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20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 1/25 Segurança do Trabalho Análise ergonômica do trabalho, PPR, PCA, PGR e demais programas regulamentados, legislações específicas e acordos coletivos Os programas elaborados na área de saúde e segurança do trabalho (SST) têm como principal objetivo a proteção da saúde e da integridade física de todos os trabalhadores, a partir de medidas de antecipação e reconhecimento dos riscos para implementação das medidas de controle necessárias, do acompanhamento e do monitoramento contínuos para avaliar a efetividade das medidas adotadas e, por fim, do processo de melhoria contínua. Desse modo, pode se fazer a gestão de todos os fatores de risco no ambiente de trabalho, podendo ser fatores de risco de acidentes, físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. Os programas adotados dentro das empresas são essenciais para todo o processo de gestão e também para estabelecer um sistema de gestão que tangencia todas as normas regulamentadoras, conseguindo assim reduzir de forma eficaz os acidentes e as doenças ocupacionais e gerenciar todas as situações em que há exposição. Os programas complementar-se-ão e jamais atuarão de forma independente. É nesse preceito que deve ser baseado o sistema de gestão da saúde e segurança no trabalho. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 2/25 Alguns programas em determinados setores são elaborados para fatores de risco mais específicos, como é o caso do Programa de Controle Auditivo (PCA), que contém foco específico na gestão da exposição ocupacional ao ruído. Esse programa é elaborado especificamente para atividades em que os trabalhadores estão expostos a substâncias ototóxicas, ou seja, agentes químicos de riscos que, junto ao ruído, podem prejudicar a audição do trabalhador. O Programa de Proteção Respiratória (PPR) contém basicamente o mesmo princípio que o PCA, só que seu foco é na proteção respiratória, utilizada principalmente quando os trabalhadores são expostos aos agentes químicos cancerígenos, os quais podem resultar em doenças graves respiratórias. O Programa de Gestão de Riscos Ocupacionais (PGR) substitui o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), com o diferencial de que o PGR trata de todos os fatores de risco específicos em que o trabalhador estará exposto, físicos, químicos, biológicos, de acidente e até ergonômicos. O fato de o PGR existir, porém, não invalidará a necessidade de elaboração dos outros programas para se estabelecer um processo de gestão mais qualificado dos fatores de risco. A análise ergonômica do trabalho acaba sendo confundida por muitos profissionais como uma ferramenta de gestão, ou até mesmo um programa, o que não é verdade. Todo programa envolve os conceitos de antecipação, reconhecimentos e planos, estabelecimento de medidas de controle e monitoramento, por fim avaliação e melhoria contínua. Esse não é o caso da análise ergonômica do trabalho, que é uma ferramenta mais precisa para identificação dos riscos ergonômicos no ambiente de trabalho. Por isso, a análise ergonômica do trabalho caracteriza-se por ser uma ferramenta de análise de risco, e não um programa de gestão. Neste conhecimento, você aprenderá sobre a análise ergonômica do trabalho, os programas e a técnica de análise de risco ocupacional, assim como a legislação adotada e os acordos coletivos do trabalho dentro das normas regulamentadoras 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 3/25 (NRs), trazendo os principais conceitos em que o técnico de segurança terá um papel fundamental na aplicação, na implementação e no monitoramento dentro do ambiente de trabalho. Análise ergonômica do trabalho A NR-17 foi considerada um novo marco no conceito de ergonomia dentro do ambiente de trabalho, tanto para as empresas quanto para os trabalhadores. No início da apresentação da nova norma nas comissões tripartites, houve uma resistência por parte dos representantes dos empregadores, porém os técnicos do Ministério Público do Trabalho fizeram uma atividade de pesquisa extremamente minunciosa de tudo que existia no mundo na área de ergonomia, o que acabou convencendo os empregadores da importância da norma. A principal característica que envolve a NR-17 está na adaptação das condições e da organização do trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores. A partir daí, não é mais o homem que se adapta ao trabalho, e sim o trabalho que se adapta ao homem. Um exemplo claro são as máquinas e os equipamentos. Os trabalhadores com baixa estatura não poderiam trabalhar em máquinas que exigiam uma altura maior dos trabalhadores, mas hoje as máquinas devem atender tanto aos trabalhadores mais baixos quanto aos trabalhadores mais altos, ou seja, é a máquina que deve se