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Matrizes energéticas
Q uando o homem passou a dominar o fogo, percebeu que tinha em mãos uma importante fonte de energia, capaz de não só aquecê-lo nos perí-odos mais frios como também preparar o seu alimento. Notou também 
que o fogo poderia ser um importante aliado no manejo da vegetação natural para 
práticas de cultivo e criação de animais, além de utilizar o fogo como uma técnica 
de caça. O uso da energia transformou o poder de produção do homem, e conse-
quentemente provocou uma série de impactos no ambiente.
Dessa época até chegarmos à Revolução Industrial, na qual a energia ca-
lorífica serviu para movimentar os primeiros motores a vapor, foi um pulo em 
termos tecnológicos. Curioso por natureza, o homem continuou buscando no-
vas formas de energia, visando atender suas diferentes necessidades, agora num 
mundo em franca expansão tecnológica e industrial.
No entanto, sabe-se que para gerar energia há um custo e esse custo não é 
baixo. Produzir cada vez mais em menos tempo é resultado do avanço tecnoló-
gico. Mas qual o preço desse avanço? Até agora, pelo menos para o ambiente, o 
resultado foi extinção de espécies, ar poluído, chuva ácida, efeito estufa, desma-
tamento.
No final do século XX, começou a preocupação com a substituição das fon-
tes de energia, pois estudos mostravam que as fontes de petróleo estavam se es-
gotando. Novas fontes de energia foram desenvolvidas, mais limpas e renováveis. 
No entanto, as novas alternativas ainda não conseguiram substituir as antigas 
formas poluidoras de geração de energia.
Os países industrializados, apesar de abrigarem apenas 21% da popu-
lação mundial, consomem 70% das fontes convencionais de energia e 75% da 
eletricidade?
“Quantos 
anos quei-
mando 
combustíveis 
que poluem 
até que o 
homem 
percebesse o 
mal que vinha 
fazendo ao 
planeta?“
Matrizes energéticas
104
Quadro 1 – Matrizes energéticas mais utilizadas no Brasil
Renováveis Não renováveis
álcool (combustível)
álcool anidro (aditivo na gasolina)
lenha
carvão vegetal
bagaço da cana
petróleo e seus derivados
gás natural1
carvão mineral
xisto
As fontes renováveis ainda representam a menor parcela da produção ener-
gética no Brasil: 38,4% da energia produzida e utilizada no país vem do petróleo e 
seus derivados, 29,7% das fontes renováveis, 9,3% de gás natural, carvão mineral 
e xisto e 15% de hidrelétricas.
Petróleo
C
or
el
 Im
ag
e 
B
an
k.
O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, menos densa do que a água, 
com cheiro característico, e de cor que varia entre negro e castanho escuro. Sua 
origem mais provável é da decomposição incompleta dos organismos marinhos 
em ambiente com pouca oxigenação, o que formou as reservas dessa substância, 
que é composta por grandes quantidades de carbono. Através de técnicas de des-
tilação, craqueamento térmico, alquilação e craqueamento catalítico, o petróleo 
é refinado, derivando diversas outras substâncias, como combustíveis (gasolina e 
diesel), lubrificantes, plásticos, fertilizantes, medicamentos, tintas e tecidos.
Os combustíveis derivados do petróleo, quando queimados, liberam uma 
grande quantidade de dióxido de carbono, além dos óxidos de enxofre, poluindo 
o ar atmosférico. Quando a queima acontece na presença de pouca quantidade de 
oxigênio, o resultado é a liberação de monóxido de carbono. Caso não haja oxigê-
nio, haverá liberação de carbono na forma de fuligem.
1 Gás composto 85% de metano, retirado junto 
com o petróleo das reservas.
Matrizes energéticas
105
Os combustíveis derivados do petróleo são atualmente a forma mais utiliza-
da para gerar energia, sendo utilizadas para mover motores de automóveis e até na 
geração de eletricidade nas usinas termoelétricas.
