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Fichamento de leitura A linguagem literária - Domício Proença Filho

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FICHAMENTO DE LEITURA – Andressa Christmann 
 
PROENÇA FILHO, Domício “A linguagem literária" Editora ática, São Paulo – SP, 6ª impressão, 
7ª edição. 
 
1-Texto literário e 
não literário 
Imaginemos que, na comunicação cotidiana, alguém nos diga a seguinte 
frase: — Uma flor nasceu no chão da minha rua! Conforme é dito, 
entendemos que se refere a algo que realmente ocorreu, corresponde a 
um fato anterior ao seu enunciado e de fácil comprovação. Mesmo diante 
de sua transcrição escrita, o que nela se comunica basicamente 
permanece. Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio 
de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o 
asfalto. 
Desde logo, estamos diante de uma utilização especial da língua que 
falamos. O ritmo que caracteriza o texto, a natureza do que se comunica 
e, ao chegar até nós por escrito, a distribuição das palavras no espaço do 
papel justificam essa conclusão. 
É claro que os versos remetem a uma realidade dos homens e do mundo, 
mas para além da realidade imediatamente perceptível e traduzida no 
discurso comum das pessoas, li o que acontece com essa modalidade de 
linguagem, a linguagem da literatura, tanto na prosa como nas 
manifestações em verso. 
A fala ou discurso é, no uso cotidiano, um instrumento da informação e da 
ação. A significação das palavras, nesse caso, tem por base o jogo de 
relações configuradoras do idioma que falamos. O mesmo não acontece 
com o discurso literário. Este se encontra a serviço da criação artística. O 
texto da literatura é um objeto de linguagem ao qual se associa uma 
representação de realidades físicas, sociais e emocionais mediatizadas 
pelas palavras da língua na configuração de um objeto estético. O texto 
repercute em nós na medida em que revele marcas profundas de 
psiquismo, coincidentes com as que em nós se abriguem como seres 
sociais. O discurso literário traz, em certa medida, a marca da opacidade: 
Um tipo específico de descodificação ligado à capacidade e ao universo 
cultural do receptor. Já se percebe o alto índice de multissignificação 
dessa modalidade de linguagem que, de antemão, quando com ela 
travamos contato, sabemos ser especial e distinta da modalidade própria 
do uso cotidiano. 
 
Literatura, conceitos Literatura é uma arte verbal. O seu conceito não é uma matéria pacíficas 
entre os estudiosos que a ela se dedicam. Apesar das inúmeras variações 
significativas no decorrer da história. Há também o entendimento que obra 
literária envolve uma representação e uma visão do mundo além de 
tomadas de decisões diante dele. A linguagem é vista como um mero 
veículo da comunicação e, de acordo com Maurice-Jean Lefebve, “a 
beleza da obra resulta, então, de um lado, da originalidade da visão, e, de 
outro, da adequação de sua linguagem às coisas expressas”. É a chamda 
concepção clássica da literatura. 
 
Literatura e 
conhecimento 
Para revelar o que se consubstancia no poema, o autor, se valeu da língua 
portuguesa do Brasil e, buscou caracterizar uma realidade apoiada em 
vivências humanas. A arte é um dos meios de que se vale o homem para 
conhecer a realidade. Esta última se efetiva na constante relação entre 
homem e mundo, entre sujeito e objeto, como costumam lembrar os 
filósofos. Na dialética, o homem busca aceder à interioridade da sua 
essência, para melhor saber de si e situar-se. Todo conhecimento se 
caracteriza como uma representação, como um tornar de novo presente a 
realidade em que vivemos, para que dela tenhamos uma visão mais clara 
e profunda, que escapa à nossa percepção imediata. Toda representação, 
nesse sentido, configura uma interpretação. A linguagem converte-se, 
como destaca Eduardo Portella, na “fonte de toda e qualquer realidade; é 
precisamente a realidade mais livre, a mais aberta”. 
 O texto literário repercute em nós, na condição de leitores ou ouvintes, na 
medida em que revele traços profundos do nosso psiquismo, coincidentes 
com o que em nós se abrigue como seres sociais. Nosso entendimento do 
que no texto se comunica passa a ser proporcional ao nosso repertório 
cultural. O texto literário pode ser lido, criticamente, considerada a 
polissemia que o caracteriza. O texto de literatura pode ser considerado 
como pretexto para a compreensão da língua, seu ponto de partida, 
procedimento bastante comum na realidade pedagógica brasileira. 
 
