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Indaial – 2016 OrganizaçãO dO TrabalhO indusTrial Prof. Alfredo Pieritz Netto 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2016 Elaboração: Prof. Alfredo Pieritz Netto Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 338.64 P615o Netto; Alfredo Pieritz Organização do trabalho industrial/ Alfredo Pieritz Netto: UNIASSELVI, 2016. 209 p. : il. ISBN 978-85-5150-006-4 1.Organização industrial – teoria econômica. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III apresenTaçãO Olá, caro acadêmico! Estamos iniciando uma nova disciplina em seu curso, e vivenciaremos juntos conceitos relativos a esta disciplina, apresentando as principais considerações referentes à organização do trabalho industrial, além de possibilitar a troca de experiências com você. Daremos início aos estudos da disciplina de Organização do Trabalho Industrial. Estudaremos inicialmente os processos industriais, suas características e as diferentes formas de organizações, mas também discutiremos alguns pontos importantes para que o engenheiro possa compreender as organizações e o local em que possivelmente poderá trabalhar e desempenhar suas atribuições, possibilitando a você aplicar na prática os seus conhecimentos adquiridos nesta disciplina. Vale salientar que o conhecimento das organizações possibilitará a você, acadêmico, ter uma compreensão de como se dá a práxis profissional do engenheiro nas organizações industriais, além de lhe propiciar compreender melhor o mundo dessas empresas. O profissional contemporâneo necessita desenvolver uma visão multidisciplinar em sua profissão, obtendo uma visão holística de tudo e de todos os processos intrínsecos da engenharia, assim, estaremos lhe auxiliando a conhecer um elo importante de sua profissão, ou seja, do engenheiro. Por conseguinte, proporcionaremos discussões referentes a temas relacionados à contemporaneidade da organização industrial brasileira e mundial, no intuito de enriquecer a sua visão sobre o tema proposto, pois pretende- se trazer tópicos atuais relativos à profissão, uma vez que vivemos em constantes transformações e as técnicas organizacionais estão constantemente evoluindo, por isso o profissional que trabalha em organizações industriais precisa impreterivelmente estar se aperfeiçoando nos assuntos relativos ao seu fazer profissional. Na primeira unidade você estudará questões relativas aos processos industriais, suas classificações e uma descrição dos processos contínuos e processos discretos de produção, que o acompanharão ao longo de sua vida profissional. Na segunda unidade discutiremos os principais processos de fabricação mecânica utilizados nas indústrias de transformação, além de processos de enobrecimento dos materiais, permitindo assim um conhecimento prévio destes processos ao engenheiro. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Na terceira e última unidade você estudará a organização industrial e principais pontos relacionados à organização, como layout industrial, formas de organização, e traremos ainda, em discussão, as tendências modernas das novas organizações fabris. A relevância do tema está ligada à necessidade da modernização das unidades fabris atuais para o desenvolvimento da sociedade. Pronto para começar a estudar sobre as organizações industriais? Bons estudos! Prof. Alfredo Pieritz Netto V VI VII UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS ........................................... 1 TÓPICO 1 - PROCESSOS INDUSTRIAIS ....................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 3 2 PROCESSOS INDUSTRIAIS ........................................................................................................... 4 3 TIPOS DE PROCESSOS INDUSTRIAIS ....................................................................................... 7 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 12 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 14 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 15 TÓPICO 2 - PROCESSOS CONTÍNUOS ....................................................................................... 17 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 17 2 PROCESSOS CONTÍNUOS DE FABRICAÇÃO ........................................................................ 18 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 26 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................... 28 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 30 TÓPICO 3 - PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO ......................................................... 