi ca para apurar o custo da 
mercadoria vendida. 
• Despesas Operacionais (3): na conta do Custo das Mercadorias 
Vendidas temos a apuração direta do custo daquilo que é fabricado 
e efetivamente vendido, mas quando falamos em resultado de uma 
empresa, esse processo fabril é gerenciado e possui, portanto, uma 
administração, e nem todos empregados da empresa trabalham na 
sua linha de produção, muitos trabalham na área de vendas, na área 
administrativa, recursos humanos etc. Assim, nas despesas operacionais, 
temos englobado o montante de despesas relacionadas diretamente à 
operação da companhia. Não confunda operação da companhia com 
processo de fabricação. 
• Depreciação (4): a depreciação também é considerada uma despesa 
operacional, mas convém tratarmos dela em separado, dada a sua 
complexidade. Muitos dos custos e despesas referentes à confecção dos 
produtos e operação da companhia são adquiridos e consumidos num 
curto espaço de tempo. Utilizaremos como exemplo a compra de papel e 
tinta para impressão de documentos na empresa NIW Produtos Florestais. 
Eles se referem a despesas operacionais e são totalmente consumidos 
à medida que os documentos são impressos, o que não ocorre com um 
maquinário adquirido para corte de madeiras, por exemplo. Vamos supor 
que este maquinário possua um valor de R$ 100.000,00, e sua vida útil 
esteja estimada em 5 anos (60 meses). No ano da aquisição é lançado 
na contabilidade o valor de aquisição da máquina, um desembolso de 
caixa, mas a cada ano da vida útil da máquina, é possível lançar um valor 
referente a 1/5 do seu custo de aquisição como despesa de depreciação 
42
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
(os lançamentos mensais correspondem a 1/60 do valor de aquisição 
do bem). Assim, anualmente, durante cinco anos, a empresa lança uma 
despesa de R$ 20.000,00 referente à depreciação deste bem, que é 
utilizada como abatimento da base de cálculo do imposto a pagar para 
aquelas empresas que se utilizam do regime tributário de lucro real.
Na fi gura a seguir, Antonik (2016) cita um exemplo do passo a passo do 
lançamento de uma despesa a ser depreciada.
Figura 7 – Bens depreciáveis
Fonte: Antonik (2016, p. 116).
Quem defi ne a duração de um bem para fi ns de depreciação é 
a Receita Federal, através do Regulamento do Imposto de Renda 
– RIR. Para compreender melhor como os bens são depreciados, 
verifi que a Subseção II – Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado 
do RIR, acessando o site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
decreto/d3000.htm>.
1º passo
Compra de
 máquina por 
R$ 6.000,00
Contador lança 
a compra no 
imobilizado
Todos os meses 
o contador 
lança 1/60 
na despesa 
(R$100,000)
2º passo 3º passo
Compra de
 material de 
escritório por 
R$82,00
O contador 
lança a compra 
diretamente 
no resultado
Nada
Bens de alto valor com vida útil controlada pela Receita
Bens de baixo valor, sem vida útil controlada pela Receita
43
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
• Despesa Financeira (5): a despesa fi nanceira, segundo Antonik 
(2016), refere-se aquelas despesas realizadas com atividades que 
não estão relacionadas à atividade da empresa, mas sim na aquisição 
de capital e também em investimentos realizados pela empresa em 
produtos fi nanceiros. Vejamos, por exemplo, uma empresa que toma 
um empréstimo para o capital de giro. Esta companhia arcará com 
custos de juros e encargos sobre esta dívida, que podem ser bastante 
representativos para o resultado da empresa. Outro exemplo pode ser 
a aplicação fi nanceira da sobra de caixa da companhia. Essa receita 
auferida também deve ser contabilizada em separado. Assim, poderemos 
saber e diferenciar as receitas e os custos de produção e operação, 
vinculados à atividade empresarial exercida pela companhia, daqueles 
custos e receitas oriundas da atividade da companhia junto ao mercado 
fi nanceiro. Uma empresa que possui uma receita fi nanceira alta e um 
receita operacional baixa, não está executando bem a atividade para a 
qual foi criada, apesar de poder estar sendo lucrativa. 
Como pudemos verifi car no quadro anterior, a NIW Produtos Florestais Ltda. 
apurou um lucro líquido do exercício no valor de R$ 8.442,28 e, para chegar neste 
valor, foram subtraídas da receita operacional líquida, o custo das mercadorias 
vendidas, as despesas operacionais, a depreciação e as despesas fi nanceiras. 
