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WBA1197_v1.0 Introdução ao compliance Marcos normativos FCPA Bloco 1 André Castro Carvalho FCPA – Breve histórico • EUA: Economia mais poderosa do mundo. • Necessidade de assegurar a higidez e funcionalidade dos mercados. • Abrangência global (não somente nos EUA). • Necessidade de forjar regras para punir (em âmbito internacional) os infratores. • Quais eventos deram origem ao FCPA? • Escândalo Watergate. • Lockheed Martin Aircraft Corporation. FCPA Ato normativo estadunidense editado no ano de 1977. Foi o primeiro ato normativo que regrou o tema da repressão à corrupção em sede internacional, com o objetivo de combater a impunidade dos infratores no âmbito internacional. O FCPA tem abrangência global, ou seja, não se restringe ao território dos EUA. Polêmica: o ato normativo seria um exemplo em que a legislação doméstica geraria prejuízos a estados estrangeiros, em especial os estados de países subdesenvolvidos. Além disso, seria prejudicial à livre-concorrência. Objetivos do FCPA • Repressão à corrupção doméstica e internacional. • Eliminação da concorrência desleal. • Proteção aos interesses dos EUA. • O que o FCPA busca evitar? • Direcionamento de qualquer soma em dinheiro ou vantagem, seja de forma direta ou indireta, com a finalidade de corrupção, captação de novos negócios ou manutenção dos já existentes. FCPA – Características Os ditames do FCPA possuem natureza penal e civil. • Funcionário público internacional. • Partido político. • Dirigentes ou candidatos dentro de partidos políticos. • Normas dedicadas ao tema do combate à corrupção. • Disposições relativas à contabilidade. Obs.: natureza civil. Regras podem recair sobre pessoa físicas e jurídicas. FCPA – Características • Enforcement agencies: • Department of Justice (DOJ). • Securities and Exchange Commission (SEC). • Outros “atores”: Federal Bureau of Investigation (FBI), Department of State e o Department of Commerce. Marcos normativos Lei e Decreto Anticorrupção Bloco 2 André Castro Carvalho Lei Anticorrupção brasileira • Compromisso internacional de combate à corrupção. • Forte clamor popular contra a corrupção. • Reiterados escândalos de corrupção deflagrados no Brasil. • Promulgação da Lei nº 12.846/2013. Lei Anticorrupção brasileira • Responsabilidade objetiva administrativa e civil de pessoa jurídicas. • As punições não abrangem somente o território nacional, mas também o estrangeiro. • Forte vetor para a implantação dos ditames do compliance na seara particular. Lei Anticorrupção brasileira • Aplicabilidade. Sociedades empresárias e as sociedades simples, personificadas ou não, independentemente da forma de organização ou modelo societário adotado, bem como a quaisquer fundações, associações de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, filial ou representação no território brasileiro, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente. Lei Anticorrupção brasileira A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato ilícito. • Responsabilidade de PF e PJ é independente. • Os dirigentes ou administradores somente serão responsabilizados por atos ilícitos na medida de sua culpabilidade. Lei Anticorrupção brasileira • A personalidade jurídica poderá ser desconsiderada sempre que utilizada com abuso do direito para: • Facilitar, encobrir ou dissimular a prática dos atos ilícitos previstos na LAB. • Ou provocar confusão patrimonial. São estendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à pessoa jurídica aos seus administradores e sócios com poderes de administração, observados o contraditório e a ampla defesa. Decreto nº 8.420 de 2015 Regulamenta à Lei nº 12.846/2013 no que diz respeito à responsabilização administrativa da pessoa jurídica pela prática de atos contra a Administração Pública, nacional ou estrangeira. Estabelece como sanções administrativas a