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RITOS, MITOS E SÍMBOLOS Me. Gerson A. Cordeiro da Silva GUIA DA DISCIPLINA 1 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Objetivo: Apresentar de forma contextualizada o percurso dos Ritos, mitos e símbolos das religiões brasileiras, com seus conceitos básicos, dialogando com o mundo contemporâneo. Compreender o comportamento da sociedade diante da diversidade. 2 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. RITO O rito expressa um mito, encarnando-o. O mito é o coração do rito, sua estrutura significativa. Rito e mito são duas faces de uma mesma realidade, essencialmente humana. Como afirma Stanley Ripper, criador do conceito de mitologia pessoal, juntamente com Feinstein, em seu significado mais tradicional, um mito é uma história ou crença organizadora que inclui alguns princípios básicos, orientadores. Finalmente, permitir a participação do ser humano na maravilha e na perplexidade do cosmos. Os primeiros teóricos da Antropologia, naturalmente modelados pelo paradigma racionalista positivista, tenderam a uma abordagem reducionista, frente ao vasto e complexo universo da mitologia. Segundo Aldo Natale Terrin, que buscou contribuir para o desenvolvimento de uma antropologia da alteridade, em sua obra, Antropologia e horizontes do sagrado – culturas e religiões, afirma que o intelectualismo de Frazer e de Tylor reduziu a concepção do ritual a um mero erro de interpretação científica. Para Frazer, um ato mágico ou ritual é realizado, pela crença equivocada de que sua ação provoca os efeitos desejados, pelo mago ou feiticeiro, numa relação linear causal. Tylor, em sua concepção animista, influenciado pela perspectiva psicológica, destacou o aspecto catártico do ritual mágico-religioso. Radcliffe-Brown e o seu projeto de uma ciência natural da sociedade – inspirado em Durkheim e Spencer - considerava o totemismo um protótipo de religião como uma concepção do universo na forma de ordem social ou moral, onde os grupos expressam sentimento de solidariedade, através de rituais simbólicos. No seu enfoque funcionalista, Malinowski focaliza o ritual como exercendo uma função de integração social, contribuindo para a autoconservação da cultura e da sociedade, sobretudo diante de conflitos e de questões incontroláveis. Como afirma Adam Kuper, a função da magia era ritualizar o otimismo do homem, fortalecer a sua fé na vitória da esperança sobre o medo Malinowski considerava o mito como uma narrativa que faz reviver uma realidade primeva, satisfazendo profundas necessidades, exprimindo, enaltecendo e codificando a crença, garantindo a eficácia ritualística e oferecendo regras práticas e orientadoras da conduta humana. Evans- Pritchard, que estudou a feitiçaria dos azandes, desenvolveu uma noção dos rituais de bruxaria como formas explicativas dos infortúnios, demonstrando sua racionalidade e seu aspecto místico, pressupondo a existência de forças 3 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância suprassensíveis. Claude Lévi-Strauss, em sua antropologia estrutural, discordando do funcionalismo e transcendendo a abordagem empírica, adota um enfoque universalista, considerando que o mito representa a mente que o cria, resistindo à história, numa perene condição. Do ponto de vista linguístico, Lévi-Strauss afirma que o mito é a linguagem funcionando em um nível especialmente alto. Nesta concepção, o ritual tem uma função articuladora entre periodicidade biológica e de estação e o passado que liga, ao longo das gerações, os mortos e os vivos. Indicando a complexidade de culturas pré-industriais, este autor sustenta que a ciência não pode escapar inteiramente de ser mítica. Turner, aponta para uma antropologia interpretativa, colocando a questão fundamental de uma hermenêutica do compreender, já que o ritual não pode ser comparado com uma racionalidade científico- instrumental, devendo ser compreendido em nível artístico e poético, por constituir uma ação simbólica e dramática. Aponta para uma tese fenomenológica, que não seria outra coisa senão a verdadeira alma de que nasce a possibilidade de conjugar antropologia e experiência religiosa, porque nesta visão esconde-se aquele horizonte «holístico» dos significados que respeita acima de tudo e principalmente o mundo da experiência . Para Mircea Eliade, o mito é um modelo exemplar, que narra uma história sagrada, ou seja, um acontecimento primordial, que teve lugar na origem do Tempo. Joseph Campbell considera o mito uma poética da vida, que nos ajuda a colocar a mente em contato com a experiência de estar vivo. Para Campbell, mitologia é uma metáfora transparente à transcendência, sendo os mitos metáforas da potencialidade espiritual do ser humano. Nesta concepção, os deuses são personificações de um poder motivador ou de um sistema de valores que funciona para o ser humano e para o universo. Há uma mitologia da natureza e uma mitologia estritamente sociológica, que diz respeito a uma sociedade em particular. Isso pode ser o símbolo da mitologia futura, vaticinava Campbell. Assim como Mircea Eliade acreditava na existência de uma unidade fundamental das experiências religiosas, Jung postulava uma espécie de unidade fundamental do inconsciente coletivo. Em sua abordagem simbólica, o sonho é um mito pessoal, enquanto o mito é um sonho coletivo. Rollo May afirma que cada um de nós tem seu próprio mito, em torno do qual moldamos nossa vida. 4 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Este mito integra e nos dá a capacidade para viver o passado e o futuro, sem negligenciar nenhum momento do presente. O mito faz uma ponte sobre a lacuna entre o consciente e o inconsciente. Para May, o mito exerce uma função regressiva, constelando conteúdos reprimidos, anseios arcaicos, desejos e medos, e uma função progressiva, rompendo os limites de um sentido maior, que não estava presente antes, consistindo num modo de se resolver problemas num nível superior de integração. A abordagem psicanalítica, redutora causal, sabota esta última função, apenas acentuando os aspectos regressivos da vivência mítica. Como o paradigma do racionalismo científico é, inerentemente, analítico, houve uma hipertrofia da utilização deste método de decomposição e de fracionamento sistemático do todo em suas partes e de redução dos fenômenos ao seu aspecto causal. Como afirma Joseph Campbell, o segredo do símbolo, mitológico e espiritual, é que deve ser transparente à transcendência. KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. Ensino (d 5 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. RITOS CRISTÃOS 2.1 Ritual de iniciação ao cristianismo ortodoxo A primeira é uma linhagem histórica, que tem sua origem nos apóstolos de Cristo, fundadores de igrejas e de comunidades, como a de Jerusalém, de Éfeso e de Roma. Ao lado desta linhagem institucional apostólica, há uma outra mais discreta, menos dogmáticae mais atenta à possibilidade e à prática de uma forma de oração e de meditação, que busca conectar seu praticante com a Origem, através de uma intimidade com a Fonte, a qual Cristo denominava de Pai. 2.1.1 A via purgativa A roupa branca, indicada para esta ocasião, significa este estado sem máculas, de uma pureza reconquistada. Como afirma Leloup, esta imersão na água não é definitiva, naturalmente. 2.1.2 A via iluminativa O sacerdote faz o Sinal da Cruz, com o óleo, em diferentes partes do corpo, coincidentes com o que, também na tradição dos yogues hinduístas, são denominados de chakras, os vórtices energéticos de nosso corpo sutil, vinculados à diferentes potenciais de estados de consciência. Em cada uma destas especiais regiões do corpo, o óleo é introduzido, no sentido vertical e horizontal, representando a dimensão essencial e a existencial, o Absoluto e o relativo, o transcendente e o imanente, a luz e a matéria, respectivamente. Assim, são integrados o caminho ascendente e o descendente, o que sobe – do humano ao divino -, e o que desce – do divino ao humano. Como afirmava Lao-Tsé, o alto descansa no profundo. 2.1.3 A via unitiva Ingerir este pão significa se nutrir desta prática de amor e de serviço. Assim, este sacramento de comunhão, através de sinais sensíveis e visíveis, é um convite à realização do invisível, esta dinâmica de ação e contemplação, de amor e conhecimento, que o próprio Cristo representa, nesta tradição. 