Veja que o lucro bruto corresponde a R$ 12.855,87, praticamente 50% superior ao 
lucro líquido, o que signifi ca dizer que se não houvesse despesas fi nanceiras, a 
empresa teria um lucro um tanto quanto mais elevado. 
b) Balanço Patrimonial (BP)
Segundo Gitman (2002), o Balanço Patrimonial representa 
uma posição fi nanceira da empresa em uma determinada data, que 
geralmente coincide com o fi nal do calendário civil, 31 de dezembro. 
Ele iguala os Ativos (bens e direitos), com a soma de fi nanciamentos 
realizados com terceiros e de seus proprietários (sócios). A fi gura a 
seguir demonstra uma síntese de um Balanço Patrimonial, separado 
em duas semiesferas, representando que o lado do Ativo deve ter 
igual contrapartida com a soma do Passivo e do Patrimônio Líquido. 
Gitman (2002) ensina que o Balanço Patrimonial deve segregar as 
contas conforme a sua liquidez, ou seja, a rapidez com a qual se pode 
transformar os Ativos em entrada de caixa, e os Passivos, em saída 
de caixa. Temos uma primeira separação no balanço a ser assim apresentada: 
Ativos e Passivos de curto prazo e Ativos e Passivos de longo prazo. Os Ativos 
e Passivos com liquidez prevista para serem realizadas em até um ano, são 
denominados de Ativos e Passivos Circulantes ou Ativos e Passivos Correntes, 
como afi rma Antonik (2016). 
Segundo Gitman 
(2002), o Balanço 
Patrimonial 
representa uma 
posição fi nanceira 
da empresa em uma 
determinada data, 
que geralmente 
coincide com o fi nal 
do calendário civil, 
31 de dezembro.
44
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Os demais Ativos e Passivos são considerados de longo prazo, com 
realização superior a um ano. Os Ativos se denominam realizáveis no longo prazo 
e os Passivos, exigíveis a longo prazo. Assim, na conta dos Ativos, o caixa é o 
ativo mais líquido, e representa as disponibilidades em dinheiro da companhia e é 
sempre a primeira conta a ser descrita no Balanço Patrimonial. Na sequência, são 
descritas as contas de Ativo em ordem decrescente de liquidez. 
Figura 8 – Balanço Patrimonial - Síntese
Fonte: Adaptado de Gitman (2002).
Podemos verifi car no quadro a seguir, que os Ativos permanentes 
imobilizados, como o próprio nome já diz, são os menos líquidos e, portanto, 
os últimos listados. Assim ocorre no Passivo, os empréstimos de longo prazo 
representam as dívidas que mais demorarão a serem exigidas, portanto, são as 
últimas a serem listadas, em detrimento das contas a pagar, que apresentam as 
dívidas com fornecedores que devem ser logo quitados.
Quadro 7 – Balanço Patrimonial
NIW Produtos Florestais Ltda.
Balanço Patrimonial, 31 de dezembro de 2012 (R$) 
 2011 2012 Diferenças
Caixa R$ 30.695,41 R$ 51.550,75 R$ 20.855,34
Duplicatas a receber R$ 12.024,27 R$ 13.131,95 R$ 1.107,68
Estoques R$ 19.870,70 R$22.124,45 R$ 2.208,30
Despesas pré-pagas R$ 5.757,28 R$ 5.404,68 -R$ 352,60
Total dos ativos correntes R$ 67.767,78 R$92.211,83 
• Ativo • PassivoPassivo Circulante 
Passivo Não 
Circulante
(Realizável a 
Longo Prazo)Ativo
Circulante
Ativo não 
Circulante
(Realizável 
a longo 
Prazo e 
Permanente)
• Patrimônio
 Líquido
Capital 
Social 
Reservas 
de Capital
Reservas 
de Lucro
45
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
Imobilizado R$ 68.367,17 R$ 79.121,80 R$ 10.754,63
Depreciação acumulada -R$ 14.782,44 -R$ 22.633,27 -R$ 7.850,84
Imobilizado líquido R$ 53.584,73 R$ 56.488,53 
Total dos ativos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
Passivo
Contas a pagar R$ 25.282,44 R$ 23.074,14 -R$ 2.208,30
Despesas provisionadas R$ 5.943,95 R$ 7.199,03 R$ 1.255,08
Empréstimos de curto prazo R$ 8.826,13 R$ 17.652,25 R$ 8.826,13
Total dos passivos correntes R$ 40.052,52 R$ 47.925,42 
Empréstimos de longo prazo R$ 26.478,38 R$ 35.304,50 R$ 8.826,13
Capital social MB R$ 44.130,63 R$ 46.337,16 R$ 2.206,53