multa e a publicação extraordinária da decisão administrativa sancionadora. O Decreto trata também: • Do acordo de leniência. • Do programa de integridade. Marcos normativos UKBA (UK Bribery Act) Bloco 3 André Castro Carvalho UKBA • Antecedentes normativos: Public Bodies Corrupt Practices Act de 1889. The Prevention of Corruption Act de 1906, The Prevention of Corruption Act de 1916. The Common Law Offence of Bribery. • Inconsistência. • Desatualização. • Inadequação. • Necessidade de um sistema anticorrupção mais robusto: sanção do United Kingdon Bribery Act em 8 de abril de 2010. UKBA • Objetivo: “[...] reformar e consolidar a legislação anticorrupção, anteriormente disposta de forma esparsa no ordenamento britânico”. • Princípios: • Procedimentos proporcionais. • Comprometimento da alta administração (tone from the top). • Análise e classificação de riscos. • Due diligence. • Comunicação e treinamento. • Monitoramento e revisão. UKBA • Section 1 – Offences of bribing another person: • Subornar outrem. • Modalidade ativa. • Section 2 – Offences relating to being bribed: • Ser subornado por outrem. • Modalidade passiva. • Section 6 – Bribery of foreign public officials: • Subornar outrem. • Especificamente agente público estrangeiro. • Section 7 – Failure of commercial organisations to prevent bribery. • Organizações comerciais devem adotar medidas para afastar corrupção. • Falhas repercutem em responsabilização. UKBA – Guidance • Procedimentos para evitar corrupção. • Implementações necessárias nas organizações comerciais. • Princípios de guidance. • Procedimentos proporcionais. • Compromisso da alta administração. • Avaliação de riscos. • Due diligence. • Comunicação e treinamento. • Monitoramento e revisão. UKBA – Guidance • A adoção de “procedimentos adequados” pode funcionar como excludente de responsabilidade? • CASO: Skansen Interiors. Teoria em Prática Bloco 4 André Castro Carvalho Reflita sobre a seguinte situação • Na segunda década do presente milênio, veio à tona no CENÁRIO brasileiro o chamado escândalo do Petrolão. • O caso teve como protagonista a empresa brasileira Petrobrás, e alcançou proporções bilionárias em termos de valores desviados por meio de licitações fraudulentas, superfaturamento de obras etc. Contratos de construção de infraestrutura eram superfaturados e propinas eram cobradas das empreiteiras envolvidas. • Nesse contexto, foi criada, no Brasil, a Lei Anticorrupção, bem como incidiu sobre a Petrobrás as consequências da FCPA. Reflita sobre a seguinte situação • Em 2018, a Petrobrás, concordou em pagar o valor de R$ 1,78 bilhões, em um acordo de não persecução feito com o Departamento de Justiça norte- americano. • De acordo com a SEC (Securities and Exchange Comission) executivos de altos cargos da Petrobrás atuaram para superfaturar o preço das obras de infraestrutura contratadas com construtoras e fornecedores. • Como a Petrobrás possui ações negociadas em bolsa nos Estados Unidos, a FCPA foi aplicada no caso, enquadrando a Petrobrás e dando causa ao referido acordo. Norte para a solução A estrutura de compliance da Petrobrás se mostrou, dessa forma, ineficaz para atender aos objetivos de garantir a conformidade da empresa em relação à legislação nacional e estrangeira, bem como para evitar os riscos relacionados a atos de corrupção, lavagem de dinheiro etc. De acordo com a empresa, sua estrutura de compliance carecia de: • Uma atuação mais ética por parte da alta direção, que, não prezando pelo princípio do tone at the top, enfraqueciam o sistema de controle interno da empresa. • Ausência de um sistema de denúncias capaz de cumprir de maneira eficaz sua função. Norte para a solução • Ausência de treinamentos e comunicaçãoeficaz dos princípios e balizas do seu Código de Conduta. Assim, a partir do chamado escândalo do Petrolão, a petrolífera brasileira passou por uma reestruturação