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Livro - Teoria do currículo

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Prévia do material em texto

1 
 
Disciplina: Teoria do currículo 
Autora: M.e Kellin Cristina Melchior Inocêncio 
Revisão de Conteúdos: M.e Leandra Martins 
Designer Instrucional: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgentem 
Ano: 2020 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança 
de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Kellin Cristina Melchior Inocêncio 
 
 
 
 
 
Teoria do currículo 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
Curitiba, PR 
Faculdade UNINA 
 
 
3 
 
Faculdade UNINA 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Conselho Editorial 
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / 
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / 
D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / 
D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / 
D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia 
 
Revisão de Conteúdos 
Leandra Martins 
 
Designer Instrucional 
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
 
Revisão Ortográfica 
Alexandre Kramer Morgentem 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
INOCÊNCIO, Kellin Cristina Melchior. 
Teoria do currículo / Kellin Cristina Melchior Inocêncio. – Curitiba: Faculdade 
UNINA, 2020. 
94 p. 
ISBN: 978-65-990214-4-2 
1. Dinamização. 2. Organização. 3. Planejamento. 
Material didático da disciplina de Teoria do currículo – Faculdade UNINA, 2020. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade UNINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio.......................................................................................................... 07 
Aula 1 – O currículo ....................................................................................... 08 
Apresentação da Aula 1 ................................................................................ 08 
 1.1 - Concepções e histórico do currículo ............................................... 08 
 1.2 - Aspectos históricos e culturais que permeiam o currículo ............... 12 
 1.3 - As dimensões da reflexão, da estratégia e da ação no currículo .... 14 
Conclusão da aula 1 ...................................................................................... 16 
Aula 2 – Caracterização e fundamentos do currículo ..................................... 17 
Apresentação da aula 2 ................................................................................. 17 
 2.1 - Caracterização e fundamentos do currículo .................................... 17 
 2.2 - Como pode ser visto, vivido e caracterizado um currículo? ............. 19 
 2.3 - Os fundamentos curriculares .......................................................... 22 
 2.4 - Analisando e refletindo sobre o currículo como proposta ................ 23 
Conclusão da aula 2 ...................................................................................... 26 
Aula 3 – Processo metodológico da organização curricular ........................... 27 
Apresentação da aula 3 ................................................................................. 27 
 3.1 - Refletindo sobre a organização curricular ....................................... 27 
 3.2 - O currículo disciplinar linear ............................................................ 30 
 3.3 - O currículo integrado ...................................................................... 32 
 3.4 - Regime seriado e regime ciclado .................................................... 33 
 3.5 - O Projeto Político Pedagógico na organização curricular .............. 36 
Conclusão da aula 3 ...................................................................................... 38 
Aula 4 – A relação entre currículo e cultura escolar ....................................... 38 
Apresentação da Aula 4 ................................................................................ 38 
 4.1 - A cultura e a cultura escolar ............................................................ 38 
 4.2 - As diversas influências sobre a cultura escolar ............................... 42 
 4.3 - Cultura escolar e o currículo ........................................................... 43 
Conclusão da aula 4 ...................................................................................... 45 
Aula 5 – O currículo e a organização do trabalho pedagógico ........................ 46 
Apresentação da aula 5 ................................................................................. 46 
 5.1 - A gestão democrática e o currículo ................................................. 46 
 5.2 - A sala de aula, o professor e o currículo ......................................... 49 
 5.3 - O currículo tradicional ..................................................................... 51 
 5.4 - O currículo escolanovista ............................................................... 53 
 
 
6 
 
 5.5 - O currículo tecnicista ...................................................................... 55 
Conclusão da aula 5 ...................................................................................... 57 
Aula 6 – O currículo, a escola e algumas políticas que o embasam ............... 58 
Apresentação da aula 6 ................................................................................. 58 
 6.1 - A escola brasileira e a equidade ..................................................... 58 
 6.2 - A relevância das políticas curriculares ............................................ 61 
 6.3 - PCN – (Parâmetros Curriculares Nacionais) ................................... 63 
 6.4 - RCN – (Referencial Curricular Nacional) ........................................ 66 
 6.5 - Uma escola sem políticas curriculares: é possível? ........................ 68 
Conclusão da aula 6 ...................................................................................... 70 
Aula 7 – O currículo como construção do conhecimento ............................... 71 
Apresentação da aula 7 ................................................................................. 71 
 7.1 - Concepções e perspectivas curriculares: as opções teóricas ......... 71 
 7.2 - Vamos falar sobre o processo de conhecimento? ........................... 74 
 7.3 - Quais as relações que existem entre a construção do 
conhecimento e o currículo?.......................................................................... 
 
75 
Conclusão da aula 7 ...................................................................................... 78 
Aula 8 – As teorias curriculares ..................................................................... 79 
Apresentação da aula 8 ................................................................................. 79 
 8.1 - O currículo e os processos formativos: nascem as teorias .............. 79 
 8.2 - Teoria tradicional ............................................................................ 81 
 8.3 - Teoria crítica ................................................................................... 83 
 8.4 - Teoria pós-crítica ............................................................................ 85 
Conclusão da aula 8 ...................................................................................... 87 
Índice Remissivo ........................................................................................... 89 
Referências ................................................................................................... 92 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Prefácio 
 
Olá estudante, está preparado para fazermos uma viagem histórica pela 
educação básica brasileira e pelos principais aspectos curriculares que 
marcaram diversas épocas? 
Assim, em nossa primeira aula conheceremos situações particulares que, 
certamente, lhe permitirá compreender a escola que temos hoje, bem como os 
modelos e concepções curriculares. 
É importante que você percebera, caro estudante, que o tempo e algumas 
situações políticas e econômicas estão diretamente relacionadas às mudanças 
curriculares que aconteceram ao longo do tempo. 
Conforme vamos viajando, muito conhecimento será construindo, e, para 
lhe auxiliar a sanar possíveis dúvidas, sugiro que sempre consulte e explore o 
ambiente virtual, que, certamente, com seus recursos disponíveis, contribuirá 
significativamente para fazermos uma viagem perfeita. 
Aproveite nossos momentos e acesse as indicações e mídias 
disponibilizadas ao longo de nossa aula, como os vídeos, sites e artigos, que lhe 
permitirá a construir sólidos apontamentos. 
Se prepare e vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Aula 1 – O currículo 
 
Apresentação da aula 1 
 
Caro estudante, nossa primeira aula nos permitirá conceituar o currículo, 
afinal, será que ele tem um conceito único e imutável? É exatamente esse e 
outros apontamentos que permearão o nosso ponto de partida. Veja que o 
currículo, desde o início das possibilidades de sua conceituação, gerou e segue 
gerando até a atualidade diferentes conceitos. 
 
 
Fonte: acervo do autor (2017). 
 
1.1 Concepções e histórico do currículo 
 
Assim, pode-se nos ater ao currículo apenas como definição de conjunto 
de disciplinas ou conteúdos detalhados? Ou ainda, pode-se colocar o currículo 
escolar como único responsável por relacionar os conteúdos aos objetivos e 
atividades que permeiam o processo de ensino-aprendizagem? 
 
 
9 
 
Com certeza o currículo é muito mais, do que apenas definir e selecionar 
uma sequência de anos e modalidades de ensino com os conteúdos específicos. 
O currículo é essencial e interfere em diversos segmentos e aspectos da 
educação como um todo. Caro estudante, observe a imagem abaixo para 
criarmos uma ideia da importância do currículo para a escola: 
 
 
A importância do currículo para a educação 
Fonte: elaborado pelo autor (2017). 
 
Agora que já começamos a compreender a importância do currículo, 
vamos seguir analisando sobre as concepções do termo currículo, vamos nos 
deparar com diversos significados, afinal, para conceitua-lo necessariamente 
estaremos atrelados a uma ou outra teoria, as quais diferem entre as 
possibilidades e funções. As discussões acerca do currículo apontam uma 
gradativa, porém, significativa relevância e, passaram a ocupar cada vez mais o 
espaço no campo das pesquisas em educação no Brasil. O autor Demerval 
Saviani é um grande estudioso das questões que envolve o currículo e a escola. 
Assim, leia o que ele disse sobre a dificuldade em conceituar o currículo que, 
seguramente, está relacionada a sua complexidade e delimitação: 
 
Currículo
Pedagógico
Aprendizagem
Ensino
Social
Emocional
Psicológico
Afetivo
 
 
10 
 
 
Demerval Saviani 
Fonte: acervo do autor (2017). 
 
Palavras e expressões como currículo, grade curricular, atividades 
curriculares, materiais de estudo ou matérias de ensino, disciplinas 
escolares, componentes curriculares, programas fazem parte da rotina 
de quem atua com educação escolar. Seu emprego em textos, 
documentos diversos e no discurso de educadores, nas mais diferentes 
situações, parece algo tão “natural” que raramente as pessoas se dão 
conta da carga histórica e conceitual que cada termo comporta. No 
entanto, são notórias as mudanças no conjunto das matérias que vêm 
compondo os currículos dos níveis, graus e modalidades de ensino, na 
sua distribuição pelas séries, na sua carga horária, nos conteúdos e 
métodos prescritos em seus programas. Mudam também as 
concepções, e isso nem sempre é tão perceptível (SAVIANI, 2005, p. 
05). 
 