31 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 31 2 OS PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO ...................................................................... 32 3 EXEMPLOS DE LINHAS DISCRETAS DE PRODUÇÃO ........................................................ 39 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 45 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................... 50 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 52 UNIDADE 2 - PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA ................................................... 53 TÓPICO 1 - PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MECÂNICA ....................................................... 55 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................55 2 EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO ................................................................ 55 3 CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO ...................................................... 60 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................... 65 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 67 TÓPICO 2 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO SEM REMOÇÃO DE CAVACOS ..................... 69 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 69 2 PROCESSOS SEM REMOÇÃO DE CAVACO ............................................................................ 69 2.1 FUNDIÇÃO .................................................................................................................................. 71 2.1.1 Fundição Em Molde De Areia ........................................................................................... 76 2.1.2 Fundição Com Matriz, Ou Fundição Com Pressão ....................................................... 80 2.1.3 Fundição De Precisão, Ou A Cera Perdida ..................................................................... 83 2.1.4 Fundição Contínua ............................................................................................................. 85 2.2 CONFORMAÇÃO ....................................................................................................................... 87 2.2.1 Laminação ............................................................................................................................ 91 sumáriO VIII 2.2.2 Forjamento ........................................................................................................................... 93 2.2.3 Extrusão................................................................................................................................ 96 2.2.4 Trefilamento ........................................................................................................................ 98 2.2.5 Estampagem ........................................................................................................................ 99 2.3 SOLDAGEM ............................................................................................................................... 105 2.4 SINTERIZAÇÃO (METALURGIA DO PÓ) ........................................................................... 112 2.5 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO COM MATERIAIS PLÁSTICOS ..................................... 117 2.5.1 Processo De Fabricação De Filmes Plásticos ................................................................. 118 2.5.2 Termoformação ................................................................................................................. 119 2.5.3 Injeção De Plástico ............................................................................................................ 123 2.6 PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE MATERIAIS CERÂMICOS ...................................... 126 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 130 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 131 TÓPICO 3 - PROCESSO DE FABRICAÇÃO COM REMOÇÃO DE CAVACOS E ENOBRECIMENTO DE MATERIAIS ........................................................................................ 133 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 133 2 PROCESSOS COM REMOÇÃO DE CAVACO ........................................................................ 133 2.1 TORNEAMENTO ...................................................................................................................... 134 2.2 FRESAMENTO ........................................................................................................................... 