3- A linguagem: 
Conceitos 
A linguagem é uma das formas de apreensão do real. O ser humano vive 
em permanente e complexa interação com a realidade e a apreende de 
várias maneiras, por exemplo, através dos sentidos. 
De acordo com Ernst Cassirer, linguagem é a faculdade que o homem tem 
de expressar seus estados mentais através de um conjunto de sons vocais 
chamado língua, que é ao mesmo tempo representativo do mundo interior 
e do mundo exterior. 
A linguagem é entendida como uma atividade que apresenta um aspecto 
psíquico (linguagem virtual) e um aspecto propriamente linguístico 
(linguagem realizada) que, por sua vez, o ato linguístico (realidade 
imediata) e o repertório dos atos linguísticos (material linguístico). No 
âmbito desse posicionamento, a língua é uma abstração, um conjunto 
organizado de aspectos comuns aos atos linguísticos. A linguística tem 
como objeto o estudo da linguagem falada e articulada, ou seja, aquela 
que se concretiza nas línguas naturais. 
De acordo com Tatiana Slama-Casacu, a linguagem é um conjunto 
complexo de processos — resultado de uma certa atividade psíquica 
profundamente determinada pela vida social — que torna possível a 
aquisição e o emprego concreto de uma língua qualquer 
 
Sistema, 
comunicação e 
signo. 
Sistema: conjunto organizado que apesar das múltiplas modalidades de 
linguagem, tenta conhecer esses princípios, se desejarmos dela nos 
assenhorear e assegurar a eficácia da comunicação pelo seu intermédio 
que se processa. 
Comunicação: É a troca de mensagens ou informações entre seres 
humanos. Pensando na etimologia de uma palavra podemos entender 
como a faculdade que o homem tem de tornar comum a outrem seus 
pensamentos e desejos daquilo que lhe cerca. Envolve também realidades 
técnicas da relação entre o homem e as máquinas (por exemplo, os 
computadores) e das máquinas entre si, além de se estender ao mundo 
animal e aos sistemas próprios do interior do indivíduo. 
Signo: De acordo com PEIRCE, Charles Sanders, signo é qualquer 
elemento que, sob certas medidas e aspectos representa o outro. O signo 
pode identificar-se em três modalidades, que são: Signo índice – Mantém 
relação direta com o que representa. 
 
Fatores do processo 
linguístico da 
comunicação e 
funções da 
linguagem 
O processo da comunicação implica fatores e funções que têm 
preocupado estudiosos, como Roman Jakobson, Para esse especialista, 
cada ato de comunicação verbal envolve, na linguagem comum, um 
remetente que envia uma mensagem por meio de um código a um 
destinatário, estabelecido entre os interlocutores um contato que envolve 
um canal físico e a necessária conexão psicológica. A mensagem enviada 
é compreendida porque se refere a um contexto extra verbal e a uma 
situação efetivamente existente anteriores e exteriores ao ato da fala. 
Remetente ou emissor, mensagem, código, destinatário ou receptor, 
contato e contexto são, portanto, os seis fatores do processo linguístico da 
comunicação. Temos então algumas funções de linguagem: 
 
 a) função referencial ou denotativa 
 b) função expressiva ou emotiva 
c) função conativa ou apelativa 
d) função fática 
e) função metalinguística 
f) função poética ou fantástica 
 
