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ambiente e as doenças do trabalho aula 3

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3º)  CAPÍTULO: DOENÇAS PROVOCADAS PELOS AGENTES FÍSICOS
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5.5.1- RUÍDO
É definido como um som desagradável, composto por frequências não harmônicas e presente em várias atividades: têxtil, de plástico, construção civil, serrarias, serralharias, usinas de açúcar, destilarias de álcool, cerâmicas, etc.
Para atingir o ouvido interno, o som utiliza a via aérea e a óssea. A condução no canal auditivo externo se faz por meio do ar. O tímpano recebe a onda sonora e a transmite através de estruturas denominadas martelo, bigorna e estribo. No órgão de Corti se dá a transformação da onda sonora em impulsos nervosos que são transmitidos para o córtex cerebral.
O ruído provoca perturbações em vários órgãos ou sistemas antes da perda auditiva (fase final dos efeitos do ruído) que é ocasionada pela degeneração celular do órgão de Corti, portanto, uma perda neuro-sensorial. Estas células, uma vez destruídas, não mais se regeneram.
5.5.1.1- EFEITOS EXTRA-AUDITIVOS PROVOCADOS PELO RUÍDO
· Sistema Nervoso Central: Modificação do eletroencefalograma; fadiga nervosa; alterações emocionais; perda da memória; incoordenação de ideias; irritabilidade; diminuição da libido e da capacidade de reprodução;
· Aparelho Cardiovascular: Alterações do ritmo cardíaco e do calibre dos vasos; hipertensão arterial;
· Aparelho respiratório: modificações do ritmo;
· Aparelho digestivo: alterações do trânsito gástrico e intestinal; alteração da secreção gástrica e salivar; aumento da incidência de úlcera péptica;
· Órgãos da visão: diminuição da visão noturna; confusão na percepção das cores; dificuldade de apreciação de distâncias de relevo;
· Sistema endócrino: modificação da glicemia; tireoide;
· Sistema Imunológico: aumento da predisposição a infecções.
5.5.1.2- EFEITOS DO RUÍDO SOBRE O APARELHO AUDITIVO
· Fadiga Auditiva: perda temporária da sensibilidade auditiva;
· Trauma Acústico Agudo: dor, diminuição da audição, zumbidos; às vezes, otorragia;
Trauma Acústico Crônico.
SURDEZ OCUPACIONAL (exposição ao ruído por longo período)
Sintomas: às vezes apenas zumbido, mais perceptível à noite; alterações do sono; diminuição da atividade sexual; surdez fetal; e anomalias no desenvolvimento; vaso-constrição periférica.
5.5.1.3- FATORES AGRAVANTES:
· Período de exposição (número de horas/dia; anos de exposição).
· Intensidade do som
· Freqüência do som
· Susceptibilidade individual
· Idade (jovens sofrem mais)
· Exposições simultâneas a ruído e a nbutanol, monóxido de carbono, chumbo, manganês, estireno, tolueno ou xileno;
· Patologias: (hipertensão arterial; diabetes mellitus; dislipidemias; vasculopatias; doenças do ouvido, principalmente interno);
· Doenças autoimunes
5.5.1.4- DEFINIÇÕES E CARACTERIZAÇÃO
Perda auditiva por níveis elevados de pressão sonora: alterações dos limiares auditivos, do tipo neurossensorial, devidas à exposição ocupacional sistemática a níveis de pressão sonora elevados; irreversível e progride com o tempo de exposição. Uma vez cessada a exposição, não haverá progressão da redução auditiva.
Exame audiométrico: admissional, seis meses após, anualmente a partir de então, e na demissão.
O diagnóstico conclusivo, diferencial e a definição da aptidão para o trabalho, na suspeita de perda auditiva induzida estão a cargo do coordenador do PCMSO, ou do médico encarregado para realizar o exame médico ou, na ausência destes, do médico assistente.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, o organismo humano começa a sentir os efeitos do ruído a partir de um desconforto corporal, normalmente com sons superiores a 50 decibéis, conforme abaixo descrito:
De 50 a 65 dB (A): o indivíduo fica em estado de alerta, não relaxa; diminui o poder de concentração e prejudica a produtividade no trabalho intelectual.
De 65 a 70 dB (A): organismo tenta se adequar, minando suas defesas e diminuindo a resistência imunológica; induz a liberação de endorfina, tornando o organismo dependente (pessoas só conseguem dormir com o rádio ou televisão ligada); aumento de colesterol. Acima de 70 dB (A): estresse degenerativo, aumentando o risco de enfarte e infecções, além de abalar a saúde mental.