adequar. Sendo uma norma que estabelece poucos parâmetros, os outros critérios ficam à subjetividade do conforto, por isso a participação dos trabalhadores em qualquer análise de risco com foco na ergonomia é extremamente essencial. E, antes do aprofundamento nos conceitos que envolvem a análise ergonômica do trabalho, é de fundamental importância estabelecer o conceito de características psicofisiológicas dos trabalhadores. Veja algumas das características psicofisiológicas parametrizadas dos trabalhadores que são conhecidas: 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 4/25 Preferência por escolher livremente a postura, de acordo com a exigência das atividades Utilização de toda a musculatura corporal Preferência por impor a própria cadência de trabalho e não ter um ritmo ditado por uma máquina ou esteira Não consideração dos limites de sua musculatura, quando aumentar a cadência Sentimento de bem-estar quando solicitado para resolver problemas relacionados às suas tarefas Capacidade sensitiva motora que varia para cada trabalhador Redução progressiva da capacidade sensitiva motora, mas compensada pela experiência Organização coletiva para gerenciar a carga de trabalho, um papel mais importante que a competitividade A ergonomia foca também nas condições de trabalho e na organização do trabalho: 1. Levantamento, transporte e descarga de materiais, movimentos específicos não naturais do corpo, posições de trabalho fixas tanto na posição sentado quanto em pé, movimentos do tronco 2. Mobiliário com quinas vivas, sem ajustes para altura e características antropométricas dos trabalhadores 3. Equipamentos não adaptados às características psicofisiológicas dos trabalhadores, necessidade de execução de movimentos repetitivos 4. Condições ambientais do trabalho, como conforto térmico, conforto acústico e iluminação 1. Normas de produção, que são as regras da empresa escritas, ou não, que o trabalhador deve seguir para realizar suas tarefas 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 5/25 2. Modo operatório, que se refere às atividades que devem ser executadas durantes suas tarefas 3. Exigência de tempo, que diz respeito às metas de produção ou quanto deve ser produzido durante determinado tempo 4. Determinação do conteúdo de tempo para realização de uma atividade 5. O ritmo de trabalho pode ser livre, ou seja, cada trabalhador define o momento que irá executar sua tarefa e como irá fazer para atingir as metas, ou controlado por uma esteira que define o tempo específico e quando ele irá executar suas tarefas. A cadência do trabalho é a velocidade com que os movimentos se repetem em uma unidade de tempo. 6. Conteúdo das tarefas, que está relacionado ao modo como o operador percebe suas tarefas, sentindo-se socialmente importante, desafiado ou considerando a tarefa monótona Condições do trabalho 1. Levantamento, transporte e descarga de materiais, movimentos específicos não naturais do corpo, posições de trabalho fixas tanto na posição sentado quanto em pé, movimentos do tronco 2. Mobiliário com quinas vivas, sem ajustes para altura e características antropométricas dos trabalhadores 3. Equipamentos não adaptados às característicaspsicofisiológicas dos trabalhadores, necessidade de execução de movimentos repetitivos 4. Condições ambientais do trabalho, como conforto térmico, conforto acústico e iluminação Organização do trabalho 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 6/25 1. Normas de produção, que são as regras da empresa escritas, ou não, que o trabalhador deve seguir para realizar suas tarefas 2. Modo operatório, que se refere às atividades que devem ser executadas durantes suas tarefas 3. Exigência de tempo, que diz respeito às metas de produção ou quanto deve ser produzido durante determinado tempo 4. Determinação do conteúdo de tempo para realização de uma atividade 5. O ritmo de trabalho pode ser livre, ou seja, cada trabalhador define o momento que irá executar sua tarefa e como irá fazer para atingir as metas, ou controlado por uma esteira que define o tempo específico e quando ele irá executar suas tarefas. A cadência do trabalho é a velocidade com que os movimentos se repetem em uma unidade de tempo. 