6 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância De acordo com os conceitos da psicologia profunda, é o ego que se alimenta do Self, que transmuta e dá um sentido vertical à existência. Nesta via unitiva, há também a simbólica do sal, uma substância que dá a cada coisa o gosto que cada coisa tem. 2.2 Os Livros de Salomão Através desta consciência, somos pó que dança na Luz. Foi lastimável a fragmentação destes três momentos de um mesmo rito iniciático, pela Igreja Católica, motivada por questões hierárquicas. Uma encarnação, através de gestos, palavras e de símbolos, da plenitude do mito encarnado em Cristo, que Jung denominava de Self e que os Antigos consideravam o arquétipo da Síntese, bodas da existência com a Vida, da matéria com a Luz, do humano com o Mistério. Existem algumas ponderações importantes a serem feitas quanto ao tema em questão. Em primeira análise, ele pressupõe que um determinado grupo, os cristãos, possuem uma importância quando estes “atuam” ou “exercem” algo naquilo que chamamos de sociedade. Em uma perspectiva Aristotélica, a pólis (cidade-estado) é o bem mais elevado, devido este ser originado pela reunião dos diversos grupos que, associados, resultam na sociedade. Se a noção do discípulo de Platão for virtuosa, o que acreditamos ser, de imediato categorizaríamos, a partir do tema, os cristãos como partícipes da pólis, porém, com alguma peculiaridade e capacidade que são pertinentes a estes. Diante disso, vale ressaltar na continuidade da prévia política em Aristóteles, que este afirma pejorativamente ser “bruto ou divino”, o homem incapaz de viver em sociedade. De imediato é trazido a nossa memória a relutância por parte de muitos ditos “evangélicos”, que não compreenderam sua real importância na sociedade, tendo suas vidas quase que transcendentais ou gnósticas, não podendo se contaminar com a matéria presente. Em contrapartida, o nosso Santíssimo e Majestoso Senhor Jesus Cristo, rompe com todas as lógicas presentes na discursão do material e do imaterial, quando é concebido na barriga de uma mulher, mas gerado pelo Espírito Santo, e no momento do seu nascimento, crescimento e amadurecimento, este Homem Deus e Deus Homem vai ao encontro dos seres humanos presentes na cidade-estado e nos grupos da pólis aristotélica. O resultado disso? Uma atuação extraordinária dos atributos divinos no âmago social, seja pelo viés do amor, do perdão, da sabedoria, da compaixão, do poder, dos milagres, das curas, da restituição de uma vida sóbria, honesta e sã. Vale atentar que no caso em questão, ainda não estamos apreciando a atuação divina na redenção oriunda da cruz. A partir do pano de fundo exposto na reflexão acima, notamos que nós, cristãos, discípulos e servos do nosso Mestre e Senhor Jesus, temos mais do que uma opção, temos um dever de ser como o nosso Mestre, de agir como o nosso Senhor, de seguir os seus passos, de sermos invadidos pela poeira dos 7 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância seus pés. E nada melhor do que a compreensão de que tendo sido salvos pela atuação poderosa e graciosa do Espírito Santo, devemos agora como novas criaturas, viver e atuar significativamente na sociedade, a começar pelo levar as boas novas a todos os perdidos, anunciando a redenção presente na pessoa de Jesus Cristo, o caminho, a verdade e a vida. Assim como sermos seres humanos, atuantes em todas as esferas sociais, dando a glória devida ao único que é de direito, a Santíssima Trindade, como bem nos expôs Abraham Kuyper, um dos mais extraordinários teólogos da tradição calvinista, seguindo os passos obviamente do reformador João Calvino, que sua reforma integral para com Genebra, até hoje é reconhecida e admirada. O Brasil, atualmente, é terreno sedento desta atuação cristã. Mais do que nunca se ouve o clamor popular por redenção. O problema é que este clamor por redenção é direcionado ao estado, ao dinheiro, a liberdade, e a tantas outras coisas. Categorizando de imediato uma idolatria pagã, onde seres humanos caídos colocam sua esperança em tudo o que não é Deus. Por isso, convido vocês para que a partir deste momento, sejam abertos os seus lábios para anunciar a única e verdadeira redenção encontrada na pessoa de Jesus Cristo, e vivendo a partir desta realidade, servir com amor o seu eu presente no seu próximo, como diria Roger Scruton em seu livro O Rosto de Deus. Para glória e honra do nosso Senhor, viveremos uma transformação a longo prazo, porém iniciada de imediato por cada cristão, agindo consciente do poder do Espírito Santo, visando a majestade eterna do Pai. Acredite. Tenha fé. Prossiga. Ame. Paz e Bem! Salomão Lemos | salomaolemos@gmail.com KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. Ensino (d 8 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. RITOS CATÓLICOS A Igreja católica possui 6 ritos. Todas essas igrejas reconhecem o primado do Papa. Trata-se de uma unidade na diversidade. 3.1 Rito Latino 3.1.1 Igreja Católica Apostólica Romana Observe-se que dentro da igreja romana existem quatro ritos, que não se constituem em igrejas. – Rito Latino Romano – é o que conhecemos no Brasil; – Rito Ambrosiano – utilizado na Arquidiocese de Milão, teve sua origem em Santo Ambrósio, mentor de Santo Agostinho; – Rito Moçárabe, oriundo dos árabes convertidos ao cristianismo na Espanha durante a reconquista. Durante muito tempo foi usado apenas numa capela da catedral de Toledo, a diocese primaz da Espanha, e mais nove paróquias. Desde 1993 pode ser usado em todo o território do país. –Rito Galicano ou Lionês – utilizado na Arquidiocese de Lyon, primaz da França. Ultimamente se tem desenvolvido um uso anglicano, não ainda um rito, para acomodar os anglicanos que se converteram recentemente ao catolicismo. Trata-se de uma forma modificada do rito anglicano. 3.2 Rito Bizantino É um momento de desligar- se do real e conectar-se a um mundo simbólico. É nessa prática ritual que essas pessoas encontram uma espécie de demarcador de fronteira étnica, ou seja, as suas práticas rituais os diferenciam dos demais grupos. Igreja Greco-Melquita Católica: Igreja Grega Católica Igreja Ucraniana Católica Igreja Rutena Católica Igreja Eslovaca Católica Igreja Búlgara Católica Igreja Iugoslava Católica Igreja Húngara Católica 9 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Igreja Romena Católica Igreja Ítalo-albanesa Católica Igreja Georgiana Católica Comunidade Russa Católica Comunidade Albanesa Católica Comunidade Bielorrussa Católica 3.3 Rito Armênio O rito armênio é um rito litúrgico oriental independente, utilizado tanto pela Igreja Apostólica Armênia como pela Igreja Católica Armênia, também sendo o rito de um número significativo de cristãos orientais na Geórgia. Igreja Armênia Católica 3.4 Rito Antioqueno O RITO ANTIOQUINO (ou Antioqueno), também chamado Rito Siríaco ou mesmo Rito de Jerusalém, é um dos chamados Ritos Apostólicos da Igreja, tendo sua base na antiga Sé Patriarcal de Antioquia (cujo primeiro Bispo foi São Pedro, chefe dos Apóstolos). Antioquia, chamada de "Rainha do Oriente", foi onde os seguidores de Nosso Senhor Jesus Cristo receberam o nome "cristãos", conforme nos relatam as Escrituras Igreja Siríaca Católica Igreja Maronita Igreja Siríaca Malankar Católica 3.5 Rito Caldeu O RITO CALDEU (também chamado Siríaco Oriental) é um dos tradicionais Ritos da Igreja. Sua origem e difusão se deu a partir de Edessa, na Mesopotâmia, região onde anteriormente havia o Império da Babilônia. A igreja ali fora fundada, segundo a tradição, pelo Apóstolo São Tomé e por seus discípulos Addai e Mari, que evangelizaram as comunidades judaicas que existiam no império Persa desde os tempos bíblicos do exílio. Igreja Caldeana Católica Igreja Siríaca Malabar Católica 10 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.6 Rito Alexandrino O rito Alexandrino é um rito litúrgico oriental utilizado por 69 a 79 milhões de cristãos pelas igrejas ortodoxas copta, etíope e eritreia, assim como pelas igrejas católicas orientais correspondentes. O rito é dividido em duas variações: o uso copta e o uso ge'ez. O uso copta é nativo do Egito e praticado pela Igreja Ortodoxa Copta e pela Igreja Católica Copta, geralmente na língua copta, mas frequentemente em árabe e outras línguas vernáculas (como o inglês nos Estados Unidos), seguindo o tradicional calendário copta. O uso ge'ez é nativo da Etiópia e usa a língua ge'ez, empregando outros idiomas com muito menor frequência, e é praticado pela Igreja Ortodoxa Etíope, Igreja Ortodoxa Eritreia, Igreja Católica Etíope e Igreja Católica Eritreia, seguindo o tradicional calendário etíope. Igreja Copta Católica Igreja Etíope Católica KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. . Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. Ensino (d https://www.wikiwand.com/pt/Rito https://www.wikiwand.com/pt/Lit%C3%BArgico https://www.wikiwand.com/pt/Rito_oriental https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Ortodoxa_Copta https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Ortodoxa_Et%C3%ADope https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Ortodoxa_Eritreia https://www.wikiwand.com/pt/Igrejas_cat%C3%B3licas_orientais https://www.wikiwand.com/pt/Igrejas_cat%C3%B3licas_orientais https://www.wikiwand.com/pt/L%C3%ADngua_copta https://www.wikiwand.com/pt/L%C3%ADngua_ge'ez https://www.wikiwand.com/pt/Egito https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Ortodoxa_Copta https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Cat%C3%B3lica_Copta https://www.wikiwand.com/pt/L%C3%ADngua_copta https://www.wikiwand.com/pt/L%C3%ADngua_%C3%A1rabe https://www.wikiwand.com/pt/L%C3%ADngua_inglesa https://www.wikiwand.com/pt/Estados_Unidos https://www.wikiwand.com/pt/Calend%C3%A1rio_copta https://www.wikiwand.com/pt/Eti%C3%B3pia https://www.wikiwand.com/pt/L%C3%ADngua_ge'ez https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Ortodoxa_Et%C3%ADope https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Ortodoxa_Eritreia https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Cat%C3%B3lica_Et%C3%ADope https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Cat%C3%B3lica_Et%C3%ADope https://www.wikiwand.com/pt/Igreja_Cat%C3%B3lica_Eritreia https://www.wikiwand.com/pt/Calend%C3%A1rio_et%C3%ADope 11 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. RITO AFRICANO Paulatinamente, pela observância das diferenças na forma do culto e na natureza das divindades adotadas, o candomblé brasileiro foi sendo subdividido em diferentes nações. Nesse âmbito, a predominância das influências sudanesas ou ioruba é um dos mais importantes referenciais no reconhecimento de nações distintas. Os ritos nagôs – que incluem, entre outras, as nações ketu, ijexá, nagô egbá e xambá – valorizam o legado proveniente das religiões do Sudão. Segundo os seus praticantes, o ritual nagô estaria dotado de uma maior “pureza” e “originalidade” que as outras nações que aceitam a presença de santos católicos. As nações pertencentes a este rito cultuam os voduns, orixás, caboclos e erês. «As nações ligadas ao rito angola ou candomblé de angola são influenciadas pelos elementos ritualísticos das religiões bantas. A pureza ou fidelidade junto às matrizes africanas determinam uma disputa de legitimidade que encobre o desenvolvimento histórico das nações do candomblé. 4.1 Ketu Ketú (pronuncia-se /queto/) é a maior e a mais popular "nação" do Candomblé, um culto afro-brasileiro. Essa “nação” é considera a mais luxuosa, por suas decorações, enfeites, acessórios, roupas e paramentos. Na “nação” Ketú são cultuados os seguintes Orixás: a) Exu, Orixá guardião dos templos, casas, cidades e das pessoas. Mensageiro divino dos oráculos. https://shre.ink/cjsq acesso em 27/02/2023 b) Ogum, Orixá do ferro, fogo, guerra e tecnologia. 12 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 c) Oxóssi, Orixá da caça e da fartura. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 13 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância d) Logunedé, Orixá jovem da caça e da pesca. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 e) Xangô, Orixá do fogo e trovão, protetor da justiça. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 14 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância f) Obaluaiyê, Orixá das doenças epidérmicas, pragas e curas. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 g) Oxumarê, Orixá da chuva e do arco-íris. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 15 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância h) Ossaim,Orixá dos remédios, conhece o segredo de todas as folhas. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 i) Oyá ou Iansã, Orixá feminino dos ventos, relâmpagos, tempestade e do Rio Niger. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 16 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância j) Oxum, Orixá feminino dos rios, do ouro, jogo de búzios e amor. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 k) Iemanjá, Orixá feminino dos lagos, mares e fertilidade. Mãe de muitos Orixás. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 l) Nanã, Orixá feminino dos pântanos e da morte. Mãe de Obaluaiyê e Oxumaré. 17 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 m) Yewá, Orixá feminino do Rio Yewa. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 18 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância n) Obá, Orixá feminino do Rio Oba e uma das esposas de Xangô. https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 o) Oxalá é um nome genérico para vários Orixás Funfun (branco). https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 p) Ibeji, Orixá dos gêmeos (os Erês). https://shre.ink/cjsg acesso em 27/02/2023 https://shre.ink/cjsg%20acesso%20em%2027/02/2023 https://shre.ink/cjsg%20acesso%20em%2027/02/2023 19 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. Ensino (d 20 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. RITOS EVANGÉLICOS Nas igrejas evangélicas, o culto é visto como um ato da adoração de Deus na vida da Igreja. Não há liturgia e a concepção do serviço de adoração é mais informal. Normalmente é dirigido por um pastor cristão. Geralmente contém duas partes principais, o louvor (música cristã) e o sermão, e periodicamente a Santa Ceia. Não existe um consenso entre todos os ramos da fé cristã sobre o que deveria ser considerado canônico e o que deveria ser apócrifo....Evangelhos da Infância • O Evangelho da Infância Siríaco (ou Evangelho Árabe da Infância) • A História de José, o carpinteiro. • A Vida de João Batista. • O Evangelho Armênio da Infância de Jesus. De acordo com a tradição escrita hebraica denominada Tanakh, relatada em Gênesis, capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido tomado por Deus para que não experimentasse a morte e na certa fosse poupado da ira do dilúvio: “E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. 5.1 O Batismo Pentecostal No caso do batismo nas águas, a etnografia focou os rituais nos quais, tanto os já batizados, como os candidatos ao batismo participavam e foi observado o comportamento religioso destes dois grupos, durante os cultos. O batismo nas águas é um rito de passagem visto pelos pentecostais "as an otward sign of an inward change". É uma mudança que revela a decisão consciente do indivíduo em deixar a sua vida passada para trás e iniciar uma nova, ou seja, ele tem que ‘nascer de novo‘, ser um ‘bornagain‘. Depois do batismo, o crente também passa a fazer parte não só da ‘Igreja de Cristo‘, mas ‘oficialmente‘ da congregação, onde deve ter uma participação ativa. O falar em línguas é considerado a manifestação principal do batismo no Espírito. Mas, este batismo também se verifica através de dons espirituais. Estes incluem não só os "dons vocais", mas também "dons de revelação" - da profecia e da sabedoria e ainda do discernimento de espíritos - e os "dons de poder", revelados em curas milagrosas, expulsão de demónios e operação de milagres. 21 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Ao contrário da Igreja Católica, que pratica o batismo infantil, nos pentecostais há uma série de condições/requisitos até o candidato ser aceite para ser batizado. O pastor, frequentemente, realça a importância da maturidade religiosa para se tomar esta decisão, visto que o batismo implica mudanças significativas na vida do crente - é preciso ter certeza da sua fé. A primeira vez que um indivíduo vai à igreja é um acontecimento marcante na sua vida. Durante o culto, após a pregação, o pastor incentiva quem ainda não aceitou Jesus como Salvador a ir à frente, no altar. Normalmente, as pessoas não se convertem no primeiro dia que vão à igreja, mas quando aceitam o chamamento para a conversão vão ao altar e recebem uma oração especial do pastor. É chamado ao altar para louvar, pregar e orar pela igreja e pelos fiéis. Um momento marcante é quando é chamado para dar o seu testemunho de aceitação de Jesus - onde o crente conta, com muita emoção, a sua trajetória de vida, o antes e o depois da conversão/salvação. O pastor e os fiéis já batizados vão explicando ao novo crente as doutrinas da igreja e as normas de comportamento, dentro e fora do templo. Esta fase de Pré-batismo é um período de ensinamento e de integração na comunidade religiosa. Ou seja, o novo membro deve dar provas à congregação de que, realmente, é um convertido - condição principal para o batismo nas águas. Mas, quando o tempo não o permite, utiliza-se uma piscina dentro da igreja. O candidato ao batismo veste-se de branco, sinal de pureza da sua alma. Junto ao pastor, ele junta as suas mãos, como que em oração, e o pastor coloca-lhe questões acerca do seu arrependimento e da certeza em aceitar Jesus como único Salvador. Este questionamento funciona como uma espécie de testemunho público sobre a sua fé e, após responder afirmativamente às perguntas, o