5.5.2- TEMPERATURAS EXTREMAS
O ambiente térmico pode ser descrito através da temperatura, da umidade, da movimentação do ar e do calor radiante. Estes parâmetros servem para avaliar a capacidade de resistência do indivíduo quando confrontados com os registros clínicos obtidos nos trabalhadores expostos. Os mecanismos de controle da temperatura do corpo permitem a manutenção da temperatura interna, mesmo diante de agressões ambientais.
Estes mecanismos são: metabolismo basal (aumenta ou diminui a perda de calor através do hipotálamo - hormônios tireoidianos e adrenérgicos - provocam a tiritação (tremedeira) para obter calor ou lassidão (relaxamento) para impedir a produção de calor). Além dele, utilizamos a irradiação, a convecção, a evaporação e as vias respiratória e urinária.
5.5.3- DOENÇAS CAUSADAS PELO CALOR
CÃIMBRAS PELO CALOR: músculos usados durante o trabalho; Em geral após a parada do trabalho; quem transpira muito, mesmo ingerindo líquidos, embora sem cloreto de sódio, são as mais susceptíveis.
SÍNCOPE PELO CALOR: tontura ou desmaio em ambiente fechado e quente (acúmulo sanguíneo em veias da pele e membros inferiores → isquemia cerebral). Cardiopatas ou usuários de diuréticos devem ser alertados para sentarem-se ou deitarem aos primeiros sintomas.
EXAUSTÃO PELO CALOR: a mais comum; fraqueza, fadiga, cefaleia frontal, náuseas, vômitos, desorientação mental, podendo ocorrer cãibras, tontura e síncope. Em geral decorre de depleção hídrica e salina.
INSOLAÇÃO/INTERMAÇÃO: exposição ao sol ou que permanência por muito tempo em ambientes muito quentes; cefaléia, vertigem, cansaço, aumento da freqüência respiratória e cardíaca, desorientação ► inconsciência ► convulsões. A temperatura interna de 41ºC é um mau prognóstico, enquanto 42ºC frequentemente é fatal. A idade avançada, a debilidade e o alcoolismo geralmente agravam o prognóstico.
5.5.4- EXPOSIÇÃO AO FRIO
Podem ocorrer infecções das vias aéreas superiores, resfriados, gripes, faringite, pneumonia e dores articulares. A queda da temperatura do corpo leva atinge órgãos vitais (coração, pulmões, vísceras). Ao baixar para 36ºC, ocorre aumento do metabolismo basal; entre 3132ºC, há perda da consciência e dificuldade na obtenção da pressão arterial; já entre 29-30ºC aumenta a rigidez muscular; com 24ºC surge edema pulmonar e, atingindo 20ºC, acontece parada cardíaca.
Na pele e nas extremidades (face, orelhas, queixo e joelhos), podem ocorrer: frosbite, fenômeno de Raynaud, pé de imersão, urticária pelo frio. Trabalhadores idosos ou com problemas circulatórios exigem o uso de roupa com isolamento extra e/ou redução do período de exposição.
A vestimenta úmida ou molhada deve ser trocada por uma seca, antes de entrar na área fria. Os que manuseiam líquidos voláteis (gasolina, álcool ou fluidos de limpeza) a temperaturas do ar inferiores a 4°C devem evitar molhar as roupas ou luvas com estes líquidos, pelo risco adicional de resfriamento por evaporação.
5.5.5- VIBRAÇÕES
Osteoarticulares: osteonecrose; lombalgia; degeneração precoce dos discos intervertebrais; hérnia de disco lombar;
Angioneuróticas (principalmente nas mãos): sensibilidade alterada (formigamento); isquemia dos dedos.
Doença dos dedos brancos – uso frequente de máquinas com vibrações de alta freqüência (furadeiras manuais, britadeiras, motonetas, etc.) pode acarretar danos na microcirculação e vasoespasmo nas extremidades das mãos: clarear a área afetada (dedo branco), diminuir ou perder a sensibilidade e reduzir a temperatura do(s) dedo(s) afetado(s).
5.5.6- RADIAÇÕES IONIZANTES
Desde a descoberta da radioatividade natural e dos Raios–x, ficou clara a possibilidade dos seus efeitos nocivos para os tecidos biológicos. As constatações iniciais foram na pele de radiologistas e cabelos dos pacientes irradiados. Depois, descobriram-se efeitos nos descendentes de animais e plantas submetidos à irradiação.
No organismohumano as células têm sensibilidade diferente à radiação, sendo os efeitos biológicos nos tecidos assim descritos:
· Medula óssea (diminuição dos glóbulos brancos e da resistência às infecções);
· Deficiência plaquetária (hemorragia);
· Diminuição de glóbulos vermelhos (anemia);
· Sistema digestivo (náuseas e vômitos);
· Olhos (catarata);
· Sistema reprodutivo (esterilidade).