Acerca do currículo, pode-se referenciar aos primeiros registros sobre a 
concepção curricular da década de 1918, com a obra O Currículo, de Bobbitt 
(2004). Assim, ao escolhermos uma única conceituação ao termo currículo, 
necessariamente define-se suas especificidades e funções próprias, 
relacionadas ao conceito escolhido e, dessa maneira, acabamos recaindo nas 
palavras de Saviani (2005), no aspecto do currículo se relacionar a diversos 
contextos da escola com a cultura da época. 
 
 
11 
 
Seguindo nesse viés, surge Rué (1996), que faz uma relação simplificada 
entre a história do currículo, a história da escola e as questões histórico-sociais, 
conforme o material abaixo: 
 
Currículo e campo social 
O campo do currículo é um 
campo social enraizado em 
valores, propósitos, crenças 
e teorias sociais. 
Fundamenta-se nos 
conhecimentos 
acadêmicos e nas 
ciências da educação. 
Fundamenta-se, também, 
nas atuações pessoais 
dos docentes em uma 
diversidade de situações. 
Currículo e ação educativa 
A atuação educativa, 
compreendida em um 
sentido amplo, realiza-se por 
meio de experiências e 
atividades. 
Visam o 
desenvolvimento 
pessoal e coletivo dos 
sujeitos. 
Promovem desenvolver o 
sujeito também no âmbito 
da diferenciação e 
projeção social. 
Currículo e prática escolar 
No campo do currículo e na prática 
escolar, conjugam-se interesses e 
realidades diferentes. 
Esse processo se dá por meio da 
socialização, integração e de 
classificação e separação. 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), embasada na obra de Eyng (2010), adaptado pelo 
DI (2019). 
 
Sendo assim, consideramos o currículo como um processo educativo 
relacionado ao projeto pedagógico, sendo proposto nesse conjunto da trajetória 
histórica, o âmbito social e a dinâmica da escola, além das questões 
relacionadas às disciplinas e conteúdo. Dessa maneira, o currículo se refere aos 
caminhos que percorre a formação integral dos alunos, sendo observado e 
tomado como parâmetro o contexto histórico e social, ou seja, aquele que se 
está inserido e, naturalmente, as práticas educativas do cotidiano escolar 
mediante as quais se expressa, considerando o projeto pensado e escrito, 
denominado currículo proposto e aquele, igualmente importante, denominado de 
prática, de projeto aplicado, avaliado e pensado, levando assim, o currículo a ser 
aquele que contempla o proposto e a prática, possuindo diferentes e específicos 
significados, desempenhando funções diversificadas, conforme o contexto e 
histórico social. 
 
 
 
 
 
12 
 
1.2 Aspectos históricos e culturais que permeiam o currículo 
 
Como já foi falado, o currículo temuma significância imensa na educação 
brasileira, sendo considerado uma diretriz fundamental para que ocorra o 
trabalho e a coleta de resultados pela busca por uma educação de qualidade, 
porém, o que é perceptível, é que esse currículo não chegou a 
contemporaneidade pronto e acabado, ele possui um caminho histórico 
percorrido e transformações culturais, sociais e políticas, que o permearam ao 
longo de décadas. 
Nesse pensamento, o currículo não pode ser visto pura e simplesmente 
como um apanhado de conteúdo a ser trabalhado nos tempos e espaços 
escolares, com normas e regras pré-estabelecidas tanto ao docente quanto à 
comunidade escolar, direcionando somente como será a escola e as questões 
conteudistas. O currículo e todo o seu processo histórico vai muito além desse 
cenário, ele é uma construção social, histórica e cultural. 
 
 Saiba mais 
Afinal, o que pode-se entender por comunidade escolar? Comunidade escolar 
é o conjunto das pessoas envolvidas diretamente no processo educativo da 
escola e responsáveis pelo seu êxito; é o corpo social da escola composta por 
docentes, discentes, outros profissionais da escola e pais ou responsáveis pelos 
alunos, disponível no link: http://www.fundacaobunge.org.br/biblioteca-bunge/ 
glossario/ 
 
Isso significa que o currículo e toda a sua estrutura é um reflexo dos 
momentos vivenciados pela sociedade, englobando diversos aspectos. Suas 
transformações ao longo do tempo se deram exatamente nesse contexto, 
proporcionando ao docente um saber muito mais do que técnico, é preciso saber 
mais do que os conteúdos que são de cunho obrigatório, mas entrelaçar o 
currículo como um todo, em um viés que apresente significado com sua própria 
orientação curricular. 
Ao decorrer do processo histórico que cerca a educação, diferentes 
maneiras de pensar o currículo e fazer a escola foram surgindo, e, 
consequentemente, novas concepções e teorias pedagógicas. As concepções 
http://www.fundacaobunge.org.br/biblioteca-bunge/glossario/
http://www.fundacaobunge.org.br/biblioteca-bunge/glossario/
 
 
13 
 
pedagógicas determinaram por um período específico, toda a educação básica 
e suas particularidades, envolvendo a relação professor e aluno, a forma de 
ensinar e aprender, o processo avaliativo e outros. Dessa maneira, o currículo 
torna-se mutável e passível de transformações, não sendo fixo, ele é práxis e 
apresenta uma função social e cultural significativa para a educação e, 
sobretudo, ao educando e sua formação totalitária, não apenas ao processo de 
escolarização. 
Nesse viés, as questões que envolvem o processo histórico e cultural se 
dão pelas funções do currículo, por meio de projetos e socializações presentes 
nos próprios conteúdos, pelas concepções que o cercam e suas práticas 
educativas. A história presente nas próprias concepções curriculares engloba 
diversos momentos significativos e norteadores, que apresentaram como cunho 
principal a adequação da gestão curricular conforme as necessidades 
econômicas, sociais e culturais da época, bem como a compreensão de sua 
atuação e a proposta de uma escola igualitária. 
Pelos motivos acima descritos, pode-se compreender facilmente esse 
processo histórico que há no currículo que permeia a educação brasileira, desde 
o início do processo de escolarização, com os próprios Jesuítas, caminhando 
historicamente até a contemporaneidade. 
 
Reflita 
Acerca de currículos e concepções que anteriormente direcionaram a escola, é 
possível que retornem no processo histórico, social e político que vivenciamos 
nesse momento? 
 
Vamos nos recordar do currículo e suas contribuições quando a 
necessidade de mão de obra foi colocada em questão, ou ainda, no período em 
que apenas o professor era visto como o detentor do conhecimento e o aluno 
era apenas formado no âmbito da obediência e da reprodução. São 
apontamentos que percebemos o quanto foram significativos para a época, 
inclusive no cenário político e que determinaram muitas funções para a escola e 
todos aqueles que faziam a escola. 
 
 
14 
 
Seguindo essa vertente, o processo histórico curricular está também 
diretamente relacionado a questão formadoras, tanto dos educandos quanto dos 
docentes. Conforme as alterações históricas e sociais aconteciam, o professor 
também se modificava. Tais alterações eram realizadas desde a sua formação 
inicial até as suas atribuições e metodologias. 
O currículo e seus processos históricos, envolvendo as questões culturais, 
sociais, econômicas e políticas, ditaram e construíram a educação brasileira ao 
longo de décadas, deixando como herança a responsabilidade de trabalhar em 
prol de uma significativa educação, permeando as leis que direcionam todo o 
processo educacional brasileiro. 
 
1.3 As dimensões da reflexão, da estratégia e da ação no currículo 
 
Ao pensarmos em currículo na amplitude de suas estratégias e de suas 
concepções, é relevante incluir três aspectos: reflexão, estratégia e ação. 
Segundo Torre (1993), tais conceitos estão divididos a fim de contemplar a 
organização e a dinamização curricular, incluindo a ideia de plano, processo e 
ação, subdividindo-os da seguinte maneira: 
 
Reflexão/Planejamento Estratégia/Processo Ação 
O conceito se orienta em 
uma dimensão reflexiva, 
enfatizando teorias, 
fontes, funções e 
conceitualização. 
Refere-se a elementos 
estratégicos e técnico-
processuais, envolve os 
componentes curriculares, 
níveis, modalidades ou 
organização. 
Apresenta um caráter 
operativo, como a 
implementação, tipos de 
currículo, aspectos 
especiais e diferenciais e 
adaptações curriculares. 
Organização e dinamização curricular 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), embasada na obra de Eyng (2010), adaptado pelo 
DI (2019). 
 
Dessa maneira, pode-se perceber que o currículo ocupa as três 
dimensões descritas acima, diferenciando suas concepções e sendo composto 
pelo planejamento, pelo processo e pela ação. Assim, pensando nessa 
estruturação do currículo, há pontos distintos a serem conhecidos: 
 
➢ Conteúdos curriculares; 
➢ Proposta pedagógica; 
 
 
15 
 
➢ Modalidades curriculares; 
➢ Modelos curriculares; 
➢ Inovação curricular; 
➢ Níveis de concretização. 
 
 Importante 
Para Sacristán (2000, p. 15), “o currículo é uma prática na qual se estabelece 
diálogo, por assim dizer, entre agentes sociais, elementos técnicos, alunos que 
reagem frente a ele, professores que o modelam”. O próprio termo concepção 
curricular refere-se à maneira de entender ou conceber o currículo em si, ou 
seja, a análise referente aos fundamentos epistemológicos, 
ciência/conhecimento e aos fundamentos ideológicos, ideia humana e 
percepção de mundo. Nesse viés, o currículo se apoia em abordagens 
tecnológicas, psicológicas, antropológicas e sociológicas. 
 