pastor finalmente mergulha-o nas águas, batizando-o em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Também é esperado que o crente batizado continue o ritual de ir à frente, desta vez como forma de afirmar a sua fé perante a congregação. Deve também dar o seu testemunho, sobre a sua trajetória de vida, antes do batismo, ou de situações pelas quais passou já como batizado e testemunhar como Jesus Cristo foi importante na sua vida. Os testemunhos são importantes, pois não só incentivam os ainda não batizados a fazerem o mesmo como, também, mostram a intervenção de Deus nas suas vidas, o que fortalece a fé dos fiéis e a edificação da igreja. Numa conversa informal acerca de um crente 22 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância que não cumpria com as suas responsabilidades, um fiel disse que "ele é batizado, mas não nasceu de novo, por isso o pastor nem devia ir ao pé dele ". A vida do crente fora da igreja também é muito importante. Como o pastor constantemente afirma "é a nossa atitude no dia a dia que vai chamar novas pessoas para a igreja". O pastor ao longo das suas pregações, apoiando-se em passagens da Bíblia, vai ensinando sobre o correto comportamento de um evangélico, para não se comportar como as pessoas "do mundo". A fase de aprendizagem antes do batismo já passou e, agora, como batizado, qualquer comportamentodesviante de um bornagain pode trazer consequências para a sua condição de membro da igreja. Um crente salvo pode deixar de o ser, se voltar a ter um comportamento ‘do mundo‘. Quando isso acontece, o assunto é discutido em Assembleia Geral e as sanções vão desde uma chamada de atenção pelo pastor, não participar em ritos formais durante algum tempo, ou mais severas como a exclusão da congregação. "Espírito Santo". O batismo no/do Espírito Santo é a experiência que todos os fiéis anseiam. Enquanto no batismo nas águas o ato é comunitário, o do Espírito adquire uma dimensão individual. A principal manifestação do Espírito Santo é o dom vocal da glossolalia. Os crentes que estão doentes, vão à frente, recebem uma oração do pastor com imposição das mãos e ficam curados. O Espírito Santo é uma força poderosa que se manifesta fisicamente, mas também tem formas mais subtis de se manifestar, através do próprio caráter dos crentes. O batismo no Espírito Santo é importante não só para a elevação espiritual do pessoal, mas também para a congregação. " Uma igreja abençoada, segundo o pastor ‘‘é uma igreja onde se sente a sua presença ". Para além disso, um crente que seja batizado pelo Espírito vai ter a sua fé fortalecida e mais facilmente participará em missões e projetos da igreja, como ser missionário, ajudando, desta forma, na sua edificação. 23 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. Ensino (d 24 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. RITOS INDÍGENAS Uma grande parte dos rituais realizados pelos diversos grupos indígenas do Brasil pode ser classificada como ritos de passagem. Os ritos de passagem são as cerimônias que marcam a mudança de um indivíduo ou de um grupo de uma situação social para outra. Como exemplo, podemos citar aqueles relacionados à mudança das estações, aos ritos de iniciação, aos ritos matrimoniais, aos funerais e outros, como a gestação e o nascimento. Entre os Tupinambá – grupo indígena extinto que habitava a maior parte da faixa litorânea que ia da foz do rio Amazonas à ilha de Cananéia, no litoral paulista-, quando nascia uma criança do sexo masculino, o pai levantava-se do chão e cortava-lhe o umbigo com os dentes. A seguir, a criança era banhada no rio, após o que o pai lhe achatava o nariz com o polegar. Em seguida, a criança era colocada numa pequena rede, onde eram amarradas unhas de onça ou de uma determinada ave de rapina. Colocavam-se, ainda, penas da cauda e das asas dessa ave e, também, um pequeno arco e algumas flechas, para que a criança se tornasse valente e disposta a guerrear os inimigos. O pai, durante três dias, não comia carne, peixe ou sal, alimentando-se apenas de certo tipo de farinha. Não fazia, também, nenhum trabalho até que o umbigo da criança caísse, para que ele, a mãe e a criança não tivessem cólicas. Três vezes por dia punha os pés no ventre da esposa. Nesses dias, o pai fazia pequenas arapucas e nelas fazia a tipóia de carregar a criança; tomava, também, o pequeno arco e as flechas e atirava sobre a tipóia, pescando- a depois com o anzol, como se fosse um peixe. Assim, no futuro, a criança caçaria ou pescaria. Quando o umbigo caía, o pai partia-o em pedacinhos e pregava-os em todos os pilares da oca, a fim de que o filho fosse, no futuro, um bom chefe de família. O pai também colocava aos pés da criança um molho de palha, que simbolizava os inimigos. Quando todas essas práticas tinham sido realizadas, a aldeia por inteiro se entregava às comemorações. Nesses dias, era escolhido um nome para o recém-nascido. 25 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Através desse rito de incorporação, o pai assumia a paternidade e se reconhecia ao recém-nascido, um lugar na sociedade Tupinambá, como homem ou mulher. Cabe destacar que nesses rituais ligados à gestação e ao nascimento não só a criança, como também seus pais, eram submetidos ao ritual de passagem. O reconhecimento da gravidez da mulher punha o pai e a mãe num estado de cuidados especiais, separando-os, de certo modo, pela maneira de se comportar, dos demais habitantes da aldeia. Ficavam, assim, segregados até que a criança nascesse e os ritos de sua incorporação fossem realizados, momento em que eles eram reintegrados à vida normal, desempenhando um novo papel social: pai e mãe de um novo membro da sociedade. A importância indígena na cultura brasileira Mais correto do que dizer que fomos influenciados pela cultura indígena é afirmar que a cultura indígena participa da formação da identidade nacional. Em linhas gerais, a cultura brasileira é resultado da mistura de três culturas: a africana, a europeia e a indígena. Muitos elementos da nossa cultura, mesmo que não tenhamos consciência disso, têm origem na cultura dos primeiros povos que habitaram este território que hoje chamamos de Brasil. A herança indígena se faz notar nos nomes de bairros, ruas, cidades, estados etc. Abaeté, nome de uma cidade em Minas Gerais e de uma lagoa em Salvador, significa “homem verdadeiro” em tupi-guarani. Aracaju significa “cajueiro dos papagaios” em tupi-guarani. Curitiba, em tupi-guarani, significa “lugar do pinhão” ou “pinheiral”. No estado de São Paulo, muitos municípios têm nomes de origem tupi, tais como Barueri, Bertioga, Botucatu, Caçapava, Arujá, Avaré e Votuporanga. Diversos animais e plantas têm nomes indígenas, a maior parte deles originária do tronco linguístico tupi. Dentre os animais, temos as palavras cotia, pirarucu, jabuti, capivara, baiacu, perereca, piranha, sucuri, taturana, tamanduá, tucano, jacaré, urubu, saúva etc. Em relação a plantas, frutos e outros elementos da natureza, temos cajá, cacau, açaí, babaçu, buriti, capim, catuaba, cipó, igarapé, pitanga, jatobá, ipê, aguapé etc. Nomes próprios, como Apoena, Janaína, Iara, Moacir e Tainá têm origem indígena. Além da herança linguística, há muitos outros elementos da nossa cultura que vêm dos índios, tais como: • Conhecimento de plantas e ervas medicinais, tais como a alfavaca, o boldo e a semente de sucupira. 26 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Certos alimentos muito utilizados pelos brasileiros, como a mandioca e o milho, são itens fundamentais da culinária indígena. • Receitas e ingredientes típicos da culinária brasileira têm origem indígena: tapioca, pirão, mingau, açaí, pamonha, paçoca, tacacá, farinha de milho, farinha de mandioca etc. • Utilização no dia a dia de objetos como a rede, bolsas trançadas com fibras ou outros objetos feitos de palha, como cestas. • Lendas e personagens do folclore indígena fazem parte do imaginário nacional e foram até incorporadas pela indústria cultural. Ex.: Saci- Pererê, Boitatá, Curupira, Caipora, Iara, Uirapuru etc. Luzia era a moça mais linda daquela aldeia. Um dia foi a uma festa com seu irmão caçula e ao dançar com algunspretendentes, conhece um moço de branco, que não tirou o chapéu nem para cumprimentá-la. Trazia todo galante, o presente perfeito para uma menina-moça: um botinho. Ela agradeceu com um sorriso tímido, e ele a conduziu para as margens do rio. À medida que se aproximavam do rio, Luzia só ouvia as palavras molhadas do boto. Se Luzia tivesse ouvido a mãe saberia que estava caindo nas garras do boto, que não tirava o chapéu para esconder os furos no alto de sua cabeça. Mas a travessa moça, agora não dava ouvidos a mais ninguém. Para sua sorte quando ao ser beijada pelo boto, surge seu irmão e outros homens da festa que matam o boto e a salvam. No dia seguinte o que mais viam às margens do rio eram moças, umas prenhes, outras já com o filho de colo, que desde o berço já usavam bonezinho para esconder o buraco da cabeça. E junto a essas moças também chorava Luzia que custou tempo para se curar. https://www.infoescola.com/folclore/resumo-de-livro-lendas-da-amazonia- e-e-assim-ate-hoje/ acesso em 01/03/2023 Processo de aculturação e os índios isolados do Brasil Desde o início da colonização do Brasil, em 1500, a população indígena diminuiu drasticamente. Naquela época, eram cerca de cinco milhões de nativos. Hoje, esse número não chega a um milhão. Além da redução populacional, também houve um processo de apagamento cultural provocado pela imposição da cultura europeia. Desde o século XVI, os costumes de vários povos indígenas sofreram inúmeras alterações em decorrência do contato com os costumes brancos. Atualmente, há aldeias localizadas em grandes cidades, como São Paulo, onde as trocas com não-índios são cotidianas. 