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DESCRIÇÃO As doenças do trabalho relacionadas aos agentes de riscos ocupacionais, desenvolvidas por trabalhadores em ambientes laborais insalubres e sem segurança. O tratamento e a prevenção das doenças, bem como a promoção da saúde dos trabalhadores. PROPÓSITO O entendimento entre a relação do adoecimento e o ambiente de trabalho é fundamental para que os profissionais de segurança do trabalho possam elaborar o plano de gerenciamento de riscos e indicar os equipamentos de proteção adequados. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer os riscos químicos e as doenças relacionadas ao trabalho MÓDULO 2 Identificar os riscos físicos e as doenças relacionadas ao trabalho MÓDULO 3 Reconhecer os riscos biológicos e as doenças relacionadas ao trabalho MÓDULO 4 Identificar os riscos ergonômicos e as doenças relacionadas ao trabalho INTRODUÇÃO AS DEFINIÇÕES DE DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO MÓDULO 1 Reconhecer os riscos químicos e as doenças relacionadas ao trabalho LIGANDO OS PONTOS Os trabalhadores estão sujeitos a uma infinidade de substâncias no ambiente do trabalho, muitas das quais podem ocasionar doenças ocupacionais. Todavia, nem sempre a correlação entre as substâncias e os efeitos é conhecida. O engenheiro de Segurança do Trabalho deve ter conhecimento das principais substâncias presentes nos ambientes de trabalho para subsidiar o trabalho das equipes de SESMT - Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. Dermatose ocupacional JCS, 45 anos, pedreiro, procura o médico do trabalho com queixa de coceira intensa nas mãos, rachadura que sangra, que o estão impedindo de trabalhar. Trabalha há três meses em uma construtora, como pedreiro de acabamento, assentando azulejos e pisos, com registro na carteira profissional. Trabalha na construção civil desde os 18 anos, tendo começado como ajudante. Sabe do problema causado pelo cimento, mas tem grande dificuldade para trabalhar com luvas, pois acha que elas “atrasam o trabalho” e reduzem a produção. Já fez uso de muitas pomadas que, no início, melhoravam o quadro, mas atualmente não observa mudança. Relatou também que, nesse novo emprego, recebeu treinamento sobre o uso dos EPIs, mas não consegue se adaptar. O exame físico das mãos revela edema de ambas as mãos, espessamento da pele e unhas, fissuras, suspeita de dermatose ocupacional. Caso adaptado do Caderno de Atenção Básica (BRASIL, 2018) Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar os pontos? 3. NO CASO DE JCS, COMO A EQUIPE DE SEGURANÇA DO TRABALHO PODE ATUAR PARA EVITAR QUE O TRABALHADOR FIQUE EXPOSTO A SITUAÇÕES QUE POSSAM LEVÁ-LO A ADOECER. O QUE PRECISA SER FEITO COM RELAÇÃO A JCS? RESPOSTA As equipes de segurança podem mapear as situações de risco e identificar trabalhadores nessas condições. É preciso capacitação frequente que mostre a importância do uso dos equipamentos de proteção individual. Sobre JCS, ele precisará ser afastado do trabalho para tratamento e, em seu retorno, será preciso a equipe conversar com ele, mostrando que, se ele continuar com o mesmo comportamento, a sua saúde poderá ficar extremamente prejudicada. javascript:void(0) RISCOS QUÍMICOS E O PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO CONSIDERAÇÕES INICIAIS O trabalho é um dos fatores importantes para a saúde, que contribui para o bem-estar dos trabalhadores e de suas famílias. Além de gerar renda, tem uma dimensão humanizadora que permite aos trabalhadores a inclusão em redes sociais de apoio, relevantes para a saúde. O trabalho tem um efeito protetor para a saúde, mas também pode gerar danos como adoecimento e morte, ou pode agravar algumas vulnerabilidades. Ademais, um processo de trabalho pode afetar negativamente o meio ambiente, colocando a saúde da população em risco. VOCÊ SABIA De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), anualmente, mais de 2,78 milhões de trabalhadores morrem em acidentes de trabalho ou por doença ocupacional. Uma das causas do adoecimento é a falta de uma cultura de segurança e de promoção da saúde. Quando não há programas de segurança adequados e plano de gerenciamento dos riscos, trabalhadores ficam expostos a diversos agentes prejudiciais à saúde. A seguir, vamos aprender como os trabalhadores adoecem estando expostos a agentes de riscos ocupacionais, sem a devida segurança. EXPOSIÇÕES OCUPACIONAIS ÀS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS Os produtos químicos são utilizados em toda a sociedade, tendo efeitos positivos e negativos na saúde, no bem-estar e no meio ambiente. Apesar do progresso significativo, a gestão de riscos relacionados a produtos químicos ainda é deficiente. Acidentes com substâncias químicas com repercussões graves para as pessoas e para o meio ambiente ainda acontecem em grande quantidade, causando prejuízos não só para os envolvidos diretamente, como para famílias, sociedades e nações. EM SE TRATANDO DE EXPOSIÇÃO A AGENTES QUÍMICOS, HÁ TAMBÉM A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL. Essa exposição é uma realidade em todo o mundo. Diversas são as indústrias que utilizam substâncias químicas como matéria-prima para o desenvolvimento de seus produtos. Para a exposição às substâncias químicas, o ambiente de trabalho precisa ser seguro, seguindo as normas nacionais e até mesmo Internacionais de proteção aos trabalhadores. Quando esse ambiente não está seguro, há maior chance de ocorrerem diversas situações danosas para os trabalhadores, como acidentes de trabalho, intoxicações e doenças. Infelizmente, apenas um número limitado de exposições ocupacionais a produtos químicos é considerado, monitorado e regulamentado nos locais de trabalho. Em consequência dessa situação, muitos casos de doenças provocadas por agentes químicos no trabalho são subnotificados, dificultando, assim, dados estatísticos mais realistas. SAIBA MAIS Embora muitas substâncias químicas comprovadamente tóxicas e sem parâmetros de limites de exposição já tenham sido banidas de alguns países, o Brasil e outros países mantêm a comercialização e a utilização de substâncias que poderiam ser substituídas por outras, o que minimizaria os danos aos trabalhadores e à população de uma forma geral. As exposições ocupacionais às substâncias químicas têm efeitos tóxicos em diferentes órgãos, causando danos cardiovasculares, neurológicos, respiratórios, imunológicos, entre outros. Sobre as doenças, destacamos o câncer, uma vez que mais de 200 substâncias foram identificadas como carcinogênicas e boa parte delas estão relacionadas ao ambiente de trabalho, como veremos a seguir. INTOXICAÇÃO EXÓGENA A INTOXICAÇÃO EXÓGENA PODE SER ENTENDIDA COMO UMA ALTERAÇÃO PATOLÓGICA QUE OCORRE EM PESSOAS EXPOSTAS ÀS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS. Essa manifestação ocorre por causa da interação das substâncias com o sistema biológico. Após ultrapassar as barreiras protetoras do organismo, a ação do agente tóxico nos órgãos pode acarretar prejuízos seríssimos para as pessoas, inclusive levando-as à morte. Anualmente, muitas pessoas sofrem de intoxicação exógena em razão da falta de conhecimento e de proteção. Entre as pessoas que apresentam quadro de intoxicação exógena estão os trabalhadores. ATENÇÃO Muitos trabalhadores, devido à atuação em ambientes de trabalho sem proteção, são expostos a produtos químicos, sofrendo danos que podem ser irreversíveis, embora a OIT já tenha reconhecido que a proteção dos trabalhadores contra produtos químicos perigosos é essencial para a garantia de populações saudáveis e ambientes sustentáveis. As repercussões dessas exposições não só trazem prejuízos para os trabalhadores, como para as suas famílias, a sociedade e o país. Ao serem expostos sem proteção aos produtos químicos, os trabalhadores podem se intoxicar, causando assim efeitos diversos. Os tipos de intoxicação são: INTOXICAÇÃO AGUDA Geralmente a intoxicação aguda acontece em curto período de tempo em razão da exposição a grande quantidade de substâncias químicas, como em alguns acidentes de trabalho. INTOXICAÇÃOCRÔNICA Geralmente acontece após um tempo prolongado de exposição, principalmente a pequenas quantidades diárias. Quanto à intensidade dos efeitos da