Os conteúdos curriculares diretamente se relacionam aos 
conhecimentos, aos elementos da cultura que foram socialmente organizados, 
como foi determinado as competências, habilidades, atitudes e valores. 
A proposta curricular, também denominada por proposta pedagógica, é 
um plano que tem como objetivo descrever as ações didáticas que serão 
realizadas. Assim como demais planejamentos, ela é flexível sendo passível a 
alterações. É importante considerar alguns aspectos, tais como os conteúdos, 
métodos e avaliação, entre outros. 
As modalidades curriculares compõem outro aspecto fundamental do 
currículo. Esse termo é utilizado para indicar as possíveis diferenças em relação 
ao currículo de uma modalidade de ensino, diferenciando-as e inserindo as 
especificidades de cada uma. Nela abrangem os instrumentos pedagógicos ou 
estratégias reflexivo aplicativas destinadas a melhorar ou dar conta das 
atividades formativas que atendam a diversidade. 
Os modelos curriculares se diferenciam das modalidades curriculares, 
pois, quando remetemos ao modelo de um currículo, estamos pensando em 
linhas e paradigmas que são adotadospela escola. Uma escola pode escolher 
entre uma vertente tradicional de ensino, escolanovista, tecnicista, crítica ou pós-
 
 
16 
 
crítica e, essa escolha, com certeza, interfere no modelo curricular de ensino, 
tanto no que tange sua proposta quanto sua aplicação. 
O termo denominado inovação curricular é fundamental para a 
construção do currículo, pois nele algumas alterações significativas podem 
acontecer. É nela que alterações de práticas de currículo acontecem, sempre 
com o intuito de melhoria da qualidade de ensino. 
Os níveis de concretização curricular envolvem aspectos relevantes que 
atuam em diferentes esferas administrativas. Pode-se considerar três níveis de 
concretização, sendo o primeiro, aquele que envolve a União, Município e 
Estado, ou seja, é o primeiro nível de concretização e regido pelas políticas 
curriculares, pelos parâmetros e diretrizes que são determinadas para cada 
modalidade de ensino. O segundo nível relaciona-se ao Projeto Político 
Pedagógico e sua construção, enquanto o terceiro e último nível de 
concretização corresponde à sala em que são desenvolvidos os planos e 
projetos de ensino-aprendizagem. 
 
 Saiba mais 
Para uma melhor compreensão das concepções de currículo e políticas 
curriculares, acesse ao vídeo Política Educacional – O direito de aprender (Mário 
Sérgio Cortela), disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=P5APS 
WWOxfo 
 
Conclusão da aula 1 
 
Bem estudante, estamos chegando ao final dessa nossa primeira aula e 
pode-se perceber que muitos termos são utilizados ao se remeter ao currículo, 
a fim de gerar a reflexão, a estratégia e a ação, sendo todos imprescindíveis a 
fim de, pelo conhecimento, gerar a melhoria da qualidade da educação. Essa 
aula nos permitiu conceituar o currículo, afinal, ele tem um conceito único e 
imutável. Foi visto o currículo, desde o início das possibilidades de sua 
conceituação, até os dias atuais, gerando diferentes conceitos. 
 
 
 
 
17 
 
Atividade de aprendizagem 
Prezado estudante, nesse momento é importante que você reflita sobre os 
principais pontos abordados em nossa aula e, para fixação, sugiro que confira 
em uma escola que você tenha acesso, como ocorre a relação teoria e prática 
entre o currículo e a escola. Depois transcreva os principais apontamentos 
relacionando-os com nossos aprendizados. 
 
 
 
 
Aula 2 – Caracterização e fundamentos do currículo 
 
Apresentação da aula 2 
 
Olá aluno, nesta aula vamos refletir um pouco mais sobre o currículo 
escolar, suas características e fundamentos. Inicialmente é importante que você 
perceba que a escola, seguramente, passou por transformações significativas 
ao longo de seu processo histórico, político e social, e que está em constante 
modificação que, naturalmente, envolveram o currículo em um passado não tão 
distante e envolverão o currículo escolar em todas as suas etapas de alterações 
e melhorias da instituição escolar. 
 
2.1 Caracterização e fundamentos do currículo 
 
Para uma melhor compreensão dessa realidade, vamos regressar na 
história e perceber que as funções e características escolares mudaram, e muito, 
de décadas atrás, até a contemporaneidade. Anteriormente não existia um 
conflito ou reflexão sobre o que deveria ser ensinado nas escolas, ou melhor, 
em determinados períodos, embasados em uma educação tradicional e 
bancária, não se refletia sobre o que seria “transmitido” aos alunos. 
 
 
18 
 
 
Paulo Freire 
Fonte: https://envolverde.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/paulo-freire-padago 
go-educador-escritor-pensador-educacao.jpg 
 
A escola então assumia um papel apenas de transmissora do 
conhecimento científico e não era voltada para alguns aspectos que envolviam 
muito mais do que o saber, como a formação integral do sujeito que, certamente, 
relacionariam os aspectos sociais, psicológicos, emocionais, afetivos e outros, 
além dos conteudistas. Com o passar do tempo, a sociedade se transformou e 
passou a exigir da escola muito mais do que uma formação de conteúdos e 
saberes dos livros didáticos, o que gerou, certamente, algumas transformações 
muito significativas na função escolar, que passou não somente a trabalhar 
conteúdos, mas também à formação do aluno como um todo, buscando formar 
um cidadão democrático, autônomo e crítico. 
 
Curiosidade 
Afinal, o que significa a educação bancária? Paulo Freire define como "bancário" 
a pedagogia burguesa, comparando os educandos a meros depositários de uma 
bagagem de conhecimentos que deve ser assimilada sem discussão. Essa 
modalidade de educação teria como objetivo não equalizar os conhecimentos 
entre educador e educando, mas sim "manter a divisão entre os que sabem e os 
que não sabem, entre os oprimidos e os opressores". 
 
Ilustrando esse conceito, pode-se compreender a educação bancária pela 
seguinte imagem: 
 
 
19 
 
 
Fonte: elaborado pelo autor (2017). 
 
Reflita 
Você conseguiu compreender e refletir acerca dessa transformação? Afinal, a 
escola assumiu um posicionamento que antes era considerado somente da 
família. Então pode-se perguntar: “e o currículo nesse cenário, quais são suas 
características e fundamentos”? 
 
Essa é uma ótima reflexão que, seguramente, faremos e esclareceremos 
ao longo de nossa viagem pela temática de nossa aula de hoje. Assim, pensando 
no cenário de agregar funções sociais e de formação integral para a escola, o 
currículo, suas pesquisas e discussões, estão relacionadas a um suporte 
essencial para a escola e para a comunidade escolar, como os docentes, 
coordenadores e diretores pedagógicos. Assim, tudo o que ocorre dentro e fora 
dos muros escolares passam a ser organizados para que sejam utilizadas e 
relacionadas as questões de formação integral do aluno e de maneira contínua 
e significativa a esse processo de ensino-aprendizagem. 
 
2.2 Como pode ser visto, vivido e caracterizado um currículo? 
 
Refletindo sobre os aspectos de características do currículo, ele não pode 
ser entendido e nem conceituado como uma segregação de áreas e de 
conhecimentos específicos, envolvendo metodologias e conteúdo. Assim, 
Educação 
Bancária
Transmissão 
de saber
Falta de 
autonomia do 
educando
Professor era o 
detentor do 
conhecimento
Recepção de 
conteúdos 
transferidos
 
 
20 
 
precisamos nos atentar a um currículo que englobe de maneira coletiva os 
saberes e todos os aspectos que envolvem a formação totalitária do educando. 
Dessa maneira, vamos sempre nos atentar a um currículo que aborde uma 
cultura embasada na realidade, que surge de uma série de processos e que não 
se limita e, tão pouco, que seja imutável, distante da realidade da comunidade 
escolar, sobretudo do educando e de suas experiências. 
Os aspectos que envolvem a exploração dessa segunda aula são a 
relação entre o currículo e a escola atual. Nessa perspectiva, a escola deverá 
promover situações, as quais permitam que esse currículo tão pensado e 
estruturado realmente aconteça na prática, promovendo um ambiente e uma 
educação de qualidade e prazerosa, levando a escola a ser vista não somente 
como um local de educação formal, mas também de relações sociais, 
estabelecendo vínculos afetivos sólidos e permitindo ao educando dialogar, 
compartilhar, retribuir e construir relações significativas que vão além dos 
conteúdos propostos em sala de aula, e, ao professor, a reflexão e alteração de 
suas práticas metodológicas sempre que necessário. 
Assim caro aluno, vamos refletir sobre a caracterização e função 
curricular, colocando-o como vimos em nossa primeira aula, como um 
instrumento essencial para a construção de saberes, de identidade dos alunos e 
da própria instituição escolar, bem como da formação que se deseja construir. 
Dessa maneira, pode-se afirmar que o currículo se torna a base de toda a escola 
e de todo oprocesso educacional, envolvendo as experiências de vida, as 
situações empíricas e as vivências pedagógicas, sociais e culturais. 
E assim, estudante, você deve refletir sobre a “neutralidade” curricular, 
afinal, se ele é envolto por experiências de vida pedagógica, levando em 
consideração situações que vão além dos muros escolares, poderá então ser 
caracterizado como neutro ou até mesmo passivo? Acredito que tenha 
respondido que “jamais”, pois o currículo representa força, autonomia, 
legitimidade, ideologias, sistemas sociais, políticos e econômicos que envolvem 
não somente o espaço da escola, mas da comunidade, do bairro e até do 
município que está inserida. 
Uma característica significativa do currículo e que se entrelaçará com a 
sua concepção, vista em nossa primeira aula, é acerca da relevância que ele 
apresenta frente ao trabalho docente. É um orientador de todo o caminho a ser 
 
