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ESTÉTICA
TRAJETÓRIA DA ARQUITETURA 
MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Ellis Monteiro dos Santos Pacheco
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Olá!
Você está na unidade . Conheça aqui os conceitos daTrajetória da arquitetura moderna e contemporânea
estética da arquitetura moderna e contemporânea a partir de uma leitura global e nacional da produção
projetual, de preceitos e teorias desenvolvidas durante grande parte do século XX.
Além disso, será abordada essa trajetória dentro do contexto histórico no qual os arquitetos e pensadores
estavam envolvidos, e a finalidade que estava sendo proposta através dessa ruptura da estética arquitetônica.
Bons estudos!
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1 Estética moderna e seus discursos
Em arquitetura, assim como em qualquer outra arte, o surgimento de um estilo não surge apenas da busca
aleatória por novidades. As novas es resultam, geralmente, de três fatores principais: o surgimento detéticas
novos problemas a serem resolvidos; o aparecimento de novos materiais para serem trabalhados e incorporados
à arquitetura; e novos métodos de construção, que permitem a execução de diferentes soluções construtivas.
No caso da arquitetura moderna esses requisitos se apresentam da seguinte forma:
• o aparecimento de novos problemas, o que inclui não só a construção de gares, de aeroportos ou de 
fábricas, mas ainda a edificação de imóveis e de habitações complexas que correspondem às concepções 
modernas de racionalismo, higiene, conforto etc.;
• o aparecimento de novos materiais que, utilizados de maneira fundamental e em série, suscitaram 
soluções artísticas provenientes da sua utilização e desconhecidas anteriormente. Assim, nos nossos dias, 
o aço, o betão armado e em placas, as chapas de metal, o contraplacado e as matérias plásticas, além das 
superfícies de vidro ou tijolo translúcido e das inúmeras outras inovações técnicas, oferecem 
possibilidades ilimitadas;
• sobre a invenção de novos métodos de construção, é evidente que o princípio da construção sem apoio é 
conhecido e utilizado há muitos séculos, mas as suas aplicações em madeira e em pedra estavam 
limitadas, embora sejam infinitas desde que se recorra ao aço e ao betão. Por outro lado, a substituição 
bastante considerável de mão de obra pela máquina na produção de materiais, a construção 
propriamente dita e a pré-fabricação de elementos construtivos estandardizados, mais ou menos 
importantes, trazem normas novas para a arquitetura, tanto ao nível da criação como ao da realização 
propriamente dita. Já não estamos na época do artesanato, tanto mais que o custo da mão de obra 
especializada é cada vez mais elevado.
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1.1 Modernismo na arquitetura – perspectiva global
O quadro geral da arquitetura moderna se apresenta como a contínua rejeição da arquitetura eclética, por parte
dos arquitetos progressistas. As inovações de Richardson (1838 – 1886), Sullivan (1856 – 1924) e em especial
Frank Lloyd Wright (1865 – 1959), nos Estados Unidos, correspondem às inovações dos seus contemporâneos
vanguardistas na Europa. Algumas das casas do arquiteto inglês Sir Edwin Lutyens, em Inglaterra, evidenciam
um idêntico e franco respeito pelos materiais, ausência de formalismo e procura de soluções diretas (nas
proporções e disposições das janelas, por exemplo).
Figura 1 - Museu Guggenheim – Frank Lloyd Wright, Nova Iorque
Fonte: Tinnaporn Sathapornnanont, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra a fachada do Museu de Guggenheim, em Nova Iorque, que se destaca pela sua 
forma de cilindro espiralado, suas linhas curvas e sua cor branca de concreto.
Os países no Norte da Europa foram particularmente rápidos na sua evolução para o modernismo. Um dos
homens que exerceu a maior influência, não só no seu país, mas também na evolução da arquitetura do mundo
inteiro, foi o alemão (1868 – 1940). Dedicou-se muito cedo a um estilo geométrico e cada vezPeter Behrens
mais despojado. Diretor da , participou da criação do WerkbundEscola de Artes Decorativas de Dusseldórfia
(1908), centro de propaganda que abalou os fundamentos da arquitetura tradicional. Com efeito, essa associação
organizou em Colônia, no ano de 1914, uma exposição que demonstrava a íntima dependência da arquitetura e
da indústria. Foi nesse evento que (1883), um importante arquiteto alemão, se evidenciou.Gropius
Em 1925, Gropius será o autor da famosa Bauhaus, de Dessávia, que é um manifesto e cujo projeto ilustra o novo
estilo com todo o seu racionalismo científico. O prédio é representado por uma fachada de vidro, que rodeia os
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ateliers que sobrepujam o rés do chão. Através dessa parede de vidro, é possível ver algumas colunas e os
soalhos de betão. A parede é como uma pele esticada numa armação, tão fina quanto possível na aparência e na
realidade.
