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1 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA UNIDADE 1 AULA 5 - HABILIDADE 02 2 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA Diretor Executivo David Stephen Gerente Editorial Alessandra Ferreira Projeto Gráfico Laura Kristina / Regiane Rosa Autoria Alex de Britto Rodrigues Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Catalogação na fonte – Editora Telesapiens Bibliotecária Responsável: Luzenira Alves dos Santos - CRB9/1506 R685 Rodrigues, Alex de Britto Português [recurso eletrônico] / Alex de Britto Rodrigues; David Lira Stephen Barros (coord.); Alessandra Vanessa Ferreira dos Santos (org.) – Recife: Telesapiens, 2022. 14 p.; E-book: il. Color. E-book, no formato ePub ISBN: 978-65-5873-510-6 1. Educação 2. Português 3. Ensino de Jovens e Adultos – EJA I. Barros, David Lira Stephen, coord. II. Santos, Alessandra Vanessa Ferreira dos, org. III. Título IV. Série CDU 811.111.36 CDD 469.07 374 Índice para catálogo sistemático 1. Educação de Jovens e Adultos – 374 2. Português – Estudo e Ensino – 469.07 3 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desen- volvimento de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessá- rios observações ou complementações para o seu conhecimento. IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você. EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado. VOCÊ SABIA? curiosidades e inda- gações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias. SAIBA MAIS: textos, referências biblio gráficas e links para aprofundamento do seu conhecimento. REFLITA: se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refleti- do ou discutido sobre. ACESSE: se for preciso acessar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast. RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens. ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada. TESTANDO: quando o desenvolvi- mento de uma com- petência for concluído e questões forem explicadas. 4 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02 >>> APRESENTAÇÃO Em nossos estudos, já ficou claro que o texto é uma unidade de significado. Mas quais são os elementos que garantem essa unidade? Veremos, nesta aula, dois deles: a coesão e a coerência. Muitas vezes confundidos, eles dizem respeito a níveis diferen- tes do texto, sendo a coesão relacionada mais a aspectos formais e a coerência, mais a aspectos de conteúdo. No entanto, essas duas propriedades se associam no percurso do texto, sendo que uma contribui para a constituição da outra. 5 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02>>> SUMÁRIO Apresentação 4 5. Coesão e coerência textuais 6 5.1. Texto: da forma ao sentido 6 5.2. Coesão sequencial 6 5.3. Coesão referencial 7 5.4. Coerência: progressão e manutenção de ideias 9 5.5. Coerência: não contradição e relação 10 Resumindo 12 Referências 13 6 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02 5. COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS 5.1. Texto: da forma ao sentido Já vimos que o texto é uma unidade de significado. Agora veremos com mais detalhes como essa unidade se dá. Podemos considerar dois componentes básicos: o que a língua nos oferece para usarmos na ligação das partes do texto e o que resulta no significado, pois a ligação das partes precisa fazer sentido. O pri- meiro desses componentes é o que chamamos de “coesão”, e o segundo, de “coerência”. Todo o texto que funciona em seu propósito comunicativo deve se adequar a um gênero e estar a serviço de uma intenciona- lidade. Para que isso ocorra com qualidade, a coesão e a coerência precisam estar bem construídas, o que requer o desenvolvimento de certos conhecimentos sobre a língua e a prática de leitura e de escrita. Vamos começar trabalhando com alguns tipos de coesão e seguir com o tratamento de alguns tipos de coerência. 