A extração do petróleo requer grandes investimentos, pois as reservas 
desse material ficam em locais bastante profundos da plataforma continental. 
Do local de extração até as refinarias e daí para os postos de distribuição e 
venda dos produtos, o transporte é feito por meio de navios, dutos e cami-
nhões. Quando acontece um acidente que envolve uma das fases citadas, a 
degradação ambiental é bastante grande. Em janeiro de 2000, por exemplo, 
um rompimento de um duto no Rio de Janeiro lançou 4 mil toneladas de óleo 
na Baía de Guanabara, e para recuperar o ecossistema foram necessários cerca 
de dez anos. No mesmo ano, um outro acidente acontece no Paraná, lançando 
mais de 4 milhões de litros de óleo no Rio Iguaçu. Em abril de 2001, houve 
um acidente na plataforma marítima P-7, no Rio de Janeiro, que lançou no mar 
26 mil litros de óleo. Um mês depois desse acidente, a plataforma P-36, uma 
das mais modernas em alto-mar, é destruída por explosões de seus dutos e a 
estrutura de 34 mil toneladas vai para o 
fundo do mar. O resultado desse acidente 
foi uma mancha de óleo de 60 quilôme-
tros quadrados.
Além de gerar impactos no seu uso, o 
petróleo é problemático desde a sua extra-
ção. Além disso, esta é uma fonte de ener-
gia não renovável, por isso a preocupação 
em desenvolver novas tecnologias com o uso 
de outras fontes energéticas.
Usinas hidrelétricas
O uso da água para geração de ener-
gia aparentemente não causa problemas 
de poluição. No entanto, a implantação 
de uma usina hidrelétrica provoca vários 
problemas sociais e ambientais. O represa-
mento do rio causa o alagamento de uma 
grande área ocupada por vegetação nativa, 
plantações, criação de animais, expulsando 
os moradores locais. Além disso, a inun-
dação e o represamento do rio interferem 
drasticamente no regime hidrológico da 
região, afetando a vegetação, a fauna e as 
populações ribeirinhas.
C
or
el
 Im
ag
e 
B
an
k.
Matrizes energéticas
106
A maior barragem do mundo, a barragem de Três Gargantas (China), pro-
vocou a relocação de 1 milhão de pessoas?
No Brasil, a construção da hidrelétrica de Balbina, no Rio Uatumã, próxi-
mo à capital Manaus, foi um desastre. Sua barragem inundou 2 360 quilômetros 
quadrados de floresta, mas hoje 30% de sua extensão tem apenas um palmo de 
profundidade. A produção dessa usina não é suficiente para abastecer Manaus e 
sua produção cai de 250 para 100 megawatts na estação seca.
O Brasil tem inúmeras usinas hidrelétricas e, de acordo com a WWF-Brasil, 
o atual parque de hidrelétricas existentes no país pode produzir mais energia atra-
vés da troca de turbinas e modernização de suas instalações, sem a necessidade 
de construir novas usinas.
Hoje, 61,3% da eletricidade brasileira é produzida por usinas hidrelétricas, e 
o restante provém de usinas termoelétricas, usinas nucleares e eólicas.
Biomassa
O uso da biomassa para produção de energia sig-
nifica o aproveitamento da energia solar, que foi ante-
riormente utilizada na fixação do carbono através da 
fotossíntese, para gerar novamente energia. Convencio-
nalmente, aproveita-se a energia fixada na fotossínte-
se para alimentação, porém os resíduos das plantações 
podem ser utilizados para gerar outros tipos de energia. 
Através da fermentação, queima, carburação, pirólise, 
produção de metanol e etanol, síntese de hidrogênio, cé-
lulas combustíveis, entre outros, converte-se a biomassa 
em energia.