Além disso, por meio da composição de outros elementos arquitetônicos, é possível traçar uma relação entre
outras artes: os retângulos, que representam as unidades do motivo arquitetônico, correspondem rigorosamente
aos elementos estruturais de aço ou de betão e na forma cúbica severa se encontra os tipos de composições
neoplásticas de Mondrian.
Outro importante exemplo desse estilo arquitetônico é representado pelo arquiteto , porMies van der Rohe
meio do seu projeto para casa Tugendhat,construída na cidade de Brno, na República Tcheca. Nele, o arquiteto
traduz uma construção leve, com todo o volume interior podendo ser disposto como entenderem os ocupantes.
Essa concepção do espaço habitável, que se chama “aberta”, foi imaginada pela primeira vez por Frank Lloyd
.Wright A residência compõe-se de retângulos alongados, ainda que em composição horizontal, lembra os
princípios construtivos da Bauhaus.
Nos Estados Unidos, Mies van der Rohe continuou suas obras, com os prédios de Lake Shore Drive, em Chicago.
Percebe-se que mesmo construídos vinte anos depois da casa Tugendhat, esses edifícios refletem a mesma
concepção de espaço.
O suíço, naturalizado francês, (1887 – 1965) lançou as bases da “cidade radiosa”, argumentando aLe Corbusier
favor das funções necessárias e suficientes para a vida, dentro de um espírito plástico. Além disso, estudou uma
gama de medidas à escala humana a qual chamou de Modulor. Em 1947, a partir do projeto da Unidade de
Habitação em Marselha, conseguiu desenvolver e aplicar suas teorias. Já com o projeto da Capela de Ronchamp,
em 1952, desenvolveu suas habilidades plásticas.
A partir de 1945, quando a extensão das cidades tinha já provocado em toda parte o aparecimento de grandes
bairros novos, a reconstrução total ou parcial das cidades destruídas durante a Segunda Guerra Mundial suscitou
grande progresso arquitetônico. Os resultados, muitas vezes precipitados e comandados por preocupações
econômicas, nem sempre foram muito felizes do ponto de vista artístico, mas, de qualquer modo, algumas vezes
bastante surpreendentes. Paralelamente, e com valor estético desigual, começaram a surgir cada vez mais em
todo o mundo complexos habitacionais destinados às classes trabalhadoras.
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1.2 Quadro da arquitetura moderna no Brasil
O é resultado da evolução de pensamento de alguns grupos intelectuaismovimento moderno no Brasil
brasileiros, especialmente paulistas. Essa evolução criou um mínimo de condições favoráveis, sem as quais as
primeiras realizações do gênero não teriam frutificado.
Até o fim da Primeira Guerra Mundial (1918) os movimentos de vanguarda europeus, que agitaram as letras e as
artes no início do século XX, não tiveram expressiva repercussão no Brasil. No entanto, já em 1912 o poeta 
, que tomou conhecimento em Paris do Manifesto de Marinetti, empenhou-se na divulgaçãoOswald de Andrade
dos princípios futuristas, embora rejeitasse integralmente os valores do passado deles de valia para exigir uma
poesia e uma pintura “nacionais”, inspiradas na paisagem, na luz, na cor, na vida trágica e opulenta do interior do
Brasil. Dessa forma, na tentativa de equilibrar preocupações ao mesmo tempo revolucionárias e nacionalistas, as
origensda dualidade do modernismo brasileiro ficaram evidenciadas.
Anos seguintes, em 1922, como apoio à aos comentários de Monteiro Lobato, sobre umaAnita Malfatti
exposição da artista ocorrida entre dezembro de 1917 e janeiro 1918, em que o escritor intitula a artista de “ser
bizarro” em um artigo, Oswald de Andrade assume a liderança do grupo de organizadores da Semana da Arte
.Moderna
O impacto provocado pela exposição de Anita Malfatti atenuou-se aos poucos, mas os contatos estabelecidos
nessa oportunidade favoreceram a conscientização desses intelectuais insatisfeitos quanto às suas
possibilidades. O grupo organizou-se objetivamente em 1920, mas não deu amparo imediato às hostilidades.
