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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Contabilidade das Organizações Aula 01 Profa. Neusa Higa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá, aluno! Seja bem-vindo à disciplina “Contabilidade das organizações”. Na aula de hoje vamos estudar a Informação Contábil! Vamos ver como elas são formadas, como podem ser apresentadas e como ela serão usadas no dia a dia! Gostou? Então, vamos começar! Neste momento você está sendo convidado a explorar os conteúdos apresentados neste material. Imagine que esteja no corredor ao lado e que cada abertura será um dos temas discutidos. Ao final você conhecerá todo o ambiente. Nos dias atuais todas as empresas carecem de informações para a tomada de decisão. A globalização, a competitividade e as rápidas mudanças fazem destas uma arma poderosa para o sucesso. Seu uso como recurso auxilia nos mais diversos aspectos, como, na fixação de objetivos, estratégias e políticas, na avaliação sobre as alternativas de expansão e nos resultados do negócio. Há tempos cientistas como Pascal chamavam a atenção para a seguinte situação: “Só posso compreender um todo se conheço, especificamente, as partes, mas só posso compreender as partes se conhecer o todo” (Morin, 1998, p.181-182). A reflexão a partir desta frase destaca a importância de entender como se produz uma informação contábil. Confira no material on-line alguns comentários que a professora Neusa Higa faz sobre a aula de hoje! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando A informação é o resultado do processamento, manipulação e organização de dados de forma que se possa agregar algum conhecimento ao receptor. Uma informação adequada requer algumas características: ser útil, reutilizável, gerenciada, oportuna, apresentada de forma compreensível, atender as necessidades dos usuários, auxiliar na formulação de estratégias, permitir condições de comparação entre períodos e auxiliar na tomada de decisão (STRASSBURG, 2004). Mas como essas informações são elaboradas? Você entende a lógica dos dados proposta por Pascal? É importante você compreender o que realmente compõem as informações e como elas são formadas. A fim de se compreender o sentido do que é apresentado propomos que você entenda o processo de constituição de dados. Ainda que ambos os termos – dados e informação – sejam frequentemente usados como sinônimos, o primeiro termo refere-se a representações não associadas. A informação diferencia-se por seu poder de utilidade. As demonstrações contábeis, por exemplo, apresentam vários números. Você deve se perguntar, o que significa esses valores? O que eles querem dizem? Diante dessa situação cabe à informação o papel de interpretação, extraindo esses valores, transformando em índices e, por conseguinte, realizando análises sobre a situação econômica e financeira da empresa. Pense sobre o poder da informação no seu dia a dia. Não se preocupe, a professora Neusa irá te acompanhar a cada nova descoberta! Acompanhe as palavras dela no material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Pesquise O Método das Partidas Dobradas – Origens e Aplicações de recursos Não se pode precisar a data do surgimento da Contabilidade, mas sua evolução sempre esteve associada ao desenvolvimento do homem e de suas atividades mercantis, econômicas e sociais (FAVERO et al., 2009). Acredita-se que há mais de 20.000 anos, ainda no período Paleolítico Superior, a civilização primitiva realizava o registro de sua riqueza patrimonial em paredes de grutas e pedaços de ossos. Esses eram os primeiros registros de uma escrituração contábil onde se quantificava e comprovava a riqueza do indivíduo e de sua família. A intensidade e desenvolvimento do comércio datada em meados de 6.000 a.C. marcou uma fase de necessidades de registrar os acontecimentos, na época realizados em pequenas peças de argila. Cada fato era transcrito em uma peça, sendo a final reunidas em uma peça maior conforme a natureza dos eventos (SÁ, 2002). Esses registros realizados representam métodos de escrituração. O termo método – do grego methodos – significa o caminho realizado para chegar a um objetivo. Já a palavra escriturar representa escriturar de transações ou documentos. Logo, quando falamos em método de escrituração em Contabilidade nos referimos aos procedimentos de registro de fatos contábeis. O entendimento da sociedade sobre a separação entre “o que é meu” e “o que é seu” foi um dos cenários que provocou registros de “débito” (o que alguém tem a me pagar) e “crédito” (o que eu devo pagar a alguém) ” (SÁ, 2002). Todavia, somente a partir da Idade Média os registros das operações comerciais, industriais e públicas caminharam para uma sistematização ampla onde havia uma correlação entre causa e efeito do fato. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 A causa ou origem era representada por meio de um crédito, originando uma obrigação a ser realizadas. Já o efeito era representado por um lançamento de débito, acrescentando assim os direitos do comerciante. A obrigatoriedade de registrar os acontecimentos por meio de uma relação causa e efeito foi disseminada pela primeira vez pelo frei Luca Paccioli no livro Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalità (Coleção de conhecimentos de Aritmética, Geometria, Proporção e Proporcionalidade) em 1494 em Veneza (Itália). No capítulo Particulario de computies et Scripturis” (Contabilidade por Partidas Dobradas) Luca Paccioli descreve que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. O método possui esse nome pois prega que em cada lançamento, o valor total das contas a débito deve ser sempre igual ao total das contas a crédito, ou seja, não há devedor sem credor correspondente. Desta forma, o registro de um evento apresentará sempre um débito e em contrapartida crédito de igual valor (e vice-versa). Daí o termo partidas “dobradas”. A ideia se espalhou rapidamente e é aceita e adotada até os dias atuais por estudiosos e profissionais da área. A tamanha difusão da obra de Paccioli levou muitos europeus, ao se referirem as Partidas Dobradas, intitularem como o “método italiano” ou o “método de Veneza”, admitindo ter sido Luca Paccioli o inventor das partidas dobradas. O monge nasceu em 1445, foi matemático, viveu na Europa durante a Idade Média e, segundo historiadores, teria aprendido este método com povos do oriente com quem teve contato. Favero et al. (2009, p.8) relatam que a partir desta obra a Contabilidade passa a ter um grande crescimento na Europa, iniciando um período de domínio da escola italiana de Contabilidade: A Contabilidade teve um desenvolvimento extraordinário na Europa a partir do século XIII até o início do século XX. […] Foi nessa época que teve início e, também, domínio, a escola italiana de Contabilidade, que acabou influenciando praticamente todo o mundo até o começo do século XX (FAVERO et al., 2009, p.8). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Diante de tantas explicações, a lógica do método das Partidas Dobradas resume-se de forma simples: cada débito deverá apresentar um crédito correspondente de mesmo valor. Assim entendemosque na realização de operações estamos retirando recursos de uma conta (origem) e transferindo para outra (aplicação). O lançamento dos eventos contábeis é divido em quatro elementos: Data: marcação do fato no tempo (dia, mês e ano) Título: o nome das contas de débito e crédito Saldo a ser debitado (D) e creditado (C) Histórico: descrição do fato ocorrido Como exemplo, vamos imaginar o pagamento de salários aos funcionários. Importante O débito representa as funções que acrescentam valor aos ativos, ou sejam, somam o valor dos bens e direitos da empresa. Já os lançamentos devedores nas contas do passivo reduzirão os seus valores. Em contrapartida, os lançamentos a crédito aumentarão o valor do passivo e reduzirão os ativos da organização. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Conforme apresentado, a utilização das Partidas Dobradas permite que por meio de um único lançamento duas alterações sejam registradas: 1 – a redução da conta de salários a pagar (representando a aplicação/destinação dos recursos) e 2 – a redução nos valores da conta banco (representando a origem dos recursos). Observe que neste caso o evento contábil representa somente alterações em somente uma conta de débito e crédito, porém mais de uma conta pode ser alterada. Imagine se o proprietário não possua todo o dinheiro em banco para pagamento e use parcialmente os valores em caixa, neste caso, a situação seria apresentada da seguinte forma: Data: 07 de outubro de 2015 D = Salários a pagar 6.000,00 C = Caixa 2.000,00 C = Banco XYZ 4.000,00 Pagamento de salário aos funcionários É importante você lembrar que a soma dos valores de crédito e débito devem ser os mesmos ao final do lançamento. Conforme a grandeza e complexidade das operações, os registros tornaram-se mais específicos, necessitando unir os lançamentos em livros que “contavam” a história contábil dos eventos, como exemplo, o Livro Diário e o Livro Razão (SÁ, 2002). Atualmente, com a existência de grandes corporações o registro dos fatos contábeis e, principalmente, as informações derivadas deles, interessam diversos usuários da informação, como acionistas, financiadores, fornecedores, órgãos de prestação de contas, empregados, dentre outros. O registro correto contribui para a apuração do resultado fidedigno, auxiliando na análise, dentre as diversas perspectivas, do desempenho da organização. Entendemos então que a contabilidade assume seu principal propósito: atender, adequadamente, os seus diferentes usuários (HENDRIKSEN; VAN CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 BREDA, 2014), melhorando o controle patrimonial e contribuindo com alternativas para melhor subsidiar os tomadores de decisão da empresa. A professora Neusa vai nos ajudar! Confira no material on-line. Dica de Leitura Para saber mais sobre o “Método das Partidas Dobradas” leia esse o texto a seguir que fala sobre “O método das partidas dobradas no século XXI: A Era da Informação”. Disponível: (https://cgg-amg.unb.br/index.php/contabil/article/download/177/pdf_79) Se você quiser saber mais profundamente sobre a Teoria da Contabilidade, acesse o artigo “Contabilidade: aspectos relevantes da epopéia de sua evolução”. É da Revista de Contabilidade e Finanças. Disponível: (http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/v16n38a02.pdf) Saiba mais Agora dois vídeos bem interessantes! O primeiro é “Curiosidades sobre a história da Contabilidade”: Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=MKHkCUPHXJk E o segundo é sobre “A história do Frei Luca Pacioli”: Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=VnGjnv_Cg50 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Lançamentos Contábeis O registro de operações ou eventos que ocorrem diariamente na empresa é realizado por meio de lançamentos em livros contábeis. Antes de realizar um lançamento é importante você saber a diferença entre atos administrativos e fatos administrativos. Atos Administrativos referem-se aos acontecimentos que não alteram o patrimônio da empresa e não são registrados em livros contábeis, como exemplo: avais, fianças e orçamentos realizados. Já os fatos contábeis são eventos que alteram qualitativa ou quantitativamente o patrimônio da empresa. Dentre os existentes, podemos citar: a venda de mercadorias ou prestação de serviços, a compra de um maquinário, investimentos ou financiamentos realizados, a subscrição de capital pelos sócios, dentre outros. Quando esses casos são entendidos como fatos contábeis eles devem ser registrados. Os fatos contábeis são divididos em três tipos: Permutativos: representam permutações entre as contas e provocam somente alterações qualitativas. Modificativos: provocam alterações quantitativas no patrimônio da empresa. São divididos em: Diminutivo: reduzem o patrimônio da empresa; Aumentativo: aumentam o patrimônio da empresa. Mistos: provocam alterações qualitativas e quantitativas nas contas. São também divididos em: Diminutivo: quando reduzem o patrimônio da empresa; Aumentativo: quando aumentam o patrimônio da empresa. Os lançamentos são apresentados em ordem cronológica das ocorrências e registrados em livros contábeis legalmente obrigatórios - como exemplo o Livro Diário (tema que você verá na rota “Postulados e Pressupostos da Informação Contábil”). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Lembre-se que todos os fatos que originam o lançamento contábil devem estar suportados por uma documentação hábil e idônea (contratos, notas fiscais). Recapitulando a Rota 01.... Os lançamentos contábeis são compostos por quatro elementos: O histórico do lançamento é uma das partes mais importantes do registro da operação. Ele irá descrever a ocorrência contábil, deve ser transcrito com a máxima clareza, apresentando a síntese do fato de forma objetiva. Para facilitar sua compreensão vamos exemplificar a aquisição de um automóvel: Histórico: Valor ref. a aquisição do veículo GOL 1.0 MI 8V FLEX 4P, Volkswagen, chassi 9AZVC05R3DF057890, conforme NF nº 40580, de 07/10/2015, de WebMotors Ltda. Mas diante dos fatos você pode se perguntar: “Quais as contas devo debitar e quais devo creditar? ” Bem, já de antemão devemos entender que não existe uma fórmula que possa resolver o problema, mas existe uma lógica muito simples. Continue lendo e verá... Ao realizar o registro dos eventos você deve-se lembrar a origem e a aplicação dos recursos, ou seja, de onde “vieram” e para onde “foram” os valores destinados. No exemplo acima temos o pagamento de salários, certo? Então segue duas perguntas: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 