137 2.3 FURAÇÃO .................................................................................................................................. 138 2.4 APLAINAMENTO ..................................................................................................................... 139 2.5 SERRAMENTO .......................................................................................................................... 139 2.6 OUTRAS OPERAÇÕES DE USINAGEM ............................................................................... 140 3 PROCESSOS DE ENOBRECIMENTO DE MATERIAIS ........................................................ 141 3.1 TRATAMENTO TÉRMICO ...................................................................................................... 141 3.2 TRATAMENTO SUPERFICIAL ............................................................................................... 146 RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................. 149 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 150 UNIDADE 3 - ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL ......................................................................... 151 TÓPICO 1 - A ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL ......................................................................... 153 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 153 2 OBJETIVOS DA ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL ................................................................. 154 3 A ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL E A ENGENHARIA INDUSTRIAL ............................ 160 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................................... 165 RESUMO DO TÓPICO 1.................................................................................................................. 166 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 167 TÓPICO 2 - LAYOUT INDUSTRIAL ............................................................................................. 169 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 169 2 CONCEITUAÇÃO E TIPOS DE LAYOUT ................................................................................. 170 3 PROJETO DO LAYOUT INDUSTRIAL ...................................................................................... 178 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................................... 180 RESUMO DO TÓPICO 2.................................................................................................................. 183 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 184 TÓPICO 3 - FÁBRICAS MODERNAS .......................................................................................... 187 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 187 2 FÁBRICA MODERNA E A POLUIÇÃO .................................................................................... 188 3 ANÁLISE DE PROBLEMAS EM PROCESSOS INDUSTRIAIS .......................................... 192 IX E SOLUÇÕES ENGENHEIRADAS ................................................................................................ 192 LEITURA COMPLEMENTAR ......................................................................................................... 199 RESUMO DOTÓPICO 3.................................................................................................................. 202 AUTOATIVIDADE ........................................................................................................................... 203 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 205 X 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender as características dos processos industriais; • aprofundar os conhecimentos acerca das características principais dos processos contínuos de produção; • identificar as diversas questões relacionados ao processo discreto de produção. A Unidade 1 está dividida em três tópicos e, ao final de cada um deles, você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as atividades propostas. TÓPICO 1 – PROCESSOS INDUSTRIAIS TÓPICO 2 – PROCESSOS CONTÍNUOS TÓPICO 3 – PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 PROCESSOS INDUSTRIAIS 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, sabemos que as organizações industriais podem ser entendidas como organizações complexas e particulares em seu contexto, pois dificilmente encontraremos duas unidades fabris iguais entre si em seus processos de operacionalização. Devido à complexidade operacional, é importante o engenheiro estudar a sua forma de trabalho e conhecer de forma genérica os principais conceitos que envolvem os processos industriais. Trabalhar de forma