27 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Por outro lado, existem os chamados "índios isolados” – grupos que vivem praticamente sem contato com a cultura do homem branco. Segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), há 46 evidências e 12 confirmações de grupos isolados vivendo na floresta amazônica. Com o avanço do desmatamento e do garimpo ilegal em áreas protegidas, o isolamento desses grupos pode estar em risco. https://www.infoescola.com/folclore/resumo-de-livro-lendas-da-amazonia- e-e-assim-ate-hoje/ acesso em 01/03/2023 KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. . Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. Ensino (d 28 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. MITOS Quando o tema é “Mitos e Verdades na Ciência e na Religião”, é lamentável o fato de que após anos, décadas de pesquisas realizadas por historiadores na História da Ciência e da Religião, os mesmos mitos antigos que temos corrigido repetidamente continuam a ter vida própria e a ser amplamente conhecidos pelo público em geral. Um dos maiores desafios, eu creio, para retificar a compreensão do público acerca da ciência e da religião atualmente é esclarecer os mitos que ainda persistem desde o passado. Eles sabem que a ascensão do Cristianismo exterminou a antiga ciência, que a Igreja Cristã Medieval suprimiu o crescimento da Filosofia Natural, que os cristãos medievais ensinavam que a Terra era plana, que a Igreja proibiu autópsias e dissecações durante a Idade Média e o Renascimento. Por outro lado, os religiosos sabem que a ciência teve papel preponderante na corrosão da fé por intermédio do Naturalismo e do antibiblicismo. Se quisermos que o público passe a ter uma visão renovada no que concerne ao relacionamento entre ciência e religião, acredito que devamos dissipar os antigos mitos que continuam a se passar por verdades históricas. A comunidade acadêmica vem debatendo amplamente a melhor forma de caracterizar a relação histórica entre ciência e religião, e nenhuma generalização tem sido mais sedutora do que a do conflito. De fato, os dois livros mais lidos sobre a história da ciência e o Cristianismo têm em seus títulos as palavras “conflito” ou “guerra”. Lançado em meados da década de 1870, longe de ser uma história desapaixonada, constituiu-se num longo discurso contra os católicos romanos e o que estes fizeram para inibir o progresso científico. Draper argumentou que a antipatia do Vaticano pela ciência deixou suas mãos impregnadas de sangue. Draper tinha um filho pequeno que adoeceu gravemente e que possuía um livro favorito. A irmã de Draper, que era freira católica, vivia com eles e, antes que o menino viesse a falecer, tirou o livro dele porque ela não o achava suficientemente edificante. Pouco depois da morte, ela colocou o livro no lugar onde o menino sentava-se à mesa de jantar e Draper nunca a perdoou por isso. Draper ignorou ou depreciou as contribuições científicas de muitos devotos católicos, de Copérnico e Galileu a Galvani e Pasteur. A razão pela qual a Igreja inicialmente se interessou tanto pelos observatórios foi para estabelecer a data para a Páscoa, mas no final das contas esses observatórios foram utilizados para estudar a 29 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância geometria do sistema solar bem como outros assuntos de interesse geral da Astronomia. Andrew Dickson White, um historiador e o primeiro reitor da Universidade de Cornell em Nova Iorque, escreveu o segundo livro, um tratado monumental sobre História da Guerra da Ciência com a Teologia na Cristandade. Ele começou a proferir conferências sobre esse assunto no final da década de 1860, publicou um pequeno folheto antes de Draper, seguiu escrevendo capítulos durante anos e finalmente, em 1896, publicou essa obra-prima em dois volumes. Ele descreveu o conflito entre o Cristianismo e a ciência como uma série de batalhas travadas entre teólogos dogmáticos e de visão limitada e homens de ciência em busca da verdade. Tudo começou quando ele tentou obter financiamento público que o Congresso havia conferido a vários estados a fim de financiar o ensino de técnicas agrícolas e mecânicas. White estava determinado em Cornell a montar um refúgio para a ciência e não se curvar de forma alguma a quaisquer interesses religiosos. Ele foi bem-sucedido na competição contra muitos líderes de instituições religiosas que os tornou de algum modo críticos de Andrew Dickson White, por isso seu interesse na luta permanente entre a ciência e a religião. White acreditava que algumas das batalhas mais sangrentas foram travadas entre os séculos XVI e XVII durante o período da assim chamada revolução científica, quando poderosos líderes da Igreja repetidamente tentaram silenciar os pioneiros da ciência moderna. Andreas Vesalius, o médico do século XVI que estabeleceu os fundamentos da anatomia moderna ao insistir em cuidadosas dissecações diretas no corpo humano, pagou por sua temeridade, tendo sido caçado até a morte. A última vítima nessa duradoura guerra contra a ciência, disse White, foi essa instituição, a Universidade de Cornell, e seu arrogante reitor, Andrew Dickson White. A despeito dos numerosos livros e artigos questionando a interpretação de White, sobretudo a elegante refutação de Jim Moore publicada no fim dos anos 1970, o conflito metafórico mantém-se popular,não apenas entre o público em geral, mas igualmente nas comunidades científica e religiosa. Segundo o meu conhecimento ou de meus colegas que trabalham com a história da revolução científica, nenhum cientista perdeu sua vida por causa de suas concepções científicas. Muito embora a Inquisição italiana, de fato, tenha incinerado o copernicano do século XVI Giordano Bruno, porém, em razão de suas concepções heréticas em relação à divindade ou não divindade de Cristo e não porque ele acreditasse na infinitude do universo 30 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância ou por ele ser copernicano. Quando lá chegou - para seu julgamento - ele permaneceu inicialmente na Embaixada da Toscana e não em uma prisão ou gabinetes da Inquisição. Para tornar sua estadia a mais agradável possível, eles permitiram que suas refeições fossem preparadas pelo cozinheiro-chefe na Embaixada Italiana e trazidas a essa “não cela”. Também sabemos, por intermédio de Andrew Dickson White e muitos outros, que ao longo da Idade Média a igreja ensinava que a Terra era plana e que devemos ao bravo e heroico Cristóvão Colombo a prova empírica de que o mundo era na realidade esférico, ao navegar até a América do Norte. Infelizmente, uma das pessoas responsáveis por essa concepção foi um ilustre intelectual do século XIX, daqui da Universidade de Cambridge, William Whewell, que popularizou essa visão em sua história das ciências indutivas. Mas, mesmo alguns anos antes de Whewell, como demonstrado pelo historiador Geoffrey Russell, um escritor estadunidense chamado Washington Irving em um tipo de biografia ficcional de Colombo falava da Terra como sendo plana. Portanto, foi somente a partir do século XIX que as pessoas passaram a acreditar que na Idade Média todos pensavam que a Terra fosse plana. Eles, é claro, foram aqueles citados por Whewell na primeira metade do século XIX e que continuam a ser os representantes da concepção errônea que se estende ao futuro. No início do século XIX, o psicólogo Sigmund Freud observou que a ciência já tinha infligido três grandes ataques contra o ingênuo amor próprio da humanidade. O primeiro foi associado ao astrônomo do século XVI Nicolau Copérnico, quando foi constatado que a Terra não era o centro do universo, mas apenas uma pequena partícula em um sistema de mundo de uma magnitude dificilmente