Lucros retidos R$ 10.691,00 R$ 19.133,27 R$ 8.442,28
Patrimônio Líquido R$ 54.821,62 R$ 65.470,43 
Total dos passivos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
 
Passivo
Contas a pagar R$ 25.282,44 R$ 23.074,14 -R$ 2.208,30
Despesas provisionadas R$ 5.943,95 R$ 7.199,03 R$ 1.255,08
Empréstimos de curto prazo R$ 8.826,13 R$ 17.652,25 R$ 8.826,13
Total dos passivos correntes R$ 40.052,52 R$ 47.925,42 
Empréstimos de longo prazo R$ 26.478,38 R$ 35.304,50 R$ 8.826,13
Capital social R$ 44.130,63 R$46.337,16 R$ 2.206,53
Lucros retidos R$ 10.691,00 R$ 19.133,27 R$ 8.442,28
Patrimônio Líquido R$ 54.821,62 R$ 65.470,43 
Total dos passivos R$ 121.352,52 R$ 148.700,35 
Fonte: Tracy (2007) apud Antonik (2016, p. 119).
No Patrimônio Líquido, segundo Gitman (2002, p. 38), fi cam “os direitos dos 
proprietários da empresa, portanto, contém as contas de capital social, reservas 
de capital, e reservas de lucro, por exemplo”. No caso da empresa NIW Produtos 
Florestais Ltda., o Patrimônio Líquido é composto pelas contas de 
capital social e lucros retidos. 
Com a DRE e o Balanço Patrimonial em mãos, o administrador 
fi nanceiro possui ferramentas importantes para começar a elaborar 
a demonstração do Fluxo de caixa, que também se apoia em outros 
relatórios fi nanceiros gerenciais. 
c) Demonstrações do Fluxo de Caixa (DFC)
Segundo Gitman (2002), a demonstração de fl uxos de caixa 
representa o resumo das entradas e saídas de dinheiro em uma 
companhia, em um determinado período, sempre de acordo com 
o momento exato em que ocorrem, ou seja, o regime adotado é o 
regime de caixa. 
Segundo 
Gitman (2002), a 
demonstração de 
fl uxos de caixa 
representa o resumo 
das entradas e 
saídas de dinheiro 
em uma companhia, 
em um determinado 
período, sempre 
de acordo com o 
momento exato 
em que ocorrem, 
ou seja, o regime 
adotado é o regime 
de caixa.
46
 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Vamos explorar o exemplo da empresa NIW Produtos Florestais Ltda., que nos 
apresenta uma DRE, já apresentada acima (Quadro 6), um Balanço Patrimonial 
(Quadro 7) para montarmos um demonstrativo do fl uxo de caixa (Quadro 10). Para 
compreender o conceito destes três instrumentos, nós iremos transitar entre esses, 
portanto, fi que atento para não se perder quando mencionarmos um determinado 
quadro, ele pode não ser o quadro que está na sequência. Vamos partir das contas 
da DRE para montarmos a nossa demonstração de fl uxo de caixa. 
• Receita Operacional Líquida: você já verifi cou que a nossa DRE 
traz uma Receita Operacional Líquida no montante de R$ 257.772,46. 
Antonik (2016) nos lembra que nem todas as receitas ali mencionadas, 
estão disponíveis no caixa da companhia. No quadro anterior, pudemos 
verifi car que temos a conta duplicatas a receber, no valor de R$ 
13.131,95, ou seja, parte das vendas realizadas, da receita do ano de 
2012, não foi recebida. Isso não é sinônimo de inadimplência, mas, sim, 
da estratégia de venda da empresa, que foi a de conceder um prazo 
para pagamento de seus clientes. Veja que assim como você sempre 
procura comprar de seus fornecedores a prazo para melhorar o seu ciclo 
de caixa, como vimos no Capítulo 1, os seus clientes também tenderão 
a comprar mercadorias a prazo. Podemos apurar que faltou R$ 1.107,68 
no caixa da companhia. Ao aferir Balanço Patrimonial (Quadro 7) a conta 
Duplicatas a Receber, que no ano de 2011 era de R$ 12.024,27, teve 
uma majoração para R$ 13.131,95, ano de 2012. Antonik (2016) afi rma 
que a empresa está fi nanciando os clientes em R$ 1.107,68 no ano de 
2012. Assim, a empresa deixou de obter este montante em caixa devido 
a sua estratégia de venda, mas em termos contábeis, no regime de 
competência, esse valor ajuda a empresa a obter um lucro maior, pois 
está presente na conta de receita operacional líquida.
