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82 Unidade II Unidade II 5 PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL Será preciso para nortear os esforços frente à realidade de cada empresa. Necessidades serão identificadas, objetivos serão traçados e as estratégias para atingi-los podem ser variadas. A seguir serão analisadas as etapas para planejar um programa de ginástica laboral. 5.1 Definição dos objetivos do programa A primeira necessidade para planejamento de um programa de ginástica laboral será a definição dos objetivos. Parte dos objetivos pode ser conhecida somente após uma avaliação ser realizada pelo profissional, mas em algumas situações a própria empresa define as metas importantes a serem buscadas com a proposição do programa, devendo estas ser analisadas pelo profissional de ginástica laboral. Para Berté Júnior (2006, p. 6), alguns dos objetivos da ginástica laboral são: Reduzir a fadiga muscular. Promover consciência corporal, saúde e bem-estar. Promover integração entre os trabalhadores. Reduzir o número de acidentes de trabalho. Aumentar a motivação e disposição para o trabalho. Prevenir doenças ocupacionais. Quando os objetivos de implantação da ginástica laboral não são apenas a melhoria da produtividade relacionada aos casos de LER/Dort ou outras questões de saúde, setores internos podem se unir para justificar a contratação de um serviço de ginástica laboral em conjunto com objetivos institucionais diversos. Por exemplo: • melhor entrosamento entre os trabalhadores do mesmo setor; • melhor entrosamento entre trabalhadores de setores diferentes; • melhoria na imagem interna e externa da empresa; 83 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Apesar de alguns desses fatores estarem relacionados com a produtividade, estão fora do escopo dos problemas de saúde. Nesses casos, o profissional de ginástica laboral não tem condições de avaliá-los como necessidades, mas pode levá-los em consideração ao programar as atividades que serão propostas ao longo do programa. Importante ressaltar o critério do profissional quanto à definição dos objetivos e propostas do programa. Tomando como exemplo um trabalhador de descarga de caminhão que falta ao trabalho por dor lombar, certamente seria beneficiado por um treinamento para fortalecimento muscular. Todavia, pela curta duração da sessão de ginástica laboral – poucos minutos –, não é possível obter resultados de fortalecimento em comparação à carga de trabalho já exercida em uma jornada de oito horas, pois não há condição de submetê-lo a cargas ainda maiores em tão pouco tempo de duração. Assim, uma estratégia mais plausível para subtrair o absenteísmo neste caso poderia incluir relaxamento, compensação ou alongamentos para diminuir a sobrecarga e compensá-la em vez de propor mais situações de aumento de carga. Figura 51 – Atividades de ginástica laboral no pátio em frente à empresa podem mostrar à população que passa pelo local que a entidade se preocupa com os trabalhadores, com sua saúde ou com boas práticas Disponível em: https://bit.ly/30iSUzk. Acesso em: 12 nov. 2021. Alguns dos objetivos relacionados à saúde e à produtividade podem estar predefinidos em verificações anteriores da própria empresa, antes mesmo de o profissional de ginástica laboral ter sido contratado, pois relatórios internos podem revelar quais setores estão sofrendo mais com o número de faltas ao trabalho por motivo médico, ou a queda na produtividade por fatores humanos, ou ainda um número elevado de afastamentos do trabalho. Nessa realidade, o profissional de ginástica laboral pode solicitar reuniões com os agentes envolvidos para tomar conhecimento sobre o diagnóstico já realizado, planejar avaliações complementares que sejam importantes em sua proposta e entender as manifestações do problema em questão. 84 Unidade II Observação Se uma empresa tem o objetivo de diminuir o índice de faltas ao trabalho, o profissional de ginástica laboral deve pesquisar quais os principais motivos de faltas, para depois poder traçar os objetivos do programa. 5.2 Avaliação inicial O planejamento de um programa de ginástica laboral deve iniciar-se com uma avaliação para diagnosticar o quadro em que se encontram os trabalhadores. Também será importante levantar informações sobre como o programa poderá ser implantado. Essa avaliação pode ser feita conjugando-se diversas fontes de informação que estiverem disponíveis. A seguir estudaremos algumas delas. 5.2.1 Reunião com os gestores Uma entrevista com os gestores de diversos níveis hierárquicos permite, além dos dados concretos de problemas identificados por eles, descobrir o que os gestores esperam do programa. Contudo, nem sempre essa visão é condizente com a realidade, podendo a entrevista proporcionar um alinhamento de expectativas. Como exemplo de dados a serem obtidos nessa reunião, estão as informações sobre tarefas desenvolvidas pelos trabalhadores, estrutura local, característica do departamento, necessidades especiais, definição de prazos etc. Com os gestores, pode-se avaliar os horários, a frequência, a duração e os locais para a prática da ginástica laboral, o agrupamento de setores, a ponderação sobre as atividades etc. 5.2.2 Reunião com o médico do trabalho/departamento médico O médico do trabalho, quando presente na empresa, pode passar dados importantes sobre os casos mais frequentes de necessidade de atendimento, de condução para tratamento, de acidentes, tipos de problemas que atualmente estão sob sua atenção, dores relatadas mais frequentemente pelos trabalhadores etc. Pode ainda ajudar a entender a dinâmica da incidência de questões de saúde na empresa. A relação com o departamento médico deve persistir, proporcionando ao profissional de ginástica laboral acesso a informações que contribuam com o programa. 5.2.3 Reunião com os membros da Cipa Quando instalada e atuante, a Cipa (NR 5) tem papel vital na prevenção de acidentes, e um olhar crítico dos trabalhadores que integram a Cipa pode proporcionar ao profissional de ginástica laboral um panorama na visão deles, que talvez inclua fatores diferentes da ótica médica. A Cipa também deve estar integrada com o programa, pois é em favor dos trabalhadores que este será executado. 85 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Figura 52 – Reunir-se com os gestores e instâncias internas de uma empresa pode trazer informações importantes para o projeto de ginástica laboral Disponível em: https://bit.ly/3kwCElL. Acesso em: 12 nov. 2021. Lembrete O planejamento de um programa de ginástica laboral deve iniciar-se com uma avaliação para diagnosticar o quadro em que se encontram os trabalhadores. 5.2.4 Reunião com o setor de RH O contato com o setor de gestão de pessoas, benefícios ou departamento pessoal visa obter dados sobre a situação atual da empresa no que se refere a faltas, afastamentos, problemas de saúde, necessidades de acompanhamento, melhorias, relações humanas na empresa etc. Com atribuições variadas, setores que atuam nessa esfera possuem dados que podem ser valiosos para o profissional de ginástica laboral poder planejar o programa a ser implantado. 5.2.5 Contatos com os departamentos interessados Dependendo dos processos internos da empresa, pode haver mais interessados em participar da implantação da ginástica laboral. O responsável pelo contato com o profissional pode ser um elo importante para o levantamento de dados em diferentes setores. Por exemplo, até o departamento jurídico pode ter interesse de que seja executada a ginástica laboral em um setor com muitos litígios ou casos em andamento. O profissional de ginástica laboral deve investigar as melhores possibilidades de obter informações relevantes para que o programa consiga atingir os objetivos propostos. 86 Unidade II 5.2.6 Aplicação de questionários ou entrevistas A verificação de necessidades diretamente com os colaboradores pode ser feita por questionários ou através de entrevistas. Com o consentimento da empresa, é possível realizar conversas informaisou entrevistas estruturadas para obter entendimento das tarefas e sobrecargas sentidas pelos trabalhadores no dia a dia. Alguns questionários que já foram validados em pesquisas podem ser adaptados, ou pode-se criar um questionário próprio. Os questionários permitem avaliar regiões corporais com dor, grau de satisfação com o trabalho, dificuldades encontradas durante o trabalho, relacionamento interpessoal e com a chefia imediata, estresse, entre outros parâmetros. Dependendo do nível educacional dos trabalhadores, alguns questionários podem ser mais simples, usando figuras e espaços para marcar X, enquanto outros podem ser bastante complexos, até mesmo para trabalhadores com nível educacional superior preencherem sozinhos, devendo ser entrevistados para que seja possível completá-los. Uma forma simples de identificar desconfortos musculares é o mapa corporal, no qual o próprio trabalhador assinala com um X ou com uma graduação (1 a 5, por exemplo) a região onde sente desconforto. Um dos questionários utilizados em pesquisas sobre queixas de dores é o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO, ou Nordic Musculoskeletal Questionnaire – NMQ), traduzido para o português e apresentado no trabalho de Machado Jr. et al. (2012), que concluiu que as queixas cervicais mostraram resultados positivos através da ginástica laboral, comparando indivíduos praticantes e não praticantes de ginástica laboral em uma instituição financeira. Saiba mais Para saber mais sobre a aplicação do Questionário Nórdico, leia: SANTOS, V. M. dos et al. Aplicação do Questionário Nórdico Musculoesquelético para estimar a prevalência de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho em operárias sob pressão temporal. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 35., 2015, Fortaleza. Anais... Fortaleza: Abepro, 2015. Disponível em: https://bit.ly/3kJE3oZ. Acesso em: 12 nov. 2021. Em alguns casos de diagnóstico, que não necessitam de comparação na literatura científica, questionários podem ser criados para investigar situações específicas. Em outros casos, deve-se usar um questionário já validado em estudos. A seguir, destacamos a reprodução de questionário diagnóstico utilizado para detectar dores e postura usual em trabalhadores para um estudo de Candotti, Stroschein e Noll (2011): 87 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Quadro 8 NOME:____________________________________________________________________ IDADE:_____________________________ MASSA CORPORAL:____________________ ESTATURA:_________________________________________________________________ SETOR:________________________________________________________________ TEMPO NESTE CARGO:________________________________________________________ 1) Você sente dor? ( ) sim ( ) não 2) Em que horário esta dor se manifesta? a) antes do trabalho ( ) b) durante o trabalho ( ) c) após o trabalho ( ) 3) Qual a frequência em que você sente esta dor? a) 1 vez por semana ( ) b) 2 vezes por semana ( ) c) todos os dias ( ) 4) Esta dor interfere em suas atividades diárias (lazer, afazeres domésticos, estudos, trabalho)? ( ) sim ( ) não ( ) às vezes 5) Circule nas escalas abaixo a intensidade da sua dor, referente a cada segmento do corpo: e) referente ao braço: 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10. f) referente a punho/mão: 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10. g) referente ao pescoço: 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10. h) referente às costas: 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10. i) referente às pernas: 0 – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10. 6) Você pratica atividade física regularmente, além da ginástica laboral? ( ) sim ( ) não 7) Marque a figura abaixo que melhor representa sua postura durante o trabalho: A) C) B) D) Figura 53 Fonte: Candotti, Stroschein e Noll (2011, p. 713-714). 88 Unidade II Realizando pesquisas mais aprofundadas, encontram-se na literatura diversos instrumentos aplicáveis que podem suprir a necessidade de conhecimento do problema nos trabalhadores que se quer avaliar.Por exemplo, é possível citar a avaliação simplificada do risco de lombalgia de Silva Jr., Buzzoni e Morrone (2016), composta de 13 perguntas com resposta dicotômica (sim/não), e ainda a avaliação simplificada do risco de ocorrência de distúrbios musculoesqueléticos de membros superiores relacionados ao trabalho, com 26 perguntas com resposta dicotômica (sim/não). Lembrete O profissional de ginástica laboral deve investigar as melhores possibilidades de obter informações relevantes para que o programa consiga atingir os objetivos propostos. 5.2.7 Observação in loco Aliada às formas anteriores de obtenção de dados e informações, a observação in loco possibilitará ao profissional de ginástica laboral conhecer: dinâmica do trabalho, fontes estressoras do ambiente, condições ambientais, questões ergonômicas, efetividade das pausas existentes, setores com dificuldades de quaisquer naturezas etc. Além das características da realização das tarefas e do reconhecimento dos ambientes, a observação in loco permitirá uma análise para o planejamento da proposição das atividades de ginástica laboral, identificando a quantidade de trabalhadores em cada setor, a proximidade entre os setores, a existência de local adequado e com espaço suficiente próximo ao posto de trabalho em que se possa reunir os indivíduos, a área no próprio departamento no caso de realização da ginástica laboral lá, a existência de risco (máquinas funcionando, áreas perigosas, ruído excessivo), a impossibilidade técnica para aplicação (atividades que exigem silêncio ou que são perigosas) etc. 5.3 Duração das sessões de ginástica laboral O conceito de pausas durante o trabalho é bem estudado e, dependendo da natureza das tarefas, existem propostas de pausas que tornam mais produtivo o período de trabalho como um todo. Tabela 7 – Indicação de pausas de acordo com a situação de trabalho Situação de trabalho Indicação de pausas Trabalho com movimentos repetitivos Pausas curtas de 3 a 5 minutos por hora trabalhada, reduzindo a fadiga e aumentando o potencial de atenção prolongada. Trabalho pesado ou em ambientes quentes ou frios Pausas dosadas pare que a carga horária máxima suportável não seja ultrapassada. Trabalho físico ou mental médio Pausa de 10 a 15 minutos durante a manhã e outra à tarde. 89 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Situação de trabalho Indicação de pausas Trabalhos corn elevada exigência mental Além das pausas maiores de 10 a 15 minutos, prever uma a duas pausas curtas por turno, de 3 a 5 minutos. No aprendizado de habilidades ou trabalho de aprendizes Dosar as pausas conforme a dificuldade das habilidades a serem aprendidas. Fonte: Grandjean (1998, p. 176). A pausa, em si, já é um alívio à sobrecarga das tarefas cumpridas pelo trabalhador. Uma justificativa à implantação da ginástica laboral passa a ter sentido, pois tornará a pausa simples em uma atividade especificamente benéfica ao organismo. Tabela 8 – Tempo de pausa por hora trabalhada de acordo com a situação de trabalho Pausa por hora trabalhada Situação de trabalho 5 minutos Repetitividade, sem possibilidade de rodízio 10 minutos Repetitividade e alta intensidade de força ou desvios posturais 15 minutos Repetitividade, alta intensidade de força e desvios posturais Fonte: Couto et al. (1998, p. 334). Pode-se, nesse momento de quantificação e análise das pausas, fazer menção aos estudos de Kroemer e Grandjean (2005) sobre a natureza das pausas do trabalho, classificadas como: pausas voluntárias – decisão do trabalhador para recuperação rápida; pausas mascaradas – trabalhos colaterais que desviam a atuação da repetitividade, embora se continue trabalhando: limpeza da mesa, buscar um papel na impressora; pausas necessárias – induzidas pela dinâmica externa, como aguardar o término de uma impressão, tempo de espera na linha telefônica; e pausas obrigatórias – determinadas pela legislação ou pela empresa.Autores acentuam diversas possibilidades de duração da sessão de ginástica laboral, muitas vezes definida pela disponibilidade de tempo frente à rotina do trabalho exercido. A diferença de abordagens tem sido relatada como um desafio para comparação da efetividade de programas. Grande, Silva e Parra (2014, p. 56) ilustram diferenças entre os programas por eles analisados: • Japão: 10-15 minutos, antes da jornada. • EUA: em média 30 minutos de duração. • Brasil: 10 a 15 minutos, no início, no meio ou no fim da jornada. Em significativa incidência nos programas de ginástica laboral, as sessões variam entre 10 e 15 minutos, chegando em alguns casos a 20 minutos. Muitas vezes, as empresas desejam limitar o tempo de sessão a poucos minutos, visando despender menor tempo a esta atividade, o que nem sempre é positivo. Há também o problema de que a dinâmica do trabalho sendo executado não permite um intervalo suficiente para realização de uma sessão com uma duração adequada, possibilitando apenas uma pequena pausa, que pode caracterizar-se como pouco produtiva para provocar resultados através da ginástica laboral. 90 Unidade II As sessões de ginástica laboral muito curtas têm uma efetividade limitada devido ao baixo número de repetições, à pouca quantidade de exercícios e ao menor tempo para correções ou orientações. Assim, deve-se esperar uma menor eficiência no programa que tenha uma limitação importante no seu tempo de execução, embora parte dessa desvantagem possa ser amenizada pela frequência diária de aplicação da ginástica laboral. Deve-se estar atento, pois o gasto de tempo para mobilização dos trabalhadores para uma sessão curta é o mesmo do que em uma sessão mais longa, ou seja, o tempo investido menos aproveitado é proporcional. Por outro lado, as sessões de ginástica laboral muito longas tendem a influenciar negativamente na adesão. Um tempo muito longo de sessão pode confrontar o trabalhador com a decisão entre participar da sessão e atrasar seus afazeres, ou simplesmente não participar. Assim, o evento passa a ter menor efetividade para o programa, pois não vai garantir participação significativa dos trabalhadores. O efeito prático que se poderia esperar seria de bons resultados para os trabalhadores que participam de uma sessão longa, mas pouca influência na produtividade total, pela baixa adesão. Em sua pesquisa, Dishman (1988) destaca trabalhadores que iniciavam programas de atividades físicas com durações diferentes. Os grupos foram avaliados quanto à permanência do indivíduo na atividade, comparando-se as diferentes durações de sessões. Notou-se que durações longas de sessão tendem a ter maior evasão, provavelmente porque os funcionários passavam a se preocupar com as tarefas de seu trabalho que não estavam sendo cumpridas. O profissional de ginástica laboral deverá conhecer o comportamento dos colaboradores e a dinâmica da empresa para buscar o melhor equilíbrio possível entre o tempo disponibilizado e a efetividade do programa. 5.4 Locais para realização da ginástica laboral As áreas onde ocorrerão as sessões de ginástica laboral devem ser definidas com antecedência, na fase de avaliação inicial. Esses espaços podem ser sugeridos pela empresa, visando fluxo dos trabalhadores, segurança, menor interferência naqueles que continuarão trabalhando etc. Também é importante o profissional de ginástica laboral fazer sugestões sobre o local para a prática, para verificar se há objeções da entidade. Normalmente, procura-se optar por um local de fácil acesso, muitas vezes no posto de trabalho, na própria sala ou ambiente por falta de área próxima em condições superiores. Quando possível, pode-se planejar usar um ambiente aberto, permitindo ao indivíduo respirar ar puro, ou isolar-se um pouco mais de onde trabalha. Nesse contexto, avalia-se o percurso a realizar dentro da empresa, levando em conta os locais a serem atendidos, os horários e o número de colaboradores em cada espaço, para traçar a melhor opção de rota para atendimentos sucessivos. Depois, define-se junto com a organização onde cada tarefa pode ser mais bem realizada. Em alguns casos, repetições de sessão no mesmo lugar, revezando os colaboradores; em outros casos, uma sequência de locais diferentes escolhidos apropriadamente. 