Linguagem, língua e 
discurso. 
 A língua é um sistema de signos, ou seja, é um conjunto organizado de 
elementos representativos. Envolve dimensões fônicas, morfológicas, 
sintáticas e semânticas que, além das relações intrínsecas peculiares a 
cada uma, são também caracterizadas por um significativo inter-
relacionamento. A significação global emerge, portanto, das relações fono-
morfo-sintática semânticas que estãona base da organização desse 
complexo sistema. Já que estamos tratando de significação, vale lembrar 
que, em termos de palavra, esta resulta fundamentalmente, na sua 
condição de signo, da relação entre o significante e o significado, dois 
aspectos que o identificam: o primeiro, perceptível, audível; o segundo, 
produto dele, nele contido. E isso é ponto pacífico, desde os estudos 
pioneiros de Ferdinand de Saussure. Não nos esqueçamos também de 
que a língua, além de ser um conjunto organizado de valores, é, 
simultaneamente, uma instituição social, é a linguagem de urna sociedade. 
É constituída de elementos que têm um valor em si e um valor em relação 
aos demais; o signo linguístico, como explicita Barthes nos seus 
Elementos de semiologia, é como uma moeda: 
cada peça vale pelo seu poder aquisitivo, mas vale também em relação às 
outras moedas de valor maior ou menor. A língua pode ser entendida 
ainda como a realização de uma linguagem, um sistema de signos que 
permite configurar e traduzir a multiplicidade de vivências caracterizadoras 
do ser de cada um no mundo. Em sentido restrito, alguns linguistas a 
consideram um sistema de sons vocais peculiares ao uso da linguagem 
pelo ser humano. Outros, como Celso Cunha, por exemplo, em sua 
Gramática do português contemporâneo, a definem como "um sistema 
gramatical pertencente a um grupo de indivíduos" e, como expressão da 
consciência de uma coletividade, como o meio pelo qual esta concebe o 
mundo que a cerca e age sobre ele. 
 Podemos, ainda mais, entender saussurianamente com o citado Barthes 
que a língua (langue) é "a linguagem menos a fala (parole), é, ao mesmo 
tempo, uma instituição social e um sistema de valores. Como instituição 
social, ela não é absolutamente um ato; escapa a qualquer premeditação: 
é a parte social da linguagem"7. Língua e fala, diz ainda o semiólogo 
francês, "retiram sua definição do processo dialético que as une: não 
existe língua sem fala, não há fala fora da língua".8 Criação social, a 
língua vive em permanente mutação, acompanha as mudanças da 
sociedade que a elege como instrumento primeiro de comunicação. Nesse 
processo, o exercício da linguagem produz uma espécie de depósito 
sedimentário que ganha valor de instituição e se impõe ao falar individual 
por meio do dicionário e da gramática. 
 
Discurso e estilo Se a língua envolve uma dimensão social e se caracteriza por ser 
sistemática, a utilização individual que dela fazemos, ou seja, a fala ou 
discurso, é um conglomerado de fatos assistemáticos e, em relação a ela, 
Entende-se também, o discurso como um enunciado ou um conjunto de 
enunciados ditos e escritos por alguém na direção de um destinatário. 
Enunciado, segundo alguns linguistas, é, em função da significação, a 
unidade elementar da comunicação verbal, uma palavra ou sequência de 
palavras dotadas de sentido. Assumindo o discurso, o indivíduo busca 
escolher os meios de expressão que melhor configurem suas idéias, 
pensamentos e desejos. O estilo admite uma dimensão coletiva, vinculada 
aos estilos de época. Os conceitos de discurso e enunciado variam em 
função do enfoque. A respeito da literatura, só pode ser avaliada "pelas 
contribuições dos estilos individuais, ambíguas em si mesmas, que 
aparece em diferentes narrativas e autores da mesma era e parece 
informada pelos mesmos princípios perceptíveis nas artes vizinhas". 
 
 
Dimensões da 
linguagem 
O texto literário envolve dimensões universais, individuais, sociais e 
históricas. A linguagem, de acordo com Coriseu, é uma atividade humana 
universal, que se realiza individualmente, mas sempre segundo técnicas 
historicamente determinadas (línguas) 
 
 
 
 
 