Na fermentação é produzido o biogás, aprovei-
tando-se todo tipo de resíduo biodegradável jogado no 
lixo. Se esses resíduos ficarem a céu aberto, o metano 
proveniente da sua fermentação será todo lançado na at-
mosfera, contribuindo para o aumento da temperatura 
global. O aproveitamento desses resíduos é total, pois o 
metano (biogás) é posteriormente queimado para gerar 
calor e energia, e a matéria orgânica decomposta é utili-
zada como fertilizante. Em nosso país, a temperatura é 
adequada para que aconteça esse processo naturalmente, 
sem a necessidade de utilizar energia para aquecer a ma-
téria orgânica e assim permitir a ação das bactérias.
B
. N
av
ez
.
Matrizes energéticas
107
No Brasil, a utilização do álcool combustível é uma inovação, pois polui 
menos que os derivados do petróleo. O álcool é derivado da cana-de-açúcar e a 
produçãobrasileira desse vegetal é de 520 milhões de toneladas por ano, sendo 
52% desse total destinado à produção do combustível. A cana-de-açúcar é hoje 
alvo de pesquisa para melhoria de produção e aproveitamento dos subprodutos, 
como plástico biodegradável e derivados da cana para uso medicinal. Além do 
combustível, da cana ainda pode ser produzido um aditivo da gasolina, o álcool 
anidro, que substitui o MTBE (metil-tércio-butil-éter), derivado do petróleo e al-
tamente tóxico.
 
O valor energético contido em 300 milhões de toneladas de cana-de-açú-
car equivale a 324 milhões de barris de petróleo? Com o uso do bagaço da 
cana, ainda é possível conseguir a energia equivalente a 216 milhões de barris 
de petróleo.
A energia elétrica produzida na usina canavieira é de 800 megawatts, 
podendo chegar a 3 mil megawatts sem precisar trocar os equipamentos. Só 
não se produz mais porque não há mercado para esse tipo de eletricidade.
O biodiesel é outra proposta para o aproveitamento energético da biomassa. 
Esse produto é uma mistura de diesel comum, derivado do petróleo, com óleos de 
origem vegetal. Utiliza-se óleo de plantas, como amendoim, girassol, mamona, 
sementes de algodão e de colza, além de plantas brasileiras como a andiroba, o 
babaçu e o dendê.
O problema do uso da biomassa é que sua queima também gera dióxido de 
carbono, que é liberado para a atmosfera, porém com a vantagem de não liberar 
o enxofre, que é liberado na queima dos combustíveis derivados do petróleo. As 
plantações de cana-de-açúcar também têm os impactos ambientais e os problemas 
sociais relacionados a ela. Uso extensivo do solo, necessidade de fertilizantes, 
mão de obra infantil são alguns dos problemas embutidos na produção da cana- 
-de-açúcar.
Energia solar fotovoltaica
A geração de energia elétrica através dos sistemas fo-
tovoltaicos tem emissão mínima de dióxido de carbono. Po-
rém, o investimento necessário para sua implantação é muito 
alto, desestimulando os interessados. A produção de eletrici-
dade através da energia solar não traz retorno financeiro ao 
investidor. No entanto, seus benefícios são para a comunida-
de e o meio ambiente.
En
ric
o 
D
ol
ab
el
i.
Matrizes energéticas
108
Hoje, essa fonte de energia é utilizada em locais distantes das linhas de 
transmissão e distribuição de eletricidade. Algumas fazendas possuem sistemas 
fotovoltaicos, pois os investimentos para trazer a rede elétrica até a fazenda são 
equivalentes à instalação das placas de coleta de energia solar. Algumas casas e 
edifícios também já aderiram a esse sistema, pois se produzindo a energia utiliza-
da, essas construções têm autonomia energética. Em Israel, o uso de energia solar 
é obrigatório e faz parte do projeto de construção de casas.
Energia eólica
O vento é capaz de gerar energia de uma forma totalmente limpa e renová-
vel. Em 2002, já eram produzidos cerca de 24 500 megawatts no mundo todo, sen-
do que o mercado para energia eólica movimentava cerca de seis bilhões de dóla-
res só com a fabricação dos aerogeradores. O custo da energia eólica em muitos 
países já alcançou os custos da energia gerada por hidrelétricas e termoelétricas.