91 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL 5.5 Possibilidades de integração da ginástica laboral com outros programas de incentivo à saúde e qualidade de vida do trabalhador No planejamento de um programa de ginástica laboral, deve-se levar em conta outras ações concomitantes, que já ocorreram ou que possam vir a ser executadas, dentro de um contexto geral de incentivo à saúde e qualidade de vida do trabalhador. Estudos mostram que a qualidade de vida tem importante relação com o domínio físico (SILVA et al., 2010). Por conta dessa possibilidade de atuação em conjunto com outras ações, em muitas empresas podem ser formadas equipes multidisciplinares, com professores de educação física, fisioterapeutas, ergonomistas, nutricionistas, psicólogos, médicos, engenheiros do trabalho etc. Qualidade de vida geral, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1995 apud FERNANDES et al., 2011, p. 1), envolve a “autopercepção do indivíduo no contexto da cultura e nos sistemas de valores em que ele vive, relacionando com seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Lipp (2004) identifica os seguintes tópicos para determinação da qualidade de vida geral: • trabalho/condições de trabalho; • recursos econômicos; • escolaridade; • saúde/acesso aos serviços de saúde; • relações familiares; • habitação; • nutrição; • lazer. Uma área específica de interesse é a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS), em inglês Health-Related Quality of Life (HRQOL-QVS-80), que é menos direcionada aos fatores sociológicos e diretamente ligada a saúde, sintomas físicos, toxicidade, funções físicas, emocionais, cognitivas e sexuais, aspectos sociais, estado funcional e possíveis consequências desses fatores (DINIZ, 2013). Saiba mais O QVS-80 é um instrumento que permite avaliar parâmetros da qualidade de vida no trabalho (QVT) segundo quatro domínios: saúde, atividade física, ambiente ocupacional e percepção da qualidade de vida. Leia sobre o QVS-80 e os fatores envolvidos com a saúde e a qualidade de vida no ambiente corporativo: 92 Unidade II VILARTA, R.; GUTIERREZ, G. L. (Org.) Qualidade de vida no ambiente corporativo. Campinas: Ipes, 2008. Disponível em: https://bit.ly/3HntMJ3. Acesso em: 12 nov. 2021. A qualidade de vida no trabalho é um tema cada vez mais importante quando gestores e empresas se preocupam com produtividade. E a saúde do funcionário pode ser incrementada por meio de ações que atendam a necessidades de sua vida também fora da organização, pois um indivíduo com hábito de praticar atividades físicas regulares fora da empresa terá, também em sua vida profissional, os efeitos benéficos de uma saúde melhor. Saúde corporativa, segundo Silva e De Marchi (1997), é a “soma das áreas assistencial, ocupacional, preventiva e de promoção da saúde”, buscando por meios educativos a conscientização dos indivíduos para gerenciar “seu estilo de vida, tornando-o mais saudável, feliz e produtivo”. Para os autores, um programa de qualidade de vida e promoção da saúde deve melhorar saúde e estilo de vida, disposição geral, nutrição e diminuir os riscos cardíacos. Assim, ilustraremos a seguir algumas iniciativas que podem ser realizadas com alguma proximidade ao programa de ginástica laboral de forma a enriquecer o resultado final, em comum, que é a boa condição de saúde do trabalhador. Saiba mais O texto a seguir destaca valiosas informações a respeito dos participantes do programa de ginástica laboral. BRITO, E. C. O.; MARTINS, C. O. Percepções dos participantes de programa de ginástica laboral sobre flexibilidade e fatores relacionados a um estilo de vida saudável. Revista Brasileira de Promoção da Saúde, v. 25, n. 4,p. 445-454, 2012. 5.5.1 Programas de ergonomia Programas de ergonomia e de ginástica laboral se complementam claramente em busca de um ambiente de trabalho e uma execução de tarefas que não agridam o indivíduo. Muitas vezes, a empresa implantará os dois programas ao mesmo tempo, e os profissionais envolvidos devem estabelecer um canal de comunicação facilitador de resultados positivos. Pode-se atuar em conjunto na análise das tarefas, na correção de posturas, na definição de pausas e atividades etc. 93 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Para Martins e Duarte (2000, p. 12), o programa ergonômico é absolutamente necessário, pois sem ele as sessões de ginástica laboral seriam apenas um paliativo momentâneo, já que alguns minutos de alongamento e relaxamento não seriam capazes de atuar com eficácia sobre a má postura ocasionada por um mobiliário antiergonômico ou tarefas deficientemente prescritas, realizadas durante seis ou oito horas. Os profissionais de ginástica laboral devem, ainda, ter precaução para não interferir negativamente no trabalho do profissional de ergonomia, pois nem sempre as ações podem ter o mesmo ritmo de implantação. Por exemplo, ele não deve criticar a não existência ou cobrar a aquisição de apoios para os punhos dos digitadores, pois a ênfase do programa de ergonomia pode ser outra naquele momento. 5.5.2 Academia in loco Algumas organizações ou centros empresariais conjugados oferecem um serviço de academia, implantado no próprio local, podendo ser utilizado por trabalhadores antes ou após o expediente. Os custos podem ser cobertos pela empresa, mas muitas vezes podem ser compartilhados com o trabalhador, que paga parte da mensalidade, enquanto a empresa paga o restante, gerando uma percepção de benefício e responsabilidade. O profissional de ginástica laboral deve tomar conhecimento sobre tal iniciativa, assimilando as indicações e limitações de seu uso, podendo recomendar sempre que necessário a participação complementar em casos como obesidade, limitações físicas e necessidades particulares não atendidas pela ginástica laboral. Do mesmo modo, ao buscar integração, o profissional da academia pode passar a recomendar aos seus matriculados a participação na ginástica laboral, de modo a aumentar a adesão ao programa. Figura 54 – Uma academia in loco pode ser forte aliada de um programa de ginástica laboral, embora tenha diferentes objetivos Disponível em: https://bit.ly/3HleZOP. Acesso em: 12 nov. 2021. 94 Unidade II 5.5.3 Grupos de caminhada, ginástica ou corrida Algumas empresas executam diversas práticas de atividades físicas e de lazer também com o objetivo de proporcionar boas condições de saúde a seus trabalhadores. O programa de ginástica laboral pode incentivar a adesão a esses programas, que, por sua vez, podem aumentar a conscientização para participação dos trabalhadores na ginástica laboral. 5.5.4 Programa de nutrição ou combate à obesidade De modo similar ao caso anterior, é possível integrar ações como educação nutricional ou combate à obesidade em busca do objetivo da saúde integrada. A ginástica laboral não provoca perda calórica suficiente para redução de peso, mas seu caráter educacional pode contribuir para que o indivíduo se conscientize da importância de cuidar de sua saúde, e haja maior adesão ao programa nutricional ou de perda de peso. Por outro lado, ao buscar uma convergência de atuações, o programa de combate à obesidade ou de educação nutricional pode contribuir para a conscientização do trabalhador em participar de outras ações de saúde, como a ginástica laboral. Figura 55 – A qualidade (e a quantidade) dos alimentos nas refeições realizadas na empresa e os hábitos alimentares em casa são alvo de campanhas de conscientização nutricional e combate à obesidade, em busca da saúde dos trabalhadores. A integração dos programas pode ser benéfica para os resultados de ambos Disponível em: https://bit.ly/3kt4ZcA. Acesso em: 12 nov. 2021. 5.5.5 Possibilidades de integração com outros programas de qualidade de vida e saúde no trabalho Programas de promoção de saúde e qualidade de vida abrangentes ou específicos estão sendo utilizados nas empresas para preservar o capital humano. A ginástica laboral comumente faz parte dessa estrutura, embora às vezes seja aplicada separadamente. 95 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Há uma grande diversidade de iniciativas que podem ser implementadas nas organizações, muitas vezes sendo escolhidas devido a área de atuação da empresa, faixa etária ou interesses dos trabalhadores, objetivos estratégicos ou outras decisões. Algumas das ações podem visar sobretudo o relaxamento, como salas de descompressão com TV ou video games, redes de descanso ou almofadas para leitura, jardim ou espaço zen. Em uma empresa de tecnologia de São Paulo, foi instalado um local para pequenos cochilos, com privacidade e iluminação controlada. Algumas iniciativas podem, por exemplo, premiar os mais assíduos participantes da ginástica laboral com uma sessão de quick massage (massagem expressa na qual não é necessário retirar a roupa ou deitar-se na maca). Sobre essa atribuição de espaço durante uma pausa, a OIT (2018) propõe que o local seja separado, longe do barulho ou de perturbações, para que o trabalhador possa se recuperar, não somente descansando, mas se preparando para em seguida voltar a produzir em melhores condições. Outras sugestões são que haja mobília confortável e atmosfera relaxante, utilização de plantas e boa ventilação, água e instalações sanitárias adequadas e soluções de baixo custo, como um toldo permitindo acesso à área externa e sombra. Quando além do relaxamento a empresa deseja provocar alguma movimentação ou até mesmo o combate ao sedentarismo, pode-se instalar bicicletas para empréstimo, jogo de dardos, bicicleta ergométrica, cesta de basquete (bolas de espuma), máquina de remada ou até bonecos próprios para golpear com socos. Figura 56 – Para extravasar a tensão, algumas empresas possuem salas de descompressão, possibilitando um local para sentar-se e ouvir música, ou mesmo para praticar dardos ou golpear um objeto Disponível em: https://bit.ly/3wEqex3. Acesso em: 12 nov. 2021. Se houver integração dentro de uma filosofia convidativa, todas essas ações vão gerar diferentes estímulos à saúde física e psicossocial dos indivíduos no trabalho, podendo ser valorizadas pelo programa de ginástica laboral, aumentando sua adesão. A integração mostra-se importante, pois muitos dos gastos das empresas podem vir de situações não diretamente impactadas pela ginástica laboral, mas de relevância coadjuvante ao programa. Silva e De Marchi (1997) sintetizam um exemplo dos gastos com saúde dependendo do estilo de vida do trabalhador: 96 Unidade II Tabela 9 – Aumento de despesas em grupos específicos relacionado a hábitos e condições de saúde Sedentários 36% Maiores as despesas com saúde 54% Maior o tempo de internação Obesos 8% Maiores as despesas com saúde 85% Maior o tempo de internação Fumantes 40% Maior a taxa de absenteísmo 25% Maiores as despesas de saúde 114% Maior o tempo de internação Fonte: Silva e De Marchi (1997, p. 138). 