intoxicação, temos: LEVE Mais fácil de tratar, geralmente é reversível ao afastar o agente. MODERADA As lesões podem ser reversíveis ou irreversíveis. GRAVE As lesões serão irreversíveis, podendo levar à morte. Ainda sobre os efeitos tóxicos, observamos dois tipos: local e sistêmico. O efeito local é aquele que se manifesta em um local ou uma parte do corpo somente, como uma ferida na mão ou em um dedo causada pelo contato com um agente químico. Já o efeito sistêmico é aquele que irá se manifestar em vários órgãos do corpo, quando, por exemplo, um agente que é absorvido pela pele, inalado ou ingerido vai para a corrente sanguínea e, a partir dela, chega a outros órgãos, causando danos. Para facilitar nosso entendimento acerca do primeiro contato do agente com o organismo até as manifestações clínicas, precisamos conhecer as quatro fases da intoxicação: FASE I – EXPOSIÇÃO Essa é a fase, como o nome já indica, do primeiro contato com o agente químico. Esse contato se dá pela superfície externa (pele) ou interna (outros órgãos). Nessa etapa, é importante a observação da concentração da substância, ou seja, da disponibilidade química do agente em condições de ser absorvido no organismo. Outras observações que precisam ser feitas são sobre a duração da exposição, a frequência e as vias de entrada do agente no organismo, além da suscetibilidade individual, ou seja, o fato de a pessoa ter uma sensibilidade maior a determinadas substâncias. FASE II – TOXICOCINÉTICA Essa é a fase na qual o organismo trabalha em sua defesa, ou seja, temos a ação do organismo sobre o agente tóxico, buscando eliminá-lo ou pelo menos minimizar os seus efeitos nos órgãos. FASE III – TOXICODINÂMICA Caso o agente tóxico não seja eliminado, ele poderá permanecer no organismo, desencadeando alterações bioquímicas e fisiológicas que acarretarão as manifestações clínicas no(s) órgão(s) alvo. FASE IV – CLÍNICA Essa é a fase das manifestações clínicas, isto é, quando aparecem sintomas e sinais da intoxicação ou alterações laboratoriais causadas pela substância química. ATENÇÃO Um mesmo órgão pode ser atingido por mais de um tipo de agente químico e um único agente químico pode causar danos a vários órgãos. DOENÇAS CAUSADAS PELA EXPOSIÇÃO A SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS Agora, conheceremos algumas doenças que são causadas pela exposição a substâncias químicas: NEOPLASIAS RELACIONADAS AO TRABALHO AS NEOPLASIAS, TAMBÉM CONHECIDAS COMO “CÂNCERES”, SÃO A SEGUNDA MAIOR CAUSA DE MORTE NO MUNDO, DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. ENTRE AS CAUSAS DAS NEOPLASIAS, TEMOS AS RELACIONADAS AO TRABALHO. ESSAS DOENÇAS PODEM ACOMETER TRABALHADORES EXPOSTOS INDEVIDAMENTE A AGENTES QUÍMICOS E/OU FÍSICOS. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum um crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Essas células, quando se dividem descontroladamente, podem ser mais agressivas, determinando a formação de tumores que podem espalhar-se por diversas regiões do corpo, o que é conhecido como metástase. Na imagem, temos uma ilustração em 3D de células cancerosas em contexto científico. SAIBA MAIS O câncer aparece a partir de uma mutação genética, uma alteração no DNA da célula, que passa a receber “informações erradas” para suas atividades. Dependendo do câncer, seu processo de formação pode levar anos, devendo ser consideradas as características individuais que facilitam ou dificultam a instalação do dano celular. Como já mencionado, a exposição a agentes químicos em uma determinada frequência e em dado período de tempo podem levar ao desenvolvimento de doenças, como um tipo de câncer. As principais neoplasias relacionadas ao trabalho são: ANGIOSSARCOMA DO FÍGADO NEOPLASIA MALIGNA DO ESTÔMAGO NEOPLASIA MALIGNA DO PÂNCREAS NEOPLASIA MALIGNA DA LARINGE NEOPLASIA MALIGNA DOS OSSOS E CARTILAGENS ARTICULARES DOS MEMBROS (INCLUI SARCOMA ÓSSEO) NEOPLASIA MALIGNA DA CAVIDADE NASAL E DOS SEIOS PARANASAIS NEOPLASIA MALIGNA DOS BRÔNQUIOS E DO PULMÃO NEOPLASIA MALIGNA DA BEXIGA OUTRAS NEOPLASIAS MALIGNAS DA PELE LEUCEMIAS OUTRAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS A PRODUTOS QUÍMICOS Além das neoplasias, outras doenças podem ser causadas pela exposição a agentes químicos. Vamos conhecer algumas outras doenças a seguir! CONJUNTIVITE Existem vários tipos de conjuntivite, como viral, bacteriana, traumática, alérgica, tóxica, química, entre outros. Ela é caracterizada pela inflamação da conjuntiva e pode causar sequelas e/ou a necessidade de um tratamento mais complexo. As conjuntivites relacionadas ao ambiente de trabalho geralmente são provocadas pela exposição sem proteção da conjuntiva a agentes químicos. Os sintomas mais frequentes são queimação, coceira, sensação de “peso” nos olhos, e, em casos mais graves, dor e fotofobia. DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO Conhecidas como eczemas, as dermatites de contato são inflamações agudas ou crônicas da pele, caracterizadas por eritema, edema e vesículas. Em alguns casos, é possível ocorrer uma coceira intensa e em outros, fissura da pele. ENCEFALOPATIA TÓXICA AGUDA É uma síndrome neuropsiquiátrica secundária à exposição a agentes tóxicos, caracterizada por sinais e sintomas inespecíficos e danos cerebrais difusos. As manifestações clínicas dependem do agente envolvido, podendo comprometer qualquer atividade encefálica, desde funções motoras, sensitivas, quanto complexas funções corticais (memória, julgamento, abstração, cálculo, linguagem e juízo). EPISÓDIOS DEPRESSIVOS São caracterizados por humor triste, perda do interesse e do prazer nas atividades cotidianas, sendo comum uma sensação de fadiga aumentada. Os trabalhadores acometidos por episódios depressivos também podem se queixar de dificuldade de concentração, baixa autoestima, desesperança, pessimismo do futuro, ideias ou tentativa de suicídio. SINUSITE É uma inflamação dos seios paranasais devido a infecções causadas por vírus, bactérias ou fungos. Também pode ocorrer por reações alérgicas a substâncias químicas. A exposição a agentes irritantes é a causa da sinusite crônica. Os principais sintomas são cefaleia, dor facial, secreção nasal e congestão nasal. PNEUMOCONIOSES São doenças pulmonares crônicas causadas por depósitos de partículas no parênquima pulmonar. Em alguns casos, recebem nomes específicos, de acordo com o tipo de partícula. Os principais sintomas são: dificuldade de respirar principalmente em caso de esforços, perda da força física, tosse seca e, em alguns casos, febre e dor torácica. SILICOSE Juntamente com a asbestose (estudaremos a seguir), é uma das pneumoconioses mais conhecidas. É causada pela inalação e depósito no pulmão de partículas de sílica livre. Por ser uma doença assintomática no início da exposição, os trabalhadores não percebem que estão adoecendo. Mas com a exposição contínua, a doença progride e se torna mais agressiva, causando até falta de ar aos pequenos esforços. TRANSTORNO COGNITIVO LEVE É caracterizado por alterações da memória, da orientação e da capacidade de aprendizado, bem como pela redução da capacidade de concentração em tarefas prolongadas. AGENTES QUÍMICOS TÓXICOS E SUAS CONSEQUÊNCIAS Os principais agentes químicos tóxicos são amianto, chumbo, benzeno e mercúrio. Vamos conhecer as respectivas consequências desses agentes no organismo. AMIANTO CHUMBO BENZENO MERCÚRIO AMIANTO A asbestose é uma pneumoconiose causada pelo acúmulo de amianto no tecido pulmonar. A formação de tecido cicatricial generalizada no pulmão provoca falta de ar e redução da capacidade de esforço físico. O diagnóstico geralmente é feito com radiografia e tomografia computadorizada torácicas. CHUMBO O saturnismo é a intoxicação que ocorre em atividades laboraiscom elevada exposição ao chumbo. Os sintomas incluem atrasos de desenvolvimento, alterações neurológicas, irritabilidade e dor abdominal. Em níveis muito elevados, pode ser fatal. Atualmente, é uma doença rara. BENZENO A intoxicação por benzeno é uma das intoxicações exógenas mais comuns no Brasil. A substância é encontrada em vários produtos como a gasolina, e também na fabricação de produtos como plásticos, detergentes, medicamentos lubrificantes, borrachas, tintas e agrotóxicos. A intoxicação aguda pode acometer especialmente o sistema nervoso central e em altos níveis podem ser fatal. A intoxicação crônica está associada à ocorrência de leucemia mieloide aguda e leucemia linfocítica crônica. MERCÚRIO O mercurialismo ou hidrargismo é uma intoxicação causada pela exposição aos vapores de mercúrio presentes em ambiente de trabalho no qual é usado o mercúrio metálico, como no garimpo ilegal. A intoxicação crônica pode causar insônia, ansiedade, timidez, irritabilidade, alteração da sociabilidade, labilidade emocional e, nos casos mais graves, diminuição da atenção e da memória. Além das substâncias acima, podemos relacionar ainda: arsênio, cadmo, cromo, tolueno, zinco, níquel, lítio, bário, berílio, entre outros, mas não serão objetos de nosso estudo. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Identificar os riscos físicos e as doenças relacionadas ao trabalho LIGANDO OS PONTOS As doenças relacionadas ao trabalho estão ligadas às exposições anormais que os trabalhadores estão submetidos no ambiente laboral. Em muitos casos, os acidentes de trabalho poderiam ser evitados, caso os riscos tivessem sido identificados previamente. Um dos maiores desafios dos profissionais de segurança de trabalho é identificar, na vida real, os riscos aprendidos teoricamente. O caso a seguir apresenta uma ocorrência real de acidente envolvendo a radiação. Enfermeira que atendeu vítimas do césio deve ser indenizada, em Goiás O acidente com o césio-137 ocorrido em Goiânia no ano de 1987 trouxe desdobramentos que transcendem a manipulação inadequada do material na época. Segundo informações da reportagem do G1 em 2015, quase 30 anos após a ocorrência inicial: “O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) manteve a decisão de que o governo estadual deve indenizar a enfermeira aposentada Celmiriam Corrêa, 52 anos, antiga servidora da Secretaria de Estado da Saúde, que teve câncer após atender pacientes contaminados pelo césio-137, em Goiânia” (RESENDE, 2015, não paginado). Essa ocorrência levou a uma indenização para a enfermeira que teve contato indireto com o material radioativo, ao fazer atendimento às vítimas da ocorrência. O G1 informa que: “Ela deve receber quase R$ 57,5 mil por danos morais e materiais. A decisão ainda cabe recurso. O acidente radiológico aconteceu em setembro 1987, após catadores de papel abrirem um aparelho de radiologia que continha o material radioativo” (RESENDE, 2015, não paginado). A sequência da reportagem comenta sobre o despreparo e as consequências da não utilização de equipamentos de proteção adequados, quando informa que: “A enfermeira revela que não usou equipamentos de proteção durante o atendimento aos pacientes contaminados. ‘A gente não teve opção. Era uma emergência e tinha que ser feito o atendimento. A gente não usou nada de proteção, quem usava eram os técnicos que tinham contato direto’, disse em entrevista ao G1” (RESENDE, 2015, não paginado). A reportagem também informa as consequências sofridas pela exposição ao césio-137. “Celmiriam descobriu o câncer de mama dez anos após a tragédia. Ela retirou 40% da mama, passou por quimioterapia e radioterapia. Após esses tratamentos, ela continuou com o uso de medicação, mas a doença retornou cinco anos depois. Foi quando ela teve que se aposentar. De acordo com a enfermeira, ela entrou com pedido de pensão na Secretaria de Saúde. No entanto, o recurso foi negado. Por isso, ela decidiu entrar com ação indenizatória na Justiça. Durante o processo, a Junta Médica do TJ-GO concluiu que é impossível ‘estabelecer o nexo causal’ entre o atendimento a pacientes e o surgimento do câncer” (RESENDE, 2015, não paginado). Podemos verificar no texto da reportagem a importância da intervenção dos órgãos públicos, quando é informado que: “No entanto, análise da Superintendência Leide das Neves Ferreira (Suleide), órgão público instituído para monitorar e prestar assistência médica integral aos radioacidentados, concluiu que a enfermeira possui enfermidade crônica e grave devido à radiação. Para Celmiriam, ‘não há dúvida’ de que o atendimento com vítimas da tragédia provocou o câncer. ‘Eu nunca tive caso de câncer na família, não tinha idade que justificava, tive três filhos e os amamentei, ou seja, eu não pertencia a nenhum grupo de risco se não fosse o contato com os pacientes’, defende.” (RESENDE, 2015, não paginado). Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 3. O ACIDENTE COM O CÉSIO-137, EM GOIÁS/GO É MUITO CONHECIDO. SERVE COMO UM ALERTA NÃO SÓ PARA AS AUTORIDADES, MAS TAMBÉM PARA AS EMPRESAS QUE SÃO RESPONSÁVEIS POR PRODUTOS RADIOATIVOS. ESSE ACIDENTE GEROU MUITAS VÍTIMAS, MORADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE, COMO É O CASO DA ENFERMEIRA CELMIRIAM. QUAL PODERIA TER SIDO A CONTRIBUIÇÃO DA EQUIPE SESMT PARA EVITAR QUE A FUNCIONÁRIA FICASSE EXPOSTA COMO FICOU NA ÉPOCA EM QUE ATENDEU OS MORADORES VÍTIMAS DO ACIDENTE? RESPOSTA A equipe poderia ter averiguado se os profissionais da saúde estavam devidamente paramentados para receberem os pacientes. Ainda, a funcionária deveria ser monitorada ao longo dos anos, visto que foi exposta à radiação e o câncer é uma doença que aparece em longo prazo. RISCOS FÍSICOS E AS DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO javascript:void(0) CONSIDERAÇÕES INICIAIS De acordo com a Norma Regulamentadora nº 9 (NR-9), os agentes de riscos físicos são as diversas formas de energia às quais possam estar expostos os trabalhadores. Essas energias são manifestadas em forma de: RUÍDOS VIBRAÇÕES PRESSÕES ANORMAIS TEMPERATURAS EXTREMAS RADIAÇÕES IONIZANTES RADIAÇÕES NÃO IONIZANTES INFRASSOM ULTRASSOM São muitas as doenças causadas pela exposição indevida a esses agentes. A perda auditiva induzida por ruído no ambiente ocupacional é um dos maiores riscos no trabalho. O câncer, como já visto no módulo anterior, também pode ser desenvolvido por exposição a agentes físicos. Neste módulo, veremos como a exposição indevida a agentes físicos pode adoecer os trabalhadores. RUÍDO EM AMBIENTES DE TRABALHO Antes de abordarmos as condições de saúde e adoecimento relacionadas ao trabalho, precisamos falar um pouquinho do ruído, por ser um dos agentes de risco físico que mais causam problemas para os trabalhadores. RUÍDOS PODEM SER ENTENDIDOS COMO SONS DESARMÔNICOS PERCEBIDOS PELOS OUVIDOS COMO DESAGRADÁVEIS. Quando fora de controle, o ruído é um dos agentes físicos mais nocivos à saúde humana, podendo causar perda auditiva, zumbidos ou surdez, bem como danos extra-auditivos, como distúrbio de ansiedade, estresse, insônia, entre outros. SAIBA MAIS Os ruídos são avaliados em decibéis (dB). De acordo com a Norma Regulamentadora nº 15, existem dois tipos de ruídos: o contínuo ou intermitente e o de impacto. O contínuo ou intermitente é aquele considerado estável, sem grandes variações, chegando no máximo a 3dB. O ruído de impacto é aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo. A exposição aos ruídos de forma inapropriada pode causar danos diversos aos trabalhadores a depender do tempo de exposição. DOENÇAS E CONDIÇÕES DE SAÚDE RELACIONADAS AO RISCO FÍSICO Agora, vamos conhecer um pouco desses danos aos trabalhadores que estão expostos a ruídos, sem proteção, em seus ambientes de trabalho. PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO A PAIR É A DIMINUIÇÃO DA ACUIDADE AUDITIVA PROVOCADA PELA EXPOSIÇÃO POR TEMPO PROLONGADOAO RUÍDO. Geralmente é bilateral, irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído. Nem sempre ocorre uma surdez, mas pode ocorrer uma redução significativa da audição. As máquinas são as fontes que mais apresentam ruídos nos ambientes de trabalho, portanto, as indústrias são ambientes potencialmente perigosos. ATENÇÃO Alguns sinais e sintomas da perda auditiva são: aumento do volume da televisão e do rádio, tentativa de fazer leitura labial durante as conversas, dificuldade de ouvir as pessoas ao telefone, zumbido nos ouvidos, entre outros. Essas situações também podem levar os trabalhadores ao isolamento, podendo evoluir para depressão. O diagnóstico da PAIR é estabelecido mediante um conjunto de procedimentos que envolvem anamnese ocupacional, exame físico, avaliação audiológica e outros exames, quando necessário. Embora aqui estejamos abordando