4- Literatura, 
mimese e 
universalidade. 
A literatura é uma forma de linguagem tendo a língua como suporte onde o 
texto literário tem presente uma comunicação em forma de discurso que 
por revelação pode-se compreender a configuração mimética do real, 
levando a afirmação a um importante conceito ligado a arte literária: 
Mímese (texto literário = discurso = real - mímese). Para Aristóteles, 
mimese pode ser entendida como imitação, onde imitar significa muito 
mais do que “fotografar” o real, porém a acepção da palavra passou por 
diversos séculos mudando seu significado. Após anos passou a ser 
entendida como revelação da essência do real. A literatura se configura 
quando, ao tratar desses fatos ou situações, dimensiona lhes elementos 
universais [...] Se a linguagem verbal caracteriza uma "desrealização" da 
realidade ao transformá-la em signos-símbolos, a mímese poética leva 
ainda mais longe esse desrealizar-se, quando, a partir do fingimento do 
particular, atinge espaços da universalidade. O fenômeno literário se 
efetiva na inter-relação autor/ texto/leitor. Já se percebe por que a obra 
literária sempre admite diferentes interpretações. (p. 29). A linguagem é 
ambígua e vinculada ao caráter conotativo. 
Abertura e 
conotação 
A conotação, processo linguístico das funções de linguagem é definida por 
Mattoso Câmera, “a parte do sentido de uma palavra que corresponde à 
sua capacidade de funcionar para uma manifestação psíquica ou um 
apelo”, então, a conotação depende de fatores vários: a) de aspectos 
fônicos do vocábulo, que podem "impressionar pela harmonia ou pela 
cacofonia"; b) "da associação com outras palavras, num dado campo 
semântico ou em frases usuais e frequentes"; c) da própria denotação, que 
evoca sensações agradáveis ou desagradáveis; d) "de pertencer a palavra 
a uma dada língua especial, como uma língua profissional, a língua 
literária ou a gíria"; e) "de se situar entre os arcaísmos ou os 
regionalismos"; f) "de impressões emocionais coletivas ou mesmo 
individuais, caracterizando o estilo individual, como as coletivas 
caracterizam o estilo coletivo de uma dada época"(p. 30) pode 
compreender-se por denotação a parte da significação linguística na 
função referencial ou representativa da linguagem. 
Cultura e arte 
literária 
 
A literatura só existe onde tem presença de um povo e, 
consequentemente, de uma cultura. 
A caracterização cultural, em termos sociais, admite ampliações e 
setorizações que permitem tratar, entre outras, de cultura ocidental, cultura 
europeia, cultura grega, cultura romana, cultura brasileira etc. 
Consequentemente, de literatura ocidental, literatura europeia, literatura 
grega, literatura romana, literatura brasileira etc.(p. 34). 
Cultura, língua e literatura estão, portanto, estreitamente vinculados. 
 
 
Literatura e 
especificidade 
Se literatura é uma arte, ela é um meio comunicativo, envolvendo uma 
linguagem também especial. Diante do mistério do fenômeno literário, o 
maior desafio é caracterizar a especificidade. Identificar certos traços 
peculiares do discurso literário tem se mostrado possível. Ainda não 
conseguiu se definir, o índice de chamada literariedade. Estudiosos 
vinculam a interpretação desta literariedade a uma conotação sócia 
cultural e sua variação no tempo e espaço humanos. 
Complexidade O discurso da literatura se caracteriza por sua complexidade. O texto 
literário ultrapassa os limites da simples reprodução, as informações vão 
além do nível semântico, tal que em sua comunicação se torna impossível 
através das estruturas elementares do discurso cotidiano. 
No dispositivo verbal da obra de arte literária, revelam-se realidades que, 
atingem espaços de universalidade. 
A linguagem literária produz e a não literária reproduz (sentido imediato).O 
texto literário é um objeto linguístico e um objeto estético. 
Multissignificação o texto literário tem um uso específico e complexo da língua, os signos 
linguísticos, as frases, as sequências assumem, significado variado e 
múltiplo. Assim, afastam-se, por exemplo, da monossignificação típica do 
discurso científico, para só citar um caso. Assim, estudiosos situam que a 
linguagem literária assume a relação que chamam grau zero da escritura. 
Esse grau zero é entendido como discursoe clareza da comunicação nele 
veiculada e de acordo com as normas da língua. 
A literatura cria significantes e funda significados. Apresenta seus próprios 
meios de expressão. 
A multissignificação é o traço que permite as múltiplas leituras existentes 
da obra de João Cabral de Melo Neto, de Guimarães Rosa... 
A permanência de determinadas obras se prende ao seu alto índice de 
polissemia, que as abre às mais variadas incursões e possibilita a sua 
atemporalidade (como é o caso de Grande Sertão: Veredos-publicado em 
1956). 
Predomínio da 
conotação 
A linguagem literária é eminentemente conotativa. O texto literário resulta 
de uma criação, é do arranjo das palavras que emerge o sentido múltiplo. 
O texto literário pode abrigar a presença de elementos identificadores de 
um real concreto, que apresenta uma imagem desse real a outros 
elementos que fazem o texto. Este reside na conotação. (p.40) 
Liberdade na 
criação 
 