 
21 
 
percorrido ao longo da formação do sujeito, bem como, do direcionamento do 
professor em suas atividades e práticas pedagógicas, porém, ele não deve 
assumir uma caracterização imutável, mas sim, ser visto como um recurso 
flexível que busque atender as demandas tanto da escola quanto do professor e 
também dos educandos. 
Agora, vamos conhecer, na temática da caracterização curricular, três 
modalidades fundamentais que se inter-relacionam com o currículo escolar. O 
primeiro dele é o currículo formal, seguido pelo currículo oculto e finalizando, 
o currículo nulo. Acompanhe as tabelas explicativas que abordam as principais 
características de cada modalidade: 
 
Currículo Formal 
Conjunto dos conteúdos culturais explicitamente declarados nas diretrizes 
curriculares, estabelecido pelos sistemas de ensino, expresso em diretrizes 
curriculares, objetivos e conteúdo das áreas ou disciplinas de estudos; encontrado 
nas leis, e nos parâmetros. 
Currículo Oculto 
Conjunto de situações escolares não publicamente declaradas, isto é, aquilo que os 
alunos aprendem no cotidiano escolar, mas que não é ensinado pela escola. 
Currículo Nulo 
Currículo que a escola não ensina. Trata-se da ausência da oportunidade de 
aprender. 
Modalidades curriculares 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), adaptado pelo DI (2019). 
 
No processo de compreensão das particularidades de cada modalidade é 
importante ressaltar alguns pontos fundamentais. Veja, o currículo formal é 
exatamente aquele determinado pelas legislações educacionais brasileiras, ou 
seja, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a nossa LDBEN nº 
9394/1996, por nossas Diretrizes Curriculares, pelos Parâmetros Curriculares 
Nacionais, pelos Referenciais Curriculares Nacionais e outras políticas e 
normativas curriculares de nossa educação. Em sua maioria, elas são 
determinações fixas que devem ser seguidas, já outros, apenas orientam e 
sugerem à escola o que podem contemplar no âmbito curricular para auxiliar na 
formação totalitária do educando. Com a modalidade do currículo formal, a 
 
 
22 
 
cultura é sempre levada em consideração, além de direcionar os principais e 
necessários assuntos e conteúdo a serem abordados, conforme a realidade e a 
atualidade, realizando, certamente, as decodificações e formalizações didáticas 
correspondentes. 
Já o currículo oculto, é exatamente aquele que está entrelaçado de 
maneira muito significativa com as experiências empíricas do aluno e que, 
certamente, contribuem para a sua formação enquanto cidadão ativo, crítico e 
reflexivo. Pode-se nos ater nessa modalidade curricular aos temas transversais, 
pois são situações que ocorrem em ambiente escolar, porém, não fazem parte 
exatamente de uma disciplina ou conteúdo explícito, porém, estão presentes na 
formação totalitária do aluno. As suposições em sala de aula não podem ser 
planejadas, pelo próprio fato de serem silenciosas e incidentais. Assim, para se 
tratar de algum tema específico e, seguramente, relevante, é preciso que alguma 
situação em especial aconteça, justamente para que o docente levante o 
ocorrido, o tema e as aprendizagens que se relacionam a ele. 
Finalizando as modalidades, vamos agora pensar no currículo nulo, que 
é exatamente a ausência de oportunidades para aprender determinadas 
situações que fazem parte da formação integral do cidadão. Claro, essa 
modalidade curricular não substitui um docente jamais, mas é como um auxílio 
em relação às regras e às necessidades da escola e da comunidade como um 
todo. O currículo nulo é relativo à todas as atividades relacionadas ao 
aprendizado do aluno, sejam elas científicas ou sociais. 
 
2.3 Os fundamentos curriculares 
 
Seguindo nossa viagem pelos principais aportes que embasam o currículo 
e compreendendo algumas particularidades que envolvem os fundamentos 
curriculares. Você sabe exatamente o que esse termo significa? Veja, a palavra 
fundamento se relaciona exatamente a alicerce e, em nossos estudos, torna-se 
precisamente a base que sustenta um currículo. Então você deve estar se 
perguntando: “O que exatamente embasa um currículo”? Na verdade, um 
currículo é formado por um conjunto de ideias e aspectos, além das questões 
políticas e econômicas vigente. 
 
 
23 
 
Ao pensarmos em currículo no sentido dessa junção de aspectos e 
valores, ele assume, necessariamente, um âmbito articulado e com atividades 
que realmente são direcionadas, intencionadas e interdisciplinares, abordando, 
seguramente, questões como a visão do homem e de mundo, a sociedade, a 
cultura, trabalho e educação, atreladas às práticas pedagógicas que permitam 
construir e reconstruir as bases da formação integral do aluno. E, ressalto a você 
aluno que essa formação, essencialmente, deve permitir que, em fase adulta, o 
educando se coloque como capaz de contribuir social e economicamente para o 
desenvolvimento de sua sociedade. 
Seguindo esse pensamento, pode-se então nos permitir compreender o 
currículo, voltado para a educação básica brasileira e seus fundamentos, como 
um apanhado de valores e questões conteudistas que relacionam a teoria e a 
prática, a fim de auxiliar a escola e a comunidade escolar na promoção da 
formação global do educando, envolvendo aspectos sociais, culturais, físicos, 
emocionais, psicológicos, além, é claro, de seu próprio processo de 
escolarização e de ensino-aprendizagem. 
Assim, certamente, o currículo deverá ser embasado em questões que 
reafirmem a necessidade de uma implementação que permita intercruzar as 
áreas de conhecimento e, não somente, de conhecimentos fragmentados, afinal, 
como auxiliar a formação totalitária do sujeito com um currículo que valoriza um 
saber repartido? Isso nos parece contraditório e, até certo ponto, realmente o é. 
Ao contemplarmos um currículo embasado em fundamentos que nos permitam 
interagir e articular entre os diferentes saberes científicos, permitimos aos 
nossos alunos uma compreensão significativa da realidade que nos cerca e, 
naturalmente, a estabelecermos positivamente os processos que envolvem a 
construção dos saberes. 
 
2.4 Analisando e refletindo sobre o currículo como proposta 
 
Seguindo, percebemos que o currículo envolve diversos aspectos para 
então definir sua conceituação e suas características e fundamentos. Para nos 
aprofundarmos em nossa temática, exploraremos o currículo como proposta, 
conteúdo, planificação e realidade interativa. Assim, é importante entendermos 
 
 
24 
 
que as concepções e características que apresentam o currículo como proposta, 
se refere diretamente ao processo de educação dos alunos. 
Para Rasco e Garcia (1994, p. 18), esse aspecto se diferencia por 
questões bastante singulares, pois o currículo como proposta é aquele que está 
diretamente ligado à educação dos educandos, que “adquire, inevitavelmente, 
um significado prescritivo. Currículo é, então, o que deve ser desenvolvido nas 
escolas”, ou seja, aqui os autores se referem ao planejamento que organizatodos os processos escolares de ensino-aprendizagem. Se tratando do currículo 
como proposta, deparamo-nos com três aspectos: 
 
➢ O currículo como conteúdo; 
➢ O currículo como planificação; 
➢ O currículo como realidade interativa. 
 
O currículo como conteúdo, apesar das variações, fica então definido 
como aquele que se encontra como uma sequência de unidades de conteúdo e 
aquele capaz de promover um conjunto de resultados de aprendizagem, sempre 
apoiadas em atividades anteriores, como uma sequência de anos e 
aprendizagens. Nessa forma curricular, Rasco e Garcia afirmam que o currículo 
“é uma questão de definir a sequência de atividades apoiadas e pré-requisitos 
desenvolvidos nas atividades anteriores”. 
 
 Importante 
Para Sacristán (2000), o currículo “é uma práxis antes que um objeto estático 
emanado de um modelo coerente de pensar a educação ou as aprendizagens 
necessárias das crianças e dos jovens, que tampouco se esgota na parte 
explicita do projeto de socialização cultural nas escolas”. 
 