De onde veio o dinheiro para pagar os funcionários? Sua resposta certamente será: “do meu caixa/banco”. Quando isto acontecer lembre-se que as contas creditadas (C) representarão a origem/saída de recursos. Ao contrário: O que eu farei com o dinheiro? Você responde: “pagar os funcionários”. Logo, a conta de aplicação de recursos, ou seja, meu débito (D) será a conta salários a pagar. Tente seguir está lógica com os lançamentos abaixo: Curitiba, 02 de outubro de 2015 D = Financiamentos a pagar C = Banco XYZ Pagamento da parcela 5/36 do financiamento do automóvel Fox 2012/2013 Chassi 123456789 placa AFN 0912. Curitiba, 05 de outubro de 2015 D = Estoque de mercadorias C = Títulos a pagar Aquisição de peças / mercadorias para vendaconforme NF 23445 de 04/10/2015 do fornecedor Bom de Compra Ltda. Os registros dos fatos podem não ser representados somente por uma conta debitada e uma creditada. Na Contabilidade o registro dos fatos contábeis pode também envolver: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Fórmula simples 1ª fórmula: uma conta debitada e uma conta creditada; Fórmulas compostas 2ª fórmula: uma conta debitada e duas ou mais contas creditadas; 3ª fórmula: duas [ou mais] contas debitadas e uma conta creditada; Fórmulas complexas 4ª fórmula: Duas [ou mais] contas debitadas e duas [ou mais] contas creditadas. Observe os exemplos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Para facilitar a transcrição do histórico do fato contábil, comumente utilizamos algumas abreviaturas para alguns termos. Veja alguns que podem ser usados: Cfe. = Conforme Ch. = Cheque Dep. = Depósito Dp. = Duplicata Fat. = Fatura NF = Nota Fiscal Vlr. = Valor Pg. = Pago Ref. = Referente Transf. = Transferência Devido a algumas falhas ou equívocos é possível que ocorram erros no momento de escrituração. Uma vez detectados é necessário que sejam o quanto antes declarados na escrituração e retificados. Essa alteração se faz por algumas formas, dentre elas, pelo estorno de lançamentos, por um lançamento retificativo ou complementar, ou ainda, por lançamentos de transferência ou ressalta. Além de erros quanto ao lançamento em contas, alguns critérios de formatação devem adotados ao realizar a escrituração, como evitar borrões, rasuras, respeitar os limites entre margens, evitar espaços em banco ou entrelinhas. O vídeo da professora Neusa traz mais informações. Confira no material on-line. Saiba mais Tire suas dúvidas sobre os lançamentos contábeis aqui: Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=n0Duo8dSAQo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Veja o Blog do Professor José Eduardo Scarpin e consiga mais detalhes: Disponível: http://aulasprofscarpin.blogspot.com.br/ Matriz de Referência Informacional - Plano de Contas O que são contas contábeis? Contas são os instrumentos de registro dos fatos contábeis. Elas possuem por finalidade agrupar eventos de uma mesma natureza e representar a variação patrimonial que o acontecimento promove no patrimônio da empresa (SÁ, 2005). Cada conta contábil é recebe um título que a identifica dentro das operações (compras, vendas, pagamentos e recebimentos) da empresa. As contas representam também bens, direitos, obrigações, patrimônio, receitas ou despesas da empresa. Vale lembrar que os fatos contábeis da organização devem ser registrados e para demonstrações estas transações os registros são realizados em contas contábeis. Teoria das contas Conforme o desenvolvimento da Contabilidade, diferentes doutrinadores sugerem princípios e interpretações a serem adotadas na classificação das contas contábeis. Dentre as diversas, três delas destacaram-se: Teoria Personalista; Teoria Materialista; Teoria Patrimonialista. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 As duas primeiras atualmente encontram-se em desuso, sendo a última atualmente aplicada na Contabilidade. Vejamos a essência de cada uma delas. Teoria Personalista A Teoria Personalista foi seminalmente idealizada por Francesco Marchi (1822/1871), porém ganha notoriedade a partir da construção de ideias de Giuseppe Cerboni (1827/1917). A mesma prega que relações jurídicas entre homem e objeto não existem, e que as contas podem ser representadas por pessoas com as quais são mantidas relações jurídicas. No personalismo, a Contabilidade estuda as variações da riqueza a partir da administração da azienda, propondo assim os lançamentos de débito e crédito conforme a natureza das contas. Nessa teoria as contas são classificadas conforme a natureza da relação jurídica que essas pessoas mantêm com o titular do Patrimônio, sendo categorizadas em três tipos: 1) Contas dos proprietários: consistem nas contas representativas do capital próprio da empresa (contas que pertencem ao proprietário) ou ainda aquelas que interferem diretamente no patrimônio (com possibilidade de alterá-lo). Como exemplo: Contas de Capital próprio - Capital Social, Reservas; Variações do Capital/Patrimônio - receitas, despesas, custos, impostos sobre vendas. 2) Contas dos agentes consignatários: consistem nas contas representativas dos bens que estão em consignação da empresa. Nessa perspectiva, as pessoas assumem responsabilidade sobre os bens da entidade, devendo assim prestar contas deles ou de valores recebidos. São exemplos: Caixa, Banco, Veículos, Móveis, Terrenos, etc. 3) Contas dos agentes correspondentes: consistem nas contas representativas dos direitos da empresa ou suas obrigações com terceiros. A conotação “agentes correspondentes” representa operações ou relações entre a entidade e terceiras CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 pessoas. São exemplos: Duplicatas a receber, Clientes a receber, Impostos a recuperar (direitos), Fornecedores, Salários a pagar, Dividendos a distribuir (obrigações). Teoria Materialista Opostamente a Teoria Personalista, essa teoria defende que as contas representam uma relação com a materialidade, ou seja, os eventos são registrados a partir da existência de elementos reais entre fato e entidade. Francesco Villa e posteriormente Fábio Besta foram os principais representantes na construção do materialismo. Na teoria propõe-se as contas não são mais relacionadas às pessoas e que elas representam “entradas” ou “saídas” de valores da empresa. Nessa teoria as contas dividem-se em: 1) Integrais (ou Elementares): representam os bens, dos direitos e das obrigações da empresa, por exemplo, Caixa e Veículos (bens), Clientes (direitos), Fornecedores (obrigações). 2) Diferenciais (ou Derivadas): representam o patrimônio ou capital próprio da empresa e suas variações, por exemplo, Capital Social, Reservas (patrimônio da empresa), Receitas, Despesas (variações do Patrimônio Líquido). Teoria Patrimonialista Conforme o entendimento de Vincenzo Masi, precursor dessa teoria, o objeto da Contabilidade é o patrimônio da empresa. Masi propôs que a relevância no registro das contas é a essência dos fatos, o que remete a ideia que existe uma origem e uma aplicação de recursos. Neste sentido, a Contabilidade existe para apurar resultados e controlar o patrimônio da entidade. Atualmente a Teoria Patrimonialista é a mais aceita e usada como a mais adequada para o registro de fatos contábeis. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 A mesma classifica as contas em dois grupos, que você verá logo a seguir! Contas Patrimoniais: consistem nas contas representativas dos bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido da empresa. As mesmas ficam distribuídas Balanço Patrimonial, nos itens Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Veremos mais sobre demonstrativo contábil no próximo tema - Demonstrativos Contábeis Obrigatórios – desta rota. Exemplos: Capital Social e Reservas (patrimônio líquido), Caixa, Clientes, Veículos e Terrenos (bens e direitos), Fornecedores e Salários a pagar (obrigações). As contas patrimoniais possuem um pequeno grupo particular: as Contas Retificadoras. Contas retificadoras: são também chamadas redutoras e costumam posicionar-se abaixo de contas quenecessitam ser “ajustadas” a um valor real – seja por valorização/desvalorização de uma obrigação ou desgaste no uso do bem. Embora apareçam em um determinado grupo patrimonial (ativo ou passivo), têm saldo contrário em relação a natureza das demais contas desse grupo. Exemplos: Provisão para devedores duvidosos, Depreciação acumulada, Amortização acumulada, Ações em tesouraria e Prejuízos acumulados. Contas de Resultado: são as contas que descrevem as operações que modificam a situação líquida da empresa. Elas são representadas pelas receitas, despesas, custos, ganhos e perdas advindas de seu exercício e devem ser encerradas ao final de cada período a fim de apurar o resultado (lucro ou prejuízo). As contas de resultado constam na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), apuram os lucros ou prejuízos da entidade e afetam diretamente o Patrimônio Líquido da empresa, pois seus saldos são diretamente transferidos para esta conta. Exemplos: Receitas, Devoluções de vendas, Custos das mercadorias, Despesas com pessoal, Ganho na venda de imobilizado, Juros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Observação: existem também as chamadas Contas de compensação. Elas representam um controle à parte do sistema patrimonial, destinado a finalidades internas na empresa. Seu registro é comumente aplicado para possíveis alterações patrimoniais futuras, como exemplo: Contratos de arrendamento mercantil, avais ou aluguel, Contratos de seguros ou garantias, ou ainda, Consignação de mercadorias. Matriz de Referência Informacional - Plano de contas Plano de Contas é a estrutura sobre a qual se organizam as contas usadas na escrituração dos fatos contábeis. O mesmo é utilizado como uma “ordenação” de contas, sendo parâmetro para a elaboração de dois principais demonstrativos contábeis - O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Neste momento é necessário você compreender que o Balanço Patrimonial será composto por contas de representação patrimonial e com natureza de débito e crédito. As contas de resultado pertencem a Demonstração do Resultado do Exercício, sendo também classificadas em contas de natureza devedora ou contas de natureza credora. A montagem de um “Plano de Contas” é personalizada conforme as necessidades ou interesses de evidenciação da empresa, ou seja, não existem regras que estabeleçam um número de contas que deve conter um plano de contas. Ao estabelece-lo lembre-se que o mesmo deve ser flexível o suficiente para inserção de novas contas quando necessário. Desta forma, conforme as necessidades dos usuários ou as ocorrências nas operações da empresa, maiores detalhamentos podem ser apresentados nas estruturas. Ao estabelecer um Plano de Contas indica-se que os grupos sejam ordenados de operações gerais para específicas, como exemplo: Receitas, Receitas de vendas, Receita de venda de produtos, Receita de revenda de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 mercadorias. Além disso, muitas vezes adota-se um código numérico a cada conta a fim de facilitar seu ordenamento e lançamento no software. Na Matriz de Referência informacional as contas podem ser: Unilaterais: quando as variações ocorrem somente a débito ou somente a crédito. Exemplo: receitas e despesas. Bilaterais: quando as variações ocorrem em ambos os sentidos. Exemplo: Caixa, Clientes, Imobilizado. Ao realizar os lançamentos em contas bilaterais lembre-se: Natureza da conta Lançamento de Débito Lançamento de Crédito Conta devedora Aumenta o saldo da conta Reduz o saldo da conta Conta credora Reduz o saldo da conta Aumenta o saldo da conta Além disso, ao estabelecer critérios para a estrutura do plano de contas, três elementos são levados em conta: 1. O atendimento às necessidades informacionais dos usuários 2. Os princípios contábeis e legais para a elaboração das Demonstrações Contábeis (Lei 6.404/1976 e suas alterações: Lei 11.638/2007 Lei 13.129/2015) 3. A adaptação às exigências dos agentes externos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 E a professora Neusa Higa, o que será que ela tem a falar sobre estes critérios? Confira no material on-line. Dica de Leitura Para saber mais sobre os lançamentos contábeis - Tipos de fatos contábeis, fórmulas contábeis e erros de escrituração – leia esse material: https://www.editoraferreira.com.br/Medias/1/Media/Professores/ToqueDeMestre /HumbertoLucena/HumbertoLucena_toque_04.pdf Saiba mais Seria muito bom se você tirasse algumas dúvidas sobre as contas contábeis, não é mesmo? Faça uma revisão de alguns pontos principais a partir desse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=JcjUqaRdtKs Demonstrativos Contábeis Obrigatórios Os demonstrativos contábeis apresentam a posição patrimonial e financeira da empresa, seu desempenho no período como também os fluxos em caixa. As demonstrações contábeis fornecem informações que auxiliam os tomadores de decisões, como exemplo: os Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido (capital próprio) da entidade; as Receitas, Despesas, Ganhos e Perdas; as alterações no capital próprio e os fluxos de caixa (NBCTG26 R2/ 2014). Uma divulgação adequada requer uma representação fidedigna dos efeitos dos fatos contábeis sobre os ativos, passivos, receitas e despesas (contas contábeis). Com o advento das Leis 11.638/07 e 11.941/09 a contabilidade brasileira vem passando pelo processo de convergência as Normas Internacionais de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Contabilidade (IFRS). A fim de atender ao padrão internacionalizado, o Conselho Federal de Contabilidade editou Pronunciamentos Técnicos (CPC) sobre procedimentos a serem adotados. Complementarmente aos pronunciamentos (que na verdade tratam-se de