A Semana de Arte Moderna, com o passar dos anos, criou uma certa mística, apresentando-se como uma
transformação decisiva, uma verdadeira revolução radical. No entanto, seus participantes não tinham nenhum
programa coerente. O denominador comum era, sobretudo, de natureza negativista e demolidora: a ruptura com
o passado e a independência cultural frente à Europa – especialmente Portugal e França, países que haviam
marcado de modo mais profundo a literatura e as artes brasileiras – eram os dois pontos fundamentais.
A prova mais evidente da falta de coerência da Semana, enquanto conjunto de propostas de vanguarda, estava na
seção consagrada à arquitetura. Para esse campo das artes, recorreram ao espanhol radicado em São Paulo, 
, autor de casas inspiradas na tradição mourisca espanhola, que, em suas horas livres,Antonio Garcia Moya
colocava no papel desenhos de uma arquitetura visionária que agradava aos futuristas por sua fisionomia
extravagante.
Do ponto de vista objetivo, a Semana de Arte Moderna não exerceu qualquer influência direta sobre a
arquitetura. Entretanto, ela criou um clima novo, revelou um espírito de luta contra o marasmo intelectual e
contra a aceitação incondicional dos valores estabelecidos.
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Assista aí
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O período entre os anos de 1940 e 1960 foi marcado pela intensa industrialização e urbanização no Brasil.
Dentro desse contexto, a arquitetura moderna brasileira aproveita os recursos oferecidos pela industrialização
para o desenvolvimento de materiais e, consequentemente, para novas técnicas construtivas.
O concreto passa a ser utilizado em larga escala, permitindo uma composição mais ampla dos planos da
edificação. Esse material converte-se em elemento plástico e sua exposição ao natural se configura,
consequentemente, como brutalismo.
O está ligado à ideia de expressão dos materiais em seu estado natural, assim como as técnicasbrutalismo
construtivas que permitem a execução do projeto. Tanto internamente quanto externamente procura distinguir
os componentes de vedação e estruturais. Sendo assim, considera-se que os revestimentos são elementos
falseadores da verdade construtiva.
Outro fator significativo desse movimento foi a avaliação sobre as relações da arquitetura com as estruturas
urbanas, que resultaram em novos edifícios e conjuntos residenciais com distintas implantações. Segundo Reis
Filho (1983):
Os problemas da implantação da arquitetura urbana seriam corajosamente enfrentados pelos
arquitetos e muitos de seus sucessos seriam devido ao elevado grau de consciência com que
reconheciam as suas responsabilidades. As habitações individuais isoladas aproveitariam de modo
especial as inovações arquitetônicas, decorrentes do avanço técnico e econômico. Pela primeira vez
seriam exploradas amplamente as possibilidades de acomodação ao terreno, em que pese à
exiguidade dos lotes em geral. Para isso contribuiria principalmente o uso das estruturas de
concreto, que viriam libertar as paredes de sua primitiva função de sustentação e as estruturas de
sua rigidez. Agora as lajes de piso e cobertura seriam de concreto, em substituição às velhas
estruturas de vigas de madeira, com soalhos de tábuas longas e revestidas por baixo com forros de
estuque ou madeira. Também as vigas e colunas eram agora de concreto; as paredes de tijolos não
mais seriam estruturais, mas funcionariam apenas como painéis de vedação. (REIS FILHO, 1983, p.
88)
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Além das mudanças nas condições estruturais das edificações, a disposição da planta também reflete as
mudanças dos novos princípios arquitetônicos. Adota-se o conceito de “planta livre” com o intuito de satisfazer,
ainda que apenas no projeto, as questões de funcionalidade e composição espacial exigidas.
A nova organização espacial repercutiu na integração das edículas às edificações. Com isso, uma pequena área do
afastamento lateral das residências isoladas seria transformada em área de serviço, transformando os antigos
quintais em pátios e corredores murados. Dessa forma, a costumeira orientação frente-fundo desaparece e com
ela a relação de valorização e desvalorização dessas fachadas. As áreas livres do terreno se transformariam em
jardim e locais de estar.