a perda auditiva devido ao ruído, faz-se necessário alertar que as perdas auditivas de origem ocupacional também podem acontecer pela exposição a agentes químicos tóxicos. TRAUMA ACÚSTICO PODE SER DEFINIDO COMO A PERDA SÚBITA DA AUDIÇÃO DECORRENTE DE UMA ÚNICA EXPOSIÇÃO À PRESSÃO SONORA INTENSA OU DEVIDO A UM TRAUMA FÍSICO DO OUVIDO, DO CRÂNIO OU DA COLUNA CERVICAL. VOCÊ SABIA No intuito de contribuir com as empresas, de modo a evitar danos à saúde auditiva dos trabalhadores, a Fundacentro publicou, em 2018, um guia denominado Programa de Conservação Auditiva (PCA). Esse programa corresponde a um conjunto de atividades que visam prevenir ou estabilizar as perdas auditivas ocupacionais por meio de um processo de melhoria contínua, que requer conhecimento multiprofissional e se desenvolve por intermédio de atividades planejadas e coordenadas entre diversas áreas das empresas. OUTROS FATORES DE RISCO FÍSICO RELACIONADOS AO ADOECIMENTO DOS TRABALHADORES UMA OUTRA CONDIÇÃO QUE PODE LEVAR OS TRABALHADORES AO ADOECIMENTO É A VIBRAÇÃO. Alguns distúrbios orgânicos podem acontecer a trabalhadores que são expostos a vibração ocupacional continuada. As vibrações são divididas em localizadas, que atingem somente parte do corpo, como membros superiores, e as de corpo inteiro, que atingem todo o corpo. Dentre os efeitos que as vibrações causam no organismo, estão: fadiga, dor abdominal, irritação, náuseas, cefaleia, contrações musculares excessivas, lesão na coluna cervical. A doença mais conhecida relacionada à vibração, e também ao frio, é a síndrome de Raynaud. SAIBA MAIS Essa síndrome foi descrita em 1862 e era conhecida como a síndrome dos dedos brancos. Consiste em uma desordem vascular nas extremidades dos dedos, sendo provocada por vibração excessiva, frio e tabagismo. Sobre as radiações ionizantes e radiações não ionizantes, embora não estejam em todos os ambientes de trabalho, devem ser prevenidas. É de fundamental importância que as empresas sigam corretamente as normas, principalmente para ambientes em que os trabalhadores estão expostos às radiações ionizantes. Essas radiações também são conhecidas por terem energia suficiente para alterar o estado físico de um átomo e causar perda de elétrons, deixando-o eletricamente carregado. Já as radiações não ionizantes são uma modalidade de baixa frequência e baixa energia, e não produzem ionizações, mas podem quebrar moléculas e ligações químicas. De acordo com a Norma Regulamentadora nº 15, as operações ou as atividades que expõem os trabalhadores às radiações não ionizantes, sem a proteção adequada, são consideradas insalubres, em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Ainda sobre as radiações, existem os materiais radioativos de ocorrência natural, também conhecidos como NORM e TENORM. NORM É a sigla para Naturally Occurring Radioactive Materials ou, em português, materiais radioativos de ocorrência natural. São materiais radioativos que não sofreram nenhum tipo de manipulação humana. TENORM Designa materiais radioativos de ocorrência natural tecnologicamente concentrados (Technologically Enhanced Naturally Occurring Radioactive Materials). Embora sejam frequentes no dia a dia, configuram-se riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. Nesse sentido, em se tratando de ambientes de trabalho, práticas rígidas de segurança precisam ser adotadas para a proteção dos trabalhadores. ALGUNS EXEMPLOS DE INDÚSTRIAS GERADORAS DE RESÍDUOS E REJEITOS NORM/TENORM SÃO AS LIGADAS À MINERAÇÃO, À PRODUÇÃO DE ENERGIA E AO TRATAMENTO DE ÁGUA. Quanto às doenças que acometem os trabalhadores, embora as radiações tenham características diferentes, ambas podem causar danos à saúde dos trabalhadores, como veremos a seguir. LEUCODERMIA OCUPACIONAL A hipopigmentação da pele pode ser provocada por agentes físicos e químicos. Sobre os agentes físicos, os principais responsáveis são as queimaduras térmicas e as radiações ionizantes, que podem causar uma radiodermite. CATARATA É a opacificação do cristalino, parte dos olhos que é responsável por filtrar e focar os raios de luz. Uma vez o cristalino mais opaco, a luz não consegue penetrar nos olhos, tornando a visão e a percepção de cores alterada. Embora a catarata seja mais frequente em idosos, também é possível ocorrer em pessoas mais jovens expostas à radiação não ionizante sem proteção, como os raios solares. CÂNCER O câncer é uma doença que pode ser desenvolvida por diversos fatores. Em riscos físicos, destacamos a exposição sem proteção às radiações. Os principais cânceres desenvolvidos são o câncer de pele e a leucemia. PRESSÕES ANORMAIS São consideradas pressões anormais aquelas comparadas à pressão atmosférica. Em determinados locais, a pressão pode ser maior ou menor que a pressão atmosférica, sendo, então, considerada anormal. São necessários cuidados especiais com trabalhadores que prestam serviços nesses locais. Segundo a Norma Regulamentadora nº 15, trabalhos sob ar comprimido são os efetuados em ambientes onde o trabalhador é obrigado a suportar pressões maiores que a atmosférica e onde se exige cuidadosa descompressão. Ainda de acordo com a NR-15, antes da jornada de trabalho, os trabalhadores deverão ser inspecionados pelo médico, não sendo permitida a entrada em serviço daqueles que apresentarem sinais de afecções das vias respiratórias ou outras moléstias. BAROTRAUMA É uma lesão em decorrência de uma alteração da pressão do volume de ar de um compartimento do corpo. Pode ser considerado um acidente em razão da incapacidade de se equilibrar a pressão no interior das cavidades pneumáticas do organismo com a pressão ambiente em variação. As partes do corpo mais afetadas são os ouvidos, os seios da face e os pulmões. DOENÇA DA DESCOMPRESSÃO É um distúrbio que acontece por uma rápida diminuição da pressão, formando bolhas de gás (principalmente de nitrogênio) no sangue e nos tecidos. Quando essas bolhas bloqueiam os vasos sanguíneos ou contribuem para o rompimento ou a compressão de tecidos, podem ocorrer: dores musculares, dores nas articulações, formigamento, fadiga, vertigem e dificuldade respiratória. Trabalhadores e empregadores também precisam estar atentos às condições extremas de temperatura nos ambientes de trabalho. O corpo humano, para manter sua temperatura interna constante, compatível com a vida, utiliza um conjunto de mecanismos denominado termorregulação, que evita grandes variações da temperatura interna. Essa capacidade pode ser influenciada por fatores internos e externos. A exposição a temperaturas externas extremas e de forma excessiva pode levar à sobrecarga do organismo, na tentativa de se reequilibrar, nem sempre com sucesso, o que causa danos à saúde do trabalhador, como veremos a seguir. INSOLAÇÃO A insolação acontece quando há exposição a fontes de calor de forma excessiva. Quando a temperatura interna ultrapassa 40°C e os mecanismo de regulação não conseguem resfriar o corpo, a pessoa pode perder água, sais minerais e nutrientes importantes. Os principais sintomas da insolação são: cefaleia,tontura, náuseas, temperatura corporal elevada, pele quente e seca, e confusão mental. Se não tratado devidamente, pode levar à morte. HIPOTERMIA Com relação ao frio excessivo, sem proteção, é possível que haja uma hipotermia, ou seja, uma baixa da temperatura corporal de forma anormal. Pode ser agravada se a pessoa estiver com roupas úmidas. Os principais sintomas são: tremores, confusão mental, sonolência, pele fria e respiração lenta. Ao suspeitar de hipotermia, o trabalhador precisa ser afastado imediatamente do ambiente e iniciar a reversão do quadro. UMIDADE Segundo a Norma Regulamentadora nº 15, as atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir danos à saúde do trabalhador, serão consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada no local de trabalho. Quando o trabalhador é exposto, sem a devida proteção, a ambientes úmidos, algumas doenças podem ocorrer ou agravar, como as alergias respiratórias. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Reconhecer os riscos biológicos e as doenças relacionadas ao trabalho LIGANDO OS PONTOS Os riscos biológicos envolvem agravos relacionados a microrganismos, seus produtos e toxinas. Em alguns casos, podemos relacionar facilmente a doença ocupacional ao ambiente de trabalho. Todavia, quando uma doença é epidêmica, estabelecer o nexo causal é uma tarefa mais difícil, bem como isolar a empresa de agentes externos. Surto de covid-19 entre trabalhadores O Serviço de Vigilância Epidemiológica de Curitiba interditou, em cumprimento às medidas previstas em decreto municipal, uma empresa atacadista após surto de covid-19 entre funcionários. De 62 trabalhadores testados, 34 estavam contaminados. De acordo com a equipe de Segurança do Trabalho da empresa, são adotados todos os protocolos de segurança: uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social. Segundo essa mesma equipe, a empresa forneceu máscaras de pano com o logotipo da empresa aos funcionários e obrigou seu uso. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 3. SOBRE A EMPRESA DO CASO, O QUE É PRECISO SER FEITO PELA EQUIPE DE SEGURANÇA PARA EVITAR QUE NOVOS CASOS ACONTEÇAM? RESPOSTA É preciso rever todo o processo de implantação dos protocolos de segurança e identificar em que fase houve falha. A partir das falhas, elaborar uma nova proposta. É preciso redobrar a atenção quanto ao comportamento dos trabalhadores, pois eles precisam estar devidamente instrumentalizados com os equipamentos corretos e usando-os da forma adequada. Ainda, devem ser utilizadas máscaras adequadas para proteção respiratória. RISCOS BIOLÓGICOS E EPIDEMIAS javascript:void(0) RISCO BIOLÓGICO O RISCO BIOLÓGICO É A PROBABILIDADE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A AGENTES BIOLÓGICOS, QUE PODEM SER: MICRORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS OU NÃO; CULTURAS DE CÉLULAS; PARASITAS; TOXINAS; E PRÍONS. De acordo com a Norma Regulamentadora nº 32, estão expostos a esses agentes profissionais que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral, incluindo todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. A exposição de trabalhadores a esses agentes biológicos sem a devida proteção aumenta a probabilidade do adoecimento. De acordo com a Norma Regulamentadora nº 32, os agentes biológicos são classificados em: CLASSE DE RISCO 1 Baixo risco individual para o trabalhador e para a coletividade, com baixa probabilidade de causar doenças ao ser humano. CLASSE DE RISCO 2 Risco individual moderado para o trabalhador e com baixa probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças ao ser humano, para as quais existem meios eficazes de profilaxia javascript:void(0) javascript:void(0) ou tratamento. CLASSE DE RISCO 3 Risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade de disseminação para a coletividade. Podem causar doenças e infecções graves ao ser humano, para as quais nem sempre existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. CLASSE DE RISCO 4 Risco individual elevado para o trabalhador e com probabilidade elevada de disseminação para a coletividade. Apresenta grande poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro. Podem causar doenças graves ao ser humano, para as quais não existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento. Conhecer as classes de risco dos agentes aos quais os trabalhadores estão expostos é fundamental para a elaboração do programa de gestão de riscos do ambiente e para o fornecimento dos equipamentos de proteção adequados aos trabalhadores. Diversas são as doenças que acometem trabalhadores que estão expostos aos agentes biológicos de forma direta ou indireta, sem a devida proteção. SAIBA MAIS Além das doenças notificadas, também existe um número expressivo sobre acidentes de trabalho relacionados à exposição a material biológico. De acordo com o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho e o Ministério Público do Trabalho, de 2012 a 2018, a atividade que mais notificou acidentes de trabalho foi a Atividade de Atendimento Hospitalar, sendo os maiores registros entre os técnicos de enfermagem. Veremos a seguir como os trabalhadores adoecem e as possíveis repercussões desses acidentes e de outras condições às quais os trabalhadores estão expostos. RISCO BIOLÓGICO E OS AMBIENTES DE TRABALHO javascript:void(0) javascript:void(0) As consequências (para a saúde) da exposição do trabalhador a fatores de risco biológico presentes em situações de trabalho incluem quadros de infecção aguda e crônica, parasitoses e reações alérgicas e tóxicas a plantas e animais. As infecções podem ser causadas por bactérias, vírus e fungos. As parasitoses estão associadas a protozoários, helmintos e artrópodes. As doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho apresentam algumas características que as distinguem dos demais grupos: Os agentes etiológicos não são de natureza ocupacional. A ocorrência da doença depende das condições ou circunstâncias em que o trabalho é executado e da exposição ocupacional, que favorece o contato, o contágio ou a transmissão. DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS RELACIONADAS AO TRABALHO Agora, vamos conhecer algumas doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao ambiente de trabalho. TUBERCULOSE OCUPACIONAL É uma doença causada pelo Mycobacteruimtuberculosis ou bacilo de Koch. É transmissível e acomete principalmente os pulmões, mas pode ocorrer em outros órgãos também. A forma pulmonar é a mais relevante para a saúde trabalhador. A forma extrapulmonar, que acomete outros órgãos que não o pulmão, ocorre mais frequentemente em pessoas que vivem com o HIV, especialmente entre aquelas com comprometimento imunológico. Alguns sinais e sintomas são: tosse produtiva, febre vespertina, sudorese noturna, cansaço, fadiga, emagrecimento. O tratamento dura no mínimo seis meses e pode ser feito nas Unidades Básicas de Saúde. Com o início do tratamento, a transmissão tende a diminuir gradativamente e, em geral, após 15 dias de tratamento, já se encontra muito reduzida. Esse é o momento de muita atenção, uma vez que muitos trabalhadores abandonam o tratamento com a melhora de sinais e sintomas. A melhora não significa a cura, por isso, é preciso fazer o tratamento no tempo correto. LEPTOSPIROSE RELACIONADA AO TRABALHO É uma doença causada pela bactéria Leptospira, presente na urina de ratos. A transmissão ocorre quando o trabalhador entra em contato com a urina dos roedores, principalmente em ambientes alagados por ocasião de enchentes. O período de incubação, ou seja, o tempo que a pessoa leva para manifestar os sintomas desde a infecção da doença, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. Pode haver a necessidade de hospitalização. Pode ocorrer febre, dores no corpo, cefaleia e também vômitos, diarreia e tosse. Casonão tratada de forma correta e no tempo certo, a leptospirose pode evoluir para um quadro mais grave. Casos menos graves são tratados em ambulatório, e os mais graves precisam de internação. TÉTANO OCUPACIONAL Causado por uma neurotoxina produzida pelo Clostridium tetani, o tétano é uma doença grave que, se não tratada no tempo correto, pode levar à morte. É uma doença que também pode ocorrer em animais. Não é transmitido de pessoa a pessoa, mas sim no contato da neurotoxina com um ferimento no corpo da vítima. Alguns sinais e sintomas são contraturas musculares, rigidez de braços e pernas, e rigidez abdominal. O tétano é uma doença prevenível, por meio da vacinação, por isso é importante que as equipes do PCMSO, com o apoio dos SESMT, incentivem os trabalhadores a tomar a dose reforço no tempo adequado e, caso seja necessário, façam campanhas nas empresas para uma maior cobertura da imunização. É necessário atenção sempre aos equipamentos de proteção individual. HEPATITES RELACIONADAS AO TRABALHO A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ocorrer pela exposição ao vírus ou pelo uso de alguns remédios, álcool e outras drogas. Geralmente as hepatites relacionadas ao trabalho são causadas por vírus e classificadas por letras A, B, C, D e E. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2018, a hepatite B foi responsável por 32,8% dos casos de hepatites notificados no Brasil. Essa hepatite geralmente não apresenta sintomas imediatos e, por isso, é possível de ser diagnosticada décadas após a infecção. Já a hepatite C pode se manifestar de forma aguda ou crônica, sendo a crônica mais comum. É uma doença de caráter silencioso e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado. Em média, 20% dos casos podem evoluir para cirrose ao longo do tempo. Alguns sintomas são dor ou desconforto abdominal, fadiga, febre, perda de apetite, náuseas, “amarelamento” da pele e dos olhos. DENGUE É uma doença febril grave causada por um arbovírus — vírus transmitidos por picadas de insetos, especialmente os mosquitos. Existem quatro tipos de vírus de dengue (1, 2, 3 e 4). Cada pessoa pode ter os quatro tipos da doença, mas a infecção por um tipo gera imunidade permanente para ele. O transmissor (vetor) da dengue é o mosquito Aedes aegypti, que precisa de água parada para se proliferar. Lembrando que embora a doença seja um problema de saúde pública, é possível que pessoas adoeçam devido à ocupação que exercem. As empresas precisam aderir a campanhas de prevenção e, caso tenha a possibilidade de foco da doença em seus ambientes, é preciso eliminá-los. Os principais sinais e sintomas são: febre alta, dores musculares intensas, dores nos olhos, falta de apetite, cefaleia, e em alguns casos, machas vermelhas pelo corpo. AIDS/HIV A AIDS é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo contra doenças. Os principais sintomas são: febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento. Com a baixa imunidade, causada pela enfermidade, é possível que a pessoa adquira outras doenças, também chamadas de oportunistas, como tuberculose e toxoplasmose. O tratamento da AIDS é gratuito, feito com antirretrovirais, disponibilizados nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde. RAIVA A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza- se como uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. É causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rabhdoviridae. A raiva é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais. Os principais sinais e sintomas são: anorexia, irritabilidade, mal-estar, náuseas, dor de garganta. Em caso de acidentes com animais, os trabalhadores deverão ser encaminhados imediatamente a uma unidade de saúde, para os devidos procedimentos. COVID-19 Os coronavírus são um grupo de vírus comuns em diferentes espécies de animais. Raramente os vírus que infectam animais podem infectar pessoas. Contudo, em dezembro de 2019, houve a transmissão de um novo coronavírus, o SARS-CoV-2, que causou a doença covid-19. Essa doença apresenta manifestações clínicas, variando de infecções assintomáticas a quadros graves. Os principais sintomas são febre, tosse, coriza, perda de olfato, dificuldade para respirar, alteração de paladar, cansaço e distúrbios gastrintestinais. É importante lembrar que nem todas as pessoas portadoras de covid-19 apresentam os mesmos sintomas e que é possível novos sintomas, ou seja, diferentes dos já registrados, a partir da mutação do vírus. Para a proteção dos trabalhadores, as instituições empregadoras precisam adotar medidas de segurança e protocolos específicos para os ambientes de trabalho, além de oferecer os equipamentos de proteção individual adequados. DOENÇA DA FOLHA VERDE DO TABACO A doença da folha verde do tabaco (DFVT) é uma forma de intoxicação aguda causada pela absorção dérmica da nicotina presente na folha do tabaco (Nicotiana tabacum). O suor, o orvalho e a chuva facilitam o contato da substância com a pele. Entre os sinais e sintomas estão: dores de cabeça, tontura, náuseas e cólica. Os sintomas duram alguns dias e podem afetar a mesma pessoa repetidas vezes. Essa doença acomete principalmente trabalhadores rurais que lidam com essa cultura. ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS Os acidentes com animais peçonhentos são comuns entre trabalhadores da agricultura e de manipulação de alimentos. Os mais comuns são o ofidismo (picada de cobra) e o escorpionismo. A todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido, gratuitamente, programa de imunização ativa contra tétano, difteria, hepatite B e os estabelecidos no PCMSO. Sempre que houver vacinas eficazes contra outros agentes biológicos aos quais os trabalhadores estão, ou poderão estar, expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente. A vacinação deve obedecer às recomendações do Ministério da Saúde. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 4 Identificar os riscos ergonômicos e as doenças relacionadas ao trabalho LIGANDO OS PONTOS A relação entre a ergonomia e as doenças relacionadas deve ser objeto de intenso estudo, uma vez que o ambiente laboral tem sido afetado continuamente com o desenvolvimento de novas tecnologias. Dessa forma, algo que a princípio não seria fator determinante para as ocorrências de doenças, pode se mostrar desta maneira na prática diária. Lesões por esforços repetitivos DJS, 43 anos, viúva, mãe de dois filhos, procurou o médico do trabalho da empresa em que trabalha, queixando-se de dor intensa no braço direito, contínua e persistente, com sensação de peso e diminuição de sensibilidade na mão direita, e dificuldade para realizar qualquer movimento. Queixou-se, ainda, de insônia que, segundo ela, provoca cansaço e irritação durante o dia. Relatou que vinha sentindo dor e limitações havia algum tempo, obtendo certo alívio com o uso de anti-inflamatórios, mas com repercussões sobre sua produção diária e dificuldade para realização de horas extras, que proporcionavam aumento na renda mensal da família. Ao ser questionada se havia procurado o supervisor do setor que trabalha, DJS informou que não, porque ficou com medo de ser punida. Ela trabalha há 25 anos como empacotadora na indústria alimentícia, em jornada de cerca de 9 horas diárias (horas extras), 6 dias na semana, em posição sentada, em uma tarefa que exige movimentos repetitivos dos membros superiores, sob grande pressão de tempo, para atender às metas de produção estabelecidas, o que a impede de fazer as pausas recomendadas. Informa haver outros(as) trabalhadores(as) com as mesmas queixas na empresa. O médico a diagnostica com uma doença osteomuscular relacionada ao trabalho, prescreve anti-inflamatório e emite um atestado para afastamento por10 dias. Após sua saída do consultório, o médico marca uma reunião com a equipe do SESMT para conversarem sobre o caso de DJS e de outros possíveis casos. Após a leitura do case, é hora de aplicar seus conhecimentos! Vamos ligar esses pontos? 3. DE ACORDO COM A SITUAÇÃO ANTERIOR, QUAL É O PAPEL DOS ENGENHEIROS E TÉCNICOS DE SEGURANÇA DO TRABALHO? QUAL A INTERVENÇÃO QUE PRECISA SER FEITA NESSE AMBIENTE DE TRABALHO PARA QUE OUTROS TRABALHADORES NÃO ADOEÇAM? RESPOSTA Compreender as demandas da trabalhadora, assim como o conhecimento sobre a atividade/ocupação exercida e as condições em que é realizada. Implantar a Análise Ergonômica do Trabalho. Conversar com os trabalhadores, mostrando que eles podem acessar qualquer membro das equipes sem medo das repercussões negativas. javascript:void(0) O QUE É ERGONOMIA? RISCOS ERGONÔMICOS RISCO ERGONÔMICO É TODA SITUAÇÃO OU FATOR QUE POSSA INTERFERIR NAS CARACTERÍSTICAS PSICOFISIOLÓGICAS DOS TRABALHADORES, CAUSANDO DESCONFORTO OU AFETANDO SUA SAÚDE. A exposição a essas situações pode gerar distúrbios fisiológicos e psicológicos e provocar sérios danos à saúde dos trabalhadores. De acordo com a Secretaria de Previdência, as principais causas de afastamento do trabalho estão relacionadas aos riscos ergonômicos e às doenças motivadas por esses fatores superam os afastamentos por acidentes/traumas. VOCÊ SABIA? Os fatores de risco ergonômico podem gerar adoecimento físico e mental e provocar sérios comprometimentos, tanto na saúde quanto na vida social e no trabalho. Situações de trabalho que envolvem monotonia, mobiliários inadequados, posturas inadequadas, problemas organizacionais, jornada de trabalho muito longa, entre outros fatores, podem gerar doenças. As lesões por esforço repetitivo (LER) e as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) são os distúrbios que mais acometem os trabalhadores. Além desses distúrbios, existem outras doenças que, caso não sejam prevenidas ou tratadas no início do aparecimento, podem ser tornar incapacitantes, como veremos neste módulo. LER e DORT são os danos que ocorrem pelo uso excessivo do sistema musculoesquelético, sem o tempo necessário