eficaz com outras partes da organização é uma das responsabilidades mais importantes da administração de produção e é um fundamento da administração moderna que as fronteiras funcionais não devam atrapalhar a eficiência dos processos internos (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009, p. 7). Assim, duas montadoras de carros, apesar de terem um produto similar – automóvel –, as suas linhas de produção não serão iguais, poderão ter muita similaridade, no entanto, terão características específicas imputadas pela sua equipe de engenheiros, que trabalharam para o aprimoramento. Esta situação vale para qualquer tipo de empresa industrial. FIGURA 1 - UNIDADE FABRIL DE MONTAGEM DE AUTOMÓVEL FONTE: <http://www.totalqualidade.com.br/2013/09/principais-tipos-de-layout-em.html>. Acesso em: 18 jun. 2016. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 4 Conforme Slack et al. (2006, p. 36), o processo de transformação é um sequenciamento de input, processo e output, conforme explicitado na Figura 2, e serve de orientação para todo o nosso caderno de estudos. Assim, acadêmico, você precisa atentar ao que entra, no processo, aos trabalhos realizados sobre a matéria-prima e o resultado final. Estudaremos os principais processos de transformação, mas também questões relacionadas à organização, layout e alguns temas referentes às novas organizações industriais. FIGURA 2 – MODELO DE TRANSFORMAÇÃO FONTE: Slack et al. (2006, p. 36) O profissional que vai desenvolver trabalhos na área industrial precisa conhecer os mais diversos tipos de processos industriais para desenvolvê-los e aprimorá-los ainda mais. Desdobraremos um pouco mais do universo das organizações industriais e seus processos de fabricação. 2 PROCESSOS INDUSTRIAIS Prezado acadêmico, o universo industrial brasileiro e mundial é muito grande, compreende desde empresas pequenas, com fabricação de peças e materiais relativamente simples, a conglomerados industriais com processos de fabricação extremamente complexos, como a indústria automobilística, fabricantes de aviões, ou ainda, a indústria química em geral. Podemos definir processo industrial como sendo uma sequência contínua TÓPICO 1 | PROCESSOS INDUSTRIAIS 5 de fatos ou fenômenos que apresentam certa unidade ou se reproduzem com certa regularidade dentro das indústrias para produção de produtos ou matérias-primas para outras indústrias. As indústrias podem ter os mais diversos processos de fabricação e vemos que, desde os primórdios da era industrial, os engenheiros e técnicos sempre buscavam aprimorar os processos fabris, tornando as fábricas mais produtivas e menos estafantes para os operários. Conforme Slack, Chambers e Johnston (2009), a modernização das indústrias está ligada diretamente à modernização dos processos organizacionais. O advento da industrialização está relacionado ao início das aglomerações humanas nas cidades, e principalmente pela descoberta da máquina a vapor e a busca constante pelo aumento da produtividade nas fábricas. IMPORTANT E História do vapor como precursor da industrialização moderna O aumento da produtividade não ocorria uniformemente em todos os setores da produção, o que criava a obrigatoriedade de procurar outras melhorias tecnológicas. O desenvolvimento da indústria mecânica concentrada em grandes unidades produtoras teria sido impossível sem uma fonte de energia maior do que podiam oferecer as forças humana e animal e que independesse dos caprichos da natureza. A solução foi encontrada num novo transformador de energia - a máquina a vapor - que dependia da exploração, em escala extraordinária, do carvão como fonte de energia. A máquina a vapor foi fruto de uma série de aperfeiçoamentos das bombas hidráulicas usadas nas minas de carvão, principal fonte de energia na época. Nas proximidades das áreas ricas em carvão, inclusive, foi onde surgiram as primeiras indústrias na Inglaterra. O sistema fabril não teria tido tão grande importância sem o aperfeiçoamento da máquina a vapor. As rodas hidráulicas eram vagarosas e nem sempre dispunham de cursos de água com força suficiente para movê-las. Outras formas de energia foram experimentadas, com resultados menos satisfatórios. O tear mecânico original, inventado por Cartwritgh, era movido por uma vaca, ao passo que seus sucessores empregaram cavalos e até cachorros. O desenvolvimento de máquinas a vapor como uma fonte conveniente de energia produzida por movimento rotacional e a competição entre máquinas de vapor de alta e baixa pressão implicavam em questões de eficiência. O ideal de aproveitamento total da energia não podia ser obtido pela transformação de água em vapor. Aqui, a eficiência era medida pelo trabalho feito pelo consumo de um alqueire de carvão. Em lugares distantes de uma área de mineração de carvão isto teve importância comercial. Watt, pioneiro neste tipo de medida e em avanços no projeto de máquina a vapor, enfatizou ainda mais sua importância. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 6 FONTE: <http://www.confrariadasideias.com.br/Background%20(RI).htm>. Acesso em: 10 jun. 2016. FONTE: TAVARES, LUIZ ALBERTO: James Watt: A trajetória que levou ao desenvolvimento da máquina a vapor vista por seus biógrafos e homens de ciências. : <http://docplayer.com.br/7277954- Pontificia-universidade-catolica-de-sao-paulo-puc-sp-luiz-alberto-tavares.html>. Acesso em: 15 jun. 2016. A evolução dos processos industriais caminhou tão rápido quanto a evolução da engenharia, e ganhou maior aceleração com a evolução dos computadores e das tecnologias de informação, permitindo uma troca saudável de conhecimentos em nível mundial, em que uma evolução tecnológica quase que imediatamente fica disponível a todos, através da internet. Podemos definir os processos industriais de fabricação como todo ato de transformação de um conjunto de matérias-primas em produtos acabados, através de diversos processos produtivos, utilizando-se de procedimentos definidos e padrões dentro das indústrias por meio de máquinas e equipamentos que auxiliam na produção dos mesmos (LESKO, 2004). As necessidades da sociedade moderna estão cada vez maiores em relação a novos produtos e materiais, para supri-las surgem novas técnicas de fabricação, gerando assim uma enormidade de variedade de materiais e processos de fabricação. http://docplayer.com.br/7277954-Pontificia-universidade-catolica-de-sao-paulo-puc-sp-luiz-alberto-tavares.htmlhttp://docplayer.com.br/7277954-Pontificia-universidade-catolica-de-sao-paulo-puc-sp-luiz-alberto-tavares.html TÓPICO 1 | PROCESSOS INDUSTRIAIS 7 Esta grande variedade de materiais, processos industriais e de peças tem exigido desenvolvimentos cada vez mais dinâmicos e complexos de produção. No próximo tópico você irá estudar as duas grandes famílias de processos industriais e algumas aplicações. Chiaverini (1986) ressalta ainda que a escolha correta do processo de fabricação vai depender de vários fatores intrínsecos que deverão ser atentados pelo engenheiro, como o tipo de material a ser trabalhado, a quantidade de peças a serem produzidas, o uso da peça e as suas dimensões, bem como a precisão e a qualidade necessária. Um ponto fundamental para a definição do melhor sistema produtivo, de acordo com o autor, é o seu custo de produção, pois muitas vezes é este o principal fator preponderante para a escolha do processo de fabricação. DICAS Caro acadêmico, a era industrial se mostrou uma revolução na forma de viver da humanidade, e seus princípios nortearam a civilização moderna. Assim, sugerimos a leitura do livro Administração da Produção para complementar o seu conhecimento sobre o assunto. SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração Produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 3 TIPOS DE PROCESSOS INDUSTRIAIS A evolução dos processos industriais é notória aos profissionais ligados à área fabril, e atualmente a industrialização tem focado na evolução dos processos industriais, estes ajudados pelo advento dos computadores e a era da informação, assim os equipamentos e máquinas produtivos estão cada dia mais automatizados e precisos. Ao voltarmos um pouco no tempo (e não faz tanto tempo assim), observamos que os equipamentos eram movidos à tração animal, depois a vapor, e mais recentemente à energia elétrica, que foi uma grande evolução para a humanidade e para a industrialização. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 8 FIGURA 3 – LINHA DE TORNOS DE PRODUÇÃO NO INÍCIO DO SÉCULO XX NUMA FÁBRICA NO BAIRRO DO BRÁS, EM SÃO PAULO FONTE: <http://avferrari.blog.uol.com.br/arch2006-06-01_2006-06-15.html>. Acesso em: 15 jun. 2016. Na figura acima você pode ver tornos trabalhando, sendo acionados por um sistema de polias e correias tracionadas. Era muito comum tornos, furadeiras, fresas e outros equipamentos produtivos no século XVIII e XIX serem tracionados por rodas d’água e uma árvore de polias que transmitia a força aos equipamentos. É importante ao estudante de engenharia conhecer que nem sempre tínhamos as comodidades de equipamentos acionados a energia elétrica, e ainda mais com as comodidades dos comandos CNC (Comando Numérico Computadorizado ou do inglês Computer Numeric Control). FIGURA 4 – PAINEL CNC DOS TORNOS DA LINHA CENTER DO FABRICANTE ROMI FONTE: <file:///C:/Users/Adm/Downloads/cat_romi_centur_leves_po_am_042016-bx.