A capacidade geradora das usinas eólicas em regiões brasileiras, em que a 
média anual de velocidade dos ventos é de 8 metros por segundo, chega a 40%, 
sendo que em locais como o litoral nordestino essa capacidade chega a 60%.
Atualmente, no Brasil, existem 360 usinas eólicas instaladas, o que corres-
ponde a 8,98 gigawatts de capacidade de geração de energia.
Em nosso país, os períodos mais secos coincidem com os períodos de mais 
vento, ou seja, quando os reservatórios das hidrelétricas ficam com menor capaci-
dade, as usinas eólicas passam a produzir mais energia.
Com a crescente demanda de energia no mundo aliada às necessidades de 
controle ambiental, preservação da natureza e crescimento autossustentado, o 
aproveitamento dos ventos é uma alternativa que deve ser explorada. Os avanços 
tecnológicos e redução dos custos desse tipo de energia fazem dela uma das tec-
nologias que mais cresce em todo o mundo, cerca de 40% ao ano. 
Energia nuclear
A energia nuclear não emite gases poluentes na atmosfera, sendo que em 
alguns países europeus ela fornece mais da metade da energia elétrica utilizada. 
No entanto, gera o lixo nuclear ou lixo radioativo que permanece ativo durante 
muito tempo, representando uma ameaça para o ambiente. A instalação de uma 
usina nuclear necessita de muito investimento. No Brasil, a primeira usina foi 
implantada em 1972, a Angra I, mais conhecida como “vaga-lume” por causa 
do fornecimento de energia frequentemente interrompido. Angra II recebeu seus 
equipamentos em 2000, 25 anos após o acordo de compra com a Alemanha. Para 
Angra III, já foram investidos 750 milhões de dólares em equipamentos, mas sua 
construção foi adiada por falta de recursos e por causa das críticas ao programa 
nuclear (conte-se aqui a ineficiência de Angra I). Em 2002, a França se interessou 
em financiar o término de Angra III e fez um acordo com o Brasil de cooperação 
Matrizes energéticas
109
para uso pacífico, porém, apenas em 2004 um grupo de trabalho começou a estu-
dar a viabilidade técnica, econômica e social dessa obra.
Da mesma maneira que é necessário muito investimento para implantar 
uma usina nova, para desativar essa usina é necessário muito dinheiro também, 
pois é preciso isolar os materiais radioativos. O preço da desativação é dez vezes 
maior do que um reator novo.
Os riscos gerados pelo lixo radioativo são muito grandes. Em 1986, houve 
o acidente em Chernobyl, na Ucrânia, que matou cerca de 30 mil pessoas. Hoje, 
os ucranianos enfrentam altos índices de câncer e mutações em consequência do 
acidente.
Energia “limpa” ameaça camada de ozônio 
(ANGELO, 2003)
As chamadas energias verdes também têm o seu lado cinzento. Um es-
tudo publicado hoje indica que o hidrogênio, considerado o combustível do 
futuro por não poluir a atmosfera, pode trazer problemas até então não imagi-
nados, como um resfriamento global e o aumento dos buracos na camada de 
ozônio sobre os polos.
Embora ressalve que esses problemas não devem impedir o desenvolvi-
mento de células de combustível2 para substituir a economia do petróleo – que, 
além do aquecimento global, também alimenta guerras –, o estudo diz que eles 
devem ser levados em conta quando se debatem medidas a serem adotadas, 
para evitar danos ambientais na transição para a economia do hidrogênio.
Elemento mais abundante do universo, o hidrogênio é considerado a gran-
de aposta entre as energias limpas no lugar dos combustíveis fósseis (como 
petróleo, gás natural e carvão mineral). Uma das razões para essa esperança é 
o fato de sua queima ter como subproduto apenas água (H2O), enquanto os de-
rivados de petróleo produzem poluentes como enxofre e óxidos de nitrogênio, 
além de gás carbônico (CO2), o vilão do aquecimento global.
