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Funções: Comportamental, Bioclimática, Estética e Simbólica APRESENTAÇÃO O trabalho do arquiteto é amplo, e um de seus objetivos consiste em satisfazer as expectativas humanas, os anseios da sociedade no tempo e na história. Criar espaços para a sociedade requer repertório cultural abrangente, uma vez que é tarefa que envolve os anseios e a materialização dos seus objetivos. A arquitetura está em constante situação relacional com a sociedade no seu tempo, seja em um relacionamento comportamental ou funcional dos espaços, em um relacionamento bioclimático –referente ao conforto físico humano –, estético – no sentido da beleza – e simbólico – como manifestação de um conteúdo por meio de sua forma física. Nesta Unidade de Aprendizagem, você entenderá essas relações de maneiras diversas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Distinguir as diferentes fases da arquitetura na história.• Identificar o trabalho do arquiteto ao longo do tempo.• Reconhecer a relação entre o arquiteto e as funções comportamental, bioclimática, estética e simbólica. • DESAFIO Mariana e George, preocupados em ter uma qualidade de vida melhor sem a necessidade de utilizar o ar-condicionado todos os dias, foram lhe procurar no seu escritório para contratá-lo com a queixa de que sua residência recém-adquirida era muito quente. O casal havia comprado a casa em ponto estratégico de acesso ao trabalho de ambos, assim estavam dispostos a adequar a casa às suas necessidades. Após a reunião habitual, as anotações e os questionamentos sobre as necessidades do casal, foi marcada a visita técnica à residência. Analisando a edificação, a vizinhança e a orientação dos ventos, você constatou que, apesar de existir uma boa quantidade de ventos na região, a construção da residência localizava-se inserida em uma vizinhança densa, que barrava a chegada desses ventos até a edificação. A construção era em alvenaria, com cobertura em madeira e telha de barro e o forro acompanhava o telhado. O piso, em madeira nas áreas sociais e em cerâmica nas outras, as janelas eram grandes, e você observou que a casa era bem despojada, com ambientes abertos e cozinha integrada, deixando apenas a área íntima mais reservada. A que função da arquitetura está ligada a situação descrita? Explique. Com base em todas essas informações, formule uma estratégia para atender esta necessidade do seu cliente: tornar a casa mais fresca. INFOGRÁFICO Ao longo da história, o arquiteto relaciona-se com as expectativas do homem e com as consequentes mudanças na sociedade, na tecnologia, na ciência e na arte. CONTEÚDO DO LIVRO A arquitetura (profissão, arte e ciência) tem provocado, ao longo dos tempos, muitos estudos, teorias e métodos, diferentes formas de pensar, analisar e estudar o ambiente projetado. Ela está sempre em um situação relacional com a sociedade da época, com as mudanças climáticas, com a expressão simbólica, com as novas tecnologias ou com o tipo de atividade que se desenvolverá em cada ambiente ou edificação projetada. O livro Fundamentos da Arquitetura é base teórica desta Unidade de Aprendizagem. A seguir, você encontrará trechos selecionados que trazem mais detalhes e imagens de períodos marcantes para as transições da arquitetura mundial: Egito, Grécia, a arquitetura gótica, o Humanismo, o ferro e o aço e o Purismo. Boa leitura. RESPOSTA DESAFIO: A função bioclimática está relacionada ao conforto acústico, térmico e luminoso do homem no ambiente construído e, mais recentemente na história, ao meio ambiente, com o advento das edificações sustentáveis. Uma das maneiras de realizar o conforto ou o controle térmico na edificação é utilizando a ventilação natural com o efeito chaminé, estratégia utilizada há mais de 100 anos, em que o ar no interior das edificações se renova mediante a saída do ar quente (mais leve) pela chaminé e a entrada de um ar mais fresco pelas janelas. A vantagem dessa estratégia é poder funcionar isoladamente ou em conjunto com a ventilação cruzada, potencializando as trocas. No caso da edificação em questão, a ventilação cruzada não poderia ser utilizada como estratégia principal por causa das barreiras existentes na vizinhança. Sendo assim, o uso da chaminé com o aproveitamento da inclinação do telhado seria a melhor estratégia. Como o telhado é em madeira e telha de barro, a remoção das telhas, o corte no forro e a inserção de uma ou mais chaminés. Brown e Dekay explicam: "O vento pode não estar disponível em certos horários, como à noite, pode ser fraco demais em certos climas ou a condição urbana ou do sítio pode barrar o acesso de uma edificação ao vento. Sob tais condições, a ventilação por efeito chaminé, que não necessita dos ventos para que o ar se mova através de uma edificação, pode proporcionar um efeito semelhante. Há também a vantagem de independência com relação à orientação. IMAGEM 4 Em um recinto esfriado pela ventilação por efeito chaminé, o ar quente sobe e sai através de aberturas existentes na parte superior do recinto, sendo substituído por um ar de temperatura inferior que entra pela parte inferior. A taxa na qual o ar se move através do recinto, levando o calor consigo, é uma função da distância vertical entre as tomadas e as saídas-de-ar, de seu tamanho e