Essa concepção de currículo nos remete a uma prática extremamente 
antiga que relaciona a prática pedagógica ao cumprimento de conteúdos 
obrigatórios, levando o professor a uma preocupação excessiva de cumprir com 
a transferência dos conteúdos, como foi visto acerca da educação bancária, 
 
 
25 
 
levando o próprio currículo à conceituação que se refere ao conjunto de 
conteúdos organizados em uma sequência gradativa de aprendizagem. 
Sobretudo, o currículo abordado como conjunto de conteúdo, também 
possui a vertente de ressaltar o papel da escola, quando atribuímos a ela a 
função de educação formal, atingindo os objetivos referente aos conteúdos 
propostos em currículo. 
O currículo como planificação é muito próximo ao currículo como 
conteúdo. O termo planificação significa planejar, assim, pode-se entender o 
currículo como planificação, aquele que indica e define os marcos das ações 
educativas de uma escola. Dessa forma, ele apresenta não somente conteúdos, 
o que precisa ser aprendido e ensinado, mas também os materiais e métodos de 
ensino. Nessa forma de currículo é preciso ficar atento para não os deixar 
apenas no planejamento, seguindo os marcos definidos, porém, apenas na 
intenção de colocá-lo em prática, é preciso ir além, se faz necessário que o 
currículo apresente intenções justificadas que sirvam de referenciais no 
detalhamento dos planos que os professores desenvolverão e que devem, por 
sua vez, caminhar conforme a realidade educacional que será desenvolvido. 
O currículo como realidade interativa aproxima-se da concepção 
prevista pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, lei nº 9394/96 da 
elaboração participativa do projeto pedagógico curricular da escola, ou seja, 
nesta perspectiva de currículo é uma construção realizada na interação entre 
professores, alunos e de todos os que participam, direta ou indiretamente da vida 
da escola. 
Nesse viés, Rasco e Garcia apontam que o currículo com a proposta de 
realidade interativa, assemelha-se, fundamentalmente, na relação dinâmica 
entre o planejamento da escola, da aula e as considerações das divergências ou 
convergências existentes entre o currículo pensado e aquele realmente colocado 
em prática. Dessa maneira, o professor assume um papel principal, ele é visto 
como um agente curricular, é ele que, com sua formação, compreende, planeja 
e adequa a gestão ao currículo. 
É válido ressaltar que os autores Rasco e Garcia (1996, p. 27), dentro das 
concepções, caracterização e fundamentos curriculares descritas acima, 
apresentam como o termo “representação” aquilo que “representamos o mundo, 
compreendê-lo e interpretá-lo.” Já a ação, refere-se à “atuação que temos sobre 
 
 
26 
 
o próprio currículo, para muda-lo e transforma-lo.” Mediante a explanação das 
concepções curriculares, é importante percebermos que voltamos ao que 
Saviani nos aponta, de que não há um currículo certo ou uma definição 
engessada. Precisamos observar o contexto e qual a melhor representação e 
ação educativa deverá ser validada. 
 
 Saiba mais 
Saviani é um grande estudioso sobre o currículo e suas particularidades voltadas 
para a educação formal. Para que se compreenda sobre o cenário e 
pensamentos do autor, bem como as concepções de currículo e políticas 
curriculares, acesse ao vídeo de Saviani, que trata da temática das políticas 
educacionais brasileiras, disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=uhomL5IUoFk 
 
Conclusão da aula 2 
 
Nessa perspectiva caro estudante, em nossa segunda parte dessa incrível 
viagem, nos aprofundamos significativamente nas particularidades que 
envolvem o currículo, conhecendo termos específicos e necessários para a 
compreensão de diversos aspectos que envolvem nossa disciplina. Conhecer 
um pouco mais da história do currículo, bem como sua caracterização e seus 
fundamentos contribuíram para avançarmos ainda mais em nossa temática e na 
construção de nosso conhecimento, levando a compreender a relevância da 
relação estabelecida entre a teoria e a prática, entre os saberes diversos e o 
processo de ensino-aprendizagem, bem como entre as metodologias 
pedagógicas e os recursos didático-pedagógicos e, certamente, no trinômio 
sólido que é composto pela escola, comunidade escolar e o currículo, a fim de 
contemplar uma educação básica de qualidade e integral. 
 
Atividade de aprendizagem 
Gostaria que você, caro estudante, após assistir ao vídeo de Saviani, escreva 
uma resenha apontando os principais conhecimentos solidificados por meio 
do vídeo. Vale a pena conferir e agregar mais saberes ao nosso conhecimento 
acerca da aula de hoje! Posteriormente, sugiro que retorne no início de nossa 
aula para refazer a leitura, de fato, essa ação lhe auxiliará ainda mais nas 
compreensões acerca do currículo e seu processo histórico. 
 
 
27 
 
Aula 3 – Processo metodológico da organização curricular 
 
Apresentação da aula 3 
 
Olá aluno, vamos refletir acerca da organização curricular? Perceba, para 
iniciarmos vamos pensar na própria expressão: “organização curricular”, o que 
lhe vem à mente? Possivelmente uma organização de conteúdo, correto? Mas 
será que organizar um currículo é somente pensar e separar o que será ensinado 
e em qual ano ou série determinados conteúdos devem aparecer, sendo de 
cunho obrigatório? A prática, o planejamento, as atividades pedagógicas e o 
direcionamento do professor, fazem parte da organização curricular? 
Com certeza, afirmamos que organizar um currículo vai muito além desse 
pensamento e dessa ação. Organiza-lo é pensar na escola e na educação como 
um todo, ampliando os horizontes e adentrando os muros escolares, porém, não 
nos prendendo apenas em questões que envolvem a sala de aula, é preciso ir 
além, pensar no aluno, na educação com qualidade e direitos, na escola, na 
comunidade escolar e seus entornos. 
 
3.1 Refletindo sobre a organização curricular 
 
Nessa perspectiva, ao referirmos a organização curricular, precisa-se, 
inicialmente, recorrer à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 
que apresenta alguns apontamentos acerca da organização curricular. Ressalto 
que o currículo é o centro da escola e da educação, tornando-se um ponto 
relevante para a sua organização, devendo ser refletido e planejado, pensando 
na realidade da escola e de sua comunidade escolar, a fim de, juntamente com 
a legislação e esferas de governo, garantir uma educação de qualidade, 
considerando que a educação é um direito inalienável de todos os cidadãos, 
sendo essa condição nata para o exercício dos direitos humanos, sociais, 
políticos e econômicos. 
O currículo escolar e sua organização permeiam o ambiente escolar e 
interferem em significativos processos e procedimentos que envolvem o dia a 
dia da escola e da comunidade escolar. A organização curricular deve estar 
voltada ao sistema de ensino, a concepção adotadapela escola o que, 
 
 
28 
 
naturalmente, já envolve aspectos específicos, como o perfil socioeconômico, a 
localização, a cultura regional entre outros, que contemplem toda a dimensão da 
construção das competências e habilidades que envolvem o processo de ensino-
aprendizagem compreendido na educação básica. Assim, voltamos ao estudioso 
Saviani, que apresenta a organização curricular, também conhecida como grade 
curricular, ficando definida da seguinte maneira: 
 
Organização curricular 
O conjunto de atividades 
desenvolvidas pela 
escola, na distribuição das 
disciplinas/áreas de 
estudo (as matérias ou 
componentes 
curriculares), por série, 
grau, nível, modalidade de 
ensino e respectiva carga 
horária, aquilo que se 
convencionou chamar de 
“grade curricular. 
Compreende também 
os programas, que 
dispõem os conteúdos 
básicos de cada 
componente e as 
indicações 
metodológicas para seu 
desenvolvimento. 
A organização curricular 
supõe a organização do 
trabalho pedagógico. 
Isso quer dizer que o saber 
escolar, organizado e 
disposto especificamente 
para fins de ensino 
aprendizagem, compreende 
não só aspectos ligados à 
seleção dos conteúdos, mas 
também os referentes a 
métodos, procedimentos, 
técnicas, recursos 
empregados na educação 
escolar. 
Consubstancia-se, pois, tanto 
no currículo quanto na 
didática. 
Organização Curricular segundo Saviani 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), adaptado pelo DI (2019). 
 
Nesse viés, é perceptível a importância da organização curricular, ela está 
diretamente ligada a qualidade de ensino, assim, as diretrizes curriculares 
apontam para um planejamento e desenvolvimento do currículo que supere a 
fragmentação de disciplinas, enaltecendo a articulação dos conhecimentos. 
O currículo e sua organização, além de contemplar os aspectos descritos 
acima, precisam inserir o educando na sociedade da qual faz parte, tornando-o 
um cidadão crítico e conhecedor de seus direitos e deveres e, para atingir esse 
fim, a escola que possui sua consciência social, deve inserir na organização 
curricular aspectos que gerem a base nacional comum e os temas transversais, 
comprometendo-se com a cidadania e a formação integral do sujeito. Os 
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) apresentam alguns aspectos 
 
 
29 
 
também norteadores que auxiliam na organização curricular. Vamos ver esses 
parâmetros na tabela abaixo: 
 
OS PCNS E ASPECTOS TAMBÉM NORTEADORES NA ORGANIZAÇÃO 
CURRICULAR 
Respeito aos direitos humanos e exclusão de qualquer tipo de discriminação, nas 
relações interpessoais, públicas e privadas de igualdade de direitos, de forma a 
garantir a equidade em todos os níveis 
Participação como elemento fundamental à democracia 
Corresponsabilidade pela vida social como compromisso individual e coletivo 
A inclusão de temas socioculturais no currículo transcende o âmbito das 
diversas disciplinas e corresponde aos Temas Transversais, preconizados 
pelos PCNs para o Ensino fundamental e que se caracterizam por: 
Urgência social Abrangência 
nacional 
Possibilidade de 
ensino-
aprendizagem 
Favorecimento na 
compreensão da 
realidade social 
Na forma de: 
Ética, diversidade cultural, meio-
ambiente, saúde e orientação sexual 
Trabalho e consumo 
Aspectos norteadores para a organização curricular 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), adaptado pelo DI (2019). 
 