concebível. De maneira vaidosa, Freud observou que o desejo do homem pela grandiosidade está sofrendo agora o terceiro e mais amargo golpe, dessa vez pelas mãos dos psicanalistas, como ele mesmo, que estavam demonstrando que os seres humanos se comportam sob a influência de necessidades inconscientes. No entanto, Freud não precisava ter se preocupado tanto com o sofrimento psíquico causado pela ciência moderna. O historiador Peter J. Bowler disse que “o maior triunfo do Darwinismo era que ele em pouco tempo estabeleceu uma ruptura total entre ciência e religião”. “Ele quase que sozinho efetivou a secularização da ciência”. Um dos mais distintos antropólogos nos Estados Unidos, Anthony Wallis, escreveu em um livro no ano 31 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de 1966 que “O futuro evolucionário da religião é a extinção, isso com bases em pesquisas empíricas, tenho certeza”. E na maioria das teorias da secularização que se popularizaram após a Segunda Guerra Mundial, a ciência desempenhou o papel-chave em minar as convicções religiosas. É interessante hoje, quando lemos os sociólogos, que agora estão tentando explicar por que a crença religiosa é tão vigorosa em todo o mundo e não apenas a crença religiosa, mas mesmo a crença religiosa fundamentalista. Seja na Índia, no Oriente Médio ou na América do Norte, a religião tem demonstrado ser bastante resiliente e parece estar crescendo, mesmo em suas mais conservadoras e inaceitáveis versões. 7.1 Mitos indígenas não considerado religiosos. As crenças religiosas e superstições tinham um importante papel dentro da cultura indígena. Os indígenas temiam ao mesmo tempo um bom Deus (Tupã) e um espírito maligno, tenebroso, vingativo conhecido como Anhangá, para as aldeias do sul e Jurupari, ao norte. Algumas tribos pareciam evoluir para a astrolatria (adoração aos astros) embora não possuíssem templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe dos viventes) e a Lua (Jaci – nossa mãe). O culto aos mortos era rudimentar. Algumas tribos incineravam seus mortos, outras os devoravam, e a maioria, como não houvesse cemitérios, encerrava seus cadáveres na posição de fetos, em grandes potes de barro, conhecidos como igaçabas, encontrados suspensos tanto nos tetos de cabanas abandonadas, como no interior de sambaquis. Os mortos eram pranteados obedecendo-se a uma hierarquia. O comum dos mortais era chorado apenas por sua família. O guerreiro, conforme sua fama, poderia ser chorado pela taba ou pela tribo. No caso de um guerreiro notável, todo o grupo chorava por ele. 32 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. . Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. Ensino (d 33 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. SÍMBOLOS Emerson Giumbelli – antropólogo, tem dedicado suas pesquisas as temáticas relacionadas a religiões e modernidade, pensando o modo como a noção de religioso se articulou no Brasil através de um conjunto de símbolos e ideias que organizam nossa concepção pública de nação. Nesta última década se insere nessa agenda heurística de pensar as relações entre modernidade e religião, apresentando como recorte empírico e caminho analítico eventos relevantes contribuindo diretamente para a compreensão dos desafios contemporâneos no campo de estudos sobre religiões no Brasil. O uso do conceito de controvérsia, ora como categoria analítica, ora como inspiração metodológica insere uma temática muito contemporânea dos estudos socioantropológicos sobre religiões e religiosidade, ao propor pensar os símbolos religiosos a partir de uma intersecção com a política. Para tanto, Giumbelli enfrenta o tema da laicidade pensando o modo como alguns símbolos religiosos são interpretados pela multiplicidade de atores. Trata-se de um quadro historicamente celebrado como importante emblema republicano que reúne num mesmo cenário a casa como espaço da articulação da laicidade e do religioso, a bandeira nacional desconstruída na mão das crianças, as mulheres que fazem a pátria, o cuidado feminino com os filhos da nação, o sacrifício de Tiradentes, que passa a ser representado em retratos com traços fenotípicos semelhantes aos utilizados nas representações de Cristo. Partindo do exercício historiográfico de José Murilo de Carvalho, Giumbelli traça um paralelo entre os caminhos distintos percorridos no Brasil e na França em relação as representações da nova república como figura feminina, algo que no Brasil se assentou na imagem de Nossa Senhora de Aparecida. Para o autor, a proeminênciade alguns símbolos religiosos em espaços públicos se constituiu como tecnologia fundamental para a emergência de um discurso sobre a laicidade da nação. Giumbelli apresenta uma interessante etnografia acerca da produção do Cristo Redentor como símbolo da pátria, pensando na maneira como religião e modernidade são operadas de modo a produzir no processo de construção deste monumento religioso, a materialização de concepções modernas tanto no campo das artes, como no campo das instituições políticas nacionais. O Cristo Redentor como emblema foi idealizado para representar a força política do catolicismo no Brasil, porém, seu potencial agenciador de significados não parou por aí. A 34 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância pluralidade de sentidos atribuídos ao monumento transita de imagem religiosa a representante cultural, e mesmo, como ícone do turismo nacional, permitindo com que pessoas de diferentes confissões religiosas convivam e celebrem sua figura pública. A dimensão nacionalizadora desses discursos também se deu no âmbito político onde a Igreja Católica se inseria como representante autorizada da monarquia divina, responsável por assegurar que essa nova nação jamais se esqueceria de seu passado cristão. Os movimentos para a nacionalização do Cristo carioca também se apoiavam em políticas para a internacionalização de uma imagem sobre o Brasil, sobretudo, como modelo de catolicidade. Novamente apostando na fluidez de sentidos na construção de um símbolo como o Cristo Redentor, Giumbelli aponta para a dimensão prática e ao mesmo tempo paradoxal que envolve as concepções como “nacional” e “estrangeiro”. A dissociação do monumento do Cristo Redentor como símbolo religioso, algo que permeou os movimentos para promovê-lo entre as sete maravilhas do mundo, permite o uso da noção iconoclash, cunhada por Bruno Latour, para pensar processos de polissemia e polivalência sofridos por imagens religiosas. Ainda no exercício de pensar os processos de polissemia e de polivalência que constroem a materialidade de sentidos da imagem do Cristo Redentor, a análise dos usos de um monumento nacional como equipamento urbano. O primeiro desafio analítico que Giumbelli propõe é tentar se distanciar de interpretar tal acontecimento como uma afronta a ordem das coisas, se distanciando da noção de drama social. Para ele, “a pichação pode ser entendida como um jogo de encadeamentos, os quais caracterizam a própria existência do monumento alvejado e a sua relação com a cidade que o abriga”. Para o autor, laicidade é abordada em sua análise da mesma maneira que religião e modernidade, como categoria plural cujos sentidos são definidos nas relações sociais agenciadas na dinâmica de uma controvérsia. Assim, dispor o crucifixo como cerne da controvérsia acerca da laicidade dos espaços do poder estatal produz um efeito revelador colocando o crucifixo na esfera da visibilidade. Intitulado, Crucifixo em recintos estatais e o monumento do Cristo Redentor, o texto traça um paralelo na agência social destes símbolos, enquanto o monumento do Cristo Redentor pode ser pensado como a performance da visibilidade e os crucifixos pode ser pensado como a exata medida da invisibilidade. 35 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Tais abordagens sociais distintas acabam por alargar os sentidos seculares dos crucifixos, que, na retórica de seus defensores passa a se traduzir como objeto cultural, fundamental ao imaginário nacional e, consequentemente, reaproximar estátua do Cristo Redentor de seu sentido religioso o que acaba por produzir uma controvérsia pública acerca da dimensão religiosa e secular desses símbolos. O catolicismo possui centralidade por ter sido incorporado como «religião civil» sendo majoritário na representação de muitos dos nossos símbolos nacionais, além disso, a religiosidade católica se constituiu como gramática universal absorvendo a história do país o que permitiu alguma aproximação com ritos e entidades das religiões afro-brasileiras. 