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PREPARO DO CORPO Definição de Morte A morte ocorre quando os órgãos vitais do organismo não são mais capazes de cumprir suas funções com o objetivo de manter nossas necessidades de oxigenação, nutrição, hidratação, manutenção da temperatura corporal e excreção. Finalidade: Preparar e identificar o corpo para entregá-lo a família com o melhor aspecto possível. Manter o corpo limpo, evitando a exalação de maus odores e saída de líquidos (sangue e secreções), durante o velamento do corpo. Dispor o corpo em posição adequada, antes do rigor mortis (rigidez cadavérica) DIREITOS DO PACIENTE NO BRASIL • O Paciente tem direito a morte digna e serena, podendo optar, (desde que lúcido), ele próprio, a família ou responsável, por local ou acompanhamento, e ainda se quer ou não o uso de tratamentos dolorosos e extraordinários para prolongar a vida. DIREITOS DO PACIENTE NO BRASIL • Tem direito a dignidade e respeito, mesmo após a morte, Os familiares ou responsáveis devem ser avisados imediatamente após o óbito. DIAGNÓSTICO DA MORTE/ SINAIS • Imobilidade; • Ausências de respiração e circulação; • Flacidez; • Insensibilidade; • Arreflexia. DIAGNÓSTICO DA MORTE/ SINAIS SINAIS MEDIATOS: ocorre minutos a horas após a morte. • Hipóstases = manchas de sangue; • Resfriamento cadavérico; • Rigidez cadavérica (4 a 5 horas após a morte); • Putrefação do cadáver (24 horas); Rigidez cadavérica (rigor mortis) ❖Devido à fixação dos músculos. ❖Inicia entre 2 e 4 horas e chega ao máximo em 8h. ❖Inicia na face, mandíbula e pescoço, a seguir no tronco, MMSS e MMII. ❖Permanece de 1 a 6 dias e depois desaparece pela mesma ordem. ❖Após 24h inicia a putrefação, rigidez ❖O corpo deve ser posicionado antes que ocorra a rigidez Alterações após a morte Resfriamento do corpo (algor mortis) ❖Resultante da parada do hipotálamo ❖Nas 3 primeiras horas o corpo resfria 0,5ºC por hora e depois 1ºC por hora até a temperatura ambiente ❖Com o resfriamento a pele perde a elasticidade – cuidado com esparadrapos, curativos e com a mobilização do corpo Alterações após a morte Manchas de hipostase (livor mortis) ❖Com a cessação da circulação o sangue se concentra no locais mais baixos (gravidade) ❖Têm coloração violácea pela quebra das células vermelhas ❖Aparecem 2 a 3h após a morte ❖Os familiares podem acusar a equipe de maus-tratos Alterações após a morte • Conceito: procedimento de arrumação do corpo pós-morte, para ser entregue à família. • Competência: equipe de enfermagem Deixar o corpo limpo Preservar a aparência natural do corpo Evitar a saída de gases, odores fétidos, sangues e secreções Preparar o corpo para o funeral Facilitar a identificação do corpo Dar apoio moral aos familiares • É a higienização do cadáver • Conservação do cadáver • Necromaquiagem • Mortes violentas, suicídios e causas desconhecidas da morte: • O corpo deverá ir para o IML. • Após a confirmação da morte do paciente através da constatação do médico na prescrição. Este deve colocar a hora, as medidas que foram tomadas (RCP). - Após a necrópsia (no IML). • Biombo • Maca sem colchão (serviço de transporte) • Três lençóis (um para forrar a maca, um para envolver o corpo e um para cobrir o corpo). • Duas etiquetas de identificação de óbito (nome, data e hora do óbito, número de registro e do leito) • Roupa limpa para o paciente • Luvas de procedimento • Material para higiene (se necessário) Escova ou pente para os cabelos Material para tricotomia facial para homens (se necessário) Algodão e atadura crepe Pinça longa (Pean ou Cheron) Fita crepe Éter ou benzina para remover fitas adesivas Soro fisiológico 0,9% Gaze Esparadrapo Lixeira Preparo: Redistribuir a escala de trabalho; Notificar as pessoas apropriadas; Revisar a política de óbito da instituição; Atenção à devolução dos pertences do paciente; Atenção às precauções de isolamento , se for o caso; Se o paciente estiver com a família preserve a família; • Observar a hora e registrar; • Fechar os olhos do paciente caso estejam abertos; • Elevar ligeiramente a cabeceira da cama, deixando os membros alinhados; • Retirar drenos, sondas, cateteres, cânulas; • Retirar da cama lençóis e roupas extras; • Realizar o tamponamento – prevenção da saída de gases, líquidos e secreções; • Sustentar a mandíbula com atadura; • Manter os braços cruzados sobre o corpo, unidos por uma atadura; • Colocar o corpo no cobre corpo; Atitudes de enfermagem Princípios científicos 1- Desligar todos os equipamentos, logo após a verificação do óbito Este equipamento não é mais necessário. E deve ser removido e guardado apropriadamente, se possível. 2-Providenciar a privacidade do corpo, cercando o leito com biombo A ultima forma de demonstrar respeito pelo paciente é cuidar de seu corpo, sem expô-lo aos outros. Os outros pacientes podem ficar transtornados ao ver um colega morto 3- Lavar as mãos e reunir todo o material, levando-o a beira do leito Reduz a transmissão de microrganismos 4- Manter a cama na posição horizontal, com o corpo em posição supina Isto servirá para prevenir problemas com o rigor mortis e livor mortis da face e tórax superior 5- Calçar as luvas de procedimento Se o paciente estava infectado, os microorganismos ainda estão presentes e podem infectar outras pessoas que entrem em contato com o corpo. 