Embasados na LDB 9394/96 e nos PCNS, é perceptível a relevância da 
conscientização ao construir a organização curricular de uma escola. A escola 
vai além de questões conteudistas, ela envolve aspectos da formação do 
educando que devem, obrigatoriamente, contemplar o processo de ensino-
aprendizagem, juntamente com a dialogicidade e com os saberes 
interdisciplinares. 
 
Vocabulário 
Dialogicidade: característica do que é dialógico, dialogal, daquilo que se efetua 
por meio do diálogo, de uma interação comunicativa, da conversa. Qualidade do 
que propõe acordo ou se efetiva por meio de um acordo: a dialogicidade entre 
nações conflitantes. 
 
 
30 
 
3.2 O currículo disciplinar linear 
 
Seguindo em nossa viagem pelos estudos acerca do currículo e de suas 
particularidades, vamos adentrar em uma temática extremamente significativa 
em todo esse processo. Conforme acompanhamos em aula anterior, a discussão 
acerca do currículo e seus modelos não é algo recente, sendo muitas vezes, o 
centro de intensas discussões, tanto no âmbito social e educacional, quanto no 
cenário político. Dessa maneira, ao refletir sobre a organização curricular, deve-
se ter em mente os aspectos que permeiam o currículo linear, também 
denominado como disciplinar. 
 
Reflita 
Mas, afinal, do que se trata essa forma de currículo? Quais suas finalidades e 
especificidades? 
 
Veja, o currículo disciplinar é aquele que atende à demanda das escolas 
na contemporaneidade e, a princípio, esse permanecerá em nossa educação 
brasileira por tempo indeterminado. Pensando em uma mudança significativa, 
envolvendo a alteração da espécie de currículo adotada, traria, sem dúvidas, 
intensas modificações, inclusive na prática pedagógica do professor. 
 
 Importante 
O currículo está diretamente relacionado à concepção teórica que o fundamenta, 
assim, conforme a teoria, um estilo específico de currículo. O currículo disciplinar 
relaciona-se com as teorias reprodutoras, ou seja, as conservadoras e 
tradicionais. 
 
Pensando no próprio nome do currículo: “disciplinar”, pode-se buscar seu 
significado no latim, que indica à palavra disciplina, como doutrina e instrução 
a um pessoal, englobando os aspectos morais, artísticos e 
acadêmicos/escolares. Seguindo pela busca da etimologia da palavra, a 
disciplina escolar também pode ser vista como uma mera obrigação imposta 
aos educadores no âmbito conteudista, ou seja, o conteúdo que o professor 
precisa transferir ao seu aluno e esse, por sua vez, precisa absorve-lo e 
memoriza-lo. 
 
 
31 
 
Como uma de suas principais características, pode-se relacionar esse 
currículo a uma linha de montagem, como um sistema de produção, sendo 
bastante objetivo e direcionado, não há o que pode-se classificar como 
aprofundamento, levando as disciplinas que contemplam cada ano escolar, a 
seguir uma ordem e uma sequência, o que, em grande maioria, nos leva a nos 
deparamos com disciplinas fragmentadas, como se fossem criadas bifurcações 
de uma mesma matéria. 
Essa fragmentação também ocorre no momento que pensamos em teoria 
e prática, separando e classificando as disciplinas e conteúdo. Esse pensamento 
pode nos remeter a alguns equívocos que permeiam a própria disciplina, como 
a distinção clara que há entre os assuntos abordados na parte teórica, não os 
relacionando com a prática, bem como no aspecto de distanciar a aprendizagem 
da realidade do educando, não atribuindo significado ao que ele aprende na 
educação formal, com a sua vivência, sua prática e sua vida. 
Nessa perspectiva, o currículo disciplinar acredita que o aluno já possua 
um acúmulo de conhecimentos e que o próprio conhecimento é como um produto 
que deve apenas ser consumido, não havendo modificações, ele já está pronto, 
já é acabado, feito e concluído, precisando apenas ser transferido. 
Nesse aspecto, alguns termos e ações são comumente utilizados ao se 
tratar da teoria curricular tradicional e, naturalmente, no modelo linear disciplinar 
de um currículo, como: aprendizagem, avaliação, metodologia, organização, 
planejamento e os objetivos. Termos e aplicabilidade tal que levam o currículo 
disciplinar a relacionar-se diretamente ao mercado de trabalho e pela escola 
tradicional, nova e tecnicista, visando a memorização do conteúdo que já está 
acabado. 
Esse modelo curricular cabe exatamente ao que Freire denominou como 
prática de uma educação bancária. Nela, o aluno não possui voz ativa, não 
produz, apenas reproduz, não aponta, não instiga, não registra, não reflete e, tão 
pouco, desenvolve a criatividadee a criticidade. Assim, o educando, é 
comparado a uma espécie de folha em branco, que apenas recebe os conteúdos 
repassados pelo professor, a fim de memoriza-los e não de construí-los. 
 
 
 
 
 
32 
 
3.3 O currículo integrado 
 
Agora caro aluno, vamos conhecer sobre o currículo integrado. Vamos 
juntos explorando essa forma curricular? Veja, ao ir de encontro ao modelo do 
currículo linear tradicional, nos depararemos com o surgimento do currículo que 
se refere à modalidade interdisciplinar ou também, aquele que é conhecido como 
currículo integrado. O termo interdisciplinar, etimologicamente, se refere a 
junção, a estabelecer relações entre duas ou mais disciplinas ou ramos do 
conhecimento, trabalhando o que há de comum entre elas, ou seja, unir os 
objetos e formar os conhecimentos. 
Quando remetemos a alguns pontos específicos do currículo, sobressai, 
como uma de suas especificidades, a desfragmentação da educação, 
envolvendo questões conteudistas, bem como os aspectos da construção do 
conhecimento que, nessa visão, não é um saber já pronto e sem alterações, 
podendo ser visto como a construção de conhecimento de maneira integrada. 
Dessa maneira caro estudante, o currículo interdisciplinar aborda essa 
integração de saberes, rompendo com a ideia da divisão da educação e as áreas 
de conhecimento, tão aplicadas e utilizadas até a contemporaneidade. Nessa 
perspectiva, algumas características básicas são atribuídas a essa concepção 
curricular, destacando a inter-relação entre a teoria e a prática no processo 
formativo, ou seja, as disciplinas em si se complementam e se integram. 
A favor do pensamento Freireano da educação, a modalidade integrada 
ressalta o conhecimento construído pelo educando, nele o aluno não é mais uma 
folha em branco, ele possui suas experiências e vivências além, é claro, da 
capacidade de reflexão, de pensamento, de ação, de sistematização e de 
comunicação. Nesse contexto, o currículo interdisciplinar relaciona-se com a 
teoria crítica e construtivista, que serão aprofundadas em aulas seguintes, pois 
são capazes de interferir de maneira direta e significativa na formação integral 
do sujeito, tornando-o um cidadão crítico, autônomo e reflexivo, capaz de 
dialogar e se posicionar na sociedade que faz parte. 
Outra característica significativa nessa modalidade curricular e que 
merece destaque é a relação dos diferentes componentes curriculares 
englobados na própria rotina escolar, ou seja, para que os conhecimentos 
construídos pelo educando tenham significado é preciso ficar atento a alguns 
 
 
33 
 
pontos como as temáticas abordadas e a realidade socioeconômica da escola e 
da sua clientela. 
Com esses apontamentos, percebemos que nessa formação curricular o 
conhecimento é o objetivo e o resultado de um processo que foi pensado, 
refletido, analisado e construído, não está pronto ou acabado e, todo esse 
processo é mediado pela própria percepção do aluno frente aos objetos de 
estudo, bem como pela metodologia utilizada, ocorrendo assim uma relação 
relevante entre o aluno, o objeto, o pensamento e a interação, promovendo a 
construção de um conhecimento significativo. 
Quando pensamos na atualidade e, sobretudo em alguns aspectos que 
envolvem a educação brasileira, como as políticas educacionais, fica claro a 
necessidade de implementação totalitária de um currículo integrado, que 
contemple o educando e seus pensamentos, bem como promova a 
interdisciplinaridade entre os conteúdos. Para tal fato, é preciso uma 
remodelagem dos próprios profissionais da educação, além dos recursos e 
objetivos educacionais afinal, o currículo integrado vai além da junção de 
conteúdos e disciplinas, ele visa a formação integral do sujeito, abrangendo 
aspectos sociais, políticos e econômicos, permitindo ao educando transformar-
se em um cidadão crítico, reflexivo e atuante na sociedade, com seus 
pensamentos e reflexões, utilizando-se de sua própria fala e comunicação e, não 
apenas, um mero transmissor de saberes. 
 
3.4 Regime seriado e regime ciclado 
 
A escola tradicional esteve presente por muitas décadas na educação 
brasileira, contemplando assim o regime seriado, que abrangeu o final do século 
XIX até meados da década de 1980. Sabe-se que a educação tradicional, em 
diversos aspectos, não contemplava o aluno e a sua própria construção do 
conhecimento, sendo conhecida como aquela pedagogia que se centrava na 
transmissão do saber, daqueles conhecimentos até então considerados 
essenciais para a formação do educando, sobretudo no aspecto social e ao 
mercado de trabalho. 
 