5.6 Planejamento do programa de ginástica laboral Não há uma única forma de planejar o programa de ginástica laboral para obter sucesso. As diversas realidades nas empresas vão determinar quais os fatores mais críticos em cada caso, cabendo ao profissional de ginástica laboral entender as necessidades e a melhor forma de atuação naquele caso. É importante haver um processo de abordagem que permita orquestrar todas essas variáveis. Cañete (2001) propõe uma divisão em cinco fases: levantamento de necessidades (diagnóstico), informação (sensibilização), implementação (projeto piloto), desenvolvimento e consolidação (todos os setores), e comprometimento (interiorização). Mendes e Leite (2012) fazem uma proposta de quatro fases do projeto de ginástica laboral: • Fase 1 – estruturação: englobaa composição do grupo de trabalho e a obtenção de levantamentos, com dados de cada setor, traçando-se um perfil do público-alvo, das tarefas realizadas no trabalho (espaço físico). • Fase 2 – planejamento: envolve o planejamento em si, quando é feita a seleção das atividades, a escolha dos exercícios, a determinação de horários e a tarefa de sensibilização e divulgação. • Fase 3 – execução: refere-se à implantação do programa de exercícios, cabendo ao profissional de ginástica laboral não apenas ministrar os exercícios, mas também trabalhar continuamente para a motivação. Deve-se prever um período para aplicar o projeto piloto no grupo escolhido, em geral com a duração de 3 a 6 meses. • Fase 4 – avaliação do programa: realizada após a implantação do projeto piloto ou em continuidade a cada 3 ou 6 meses, mensura os parâmetros conquistados e não conquistados para estudar as alterações necessárias no programa. 97 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL O planejamento tem a seguinte proposta de divisão: geral, mensal (segmentação em períodos), semanal e da sessão. Os três primeiros níveis são realizados como planejamento de longo prazo, prevendo e estudando o que ocorrerá no andamento do projeto, enquanto o último passo é o planejamento da sessão em si, que também deve ser avaliado com antecedência e ser integrado ao restante do programa, como veremos adiante. Planejamento geral É uma visão do programa como um todo. Nele estarão contidas as ideias gerais, considerando as necessidades da empresa. Deve prever a aplicação de uma avaliação inicial e a determinação dos objetivos para cada setor. O planejamento geral pode prever no início da implantação a possibilidade de um projeto piloto, que é a execução de maneira controlada em uma parte do escopo, por exemplo, em apenas um turno, ou alguns departamentos menos conturbados, ou mais participativos etc. Assim, conhecendo as consequências da introdução, as demandas geradas, as repercussões perante os trabalhadores e qualquer interferência na dinâmica diária daquele setor, em seguida é possível estabelecer o projeto nos demais departamentos ou no restante da empresa, já prevendo as ações testadas para facilitar o processo. Vejamos um exemplo de um projeto piloto. Considere que uma empresa queira implantar um grande projeto de ginástica laboral em diversas cidades. Ao programar um projeto piloto em uma unidade que se deseja testar como modelo, pode-se entender as variáveis não previstas, como o tempo de deslocamento entre dois setores, a demora entre a chegada do profissional e o início da atividade em si, a necessidade de alguma adaptação de abordagem etc. Se o responsável pela ginástica laboral e o(s) seu(s) interlocutor(es) na empresa puderem avaliar a experiência da implantação do projeto piloto, a sequência com a introdução nas demais cidades será feita já abrangendo os ajustes necessários, minimizando as ocorrências indesejáveis nessa fase final. Planejamento mensal Em um segundo nível, o planejamento seguirá prevendo a segmentação do período total em partes ou ciclos. Pode variar dependendo da exigência do projeto. Assim, é possível usar essa divisão em planejamento mensal, semestral ou trimestral – ou mesmo uma combinação entre estes. Exemplificando em ciclos mensais, um planejamento pode determinar que o primeiro mês deve ter como objetivo adicional a melhor integração entre os trabalhadores, e o ciclo seguinte pode ter intenção de desenvolver uma melhor consciência corporal, com objetivos definidos para tais ciclos. Isso permitirá que nos ciclos subsequentes possam ser aproveitados ao máximo os esforços do programa com as preocupações iniciais de integração e consciência corporal. 98 Unidade II Sem se afastar dos objetivos gerais fixados pelo programa, os ciclos podem incluir algumas metas momentâneas, ou somente usar estratégias diferenciadas para a sua realização. Poderia, no exemplo citado, usar atividades em duplas e trios no início do programa, promovendo interação social, enquanto trabalha os movimentos necessários para alcançar os objetivos físicos já definidos como importantes. Pensando em diversos setores ao mesmo tempo, um planejamento diferenciado pode prever um ciclo do programa no qual haverá mais frequência de atuação em um departamento crítico, em que se deseja diminuir emergencialmente o número de ocorrências de dor, do que em outro setor, já deixando estipulado que no ciclo seguinte, quando já se tiver conseguido alguma estabilização no quadro, poder-se-á adotar uma frequência menor, permitindo o deslocamento do profissional de ginástica laboral para um setor que até então não havia sido atendido por ser menos emergencial. Planejamento semanal O terceiro nível de planejamento segue também a possibilidade de flexibilidade. Aqui servirá como referência para a variabilidade do programa, não pela exata frequência necessária ser semanal, mas como base de comparação. Alguns planejamentos usam como referência um mês; outros, cada sessão separadamente. Um programa de ginástica laboral deve perseguir seus objetivos principais constantemente, mas não deve propor atividades repetitivas, com o risco de tornar-se desmotivador. Ao propor a base semanal como referência, espera-se que o profissional de ginástica laboral implemente alterações em suas rotinas de exercícios com certa frequência – a elaboração de cada sessão será estudada depois. O profissional de ginástica laboral que usar a referência semanal pode prever um mesmo exercício em todas as sessões daquela semana – ou então definir que seja vital realizar sempre exercícios diferentes. O que mais importa é ter controle sobre a dinâmica, perseguindo os objetivos e estipulando uma rotina de variações que o grupo aceite como motivadora. A decisão de repetir o mesmo exercício ao longo de uma semana pode ser justificada alegando-se que o trabalhador pode assimilar melhor a sua execução, perceber a posição do corpo e as sensações da realização, dominando algum movimento específico, o que não ocorreria sem a possibilidade de repetição. Não há necessidade, entretanto, que todos os exercícios da sessão sejam repetidos. Pode-se decidir repetir um exercício complexo ao longo de todas as sessões da semana, enquanto outro exercício pode ser alterado. O profissional de ginástica laboral vai encontrar a melhor organização do programa conforme as necessidades locais. Tomando como exemplo a importância da flexibilidade da região lombar para diminuir as queixas de dores como um dos objetivos principais do programa de ginástica laboral, se a decisão é pela maior variedade de exercícios, o plano da semana deve prever, por exemplo, três diferentes realizações de flexão da coluna lombar. O primeiro exercício poderia ser na posição em pé, com os pés juntos e os joelhos estendidos, flexionando o tronco à frente até onde for confortável para cada trabalhador. 99 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Na sessão seguinte, a flexão do tronco à frente com as pernas afastadas lateralmente uma da outra, e como terceira opção de variação do exercício em outra sessão, a realização da flexão do tronco à frente a partir da posição sentada, na própria cadeira de trabalho. Desse modo, o objetivo estaria sempre sendo buscado, mas com o planejamento semanal prevendo a variabilidade de exercícios para a região corporal trabalhada. Planejamento da sessão É o quarto nível do planejamento dessa abordagem, descrevendo cada sessão de ginástica laboral quanto a objetivos específicos, exercícios a serem realizados e sua respectiva quantificação (amplitude, número de repetições, tempo de execução, tempo de permanência em posição estática etc.), possibilitando a planificação do tempo de sessão, como será visto no tópico a seguir. Lembrete Apesar de a monotonia não ser desejável, pode ser que em algumas situações a possibilidade de repetição de um movimento seja proveitosa. Cabe ao profissional de ginástica laboral decidir conforme cadarealidade. 