O dano mais importante que ela pode provocar nas células é no DNA (mutação). Essas mutações são prejudiciais, por refletir mudanças aleatórias em células somáticas (no próprio indivíduo) ou germinativas (para seus descendentes).
Caso as mutações não sejam reparadas corretamente pelas próprias células, podem resultar em: morte celular ou impedimento de sua funcionalidade; morte reprodutiva da célula (efeitos determinísticos) ou desenvolver uma célula viável, mas transformada (efeitos estocásticos). Os efeitos determinísticos são agudos, têm severidade proporcional à dose e não são detectados abaixo do limiar de dose e podem ser medidos experimentalmente. Como exemplos deles podemos citar: catarata, leucopenia, radiodermite, entre outros.
Já os efeitos estocásticos (câncer e efeitos hereditários) têm aparecimento tardio; são cumulativos; sem limiar de dose; sua severidade independe da dose e possuem longo período de latência.
Devem-se ressaltar os cuidados especiais com as trabalhadoras porque, entre a 3ª semana e o final da gravidez, pode ocorrer má-formação no órgão que estiver se desenvolvendo a época da exposição.
5.5.7- RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES
ULTRAVIOLETA:
Pele: vermelhidão e queimaduras de 1º e 2º graus; maior incidência de tumores cutâneos em trabalhadores de pele clara.
Olhos: conjuntivite e ceratite (soldador sem proteção e nas áreas próximas, quando não se utiliza proteção coletiva - biombo).
INFRAVERMELHA: órgão crítico é a pele (vasodilatação, hiperpigmentação) e queimaduras de 1º e 2º graus. A exposição crônica pode provocar opacificação do cristalino - catarata dos vidreiros.
MICROONDAS: alterações visuais (catarata), circulatórias e cutâneas (distrofia ungueal e queimaduras).
RAIO LASER: catarata e queimaduras (desde eritema leve até necrose tecidual).
5.5.8- AMBIENTES HIPERBÁRICOS
As doenças dos trabalhadores expostos a condições hiperbáricas se instalam, muitas vezes, de forma rápida, exigindo que essas atividades tenham programação planejada, com previsão de equipamentos, recursos humanos especializados e decisões rápidas.
BAROTRAUMA: dificuldade de equilibrar a pressão de cavidade pneumática do organismo com a pressão variável do meio ambiente. O mais comum é o do ouvido médio. O sintoma predominante é a dor, que pode irradiar-se para a região otomastóide, frontal, face e pescoço. EMBOLIA TRAUMÁTICA: uma das ocorrências mais graves; durante a descompressão, a pressão intrapulmonar fica aumentada em relação ao meio ambiente (mergulhador, numa emergência, abandona o equipamento e realiza uma subida livre com a glote fechada); pode ocorrer: tontura, desorientação, náuseas, vômitos, dispnéia e dor torácica; nos mais graves, inconsciência, choque e convulsões.
ARTRALGIA HIPERBÁRICA: mergulhos a grandes profundidades e descompressão rápida com sensação de rigidez articular; dor aos movimentos bruscos, (ombro, joelho, punho, coxofemural e coluna).
DOENÇA DESCOMPRESSIVA: confundida com embolia traumática e tem como causa: obesidade, idade avançada, mau condicionamento físico e baixa temperatura. Prevenção: usar a tabela de descompressão. Pode causar dor articular (cotovelo e ombro) ou mal-estar difuso, fadiga e parestesias ► paraplegia; dor abdominal, cefaléia, visão turva, diplopia, redução do campo visual, disartria e tontura, convulsões e morte.
SÍNDROME NEUROLÓGICA DAS ALTAS PRESSÕES: tremores e contrações musculares involuntárias, sonolência, alterações significativas do eletroencefalograma, distúrbios visuais, tontura, náuseas e convulsões.
INTOXICAÇÃO PELO OXIGÊNIO: Nela formam-se superóxidos e radicais livres causando, nos mergulhos profundos: irritação respiratória, crise convulsiva - precedida ou não de sinais de alerta – abalos musculares na face, pálpebras e boca; náuseas, confusão mental, pupilas dilatadas.
NECROSE ASSÉPTICA: acomete ossos longos (úmero, fêmur e tíbia), inicialmente assintomática e detectável só por radiografias. É a única de forma irreversível e de evolução longa. Ocorre ainda por alcoolismo, uso de esteroides ou fenilbutazona, artrite reumatoide (história ocupacional decisiva para o diagnóstico).
  
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