5.2. Coesão sequencial Uma das maneiras de garantir coesão nos textos é utilizando elementos coesivos entre as partes dentro de uma sequência. Va- mos analisar o trecho a seguir: Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo prin- cípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja co- meçar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou pro- priamente um autor defunto, mas um defunto autor, para 7 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito fi- caria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo; dife- rença radical entre este livro e o Pentateuco. (ASSIS, 2014 [1881] – destaques nossos em negrito) Observe as expressões em negrito. A primeira é “isto é” e relaciona duas ideias semelhantes, sendo que a segunda expli- ca melhor ou apenas de outro modo a primeira. A segunda e a terceira expressões são duas ocorrências de “mas”, que relaciona duas ideias diferentes, sendo que a segunda prevalece, se opondo à primeira. A quarta expressão é “e”, que simplesmente adiciona uma ideia na mesma linha de raciocínio. Todas essas expressões negritadas são conectivos coesivos. Elas têm a função de evidenciar a conexão entre as ideias, seja dentro de um período, entre períodos ou entre parágrafos. Há muitos outros conectivos que você pode pesquisar e perceber nos textos em geral. Eles são extremamente úteis para a “costura” do texto e a construção de unidades de sentido. Além dos conectivos, perceba, no trecho analisado, que o au- tor mantém um mesmo tempo verbal: o passado. Isso também pode ser considerado um recurso coesivo sequencial, pois rela- ciona as partes (no caso, períodos diferentes) que estão em uma sequência. 5.3. Coesão referencial A coesão pode ocorrer também por meio da utilização de ex- pressões que se referem a algo já indicado em outra parte do tex- to. Veja o trecho a seguir, um parágrafo na sequência do lido na seção anterior: 8 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02 Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Ø Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, pos- suía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. (ASSIS, 2014 [1881] – destaques nossos em negrito) Perceba a primeira expressão em negrito: “isto”. Ela retoma toda a ideia do parágrafo anterior, ou seja, ela se refere ao que foi dito antes. Agora perceba o segundo negrito, que não é uma expressão, na verdade, mas uma ideia “escondida” (por isso o símbolo Ø, de “vazio”), oculta. Trata-se do sujeito oculto “eu”, que pode ser entendido graças ao “eu” com que o verbo “expirei”, que aparece antes, concorda. No caso do verbo “tinha”, que aparece depois de Ø, não é possível dizer, de modo isolado, se ele concor- da com “eu” ou com “ele”, por exemplo. Mas observando o que aparece antes, fica fácil deduzir que se referea “eu”, o narrador. Por fim, a expressão “onze amigos” repete a anterior. O fato de aparecer repetida, com a mesma referência, coloca uma ideia de ênfase, que depende da percepção da repetição não como um descuido, mas como uma conexão que intensifica a ideia (algo que o ponto de exclamação ajuda a fazer). Essa “costura” por meio de expressões que se referem a ele- mentos presentes em outras partes do texto é muito importante para a unidade de sentido. Porém, perceber e aprender outros recursos de coesão referencial durante a prática de leitura e de escrita é importante para melhorar progressivamente suas habili- dades de promover conexão textual. 9 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02>>> EXPLICANDO MELHOR A “referência” é a “coisa” sobre a qual falamos, ou seja, ela está fora da linguagem e usamos a linguagem para “apontar” para ela. A palavra “Terra” e a descrição “planeta habitado do sistema solar” tratam da mesma coisa, ou seja, têm a mes- ma referência. Nos textos, a retomada da referência ajuda a manter a coesão. 5.4. Coerência: progressão e manutenção de ideias A propriedade que diz respeito à construção de sentido, como já dito, é a coerência. Dois elementos que têm relação direto com ela é a progressão e a manutenção de informações. Voltando aos dois trechos analisados anteriormente, pode- mos ver que o autor se preocupa em colocar constantemente in- formações novas, pois é pressuposto textual a renovação constan- te, sem permanecer “dando voltas” no mesmo conteúdo. Assim, ele informa que teve dúvida sobre como começar o livro, depois que é comum começar pelo nascimento e, em seguida, que deci- diu começar pela morte, dando descrições sobre quando faleceu e como foi seu enterro. Perceba que a sequência de informações novas segue uma progressão que faz sentido, pois não foi aleató- ria, de “qualquer jeito”. Porém, mesmo apresentando informações novas constante- mente, ele retoma informações velhas. No começo do primeiro parágrafo, por exemplo, ele repete, com outras palavras, a dúvi- da sobre