 
 
34 
 
 
A escola tradicional 
Fonte: https://aviagemdosargonautasdotcom.files.wordpress.com/2012/11/248508_361 
451710603541_546128288_n.jpg 
 
Nesse viés, contemplando a pedagogia tradicional, a forma de 
organização curricular seriada ocorria por meio da segregação dos componentes 
curriculares para cada campo do conhecimento e, posteriormente, para a divisão 
de séries. Nessa forma de organização curricular fica determinado aspectos 
temporais, sendo então, pela própria legislação escolar, estabelecido períodos 
específicos para ensinar e para aprender, bem como o que deve ser transmitido 
e o que deve ser memorizado e absorvido em cada ano ou série escolar, não 
havendo distinção para esse tempo assim, não se leva em consideração 
questões peculiares como as dificuldades de aprendizagem ou necessidades 
especiais. 
Outra forma de organização curricular frequente na educação brasileira, 
embasada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é o regime 
ciclado. Existem algumas diferenças significativas ao compara-lo ao regime 
seriado, sobretudo no que se refere ao tempo, ao processo de ensino-
aprendizagem e ao educando. 
Na organização curricular por ciclos, a idade dos alunos é determinante 
para o agrupamento e organização do ensino fundamental, almejando a 
formação totalitária do sujeito, abordando valores fundamentais e que são 
essenciais para além dos muros escolares. Esse processo se dá então por 
diversas metodologias e atividades que contemplam as experiências do 
 
 
35 
 
educando, sua participação social, o contexto do qual faz parte, a diversidade da 
turma e demais aspectos que interferem no processo de ensino-aprendizagem. 
Uma das características essenciais do modelo curricular em ciclo e que 
se diferencia significativamente da organização curricular seriada, é a 
aprendizagem que, mesmo abordando questões conteudistas essenciais para 
cada ciclo, apresenta o conhecimento como inacabado e passível de construção 
pelo próprio educando, deixando de ser uma mera transmissão de saberes e 
memorizações, sendo o aluno capaz de se apropriar de seu próprio saber, 
denominado assim por um processo sociointeracionista. 
Dessa maneira, nos deparamos com uma organização curricular que 
valoriza o educando e suas construções individuais e coletivas, abordando não 
somente um campo do conhecimento, uma área ou uma disciplina, mas 
contemplando e sistematizando os saberes. 
Assim caro estudante, pensando inclusive no próprio conceito etimológico 
do termo ciclo, o qual nos deparamos com um significado de série de 
fenômenos que se repetem em uma determinada ordem, é relevante 
apontarmos que, juntamente com a organização curricular, o ensino em ciclo 
compreende a busca pela oportunidade de maior tempo e contato do educando 
com os saberes, ou seja, que ele tenha maior disponibilidade para compreender 
os assuntos propostos pelo currículo e que, por meio das interferências da 
escola, construa o seu aprendizado e o seu conhecimento. Nesse contexto, o 
tempo deverá ser o suficiente para que cada educando usufrua da escola como 
um todo até a finalização dos processos, ou seja, da conclusão dos ciclos. 
Nesse viés, é perceptível a relação entre o binômio organização curricular 
e o Projeto Político Pedagógico, em que a instituição deensino possui a sua 
autonomia na escolha de sua organização individual curricular. Ambas maneiras 
de organização curricular podem coexistir ainda na educação nacional, não há 
determinado aquela que é classificada como correta e incorreta, porém, há 
diversos estudos que permeiam essas formas mais comuns da educação básica 
brasileira. Essa abertura para a organização curricular está presente em nossa 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a lei 9394/96 em seu artigo 23: 
 
A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos 
semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos 
não-seriados, com base na idade, na competência e em outros 
critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse 
 
 
36 
 
do processo de aprendizagem assim o recomendar. (LDBEN, 
9394/96). 
 
A escola deverá ter em mente exatamente seus objetivos frente à 
formação do sujeito, para então, definir a forma de sua organização curricular. 
Embasada nesses objetivos de formação totalitária do educando, é possível 
reconhecer a organização que melhor se enquadra e que visa intermediar a 
obtenção dos resultados desejados. 
 
3.5 O Projeto Político Pedagógico na organização curricular 
 
Vamos partir para uma exploração ainda mais significativa, nos 
remetendo ao binômio: Projeto Político Pedagógico e a organização curricular. 
 
 Importante 
É importante que você reflita acerca dessa relação e de sua influência exata na 
prática educacional. Veja, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
9394/96, permitiu um significativo avanço quando pensamos em organização 
curricular e o Projeto Político Pedagógico, determinando que cada instituição de 
ensino, juntamente com seu corpo docente e comunidade escolar, construa o 
seu próprio PPP, respeitando as especificidades de cada região, inclusive os 
aspectos socioeconômicos e políticos que permeiam a escola. 
 
Seguindo nessa vertente de um currículo e PPP construído coletivamente, 
de maneira natural haverá uma saudável discussão acerca de pontos essenciais 
que permeiam o currículo, como concepções de homem, de mundo, de 
sociedade, de conhecimento e de avaliação, por exemplo, aspectos os quais 
contemplam o currículo e sua organização. 
Dessa maneira, o currículo escolar e sua organização, englobando o 
Projeto Político Pedagógico, se relaciona diretamente com os objetivos 
individuais de cada instituição de ensino, contemplando além das metas 
estabelecidas nacionalmente pela busca da educação igualitária e de qualidade, 
às metas da própria escola, seus próprios objetivos e desejos a serem atingidos, 
dividindo assim suas dimensões em três tipos de organização relevantes e 
significativas para a organização curricular, sendo: 
 
 
37 
 
PROJETO – PLANEJAMENTO 
Junção de propostas, reflexões e ações a serem 
executadas em determinado período. 
POLÍTICO 
Aborda aspectos da formação dos educandos, 
tornando-os conscientes e críticos, sendo 
capazes de atuar e modificar o cenário social. 
PEDAGÓGICO 
Planejamento acerca das questões 
conteudistas, englobando todos os aspectos que 
envolvem o processo de ensino-aprendizagem. 
Organização curricular 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), adaptado pelo DI (2019). 
 
Nesse contexto, o Projeto Político Pedagógico se torna um norteador para 
todos os contextos que envolve a escola, indo além do próprio corpo docente, 
dos educandos e das suas interações e aprendizagens, mas também, 
englobando a comunidade escolar como um todo e a formação totalitária que 
permeia um ser humano. O Projeto Político Pedagógico de uma escola deve 
abordar temas relevantes como a missão da escola, a clientela que a frequenta, 
seus aspectos socioeconômicos, os recursos didáticos pedagógicos, os planos 
de ação, as diretrizes pedagógicas e os aspectos relativos ao processo de 
ensino-aprendizagem , que direciona e organiza o currículo de maneira intensa, 
abordando questões do processo de avaliação, da forma curricular adotada pela 
escola e das questões conteudistas e metodológicas. 
O Projeto Político Pedagógico está intimamente relacionado à 
organização curricular. Ele engloba a escola em todos os seus aspectos, 
contemplando não somente as questões relacionadas ao conteúdo. Assim, ao 
nos remetermos ao projeto político e pedagógico de uma escola, é indissociável 
a reflexão acerca da organização curricular do tempo e espaço em que serão 
desenvolvidos aspectos como os valores e a formação do educando, além do 
processo escolar. 
 
 Saiba mais 
Para ampliar os conhecimentos acerca das modalidades de organização 
curricular, ressaltamos a leitura do artigo: A organização do ensino fundamental 
em ciclos: algumas questões, disponível no link: 
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a04.pdf 
 
 
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v14n40/v14n40a04.pdf
 
 
38 
 
Conclusão da aula 3 
 
Caro aluno, finalizando a nossa terceira aula da disciplina de Teoria do 
currículo. Você está a cada dia construindo e aprimorando seus conhecimentos 
por meio das temáticas propostas em nossas aulas. Pudemos conhecer um 
pouco mais sobre alguns tipos de currículo e suas particularidades, além do 
ensino ciclado, do seriado e de todos os aspectos que permeiam a organização 
curricular, como o Projeto Político Pedagógico e alguns apontamentos oriundos 
da legislação curricular brasileira. 
 
Atividade de aprendizagem 
Vamos refletir um pouco mais acerca de alguns aspectos abordados em nossa 
aula? Para tanto, é preciso que você solidifique alguns conceitos e, sobretudo, 
absorva ainda mais as particularidades que envolve a organização curricular 
do ensino fundamental, diferenciando o ensino ciclado do seriado. Dessa 
maneira, assista ao vídeo Ciclo X Seriação, disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch 
?v=c81s-0WenC8 
 
 
 
 
Aula 4 – A relação entre currículo e cultura escolar 
 
Apresentação da aula 4 
 
Olá aluno, vamos iniciar nossas reflexões e explorações da aula 4 
pensando sobre a cultura. O que será que consideramos como cultura? Afinal, 
os conceitos de cultura e de cultura escolar possuem os mesmos significados? 
Á palavra cultura sofreu transformações conforme o passar do tempo e pelas 
necessidades sociais. 
 