Manifestações literárias envolvem adesão, transformação ou ruptura em 
relação à tradição linguística. A literatura se abre pela criatividade do 
artista. Não existe uma "gramática normativa" para o texto literário. Seu 
único espaço de criação é o da liberdade. [...]O artista da palavra tem uma 
sensibilidade mais apurada do que a do comum das gentes, e essa 
acuidade mobiliza-lhe a criação progressora. No texto literário a criação 
estética autoriza qualquer transgressão nesse sentido. E em termos de 
história literária, múltiplos e vários têm sido os percursos nessa direção, 
seja em termos individuais, seja em termos de movimentos de época. (p. 
41-42) 
Ênfase no 
significante 
O texto não-literário confere destaque ao significado, já o texto literário tem 
o seu sentido apoiado no significado e no significante. Num poema como o 
"Soneto de separação", de Vinícius de Moraes, por exemplo, os fonemas 
bilabiais de certos vocábulos parecem contribuir para o sentido dominante 
no texto. A questão é facilmente compreensível: basta substituir os 
vocábulos de um texto por sinônimos, para aquilatar a relevância do 
significante. Pensemos na fala famosa do Hamlet, de Shakespeare: 
To be or not to be: that is the question (Ser ou não ser: eis a questão) 
 Evidentemente, perde-se muito do efeito estético com as expressões 
substitutas, levando-se em conta, obviamente, o contexto em que as 
palavras do teatrólogo se inserem. 
Variabilidade O texto literário se vincula, a um universo sociocultural e dimensões 
ideológicas; as línguas acompanham as mudanças culturais, assim como 
a linguagem, a literatura, manifestação cultural, acompanham as mudanças 
da cultura. 
A literatura traz a marca de uma variabilidade específica, seja em relação 
aos discursos individuais, seja em termos de representatividade cultural. E 
não nos esqueçamos de que, na base da literatura, está a permanente 
invenção. (p.44) 
 