6 PLANEJAMENTO DAS SESSÕES DE GINÁSTICA LABORAL As sessões de ginástica laboral são a menor unidade desse programa de implementação, e são a instrumentalização para o alcance dos objetivos. O planejamento das sessões deve prever as características dos clientes e os conteúdos a abranger, de acordo com os objetivos propostos e as estratégias a serem utilizadas. 6.1 Característica dos clientes Os trabalhadores de uma empresa nem sempre realizam atividades físicas regulares ou diversificadas. Por isso, o profissional de ginástica laboral deve avaliar com cuidado a vivência dos seus clientes e as possibilidades de realização de movimentos por eles, de forma a preservar os participantes, evitando que se machuquem e utilizando movimentos que sejam compreensíveis e executáveis inicialmente dentro de seu repertório motor, e ao longo do programa aumentar gradativamente as possibilidades. A fim de dar meios de análise ao profissional de ginástica laboral sobre a realidade do cliente, pode-se analisar alguns gráficos elaborados pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), em sua publicação sobre atividades físicas e esportivas para todas as pessoas (PNUD, 2017). No primeiro gráfico a seguir, quando analisada a prática de atividades físicas e esportivas por faixa etária e sexo, nota-se em primeiro lugar a grande diferença entre o sexo masculino e o feminino nos primeiros 40 anos, com gradativo declínio do percentual de prática do sexo masculino até ambos 100 Unidade II igualarem-se (em níveis baixos) de 50 anos em diante. Ao planejar atividades de ginástica laboral, o profissional deve estar ciente dessa característica populacional, levando em conta, logicamente, a atividade física exercida em alguns tipos de funções laborais. 80 70 60 50 40 30 20 % 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou + Homens Mulheres Figura 57 – Proporção de praticantes de atividades físicas e esportivas no Brasil segundo faixa etária e sexo Fonte: PNUD (2017, p. 102). Em seguida, ainda avaliando a clientela populacional, pode-se verificar como ocorre a prática de atividades físicas e esportivas segundo a renda domiciliar, comparando-se as realidades encontradas entre as pessoas com baixa renda e sem renda e as que estão na faixa de cinco salários mínimos ou mais, o que sugere uma graduação desse comportamento segundo a faixa salarial. Essa visão pode auxiliar o profissional de ginástica laboral a entender os hábitos e necessidades de diferentes setores nas empresas: 80 70 60 50 40 30 20 10 % 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou + Sem rendimentos a menos de ½ salário mínimo 5 salários mínimos ou mais Figura 58 – Proporção de praticantes de atividades físicas e esportivas no Brasil segundo as faixas de rendimento mensal domiciliar per capita e a idade Fonte: PNUD (2017, p. 103). Outra análise que pode ser realizada é quanto aos motivos da busca da prática de atividades físicas e esportes pela população, dividindo essa procura em faixas etárias. O profissional de ginástica laboral pode 101 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL examinar na tabela a seguir as características dessa procura diferenciada e tentar entender em relação a seu público local os gostos ou as necessidades de adequação a faixa etária e interesses específicos. Tabela 10 – Percentual da população segundo o motivo para prática de atividades físicas e esportivas, por idade, no Brasil Motivo 15 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou mais Total Para melhorar a qualidade de vida ou o bem-estar 14,2 23,9 34,0 39,7 38,9 32,7 Para relaxar ou se divertir 40,8 31,4 23,0 15,5 10,0 22,2 Para melhorar ou manter o desempenho físico 17,2 26,7 26,9 19,5 13,1 22,0 Por indicação médica 2,3 3,0 6,6 19,6 34,8 13,0 Por gostar de competir 16,5 9,9 5,7 3,0 1,5 6,1 Para socializar, encontrando com amigos ou fazendo novas amizades 7,3 4,4 2,9 2,0 1,3 3,1 Outro 1,7 0,8 0,8 0,8 0,4 0,8 Fonte: PNUD (2017, p. 121). Não se pode deixar de analisar a vestimenta dos clientes que participam de programas de ginástica laboral. Diferentemente do que ocorre em uma academia ou um programa de ginástica ou corridas, os participantes de um programa de ginástica laboral utilizam sua própria roupa de trabalho para realizar os exercícios. Os calçados usados também são um fator a ser levado em conta no planejamento das atividades, e eventualmente equipamentos de proteção individual (EPIs) que sejam obrigatórios em determinado local, inclusive para o profissional de ginástica laboral. Figura 59 – Vestimentas pesadas, como as de operários da construção, podem causar restrições de movimentos em alguns exercícios. Também é importante considerar a troca de calor corporal em relação ao clima, aos calçados e aos EPIs usados pelos trabalhadores Disponível em: https://bit.ly/3qwmJHM. Acesso em: 12 nov. 2021. Não há necessidade de roupa especial para a prática da ginástica laboral, mas para evitar que os trabalhadores não consigam realizar movimentos planejados, o profissional deverá considerar as limitações de cada vestimenta (TULONI; MORO, 2010). 102 Unidade II Concebendo que a ginástica laboral não deve provocar sudorese, no estudo de Sjögren et al. (apud TULONI; MORO, 2010), os autores concordam que treinamentos físicos realizados por trabalhadores com baixa intensidade (30% de 1RM) não causariam suor e por isso não necessitariam de vestimenta própria nem de banho após a sessão. Nesse mesmo estudo, foi executado um teste com sete exercícios físicos predeterminados, e verificou-se que em 78% dos movimentos dos trabalhadores avaliados a amplitude de movimento foi menor com o uniforme oficial de trabalho da empresa do que com um agasalho próprio para realizar atividades físicas em alguns dos exercícios, enquanto em outros a amplitude alcançada foi equivalente nas duas vestimentas. Treze dos vinte indivíduos descreveram sentir limitação de movimento com o uniforme da empresa, embora não tenha havido objeção em participar ou insatisfação com o programa no grupo designado quanto ao uso do uniforme da empresa durante o estudo. Considerando não ser razoável a exigência de troca de roupa para realização da ginástica laboral, tampouco a confecção de uniformes para trabalhar que sejam necessariamente adequados à ginástica laboral em todas as entidades, caberá ao profissional que ministra os exercícios ter a precaução de planejá-los para que possam ser feitos com a roupa usual de trabalho de cada departamento. Em locais com condições rústicas, uniformes grossos de proteção, muitas vezes com calçados reforçados, como botas de segurança, podem exigir uma adequação vital das atividades, em especial por limitarem a amplitude de alguns dos movimentos. Em ambientes formais administrativos, trajes típicos de trabalho, como calça social, gravata, vestidos e blazers, podem requerer atenção da mesma forma. Além de algumas roupas limitarem os movimentos, é necessário atenção para que não haja desestruturação das roupas utilizadas nem exposição corporal indesejada, o que, certamente, terá o efeito de diminuição da frequência de participação dos trabalhadores que se ressentirem mais desses aspectos. Nesse ambiente, o salto alto para as mulheres também pode ser um fator limitante em algumas atividades. Em locais com um piso adequado, como carpete, possibilita-se a retirada dos sapatos para execução de exercícios. Todavia, essa opção deve ser do trabalhador, e não uma imposição do programa, para evitar constrangimentos desnecessários. Portanto, para a questão da análise dos clientes, o profissional de ginástica laboral terá que adequar as atividades para seus diferentes públicos. Sua experiência facilitará a análise e sugestões ao grupo de participantes, tanto no planejamento como na condução da sessão visando a adequação necessária. 6.2 Planejamento do conteúdo da sessão de ginástica laboral Uma vez identificados osobjetivos pretendidos com o programa e os fatores característicos dos clientes e das sessões, pode-se iniciar a definição das atividades a serem realizadas. De modo geral, as atividades possíveis de envolver conteúdos no programa de ginástica laboral são citadas por Brasil (2000), que afirma que uma equipe multidisciplinar pode trazer benefícios na prevenção aos quadros de LER/Dort. Para tal, Brasil (2000, p. 13-14) destaca alguns exemplos de atividades a serem desenvolvidas: 103 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL • Núcleo informativo: acoplado ao trabalho corporal, informações sobre anatomia e fisiologia, fisiopatologia de LER/Dort, atividades da vida diária, noções de limite. • Abordagem de aspectos psicossociais, instrumentalizando o paciente a superar dificuldades rotineiras. • Técnicas variadas de alongamento, automassagem, relaxamento, fortalecimento muscular e correção de postura. • Cinesioterapia, massoterapia. • Estímulo a atividades lúdico-sociais. • Condicionamento físico. Quanto ao proposto como núcleo informativo de um programa de ginástica laboral, Brito e Martins (2012, p. 448) complementam com informações a respeito da ergonomia, dizendo que “tais atitudes devem ser frequentemente salientadas durante a ginástica laboral, perpetuando e solidificando o bem-estar que essas aulas podem gerar”. Continuam as autoras: A abrangência da ginástica laboral pode ir além dos minutos que ela compreende, pois, dependendo do que o professor repassa, seja sob forma de exercício físico ou de informação sobre saúde, os trabalhadores podem apropriar-se de tais conhecimentos e aplicá-los em qualquer momento do dia, dentro ou fora da jornada de trabalho (BRITO; MARTINS, 2012, p. 448). De fato, Kallas e Batista (2009) defendem uma metodologia de inserção do conhecimento nas sessões de ginástica laboral para que, em vez de serem somente de caráter procedimental, também gerem benefícios conceituais e atitudinais, por exemplo, ao reconhecer os