A busca pela eficiência da disposição funcional refletiu na alteração da disposição de alguns cômodos internos,
deslocando-se salas e dormitórios para os locais mais bem isolados ou sombreados. O paisagismo seria também
alterado, desenvolvido de forma a explorar toda a área livre do lote, conectando os espaços internos e externos.
Segundo Reis Filho (1983, p.90), “As soluções, os materiais e as próprias árvores sofreriam renovação;
empregavam-se agora plantas nacionais, reconstituíam-se aspectos da própria natureza do País [...].”
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1.3 Modernismo no Rio de Janeiro
Até 1930 a arquitetura “moderna” não contava, na capital federal – que, até então, era o Rio de Janeiro –, com
nenhum adepto. A , dirigida por José Mariano Filho, estava dominada pelo modismo do Escola de Belas Artes
neocolonial e os jovens arquitetos empenhavam-se em seguir esse estilo. Contrastando com as ideias esboçadas
por esse movimento, expressava já em 1928 suas incertezas em relação à estética neocolonial.Lucio Costa
Os estudos iniciais por Lucio Costa se voltavam ao patrimônio arquitetônico edificado brasileiro. A preocupação
com soluções funcionais e os volumes claramente definidos, característicos de suas primeiras obras, eram um
retorno consciente aos valores permanentes que ele havia descoberto na arquitetura luso-brasileira dos séculos
XVII e XVIII, uma vez que julgava deplorável o abandono que esses valores estavam submetidos.
Além disso, o que o chocava de imediato no movimento moderno era seu caráter absolutista, intransigente e o
aparente desprezo de seus teóricos por tudo o que dizia a respeito do passado. Para que reconsiderasse a
questão, bastou perceber que, apesar das aparências que indicavam o contrário, existia um denominador comum
entre as ideias dos mestres europeus e as suas: eles propunham um programa construtivo coerente, não
desrespeitando tanto o passado, como pensava inicialmente.
Duas razões principais contribuíram para que, inicialmente, as primeiras tentativas de introdução da nova
arquitetura no Brasil tivessem um caráter restrito: pelo pequeno número de oportunidades e encomendas de
natureza particular ou pública; pelo caráter temporário dos recursos concedidos, que não possibilitaram ao
movimento se firmar definitivamente.
À frente da direção da Escola de Belas Artes do Rio de janeiro, Lucio Costa impulsionou a formação de um grupo
ativo. Devido às condições políticas, culturais e econômicas que o Rio de Janeiro oferecia, foi possível
desenvolver esse novo movimento da arquitetura brasileira. Junta-se, então, a esses fatores o encontro dos
profissionais indicados capazes de desenvolver o projeto do monumento que mudaria o curso da arquitetura
brasileira desenvolvidaaté então: o prédio do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro.
Assista aí
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2 Estética contemporânea e o panorama da indústria 
cultural
De forma geral, uma nova linguagem arquitetônica surge de um processo complexo, que tem como base fontes
heterogêneas de representação e linguagem. O século XIX, que a princípio foi determinado pelo classicismo e
desde o segundo meado por um conceito arquitetônico que, particularmente, estava orientado para aspectos
concretos de estilos anteriores, continha já os germens de uma nova arquitetura. A partir dessa época surge a
Escola de Chicago, como um dos eventos isolados, que antecipava aspectos da arquitetura moderna, porém sem
grandes repercussões.
Uma nova concepção de espaço é muito trabalhada nas obras iniciais de , datadas entreFrank Lloyd Wright
1893 a 1909, que foi considerada como uma das principais características do movimento moderno, além de dar
o primeiro passo para a arquitetura contemporânea. Junto a ele, somaram-se outros arquitetos com suas
expressões e traços arquitetônicos que contribuíram para a representação da arquitetura contemporânea:
1901
com o projeto urbano de uma cidade industrial antecipa determinadosTony Garnier 
princípios da planificação moderna de uma cidade.
1903
, com o edifício de apartamentos, e em 1905 com a garagem da ruaAugusto Perret
Ponthieu, ambos em Paris, foi o primeiro a introduzir o concreto armado na arquitetura.