para o descanso. Inicialmente, os distúrbios osteomusculares foram considerados LER, e em 1998 a Previdência Social substituiu LER por DORT. SAIBA MAIS A diferença entre os dois grupos se encontra basicamente nas causas. Enquanto DORT está relacionada ao trabalho, LER pode acometer qualquer pessoa, independentemente de sua condição de vida. Alguns autores também consideram diagnósticos específicos da LER, por se tratar de doença do sistema nervoso e não do sistema osteomuscular, ou seja, ela pode se tratar de uma lesão por esforço repetitivo, mas que não tenha acometido o sistema osteomuscular, como os transtornos do plexo braquial, as mononeuropatias dos membros superiores e as mononeuropatias dos membros inferiores (BRASIL, 2001). Caracterizam-se pelo aparecimento de vários sintomas, mas que às vezes não são valorizados pelos próprios trabalhadores e empregadores, que permanecem com as tarefas e as dores, fazendo com que a situação se agrave. Geralmente, aparecem nos membros superiores, mas os membros inferiores também podem ser atingidos, dependendo das ocupações. As LER/DORT resultam do entrelaçamento do conjunto de fatores envolvidos na dor musculoesquelética, em que se destacam dois fatores: FATORES BIOMECÂNICOS PRESENTES NA ATIVIDADE Exigências biomecânicas relacionadas à ocupação podem gerar problemas musculoesqueléticos quando não respeitados os limites do corpo. FATORES PSICOSSOCIAIS RELACIONADOS À ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Embora não esteja muito bem esclarecido, alguns estudos sugerem que exigências excessivas no trabalho podem gerar dores devido à tensão e ao estresse. As principais dores que acometem os trabalhadores são dores nos ombros e articulações de mãos e punhos. Agora, vamos conhecer algumas LER/DORT. TENDINITE É a inflamação ou irritação de um tendão (parte final do músculo, que faz a fixação dos músculos aos ossos). Eles servem para transmitir a força de contração muscular necessária para mover um osso. É uma doença que apresenta várias manifestações clínicas que variam de acordo com o avanço da doença. Caso não seja tratada devidamente, é possível que passe de uma condição leve para uma condição crônica e, dessa forma, os sintomas perduram por anos. O quadro clínico irá variar de acordo com o tendão afetado, mas as principais queixas são: dor em tendão que pode irradiar para a musculatura do entorno; sensação de que o tendão está crepitando quando se move; inchaço na região afetada; vermelhidão e calor na área afetada e diminuição da força. As tendinites mais comuns são: Tendinite de Aquiles — tendão situado entre o calcanhar e o músculo da panturrilha. Tendinite do manguito rotador — chamada de “ombro de tenista”. Epicondilite lateral— conhecida como “cotovelo de tenista”. Epicondilite medial — conhecida como “cotovelo de golfista”. Tenossinovite estenosante de De Quervain — tendão entre o polegar e o pulso. Dedo em gatilho — a bainha do tendão da palma da mão fica grossa e inflamada, formando nódulos. BURSITE É a inflamação ou irritação de uma “bursa”, uma pequena bolsa localizada entre o osso e outras estruturas móveis, como músculos, pele ou tendões. Ela permite e facilita um melhor deslizamento entre as estruturas. A bursite ocorre com mais frequência em articulações que realizam movimentos repetitivos frequentes, como ombro, cotovelo, joelho e quadril. Quando não tratada devidamente, a bursite aguda pode ser tornar crônica. Os principais sintomas e sinais são: dor na área da bursa, inchaço, pele avermelhada, diminuição dos movimentos próximos as articulações. A prevenção das tendinites e bursites envolve: evitar ficar muito tempo na mesma posição, realizar alongamentos musculares e mobilização das articulações, usar mobiliários ergonômicos, realizar o descanso necessário entre tarefas. Para o diagnóstico correto, os trabalhadores precisam agendar consulta médica e realizar os exames solicitados. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO É a compressão, também conhecida como pinçamento do nervo mediado, quando este passa pelo punho para inervar a mão. O principal sintoma é a sensação de formigamento, mas também pode ocorrer dormência e dores nos dedos. HÉRNIA DE DISCO É o resultado do desgaste dos discos intervertebrais, comprimindo as raízes nervosas que emergem da coluna, provocando dor intensa. Os principais fatores de risco são atividade repetitiva, ferimentos, carregar peso maior do que o corpo suporta e processo de envelhecimento. Se tratados devidamente, alguns casos não precisarão de intervenção cirúrgica. Os principais sinais e sintomas que podem surgir são: dores no pescoço ou em outras partes da coluna; dores nos braços devido a compressão dos nervos; dormência, formigamento e fraqueza muscular. DESCONFORTO MUSCULAR O desconforto muscular é uma condição, e não uma doença. São dores que podem ocorrer devido ao uso excessivo da musculatura. Pode ser causado por problemas posturais, excesso de atividade física, entre outros. ESTRESSE Também contribui para as dores musculares, pois situações de estresse causam a liberação de hormônios que aumentam a percepção da dor e também a tensão muscular. Um desconforto muscular bastante conhecido é a dorsalgia, ou seja, dores nas costas, que podem decorrer de dores musculares, mas também de outras causas, como o comprometimento das articulações da coluna vertebral, dos nervos e dos ossos. As dorsalgias estão entre as queixas mais frequentes da população geral, sendo a lombalgia e a cervicalgia os principais tipos. ARTROSES Osteoartrose (artrose) é a doença que se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular e por alterações ósseas, entre elas os osteófitos, também conhecidos como "bicos de papagaio". Os sinais e sintomas mais comuns são dores nas mãos, no pescoço, na região lombar, nos joelhos e quadris.Além das dores também é possível sentir crepitações, inchaço, rigidez ou sensibilidade nas articulações. OSTEONECROSE RELACIONADA AO TRABALHO Também conhecida como necrose asséptica ou avascular, ocorre devido à diminuição do suprimento sanguíneo ósseo decorrente de um processo degenerativo local. É uma manifestação crônica que tem sido associada com diabetes, alcoolismo, trauma e exposição à radiação ionizante. Em trabalhadores submetidos à vibração localizada, a ocorrência de osteonecrose está associada a um acometimento neurovascular, levando à diminuição ou ao impedimento do suprimento sanguíneo ósseo, como é o caso da síndrome de Raynaud. A osteonecrose decorrente da intoxicação crônica pelo fósforo branco (ou amarelo) tem importância histórica e integrou a primeira lista de doenças profissionais elaborada pela Organização Internacional do Trabalho. O primeiro caso da doença, que era conhecida como desfigurante, foi registrado em 1845. Para a prevenção das doenças ergonômicas relacionadas ao trabalho, destacamos a importância da realização da Análise Ergonômica do Trabalho. ESSE PROCEDIMENTO COLOCA EM EVIDÊNCIA AS TAREFAS QUE SÃO VARIÁVEIS AO LONGO DA JORNADA DE TRABALHO E COMO AS EMPRESAS PRECISAM TRABALHAR A FIM DE ATENDER AS NORMAS, EVITANDO ASSIM O ADOECIMENTO DOS TRABALHADORES. Para isso, os fatores de risco devem ser avaliados no contexto organizacional em que o trabalhador está inserido. Uma das normas que podem e devem ser implementadas é a Norma Regulamentadora nº 17 – Ergonomia, que visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. RISCOS PSICOSSOCIAIS Agora vamos abordar os riscos psicossociais. Esses fatores fazem parte do risco ergonômico, mas faremos aqui um destaque, devido à importância da saúde mental dos trabalhadores e em razão do grande desafio que esses fatores oferecem para a manutenção de um ambiente de trabalho seguro. Os riscos psicossociais decorrem de deficiências na organização e na gestão do trabalho, bem como de um contexto social de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social, tais como estresse relacionado com o trabalho, esgotamento, depressão, entre outras sequelas. Os efeitos negativos atingem a todos: trabalhadores, famílias, sociedade, empregadores. Além das doenças em si, os trabalhadores podem ficar incapacitados e sem condições de retornar para o trabalho, gerando também afastamento social. Para as famílias, há