6. Conteúdo das tarefas, que está relacionado ao modo como o operador percebe suas tarefas, sentindo-se socialmente importante, desafiado ou considerando a tarefa monótona Todos esses aspectos devem ser considerados para a realização de uma análise de risco simples, com foco nos riscos ergonômicos, e também na situação que envolve a análise ergonômica do trabalho, que é uma análise que parte de uma demanda. Uma demanda caracteriza-se por ser situações de afastamento do trabalho devido a doenças consequentes de fatores de risco ergonômicos, ou seja, busca-se uma análise de riscos simples; caso os problemas de afastamento em função dos fatores de risco relacionados à ergonomia persistam, será necessária a análise ergonômica do trabalho. Como se percebe, a análise ergonômica do trabalho não é um programa de gestão, e sim uma abordagem metodológica proposta pela ergonomia que realiza uma avaliação detalhada das tarefas e do modo operatório, das condições de trabalho, da organização do trabalho, do trabalho real executado pelo trabalhador e do trabalho prescrito no procedimento. Elaborar uma análise ergonômica do trabalho envolve um tempo relativamente elevado de investigação; muitas vezes, levam-se dias colhendo todos os dados necessários relacionados às condições de trabalho e também organização do trabalho, fazendo uma atividade de pesquisa que envolve a participação de todos os trabalhadores. As etapas da análise ergonômica do trabalho são: 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 7/25 Análise da demanda de contexto Análise global da empresa Análise da população dos trabalhadores Situação do trabalho a ser estudada Descrição das tarefas prescritas e das tarefas reais Estabelecimento de um pré-diagnóstico Determinação de diagnóstico global Validação de diagnóstico pelos funcionários e projeto de melhoria Cronograma de implementação do projeto de melhoria Acompanhamento das modificações e avaliar Como se pode ver, a análise ergonômica do trabalho é uma técnica de análise de risco extremamente mais aprofundada e que requer uma demanda, não podendo ser, em hipótese alguma, banalizada e usada inadequadamente. Ela é mais uma ferramenta dentro do processo de gestão com o intuito de identificar riscos e propor melhorias adequadas para redução desses riscos dentro de uma atividade, ou seja, não é um programa de gestão ergonômica. Quando se realiza a gestão dos riscos ergonômicos dentro de uma empresa, deve-se considerar todas as ferramentas utilizadas para se identificar esses fatores de risco e, a partir daí, estabelecer as melhorias necessárias para a redução deles, um cronograma de implementação e desenvolvimentos dessas melhorias, avaliação dos resultados e aperfeiçoamento contínuo. Para isso, existe uma ferramenta interessante no processo de gestão, a qual é a base de qualquer programa de gerenciamento de riscos: o PDCA. Desse modo, pode ser elaborado dentro da empresa o Programa de Gestão de Riscos Ergonômicos, com a utilização de diversas ferramentas de identificação de fatores de risco, incluindo a análise ergonômica do trabalho, o princípio do PDCA e a melhoria contínua do processo. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 8/25 Figura 2 – PDCA para gestão dos riscos ocupacionais Fonte: Saliba, 2002. Programa de Proteção Respiratória – PPR O principal objetivo deste programa é estabelecer práticas aceitáveis para usuários de respiradores, informando e orientando sobre o modo apropriado de selecionar, usar e cuidar dos respiradores. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 9/25 As orientações abrangem o uso de equipamento de proteção respiratória, cuja finalidade é proteger contra a inalação de contaminantes nocivos do ar e contra a deficiência de oxigênio em ambientes confinados. O primeiro foco deste programa é identificar os riscos relacionados aos agentes químicos que possam trazer transtornos pelas vias áreas na respiração dos trabalhadores. A premissa básica da implementação desse programa é que a utilização de qualquer tipo de proteção individual deve ser a última alternativa a ser analisada, devendo ser sempre priorizadas as seguintes ações: Diminuição da exposição Adoção de medidas de proteção coletiva Substituição das substâncias tóxicas A opção pelo uso de respiradores somente deve ocorrer depois de avaliar se a proteção coletiva é inviável, se ela não é suficiente para atingir os níveis aceitáveis, se está em manutenção, sem retorno em tempo hábil para a realização do serviço, ou se ainda está sendo implantada. Veja algumas definições básicas: Atmosfera imediatamente perigosa à vida ou à saúde Atmosfera imediatamente perigosa à vida ou à saúde é qualquer atmosfera que apresente risco imediato à vida ou produza imediato efeito debilitante irreversível à saúde. Um local é imediatamente perigoso à vida e à saúde (IPVS) quando: 1. A concentração for superior à concentração IPVS ou suspeita de ser superior 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 10/25 2. O espaço confinado tiver percentual de oxigênio inferior a 20,9% (a não ser que a causa da redução seja conhecida e controlada) 3. O percentual de oxigênio for menor que 12,5% ao nível do mar (ou a pressão parcial de oxigênio for menor que 95 mmHg) 4. A pressão atmosférica local for menor que 450 mmHg (4.240 m de altitude) Substâncias cancerígenas De acordo com o Ministério da Saúde (2007), em artigo publicado pela Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, O