Mas, claro, nada vem tão fácil. Primeiro, o hidrogênio precisa ser disso-
ciado da água ou de outras moléculas, o que gasta energia.
O estudo de cientistas do Instituto de Tecnologia da Califórnia, EUA, pu-
blicado na revista Science (Disponível em: <www.sciencemag.org>), acende 
um segundo sinal amarelo: se o hidrogênio substituísse inteiramente os com-
bustíveis fósseis, seria de esperar o vazamento de 10% a 20% do gás em usinas 
de força, tanques, células de combustível e gasodutos.
Isso aumentaria as emissões de H2 em até oito vezes. Como o hidrogênio 
tende a subir para a alta atmosfera e a reagir com o oxigênio, produzindo água, 
o resultado previsível seria o crescimento da umidade na estratosfera. E até 
água, em excesso, faz mal.
“Isso resultaria num resfriamento da baixa estratosfera e numa perturba-
ção na química do ozônio”, escreveram os cientistas.
2 As células de combus-tível funcionam como 
uma grande bateria movida 
a hidrogênio, que reage com 
o oxigênio e produz água. 
Tecnologia ainda em desen-
volvimento.
Matrizes energéticas
110
Os pesquisadores,liderados por Tracey Tromp, usaram dois modelos de 
computador para simular o que aconteceria com a atmosfera do planeta em 
dois casos: com as concentrações de hidrogênio semelhantes às atuais e com 
concentrações quadruplicadas.
No segundo cenário, a quantidade de água na estratosfera acima dos 40 
quilômetros de altitude chegaria a 30%, com várias consequências indiretas. 
A principal seria o resfriamento estratosférico, o que aumentaria a quantidade 
de nuvens nos polos e “tornaria o buraco de ozônio maior (em área) e mais 
persistente (na primavera)”.
A pior situação, afirma o grupo de Tromp, estaria no Ártico, onde a camada de 
ozônio ainda está relativamente intacta “e tem potencial para ficar como a da An-
tártida”. Ali, a quantidade de ozônio diminuiria em até 8%. Como esse gás protege 
a Terra da radiação ultravioleta solar, que causa mutações – e câncer – em seres 
vivos, a perda da capa no Ártico, muito mais habitado que a Antártida, é motivo de 
preocupação.
Apesar de a camada de ozônio estar se recompondo aos poucos, como 
resultado da proibição dos CFCs, gases que a destroem, a economia do hi-
drogênio poderia atrasar essa recuperação. No entanto, para melhor prever o 
impacto, será preciso esclarecer o papel da tecnologia na redução dos vaza-
mentos e dos solos como “ralo” do H2 humano.
Uso racional das matrizes energéticas
As reservas de energia do planeta irão durar por tempo determinado? 
Veja os exemplos a seguir:
Petróleo – 42 anos
Gás natural – 65 anos
Carvão mineral – 165 anos
Linhito – mais de 200 anos
Urânio – 40 anos
O consumo excessivo faz aumentar a demanda por usinas de produção de 
energia. Quanto maior a produção, maior é o gasto energético. Além de trocar as 
fontes de energia não renováveis por fontes renováveis, é necessário que haja a 
colaboração da sociedade na redução do consumo de energia.
Para se ter uma ideia, o gasto de energia do stand-by, estado no qual o apare-
lho eletrônico está ligado, porém não realiza sua atividade principal, corresponde 
a cerca de 10% do gasto de eletricidade em escritórios e domicílios.
Matrizes energéticas
111
Observe o gasto dos aparelhos quando estão em stand-by:
TV – 1 a 13W 
Videocassete – 5 a 19W 
Rádio relógio – 1 a 3W 
Forno de micro-ondas – 2 a 6W 
Recarregador de bateria – 2 a 4W 
Secretária eletrônica – 2 a 4W 
Telefone sem fio – 2 a 7W 
Micro system – 0 a 12W 
Som portátil – 0 a 5W
Veja algumas formas de se economizar energia em casa:
 desligar a luz nos recintos não ocupados;
 degelar regularmente as geladeiras;
 usar a máquina de lavar roupa apenas com a carga máxima;
 reduzir o uso de torneira elétrica;
 não ficar abrindo e fechando a geladeira muitas vezes e observar se a 
borracha de vedação está bem conservada;
 diminuir o tempo de banho nos chuveiros, fechando-o enquanto se ensa-
boa e lava o cabelo, pois além de economizar energia elétrica, economi-
za-se água;
 não deixar a televisão ligada se não está assistindo;
 aproveitar ao máximo a luz do dia;
 utilizar lâmpadas fluorescentes;
 evitar o uso de secadora de roupa.