1910 
 constrói em Viena a Casa Steiner, edifício que renuncia a todos os ornamentosAdolf Loos
e se reduz a formas geométricas
É importante salientar que a arquitetura contemporânea se desenvolveu a partir de algumas premissas
fundamentais, que ficam explícitas nos pensamentos expressos pelos arquitetos representantes desse
movimento. Essas premissas são: o racionalismo, o funcionalismo, geometrização formal e a incorporação de
novos materiais. Veja a seguir alguns desses pensamentos:
“É preciso então transformar totalmente os hábitos respeitados pelos senhores arquitetos, peneirar o passado e
todas suas lembranças através da malha da razão.” (Le Corbusier)
“A vida moderna pede, espera uma nova planta, para a casa e a cidade.”
(Le Corbusier)
“A forma segue a função.”
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(Louis Sullivan)
“Arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes sob a luz. Nossos olhos são feitos para ver as formas
sob a luz; as sombras e os claros revelam as formas; os cubos, os cones, as esferas, os cilindros ou as pirâmides
são as grandes formas primárias que a luz revela bem [...] é por isso que são belas, as mais belas formas.”
(Le Corbusier)
“Os primeiros efeitos da revolução industrial na ‘construção’ manifestam-se através desta etapa primordial: a
substituição dos materiais naturais pelos materiais artificiais, dos materiais heterogêneos e duvidosos pelos
materiais artificiais homogêneos e provados por ensaios de laboratórios e produzidos com elementos fixos. O
material fixo deve substituir o material natural, variável ao infinito.”
(Le Corbusier)
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2.1 Segunda fase da arquitetura contemporânea
Nos anos 30, a nova arquitetura ganhou terreno em todo o mundo. A tão procurada unidade de esforços entre os
arquitetos “modernos” foi conseguida e deixaram-se de lado as velhas questões do academicismo e o ecletismo.
A propagação dos postulados da nova arquitetura deu lugar à construção de numerosos edifícios, que levavam a
inequívoca marca do que se denominava , como as características a seguir:“novo estilo”
• telhados planos;
• superfícies brancas e lisas;
• interiores “livres”;
• estruturas de concreto;
• janelas largas e horizontais;
• exteriores cúbicos.
A partir da interpretação das obras dos arquitetos pioneiros desse movimento pela nova geração, é que se
passou a reconhecer a existência de limitações básicas que os primeiros projetos criaram, principalmente os
relacionados à adaptação dos preceitos às peculiaridades de cada local.
Os muros de concreto, lisos e brancos, não resultavam muito bem em alguns países, e os terraços –
de concreto ou de outro material eram uma clara imprudência em lugares muito chuvosos ou muito
frios. Na Inglaterra, fizeram-se algumas tentativas para superar as limitações técnicas dos muros
maciços de concreto armado, recorrendo à tradicional obra de tijolo, que logo se pintava [...], para
simular o aspecto de arquitetura moderna do continente. Não tiveram êxito. (FÉLIX; GARCIA, 1979,
p. 39)
Na Finlândia, a obra de indicava uma atitude muito mais madura com respeito à nova arquitetura.Alvar Aalto
Ainda que comprometido de todo coração com os princípios dos Congressos Internacionais da Arquitetura
Moderna (CIAM), foi um criador autêntico. Seus encontros com a arquitetura “branca” de concreto começaram
nos anos vinte e, depois, em 1935 já havia construído em seu país dois dos edifícios mais importantes do
movimento moderno: a (1927 – 1935) e o extraordinário (1935 – Biblioteca de Viipuri Sanatório de Paimio
1933).
Assista aí
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Figura 2 - Sanatório de Paimio, projetado por Alvar Aalto
Fonte: TT69, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra a fachada do sanatório de Paimio, composto por várias janelas gradeadas,
superfícies brancas e lisas e telhados planos.
Nos projetos desenvolvidos por Alvar Aalto havia algo que seguia fiel à qualidade atemporal da arquitetura
tradicional do país. Por sua escala e por sua relação com a paisagem, suas obras deram uma contribuição
positiva ao entorno.
Fique de olho
O período que se seguiu do pós-guerra, em 1945, reacendeu na Europa a atividade construtiva,
de forma vacilante e lenta. Foi um período traumático de inventário de reconstrução. O desafio
era imenso e as responsabilidades desalentadoras, pois era necessário reconstruir cidades e
povos e isso demandava eficiência e rapidez para que novos lugares abrigassem os refugiados
e soldados que retornavam. Dessa forma, precisava elaborar uma política positiva de
planificação baseada nas necessidades das diferentes nações.