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016. TÓPICO 1 | PROCESSOS INDUSTRIAIS 9 Como você pôde perceber nos dois exemplos que apresentamos nas figuras 3 e 4, a tecnologia em processos industriais tem evoluído muito nos últimos anos, e conforme Martins e Laugeni (2005), a evolução tecnológica está relacionada diretamente à evolução da engenharia e aos investimentos em pesquisa. Conforme Moreira (2008, p. 8), um sistema de produção pode ser entendido como sendo um “conjunto de atividades inter-relacionadas envolvidas na produção de bens”, e podemos entender que todo processo produtivo é uma combinação de fatores produtivos e de processamento de matérias-primas e componentes de modo a obter um dado produto final. O autor ainda complementa que este conjunto de atividades está relacionado com o conceito do processo de transformação, que é o uso de recursos para mudar o estado ou condição de algo para produzir saídas. FIGURA 5 - PROCESSOS BÁSICOS QUE COMPÕEM UM SISTEMA PRODUTIVO FONTE: Moreira (2008, p. 8) Moreira (2008, p. 8) apresenta estes conceitos como: • Os INSUMOS são os recursos a serem transformados diretamente em produtos, como as matérias-primas, e mais os recursos que movem o sistema, como a mão de obra, o capital, as máquinas e equipamentos, as instalações, o conhecimento técnico dos processos etc. • O PROCESSO DE CONVERSÃO, em manufatura, muda o formato das matérias-primas ou muda a composição e a forma dos recursos. Em serviços, não há propriamente transformação: o serviço é criado. Em serviços, diferente da manufatura, a tecnologia é mais baseada em conhecimento (know-how) do que em equipamentos. Comparativamente, dizemos que, em geral, as atividades de serviços são mais intensivas em mão de obra (pessoal), enquanto as atividades industriais são mais intensivas em máquinas e equipamentos (capital físico). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 10 • O SISTEMA DE CONTROLE é a designação genérica que se dá ao conjunto de atividades que visa assegurar que programações sejam cumpridas, que padrões sejam obedecidos, que os recursos estejam sendo usados de forma eficaz e que a qualidade desejada seja obtida. O sistema de controle promove a monitoração dos três elementos do sistema de produção (MOREIRA, 2008, p. 8). Gonsalez (2016) apresenta um conceito complementar de sistema de produção: “é um conjunto de atividades e operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens ou serviços a partir do uso de recursos (inputs) para mudar o estado ou condição de algo para produzir saídas/resultados (outputs)”. Na Figura 6 apresentamos este conceito esquematizado conforme apresentado por Martins e Laugeni (2005). FIGURA 6 - INPUT E OUTPUT DAS FUNÇÕES DE TRANSFORMAÇÃO PRODUTIVA Fonte: Martins E Laugeni (2005, P. 11) NOTA Caro acadêmico, você já deve ter identificado que as palavras-chave para entender os processos industriais são os INPUTS (Entradas) e OUTPUTS (Saídas), e que os processos industriais são o elo que liga os dois, ou seja, a transformação gerada na matéria- prima para chegar ao produto final. TÓPICO 1 | PROCESSOS INDUSTRIAIS 11 Os sistemas de produção são classificados em três categorias, que são: • Sistemas de Produção Contínua (fluxo em linha): Os sistemas de produção contínua, também chamados de fluxo em linha, apresentam uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro numa sequência prevista. • Sistemas de Produção Intermitente (fluxo intermitente): A produção é feita em lotes. Terminando-se a fabricação do lote de um produto, outros produtos tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando- se assim uma produção intermitente de cada um dos produtos. • Sistemas de Produção para Grandes Projetos: Na verdade, cada projeto é único, não havendo, rigorosamente falando, um fluxo do produto (MOREIRA, 2008, p. 10-11). Desta forma, aprendemos que os sistemas de produção são classificados em três categorias, mas neste material pedagógico o nosso interesse é desenvolver os conhecimentos dos sistemas de produção intermitente, conhecendo os principais processos de fabricação, e descrever também alguns pontos importantes do sistema de produção de fluxo contínuo, os quais iremos detalhar melhor a partir do próximo tópico de estudo. Após estas considerações relativas à evolução dos processos industriais com o advento da Revolução Industrial, convido você, prezado acadêmico, a ler o texto a seguir para assim poder compreender um pouco mais deste universo. Boa leitura! UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 12 REVOLUÇÃO INDUSTRIAL LEITURA COMPLEMENTAR A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. Até o final do século XVIII a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia.De maneira artesanal, o produtor dominava todo o processo produtivo. Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da manufatura. A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar, o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos. Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentar suas famílias. Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas condições de trabalho oferecidas, e começaram a sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores de máquinas“. Outros movimentos também TÓPICO 1 | PROCESSOS INDUSTRIAIS 13 surgiram nessa época com o objetivo de defender o trabalhador. O trabalhador, em razão desse processo, perdeu o conhecimento de toda a técnica de fabricação, passando a executar apenas uma etapa. A Primeira etapa da Revolução Industrial Entre 1760 e 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da Revolução. A Segunda Etapa da Revolução Industrial A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, e ao contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período. A Terceira Etapa da Revolução Industrial Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos dos séculos XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época. FONTE: <http://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.php>. Acesso em: 20 jun. 2016. 14 Neste tópico, foram abordados os seguintes itens: • A sociedade moderna exige cada vez mais uma gama de novos produtos e materiais para o seu consumo, para supri-las surgem novas técnicas de fabricação, gerando assim uma enormidade de variedade de materiais novos e processos de fabricação. • A escolha correta do processo de fabricação vai depender de vários fatores, como o tipo de material a ser trabalhado, a quantidade de peças a ser produzida, o uso da peça e as suas dimensões, bem como a precisão e a qualidade necessária. • Os processos industriais de fabricação podem ser entendidos como a transformação de um conjunto de matérias-primas em produtos acabados através de processos produtivos utilizando máquinas ou equipamentos que auxiliam na sua produção. • A evolução dos processos industriais está diretamente relacionada com a evolução da engenharia. • Os sistemas de produção são classificados em três categorias: Sistemas de Produção Contínua (fluxo em linha); Sistemas de Produção Intermitente (fluxo intermitente); Sistemas de Produção para Grandes Projetos. RESUMO DO TÓPICO 1 15 1 A Revolução Industrial foi um marco importante para a época moderna, e balizou o advento da tecnologia atual que estamos vivenciando em nossa vida moderna. Pelos estudos indicados a partir do texto e outros materiais que você poderá pesquisar na internet, redija um texto dissertativo de, no mínimo, 20 linhas, comparando as evoluções ocorridas dentro das organizações industriais no tocante aos processos de fabricação. Em seu texto aborde os seguintes aspectos: a) Evoluções tecnológicas. b) Condições de trabalho fabril. 2 O engenheiro busca sempre identificar qual o melhor processo de fabricação a ser utilizado para a obtenção de um produto pela organização industrial. Descreva quais são os fatores que o engenheiro deve considerar para definir os processos de fabricação para a obtenção de um novo produto para a sua linha de produção. AUTOATIVIDADE 16 17 TÓPICO 2 PROCESSOS CONTÍNUOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico, agora que você já conheceu uma teoria básica e definições ligadas aos processos industriais, iremos estudar mais detalhadamente os processos contínuos. “Atualmente precisamos desenvolver as nossas empresas para se tornarem competitivas a nível mundial, fornecendo produtos a um custo acessível, de forma contínua e crescente no mercado” (PIERITZ, 2010, p. 25). Os processos de fabricação contínuos têm importância fundamental na economia, pois geralmente envolvem produtos com grande consumo e de custos baixos, otimizados pelas condições de sua fabricação. Por serem estas características necessárias, precisamos de alta produtividade e volume de produção. Temos diversos produtos que se utilizam de processos contínuos de produção, como exemplo inicial podemos citar o papel, a gasolina, entre outros produtos que destacaremos na continuidade do texto. FIGURA 7 – FABRICAÇÃO CONTÍNUA DE PAPEL FONTE: <http://www.suzanoblog.com.br/maquina-de-papel-de-mucuri-faz-20-anos/>. Acesso em: 21 jun. 2016. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 18 Vamos conhecer mais o processo de fabricação contínuo?! Bons estudos. 