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Histórico da responsabilidade estatal no Brasil Constituição de 1824 Não havia nenhuma previsão de responsabilidade do Estado. Apenas responsabilidade dos servidores públicos do Estado. Art. 99: A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma. Art. 178,inciso XXIX,: “os empregados públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticadas no exercício das suas funções, e por não fazerem efetivamente responsáveis os seus subalternos”. Constituição de 1891 Não havia nenhuma previsão de responsabilidade do Estado. Apenas responsabilidade dos servidores públicos do Estado. Art. 82: Os funcionários públicos são estritamente responsáveis pelos abusos e omissões em que incorrerem no exercício de seus cargos, assim como pela indulgência ou negligência em não responsabilizarem efetivamente os seus subalternos. Código Civil de 1916 Primeira disposição legal que prevê a responsabilidade do Estado. Nota! Não havia previsão de responsabilidade de pessoas de direito privado prestadoras de serviço público. Nota! Prevalecia a tese de ser responsabilidade subjetiva. Art. 15: As pessoas jurídicas de direito público são civilmente responsáveis por atos dos seus representantes que nessa qualidade causem danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou faltando a dever prescrito por lei, salvo o direito regressivo contra os causadores do dano. Constituição de 1934 e de 1937 Previsão de responsabilidade do Estado e responsabilização solidária do funcionário causador do dano com a Administração em litisconsórcio. CF 1934, Art. 171: Art. 171. Os funcionários públicos são responsáveis solidariamente com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal por quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício dos seus cargos. § 1°. Na ação proposta contra a Fazenda Pública, e fundada em lesão praticada por funcionário, este será sempre citado como litisconsorte. § 2°. Executada a sentença contra a Fazenda, esta promoverá. execução contra o funcionário culpado CF 1937, art. 158: os funcionários públicos são responsáveis, solidariamente, com a Fazenda Nacional, Estados e Municípios, por quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso no exercício de seus cargos Constituição de 1946 Primeira disposição legal de responsabilidade OBJETIVA do Estado. Nota! Não havia previsão de responsabilidade de pessoas de direito privado prestadoras de serviço público. Nota! Servidor responderia em ação de regresso. Desapareceu a responsabilidade solidária. Art. 194: Artigo 194. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros. Parágrafo único. Caber-lhe-á ação repressiva contra os funcionários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes. Constituição de 1967 e Emenda Constitucional nº 1 de 1969 Mantida a previsão de responsabilidade OBJETIVA do Estado. Nota! Não havia previsão de responsabilidade de pessoas de direito privado prestadoras de serviço público. Nota! Servidor responderia em ação de regresso. Desapareceu a responsabilidade solidária. CF de 1967, art. 105: As pessoas jurídicas de direito público respondem pelos danos que seus funcionários, nessa qualidade, causarem a terceiros. Parágrafo único: Caberá ação regressiva contra o funcionário responsável, nos casos de culpa ou dolo. Constituição de 1988 Mantida a previsão de responsabilidade OBJETIVA do Estado. Nota! Previsão de responsabilidade de pessoas de direito privado prestadoras de serviço público. Nota! Servidor responderia em ação de regresso. Desapareceu a responsabilidade solidária. Se houver dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva do agente público) Art. 37: § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Nota! Adotou-se a teoria do Risco Administrativo. O Estado tem responsabilidade objetiva, mas pode alegar fator de exclusão. Art. 21, XXIII, ‘d’: a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006) Nota! Previsão em artigo específico para danos nucleares. Divergência doutrinária: alguns entendem que adotou-se, também, o risco administrativo e outros entendem que houve adoção da Teoria do Risco Integral (não há fator de exclusão). OBS! Prevalece em prova de concurso adoção da Teoria do Risco Integral para este dispositivo. Código Civil de 2002 Mantida a previsão de responsabilidade OBJETIVA do Estado. Nota! Código Civil não colocou previsão de responsabilidade de pessoas de direito privado prestadoras de serviço público. Nota! Servidor responderia em ação de regresso. Desapareceu a responsabilidade solidária. Se houver dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva do agente público) Art. 43: As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. - RISCO INTEGRAL: - Responsabilidade subjetiva Conduta e ainda dolo/culpa Dano Nexo causal - Responsabilidade objetiva Conduta Dano Nexo causal O que é dano moral in re ipsa? Trata-se de um dano moral presumido, que dispensa comprovação do prejuízo extrapatrimonial, sendo suficiente a prova da ocorrência de ato ilegal. STJ: a Administração Pública pode ser condenada ao pagamento de indenização pelos danos cíveis causados por uma ação de seus agentes, mesmo que consequentes de causa excludente de ilicitude penal (ex.: legítima defesa putativa). REsp 1266517/PR, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 04.12.2012, DJe 10.12.2012 OBS! NEXO CAUSAL PRESO FORAGIDO Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Latrocínio cometido por foragido. Nexo de causalidade configurado. Precedente. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva, nos termos do disposto no art. 37,§ 6º, da Constituição do Brasil” (RE 573.595-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 24.6.2008, Segunda Turma, DJE de 15.8.2008). Responsabilidade civil do Estado. Art. 37, § 6º, da Constituição Federal. Faute du service public caracterizada. Estupro cometido por presidiário, fugitivo contumaz, não submetido à regressão de regime prisional, como manda a lei. Configuração do nexo de causalidade. Recurso extraordinário desprovido. Impõe-se a responsabilização do Estado quando um condenado submetido a regime prisional aberto pratica, em sete ocasiões, falta grave de evasão, sem que as autoridades responsáveis pela execução da pena lhe apliquem a medida de regressão do regime prisional aplicável à espécie. Tal omissão do Estado constituiu, na espécie, o fator determinante que propiciou ao infrator a oportunidade para praticar o crime de estupro contra menor de 12 anos de idade, justamente no período em que deveria estar recolhido à prisão. Está configurado o nexo de causalidade, uma vez que se a Lei de Execução Penal tivesse sido corretamente aplicada, o condenado dificilmente teria continuado a cumprir a pena nas mesmas condições (regime aberto), e, por conseguinte, não teria tido a oportunidade de evadir-se, pela oitava vez, e cometer o bárbaro crime de estupro” (RE 409.203, Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 7.3.06, DJ de 20.4.07). Latrocínio praticado por quadrilha da qual participava um apenado que fugira da prisão temposantes: neste caso, não há falar em nexo de causalidade entre a fuga do apenado e o latrocínio (RE 369.820, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 4.11.03, DJ de 27.2.04). Tema 362, cuja tese foi firmada nos seguintes termos: “Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição Federal, não se caracteriza a responsabilidade civil objetiva do Estado por danos decorrentes de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisional, quando não demonstrado o nexo causal direto entre o momento da fuga e a conduta praticada”.