modos de realização O texto literário-imediatamente comprovável - se faz de manifestações em 
prosa e de manifestações em verso. 
Manifestações em prosa: Envolvem as modalidades da narrativa de 
ficção.- significa invenção, construção da imaginação, fingimento, 
simulação, imaginação, Caracteriza-se de histórias fictícias ou simuladas, 
nascidas da imaginação. As principais modalidades são o conto, o romance 
e a novela. O conto é uma amostra da vida, por meio de um episódio, ou 
um momento singular e representativo. Constitui-se de uma história curta, 
simples, com economia de meios, concentração da ação, do tempo e do 
espaço. 
As visões da narrativa: A narração pode se dar por um narrador não 
participante ou por um personagem que convive com os outros na história 
narrada. A visão da narrativa também pode ser chamada de ponto de vista, 
foco ou enfoque narrativo... 
A história pode também ser contada em primeira pessoa por um dos 
personagens ou a história contada em terceira pessoa por um narrador 
que se situa fora dos acontecimentos e pode: a) saber tudo a respeito de 
tudo (visão totalizadora); b) conhecer plenamente apenas um dos 
personagens (visão limitada); c) conhecer superficialmente os personagens 
(visão restrita). 
 O crítico francês Jean Pouillon, no seu O tempo no romance, ao tratar dos 
"modos de compreensão" em relação ao romance, admite três 
modalidades básicas de visão: a visão "com" (vision "avec"), a visão "por 
trás" (vision "par derrière ") e a visão "de fora" (vision "du dehors"). Na 
visão "com", tudo se centraliza num personagem e é a partir dele que nós 
vemos e "vivemos" os acontecimentos narrados e percebemos também o 
que com ele se passa no âmbito da ação do romance. A diferença entre a 
visão "com" e a visão "por trás" é a que se verifica entre a pura e simples 
consciência e o conhecimento à luz da reflexão. 
Os personagens: “eles vivem na história”. Os personagens "são", no que 
"representam" ou no que "fazem", privilegiando, assim, dimensões 
aspectuais. 
 Daí a variada tipologia que os considera: a) por sua natureza — quando 
podem ser: seres humanos, coisas , e, por extensão, elementos da 
natureza. b) pela variedade — quando podem ser: individuais, ao se 
identificarem com seres nitidamente caracterizados em sua personalidade; 
típicos, quando trazem características que os identificam com um grupo 
social, nacional, regional, profissional etc. Certos personagens típicos 
acabaram tornando-se universais; c) pela função que desempenham — 
quando podem ser: protagonistas, as figuras principais da história, 
antagonistas, os que se opõem à figura principal. Nessa área funcional há 
que considerar ainda o narrador, caracterizado como tal. 
A ação: A narrativa, que integra ação e narração, caracteriza uma 
sequência, simples ou complexa, de conflitos ou tensões que se resolvem 
ou não. A ação se situa, assim, no nível da trama, intriga ou enredo, que 
envolve o que ocorre com os personagens, o conjunto de seus atos ou 
reações. Entende-se por narração a sucessão de fatos e acontecimentos 
em sequência ordenada. É a forma de como a narrativa se organiza. 
O tratamento do tempo: 
 O homem é um ser temporal. O tempo cronológico. Admite padrões fixos 
ao movimento de rotação e translação da Terra. É um tempo objetivo, que 
se opõe à subjetividade do tempo psicológico, interior e relativo, situado no 
âmbito da experiência individual, que avalia a partir de padrões variáveis. A 
duração (durée) é anacrônica. O pensamento bergsoniano, notadamente a 
teoria da durée, está na base da concepção de personagem,especialmente 
no romance. [...] Enquanto a narrativa linear exprime a continuidade do 
tempo exterior, a associação dinâmica pode revelar a continuidade 
emocional. Esse posicionamento envolve relações da narrativa, instalando-
se no âmbito da consecução e da consequência. 
 O ambiente: envolve condições materiais ou espirituais em que se 
movimentam os personagens e se desenrolam os acontecimentos. 
O estilo: Estudos relacionados com o estilo envolvem, em síntese, dois 
posicionamentos: há aqueles que o consideram como resultante de um 
conjunto de escolhas em relação à língua; outros entendem que se trata de 
um desvio em relação à norma gramatical. Vossler compara a forma que 
usamos ao falar com a forma que vestimos: segundo ele, o modelo nos é 
imposto pela vida prática, mas a decisão é nossa. 
O estilo tende a se confundir com o idioleto, ou seja, "o sistema de 
expressões de um indivíduo isolado" ou, "o nome dado pelos linguistas 
americanos à língua tal como é observada no uso de um indivíduo". “Pode-
se também entender estilo como “fenômeno de elaboração, que consiste 
em substituir a natural linearidade da linguagem em razão de um objetivo 
mais ou menos intuitivo ou inconsciente que deve resultar das escolhas 
sucessivas”. 
Como quer que seja, para efeito operacional, entenda-se o estilo na 
definição adaptada de Hatzfeld que se vincula a uma organização 
específica: o estilo passa a integrar um objeto estético e assume dimensãorelevante. O mais se situa no espaço de muitos problemas ainda não 
resolvidos plenamente na área dos estudos da linguagem e da literatura. 
Manifestação em verso: Como registra Mattoso Câmara, "a frase ou o 
segmento frasal em que há um ritmo nítido e sistemático". 
Se nos limitarmos apenas à área fônica, podemos dizer, como Todorov, 
que um verso é formado por uma sequência métrica de sílabas. O ritmo do 
verso é consequência dessa regularidade (ritmo silábico) e dessa 
disposição (ritmo intensivo). O final do século XIX assiste ao aparecimento 
de um novo tipo de verso, o verso livre, que deixa de ter na sílaba a sua 
unidade. 
Por entoação entende-se a linha melódica que caracteriza o enunciado: é a 
escala de elevação da voz com que se enuncia uma frase. Três elementos 
interdependentes costumam ser apontados como relevantes na 