O Brasil precisou importar cerca de 2 bilhões de dólares em petróleo no ano 
de 2002 para suprir o consumo dessa fonte de energia? Sessenta por cento foram 
utilizados na área de transportes, sendo que o Brasil é o país que mais consome 
combustíveis nessa área.
Perspectivas futuras
As fontes renováveis são uma forma de aumentar o acesso à eletricidade, ge-
rar empregos, descentralizar a geração elétrica e reduzir os impactos ambientais. 
Cresce a compreensão de que uma boa diversificação e substituição de carvão, pe-
Matrizes energéticas
112
tróleo, gás e da energia nuclear são pré-requisitos para o crescimento econômico 
sustentável, considerando-se o aumento de exigências no abastecimento. A redu-
ção dos custos está deixando as energias renováveis cada vez mais competitivas.
O Brasil tem um potencial eólico muito superior à Alemanha, campeã mun-
dial de energia eólica. No sul e no litoral brasileiro, as zonas climáticas são propí-
cias ao aproveitamento dessa energia. Além disso, a demanda industrial de ener-
gia é considerável. Essas considerações valem também para o aproveitamento da 
energia solar no território brasileiro.
A Eletrobras criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Ener-
gia Elétrica (Proinfa), que prevê a inclusão das fontes renováveis, como as usinas 
eólicas e as usinas de biomassa, na produção de energia brasileira.
As fontes renováveis ainda são uma pequena parcela da matriz energé-
tica do Brasil. Para que elas passem a representar uma maior quantidade na 
geração de energia no país, Roberto Zilles, professor do programa de pós-
-graduação em energia da USP, dá a dica: “criação de legislação que exija 
de cada concessionária a comercialização de um percentual mínimo anual 
de energia elétrica proveniente de fontes renováveis. Esse percentual estará 
associado ao volume total de energia elétrica comercializado, onerando assim 
equitativamente cada concessionária. Essa lei criaria os Créditos de Comer-
cialização de Energias Renováveis – CCER que podem ser negociados entre 
concessionárias para fins de cumprimento das metas”.
É preciso considerar que sem um incentivo inicial, as fontes renováveis não 
vão conseguir espaço em um mercado energético tão competitivo, pois o uso das 
fontes não renováveis ainda é mais barato.
Na Alemanha, os custos iniciais para incentivar a produção de energia a 
partir de fontes renováveis representaram um milésimo do orçamento público 
anual, mas esse investimento já retornou na forma de energia poupada, cresci-
mento econômico e empregos. Esse exemplo pode ser seguido por outros países, 
principalmente o Brasil, que tem condições climáticas favoráveis ao uso de ener-
gias renováveis.
O petróleo ainda é a fonte energética mais barata e, por enquanto, a mais 
fácil de ser conseguida. A grande maioria dos motores de automóveis são movi-
dos a combustíveis derivados do petróleo, sendo boa parte da poluição atmosféri-
ca causada por esse uso de energia. Outras matrizes energéticas já estão em fase 
de pesquisa e desenvolvimento, mas por enquanto poucos automóveis que estão 
rodando funcionam com algum tipo de combustível alternativo. A próxima fase 
é o desenvolvimento de motores e de toda uma infraestrutura de abastecimento 
de combustíveis de outras fontes, renováveis.