8.1 A importância do símbolo religioso em Paul Tillich Como exemplo, temos o símbolo do modelo de estado monárquico que expressava o poder do soberano nos tempos antigos e por isso era necessário seu uso. Com o advento da modernidade, que tem como característica o estado democrático, o símbolo monárquico praticamente se extinguiu. Em segundo lugar, para Tillich, Deus é símbolo fundamental daquilo que nos toca de forma incondicional. Por isso, toda crença tem como fundamento um símbolo que é universalmente válido. Por esta razão, Tillich faz uma pergunta sobre qual símbolo seria fundamental para representar Deus. Para termos uma compreensão melhor sobre este assunto Tillich, na sua obra Teologia da Cultura, define os símbolos religiosos de dimensão profunda da realidade, fundamento de todas as demais dimensões e de todas as outras profundidades. 8.2 Religião e conhecimento por Durkheim O autor afirma que as crenças e categorias abstratas de pensamento estão associadas, mas não são exatamente a mesma coisa. Poderíamos afirmar, talvez, que as crenças, como representações coletivas, seriam a roupagem cultural, a forma particular com a qual as sociedades experimentam as categorias abstratas. Ao experimentar essas relações na vivência social, o homem se vê pela primeira vez capaz de conceber e operar categorias abstratas. " As categorias mentais, tais como tempo, espaço, gênero etc... são para Durkheim a "ossatura da inteligência", e essas categorias "nasceram da e na religião, como produtos do pensamento religioso. 36 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância KERÉNYI, Karl. Religião antiga-. São Paulo. Vozes, 2022. SANCHIS, Pierre. Religião Cultura e Identidade. São Paulo. Vozes, 2018 TORTELLI, Ana B Dias Pinto Passos. Religião e temas Contemporâneos- Paraná. Contentus. 2020. . Bibliografia Complementar GOMES. Mércio Pereira. Os índios e o Brasil, presente passado e futuro. São Paulo. Contexto, 2012. RUST, Leandro Duarte. Mitos papais – Política e imaginação na história. São Paulo. Vozes, 2015. MATTOS, Regiane Augusto de. História e Cultura afro-brasileira. Belo Horizonte. Editora Contexto, 2007. RIBEIRO, Darcy. As américas e as civilizações: Processo de formação e causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos. São Paulo. Global, 2022. WITTMANN, Luísa Tombini. Ensino (d)e História Indígena. Belo Horizonte. Autêntica, 2015. 37 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. SIMBOLOGIA CATÓLICA, EVANGÉLICA, INDÍGENA E AFRICANA 9.1 Símbolos Católicos CÁLICE – Vaso onde se consagra o vinho durante a missa. É o mais importante de todos. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 PATENA – Pequeno prato, geralmente de metal, para conter a hóstia durante a celebração da missa. https://shre.ink/cjQz%20acesso%20em%2027/02/2023 38 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 ÂMBULA, CIBÓRIO OU PÍXIDE – É um recipiente para a conservação e distribuição das hóstias aos fiéis. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 NAVETA – Pequeno vaso onde se transporta o incenso nas celebrações litúrgicas. 39 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 TURÍBULO – Vaso utilizado nas incensações durante a celebração. Nele se colocam brasas e o incenso. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 40 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância CASTIÇAL – Utensílio que se usa para suporte de uma vela. https://shre.ink/cjQzacesso em 27/02/2023 CANDELABRO – Grande castiçal, com várias ramificações, a cada uma das quais corresponde um foco de luz. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 CALDEIRINHA E ASPERSÓRIO – A caldeirinha é uma pequena vasilha, onde se coloca água benta para a aspersão. Já o aspersório é um pequeno instrumento com o qual se joga água benta sobre o povo ou sobre objetos. Na Liturgia são inseparáveis. 41 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 BACIA E JARRA – Em tamanho pequeno, a jarra para conter a água, para o rito do “Lavabo”, não só na missa, mas também na celebração de sacramentos, como o Batismo, a Crisma, a Unção dos Enfermos etc., em que há imposição do óleo. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 OSTENSÓRIO – Objeto que serve para expor a hóstia consagrada, para adoração dos fiéis e para dar a bênção eucarística. 42 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 CUSTÓDIA – Parte central do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada para exposição do Santíssimo. Tem a forma circular e é parte fixa do Ostensório. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 LUNETA – Peça do Ostensório, onde se coloca a hóstia consagrada, para a exposição do Santíssimo. É peça móvel e tem a forma de meia-lua. 43 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 GALHETAS – São dois recipientes para a colocação da água e do vinho, para a celebração da missa. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 TECA – Pequeno estojo, geralmente de metal, onde se leva a Eucaristia para os doentes. Usa-se também, em tamanho maior, na celebração eucarística, para conter as partículas. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 44 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância CORPORAL – Tecido em forma quadrangular sobre o qual se coloca o cálice com o vinho e a patena com o pão. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 MANUSTÉRGIO – Toalha com que o sacerdote enxuga as mãos no rito do Lavabo. Em tamanho menor, é usada pelos Ministros da Comunhão Eucarística, para enxugarem os dedos. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 45 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância PALA – Cartão quadrado, revestido de pano, para cobrir a patena e o cálice. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 SANGUINHO – Chamado também purificatório. É um tecido retangular, com o qual o sacerdote, depois da comunhão, seca o cálice e, se for preciso, a boca e os dedos. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 VÉU DE ÂMBULA – Pequeno tecido, branco, que cobre a âmbula, quando esta contém partículas consagradas. É recomendado o seu uso, dado o seu forte simbolismo. O véu vela (esconde) algo precioso, ao mesmo tempo que revela (mostra) possuir e trazer tal tesouro. (O véu da noiva, na liturgia do Matrimônio, tem também está significação simbólica, embora, na prática, não seja assim percebido, muitas vezes passando como mero adorno de ostentação). 46 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 HÓSTIA – Pão não fermentado (ázimo), usado na celebração eucarística. Aqui se entende a hóstia maior. É comum a forma circular. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 PARTÍCULA – O mesmo que hóstia, porém em tamanho pequeno e destinada geralmente à comunhão dos fiéis. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 RESERVA EUCARÍSTICA – Nome que se dá às partículas consagradas, guardadas no sacrário e destinadas sobretudo aos doentes e à adoração dos fiéis, em visita ao Santíssimo. Devem ser consumidas na missa seguinte. 47 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 CÍRIO PASCAL – Vela grande, que é benzida solenemente na Vigília Pascal do Sábado Santo e que permanece nas celebrações até o Domingo de Pentecostes. Acende- se também nas celebrações do Batismo, da Crisma e no rito de Exéquias na igreja. https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 CRUZ – Não só a cruz processional, isto é, a que guia a procissão de entrada, mas também uma cruz menor, que pode ficar sobre o altar, ou perto dele. Ambas as cruzes devem trazer a imagem do Crucificado (cf. IGMR 117.122.308), mas somente uma fica na celebração. A do altar recomenda-se que permaneça junto a ele também fora das celebrações litúrgicas, e pode, eventualmente, ser trazida na procissão de entrada. Comentando a disciplina da IGMR, quanto à cruz com o Crucificado, José Aldazábal diz: “supõe-se que isso não tem efeitos retroativos e não será necessário retirar dos presbitérios algumas magníficas “cruzes gemadas” que não trazem a imagem do Crucificado”. 48 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 VELAS – As velas comuns, porém de bom gosto, que se colocam no altar, geralmente em número de duas, em dois castiçais. Em celebrações mais festivas e dominicais, o número de velas pode chegar a seis, e em celebrações presididas pelo bispo diocesano pode chegar a sete (IGMR n. 117). https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 INCENSO – É uma resina aromática, extraída de várias plantas, usada sobre brasas, nas celebrações solenes. Sua fumaça, elevando-se, simboliza a oração dos santos a Deus (cf. Sl 141,[140]2; Ap 8,3). https://shre.ink/cjQz acesso em 27/02/2023 49 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.2 Símbolos Evangélicos O fator mais importante que classifica a Bíblia como o livro mais singular é a influência que ela tem sobre a vida dos homens. Embora a Sagrada Escritura seja um grande tesouro devido à sua contribuição para a humanidade em literatura, filosofia e história, o maior valor deste livro está na grande influência que exerce sobre as pessoas. Por meio de suas páginas, o homem se vê exposto à sua verdadeira condição diante de Deus; a Palavra é como uma espada que penetra até os pensamentos e propósitos do homem e o convence de seus pecados diante do Todo-poderoso. “Porque a Palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4,12). A Bíblia existe para que possamos compreender, temer, respeitar e amar a Deus sobre todas as coisas. Assim, ela se denomina como a Sagrada Escritura: “E desde a infância conheces as Sagradas Escrituras e sabes que elas têm o condão de te proporcionar a sabedoria que conduz à salvação, pela fé em Jesus Cristo. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3,15-17). https://m.media-amazon.com/images/I/61Etar3guiL.jpg acesso em 28/02/2023 Escrita para quem deseja viver na dimensão do Espírito Santo. Ela enfatiza a ação do Espírito ao longo do texto Bíblico. 50 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://m.media-amazon.com/images/I/61Etar3guiL.jpg acesso em 28/02/2023 A Bíblia de Estudo Thompson é considerada uma bíblia sem tendências denominacionais ou de opinião pessoal porque não apresenta notas de comentários em seu rodapé. https://m.media-amazon.com/images/I/61Etar3guiL.jpg acessoem 28/02/2023 51 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A Bíblia de Estudo Nova Versão Internacional (NVI) apresenta notas de estudo ligada aos versículos https://m.media-amazon.com/images/I/61Etar3guiL.jpg acesso em 28/02/2023 Esta bíblia é um grande auxílio, um verdadeiro guia para quem está diretamente em posição de liderança. John C Maxwell analisa detalhadamente os pontos positivos e negativos dos líderes bíblicos e demonstra como os grandes líderes agiram para conseguir cumprir com sucesso a sua missão comissionada por Deus https://m.media-amazon.com/images/I/61Etar3guiL.jpg acesso em 28/02/2023 A Bíblia de Estudo Genebra é de orientação calvinista. 52 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.2.1. Batismo Evangélico Quando aceitamos Jesus como nosso Senhor e Salvador, somos feitos novas criaturas. Este novo nascimento não é algo feito por nós, mas é feito por Deus, na dimensão espiritual, e é crido pela fé. O apóstolo Paulo escreveu: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17). O batismo nas águas é o passo seguinte ao de aceitar Jesus em nossa vida, quando nos tornamos uma nova criatura. Aspersão: a água é aspergida sobre o batizando. https://thumbor.guiame.com.br/unsafe/840x500/http://media.guiame.com.br/archives/2015/02/02/1132352624-batismo-andressa- urach.jpg acesso em 28/02/2023 A efusão: a água é derramada sobre o batizando, utilizando-se as duas mãos como concha. 53 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância https://thumbor.guiame.com.br/unsafe/840x500/http://media.guiame.com.br/archives/2015/02/02/1132352624-batismo-andressa- urach.jpg acesso em 28/02/2023 A imersão: o batizando é imerso nas águas. Batismo nas águas https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRWX_33-9zHb578Monm8u1may3ptNz2XJQzVQ&usqp=CAU acesso em 28/02/2023 9.2.2. Santa ceia evangélica A Santa Ceia (ou Santa Ceia do Senhor) representa o sacrifício de Jesus por nós na cruz. Jesus mandou tomar a Ceia para lembrar o que Ele fez por nós. Quem toma a Ceia do Senhor está mostrando que aceitou o sacrifício de Jesus pelos seus pecados. É fácil esquecer a graça de Jesus no cotidiano. A Santa Ceia é um momento para lembrar que Ele morreu por você. É um tempo para refletir, examinando a si mesmo, se arrependendo e agradecendo o sacrifício de Cristo. https://i.pinimg.com/originals/7b/30/f6/7b30f655976819f19319eba001a528f5.jpg acesso em 28/02/2023 54 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.3 Símbolos Africanos 9.3.1 Fios-de-conta Na mitologia do candomblé, os colares de contas aparecem como objetos de identificação dos fiéis aos orixás e o seu recebimento, como momento importante nessa vinculação. 9.3.2 Comidas No candomblé a alimentação é um dos elementos mais importantes para o desenvolvimento das práticas religiosas. Por seu turno, uma forma de receber o axé é comendo esses alimentos. Durante o oferecimento das comidas são realizadas saudações e entoados cânticos em forma de orações, invocando a força dos orixás e pedindo que eles aceitem o que lhes é entregue de bom grado. Essa oferenda, então, passa a estar impregnada de toda força invocada, que também é axé 55 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância http://gunfaremim.com/wp-content/uploads/2019/06/COMIDAS.jpg acesso em 28/02/2023 9.3.3 Iniciação ao culto afro-religioso (“fazer o santo”) A iniciação no candomblé é um processo extremamente complexo e lento, além de ser um assunto com muitas restrições para ser discutido publicamente, uma vez que cada nação (segmento da religião), cada família (grupo de pessoas ligadas através de um mesmo elo ancestral) e cada casa de candomblé (grupo pertencente especificamente a uma casa) têm rituais específicos. A iniciação é algo muito particular de cada orixá, por isto cada iaô tem seus próprios rituais. Porém, o básico é feito em todos. Este "básico" consiste na raspagem da cabeça e na abertura de incisões (através de métodos compatíveis com cada orixá) em diversas partes do corpo do (a) iaô. Durante esta fase da iniciação, tudo é feito sob a luz de vela (quando o orixá do (a) iaô não exige outro tipo primitivo de iluminação), ao som de cantigas específicas para o momento e diante das poucas pessoas autorizadas pelo orixá. Feito isto, é dado início os sacrifícios de animais pedidos pelo orixá do (a) iaô. Apesar de já serem chamados de iaô, ainda têm uma dura fase de aprendizado pela frente: danças, rezas, comportamento, tudo sempre atrelado ao seu orixá. 56 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância http://gunfaremim.com/wp-content/uploads/2019/06/COMIDAS.jpg acesso em 28/02/2023 9.3.4 Cerimônias públicas Festa ou Toque é o nome conferido, genericamente, à cerimônia pública de candomblé. O objetivo principal é a presença dos orixás entre os mortais. Sendo a música uma linguagem privilegiada no diálogo dos orixás, a festa pode ser entendida como um chamado ou uma prece, pedindo aos orixás que venham estar junto a seus filhos, seja por motivo de alegria ou necessidade (AMARAL, SILVA, 199 2, 2004, 2006). Tratando-se de uma festa, todo o terreiro é enfeitado com folhas na parede e no chão e os três atabaques (Rum, Rumpi, Lé), considerados aqueles que chamam os orixás juntamente com Exu, recebem comidas e são enfeitados com laços na cor do orixá ao qual foram consagrados. https://static.vakinha.com.br/uploads/vakinha/image/187144/images-4.jpg?ims=700x410 acesso em 28/02/2023 57 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As cerimônias, sempre animadas, prezam por uma minuciosa formação instrumental que é composta por uma série de instrumentos: o agogô (de uma boca ou duas) chamado Gã, o Xequerê, chamado de Abê, e três atabaques de diferentes tamanhos. Agogô https://images.tcdn.com.br/img/img_prod/1002741/agogo_duplo_cromado_contemporanea_01c_3608_1_b1057a6757b65e0f 72913539251ba9e2.jpg acesso em 28/02/2023 Xequerê https://images.tcdn.com.br/img/img_prod/1002741/agogo_duplo_cromado_contemporanea_01c_3608_1_b1057a6757b65e0f 72913539251ba9e2.jpg acesso em 28/02/2023 Atabaque https://images.tcdn.com.br/img/img_prod/1002741/agogo_duplo_cromado_contemporanea_01c_3608_1_b1057a6757b65e0f 72913539251ba9e2.jpg acesso em 28/02/2023 58 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Xère Serve para chamar e anunciar a presença de Xangô nos seus rituais e é também colocado no seu assentamento. Em algumas funções o xére pode substituir o adjá. https://images.tcdn.com.br/img/img_prod/1002741/agogo_duplo_cromado_contemporanea_01c_3608_1_b1057a6757b65e0f 72913539251ba9e2.jpg acesso em 28/02/2023 Adjá Adjá (em iorubá: Ààjà) ou Ajarim (Adjarin) é uma sineta de metal, utilizada pelos sacerdotes do candomblé durante as festas públicas acompanhando o toque e nas oferendas, com a finalidade de chamar os Orixás, ou provocar o transe. 59 Ritos, Mitos e Símbolos Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9.4 Símbolos Indígenas Algumas das principais características das religiões dos povos indígenas é a figura do xamã – o pajé (pai’é), em tupi-guarani. O pajé é um líder espiritual, um especialista em assuntos religiosos que, através do transe, consegue entrar em contato com os espíritos dos antepassados e seres sobrenaturais. O pajé, portanto, é aquele que estabelece a intermediação entre a aldeia dos vivos e a “aldeia” dos espíritos, sejam estes pertencentes a