benefícios de uma determinada prática física ou a adoção de hábitos de atividade física como modificação de sua atitude. Figura 60 – A ginástica laboral pode ser planejada para fornecer informação para o trabalhador sobre hábitos audáveis e prática de atividade física regular, trazendo benefícios para sua saúde Disponível em: https://bit.ly/3c59l4X. Acesso em: 12 nov. 2021. Achour Junior (apud LIMA, 2008), por exemplo, propõe que um trabalhador “simplesmente alongue-se, independentemente do horário”. Para isso, é preciso haver o reconhecimento da região corporal e da tensão muscular, a identificação da necessidade de distensionamento ou aquecimento local, e o conhecimento de 104 Unidade II uma técnica de alongamento para a qual tenha sido instruído e que passou a fazer parte de seu repertório de defesa contra a tensão, ações que devem ter sido desenvolvidas pelo profissional no programa de ginástica laboral, empoderando o trabalhador na manutenção de suas condições de conforto e saúde. Couto et al. (1998) sugerem que profissionais de fisioterapia e educação física atuem em atividades de aquecimento, de distensionamento e compensatórias. As primeiras são indicadas quando o trabalhador realizará ação repetitiva ou vigorosa, permitindo o aumento da temperatura muscular. O distensionamento sugerido pelo autor é executado através de alongamentos, de acordo com a musculatura mais utilizada, enquanto a atividade compensatória visa combater as posturas forçadas durante a jornada de trabalho. Seguindo essa linha de pensamento, atividades com potencial benéfico ao quadro de necessidades encontrado e objetivos propostos devem ser escalonados dentro do programa permanentemente para seu sucesso. Quando os objetivos do programa enumeram, por exemplo, diminuição da fadiga dos flexores do punho e dedos (digitação) e diminuição no absenteísmo por dor lombar (postura), os grupos das atividades a serem propostas devem ser elencados entre as necessidades levantadas (relaxamento, fortalecimento, alongamento, massageamento etc.). Então, na etapa do planejamento das sessões, os exercícios serão escolhidos. Uma sessão de ginástica laboral irá respeitar o planejamento realizado, e seu conteúdo deverá estar de acordo com a proposta para aquela data. Ao planejar determinada sessão, o profissional irá consultar o programa para aquele período e verificar os conteúdos a serem executados nas sessões e as regiões corporais a serem trabalhadas. A variabilidade deve ser assegurada, devendo o profissional consultar as sessões anteriores para propor exercícios diferentes com uma periodicidade de variação, considerando o planejamento semanal analisado previamente. Assim, além de variar em certo grau as exigências para determinada região corporal, como amplitude, intensidade, repetições etc., irá provocar uma variação motivacional e elevar a conscientização corporal através da aquisição de maior repertório motor. Há várias possibilidades para trabalhar o alongamento dos flexores dos dedos e do carpo. Em uma sessão, o profissional pode fazer uma extensão de punho com a palma da mão virada para a frente; na sessão seguinte, apoiando a palma da mão sobre a mesa; depois, pode realizar o exercício em duplas; a seguir, apoiando a mão na parede, e assim por diante. Pode-se cumprir o objetivo, sessão após sessão, sem ser repetitivo. Isso valoriza o profissional, dinamiza o programa e aumenta o repertório motor dos clientes e a adesão ao programa. O ordenamento e adequação do conteúdo também se torna vital. Atividades um pouco mais vigorosas ou exigentes podem ser deixadas para a segunda metade da sessão, após a realização de alguns movimentos que prepararem o trabalhador para o gesto mais vigoroso a seguir. Por exemplo, se o objetivo planejado é a mobilização de punho, pode-se fazer primeiramente no sentido anteroposterior (flexão e extensão), preparando a região com movimentos simples antes de um movimento mais complexo, como a circundução. 105 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL 6.3 Classificações da ginástica laboral Muitas são as possibilidades de classificação da ginástica laboral conforme os objetivos e as propostas. Neste livro-texto, vamos usar uma classificação simples, de acordo com o horário de aplicação da sessão. 6.3.1 Ginástica de aquecimento ou preparatória Conforme proposto por Couto et al. (1998), exercícios de aquecimento são indicados quando houver alta repetitividade, como no computador, ou em atividades fisicamente pesadas. Nos dois casos, a ginástica laboral, se realizada antes do expediente, pode colaborar na preparação do organismo para as solicitações da jornada de trabalho, através de adaptações físicas e fisiológicas, como preparação postural, aquecimento muscular, aumento da irrigação sanguínea e frequência cardíaca, bem como de preparo psicoemocional para iniciar as funções de trabalho. A literatura concorda em atribuir à ginástica laboral preparatória benefícios e consequente melhor preparação para enfrentar a carga de trabalho, em especial em atividades pesadas. No entanto, Lafetá et al. (2012) pesquisaram a repercussão de uma sessão de ginástica laboral preparatória contendo exercícios de aquecimento, massagem e alongamento balístico. Contrariando o senso comum e estudos consolidados sobre os benefícios da ginástica laboral preparatória, os autores não observaram alterações na avaliação eletromiográfica na porção anterior dos deltoides direito e esquerdo na avaliação de exercício isométrico de força máxima logo após a ginástica laboral. Ademais, o grupo experimental (que realizou a ginástica laboral preparatória) teve uma diminuição de torque no teste de força isométrica no protocolo do teste para o membro superior direito, que não se repetiu no membro superior esquerdo. No grupo de controle (não fez a ginástica laboral preparatória), não houve alterações significativas. Tabela 11 Análise da RMS normalizada (%CIVM) e torque máximo (kgf) no pré e pós-teste do grupo experimental Variáveln Pré-teste / DP Pós-teste / DP RMS dir. 10 29.27+/-4.48 29.29+/-6.09 RMS esq. 10 31.65+/-3.37 31.81+/-5.07 Torque máx. dir. 10 5.01+/-3.29 3.94+/-2.67 Torque máx. esq. 10 4.17+/-2.79 3.87+/-1.27 Análise da RMS normalizada (%CIVM) e torque máximo (kgf) no pré e pós-teste do grupo de controle Variável n Pré-teste / DP Pós-teste / DP RMS dir. 9 29.97+/-4.33 28.48+/-6.83 RMS esq. 9 29.49+/-4.32 30.7+/-6.47 Torque máx. dir. 9 5.18+/-1.64 4.97+/-1.76 Torque máx. esq. 9 4.19+/-9.52 4.28+/-1.48 Fonte: Lafetá et al. (2012, p. 326). 106 Unidade II A tabela apresenta os valores de pré-teste e pós-teste da eletromiografia do deltoide anterior e de torque máximo para o grupo experimental (GE – parte superior da tabela) e o grupo de controle (GC – parte inferior da tabela). Note no torque máximo D (direito) do GE que se apresentou um decréscimo do valor no pós-teste (LAFETÁ et al., 2012). Tal fato pode indicar que a sessão de ginástica laboral preparatória realizada, não sendo específica para aumento de força, logicamente não causa repercussão neuromuscular e incremento da força. Mais pesquisas são necessárias para demonstrar a diferença entre protocolos de ginástica laboral preparatória e suas exatas repercussões musculares, o que não invalida todas as pesquisas feitas sobre os benefícios do caráter de aquecimento ou proteção da ginástica laboral preparatória. 6.3.2 Ginástica de pausa Ocorre com o intuito de provocar uma interrupção no ritmo de trabalho e, mais do que permitir o descanso, executar uma sessão de ginástica laboral no meio do expediente, retornando logo a seguir ao trabalho. Couto et al. (1998) indicam para essa categoria uma ginástica de distensionamento, devendo o profissional analisar os movimentos mais realizados no trabalho e propor exercícios compensatórios adequados àqueles grupos musculares ou estruturas corporais. A ginástica de pausa é chamada de ginástica compensatória por alguns autores. Para fins didáticos, aqui será aplicado o termo ginástica de pausa, pois a compensação das estruturas solicitadas ao longo da jornada pode estar incluída também nos objetivos da ginástica praticada no fim do expediente, não sendo exclusiva sua busca apenas durante a pausa. 6.3.3 Ginástica de fim de expediente Tem como característica principal o objetivo de fazer uma finalização da jornada, provocando um relaxamento do trabalho realizado, preparando o indivíduo para terminar seu turno e retornar a sua casa em condições confortáveis. Segundo Lima (2008), um dos objetivos da ginástica de fim de expediente é propor atividades para que o trabalhador possa relaxar, meditando e fazendo uma autoavaliação, através de exercícios de alongamento e consciência corporal. Essa aplicação ao fim do expediente é chamada de ginástica de relaxamento por alguns autores, mas como alguma forma de relaxamento também pode fazer parte dos objetivos da categoria anterior, preferimos o termo ginástica de fim de expediente. Essa ginástica de fim de expediente pode prevalecer como relaxante na maioria de suas propostas, mas não de forma exclusiva, pois em outros momentos da jornada de trabalho podem ser usados exercícios de relaxamento de determinados segmentos ou grupos musculares, mesmo que em proporção menor. 107 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL 7 IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL A implantação deve ser planejada de modo a aumentar sua aceitação, sua adesão e seus resultados. Considerando a diversidade de condições, culturas organizacionais e outros parâmetros, não existe um único modo de introdução que seja ideal para todas as realidades empresariais. 