da diferença entre a temperatura externa e a temperatura média interna na parte mais alta do recinto. Várias estratégias podem ser empregadas para se melhorar este sistema de ventilação por gravidade; todas es- tão relacionadas com o relacionamento vertical (em corte) entre os espaços de uma edificação." CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK FFundamento s d e A rq u ite tu ra L o rra in e F a rre lly Conheça também F u n d a m e n to s d e A rq u ite tu ra L o rra in e F a rre lly Lorraine Farrelly é arquiteta e professora de arquitetura e projeto na Escola de Arquitetura da Universidade de Portsmouth, Inglaterra. Leciona a disciplina de projeto na graduação e no pós-graduação do curso de arquitetura, além de disciplinas de representação gráfica e desenho. Suas aulas de ateliê focam a ideia da cidade e de como é lida e interpretada. É autora dos livros Técnicas de Representação (Bookman, 2011) e Construction and Materiality (2008). Fundamentos de Arquitetura, Segunda Edição, é uma introdução prática e acessível aos conceitos e ao processo da arquitetura moderna. Ao longo do livro, Lorraine Farrelly revela as principais áreas de pesquisa e estudo associadas ao pensamento, ao projeto e à construção da arquitetura. Esta segunda edição, totalmente ilustrada com diagramas claros e imagens inspiradoras, apresenta os elementos essenciais da teoria e prática contemporâneas. Inclui estudos de caso detalhados e projetos práticos que exploram os processos da arquitetura. Também pode ser considerado um pequeno guia histórico da arquitetura ao redor do mundo. Fundamentos de Arquitetura é uma valiosa obra de consulta para todos os interessados em uma introdução aos conceitos elementares da arquitetura. Segunda edição 2ª edição www.grupoa.com.br ARQUITETURA ISBN 978-85-7780-806-9 ISBN 978-85-7780-682-9 A autora 47915_FARRELLY_Fundamentos_BR.indd 1 18/06/13 09:03 Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à BOOKMAN EDITORA LTDA., uma empresa do GRUPO A EDUCAÇÃO S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 670 – Santana 90040-340 – Porto Alegre – RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. Unidade São Paulo Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 – Pavilhão 5 – Cond. Espace Center Vila Anastácio – 05095-035 – São Paulo – SP Fone: (11) 3665-1100 Fax: (11)3667-1333 SAC 0800 703-3444 – www.grupoa.com.br IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Obra originalmente publicada sob o título Fundamentals of Architecture, 2nd Edition ISBN 9782940411757 Copyright©2012, AVA Publishing SA, Lausanne. All rights reserved. Gerente editorial: Arysinha Jacques Affonso Colaboraram nesta edição: Coordenação editorial: Denise Weber Nowaczyk Capa: VS Digital, arte sobre capa original Leitura fi nal: Renata Ramisch Editoração: Techbooks Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 F245f Farrelly, Lorraine. Fundamentos de arquitetura [recurso eletrônico] / Lorraine Farrelly ; tradução: Alexandre Salvaterra. – 2. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8260-090-0 1. Arquitetura. I. Título. CDU 72 Farrelly_001-045_iniciais_eletronica 2ed.indd 2Farrelly_001-045_iniciais_eletronica 2ed.indd 2 11/11/13 09:1911/11/13 09:19 Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 3276451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 32 3/13/12 4:46 PM3/13/12 4:46 PM 1. Museu de arte Kolumba, Colônia, Alemanha Peter Zumthor, 2003–2007 O museu de arte Kolumba, completado em 2007 de acordo com um projeto elaborado por Peter Zumthor, responde ao contexto histórico preexistente de uma igreja gótica. O novo se funde ao antigo. Fu nd am en to s de A rq ui te tu ra A H is tó ri a e os P re ce de nt es Capítulo 2 A História e os Precedentes Os projetos e as inovações se desenvolvem a partir de precedentes, ideias e conceitos que vêm evoluindo com o passar do tempo. A arquitetura usa os precedentes da história social e cultural e aplica essas influências às edificações, formas e estruturas contemporâneas. A compreensão histórica das edificações é uma parte essencial do projeto de arquitetura, pois ela permite uma relação entre os desenvolvimentos materiais, físicos e formais que foram previamente explorados por outros arquitetos. A reação ou a resposta a essas ideias tem sido a base da evolução da arquitetura ao longo da história. 32 Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 3376451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 33 3/13/12 4:46 PM3/13/12 4:46 PM 1 Co nt ex tu al iza nd o a Ar qu ite tu ra < A H is tó ri a e os P re ce de nt es > A C on st ru çã o 33 Job No: CD0412-3 / Sammi 2nd Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 3476451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 34 4/4/12 6:59 PM4/4/12 6:59 PM UMA LINHA DO TEMPO DE PRECEDENTES DE ARQUITETURA34 1417 Filippo Brunelleschi foi o arquiteto florentino responsável por projetar o famoso Duomo (A Catedral) de Florença, na Itália. Ele criou uma máquina que possibilitava a análise e o desenho de perspectivas. A máquina foi construída com uma série de espelhos que o permitiam analisar aquilo que via. Até então, as pinturas e imagens não representavam as perspectivas com precisão, visto que ninguém tinha os conhecimentos conceituais ou matemáticos necessários. 