caracterização tradicional do verso: o metro, a rima e as formas fixas. 
O metro: Apoia-se na repetição de três fatos linguísticos: a sílaba, o 
acento, a quantidade. 
A sílaba se constitui de um fonema-núcleo, chamado silábico, 
acompanhado ou não de outros fonemas, chamados não silábicos. Em 
termos de verso, a sílaba só se converte em realidade linguística na leitura 
particular que se chama metrificação ou escansão, por exemplo: 
 A / mor / é / fo / go / que ar / de / sem / se / ver /; É / fe / ri /da / que / dói / 
e / não / se / sen / te (Camões) 
Essa escansão envolve algumas normas que apresentam pequenas 
alterações de idioma para idioma. Em português, a divisão silábica do 
verso é semelhante à divisão silábica da prosa, com as seguintes 
especificidades: 
Contam-se as sílabas somente até a última tônica, como nesse verso de 
Cecília Meireles: Ai / pa / la /vras / ai / pa / la / vras (sete sílabas métricas) 
O encontro de duas vogais idênticas obriga o uso da crase, como nesse 
outro verso de Cecília Meireles, sequência do exemplo anterior: Que‡es / 
tra / nha / po / tên / cia‡a / vos /sa! (crases: e + e = e; a + a = a). 
Também se considera uma só sílaba a elisão, ou seja, no encontro de 
vogais átonas ou de vogai átona com vogai tônica entre vocábulos, a 
primeira deixa de ser pronunciada: sois / o / so / nho‡e / sois / a au / dá / 
cia (elide-se o final de sonho e lê-se sonhe sois). 
Em alguns casos, no encontro de uma vogai nasal com uma vogai oral 
entre vocábulos, desnasaliza-se a primeira, para efeito de metrificação. 
 A princípio, é possível distinguir três tipos de metro: o silábico, o acentuai 
e o quantitativo, cada um apoiado, respectivamente na repetição regular do 
número de sílabas, de acentos, de quantidades. 
 O fim do verso é dado por uma pausa métrica. Quando o final do verso 
caracteriza discordância sintática ou separação de palavras de um grupo 
fônico, estamos diante do recurso estilístico chamado cavalgamento ou 
"enjambement”. Em outros termos, o enjambement é a não-coincidência 
entre a pausa métrica e a pausa verbal (gramatical ou semântica). Admite, 
portanto, duas leituras: uma métrica; outra, semântica. 
A rima: Contribui para o ritmo do verso. É a coincidência de fonemas em 
lugares do verso. Essa coincidência se dá no final do verso, mas pode 
aparecer no meio ou no início. A rima é um fenômeno fonético. 
Se há identidade ou semelhança de todos os fonemas a partir da vogai 
tônica, diz-se que a rima é soante, também conhecida como rima 
consoante ou consonância. Ex.: tanto / encanto. Coincidem-se apenas as 
vogais tônicas ou as vogais a partir da tônica, incluída esta, tem-se a 
chamada rima toante ou assonante ou assonância. Há também a 
coincidência das consoantes no início dos termos; é a chamada rima 
aliterada ou aliteração. Versos que não rimam são chamados soltos ou 
brancos. 
As formas fixas: As formas fixas chama-se estrofe a sucessão de dois ou 
mais versos que resultam na combinação de estrofes, que nos levam a 
exemplos como o soneto, a balada, a lira etc. 
Verso, Prosa, 
gêneros literários. 
Manifestações em verso envolvem dimensões líricas, épicas e dramáticas. 
Já o romance, a novela e o conto são manifestações literárias em que 
predomina o épico. Lembrança que diz um grande problema da teoria 
literária: os gêneros literários. Começa nas áreas da semântica abrangida 
pelo termo: a designação gênero ora se restringe a três grandes divisões 
tradicionalmente fixadas— lírica épica e drama e, logo, gênero lírico, épico 
e dramático. Platão, não trata sistematicamente da literatura, escreve sobre 
tragédia, comédia, ditirambo e poesia épica, fazendo referências, nos seus 
Diálogos, que permitem depreender uma preocupação com a unidade e a 
universalidade da arte e uma propensão para abolir divisões. Aristóteles 
refere-se à épica, ao drama e à poesia lírica como gêneros poéticos 
fundamentais. Estabelece distinções apoiadas na natureza dos assuntos 
tratados e nos elementos formais, como a métrica e a linguagem figurada. 
“A poesia lírica é a ‘pessoa’ do próprio poeta; na poesia épica, o poeta fala 
em primeira pessoa, como narrador, e em parte faz falar seus personagens 
em estilo direto (narração mista); no teatro, o poeta desaparece através da 
distribuição de papéis”. 
O filósofo italiano Benedetto Croce, que confere à teoria dos gêneros 
significação secundária, como um elemento extrínseco da obra; para ele, 
esta deve ser estudada em si mesma, como expressão única de 
realidades. A validade estética da obra de arte literária independe, segundo 
Croce, de sua subordinação a este ou àquele gênero arbitrariamente 
caracterizado. Outras perspectivas para o estudo dos gêneros literários 
colocam o centro das atenções na estrutura linguística da obra; é o caso da 
posição de Roman Jakobson. Em resumo, os estudos sobre a matéria 
envolvem duas teorias: a) a teoria clássica, e b) a teoria moderna. 
Questões em aberto A questão do referente: Para alguns estudiosos, o texto literário não tem 
referente, pois ele liga-se ao contexto extra verbal estando fora da 
linguagem; A tese ainda é pensada em termos de mímese das aparências 
e só essa ausência de referente quiser significar que ele é fictício ou 
imaginário. Podemos acreditar que o texto literário é uma desrealização do 
real que remete à profundidade desse real; ou aceitar o texto como 
concretizador de uma mímese das essências; ou pensar em textos 
autobiográficos, ou narrativas contemporâneas, em que as fronteiras do 
real e do imaginário parecem diluir-se; entender que os traços literários 
envolvem não apenas a totalidade do texto de literatura, mas podem ser 
configurados em fragmentos e passagens. O problema continua quando 
muitos consideram que o texto literário é um simulacro de referente e de 
outros a entender que algo da realidade abriga-se nos espaços do ficcional. 
 