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2.2 Representação da arquitetura contemporânea no Brasil
Unicamente no Brasil, onde não houve grandes interferências da guerra, foi possível produzir uma evolução
contínua na arquitetura. Resultado dessa evolução foi no começo dos anos 40, com uma série de construções
importantes do arquiteto , na Pampulha. De acordo com Braga (1999), a arquitetura moderna Oscar Niemayer
em Belo Horizonte foi patrocinada por , na época da sua gestão municipal, com o projetoJuscelino Kubitschek
do Complexo da Pampulha, que visava ser uma área de elite e o centro de turismo e lazer de Belo Horizonte.
Braga afirma que:
Para o projeto de tais edificações, Juscelino convida o então jovem arquiteto Oscar Niemeyer, que
idealiza verdadeiros monumentos de resgate da arquitetura barroca para os mineiros, através de
uma exemplar releitura moderna. Na falta de um pioneiro local, a arquitetura moderna chega às
Minas, portanto, cronologicamente, com o grande Hotel de Ouro Preto do arquiteto carioca, mas de
fato, através das edificações do conjunto da Pampulha. Nem todas as edificações previstas foram
concluídas, mas Pampulha torna-se um marco da arquitetura moderna mundial obtendo grande
repercussão internacional. (BRAGA, 1999, p. 6)
Em vista disso, Pampulha representaum importante referencial construtivo do pensamento moderno que já
tinha suas bases teóricas defendidas pelas primeiras turmas de alunos da Escola de Arquitetura de Belo
Horizonte, que criticavam a composição formal característica do estilo eclético em Minas Gerais durante a
segunda metade do século XIX até as primeiras décadas do século XX.
A arquitetura brasileira se viu especialmente favorecida pela mudança evolutiva que se produziu desde o ano de
1930 pelas influências vindas da Europa e América. O Brasil adotou e seguiu desenvolvendo uma tradição para a
qual o país estava especialmente predestinado, uma tradição cuja base era constituída pela clara sistemática do
ângulo reto e do procedimento do esqueleto.
Aqui, como em outros países latino-americanos, o início desse movimento ocorreu nas universidades. No Brasil,
sem dúvidas, as energias concentraram-se essencialmente no projeto e na construção da nova capital, Brasília,
no interior do país, diferente das capitais estabelecidas até o momento.
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Figura 3 - Palácio da Alvorada, em Brasília (DF)
Fonte: Diego Grandi, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra a fachada do Palácio da Alvorada, em Brasília, revestida de mármore, composta
por vidros e pilares brancos em forma de curva.
Os projetos desenvolvidos para os edifícios públicos da nova capital brasileira surgem com a forte tendência em
substituir ou acrescentar novas estruturas e traços decorativos em substituição do ângulo reto, tão evidenciado
até o momento. Nota-se, sobretudo, nos edifícios principais do governo de Brasília, realizados por Oscar
Niemeyer.
A produção arquitetônica de Niemeyer é uma referência da arquitetura contemporânea. As suas ideias podem
ser resumidas em alguns pontos, que você pode ver abaixo.
• Recusa de se deixar prender por preocupações de ordem social: o arquiteto não está encarregado 
de reformar a sociedade. Ele pode ter suas opiniões e participar das transformações, mas, sobretudo, 
dedica-se ao seu ofício.
• Rejeição de todo tradicionalismo: o passado e o presente são coisas diferentes. O surgimento de novos 
materiais e, principalmente, do concreto armado provocou uma verdadeira revolução e libertou o 
arquiteto de servidões que antes limitavam consideravelmente sua atuação e suas possibilidades de 
expressão. Essa revolução não deve ser só técnica, mas deve também traduzir-se numa estética nova, 
extraída da exploração dessas conquistas materiais. Por conseguinte, o vocabulário antigo perde sua 
razão de ser.
• Valorização da arquitetura como arte plástica: o arquiteto é um artista e, portanto, um criador de 
formas, o que o diferencia do engenheiro, preocupado unicamente com a eficácia e a economia. Assim, o 
puro funcionalismo é inadmissível, pois seria rebaixar a arte ao nível da técnica.
Toda a arquitetura de Niemeyer inspira-se nesses princípios fundamentais. Algumas vezes, nas notas
explicativas que acompanham suas primeiras obras, ele se esforçou para demonstrar que as formas elaboradas
por ele eram puramente funcionais e impunham-se por si mesmas. No fundo, porém, tratava-se apenas de uma
•
•
•
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justificação, destinada a defender suas audácias plásticas numa época em que o racionalismo estrito ainda era
considerado um tabu. Tratou-se de uma reação passageira, consecutiva aos primeiros grandes sucessos, que só
atingiu algumas grandes obras de um período extremamente fecundo.