indicações promovidas a fim de convergir as demonstrações contábeis), as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) dispõem de Normas Técnicas Gerais (TG) que orientam a divulgação de informações em nosso país. Conforme a NBC TG 26 R2 e NBC TG 09, as empresas brasileiras devem obrigatoriamente divulgar ao final do período: O Balanço Patrimonial A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) A Demonstração do Resultado Abrangente do exercício A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido do exercício (DMPL) Os fluxos de caixa do período A Demonstração do Valor Adicionado do período As Notas Explicativas O conjunto completo das demonstrações contábeis deve ser apresentado pelo menos anualmente e com informação comparativa, ou seja, empresas devem apresentar os saldos atuais de suas contas comparativamente as informações (valores) do período anterior. É importante você saber: São elementos que compõem a apresentação das demonstrações contábeis: 1. O nome/identificação/razão social da empresa como um “cabeçalho”; 2. A data de encerramento do período; 3. A moeda de apresentação; 4. O nível de arredondamento usado na apresentação dos valores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial (BP) é a principal Demonstração Contábil e tem como função apresentar a posição financeira da empresa por meio do seu Patrimônio. O BP apresenta os saldos das contas patrimoniais (aquelas apresentadas no Plano de Contas) em um determinado período, normalmente ao final de cada ano. A estrutura doBP é composta por três grandes grupos: o Ativo, o Passivo e o Patrimônio Líquido. Ativo: representa os bens e direitos da entidade Passivo: compõem as obrigações da entidade com terceiros Patrimônio Líquido: representa o capital próprio da entidade, os valores aplicados por sócios e acionistas, ou seja, suas obrigações com a empresa Desta forma, a estrutura simplificada do Balanço Patrimonial é: ATIVO PASSIVO Bens e Direitos Obrigações com terceiros PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) Obrigações com diretores, sócios e acionistas Total Ativo Total Passivo Como o nome sugere, o Balanço Patrimonial apura saldos. A soma dos valores dos Ativos (bens e direitos) devem ser equivalentes a soma do Passivo e Patrimônio Líquido (obrigações da entidade), ou seja, os recursos devem ser igualmente aplicados. Desta forma, uma fórmula comumente aceita é: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Ao estruturar o Balanço Patrimonial as contas do Ativo são dispostas no lado esquerdo do “quadro”, sendo classificadas em grau decrescente de liquidez, ou seja, conforme sua facilidade para conversão em dinheiro. Já as contas do Passivo apresentam-se no lado direito, sendo organizadas em ordem decrescente de exigibilidade, isto é, conforme a prioridade de vencimento/ liquidação. Por fim, o Patrimônio Líquido (PL), também no lado direito do BP, é composto por contas organizadas conforme a fonte de recursos. No PL são elencados os investimentos aplicados pelos sócios, as reservas de lucros que ela possui ou ainda os prejuízos acumulados. Demonstração do resultado do Exercício (DRE) Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) foi instituída por meio da Lei 6.404/76. Seu objetivo principal é apresentar o resultado (lucro ou prejuízo) obtido a partir das operações da empresa durante um determinado período. O resultado apurado nesta demonstração é considerado econômico (e não financeiro como o Balanço Patrimonial), uma vez que evidencia registros que não foram efetivamente concretizados, como exemplo, a apresentação de vendas a prazo onde ainda não houve a entrada de dinheiro em caixa. Além disso, a DRE é formada pelas contas de resultado (aquelas apresentadas no Plano de Contas), exibindo um resumo ordenado das receitas, custos, despesas e encargos. Sua disposição é de forma dedutiva, iniciando pelas receitas, posteriormente custos, despesas gerais / com vendas / administrativas e encargos (ganhos ou perdas, juros pagos ou recebidos). Ao final da DRE são também apurados os tributos sobre o lucro. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 De forma complementar, a Demonstração do Resultado Abrangente é apresentada de forma agregada a DRE, e consiste na diferença entre todas as receitas e todas as despesas. Neste momento você deve estar se perguntando: Mas isso não é a DRE? Bem, a principal diferença entre DRE e DRA é que a última agrega no seu relato as mudanças que ocorrem no Patrimônio Líquido resultantes de eventos não originados dos sócios. São exemplos dessas transações: os efeitos / ajustes na correção de erros e mudanças de políticas contábeis, os ganhos e perdas atuariais ou provenientes da conversão de Demonstrações Contábeis em operações no exterior, ou ainda, as alterações nos valores de instrumentos de hedge (você irá aprender mais sobre isso ao longo do seu curso). A DRA é comumente aplicada as empresas de maior porte, sendo uma importante ferramenta de análise gerencial para os usuários, uma vez que atualiza o capital próprio dos sócios por meio do registro no Patrimônio Líquido. Para as pequenas e médias empresas, caso não existam no período eventos como os mencionados, a divulgação destas informações estará limitada a DRE. Demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) trata-se de uma demonstração que evidencia a movimentação / alteração das contas do capital próprio (Patrimônio Líquido – PL) da entidade durante o período. Nela são apresentadas as alterações no Capital Social, instituição ou distribuição de reservas, distribuição de dividendos, ações em tesouraria, ou ainda, prejuízos acumulados (NBCTG26 R2/ 2014). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 São exemplos de acontecimentos que alteram as contam dos PL: Apuração de lucro ou prejuízo (apurado na DRE) Distribuição de dividendos Reavaliação de ativos Recebimento de doações e subvenções para investimentos Subscrição e integralização de capital Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) é regida pela NBC TG 03 R2/2014 evidenciando, conforme o próprio nome sugere, as movimentações em caixa no período. A mesma proporciona aos usuários uma base para avaliar a capacidade da entidade gerar caixa ou equivalentes de caixa (Aplicações financeiras de curto prazo), e suas necessidades de utilização deles. A relevância na apresentação da DFC consiste na ideia de que, independentemente da natureza das atividades, todas organizações necessitam de caixa para operar, cumprir com suas obrigações e, consequentemente, gerar retorno aos investidores. A apresentação da DFC é bastante útil para comparar a aplicação dos recursos financeiros em diferentes operações entre duas ou mais entidades, uma vez que reduz os efeitos decorrentes do uso diferentes critérios contábeis. Por meio dela é também possível verificar a relação entre lucratividade e fluxos de caixa líquidos e o impacto das mudanças de preços. São considerados como fluxo de caixa na DFC: Caixa: numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa: aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, e prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 A DFC apresenta-se pelo método direto e indireto, sendo os fluxos de caixa classificados em aplicações de três tipos: atividades operacionais, de investimento e de financiamento. 