Intertextualidade: O termo "intertextualidade" foi dado por Mia Kristeva 
como substituto de dialogismo Em oposição a Saussure, que privilegia a 
língua em sua dimensão ideal, Bakhtin concentra suas atenções na fala (ou 
discurso), que considera ligada às condições da comunicação. As palavras 
de um enunciado são vinculadas a inúmeros contextos vividos, e a 
comunicação envolveria a interação de um falante, um destinatário e um 
"personagem" envoltos por um horizonte comum que possibilita a 
compreensão dos elementos ditos e não ditos. Ainda segundo sua teoria, a 
realização de qualquer comunicação ou interação verbal tem uma troca de 
enunciados, situa-se na dimensão de um diálogo. O discurso literário 
envolve um cruzamento, um diálogo de vários textos, que se dá em nível 
horizontal e em nível vertical: em termos de horizontalidade, a palavra, no 
texto, pertence, ao mesmo tempo, a quem escreve e ao destinatário; 
verticalmente, é orientada na direção do corpus literário anterior ou do 
contemporâneo. 
A caracterização da intertextualidade permite "ler", por exemplo, em Grande 
sertão: veredas, de Guimarães Rosa, a presença de Os sertões, de 
Euclides da Cunha, e do discursoda Bíblia; o texto bíblico, aliado ao texto 
da mitologia clássica e ao texto da história do Brasil, aparece em Esaú e 
Jacó, de Machado de Assis. 
Fechamento: 
O texto literário tem um começo, um meio e um fim. É uma história narrada, 
com abertura a imaginação para resolução de algumas tensões 
apresentadas. O discurso será fechado quando ele manifestar seu próprio 
finalizar-se, do tipo "agora aplaudam", ou quando sua natureza o indicar, 
por exemplo, com os poemas de forma fixa, como o soneto. Discurso é 
compreendido como o encadeamento das unidades propriamente 
linguísticas (do fonema à frase) que tornam o texto manifesto. O 
fechamento da narrativa se dá "quando o conjunto de suas sequências está 
implícito na primeira sequência dentre elas" ou quando se explicita na 
última sequência. 
Nos textos em que a ação da última sequência admite o prosseguimento 
para além do discurso acabado, a narrativa permanece aberta. 
Citações de autores T. Hall (p.33) “Uma cultura constitui um corpo complexo de normas, 
símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, 
estruturam os instintos, orientam as emoções”. 
Lefebve (p.35) diz, portanto que a linguagem literária, abre-se sobre o 
mundo e coloca diante dele “uma questão que não é daquelas que podem 
ser respondidas pela ciência, pela moral ou pela sociologia”. 
Síntese geral, 
Conclusão. 
O autor enfatiza aspectos da literatura, por exemplo, o que é uma literatura, 
o que deve conter nela, focando aspectos como a coesão e coerência de 
um texto. No capitulo cinco, o autor da uma grande ênfase na parte da 
escanção demonstrando as mais variadas normas e padrões para que tudo 
saia como deve. Fala também sobre os diferentes gêneros literários dando 
ênfase na poesia mostrando exemplos com diferentes autores. O livro 
busca trazer o quão uma leitura é importante e quantas coisas têm em 
nosso dialeto que nem sempre sabemos.

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