7.1 Sensibilização Parte essencial do programa de ginástica laboral é a sensibilização dos trabalhadores e gestores. Inicialmente, em grandes empresas, os gestores serão um importante elemento de ligação e alavancagem do programa. Líderes que não acreditam no processo chegam a fazer campanha contrária entre os trabalhadores para que não interrompam o serviço e não participem da atividade. Para superar essa dificuldade, o profissional de ginástica laboral deve traçar estratégias a fim de combater a indiferença e aumentar a sensibilização. Pode ser necessária uma reunião com a equipe de gestores para dar credibilidade à execução do projeto – se preciso, requisitando a participação da diretoria. Em algumas empresas, o próprio presidente faz questão de participar das atividades para estimular e dar o exemplo aos colaboradores. Reuniões, palestras, boletins e outros meios podem ser usados para elevar o conhecimento e a sensibilização sobre o programa. Palestras são elementos vitais, esclarecendo dúvidas e elucidando conceitos e objetivos específicos (MARTINS, 2011 apud FIGUEIREDO; MONT’ALVÃO, 2008). Cañete (2001) sugere que o aumento da produtividade não seja o maior motivo de incentivo ao programa. Essa percepção poderia levar à impressão de ser a empresa a única favorecida pela iniciativa. Certamente, os benefícios de saúde individuais devem ser evidenciados para que os trabalhadores possam assimilar os ganhos individuais antes de pensarem que a ginástica laboral é boa apenas para o patrão. 7.2 Condução das sessões de ginástica laboral 7.2.1 Organização pré-sessão Uma vez definida a duração e o horário de início da ginástica laboral, deve-se cumpri-los para que a ação atinja sua finalidade. Algumas vezes, em trocas de turno, o horário da sessão é planejado para poder atender a alguns trabalhadores que irão sair do serviço logo em seguida, ao mesmo tempo que serão atendidos aqueles que acabaram de iniciar seu turno. Outro exemplo de como o horário é crítico é quando se estabelece uma pausa para a ginástica laboral dentro de sistemas de teleatendimento, intercalando com as pausas previstas na NR 17 até mesmo em outras localidades unificadas sob a mesma central. O tempo também é essencial nos intervalos com parada de máquinas ou deslocamento dos trabalhadores. 108 Unidade II Por isso, é importante que o horário estipulado seja cumprido pelo profissional de ginástica laboral, tanto o horário de início como a duração da aula prevista, não interferindo no retorno imediato dos trabalhadores aos seus postos. Portanto, deve-se organizar conteúdos, repetições, tempo de permanência em alongamentos etc. de forma cuidadosa, acompanhando a sessão, e fazer as devidas adaptações necessárias em cenários mais críticos de controle de tempo. Analisando a atuação em um setor, normalmente a sessão de ginástica laboral é realizada com horário determinado, ou seja, os colaboradores não são surpreendidos por uma atividade inesperada. Ao chegar ao departamento onde ocorrerá a sessão, em geral o profissional pede licença para entrar e gentilmente se mostra presente, com cuidado para não interromper reuniões, conversas de trabalho ou telefonemas em andamento. Então, convida os trabalhadores a participar. Em alguns departamentos, pode ocorrer de o responsável local solicitar que o profissional de ginástica laboral aguarde até que o chamado seja feito e a interrupção seja permitida oficialmente – por exemplo, pelo supervisor. Quando a atividade é feita na própria área de trabalho, basta se posicionar no ponto já predeterminado e incentivar a vinda ou aguardar a aproximação dos participantes, permitindo algum tempo de mobilização, até que cada trabalhador possa terminar a tarefa que estava executando ou se organizar para retomá-la assim que retornar, minimizando os efeitos da interrupção. Durante a espera pelos participantes, pode-se preparar o local com música em volume baixo (quando permitido), recepcionando-se os primeiros a se apresentarem, podendo, inclusive, passar atividade preliminar, como espreguiçar-se ou movimentar alguma região corporal para aproveitar o tempo de espera de modo ativo, enquanto os demais trabalhadores estão se dirigindo ao encontro. Quando a sessão é realizada em um espaço que reúne os trabalhadores fora do departamento, o profissional irá ao local determinadoverificar se está pronto a ser utilizado. Caso necessário, fará ajustes, e depois vai contatar os setores na ordem que tiver sido definida. Lembrete A implantação de um programa de ginástica laboral deve ser planejada de modo a aumentar sua aceitação, sua adesão e seus resultados. Considerando a diversidade de condições, culturas organizacionais e outros parâmetros, não existe um único modo de introdução que seja ideal para todas as realidades empresariais. 7.2.2 Durante a sessão Os procedimentos de condução da sessão de ginástica laboral podem variar de uma realidade empresarial para outra, mas em geral se deve adotar uma condução tranquila, às vezes mais intensa, dependendo das características da empresa, do setor e dos objetivos. 109 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Em grande parte das sessões, pode-se esperar que haja trabalhadores que continuem suas tarefas enquanto a atividade estiver sendo ministrada. Às vezes, é necessário dividir o grupo para que o serviço não seja interrompido, não sendo possível que todos os colaboradores executem a sessão no mesmo momento. Em outras situações, embora conseguindo, é possível que alguns prefiram continuar trabalhando e optem por não participar. Assim, a proposição dos exercícios e as interações devem ser cuidadosas quanto ao ruído gerado, para que clientes em atendimento telefônico, por exemplo, não fiquem com a percepção de que a empresa tem um ambiente bagunçado ou com barulho indevido. A explicação dos exercícios escolhidos deve ser realizada com clareza e simplicidade. No início do programa, é comum os participantes não terem conhecimento sobre a prática de atividades físicas, e o profissional de ginástica laboral deve estar atento a dúvidas, que, usualmente, são percebidas pela não execução ou demora na execução dos exercícios. Outro problema comum é a pouca consciência corporal de parte dos trabalhadores, que pode até ter entendido a proposta do exercício, mas não consegue repetir o gesto por não ter vivência corporal à altura do que foi proposto. Nesse caso, o agente deve perceber a falta de coordenação ou o mal posicionamento corporal, por exemplo, e proceder adequadamente. A explicação verbal é muito beneficiada pela demonstração clara. Em geral, explica-se e demonstra-se o exercício para que a execução seja feita dentro da proposta idealizada. Deve-se lembrar, sempre que possível, de indicar como se fosse uma imagem em um espelho, ou seja, ao pedir que um movimento seja feito com o braço direito levantado, o profissional irá elevar seu braço esquerdo; se estiver de frente para os trabalhadores, estes o enxergarão como se estivessem olhando um espelho, o que facilita a execução do gesto. Essa técnica organiza o movimento em espaços menores e melhora a visualização do profissional. Observação A demonstração espelhada requer treinamento do profissional de ginástica laboral. Ao pedir para executar um movimento como uma flexão do tronco para a direita, ele deve flexionar-se à esquerda se estiver de frente para o grupo, ou seja, passará o efeito de estar inclinando-se para o mesmo lado deles. Se houver dificuldade no início, o agente poderá usar uma referência externa – por exemplo, dizendo “inclinem-se para o lado da janela”, e assim todos irão fazer o exercício como o profissional, para o mesmo lado. A utilização de termos técnicos na explicação deve ser cuidadosa, para que os trabalhadores aos poucos possam entendê-los, evitando que o uso de termos muito difíceis comprometa a assimilação dos exercícios, provocando menor eficiência do movimento ou perda de tempo. Uma boa orientação é utilizar nomenclatura correta, desde que os trabalhadores entendam. 110 Unidade II Por exemplo, em um alongamento de tríceps braquial, o agente deve explicar, além da posição desejada com o ombro em flexão e o cotovelo acima da cabeça, que a mão do lado oposto ao do cotovelo elevado deve tracioná-lo no sentido medial. Se a instrução for apenas “segure o cotovelo e faça força”, vários movimentos errôneos podem ser tentados, como forçar o cotovelo através do retorno do braço para baixo (extensão do ombro). Objeções e dificuldades na realização de exercícios Alguns trabalhadores podem apresentar limitações na execução, dificuldades motoras, dores ou até mesmo questões médicas ou pessoais na realização de alguns movimentos. O planejamento e a escolha dos exercícios devem ser cuidadosos para que estes sejam executáveis, e não gerem desânimo ou dores. Estimular e educar os trabalhadores para que cada um conheça melhor seus próprios limites traz benefícios ao programa. Exercícios em duplas são interessantes, mas alguns indivíduos, ou mesmo grupos, não gostam de tocar e serem tocados por colegas, podendo evitar a ginástica laboral por esse motivo. Manter a atenção quando se propuserem exercícios em duplas pode ajudar o profissional de ginástica laboral a ter uma medida mais real do comportamento daquele grupo. Em linhas gerais, recomenda-se limitar o toque no colega a um apoio de equilíbrio ou ao toque das mãos em atividades em duplas, verificando com cuidado a adequação ou não de propor ações em que o toque das mãos de um colega de trabalho possa ser considerado indesejável pela falta de intimidade ou pelo excesso de força. À medida que se construa confiança no grupo, no profissional e no programa, pode-se propor atividades com maior interação, mas sempre com o cuidado de não possibilitar a rejeição de participação devido à insistência constante do trabalho em duplas ou grupos. Postura do profissional de ginástica laboral A intervenção deverá ser pautada no profissionalismo. A demonstração, a explicação e a estimulação à prática devem ocorrer de forma natural, alegre e participativa, sem que os trabalhadores se sintam pressionados ou menosprezados por optarem em não participar. A motivação é um fator importante. Além da programação variada de exercícios vista no planejamento das sessões, a postura motivadora do profissional deve estar sempre presente, de modo que os participantes possam se informar e perceber os benefícios da prática, convidando os colegas a experimentar o programa. O profissional deve estar atento aos participantes, orientando sobre execução do exercício, posição inicial, postura recomendada, velocidade de execução, força a ser aplicada, amplitude, musculatura trabalhada, tempo de permanência, número de repetições etc. Quando atuando em grupos pequenos, é possível fazer considerações e correções no momento da execução. Se o grupo que está realizando a sessão for muito numeroso, cuidado extra deve ser tomado na explicação e na demonstração, para que eventuais movimentos prejudiciais possam ser evitados. 