1) Atividades operacionais: são as principais atividades geradoras de receita. Exemplo: Receitas com vendas, pagamento de fornecedores, despesas operacionais. 2) Atividades de investimento: são as atividades referentes a aquisição de investimentos ou venda de ativos. Exemplo: Investimentos realizados. 3) Atividades de financiamento: são atividades que geram alterações nas suas obrigações com terceiros ou no capital próprio da entidade. Exemplo: empréstimos e financiamentos. Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) tem como finalidade evidenciar aos usuários informações sobre a riqueza gerada pela entidade no período e sua distribuição aos beneficiários (empregados, financiadores, governo, investidores). Sua elaboração leva em conta a NBC TG Estrutura Conceitual, e seus dados, em sua grande maioria, são obtidos principalmente a partir da Demonstração do Resultado (NBC TG 09/ 2008) Conforme a NBC TG 09 (2008), a distribuição da riqueza da entidade deve ser realizada nos seguintes elementos: pessoal e encargos; impostos, taxas e contribuições; remuneração de capital de terceiros (juros, aluguéis); e remuneração de capital próprio (juros sobre capital próprio, dividendos, lucros retidos ou prejuízos do exercício). Notas explicativasAs Notas Explicativas visam fornecer informações necessárias e complementares ao entendimento da atual situação patrimonial (conta, saldo, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 transação) ou de valores relativos a fatos que podem altera-la futuramente. As mesmas podem ser relacionadas a quaisquer uma das Demonstrações Contábeis mencionadas. Sua utilização provê informações adicionais que não tenham sido apresentadas nas demonstrações contábeis, porém que sejam relevantes para sua compreensão (NBCTG 26 R2/2014). Além disso, as notas explicativas podem ser apresentadas tanto quanto necessário, desde que de forma sistemática, ou seja, o item a ser explicado deve conter a referência cruzada respectiva a informação. Comumente as notas explicativas são ferramentas auxiliares. Elas são aplicadas em diversos contextos, dentre eles: na apresentação das políticas contábeis significativas adotadas pela entidade; de bases de mensuração utilizadas nas demonstrações contábeis; dos métodos aplicados na reavaliação de ativos; de dividendos propostos ou declarados antes da data, ou ainda, de informações explanatórias ou comparativas com o período anterior (NBC TG 03 R2/2014). Dica de Leitura Você pode saber mais sobre as demonstrações contábeis lendo as Normas Brasileiras que realizam as regulamentações contábeis. Apresentação das demonstrações contábeis obrigatórias: NBC TG 26 (R2). Altera a NBC TG 26 (R1) apresentação das demonstrações contábeis. Diário Oficial da União, 21 de novembro de 2014, Brasília. Leia a partir do artigo 54 (páginas 14 até 39). Disponível: http://www.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?Codigo=2014/NBCTG26(R 2) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 Apresentação do fluxo de caixa: NBCTG03(R2). Demonstração dos fluxos de caixa. Altera a NBC TG 03 (R1) que dispõe sobre demonstração dos fluxos de caixa. Diário Oficial da União, 17 de abril de 2014, Brasília. Disponível: http://www2.cfc.org.br/sisweb/sre/detalhes_sre.aspx?codigo=2014/NBCTG03(R 2) Leitura complementar Está disponibilizado como material complementar as demonstrações contábeis reais, divulgadas ao final de 2014 da empresa Marisa S.A. Documento denominado: EXEMPLO REAL - Modelo demonstrações contábeis Marisa (31.12.2014) Disponível: http://ri.marisa.com.br/marisa/web/download_arquivos.asp?id_arquivo=255A24 0A-ACA2-481D-82D2-7120A4E05B88 Saiba mais Você sabia que muitas entidades apresentam além das demonstrações contábeis obrigatórias outras informações de cunho facultativo? O Relatório da Administração é um deles. Neste informativo a administração descreve algumas características principais do desempenho, o cenário econômico vivenciado e suas principais incertezas, as políticas de investimento aplicadas a fim de obter melhores resultados, dentre outras abordagens. Muitas vezes esse relatório é usado como um marketing a fim de manter ou atrair investidores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 Disponível: http://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/arquivos/distribuicao2014/ $FILE/distribuicao2014.pdf Relatório Gerenciais A exigência por controles cada vez mais eficazes é uma realidade vivenciada por muitas empresas que pretendem manter-se no mercado. A Contabilidade, com o objetivo de atender aos diversos usuários e nos mais diversos cenários, aprimora seus instrumentos conforme os problemas e necessidades organizacionais. Lembre-se que apresentar dados ao governo ou elaborar as demonstrações anuais não são as finalidades únicas das demonstrações contábeis. Os controles internos são elementos da Contabilidade e propiciam aos gestores informações que auxiliam potencialmente nas operações de planejamento, execução e controles das atividades. Além disso, devido seu papel de subsídio à tomada de decisão, por meio deles é também possível maximizar o resultado econômico da organização. Os relatórios gerenciais, por sua vez, são documentos que dispõem de importantes informações sobre as operações internas (de gestão) da empresa. Os mesmos são de uso interno na organização, principalmente devido ao seu perfil estratégico e individualizado. Por meio dele é possível apurar e acompanhar indicadores de produtividade setorial/departamental da empresa, sua parcela de mercado, questões como ociosidade, retrabalho e perdas, elaborar estimativas com base nas análises de eventos passados, e ainda realizar projeções ou sugestões para ações futuras. Além disso, sua elaboração deve ter como foco a operacionalidade informativa, ou seja, dispor de forma prática e objetiva dados [verdadeiros] que retratem a realidade da empresa. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 Sua utilidade está em atender os níveis de gerência na organização, auxiliando-os para execução de suas funções e frente à necessidade de esclarecimentos sobre “o que fazer” em uma situação (PADOVEZE, 1997). Quando elaborados com qualidade, estes documentos são de extrema importância para uma boa gestão. A fim de atender e adaptar-se aos variados níveis de gerência, deve-se considerar que os interesses podem voltar-se para informações de caráter global e estratégico ou setorial analítico. Deste modo, os relatórios podem abordar diversos segmentos, permitindo análises e oferecendo informações precisas sobre uma situação (IUDÍCIBUS, 1987). A Contabilidade pode fornecer informações periódicas (diárias, semanais) como a posição de caixa, faturamento ou produção por meio de relatórios gerenciais. Todavia, rapidez e tempestividade são elementos imprescindíveis a serem considerados na apresentação destes resultados e das posições patrimonial e financeira da entidade. Sua apresentação no momento correto pode auxiliar no reconhecimento de falhas no sistema e apresentando alternativas tempestivas para solucioná-las, evitando assim decisões errôneas (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2000). Os relatórios gerenciais seguem algumas características a fim de atender seu principal objetivo – atender as necessidades dos usuários e gestores internos. Vejamos: 1) Saber para quem o relatório está sendo feito: como os relatórios gerenciais são de uso interno, é importante que os dados e informações estejam dispostas conforme a necessidade do usuário. Saber quem é o destinatário, principalmente em casos confidencias (informação sigilosa), é de extrema importância. Desta forma é possível apresentar de forma clara, objetiva e correta o que “realmente interessa. ”É possível também que sejam um ou mais usuários (departamentos, pessoas), neste caso uma boa alternativa é relacionar no relatório quem são os destinatários. 2) Saber o que se espera do relatório: ao estruturar um relatório você deve imaginar que as informações contidas são apresentadas com uma finalidade. O CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 que se espera é que o usuário esclareça sua “dúvida” ou a solucione por meio destas informações. Mas qual a dúvida? Sobre algum departamento ou operação da empresa? É importante conhecer o(s) objetivo(s) do relatório e, se necessário, descrevê-lo(s) formalmente por uma nota inicial. 3) Apresentação do conteúdo: ao desenvolver o relatório procure dispor de informações com maior potencial possível de utilização. Este processo envolve a seleção de dados que estejam realmente vinculados à pauta a ser discutida. Indica-se a evidenciação de alguns aspectos comumente usados, comoexemplo, produção, receitas, custos, despesas, metas traçadas, dentre outros. É importante você lembrar que apresentar as tendências ao longo do tempo pode ser bastante útil na análise de uma evolução histórica, ou seja, a comparação entre períodos, meses, anos. 4) Formato dos relatórios: procure inserir o que se quer apresentar de forma mais prática e comunicativa possível. Dependendo do tipo de relatório, expor o conteúdo geral em tópicos ou seções (Introdução, Objetivos, Sumários, Recomendações, Anexos) é bastante útil. Vale lembrar que a sequência de abordagens deve ser em estilo “pirâmide”, ou seja, primeiramente as pautas mais relevantes e, em seguida, suas peculiaridades, detalhes e justificativas. Incluir nas apresentações recursos como ilustrações, tabelas ou gráficos dinamizam a apresentação e auxiliam na interpretação das informações. Dados complementares ao entendimento podem também ser inseridos na seção Anexos. Além disso, datas e assinaturas, quando necessárias, devem ser impreterivelmente apresentadas. Costuma-se: Ao elaborar o relatório lembre-se da sua utilidade na tomada de decisão ou identificação de oportunidades de melhoria (redução de custos, despesas, aumento de vendas). Conselheiros, gestores e diretores necessitam de levantamentos objetivos e de fácil acesso. A apresentação de indicadores econômico-financeiros, e principalmente da análise deles, pode auxiliar a identificar prioridades a serem adotadas. Alguns detalhamentos importantes podem ser adicionados na estrutura, como exemplo, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 32 margem de contribuição por departamento/operação/produto/cliente, despesas por unidade/centros de custo, investimentos previstos e realizados, dentre outros. Os relatórios gerenciais não são compulsórios, ou seja, não há obrigatoriedade em estrutura-los ou divulga-los. Todavia, sua principal função é auxiliar os gestores com algumas informações. Como não seguem uma estrutura específica (modelo padrão) as informações são selecionadas e apresentadas para um fim específico, atender as necessidades internas do responsável pela tomada de decisão. Esta característica permite que estes instrumentos sejam adaptados às necessidades da empresa. Os usuários podem aplica-los em diversas finalidades, como auxílio para traçar estratégias, realizar planejamentos, acompanhar o desempenho da empresa, ou ainda, reestabelecer objetivos. Dica de Leitura O que os gestores acham sobre os relatórios gerenciais? O estudo abaixo trata deste assunto. É imprescindível você ler. Disponível: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_TN_STO_137_872_19312.pdf Saiba mais Para que um relatório gerencial seja útil é necessário ter dados e índices a serem analisados. Evidenciar tendências, como o aumento de ganho ou margens brutas, redução de custos e despesas são elementos frequentemente utilizados. É também possível evidenciar indicadores ou características que podem ser melhoradas, por exemplo, horas extras, percentuais de materiais defeituosos ou desperdiçados, despesas. Àqueles que não possuem um sistema de gestão de informações bem estruturado, uma boa dica é usar o Microsoft Excel para a elaboração de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 33 planilhas e gráficos com estes e outros indicadores. Por meio dele é possível criar uma base de dados que pode ser frequentemente atualizada, apurando valores por meio de funções automáticas. Além disso, o software disponibiliza a criação de diferentes gráficos, transmitindo o significado de planilhas ou tabelas complexas de uma forma mais simples. O SEBRAE fornece modelos que auxiliam na elaboração de relatórios gerenciais para empresas de menor porte, você sabia? Disponível: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds. nsf/AABA27FA43CD38C183257589005C3406/$File/NT0003FD3E.pdf TROCANDO IDEIAS Você já pensou em como elaborar um relatório gerencial na sua empresa? O que inserir nele e o que é mais importante? Como surpreender seu gerente/chefe/supervisor? No portal a seguir, o blogueiro Bruno Zagheti dá uma dica muito legal! Confira: http://zaghetigerencial.blogspot.com.br/2011/05/relatorios-gerenciais- base-para-tomadas.html Converse com os demais sobre informações que seriam importantes em pautas como: reduzir custos das atividades, prever a produção, realizar investimentos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 34 NA PRÁTICA Diariamente eventos ocorrem na organização. Aplicações de valores por sócios e acionistas, vendas de produtos, recebimentos de clientes, depósitos, dentre outros. Propomos que você realize o registro de fatos contábeis que ocorreram na organização. Lembre-se de apresentar os quatro elementos contábeis: (1) Data e local, (2) Contas (conforme o modelo Matriz de Referência - Plano de Contas disponibilizado), (3) Valores e (4) Histórico. Os sócios da empresa Aprendendo Contabilidade decidiram que no mês de novembro de 2015 realizariam alguns investimentos na empresa. A Aprendendo Contabilidade, localizada em Curitiba/PR, passou por alguns atos administrativos e fatos contábeis. Identifique-os e realize a contabilização das operações quando necessário. 