6- Soltar os lençóis da cama e retirar o travesseiro 7- Proceder a limpeza do corpo, retirando drenos, sondas, cateteres, curativos e outros objetos que se fizerem necessário e, se houver drenagem, realizar curativo compressivo no local Para prevenção de contaminação e danos ao corpo por objetos pontiagudo. Se a família vai ter acesso ao corpo antes de sua ida para o necrotério, um avental e cabelo penteado darão impressão de respeito e bom trato.8- Realizar a higiene corporal, inclusive a oral e de couro cabeludo, se necessário. Limpar as unhas, escovar os cabelos, e, se necessário, realizar a tricotomia facial 9- Fechar os olhos, se estiverem abertos, com o auxílio dos dedos e, caso encontre resistência, colocar gaze embebida em soro fisiológico sobre as pálpebras descidas para mantê-las fechadas Quando se estabelecer o rigor mortis, os olhos permanecerão abertos. 10- Recolocar a prótese dentária, se for o caso, já limpa, e, se não for possível, entregá-la a família junto com os pertences pessoais corretamente identificados. Sem os dentes, a aparência do individuo modifica-se. O rigor mortis pode dificultar sua colocação, motivo pelo qual isto deve ser feito logo após a morte. Fazer o rol dos pertences. 11- Iniciar tamponamento dos orifícios corporais naturais (ouvidos, narinas, boca, ânus e vagina), com o algodão seco montado em pinça longa, de tal maneira que o algodão não apareça ao término do procedimento. O relaxamento dos esfíncteres pode causar a saída de fezes e urina. 12- Colocar um avental ou vestir a roupa providenciada pela família. 13- Fixar o queixo, pés e mãos com atadura crepe (manter a boca fechada, mãos cruzadas sobre o peito e pés juntos). Espera-se que a boca esteja fechada após a morte, e isto pode ser difícil após o rigor mortis. 14- Colocar a etiqueta de identificação devidamente preenchida, à altura da região epigástrica. A perda da etiqueta externa de identificação pode causar confusão na identificação, se não houver uma etiqueta presa no corpo. 15- Colocar o corpo em decúbito lateral, substituindo a roupa de cama pelo lençol disposto em diagonal. Centralizar o corpo sobre o lençol mantido em diagonal. Envelope o corpo, voltando as pontas do lençol uma para a cabeça e outra para os pés (segundo lençol) 16- Forrar a maca com um lençol, e transferir o corpo da cama para cima do lençol colocado sobre a maca, cobrindo o corpo com o cobre corpo. Isto serve para a proteção do corpo e assegura a privacidade. 17- Colocara segunda etiqueta à altura do peito, presa ao cobre corpo com fita crepe Para facilitar a identificação no necrotério ou morgue. Certifique-se de que as duas etiquetas contêm a identificação correta. 18- Providenciar transporte até necrotério ou morgue. Evita confusão para os parentes, e assegura que ninguém irá reclamar o corpo antes que o enfermeiro e a família estejam prontos. 19- Recolher o material, retirar as luvas e lavar as mãos. 20- Relatar todo o ocorrido no prontuário e proceder às anotações pertinentes em impresso próprio. A documentação permite que as outras pessoas saibam o que foi feito com o corpo e com os pertences do paciente. Responsabilidade legal, comunicação entre os membros da equipe de saúde. 21- Após a saída do corpo, notificar a limpeza e retirar toda a roupa de cama. Para proteção dos pacientes e do pessoal de limpeza de qualquer possível contaminação. • Evitar comentários desnecessários; • Manter atitudes de respeito ao corpo; • Em caso de encaminhamento ao IML, registrar todos os dados no livro de ordens e ocorrências; • Orientar a família quanto às alterações corporais pós morte; Cuidados importantes ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO *Colocar uma etiqueta de identificação sobre o tórax e uma sobre o cobre corpe que o envolve; • Transferir o corpo para a maca já forrada cobri-lo; • Encaminhar o corpo para o morgue ou necrotério; ETIQUETA: nome, hora do óbito, Registro hospitalar, nome da instituição. • Conduta antes da morte (PCR); • Hora da constatação do óbito; • Comunicação do óbito ao serviço social(família); • Preparo do corpo; • Identificação; • Transferência para o necrotério OU MORGUE. Cobre corpo Uso de lençol na ausência de cobre corpo na Instituição • Propicia aos familiares a possibilidade de receber o ente querido pronto a ser entregue aos serviços funerários; • Promove o conforto à família que está abalada emocionalmente. Muitos enfermeiros ao longo de sua jornada profissional se deparam com situações em que precisam fornecer suporte psicoemocional a pacientes que vivenciam o processo de morte, o que proporciona experiência e confiança para lidar com esse processo Os profissionais encontram dificuldades em aceitar a finitude da vida e a impossibilidade de impedir a evolução da doença. Contudo, é essencial para a prática clínica que