111 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL Como em outras áreas de atuação profissional, o agente deve ter muita cautela na utilização de brincadeiras para animar a sessão. As brincadeiras nunca devem ter cunho sexual, racista, discriminatório, machista, homofóbico etc. Sendo o ambiente de trabalho um local onde a diversidade deve ser respeitada, assim também deve agir o profissional de ginástica laboral. O conhecimento dos valores e do código de ética ou conduta da empresa em que está agindo pode auxiliar o profissional a ter amplo entendimento das premissas para sua atuação. Figueiredo e Mont’Alvão (2008) lamentam que os cursos superiores no Brasil não abordem a ginástica laboral como parte da possibilidade de atuação profissional. Certamente, quem possui tal formação terá um diferencial competitivo, uma vantagem interessante para ser protagonista em um mercado crescente. Correção de execução de exercícios Há uma diferença significativa entre sessões em que participa um pequeno número de trabalhadores e quando a ginástica laboral é ministrada para grandes grupos. Quando poucos trabalhadores realizam uma sessão, o agente pode fazer correções verbais e até cinestésicas, posicionando o corpo ou tocando o segmento a ser corrigido para mostrar um problema postural,por exemplo. Essa interação enriquece a qualidade da atividade e a eficácia dos exercícios. Por outro lado, quando a turma realizando a sessão é muito numerosa, fica impossível para o profissional corrigir o movimento individualmente, por não ter acesso a todos os executantes nem tempo para fazer muitas intervenções. Nesse caso, é importante escolher movimentos que sejam de fácil compreensão pelos participantes, realizar uma explicação clara e ao longo do tempo de execução visualizar os principais erros que estão sendo cometidos, para fazer uma instrução corretiva a tempo de que a execução seja retificada. A verificação pelo profissional de que algum praticante esteja se desviando da proposição do exercício deve ensejar prontamente uma nova informação na explicação, corretivamente, visando prevenir a má execução não só desse trabalhador, mas também eventualmente daqueles que estão experimentando a mesma dificuldade. Deve-se evitar, quando não for possível ter assistentes entre os praticantes, a realização de movimentos que causem dor, desequilíbrio ou lesão por mau posicionamento, que requeiram uma correção pessoal durante a execução do exercício, prevenindo assim qualquer malefício da prática. 7.3 Avaliação e controle das atividades 7.3.1 Controle de frequência É uma ferramenta para o profissional de ginástica laboral verificar e documentar a presença, a não participação ou a ausência dos trabalhadores. Também é usada para constatar a adesão dos trabalhadores ao programa e as alterações na adesão com mudanças implementadas. Podem ser utilizadas listas de chamada ou controle numérico dos participantes. 112 Unidade II Alto índice de trabalhadores participantes significa que estes estão sendo influenciados pelas atividades do programa. Assim, pode-se esperar obter os resultados benéficos projetados nos objetivos com uma boa abrangência. A baixa frequência pode indicar falta de motivação ou falta de possibilidade de participar. Então, pode-se inferir que haverá pouca modificação no quadro atual e que provavelmente será preciso fazer ajustes no programa. Esse índice, embora simples, pode auxiliar a comparação entre a participação esperada no planejamento antes da implantação e a participação real; ou entre a participação antes de uma ação de sensibilização e após; ou a comparação dos diferentes índices de participação entre os setores mesma empresa. Desse modo, é possível analisar a necessidade de alterações no programa. Em programas de ginástica laboral com muitos participantes em que o controle individual seja dificultado, pode-se fazer o controle por número de presentes na sessão para cada setor. Índice de participação = Número de trabalhadores participantes da sessão Número total de trabalhadores do setor Por exemplo, em um setor com 45 trabalhadores fixos, dos quais 30 fizeram a sessão de ginástica laboral, o índice de participação será calculado assim: Índice de participação = 30/45 = 0,66 (66%) O número de trabalhadores do setor é um número total, considerando os presentes e os ausentes. O índice obtido neste caso é impactado por faltas, sobretudo em setores com poucos trabalhadores, em que haverá grande influência no resultado. Se vários estiverem ausentes por motivo de reunião, treinamento etc., o índice de participação averiguado vai sofrer uma diminuição anormal. Em setores menores, ou quando for possível fazer um controle de chamada dos participantes e saber o número de trabalhadores presentes em cada setor, pode-se obter o índice de participação apenas contando os trabalhadores presentes: Índice de participação = Número de trabalhadores participantes da sessão Número de trabalhadores presentes no setor Essa forma de cálculo, avaliando a razão entre o número de participantes e o de trabalhadores presentes, mostrará o índice de participação do setor, deixando de considerar como perda de adesão a parcela de trabalhadores ausentes. No exemplo anterior, do setor com 30 trabalhadores participantes na sessão de ginástica laboral, caso houvesse 5 ausências do total de 45 trabalhadores, o novo cálculo seria: Índice de participação = 30/40 = 0,75 (75%) 113 ERGONOMIA E GINÁSTICA LABORAL O uso dessa segunda forma de cálculo do índice possibilita saber a adesão dos presentes naquele dia, sem considerar os faltantes como trabalhadores que não querem participar da sessão de ginástica laboral. 7.3.2 Adesão ao programa A não participação de um trabalhador na sessão de ginástica laboral pode ser uma opção voluntária ou involuntária. O primeiro caso ocorre quando o indivíduo decide não participar da atividade. Essa decisão pode ser por motivos pessoais (falta de motivação ou sensibilização) ou por questões do trabalho (necessidade de entrega de um relatório em prazo específico). A não participação involuntária ocorre quando algum motivo alheio à vontade do trabalhador o impediu de estar presente no horário da sessão. A alteração da rotina de parada de uma máquina, o acúmulo inesperado de ligações no horário definido para a ginástica laboral, ou um contato telefônico com cliente que não pode ser interrompido podem impossibilitar sua participação naquele dia. Ressalva deve ser anotada quando um trabalhador que não tem interesse em participar da ginástica laboral usa o argumento da impossibilidade de deixar sua tarefa para justificar sua ausência. Seria interessante ao profissional de ginástica laboral ter ferramentas para analisar a não participação dos trabalhadores, como diálogos com os chefes dos setores e com aqueles que não participam ou anotações pessoais sobre a rotina de trabalho que impede a participação deles. Caso encontre causas frequentes que podem ser administradas para melhorar a adesão, é preciso tratá-las em reuniões para o avanço do programa. A utilização de música durante a sessão, tão útil por ajudar a relaxar e animar os trabalhadores, pode em alguns casos, em vez de atrair, causar a evasão do programa por motivos religiosos ou mesmo pelo não compartilhamento do mesmo gosto musical. O profissional de ginástica laboral deve ser cuidadoso na escolha da música, e ter aprovação previamente, para que o choque cultural não seja um motivo de diminuição de frequência nas sessões. O exagero de brincadeiras entre os membros participantes também podem ser um fator de afastamento do programa. Não devem ser estimuladas brincadeiras sobre a limitação de algum colega. Outro fator vital sobre o grupo é planejar os exercícios de modo a não expor regiões corporais como seios, nádegas, púbis etc. Os trabalhadores não possuem a mesma cultura corporal dos esportistas ou frequentadores de academias, e o ambiente é muito mais formal. Em sua obra, Dishman (1988) demonstra uma série de razões acentuadas por trabalhadores para não participarem do programa de atividades físicas. Pode-se analisar as respostas e os dados de sua pesquisa sob diversos prismas. Em primeiro lugar, nem sempre o motivo justificado é a real causa da não participação, pois às vezes o próprio trabalhador pode ter uma percepção errônea de seu sentimento ou limitação. Mas todas as respostas 114 Unidade II são de importância para o profissional de ginástica laboral avaliar e verificar quais ações podem ser tomadas para aumentar a adesão ao programa. As razões físicas apresentadas (cansaço, problemas de saúde) talvez indiquem que o trabalhador possui uma carga de trabalho extenuante. O indivíduo pode alegar alguma questão que julgue (ou tenha tido indicação médica) que seja limitante. Se o cansaço é acentuado como empecilho, um programa de ginástica laboral pode ser difundido como uma pausa no trabalho, aliviando a rotina atual. Quanto à apresentação de problemas de saúde como razão para a ausência no programa, é importante considerar no roteiro que alguns movimentos podem ter restrições de execução por indivíduos que possuem alguma condição física. Assim, deve fazer parte das instruções diárias a execução
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