 
• Custo da Mercadoria Vendida (2): quando falamos em Caixa, na 
demonstração do Resultado do Exercício (Quadro 6), podemos verifi car 
que a empresa teve uma despesa contabilizada de R$ 149.508,03 como 
Custo das Mercadorias Vendidas, mas na verdade o desembolso de 
caixa foi na ordem de R$ 4.462,05, isto porque tivemos um aumento no 
valor dos estoques, de R$ 19.870,70 (2011) para R$ 22.124,45 (2012), e 
uma diminuição no contas a pagar de R$ 2.208,30, de 2011 para 2012, 
isto signifi ca que a empresa fi cou devendo menos de um ano para o 
outro. Somando-se a diferença do valor dos estoques (R$ 2.253,75) mais 
a diferença em contas a pagar, temos um excedente de desembolso de 
caixa no total R$ 4.462,05. 
• Despesas Operacionais (3): como afi rma Antonik (2016, p. 115), quando 
transpomos estas despesas operacionais para ótica de um fl uxo de 
47
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Capítulo 2 
caixa, temos que ter o cuidado de observar que “algumas despesas são 
pagas depois de incorridas, pois quando compramos insumos ou outros 
bens necessários à produção ou à prestação de serviços negociamos 
um prazo com os fornecedores”. Isso pode ocorrer também com os 
salários dos funcionários, pois algumas empresas pagam a remuneração 
de seus colaboradores no quinto dia útil do mês seguinte ao mês 
trabalhado. Os salários são contabilizados no mês a que se referem, 
mas o desembolso de caixa ocorre no mês subsequente. Pode ocorrer 
também o inverso, algumas despesas operacionais podem incorrer 
antecipadamente, como o pagamento de um sinal para um pedido de 
mobiliário para área administrativa. Essa informação pode ser difícil de 
encontrar nos relatórios contábeis, devendo haver registros específi cos 
de todas despesas incorridas na empresa. No caso da NIW Produtos 
Florestais, foi possível verifi car em outros relatórios gerenciais que, do 
valor contabilizado de R$ 87.557,72 em 2012, R$ 916,15 fi cou para ser 
pago em 2013, ou seja, do valor de R$ 23.074,14, de Contas a Pagar, 
existente no Balanço Patrimonial (quadro 7), R$ 916,15 são referentes a 
despesas operacionais. 
• Depreciação: ainda, como despesa operacional, temos a depreciação, 
que teve uma variação, entre 2011 e 2012, de R$ 7.850,84, como 
demonstrado no Quadro 8. Esse valor é acrescido ao fl uxo de caixa, pois 
ele está descontando a nossa base de receitas, contudo ele é um valor 
meramente contábil e não há efetivamente um desembolso de dinheiro 
para pagar a depreciação.
Quadro 8 – Imobilizado e Depreciação
Itens do balanço 2011 2012 Diferença
Imobilizado R$ 68.367.17 R$ 79.121,80 R$ 10.754,63
Depreciação -R$ 14.782,44 -R$ 22.633,17 R$ 7.850,84
Acumulada
Fonte: Antonik (2016, p. 117).
• Despesas Financeiras: algumas das despesas fi nanceiras também 
podem ocorrer em períodos distintos daqueles contabilizados na DRE. 
Assim, Antonik (2016) aponta que a empresa registrou R$ 4.413,59 em 
despesas fi nanceiras, como juros de fi nanciamento, por exemplo, que 
ocorreram no ano de 2012. Destes valores realizados, verifi cou-se que 
R$ 111,65 não foram efetivamente pagos no ano, sendo originados no 
mês de dezembro de 2012 e com pagamento previsto para janeiro de 
2013. 
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 PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
O Quadro 9 traz um resumo das diferenças entre a DRE 2011 e 2012, dos 
quais podemos destacar os itens que compõem o cômputo do

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