Em 1953, quando ocorreu a Bienal de São Paulo, muitos críticos de todas as nacionalidades chegaram ao Brasil e
declarações de alguns importantes arquitetos são registradas pela revista internacional de arquitetura 
Essa edição da Bienal contribuiu para o reconhecimento da arquitetura brasileira. Félix eArchitectural Review. 
Garcia (1979) afirma que: 
Gropius se compraz com a originalidade do movimento brasileiro, pela adaptação das contribuições
do movimento brasileiro, pela adaptação das contribuições internacionais ao clima e aos hábitos do
meio e valoriza, sobretudo, as obras cujo projeto arquitetônico se relaciona equilibradamente com o
entorno urbano, tal como Pedregulho, de Reidy. (FÉLIX; GARCIA, 1979, p. 54)
Considera-se que a arquitetura brasileira contemporânea deriva inteiramente da doutrina funcionalista definida
pelos grandes mestres europeus das décadas de 1910 a 1930 e, principalmente, da interpretação pessoal que lhe
foi dada por Le Corbusier. Em sua essência, ela é racionalista e plástica ao mesmo tempo.
Exemplo dessa plasticidade na arquitetura está na arquitetura de Reidy, que se caracteriza pela busca de
enquadramento com um contexto urbanístico e por preocupações de ordem social. O Conjunto Residencial do
Pedregulho, localizado no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, oferece uma síntese brilhante e
cuidadosamente elaborada, onde se fundem intimamente três elementos de origens distintas – as preocupações
funcionais: exposição favorável, controle da luz, ventilação contínua e circulação fácil. Apesar dessa expressiva
produção arquitetônica, havia, ainda, a ausência de um adequado enquadramento urbanístico, que resultou em
uma posição defensiva em relação ao caótico ambiente urbano que se adensava em torno.
Fique de olho
Outro nome de grande importância no Brasil, e um dos mais hábeis arquitetos paisagistas de
nosso tempo, é Roberto Burle-Marx, que se dedicava, até então, somente a tarefas marginais de
decoração tais como os jardins de algumas residências particulares ou edifícios públicos.
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é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• estudar os motivos das mudanças de paradigmas, que resultaram nesses novos estilos arquitetônicos;
• apreender o contexto global do desenvolvimento das arquiteturas modernas e contemporâneas;
• entender os pensamentos que motivaram essas mudanças de paradigmas persistentes da arquitetura 
clássica e neocolonial;
• estudar a materialização dos novos preceitos arquitetônicos desenvolvidos através dos projetos 
executados;
• estudar a repercussão desses movimentos no Brasil.
Referências
BRAGA, R. D. V. A Modernidade na Arquitetura Contemporânea Brasileira: Repercussões do Grupo Mineiro. : IIIIn
SEMINÁRIO DOCOMOMO BRASIL, 3., 1999, São Paulo. São Paulo: Docomomo, 1999. p. 1-11..Artigo 
BRUAND, Y. São Paulo: Perspectiva, 1981.. Arquitetura Contemporânea no Brasil
FÉLIX, L. O; GARCIA, M. A. B. : coletânea de textos. Arquitetura Contemporânea Porto Alegre: Ed. UNISINUS, 
1979.
REIS FILHO, N. G. São Paulo: Perspectiva, 1983..Quadro da Arquitetura no Brasil 
SANVITTO, M. L. A. Brutalismo paulista: uma estética justificada por uma ética?. : SEMINÁRIO DOCOMOMOIn
BRASIL, 10., 2013, Curitiba. Curitiba: Docomomo, 2013. p. 1-24.Artigo. 
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	Olá!
	1 Estética moderna e seus discursos
	1.1 Modernismo na arquitetura – perspectiva global
	1.2 Quadro da arquitetura moderna no Brasil
	Assista aí
	1.3 Modernismo no Rio de Janeiro
	Assista aí
	2 Estética contemporânea e o panorama da indústria cultural
	2.1 Segunda fase da arquitetura contemporânea
	Assista aí
	2.2 Representação da arquitetura contemporânea no Brasil
	é isso Aí!
	Referências

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