A geração de energia elétrica também precisa ser substituída totalmente por 
maneiras menos impactantes, ao invés de queima de combustíveis fósseis e alaga-
mento de grandes áreas para a construção das barragens das hidrelétricas. Como 
foi visto nesta aula, já existem várias formas de se produzir energia elétrica sem 
que haja a necessidade de poluir mais o ambiente.
Matrizes energéticas
113
Outro ponto crucial na questão das matrizes energéticas é o padrão de con-
sumo de energia cada vez maior, com uma quantidade maior de aparelhos eletrô-
nicos em todos os setores da sociedade. A redução do consumo e a substituição 
das fontes energéticas não renováveis por fontes renováveis e menos poluentes são 
fatores decisivos para um ambiente mais saudável.
Brasil um potencial gigante de produção de energia eólica
(MELO, 2014 – Presidente da ABEEólica)
A energia eólica é a energia produzida através da força dos ventos, que transforma energia 
cinética em energia elétrica. Muito recente no Brasil, esta fonte de energia já vem contribuindo 
em grande grau para o desenvolvimento do país, abastecendo nos dias de hoje cerca de 4 milhões 
de lares brasileiros, ou 12 milhões de pessoas o que corresponde a uma cidade do tamanho de São 
Paulo. 
Embora venha sendo pesquisada há mais de 50 anos, a energia eólica economicamente viável 
é relativamente nova, não possui mais de 20 anos e teve como seu principal percursor os países 
europeus com destaque para a Dinamarca e Alemanha. Foram esse países que no início da década 
de 1990 fizeram grandes esforços em tecnologia com o objetivo de produzir energia a partir de 
fontesrenováveis e, portanto, de recursos naturais como o vento e o sol. 
A Europa, a partir da segunda grande crise do petróleo, ocorrida no final dos anos 70, per-
cebeu a sua forte dependência energética na medida em que utilizava para a produção de energia 
elétrica o carvão e os derivados do petróleo, sendo esses insumos importados. No início dos anos 
90, com o objetivo de reduzir essa dependência e ter mais autonomia na produção de um insumo 
vital para qualquer economia, a energia elétrica, os países europeus fizeram grandes investimentos 
na produção de tecnologia das até então chamadas fontes alternativas. Tais fontes trariam natu-
ralmente por um lado a independência desses países em termos energéticos e, portanto, maior 
segurança nacional e, por outro, a possibilidade de produção de energia a partir de fontes limpas e 
renováveis contribuindo para a redução da emissão de CO2 e o consequente aquecimento global. 
Por possuir um drive diferente e um tempo diferente, o Brasil por sua vez iniciou fortes inves-
timentos na fonte eólica a partir do final da década de 2010, uma vez que a produção de energia 
do país sempre obedeceu o quesito de independência energética e de baixa emissão CO2, dada 
a grande fatia da produção de energia elétrica do Brasil proveniente de uma fonte renovável, a 
hidroeletricidade. 
Em tempos que os grandes potenciais hidrelétricos estão se tornando cada vez mais escas-
sos e que a necessidade de aumentar a oferta de energia para atender o mercado brasileiro muito 
crescente, em termos de consumo de energia, o Brasil vem diversificando fortemente sua matriz 
elétrica, construindo um mix de geração de energia com forte predominância hidrelétrica e inse-
Matrizes energéticas
114
rindo cada vez mais outras fontes renováveis. É neste contexto que a indústria de energia eólica 
brasileira, que teve seu início a partir de 2009, vem ocupando capa vez mais espaço no país, sendo 
hoje a segunda fonte mais competitiva e também a mais contratada. 
Foram contratados desde 2009, a partir do primeiro leilão competitivo com participação eó-
lica, mais de 12 GW de capacidade eólica instalada, isto significa cerca de 10% do que o Brasil 
possui hoje somando todas as demais fontes, como nuclear, hidrelétrica, carvão, biomassa e ou-
tras. A energia eólica hoje já instalada representa cerca de 4% do total de energia para o sistema e 
vai crescer fortemente nos próximos anos podendo chegar a cerca de 10% em 2018.