126 d.C. O Panteon foi construído pelo imperador romano Adriano para servir como um templo para todos os deuses. Ele usou concreto-massa para criar uma cúpula impressionante com um óculo aberto no topo, permitindo a entrada da luz no espaço interno. 1779 Construída com ferro fundido, a Ponte de Ferro, localizada em Shropshire, na Inglaterra, representa a Revolução Industrial e os novos materiais e tecnologias que vieram a transformar a forma das edificações. O ferro permitiu a construção de estruturas e edificações mais leves e ambiciosas. 1194 A Catedral de Chartres, nos arredores de Paris, França, representa a arquitetura gótica e possui uma nave central impressionante, com 37 metros de altura. Arcobotantes fazem a sustentação externa das paredes, o que permitiu que ela chegasse a essa altura. 450 a.C. A Acrópole de Atenas, na Grécia, é um conjunto de edificações construídas em uma colina. Ela inclui o Partenon, o Erecteion e o Templo de Atena Niké. Essas edificações são os símbolos mais duradouros da arquitetura e da cultura clássicas. 1755 A cabana de Laugier (ou cabana primitiva) foi descrita pelo Abade Laugier em um ensaio seminal sobre a arquitetura. Nele, a natureza é usada para fazer uma analogia com a arquitetura: os troncos das árvores formam colunas, enquanto os galhos e folhas compõem o telhado. Trata-se da forma mais antiga e simples de abrigo. 1492 O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, representa a relação entre o homem e a geometria. Para criá-lo, da Vinci se inspirou nos estudos de Vitrúvio, que descreviam um conjunto de medidas ou módulos baseados nas proporções e dimensões humanas. 2600 a.C. As pirâmides de Gizé, no Egito, são os símbolos arquitetônicos mais antigos. Criadas como tumbas para o Faraó Quéops e seus sucessores, elas foram construídas em pedra e sua execução exigiu o trabalho organizado de milhares de homens. As pirâmides estão entre os monumentos mais famosos e extraordinários do mundo. 3100 a.C. Stonehenge, localizado em Wiltshire, Inglaterra, é um monumento composto por um círculo de pedra. Os monólitos de sarsen chegam a pesar 50 toneladas cada e foram trazidos de um local que fica a mais de 50 km de distância. A estrutura está alinhada com os pontos de solstício e equinócio, e ainda hoje é utilizada para celebrar esses eventos. A H is tó ri a e os P re ce de nt es Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 3576451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 35 4/4/12 6:12 PM4/4/12 6:12 PM U m a lin ha d o te m po d e pr ec ed en te s de a rq ui te tu ra > O m un do a nt ig o 35 1931 Shreve, Lamb e Harmon projetaram o Edifício Empire State, em Nova York. Com seus 102 pavimentos, era a maior edificação com estrutura independente da época. 1972 O Centro Pompidou, em Paris, projetado por Renzo Piano e Richard Rogers, reinventou a ideia da edificação como uma máquina. Todas as suas instalações – elevadores, tubulações e dutos de ventilação – são externas, criando um efeito marcante. 1929 O Pavilhão de Barcelona foi projetado em 1929 pelo arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe. Ele representa um novo tipo de arquitetura moderna, questionando a posição das paredes, pisos e coberturas, e introduzindo um novo vocabulário de planos e superfícies. 2000 Os arquitetos da Marks Barfield Architects construíram a London Eye originalmente como uma estrutura temporária para comemorar a chegada do novo milênio, mas ela se tornou um exemplo de arquitetura tão celebrado quanto a Torre Eiffel. Ela é, ao mesmo tempo, uma obra de engenharia e uma obra de arquitetura dinâmica, que desafia a visão que temos de Londres. 1947 Le Corbusier, que se interessava por conceitos como proporção, geometria e corpo humano, desenvolveu o sistema modulor. O Le Modulor foi publicado e usado como escala no projeto de muitas edificações, incluindo a Capela de Ronchamp, na França. 1889 A Torre Eiffel, em Paris, foi construída para a Exposição Universal de Paris de 1889. Projetada pelo engenheiro Gustave Eiffel, era a maior estrutura de ferro fundido da época. Embora tenha sido criada como uma estrutura temporária, a torre permaneceu, e hoje é uma peça fundamental da identidade da cidade. 1924 Gerrit Rietveld projetou a Casa Schröder, nos Países Baixos. Trata-se do exemplo mais conhecido da arquitetura De Stijl, e é uma edificação sem paredes internas. A Casa Schröder faz parte da filosofiaque busca simplificar a composição visual usando elementos horizontais, cores primárias e preto e branco. 1919 O movimento Bauhaus teve início como a escola de arte e arquitetura de mesmo nome em Weimar, Alemanha. Ele foi organizado por alguns dos arquitetos e desenhistas de produto mais influentes do século XX, incluindo Walter Gropius, Hannes Meyer, Ludwig Mies van der Rohe e László Maholy-Nagy. 1851 Joseph Paxton construiu o Palácio de Cristal, em Londres, para a Grande Exposição de 1851, introduzindo um novo tipo de arquitetura, inspirado em tecnologia, engenharia e inovação. Usando uma leve estrutura de ferro e vidro, ele criou uma obra de arquitetura transparente. Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 3676451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 36 3/13/12 7:07 PM3/13/12 7:07 PM 1 1. As Pirâmides de Gizé, Egito c. 2600 a.C. Os faraós viam a construção desses túmulos como a expressão de seu reinado, assim como muitas corporações internacionais e governos atuais constroem edifícios cada vez mais altos e mais caros para simbolizar seu poder e importância. O EGITO ANTIGO Diferentemente das cidades-estado da Mesopotâmia, que passavam grande parte do tempo guerreando entre si, o Rio Nilo (em seu percurso final de 1.100 km até o Mar Mediterrâneo) era cercado por desertos em ambos os lados, o que dificultava o ataque por quem vinha de fora e resultou em uma sociedade que se manteve intocada em relação às influências externas por mais de três mil anos. Durante esse período, os egípcios desenvolveram uma arquitetura caracterizada, em suas primeiras dinastias, por túmulos piramidais erguidos acima do chão e, posteriormente, pelas tumbas subterrâneas belissimamente decoradas construídas no Vale dos Faraós. Em ambos os casos, as edificações refletiam a crença na vida após a morte, fortemente arraigada entre os egípcios. Essa crença também se refletia no cotidiano e era experimentada como uma série de dualidades: noite e dia, enchentes e secas, água e deserto. Tal crença e tais dualidades nos ajudam a entender por que o Vale dos Faraós (onde enterravam os mortos) fica no lado oeste do Rio Nilo, o horizonte onde o Sol se põe, enquanto os templos e assentamentos de Luxor ficam no lado leste, que é o horizonte do Sol nascente. Esse posicionamento simbólico das antigas edificações egípcias também era enfatizado pela precisão de sua construção. As pirâmides de Gizé foram construídas por volta de 2600 a.C. com uma imprecisão de apenas 10 cm sobre uma base perfeitamente quadrada de 150 m de lado, e seu ápice cria uma forma geométrica precisa derivada da seção áurea (veja a página 123). No interior de cada pirâmide, os corredores estreitos que levam às câmaras mortuárias estão completamente alinhados com as constelações celestes, uma vez que estas eram vistas como o local de repouso para onde iam as almas dos faraós após a morte. A escala e a precisão com que essas estruturas foram executadas são assombrosas, exigindo, inclusive pelos padrões atuais, conhecimentos avançados de engenharia – a começar pela origem dos milhões de blocos quadrados usados em sua construção. As pedras foram retiradas de pedreiras do Alto Egito, a quase 640 km do local, e transportadas pela água antes de serem erguidas e posicionadas. O mundo antigo A história da arquitetura está intrinsecamente conectada à história da civilização. Embora nossos ancestrais nômades tenham desenvolvido abrigos temporários sofisticados – alguns deles, como as tendas dos yurt, nas planícies mongólicas, ainda são usados –, a adoção de um estilo de vida mais sedentário resultou na necessidade de abrigo permanente. A H is tó ri a e os P re ce de nt es 36 Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 3876451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 38 3/13/12 4:46 PM3/13/12 4:46 PM A GRÉCIA ANTIGA Ainda que as civilizações mesopotâmica e egípcia tenham formado a base da arquitetura, foram as sociedades da Grécia Antiga que formalizaram a linguagem da disciplina pela primeira vez. Boa parte da cultura moderna deve suas origens à civilização grega clássica. A democracia política, o teatro e a filosofia derivam de uma sociedade que, tendo dominado a produção de alimentos, descobriu que tinha tempo de sobra para pensar, refletir e tentar entender as regras do mundo em que vivia. Algumas das maiores mentes da história, incluindo Platão, Aristóteles e Pitágoras, lançaram os padrões de pensamento que dominariam a cultura ocidental pelos próximos dois mil anos. A arquitetura da Grécia Antiga (produzida durante o chamado “Período de Ouro” ou “Século de Péricles”) chegou a tal nível de refinamento e qualidade que passou a ser definida como “clássica”. Atualmente, as referências feitas à linguagem clássica da arquitetura não aludem apenas à forma, mas também à maneira pela qual os arquitetos da Grécia Antiga desenvolveram uma metodologia que poderia ser aplicada a todas as tipologias de edificação. Literalmente, os blocos de construção de tal metodologia são as colunas usadas para sustentar a construção. De acordo com sua esbelteza e nível de decoração, essas colunas pertencem a um dentre cinco estilos. São eles: toscano, dórico, jônico, coríntio e compósito, variando, na ordem citada, de curtas e atarracadas a esbeltas e elegantes. Coletivamente, essas colunas são conhecidas como as “cinco ordens”. O diâmetro de cada coluna é determinado tanto por sua altura como pelo espaço deixado entre elas (chamado de intercolúnio), e, consequentemente, pelas relações com o todo e as proporções da edificação sustentada. Cada elemento individual da arquitetura grega se relacionava matematicamente com todos os demais, transformando a edificação em uma totalidade integrada. A H is tó ri a e os P re ce de nt es 38 O mundo clássico Na arquitetura, a influência das civilizações grega e romana se reflete em conceitos, formas, ideias, decorações e proporções que foram reinterpretados pelos estilos renascentista (na Itália do século XV), georgiano (na Londres do século XIX) e colonial norte- americano. Há um espírito duradouro de elegância e equilíbrio na arquitetura e ideias clássicas. Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 4076451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 40 3/13/12 4:46 PM3/13/12 4:46 PM O mundo medieval A queda de Roma e o declínio da civilização ocidental levaram ao caos cultural que caracterizou a Idade das Trevas, criando uma visão de arquitetura que diferia muito daquela que marcou a antiguidade clássica. Em um período de incertezas, inseguro de sua própria capacidade de compreender o mundo ao seu redor, o homem geralmente se volta para fontes externas capazes de determinar o futuro. Por essa razão, o período medieval testemunhou certo distanciamento do secular, enquanto o divino era buscado como fonte de certezas. A ARQUITETURA GÓTICA O principal objetivo de boa parte da arquitetura medieval era transmitir narrativas bíblicas para as massas quase que completamente analfabetas. Para atender a esse fim, as catedrais medievais desenvolveram uma forma única que reduzia o tamanho da estrutura em uma edificação e permitia que vitrais iluminassem seu interior, trazendo a luz e a mensagem divinas de um deus cristão. Além disso, o desejo de escapar dos tormentos da existência terrena e buscar conforto na vida pós-morte acarretou uma ênfase na verticalidade, resultando no estilo arquitetônico da ascensão. Ao voltar os olhos para os céus, o estilo gótico utilizou arcos apontados de maneira característica, colocando a estrutura no exterior das edificações. Um dos principais exemplos podeser encontrado na Saint Chappelle (Santa Capela), uma capela perto da imensa catedral gótica de Notre Dame, na Isle de la Cité, em Paris, França. A ênfase arquitetônica na verticalidade se faz presente no exterior nos pináculos de suas torres, que já serviram como marcos para peregrinos (refletindo a crença de que quanto mais alto o pináculo, maior a importância religiosa da cidade). A arquitetura gótica também adotou uma organização bastante precisa e frequentemente complexa, onde proporções sagradas (veja a página 123), refletindo o mundo natural, eram empregadas para celebrar o divino. A H is tó ri a e os P re ce de nt es 40 Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 4276451_CTP_001-045GK_2Mar_.indd 42 3/13/12 6:59 PM3/13/12 6:59 PM Filippo Brunelleschi, 1377–1446 Brunelleschi nasceu em Florença, Itália. Foi treinado para ser escultor antes de estudar escultura e arquitetura com Donatello, em Roma. Em 1418, Brunelleschi venceu o concurso para projetar o Duomo, a Catedral de Santa Maria del Fiore, em Florença. A cúpula projetada por ele cobria o maior vão da época. A cúpula de Brunelleschi é, na verdade, composta por uma série de cúpulas sobrepostas, e o espaço entre elas é tão grande que permite que uma pessoa caminhe nele. Ele também foi responsável por inventar máquinas que ajudariam em diferentes aspectos da arquitetura, desde erguer pesos até entender melhor a questão da perspectiva. O HUMANISMO Este período foi marcado pela rejeição da escolástica medieval e um interesse renovado pela arquitetura clássica. Embora estivessem familiarizados com as edificações góticas da Europa, os arquitetos se lembravam claramente da arquitetura grandiosa do Império Romano e começaram a readotar a linguagem clássica da arquitetura. Essa linha de investigação artística ganhou força em Florença, onde mercadores ricos e autoconfiantes, juntamente com novas famílias de banqueiros, como os Medici, tornaram-se patronos de um pequeno grupo de arquitetos que começara a reavaliar e a fazer experimentos, por tentativa e erro, com a linguagem clássica da arquitetura. Para a geração anterior, as obras criadas no mundo clássico antigo pareciam ter formas e complexidade inimagináveis. A nova sensibilidade buscava compreender a arquitetura clássica com base na validação da capacidade de raciocínio do homem e da possibilidade de entender o mundo por meio da observação e do intelecto, deixando de lado as explicações predeterminadas. O Renascimento Poucas vezes a história da arquitetura passou por mudanças tão rápidas e fundamentais em termos de postura como as testemunhadas pela Itália no início do século XIV. A H is tó ri a e os P re ce de nt es 42 1 Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_046-107_GK_2Mar_.indd 5076451_CTP_046-107_GK_2Mar_.indd 50 3/12/12 5:45 PM3/12/12 5:45 PM O FERRO E O AÇO Os novos materiais da Revolução Industrial, como o ferro batido e o aço, passaram a ser aplicados rapidamente em construções. Esse desenvolvimento marca uma mudança de paradigma de construções pesadas com elementos portantes feitos de maneira artesanal para elementos de construção pré-fabricados e leves. O mundo celebrou os novos materiais de produção em massa mediante uma série de exposições comerciais. As mais notáveis, em termos arquitetônicos, foram as realizadas em Londres, em 1851, e em Paris, em 1855. Em Londres, a exposição foi realizada dentro da enorme estrutura do Palácio de Cristal, construído especialmente para esse fim. Projetado por Sir Joseph Paxton, o Palácio de Cristal usou componentes padronizados em treliças pré-fabricadas de ferro fundido, fechadas com painéis de vidro de modo a formar uma estufa de proporções gigantescas. O Palácio de Cristal idealizado por Paxton explorou os novos materiais até o limite, aproveitando formas tradicionais e reinterpretando-as estruturalmente. Em Paris, as