câncer ocupacional é originado devido a exposição a agentes carcinogênicos presentes no ambiente de trabalho, mesmo após a cessação da exposição; representa de 2% a 4% dos casos de câncer. Os fatores de risco de câncer podem ser externos (ambientais) ou endógenos (hereditários), estando ambos inter- relacionados e interagindo de várias formas para dar início às alterações celulares presentes na etiologia do câncer. A má qualidade do ar no ambiente de trabalho é um fator importante para o câncer ocupacional. Durante pelo menos oito horas por dia os trabalhadores estão expostos ao ar poluído, pondo seriamente em risco a saúde. Quando o trabalhador também é fumante, o risco torna-se ainda maior, pois o fumo interage com a capacidade cancerígena de muitas das substâncias. Alguns tipos de agentes causadores: Agentes químicos: • Agrotóxicos; • Amianto (ou asbesto); • Sílica; • Benzeno; • Xileno; • Tolueno. Profissionais expostos a estes agentes são, principalmente, agricultores, operários da indústria química e construção civil, trabalhadores de laboratório, mineradores etc. (BRASIL, 2007) A exposição aos agentes químicos cancerígenos e também aos locais imediatamente perigosos à vida e à saúde faz necessária a elaboração do PPR para a prática de gestão dos riscos no ambiente de trabalho. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 11/25 Fator de Proteção Requerido – FPR Este valor expressa a proteção necessáriaque deverá ser suprida pelo respirador e é calculada dividindo-se a concentração no ambiente de trabalho pelo limite de tolerância. Fator de Proteção Atribuído – FPA Este valor expressa o grau de proteção que é atribuído ao respirador. Estes valores estão contidos no Quadro I da Instrução Normativa n.º 1, de 11/04/1994, do Ministério do Trabalho/SSST (Anexo 1). Com isso, para selecionar a cobertura facial adequada, é preciso atender ao seguinte critério: FPA > FPR. Portanto deve-se selecionar um equipamento de proteção respiratória com FPA maior que o FPR pelo ambiente, e cujas limitações de uso não interfiram negativamente no uso a que será destinado. Inventário de riscos Para todos os setores, haverá um inventário de risco, seguindo o modelo da tabela a seguir, no qual será avaliado o risco e estabelecidas as medidas de proteção necessárias para atividade. Clique no botão a seguir para fazer o download da tabela. (pdf/modelo_tabela_inventario.pdf) https://senac.blackboard.com/bbcswebdav/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/10_analise_ergonomica/pdf/modelo_tabela_inventario.pdf 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 12/25 A partir das avaliações e estabelecendo as medidas de proteção respiratória nos setores, o programa será monitorado e avaliado junto ao PCMSO para verificar se a medidas de controle foram efetivas na redução dos riscos da saúde do trabalhador. Com a avaliação, o projeto de melhoria contínua deve ser proposto, efetivando-se assim o PDCA deste programa. Os procedimentos listados a seguir devem vir anexados ao PPR: Procedimento para avaliação médica de trabalhadores candidatos à utilização de equipamentos individuais de proteção respiratória Procedimento de controle da qualidade do ar respirável Procedimento para verificação de vedação da máscara nos locais de trabalho Procedimento para ensaio quantitativo de vedação Procedimento para uso de respiradores em atmosferas IPVS Procedimentos operacionais para uso de respiradores em situações de emergência e de salvamento Procedimento para seleção e uso de respiradores rotineiros Procedimento para realização de ensaios de vedação qualitativa com filtros químicos contra vapores orgânicos Procedimento para realização de ensaios de vedação qualitativos com fumos irritantes com um filtro mecânico Todos os trabalhadores devem ser treinados e o registro do treinamento deve ficar disponível para consulta. Assim como todos os programas, o PPR também envolve várias etapas, como identificação e reconhecimentos fatores de risco, estabelecer a partir de um planejamento as melhores medidas de controle, acompanhar e monitorar as atividades e, por fim, avaliar e propor as melhorias necessárias. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 13/25 Programa de Conservação Auditiva – PCA O propósito em implementar efetivo PCA é prevenir ou estabilizar perdas auditivas induzidas pelo ruído. Não existe regulamentação que garanta adequada proteção contra o ruído à população industrial. Mesmo que essa regulamentação existisse, só o incentivo para cumpri-la não seria suficiente para se ter um PCA eficiente. Na realidade, efetivos PCAs só são obtidos quando todos os níveis de uma corporação se unem para proteger a audição do funcionário. O principal objetivo do PCA é estabelecer medidas de controle que sejam suficientes para evitar a perda auditiva dos trabalhadores no ambiente de trabalho. Os benefícios de um bom PCA resultam em evitar que o funcionário adquira perda auditiva induzida pelo ruído. Está claramente estabelecido que exposição habitual a níveis de ruído acima de 85 dB(A) causarão significativa perda auditiva em mais de 50% da população exposta. Existem dados de que este nível de ruído, para algumas pessoas, já possa ser lesivo a 75 dB(A). A par desses óbvios e bem documentados efeitos lesivos, o ruído relaciona-se a muitos outros efeitos fisiológicos e de comportamento, embora esta evidência não seja facilmente conclusiva. Esses efeitos extra-auditivos são muito difíceis de qualificar, já que não são específicos e muitas outras causas danosas e/ou estressantes podem coexistir. Estudos realizados para detectar o benefício extra-auricular do PCA indicam que menos acidentes de trabalho e menos problemas médicos ocorrem, assim como menor ausência do trabalho e mais produtividade. Cinco fases de um PCA 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 14/25 1. Educação Informar a todos sobre os efeitos danosos do ruído Informar claramente o que o PCA deseja realizar Descrever como a perda auditiva ocorre e como a proteção deve ocorrer Definir os benefícios para o funcionário e para a empresa Definir os métodos de educação: de acordo com o tamanho da empresa e de seus processos de produção, veja algumas opções: Encontro um a um (durante o exame periódico) Formação de pequenos grupos Encontros regulares de segurança Cartazes, filmes, palestras Educadores (pessoas que os empregados reconheçam ser sinceramente interessados e familiarizados com o ambiente de trabalho) 2. Levantamento das áreas de ruído 3. Medidas administrativas e/ou de engenharia a) Administrativas: Não comprar equipamentos que aumentem o ruído ou procurar os que podem reduzi-lo Não submeter funcionários a doses diárias de ruído superior ao tolerável permitido, aproveitando-os em outros setores menos ruidosos b) Engenharia: Efetuar a proteção coletiva contra o ruído, atuando na fonte e no meio 4. Proteção auditiva individual A compra dos EPIs deve receber o aval do setor de segurança e medicina do trabalho, para que protetores realmente eficientes sejam adquiridos 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 15/25 5. Testes audiométricos Devem ser fornecidos aos operários e a evolução dos níveis auditivos funciona como fator motivador O PCA obedece ao seguinte processo: O coordenador se reporta à diretoria para informar resultados dos testes audiométricos, sugerir condutas e receber aprovação O coordenador amplia o leque de sua atividade, informando às chefias dos vários setores sobre os testes, bem como estabelecendo as condutas do PCA e treinando-os para implantar o programa As chefias, pela sua atuação junto aos operários, implantam o PCA, a partir dos conhecimentos difundidos pelo coordenador O coordenador também atua diretamente junto aos operários, promovendo palestras, exibição de filmes, trabalhando na confecção de cartazes Toda essa atividade tem fluxo nos dois sentidos, o que estabelece adequado canal de comunicação, pelo qual as dúvidas são manifestadas e as respostas adequadas podem ser informadas. Os ambientes de trabalho nos quais o PCA é adotado são especificamente aqueles que já contêm uma alta incidência de afastamentos induzidos pela perda auditiva, assim como ambientes em que os níveis de ruído são superiores ao nível de ação de 80 dB(A) (que corresponde a uma dose de 50% para uma exposição padrão de oito horas), e também nos casos de exposição a substâncias ototóxicas. Lembre-se de que o PCA deve estar sempre alinhado com o PCMSO da empresa. Substâncias ototóxicas 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 16/25 Muitas substâncias podem provocar perdas auditivas, e saber disso é muito importante no reconhecimento dos agentes químicos. Na edição de 2019, a ACGIH, que significa Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais, adicionou esta notação no livreto. As substâncias que causam perda auditiva induzida pelo ruído são as ototóxicas. Trabalhadores expostos a substâncias ototóxicas podem desenvolver sérias doenças auditivas levando até à sua perda, mesmo sem exposição a níveis de ruído elevado. Diversos agentes químicos ototóxicos podem ser encontrados nos ambientes de trabalho. Escolha do protetor auditivo ideal Todo o protetor auricular quando comprado vem com o seu nível de redução de ruído. O nível de redução do ruído (NRR) do protetor auditivo é o índice que poderíamos invocarde “nível de atenuação perfeita”, pois seu valor é computado em laboratórios, ou seja, em locais cujas condições são extremamente controladas por profissionais habilitados e capacitados. Elucidando a importância do NRR, quanto maior o valor aferido, maior será a atenuação do protetor auditivo. Em situações práticas, isto é, in loco, sabe-se que essas “condições ideais” não se constatam habitualmente. O nível de redução de ruído não deve ser aplicado no Brasil, pois se trata de uma aproximação “perfeita”, que pode conceber dissonâncias subsequentes. Com o passar dos anos, constatando a significância da aplicabilidade do NRR em situações práticas, foi instaurado o fator de correção, embasado pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH), que é de 0,5. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 17/25 fórmula para calcular o nível de proteção do trabalhador, de acordo com o nível de pressão sonora no local de trabalho, e o nível de redução de ruído do protetor que será utilizado, multiplicado pelo fator de correção da NIOSH. Onde: NP: Nível Protegido, expresso em dB(A) NPS: Nível de Pressão Sonora do local, expresso em dB(A) NRR: Nível de Redução de Ruído, expresso em dB (A) fcNIOSH: Fator de correção correlato com a metodologia NIOSH (adimensional), que é 0,5 Exemplo: um protetor auricular do tipo plugue de silicone da 3M contém um nível de redução de ruído de 29 dB(A). Seu fator de correção recomendado pelo método NIOSH é de 0,50. Para concluir, o trabalhador fica exposto em seu posto de trabalho ao nível de pressão sonora de 100 dB(A). Logo, diante das premissas, deve-se calcular o valor de NP. Solução: NP = NPS – (NRR x fcNIOSH) NPS = 100 dB(A); NRR = 29 dB(A) e fcNIOSH = 0,5 (adimensional) Assim, NP = 100 – (29x0,5) = 100 – 14,5 → NP = 85,5 dB(A) Interpretação do exemplo: a atenuação deste protetor auricular é de 14,5 dB. Esse EPI do exemplo anterior não retirará o direito à aposentadoria especial nem à insalubridade do trabalhador. Essa comprovação de efetividade do EPI deverá estar presente no LTCAT da empresa e também no PCA. Desse modo, é necessário adotar um EPI com maior atenuação do ruído, já que o valor foi superior a 85 dB. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 18/25 A partir do momento em que são feitas as avaliações quantitativas e qualitativas de todo o ambiente laboral em que há exposição a doses de ruído, é necessário estabelecer as medidas de controle que serão adotadas em todos esses setores no PCA e, consequentemente, um cronograma de implementação das medidas de controle e dos treinamentos. Assim, junto ao PCMSO se faz a avaliação dessas medidas de controle no ambiente de trabalho e o projeto de melhoria contínua, executando o PDCA. Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR A partir da Portaria SEPRT n.º 6.730/2020, as empresas deverão fazer a gestão dos riscos ocupacionais que devem constituir um Programa de Gerenciamento de Riscos. A vigência deste programa é a partir de 2022. Desse modo, será substituído o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), cuja implementação a antiga NR-9 determinava como necessária, e entrará um programa mais robusto, que incluirá não somente os riscos físicos, químicos e biológicos, mas também os fatores de risco de acidentes e ergonômicos. Até então, quando se falava de gestão de riscos, dentro da legislação ou das normas regulamentadoras, o que se determinava de forma geral era a gestão dos fatores de risco físicos, químicos e biológicos, com poucas exceções de algumas normas setoriais, como a atividade de mineração, que sempre determinou a necessidade de gestão dos fatores de risco. O que se tinha de prática geral nas demais atividades econômicas era o Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais, que tratava unicamente dos riscos (conforme texto anterior da NR-9) físicos, químicos e biológicos. Agora, com o PGR, as empresas deverão comprovar a efetiva gestão de todos os fatores de risco dentro de seus estabelecimentos. O mesmo PGR deverá ser integrado com os demais programas, planos e outros documentos previstos nas NRs, como o PCMSO, PCA e PPR. O PGR também poderá ser atendido pelos sistemas de gestão, desde que esses sistemas cumpram tudo aquilo que é exigido normativamente para o PGR. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 19/25 Os profissionais que atuarão no SESMT devem: Evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no trabalho Identificar os perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde Avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco Classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessidade de adoção de medidas de prevenção Implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de risco estabelecida, considerando a opinião de todos os trabalhadores e estabelecendo as medidas de controle com a ordem de prioridade: eliminar os fatores de risco, minimizar os fatores de riscos ou controlar com equipamentos de proteção coletiva, adotar medidas administrativas e, por fim, adotar os equipamentos de proteção individual Acompanhar