no seu programa de compliance, buscando fortalecê-lo e adequá-lo a um novo e mais exigente ambiente de negócios impulsionado pelo desenvolvimento das estruturas legais e institucionais, nacionais e internacionais, voltadas a coibir a prática de crimes e outros ilícitos. Norte para a solução – Caso Enron • Tal reforma na estrutura de compliance da empresa implicou em: • Implementação de um processo de Due Diligence de Integridade (DDI), por meio do qual a empresa faz uma avaliação do perfil daqueles com quem se relaciona. O processo resulta na indicação de um determinado Grau de Risco de Integridade (GRI), que se coloca como importante baliza para a contratação com a empresa. • Aplicação de um processo de Background Check de Integridade (BCI), que é realizado em relação a todos os membros da empresa (colaboradores, gestores, administradores, consultores). Norte para a solução – Empresa XPTO • Implementação, a partir de 2018, da chamada “Trilha Compromisso com a Conformidade”. Trata-se de treinamentos relativos a compliance que são realizados continuamente com os membros da empresa. • Implementação, em 2015, de um canal de denúncias, garantindo a não retaliação e o anonimato daquele que denuncia. • Reformulação do Comitê de Medidas Disciplinares (CMD), com vinculação ao Conselho de Administração. Compõem o comitê três integrantes com notória experiência na área, sendo dois deles de origem externa. • Criação, em 2014, do Comitê Especial, externo à empresa que, no entanto, foi encerrado em 2018, já que a própria Petrobrás incorporou internamente suas funções. Dicas do(a) Professor(a) Bloco 5 André Castro Carvalho Prezado aluno, as indicações a seguir podem estar disponíveis em algum dos parceiros da nossa Biblioteca Virtual (faça o login por meio do seu AVA), e outras podem estar disponíveis em sites acadêmicos (como o SciELO), repositórios de instituições públicas, órgãos públicos, anais de eventos científicos ou periódicos científicos, todos acessíveis pela internet. Isso não significa que o protagonismo da sua jornada de autodesenvolvimento deva mudar de foco. Reconhecemos que você é a autoridade máxima da sua própria vida e deve, portanto, assumir uma postura autônoma nos estudos e na construção da sua carreira profissional. Por isso, nós o convidamos a explorar todas as possibilidades da nossa Biblioteca Virtual e além! Sucesso! Leitura Fundamental Indicação de leitura 1 Este trabalho tem como objetivo fornecer o racional básico para aqueles que desejarem operar com compliance. Recomendam-se especialmente, na Parte III (Principais legislações relativas à compliance), os capítulos 16, 17, 18 e 19, que trata das legislações anticorrupção brasileira e estrangeiras. Referência: CARVALHO, André C. Manual de Compliance. 2. ed. São Pulo: Grupo GEN, 2020. Indicação de leitura 2 Alternativa ao manual anterior. Fica ao critério do leitor optar por um ou outro, conforme suas necessidades pessoais no aprendizado. Referência: VENTURINI, Otávio (coord.). Manual de Compliance. São Paulo: Grupo GEN, 2018. Dica do(a) Professor(a) Recomendamos, ainda, os seguintes livros: PIERUCCI, Frédéric; ARON, Mathieu. Arapuca estadunidense: uma lava jato mundial. Curitiba. Kotter Editorial, 2021. FRANCO, Isabel (org.). Guia Prático de Compliance. São Paulo: Grupo GEN, 2019. CARVALHO, André C. Manual de Compliance. 2. ed. São Pulo: Grupo GEN, 2020. CARVALHO, André C; SIMÃO, Valdir M. As três fases dos programas de compliance no Brasil. Conjur, Brasília, 30 de agosto de 2018. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-ago-30/opiniao-tres-fases-programas- compliance-brasil. Acesso em: 17 jun. 2022. FRANCO, Isabel (org.). Guia Prático de Compliance. São Paulo: Grupo GEN, 2019. VENTURINI, Otávio (coord.). Manual de Compliance. São Paulo: Grupo GEN, 2018. Referências Bons estudos!
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