mudança na dinâmica, o que pode provocar desgastes profundos, principalmente por causa das questões econômicas. Para as empresas, percebe-se aumento de gastos com afastamentos, absenteísmo e mesmo o presenteísmo (o trabalhador está presente no ambiente de trabalho, porém não tem produtividade), além de ficar com a imagem comprometida. Quanto ao país, a grande demanda de atendimento das Unidades de Saúde pode gerar sobrecarga do sistema de saúde, comprometendo a qualidade dos atendimentos. Em relação aos benefícios previdenciários, também se considera o aumento da demanda e a necessidade de concessão de um número maior de benefícios, impactando na saúde econômica do país, além das possíveis repercussões negativas a nível internacional, comprometendo as possibilidades de investimentos. As principais condições de trabalho que contribuem para o aumento dos fatores de riscos psicossociais e adoecimento dos trabalhadores são: Cargas de trabalho excessivas. Exigências contraditórias e falta de clareza na definição das funções. Falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador e falta de controle sobre a forma como ele executa o trabalho. Má gestão de mudanças organizacionais, insegurança laboral. Comunicação ineficaz e violenta, falta de apoio por parte de chefias e colegas. Assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros. Alguns ambientes de trabalho contribuem para o desenvolvimento de doenças mentais nos trabalhadores. Os transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho são a terceira maior causa de afastamento do trabalhador no Brasil e uma das principais causas de adoecimento no mundo. SAIBA MAIS Esses transtornos não resultam de fatores isolados, mas de contextos de trabalho sem interação entre corpo e aparato psíquico dos trabalhadores. Se, por um lado, o trabalho pode gerar esses distúrbios, a falta dele também gera os mesmos problemas e, por medo de perder o trabalho, muitas pessoas se submetem a situações desumanas em troca do salário. OS FATORES RELACIONADOS AO TEMPO E AO RITMO DE TRABALHO SÃO MUITO IMPORTANTES NA DETERMINAÇÃO DO SOFRIMENTO PSÍQUICO RELACIONADO AO TRABALHO. Jornadas de trabalho longas, com poucas pausas destinadas ao descanso e/ou refeições de curta duração, em lugares desconfortáveis, turnos de trabalho noturnos, turnos alternados ou turnos iniciados muito cedo pela manhã; ritmos intensos ou monótonos; submissão do trabalhador ao ritmo das máquinas, sob as quais não se tem controle; pressão de supervisores ou chefias por mais velocidade e produtividade causam, com frequência, quadros ansiosos, fadiga crônica e distúrbios do sono. Além do ambiente de trabalho em si, outras situações envolvendo os trabalhadores podem levá-los a desenvolver doenças mentais e comportamentais, tais como acidente de trabalho e doenças incapacitantes relacionadas ao trabalho. Muitos trabalhadores, devido às grandes exigências do trabalho sem o tempo adequado para as resoluções, se sentem cansados, desanimados, podendo inclusive desenvolver depressão, crises de ansiedade, síndrome de burnout, entre outros. Em situações de pandemia, a tendência é que esses problemas se agravem. Vamos conhecer um pouco sobre essas doenças que podem acometer os trabalhadores: DEPRESSÃO É uma doença psiquiátrica crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite. É uma doença incapacitante, e seus quadros variam de intensidade e duração, podendo ser classificada como leve, moderada ou grave. Os principais sintomas são sensação de tristeza, autodesvalorização e sentimento de culpa. Quem está passando por uma depressão acredita que perdeu, de forma irreversível, a capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto sem cores, sem matizes de alegria. Lembrando que, para o correto diagnóstico, é preciso uma consulta com um médico especialista. ANSIEDADE É um termo geral para vários distúrbios que causam nervosismo, medo, apreensão e preocupação. A ansiedade pode ser normal e é um indicador de doença somente quando os sentimentos se tornam excessivos, obsessivos e interferem na vida cotidiana. A ansiedade pode ser generalizada, associada ao medo e/ou ataques de pânico. Sobre a ansiedade excessiva, é possível observar: preocupação excessiva; ver perigo em tudo; emoções afloradas; sintomas físicos como problemas com o sono, dores musculares, taquicardia e falta de ar. SÍNDROME DE BURNOUT OU SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL É um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. A síndrome, se não tratada, pode evoluir para a depressão. Os principais sinais e sintomas são nervosismo, sofrimento psicológico, problemas físicos, desesperança, insônia, fadiga, sensação de fracasso, sentimento de incompetência. TRANSTORNO DO ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO É um distúrbio caracterizado pela dificuldade em se recuperar depois de vivenciar ou testemunhar um acontecimento assustador. A condição pode durar meses ou anos, com gatilhos quepodem trazer de volta memórias do trauma acompanhadas por intensas reações emocionais e físicas. Nesses casos, quando a pessoa se recorda do trauma, ela revive o episódio, como se o fato estivesse ocorrendo naquele momento. Sobre o tratamento para as doenças mentais e comportamentais relacionadas ao trabalho, em primeiro lugar precisamos entender a gravidade dessas doenças. Muitos trabalhadores ainda têm vergonha de procurar ajuda com medo dos estigmas, por isso as empresas precisam abordar o assunto com muita seriedade. Todos os diagnósticos e tratamentos só podem ser realizados por profissionais especialistas. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos, as doenças relacionadas ao trabalho são um grave problema para os trabalhadores, podendo afetar as famílias, os empregadores e a sociedade em geral. Manter ambientes de trabalho seguros e trabalhadores capacitados diminui a possibilidade de exposição a situações que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças. Além dos ambientes físicos, é importante que as organizações fiquem atentas às questões subjetivas, de relacionamento, e às grandes demandas de trabalho, que também são fatores geradores de adoecimento. Repensar práticas de trabalho, ouvir os trabalhadores e compreender que o ambiente de trabalho deve ser o promotor de saúde, e não da doença, são passos fundamentais para a mudança nas formas e nas relações de trabalho. É preciso o desenvolvimento de uma cultura de segurança e valorização dos trabalhadores, além dos incentivos por meio das políticas públicas de segurança e saúde dos trabalhadores. PODCAST Confira o conteúdo preparado especialmente para você enriquecer o seu conhecimento! AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria de Trabalho. Normas regulamentadoras. Brasil. Ministério da Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Para saber as coisas: falando da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e doenças relacionadas ao trabalho. São Paulo: Hemeroteca Sindical Brasileira, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Atlas do câncer relacionado ao trabalho no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde do trabalhador e da trabalhadora. Cadernos de Atenção Básica, n. 41. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. INCA. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Organização de Fátima Sueli Neto Ribeiro. Rio de Janeiro: Inca, 2012. MARANO, V P. Doenças ocupacionais. 2 ed. São Paulo: Editora LTr, 2007. MORAES, M. V. G. Doenças ocupacionais - agentes: físico, químico, biológico, ergonômico. 1 ed. [S. l.]: Editora Látria, 2010. REDE NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO TRABALHADOR – RENAST. Consultado na internet em: ago. 2021. RESENDE, P. Enfermeira que atendeu vítimas do césio deve ser indenizada, em Goiás. G1, 19 jul. 2015. Consultado na internet em: ago. 2021. EXPLORE+ No Manual de procedimentos para os serviços de saúde, você conhecerá mais sobre as doenças relacionadas ao trabalho. Procure na internet pelo site da Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde. No YouTube, assista ao interessante vídeo Entre o pó e fôlego da vida, da Fundacentro. CONTEUDISTA Ismael da Silva Costa
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