o controle dos riscos ocupacionais Todos os trabalhadores deverão receber treinamentos em relação aos fatores de risco a que serão expostos nos locais de trabalho e serão comunicados sobre os riscos consolidados no inventário de riscos e sobre as medidas de prevenção do plano de ação do PGR. Os profissionais da área de saúde e segurança no trabalho devem fazer o levantamento dos fatores de risco e perigos nos locais de trabalho: Antes do início do funcionamento do estabelecimento ou em novas instalações Nas atividades existentes Nas mudanças e na introdução de novos processos ou atividades de trabalho O levantamento de fatores de risco e perigos deve considerar: 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 20/25 A descrição de perigos, riscos e possíveis agravos à saúde A identificação das fontes geradoras dos riscos ou das circunstâncias de perigo A indicação de quais trabalhadores são expostos As técnicas de avaliação e identificação de riscos adotadas dentro da empresa fica a critério desta. Para se indicar o nível de risco, a empresa deve considerar a magnitude da consequência, a probabilidade de ocorrência e o número de trabalhadores expostos. A matriz de riscos determinada na NR-3 atende a todos esses requisitos, sendo que será a técnica utilizada pelos auditores fiscais do trabalho, por isso é recomendada essa técnica, mesmo que a empresa possa utilizar outras, se assim preferir. Sabe- se, porém, que a matriz de riscos não é tão eficiente para a identificação de riscos ergonômicos como a análise ergonômica do trabalho. A avaliação de riscos deve constituir um processo contínuo e ser revista a cada dois anos, ou quando da ocorrência das seguintes situações: Após implementação das medidas de prevenção, para avaliação de riscos residuais Após inovações e modificações nas tecnologias, nos ambientes, nos processos, nas condições, nos procedimentos e na organização do trabalho que impliquem em novos riscos ou modifiquem os riscos existentes Quando identificadas inadequações, insuficiências ou ineficácias das medidas de prevenção Na ocorrência de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho Quando houver mudança nos requisitos legais aplicáveis 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 21/25 Desse modo, além do prazo de dois anos, há diversas circunstâncias que obrigam a organização a reavaliar constantemente os riscos presentes dentro de sua atividade para atender aos requisitos do PGR. As medidas de controle devem ser estabelecidas sempre depois da etapa de avaliação, na qual deve ser seguida a seguinte hierarquia das medidas de controle: Figura 3 – Hierarquia das medidas de controle Fonte: Ministério da Economia (BRASIL, 2020). As medidas de naturezas administrativa e individual devem ser adotadas somente quando comprovada pela organização a inviabilidade técnica da adoção de medidasde proteção coletiva, ou quando essas medidas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou, ainda, em caráter complementar ou emergencial. Por fim, há o plano de ação em que a organização deve indicar as medidas de prevenção a serem introduzidas, aprimoradas ou mantidas, seguindo um cronograma específico. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 22/25 O PGR deve estar alinhado ao PCMSO para acompanhamento da saúde dos trabalhadores expostos aos fatores de risco. O PGR é composto pelo inventário de riscos e também pelo plano de ação. No inventário de riscos, deve-se contemplar, no mínimo, as seguintes informações: Caracterização dos processos e ambientes de trabalho Caracterização das atividades Descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos à saúde dos trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, indicação do nível de risco, com a indicação dos grupos de trabalhadores sujeitos a esses riscos, e descrição de medidas de prevenção implementadas No PGR, é determinada a análise de investigação dos acidentes, portanto, em caso de qualquer acidente que ocorra dentro do ambiente, devem estar indicadas no PGR as causas e as medidas de controle adotadas no plano de ação para se evitar a reincidência do acidente. A organização deve estabelecer, implementar e manter os procedimentos de respostas aos cenários de emergências, de acordo com os riscos, as características e as circunstâncias das atividades. Como se pode verificar, o PGR é um programa que envolve a etapa de levantamento e avaliação dos riscos, assim como determina a necessidade de ações específicas para se estabelecerem medidas de controle para a redução desses riscos e também avaliação dos resultados e necessárias melhorias. Isso semelhante com o que é abordado na técnica do PDCA. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 23/25 Outros programas O acompanhamento da saúde dos trabalhadores expostos aos fatores de risco dentro do ambiente de trabalho é essencial para que se exista a avaliação das medidas de controle que são adotadas dentro do PGR. O Programa de Controle Médico da Saúde do Trabalhador é essencial para conseguir realizar todo esse processo e para uma eficaz gestão da saúde dos funcionários. Desse modo, o programa considera as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade dos trabalhadores. Um exemplo claro é quando um trabalhador exposto a determinado agente desenvolve um diagnóstico precoce de agravo à saúde de caráter subclínico, ou seja, se o trabalhador não chega a ficar doente, mas pode ficar, o PCMSO tem a capacidade de agir de forma precoce e preventiva. Esse trabalhador com exames alterados deve ser retirado do local e todos os trabalhadores expostos aos mesmos riscos deverão ser também avaliados. Caso constatado que de fato a doença foi produzida no setor de trabalho, deve-se reavaliar no PGR os riscos ocupacionais daquele local e estabelecer as melhorias necessárias nas medidas de controle. Por isso o PCMSO é de grande ajuda para todos os outros programas, como o PGR, PCA e PPR. Outras empresas já elaboraram o Programa de Gestão Ergonômica (PGE), embora não exista previsão legal desse programa. Mesmo que estabelecido que os fatores de risco ergonômicos podem ser tratados no PGR, as empresas podem manter o Programa de Gestão Ergonômica baseados nas análises de riscos para identificação de todos os fatores de risco ergonômicos presentes em suas atividades, assim como, quando necessário devido a alguma demanda, a execução da análise ergonômica do trabalho. Isso estabelecendo sempre as medidas de controle necessárias e o processo de melhoria contínua. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 24/25 Legislação específica A legislação específica que trata dos conceitos estabelecidos nos programas de gestão está na NR-1, que determina as disposições gerais de todas as normas regulamentadoras e a gestão dos riscos ocupacionais, relacionados aos fatores de risco de acidentes, físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. A NR-9 terá um foco nos procedimentos de avaliação dos agentes físicos, químicos e biológicos, assim como a NR-15, que estabelece os limites de tolerância dos agentes de riscos. A NR-17 é uma norma que estabelece alguns parâmetros de conforto em matéria de ergonomia, assim como outras normas específicas que contêm seu próprio programa de gestão, como a NR-18 (Condições de segurança e saúde no trabalho na indústria da construção) e a NR-22 (Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração). Acordo coletivo do trabalho Os acordos coletivos do trabalho, no que se referem às normas regulamentadoras, nunca devem ser menos rigorosos do que as NRs. Um exemplo seria a NR-35, que determina que toda a atividade superior a dois metros deve ser considerada atividade em altura, e que é necessária uma análise preliminar de riscos antes da atividade. A partir de um acordo coletivo de trabalho entre sindicato e empresa, será possível estabelecer uma altura inferior a dois metros para ser considerada uma atividade em altura e proceder com a análise preliminar de risco, mas, em hipótese alguma, o acordo coletivo poderá propor uma altura menos rigorosa, ou seja, superior à que é estabelecida na norma, que é de dois metros. Isso valerá para todos os itens presentes nas NRs. Encerramento Neste conhecimento você observou os principais conceitos relacionados aos fatores de risco ergonômicos, assim como alguns parâmetros atribuídos dentro da NR-17 e o principal deles: o conforto. 20/11/2023 20:24 Versão para impressão about:blank 25/25 Foram abordadas a realização da análise ergonômica do trabalho, as principais etapas dessa análise de risco com o foco total na ergonomia, o conforto e a participação de todos os trabalhadores na sua elaboração. Foi mencionada a importância dos programas de gestão, como o PPR, cujo objetivo é estabelecer práticas aceitáveis para usuários de respiradores, informando e orientando sobre o modo apropriado de selecionar, usar e cuidar dos respiradores. Outro programa mencionado foi o PCA, que tem como objetivo prevenir perdas auditivas induzidas pelo ruído. Já o PGR inclui todos os fatores de risco: acidentes, químicos, físicos, biológicos e ergonômicos, assim como os documentos de análise de acidentes e os procedimentos de emergência quando necessários. Também falou-se sobre o PCMSO e o seu papel no monitoramento da saúde do trabalhador e apoios aos demais programas. Por fim, estabeleceram-se quais são as principais normas regulamentadoras que tratam dos programas e da análise ergonômica do trabalho, assim como a única hipótese específica para se estabelecer um acordo coletivo do trabalho no que tange às normas regulamentadoras.
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