o enfermeiro compreenda e tenha em mente o ciclo vital, desde o nascimento até a morte, percebendo assim seu papel nessa situação complexa Enfermeiros que trabalham em setores onde internações longas são recorrentes podem se sentir sensibilizados com a morte de um paciente, uma vez que há o fim inesperado das relações estabelecidas nas quais normalmente o vínculo está constituído. O desenvolvimento e implementação de práticas que aproximam familiares à equipe de saúde nos momentos finais de vida do paciente são fundamentais para o enfrentamento deste processo Incluir os familiares no cuidado é essencial para a integralidade do cuidado e valorização da necessidade de alívio dos sofrimentos psicológicos e espirituais presentes no processo de morte e morrer. Assim, cabe ao enfermeiro priorizar as preocupações e anseios da família em luto durante a assistência a fim de prepará-los para aceitar a perda e lidar com a dor. Crenças e prática espirituais, muitas vezes, podem auxiliar tanto o profissional quanto o paciente, que juntos reconstroem o significado da vida quando enfrentam a dor de uma perda • A morte e o processo de morrer são fenômenos que geram angústia, medo e ansiedade e, apesar de fazerem parte da vida, ainda são considerados tabus. As atitudes das pessoas em relação à morte são influenciadas por sistemas de crenças pessoais, culturais, sociais e filosóficas que irão moldar seus comportamentos conscientes ou não. • No cuidado em saúde, cotidianamente os profissionais se deparam com o sofrimento físico, emocional, social e espiritual das pessoas e, em muitos casos, com situações de difícil resolução. O modelo de atenção à saúde baseia-se em prevenção, diagnóstico, tratamento efetivo e cura de doenças, mas diante da incurabilidade de determinadas doenças esse modelo se mostra ineficaz. • Aliviar sintomas, nesse caso, requer medicamentos, mas também abordagens aos sintomas emocionais, sociais e espirituais, bastante complexos de se lidar. Pontos Importantes !! A vida é o grande triunfo do cuidado em saúde e exaltá-la obscurece a visão dos profissionais de saúde, interdita a compreensão de que quando a morte é inevitável, porque o curso na vida foi completado, por adoecimento ou por fatalidade, cuidar de sua morte é uma ação digna e necessária, sendo também uma importante função do profissional de saúde Na abordagem sobre a morte e o processo de morrer, a comunicação é fundamental, tanto na sua forma quanto no seu conteúdo. É preciso haver clareza na mensagem e adequação cultural para que não ocorram ruídos que interditem o seu entendimento. É importante considerar o emissor, a mensagem e o receptor, especialmente porque o tema é de difícil abordagem e o receptor está em situação de sofrimento E ainda se acrescenta que, sendo o processo de morrer uma vivência subjetiva, os cuidados são singulares e sempre sob demanda, exigindo do profissional uma disposição para cuidar também única, além de capacidade de comunicação verbal e não verbal para estabelecimento de relação humana, tão essencial ao cuidado em saúde A comunicação faz parte do cuidado e nesse processo o profissional de saúde precisa aplicar os conhecimentos técnico-científicos adquiridos, como também a sensibilidade, na qual os fundamentos humanitários de sua formação e trajetória pessoal serão de grande valor Os profissionais de saúde cuidam da dor do outro, mas não encontram o acolhimento adequado para os seus próprios sofrimentos e muitos adoecem. Ressalta-se que ações de enfermagem no atendimento das necessidades de familiares de pessoas que estão à morte evidenciam o valor das competências interpessoais das enfermeiras no cuidado. Estudo realizado com parentes de pessoas falecidas em hospitais mostrou que a equipe de enfermagem facilita a presença da família, mantendo os membros informados, envolvidos e presentes, influenciando nos seus estados físicos e emocionais Quando se faz o exercício de olhar para essas questões de forma profunda, cria-se a possibilidade de se perceber o quão trabalhoso e complexo é a fase de despedida de alguém que está morrendo e de quanto estudo é necessário para aprender a lidar profissionalmente com essa situação: da morte do outro e de sua família, ainda mais quando não se está habituado a pensar nesse assunto. Cuidar do outro é uma responsabilidade social, e o cuidado do paciente em processo de morrer é assim entendido pelos enfermeiros, por isso está para além de suas funções profissionais, convertendo-se em uma obrigação humana. Esse lidar com a morte alheia e com a dor do outro torna os enfermeiros vulneráveis, o que demanda apoio para que eles possam melhor ajudar a pessoa que está sob seus cuidados, sua família e a si próprio nas suas demandas emocionais e de bem-estar Lidar com o fenômeno da morte da mesma maneira com que se lida com o fenômeno do nascimento, cuidar da vida implica cuidar da morte, pois a responsabilidade profissional é com o amparo da vida: daquele que está por nascer, daquele que está por morrer.
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