propriedades do ferro fundido mostraram como utilizar a construção leve para obter alturas até então sem precedentes. A Torre Eiffel se elevou aproximadamente 312 metros na linha do horizonte de Paris; sua estrutura em esqueleto foi a precursora dos edifícios altos e arranha-céus que se seguiriam. No entanto, a oportunidade de mostrar o que realmente podia ser feito ficou a cargo dos Estados Unidos. Em 1871, um incêndio destruiu grande parte da cidade de Chicago. Perante uma cidade devastada, os arquitetos usaram os mesmos princípios estruturais, da estrutura independente, como base para a construção; dessa vez, porém, o fizeram com aço, um material muito mais resistente e proporcionalmente mais leve que o ferro. Ele foi usado para a construção do primeiro arranha-céu do mundo. Louis Sullivan, a quem se atribui a frase “a forma segue a função”, foi possivelmente o primeiro grande arquiteto da modernidade. Seu edifício para a empresa Carson, Pirie, Scott and Company (em Chicago) era uma edificação com estrutura independente simples, permitindo uma expressão clara sem o uso da decoração. Tratou-se de uma ruptura radical com a ornamentação clássica que, até então, caracterizara muitas edificações cívicas. O Modernismo O início do Iluminismo (ou o Século das Luzes) fora acompanhado pela revolução política, mas o mundo moderno partiu de outro tipo de revolução – a industrial. A criação da máquina a vapor, no final do século XVIII, transformou uma população predominantemente rural em urbana, fazendo com que as cidades crescessem e se transformassem rapidamente em industriais. A H is tó ri a e os P re ce de nt es 50 Job No: D0312-18 / YEE PEI 1st Proof Title: Fund Architecture 2nd Edition (AVA) 76451_CTP_046-107_GK_2Mar_.indd 5476451_CTP_046-107_GK_2Mar_.indd 54 3/12/12 5:45 PM3/12/12 5:45 PM 1 As características da arquitetura modernista 1. Pilotis: são as colunas que elevam o volume da edificação em relação ao solo. 2. Planta livre: é obtida com a separação dos pilares portantes em relação às paredes que subdividem o espaço. 3. Fachada livre: consequência, no plano vertical, da planta livre. 4. Janela em fita: uma janela longa e horizontal. 5. Terraço-jardim: resgata a área de solo ocupada pela edificação. O PURISMO Durante o período modernista, o arquiteto suíço Le Corbusier (cujo nome de batismo era Charles-Edouard Jeanneret) estabeleceu princípios de arquitetura que respondiam às ideias e ao dogma renascentistas. Tais princípios não se dedicavam tanto a determinar formas; eles buscavam estabelecer diretrizes para as respostas na arquitetura. No caso de Le Corbusier, outro desenvolvimento importante foi seu sistema modular, que, inspirado na tradição inaugurada por Leonardo da Vinci e Leon Battista Alberti, entre outros, sugeria que a arquitetura deveria ser organizada em torno das proporções do corpo humano. O conceito do modulor criou um sistema de medição que usava dimensões antropométricas (do corpo humano) com o intuito de determinar a forma e o espaço; esse sistema influenciava e embasava o projetos de móveis, edificações e espaços feitos por Le Corbusier. 1. O Modulor © FLC / DACS, 2011, ProLitteris, Zurich Le Corbusier, 1945 Le Corbusier utilizou a proporção áurea (veja a página 123) de maneira explícita neste sistema modular pensado para a escala de proporções da arquitetura. Ele via tal sistema como uma continuação da longa tradição de Vitrúvio, do Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci e da obra de Leon Battista Alberti, entre outros, que usaram as proporções do corpo humano para aprimorar a aparência e a funcionalidade da arquitetura. Além da proporção áurea, Le Corbusier baseou seu sistema nas medidas humanas, na série de Fibonacci (veja a página 123) e na unidade dupla.Ele levou a sugestão de proporções áureas nas medidas humanas, feita por da Vinci, ao extremo, seccionando o corpo do modelo humano na altura do umbigo com as duas partes em proporções áureas e, em seguida, subdividindo tais partes em proporções áureas mais ou menos na altura dos joelhos e dos mamilos; essas proporções áureas foram usadas no seu sistema modular. A H is tó ri a e os P re ce de nt es 54 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Trazido pelos jesuítas, o Barroco foi o estilo artístico predominante no Brasil colonial. Sua essência funcional era decorativa e visava facilitar a absorção da doutrina religiosa e dos costumes trazidos, além de aspectos simbólicos estéticos e em âmbito comportamental. Em Minas Gerais, encontramos construções mais recentes que puderam ter mais liberdade no projeto. Podendo se construir com estéticas mais atualizadas, essas obras foram o testemunho de uma fase da história brasileira, a região era a “menina dos olhos” da Metrópole, rica em ouro e diamantes. Os centros históricos de Ouro Preto e Diamantina são Patrimônio da Humanidade, guardando obras de vários artistas, entre eles, Aleijadinho, reconhecido mundialmente pelo seu trabalho. Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre sua história e suas obras. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) As civilizações grega e romana tiveram grande influência na arquitetura com seus conceitos, formas e proporções. A arquitetura desses povos possuía alto nível de refinamento e qualidade, sendo definida como clássica. Gregos e romanos desenvolveram uma metodologia própria usando as colunas como sustentação e na elaboração do projeto proporcionalmente ao seu diâmetro. De acordo com a sua beleza e nível de adornos, elas foram tipificadas em cinco estilos. Analise as afirmativas a seguir e assinale a que corresponde ao estilo correto. De acordo com a sua beleza e nível de adornos elas foram tipificadas em cinco estilos. Analise as afirmativas abaixo e assinale a que corresponde ao estilo correto. A) Toscana: Pertencente à ordem grega; trata-se de uma coluna semelhante à dórica. B) Dórica: A mais simples coluna da ordem romana; possui base pequena em relação à altura, porém é larga. Coríntia: Estilo mais decorativo e trabalhado; pertence à ordem romana, no seu capitel, C) A ordem toscana trata-se de uma simplificação de mesmas proporções do dórico, porém com base, e pertence à ordem romana. IMAGEM 5 A coluna dórica pertence à ordem grega e não possui base. IMAGEM 6 A coluna coríntia pertence à ordem grega, a mais trabalhada e decorada de todas as colunas gregas; possui, no capitel, uma profusão decorativa de rebentos e folhas de acanto. IMAGEM 7 encontramos folhas de acanto. D) Jônica: É a mais simples das três ordens gregas; não possui base, e o capitel é formado pelo equino ou coxim e o ábaco. E) Compósita: Foi considerada uma versão tardia da ordem coríntia. 2) , 2) A história e a evolução da arquitetura estão ligadas à história e à evolução do homem, da sociedade e da tecnologia. Desde a construção das pirâmides até o mundo contemporâneo, o arquiteto ou mestre de ofício desempenha sua função atendendo às expectativas do homem no seu tempo e, em alguns momentos, aos anseios do artista. Sobre a evolução e suas fases, analise as questões a seguir e marque a INCORRETA. A) As pirâmides e as tumbas no Egito refletiam a crença após a morte dos egípcios na época, uma ideologia baseada no dualismo, dia e noite, enchente e seca, ideia que se refletia na orientação das construções. B) O Renascimento foi marcado como uma época anterior ao Gótico ou Medieval, época em que se buscou a retomada, em vão, do estilo Clássico. C) Dentre as estruturas neolíticas da Idade da Pedra, a mais conhecida é a Stonehenge, que representa uma conexão entre o mundo natural e o celestial. D) O principal objetivo da arquitetura gótica era transmitir narrativas bíblicas para a população analfabeta. E) As construções gregas possuíam grande refinamento e requinte, eram geridas proporcionalmente ao diâmetro da coluna, e o intercolúnio era o espaçamento entre elas. , 3) Com o Barroco, no início do século XVIII, surgiu o racionalismo, a ideia de que o homem e a Terra não eram o centro do universo e uma série de questionamentos 3) A coluna jônica pertence à ordem grega, porém não é a mais simples delas; possui base larga e seu capitel possui volutas. IMAGEM 8 A ordem compósita, romana, foi considerada uma versão tardia do coríntio. Trata-se de um estilo misto em que as volutas do jônico e as folhas de acanto do coríntio se inserem no capitel. IMAGEM 9 O Renascimento foi a retomada do Clássico e a rejeição ao Gótico e Medieval. Os arquitetos queriam a retomada das construções grandiosas do Império Romano e, assim, começaram a readotar a linguagem de uma forma diferente. As edificações refletiam a crença na vida após a morte, crença que se refletia no cotidiano com uma série de dualidades, dia e noite, sol e chuva. Por exemplo, no interior das pirâmides, os corredores que levavam aàs câmaras mortuárias foram executados conforme as constelações celestes, visto que eles acreditavam que as pirâmides eram o local de repouso das almas. A Stonehenge, estrutura neolítica mais famosa de todas, não foi construída para fins de abrigo ou utilitário, foi construída para representar uma conexão espiritual entre o mundo natural e o celestial, tinha uma função simbólica O período medieval buscou o divino como fonte de certeza. As construções góticas, na maioria religiosas, procuravam levar o homem ao divino. As construções transmitiam as narrativas sagradas para a população analfabeta, tinham proporções religiosas e uma ênfase na verticalidade. Apesar de as civilizações mesopotâmicas e egípcias iniciarem uma base para a arquitetura, foi na Grécia antiga que a arquitetura formalizou-se. As construções possuíam grande refinamento e requinte; eram projetadas proporcionalmente ao diâmetro da coluna; diferenciavam-se em ordem conforme o ornamento e a altura, o intercolúnio era o espaçamento entre elas. intelectuais. A edificação racional marcou essa época. A seguir, são apresentadas algumas afirmativas a respeito dessa nova fase da arquitetura. Verifique a que NÃO se encaixa à ideia racionalista da época. A) Alguns arquitetos buscaram nesse período uma arquitetura purista que buscasse a verdade externa das formas. B) O Barroco coincidiu com o período da Contra-Reforma da Igreja Católica, que buscava barrar o crescimento do protestantismo. C) O Iluminismo foi um movimento indicador do Racionalismo. D) O Brasil não teve a influência do Barroco nas construções. E) O Iluminismo também foi chamado de Neoclássico. 