como começar o livro. Logo depois, explica que é mui- to comum começar pelo nascimento e, na sequência, apresenta 10 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02 um exemplo de como isso é comum (mencionando a narrativa de Moisés), ou seja, mesmo com a informação nova de um exemplo, ele retoma a informação de que isso é comum, já foi feito desde muito tempo atrás. Já no segundo trecho, o recurso coesivo “isto” também serve como uma retomada do conteúdo, juntamente com a repetição da expressão “onze amigos”. Esse tipo de retomada é muito útil para o leitor não “se perder” na linha de pensamento, recuperando o que estava sendo exposto. Por outro lado, a maior parte desse segundo trecho é composto por informações novas, mantendo a progressão de ideias. De modo geral, o uso adequado de informa- ções novas com informações velhas contribui para que a linha de pensamento do texto faça sentido para o leitor ou ouvinte. >>> REFLITA Perceba a importância do equilíbrio entre progressão e manutenção das ideias: só com manutenção, o texto fica muito repetitivo e perde seu propósito comunicativo; só com progressão, o texto fica confuso ao saltar de um assunto para ou- tro, sem gradação. 5.5. Coerência: não contradição e relação A coerência é concretizada também pela não contradição e pela relação entre as ideias. Para pensarmos sobre a não contradi- ção, mais frequentemente relacionada à coerência, veja o seguinte trecho, que alteramos com base nos dois anteriormente analisados: Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Continuei vivo por anos depois desse acontecimento. 11 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02Nesse trecho criado por nós, há uma contradição: se ele “expirou” (morreu), como continuou vivo? É claro que isso poderia ser resolvido por alguma explicação (continuou vivo na memória das pessoas), mas na falta disso, há incoerência. Os dois trechos apresentados do livro de Machado de Assis não têm nenhum caso de contradição, na realidade, pois o autor era muito cuidadoso e habilidoso. Por fim, para garantirmos a coerência, as partes têm que es- tar relacionadas. Perceba que todas as partes dos dois parágrafos da obra mencionada de Machado de Assis se relacionam com as partes mais próximas. No primeiro parágrafo analisado, as partes se relacionam com a dúvida sobre como começar o livro, sendo a parte da apresentação da dúvida, a do apontamento de como é comum começar, a do exemplo que reforça a maneira comum e a da justificativa de buscar não seguir o que é comum estão todas relacionadas com a explicação sobre o começo do livro. Na sequên- cia, no segundo parágrafo, o narrador então começa descrevendo a circunstância de sua morte. O cuidado para que as partes estejam relacionadas é funda- mental. Para isso, é preciso planejar o texto. Muitas vezes, quem escreve começa o primeiro parágrafo sem saber as ideias que irão aparecer nos parágrafos seguintes, resultando em parágrafos mal relacionados. Ó planejamento evita esse problema, porque é pre- ciso saber, pelo menos em termos gerais, o que vai ser desen- volvido para, só assim, começar o primeiro parágrafo, que irá se relacionar claramente com a sequência. >>> SAIBA MAIS Respeito de coesão e coerência. Clique aqui. https://www.youtube.com/watch?v=voO8FT-9q6Y 12 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02 >>> RESUMINDO Um texto, sendo uma unidade de significado, tem o plano da forma e do conteúdo. Relacionado a esses dois planos, ele tem duas propriedades fundamentais responsáveis por sua constitui- ção básica: a coesão e a coerência. A coesão diz respeito aos recursos da língua que explicitam as conexões entre as partes, algo essencial para a manutenção da unidade textual. Já a coerência é a construção do sentido, algo que depende de como selecionamos e dispomos as ideias. 13 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02REFERÊNCIAS ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Penguim Classics Companhia das Letras, 2014 [1881]. FÁVERO, L. L. Coesão e Coerência Textuais. 11 ed. Série Princí- pios. São Paulo: Editora Ática, 2006. 14 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA U N ID AD E 1 – AU LA 5 – C O ES ÃO E C O ER ÊN CI A TE XT U AI S – H AB IL ID AD E 02 >>> APRESENTAÇÃO 2. A língua portuguesa e suas variações
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