1. 03/11/2015 – Integralização de capital na empresa: subscrição no contrato social, integralizado em dinheiro, no valor de R$150.000,00 2. 10/11/2015 – Abertura de conta corrente no Banco do Brasil conforme contrato realizado – Ag. 001 C/C 1234-56. 3. 11/11/2015 – Retirada de dinheiro em caixa no valor de R$ 50.000,00 para depósito na conta corrente do Banco do Brasil. 4. 18/11/2015 – Recebimento de R$ 2.000,00 de clientes em dinheiro. 5. 24/11/2015 – Aquisição de bancadas para uso na empresa conforme NF24.666, pagas à vista em dinheiro no valor de R$ 12.000,00. 6. 28/11/2015 – Pagamento da NF 78907 no valor de R$ 3.250,00 para o fornecedor de mercadoria Slavieiro & Santos Ltda. Cheque emitido nº 10001 Ag. 001 C/C 1234-56 do Banco do Brasil CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 35 Protocolo de Resolução da situação proposta 1) A resolução constitui-se do registro de eventos / fatos contábeis. 2) Além de compreender a natureza das contas, é necessário buscar as contas patrimoniais a serem utilizadas. 3) Em essência o Tema 03 da Rota (Matriz de Referência Informacional - Plano de Contas) é a orientação central para resolução. 4) Dois materiais complementares podem ser revisados: (1) Matriz de Referência - Plano de Contas (material complementar no tema 3 da rota) e (2) EXEMPLO REAL - Modelo demonstrações contábeis Marisa (31.12.2014) (material complementar no tema 3 da aula). Por meio destes documentos é possível subsidiar o lançamento nas contas contábeis. Veja a resolução completa no material on-line! SÍNTESE Estudamos nesta aula como são formadas as informações contábeis. Elas iniciam com o princípio das Partidas Dobradas, o registro de eventos por meio de lançamentos contábeis, a elaboração das demonstrações contábeis obrigatórias e a apresentação das demonstrações acessórias à gestão (relatórios gerenciais). Ao final desta rota você lembrará alguns tópicos importantes: 1) Método das Partidas Dobradas: método utilizado no registro de eventos contábeis, cujo princípio fundamental é de que para cada débito haverá um crédito corresponde de igual valor. Desde modo, a soma dos débitos sempre seráigual a somas dos créditos, ou seja, os valores registrados como origem de recursos terão aplicações de igual valor. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 36 2) Lançamentos contábeis: a ocorrência de fatos contábeis devem ser obrigatoriamente registrados. Lembre-se que os fatos contábeis são eventos que alteram o patrimônio da empresa de forma qualitativa ou quantitativamente. Os lançamentos são apresentados em ordem cronológica de ocorrência, subsidiados por uma documentação idônea, registrados em livros contábeis e compostos por quatro elementos: (1) data e local, (2) contas, (3) saldos e (4) histórico. 3) Matriz referencial – Plano de contas: a estrutura usada para organizar as contas na escrituração dos fatos contábeis é chamada de Plano de Contas. O mesmo funciona como um parâmetro de ordenação das contas que irão compor os demonstrativos contábeis. A ordenação das contas que compõem esta matriz de referência deve ser personalizada conforme as necessidades da organização. Sua composição é formada pelas contas patrimoniais e de resultado, com naturezas devedora e credora. 4) Demonstrativos contábeis obrigatórios: A partir das Leis 11.638/07 e 11.941/09 a contabilidade brasileira vem passando por um processo de convergência as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS). Os CPCs atuam como pronunciamentos que auxiliam na estrutura e divulgação dos demonstrativos contábeis a partir das normas internacionais. Complementarmente as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC), a partir das Normas Técnicas Gerais (TG), auxiliam na orientação das demonstrações contábeis em nosso país. Atualmente a divulgação obrigatória é dos seguintes demonstrativos: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração do Resultado Abrangente (DRA), Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL), Demonstração do Fluxo de caixa (DFC), Demonstração do Valor Adicionado (DVA) e as Notas Explicativas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 37 5) Relatórios gerenciais: são documentos de cunho interno que apresentam informações relevantes para avaliação de situações e possíveis tomadas de decisões. Sua estrutura é diversificada conforme a necessidade informacional e adaptada às necessidades dos usuários. Ao estruturar relatórios gerenciais é importante você lembrar de algumas características, como (1) saber para quem o relatório está sendo feito, (2) saber o que se espera do relatório (atender as expectativas dos usuários), (3) apresentar informações úteis à pauta a ser analisada / discutida e (4) dispor informações de forma prática e comunicativa. Lembre-se que ao estruturar relatórios gerenciais vale a pena investir em gráficos e tabelas, auxiliando a apresentação de dados. Veja o resumo de tudo que foi abordado nesta aula, na síntese elaborada pela professora Neusa Higa disponível no material on-line. Referências BRASIL. NBC TG 26 (R2). Altera a NBC TG 26 (R1) apresentação das demonstrações contábeis. Diário Oficial da União, 01 de dezembro de 2014, Brasília. BRASIL. NBC TG 03 (R2). Demonstração dos Fluxos de Caixa. Altera a NBC TG 03 (R1) que dispõe sobre demonstração dos fluxos de caixa. Diário oficial da União, 17 de abril de 2014, Brasília. BRASIL. NBC TG 09. Demonstração do Valor Adicionado. Aprova a NBC TG 09 – Demonstração do Valor Adicionado. Diário oficial da União, 28 de novembro de 2008, Brasília. FAVERO, Hamilton Luiz, et al. Contabilidade: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. HENDRIKSEN, Edson. S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2014. IUDICÍBUS, Sérgio. Contabilidade Gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1987. ______; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações: aplicável às demais sociedades. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 38 PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. SÁ, Antonio Lopes. Teoria da Contabilidade. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ______. Fundamentos da Contabilidade Geral. Juruá: Curitiba, 2005. STRASSBURG, Udo. A contabilidade frente aos avanços tecnológicos. Cascavel: Edunioeste, 2004.
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