4) , 4) O Modernismo surgiu com a Revolução Industrial, com o crescimento das cidades e a produção em série. Quanto a essa nova fase da arquitetura e história, analise as questões a seguir e assinale a INCORRETA. A) Nesse período, foram construídos o Palácio de Cristal e a Torre Eiffel na Europa. B) Essa fase ficou marcada pela utilização de materiais pesados como o ferro e o aço. C) Além do ferro e do aço, outros dois materiais foram muito utilizados nesse período, o concreto e o vidro. D) O movimento de Stijl, na Holanda, coincidiu com o Modernismo e tinha conceitos como a redução das formas e da cor. Arquitetos como Ledoux e Boullée propuseram nessta fase uma arquitetura purista que buscasse a verdade externa das formas. No início do século XVII, a Europa conheceu a arquitetura barroca. Sua principal característica era tentar emocionar e impressionar com o exagero no tamanho das obras e no uso de elementos decorativos. Esse movimento coincidiu com o período da Contra-Reforma da Igreja Católica, que buscava barrar o crescimento do protestantismo, e acabou sendousado pela instituição com a finalidade de impressionar as pessoas e resgatar fiéis. O Iluminismo procurava explicações racionais para todas as coisas, só assim o homem alcançaria o conhecimento e a liberdade. Esse movimento foi indicador do Racionalismo. Esse período do Iluminismo normalmente é chamado de Neoclássico (o “novo clássico”), já que a maioria das construções buscava lembrar padrões estéticos gregos e romanos. Mas também foram feitas várias construções em estilo neogótico e neobizantino. O Barroco foi trazido ao Brasil pelos jesuítas. Seu auge foi durante o ciclo do ouro, quando o Barroco já começava a entrar em declínio na Europa. Foi nesse período que o Brasil conheceu seu primeiro grande arquiteto: Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Suas construções do final do século XVIII nas cidades históricas de Minas Gerais são consideradas as mais importantes do período. O Palácio de Cristal foi construído especialmente para uma exposição em Londres e na França, a Torre Eiffel, ambos utilizando os novos materiais e conceito do Modernismo. O ferro e o aço foram usados em larga escala, porém representando leveza, contrário às edificações do período anterior. Para colocar em prática os novos conceitos do Modernismo de leveza, transparência e continuidade, arquitetos (como Mies Van der Rohe) utilizaram o concreto e o vidro e também ferro e aço. O movimento artístico holandês De Stijl buscava expressar um novo ideal. Os artistas defendiam a abstração e a redução das formas e das cores utilizando, por exemplo, cores primárias. E) Assim como Leonardo da Vinci e Leon Battista Alberti, Le Corbusier criou um sistema modular baseado nas medidas do corpo humano. 5) , 5) São características da arquitetura moderna, EXCETO: A) Janelões na vertical. B) Pilotis. C) Planta livre. D) Terraço-jardim. E) Fachada livre. NA PRÁTICA O High-Tech, abreviatura de high technology, ocorreu, como tendência arquitetônica, a partir dos anos 70 e se constituiu em uma utilização de métodos, figuras, tecnologia e materiais da arquitetura e engenharia industriais em programas comerciais e residenciais urbanos. Essa tendência propunha oferecer ao usuário, ao invés de espaços tradicionais, passíveis de receber conotações afetivas, espaços de máxima eficiência, jamais perturbados por elementos estruturais ou blocos de circulação e serviços. É o mais expressivo movimento do chamado do modernismo tardio, acontecido nas últimas décadas do século XX. O conceito modular de Le Corbusier utilizava as medidas antropométricas, ou seja, tinha o corpo humano como referência, assim como seus antecessores Leonardo da Vinci e Leon Battista Alberti. A finalidade dessa modulação era para dimensionamento da forma e dos espaços utilizados pelos humanos. A arquitetura moderna tinha como característica a janela em fita, ou seja, janelas longas na horizontal. Característica do Modernismo, os pilotis elevam a construção do solo utilizando colunas ou pilares chamados de pilotis. A planta livre, separação dos pilares que sustentam a construção das paredes dos ambientes, constitui uma característica modernista. Utilizado na edificação moderna, o terraço-jardim resgata a área de solo utilizada. Fachada livre é consequência do conceito de planta utilizado na arquitetura moderna. O Centro Georges Pompidou, fundado em 1977, é um complexo situado no centro de Paris que abriga teatros, museu e biblioteca, uma construção característica dessa época que impactou a população, um contraste imediato com a refinada arquitetura francesa. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A relação entre arquiteto e cliente Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O que define um bom projeto? Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Galeria da Arquitetura | Piselli Sud - Projeto Carbondale Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Galeria da Arquitetura | B Place - athié wohnrath Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Galeria da Arquitetura | Praça Carmel Hebraica - Basiches Arquitetos Associados Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Revista Arqadia – Revista Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da IESPLAN Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Introdução à Arquitetura CHING, Francis D. K.; ECKLER, James F. Introdução à Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2014.