4.1 A cultura e a cultura escolar 
 
Ainda por volta do século XV, o termo cultura se relacionava apenas ao 
ato de cultivar, como por exemplo, cultivar animais e plantios, o que pode-se 
 
 
39 
 
claramente observar com os sufixos das palavras agricultura ou suinocultura. Um 
século depois, a cultura foi associada à mente humana, como se fosse 
considerada o cultivo da mente e, esse conceito, conseguiu segregar as 
sociedades e suas classes econômicas, pois, somente algumas, poucas por 
sinal, eram consideradas sociedades de cultura e civilização. Avançando 
cronologicamente, já adentrando ao século XVIII, a cultura tornou-se relativo à 
Europa e suas sociedades, pois se destacavam e passaram a ser consideradas 
cultas. E, é exatamente nessa linha de raciocínio, que o sinônimo de cultura de 
hoje traz como herança, relacionando-a a artes diversas, como música, 
literatura, obras de arte, filosofia, entre tantas outras. Além dessa concepção, já 
no século XX, foi mesclado a esse conceito a questão da cultura popular que, 
em nossa atualidade, certamente, fazem alusão aos meios de comunicação, 
segregando a cultura em primeiro e terceiro mundo, bem como em cultura culta 
e cultura popular, regionais, religiosas, de gênero e outras. 
Agora que você já sabe o que é considerado como cultura, vamos 
associa-la à cultura escolar. Veja, a cultura escolar será aqui definida como um 
conjunto que engloba as práticas educativas e as metodologias utilizadas pelo 
corpo docente, além das relações sociais e das normativas implementadas no 
ambiente de educação formal, a escola. Aqui, conseguimos transpor as relações 
entre o conceito de cultura e o de cultura escolar,afinal, ambos estão 
direcionados às relações sociais e aos conhecimentos empíricos ou acadêmicos. 
Seguindo essa concepção, partiremos agora, prezado estudante, a 
explorar em nossa viagem acerca da disciplina da Teoria do Currículo, sobre a 
escola e essa cultura escolar, propriamente dita. Dessa maneira, posteriormente 
em nossa aula, faremos significativas relações entre a cultura escolar e o 
currículo. Nesse pensamento precisamos compreender que a escola é um 
ambiente riquíssimo de cultura e que, necessariamente, a comunidade escolar 
contribui para a aquisição e transformações culturais, relacionando assim a 
comunidade, a comunicação entre ela e a instituição, a escola e o sistema 
educativo, bem como as práticas escolares. 
 
 
 
40 
 
 Importante 
A cultura escolar envolve diversos e significativos aspectos que vão muito além 
de questões burocráticas e de conteúdo para a formação da criança. A escola é 
composta pelos programas curriculares e educacionais que determinam e 
orientam as questões que envolvem o processo de ensino-aprendizagem, assim, 
naturalmente, a formação global do educando e, também a cultura que envolve 
diretamente os resultados atingidos por ações realizadas pela instituição escolar, 
colocando assim a cultura escolar como indispensável ao homem moderno e 
que vive em uma sociedade democrática e ativa. 
 
Nessa perspectiva, a escola seguramente se relaciona com uma cultura 
social e, até mesmo, com um cunho maternal e assistencial. Mas isso não 
significa que ela deixe de ser escola, de ser uma instituição de educação formal, 
para então, tornar-se uma organização social. Por isso, é relevante que 
tenhamos sempre em mente que a cultura está diretamente relacionada as 
ações que acontecem diariamente no chão da escola, contemplando as 
estratégias e desenvolvimento dentro e fora da sala de aula, independentemente 
de estarem relacionadas a um ou outro aspecto escolar, ou seja, a gestão, a sala 
de aula, ao currículo e assim sucessivamente, uma vez que contemple as 
estratégias 
Nessa vertente, a cultura escolar se distancia de uma função meramente 
de englobar os distintos valores, mas sim englobar as ideias e as diferentes 
maneiras de planejar, fazer, recriar e refazer a escola como um todo, envolvendo 
toda a comunidade escolar, além dos aspectos sociais, afetivos, emocionais e 
dos conteudistas. Da mesma maneira, a comunicação, não somente oral, mas 
as diversas maneiras de se comunicar no ambiente escolar, estão inclusas nesse 
processo cultural da educação, abrangendo os discursos e, até mesmo, os 
pensamentos e as ações. Dessa forma caro aluno, esse comunicar, pensar, 
planejar, agir e reconstruir estão interligados com a educação formal e com todo 
o processo de ensino, alterando as relações e construções sociais. 
 
 
 
 
41 
 
 Saiba mais 
Vamos aprofundar os conhecimentos adquiridos até o momento lendo o livro 
Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar 
de Jean-Claude Forquin. 
 
Outro ponto significativo, é observarmos que alguns autores se diferem 
quanto a concepção de cultura escolar, porém, há pontos que, seguramente se 
entrelaçam. Vamos acompanhar na tabela abaixo a visão de dois relevantes 
autores e estudiosos dessa temática: 
 
 
Cultura escolar segundo 
Viñao Frago 
(1998, p. 169) 
Ideias, pautas e práticas relativamente 
consolidadas, como modo de hábitos. Os 
aspectos organizativos e institucionais 
contribuem [...] a conformar uns ou outros 
modos de pensar e atuar e, por sua vez, estes 
modos conformam as instituições num outro 
sentido. 
 
Cultura escolar segundo 
Forquin 
(1993, p. 168) 
Conjunto de características do cotidiano. A 
cultura escolar é o mundo humanamente 
construído, mundo das instituições e dos signos 
no qual, desde a origem, se banha o indivíduo 
humano, tão somente por ser humano, e que 
constitui como que sua segunda matriz. 
As diferentes visões de cultura escolar 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), adaptado pelo DI (2019). 
 
Dessa maneira, é possível perceber que tudo aquilo que permeia o 
ambiente escolar, que gera comunicação, que se relaciona com as atividades 
dos partícipes da educação e que, naturalmente, interfere na construção e 
reconstrução das relações estabelecidas na instituição escolar e também nos 
processos de ensino-aprendizagem, se entrelaçam a cultura e, certamente, as 
questões curriculares que permeiam a educação básica. 
 
 Saiba mais 
A cultura escolar organiza didaticamente a base que trabalham professores e 
alunos? Isso mesmo! Esse pensamento também é embasado nos aportes 
teóricos de Forquin (1993), e, envolvem, seguramente, a cultura humana, 
 
 
42 
 
científica e de massas. E a escola nesse envolvimento coletivo se transforma por 
meio de seus processos pedagógicos, determinado como mundo social da 
escola. O mundo social da escola, por sua vez, é o conjunto de “características 
de vida próprias, seus ritmos e ritos, sua linguagem, seu imaginário, seus modos 
próprios de regulação e de transgressão, seu regime próprio de produção e de 
gestão de símbolos” (FORQUIN, 1993, p. 167). 
 
4.2 As diversas influências sobre a cultura escolar 
 
Seguindo acerca do currículo e a cultura escolar, embasados em um 
conceito de cultura escolar que se entrelaça com as questões históricas e 
também com as normativas curriculares, bem como com a relação entre teoria e 
prática e as relações sociais que permeiam a escola, pode-se, seguramente, 
perceber que há influências significativas que interferem na cultura do ambiente 
escolar, afinal, ela é um conjunto, a soma de vários fatores que se entrelaçam e 
permitem a troca e a construção de saberes acadêmicos, experiências empíricas 
e os envolvimentos comportamentais. A tabela abaixo explanará alguns 
aspectos que exercem influência sobre a cultura escolar, conforme transcritas 
acima: 
 
 
CULTURA CRÍTICA 
Alta cultura ou cultura intelectual, o conjunto de 
significados e produções que, nos diferentes âmbitos do 
saber e do fazer, os grupos humanos foram acumulando 
ao longo da história. 
 
CULTURA SOCIAL 
Conjunto de significados e comportamentos 
hegemônicos no contexto social, composto por valores, 
normas, ideias, instituições e comportamentos que 
dominam os intercâmbios humanos em sociedades 
formalmente democráticas, regidas pelas leis do livre 
mercado e percorridas e estruturadas pela onipresença 
dos poderosos meios de comunicação de massa. 
 
CULTURA 
INSTITUCIONAL 
As tradições, os costumes, as rotinas, os rituais e as 
inércias que a escola estimula e se esforça em 
conservar e reproduzir condicionam claramente o tipo 
de vida que nela se desenvolve e reforçam vigência de 
valores. 
 
CULTURA 
EXPERIENCIAL 
Configuração de significados e comportamentos que os 
alunos e alunas elaboram de forma particular, induzido 
por seu contexto, em sua vida prévia e paralela à escola, 
mediante os intercâmbios “espontâneos” com os meios 
familiares e sociais que rodeiam a sua existência. 
 
 
CULTURA ACADÊMICA 
Desde o currículo como transmissão de conteúdos 
disciplinares selecionados externamente à escola, 
desgarrados das disciplinas científicas e culturais, 
 
 
43 
 
organizados em pacotes didáticos e oferecidos 
explicitamente de maneira prioritária e quase exclusiva 
pelos livros-didáticos, ao currículo como construção e 
elaboração compartilhada no trabalho escolar por 
docentes e estudantes. 
A influências sobre a cultura escolar 
Fonte: elaborado pelo autor (2017), embasado na obra de Pérez-Gomez (2001), 
adaptado pelo DI (2019). 
 
Com embasamento nos conceitos propostos por Pérez-Gomez (2001), é 
possível perceber que diferentes aspectos culturais interferem de maneira ativa 
e significativa na cultura escolar, alguns com maior influência e outros com 
menor, porém, todos, a sua maneira, interferem e, naturalmente caro aluno, 
alteram questões comportamentais e curriculares que envolvem o espaço

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