Em termos de potencial, a possibilidade de produção de energia eólica no Brasil é quase 
infinita, temos potencias eólicos de altíssima qualidade no Nordeste e Sul do país, e, mais recente-
mente, os estudos eólicos têm apresentado potenciais em São Paulo, Minas Gerais, Espirito Santo 
e outros estados que estiveram fora da rota da energia dos ventos no passado. Com essa velocidade 
de crescimento, em breve, o país vai estar entre os líderes mundiais na produção e no investimento 
em energia eólica. O Brasil encerrou o ano de 2013 como 13.º colocado no ranking mundial de par-
ques eólicos instalados, sendo neste ano o sétimo país que mais instalou novos parques de energia 
eólica, abaixo, somente, da China, Alemanha, Reino Unido, Índia, Canadá e EUA. 
Para 2014, estimamos encerrar o ano entre a nona e décima posição do ranking, sendo um dos 
cinco primeiros em termos de novos parques instalados e, consequentemente, em investimentos. 
A energia eólica é uma fonte limpa e renovável, que gera empregos e renda para o Brasil. Até 
hoje, considerando a capacidade já instalada, foram criados mais de 70 mil empregos. Do ponto de 
vista socioeconômico, a geração de empregos e renda em regiões carentes demonstram um papel 
relevante das externalidades positivas decorrentes da geração eólica. 
Embora venha enfrentando grandes desafios, a indústria, hoje em franco processo de conso-
lidação, ainda precisa superar alguns entraves, como os problemas de logística para o transporte 
de equipamentos. Esses desafios podem ser considerados como “bons desafios”, pois estamos os 
enfrentando a fim de avançar para cumprir uma próxima etapa desta indústria virtuosa, alcançan-
do a sua sustentabilidade de longo prazo. 
1. Pesquise quais as fontes de energia utilizadas na sua cidade. Inclua na sua lista todos os estabe-
lecimentos que utilizam energia e de onde vem essa energia que eles usam.
Matrizes energéticas
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2. Quais os impactos que essas fontes causam em sua cidade e nos arredores?
3. Quais as condições climáticas de sua cidade? Com base em sua resposta, liste as fontes de ener-
gia renovável que poderiam ser implementadas.
Matrizes energéticas
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Imagine que você saiu para jantar com o pessoal do escritório, todas as 100 pessoas do seu departamento. Você 
está numa fase difícil de dinheiro, mas... Como a conta vai ser dividida por igual, por que não pedir lagosta? Se 
todo o resto do departamento pedir filé com fritas que custa 10 reais, e você pedir a lagosta de 40 reais, todos 
pagarão R$10,30. Sua vantagem então será de R$29,70, contra um acréscimo de módicos R$0,30 para cada um 
dos outros colegas. Genial, não? (MARINHO, 2002)
O que você acaba de ler é um exemplo da tragédia dos comuns, que hoje precisa ser combatida 
para impedir que o planeta seja destruído. O Protocolo de Kyoto e outros protocolos já postulados 
pelo homem são meios para se evitá-la. A não adesão dos Estados Unidos e da Austrália ao Protocolo 
de Kyoto, por exemplo, pode ser considerada uma atitude igual a quem pediu lagosta no exemplo an-
terior, da mesma forma que pensar que a não substituição das fontes de energia em um país pequeno 
não faria a menor diferença na poluição do planeta.
ORTIZ, Lúcia Schild (Org.). Fontes Energéticas de Energia e Eficiência Energética: opção para 
uma política energética sustentável no Brasil. Campo Grande: Fundação Heinrich Böll/Coalizão Rios 
Vivos, 2002. 208p.
O livro documenta o Seminário Internacional, de mesmo título, que aconteceu em 2002 na capi-
tal brasileira. O acontecimento reuniu pesquisadores, representantes da indústria de energia, ambien-
talistas, líderes de movimentos sociais, sindicalistas, membros de cooperativas de eletrificação rural 
e parlamentares no intuito de ampliar e descentralizar o debate sobre a matriz energética brasileira.

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