2 PROCESSOS CONTÍNUOS DE FABRICAÇÃO A indústria moderna tem como principal problema em sua área fabril as questões relacionadas à demanda dos produtos e o volume de produção. Temos muitos produtos que realmente necessitam de processos intermitentes de produção, pois eles são compostos de diversos componentes que precisam ser fabricados individualmente ou de forma seriada para aumentar a sua produtividade e redução de custos de produção. Existem famílias de produtos de consumo que, devido à sua alta demanda e descoberta de processos fabris otimizados, podem ser produzidas de forma contínua em linhas de produção, ou unidades fabris específicas de produção contínua. A produção contínua, como já trabalhamos no tópico anterior, realmente se caracteriza por uma produção constante, sem interrupção de um produto ou matéria-prima, a baixo custo e grande volume de produção. Vamos agora conhecer mais alguns conceitos apresentados por distintos autores: Corrêa e Corrêa (2012) descrevem a produção contínua, ou fluxo em linha, como sendo uma sequência única e contínua do processo de produção, a qual pode ser, conforme Moreira (2008), pura (produto único) ou com diferenciação, caracterizada pelas linhas de montagem. Moreira (2008, p. 10) define os sistemas de produção contínua, ou fluxo em linha, como “uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro em uma sequência prevista”. Esses sistemas contínuos de produção apresentam, de acordo com Corrêa e Corrêa (2012), uma sequência linear na produção dos produtos com equipamentos exclusivos, arranjados sequencialmente conforme as etapas do processo de fabricação respeitando a sequência do processo produtivo, já que são produtos bastante padronizados. Os processos contínuos de produção são categorizados em dois grupos: a) Produção contínua: são as indústrias que trabalham com processos contínuos de produção, possuem um alto grau de automatização e com produtos altamente padronizados. Temos como exemplo característico as empresas de refino de petróleo, algumas empresas de processamento e refinos químicos, a máquina de papel, aço, entre outros (CORRÊA; CORRÊA, 2012). TÓPICO 2 | PROCESSOS CONTÍNUOS 19 FIGURA 8 – PRODUÇÃO CONTÍNUA - INDÚSTRIAPETROQUÍMICA FONTE: <http://www.cosmos.com.mx/blog/1796/tendencia-de-la-industria-petroquimica-en-el- mundo-oriente-medio>. Acesso em: 22 jun. 2016. b) Produção em massa: linhas de fabricação que trabalham a montagem ou produção em larga escala, poucos produtos com grau de diferenciação num nível considerado de pequeno a médio (CORRÊA; CORRÊA, 2012). FIGURA 9 – PRODUÇÃO EM MASSA - LINHA DE MONTAGEM AUTOMOBILÍSTICA FONTE: <http://mercadoautomotivonet.blogspot.com.br/>. Acesso em: 22 jun. 2016. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 20 autoativida de Caro acadêmico, na sequência estaremos aprofundando cada um dos dois grupos, mas agora, tire um tempo para fazer uma pequena pesquisa bibliográfica ou pela internet para identificar características de cada um dos grupos, ou seja, produção contínua e produção em massa. Produção contínua Na produção contínua “os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro em uma sequência prevista. As diversas etapas do procedimento devem ser balanceadas para que as mais lentas não retardem a velocidade do processo” (MOREIRA, 2008, p. 10). Conforme Tubino (2000), a produção contínua exige um grande volume de produção e baixa variedade de produtos, ou ainda, linhas dedicadas a um único produto, pela dificuldade existente na planta ou linha de produção para se modificar os processos produtivos. São linhas que geralmente trabalham 24 horas por dia, 365 dias por ano, somente parando em determinados períodos para a execução de manutenções preventivas, ou em fatos isolados que gerem paradas de produção. Slack et al. (2006, p. 106) complementam descrevendo que normalmente “operam por períodos muito mais longos”, pois imagine parar o processo contínuo do refino do petróleo bruto para obtenção de gasolina, que são plantas (fábricas) inteiras dedicadas ao processo de obtenção de gasolina e outros derivados do petróleo. Na Figura 10 apresentamos um desenho esquemático do processo contínuo para obtenção da gasolina e derivados do petróleo. Analise atentamente o fluxograma da figura: Este esquema de produção é, seguramente, o mais flexível e moderno de todos, por incorporar à configuração anterior o processo de hidrotratamento de frações médias geradas no coqueamento, possibilitando o aumento da oferta de óleo diesel de boa qualidade. Este esquema permite um maior equilíbrio na oferta de gasolina e de óleo diesel de uma refinaria, pois desloca parte da carga que ia do coqueamento para o FCC (processo marcantemente produtor de gasolina) e a envia para o hidrotratamento, gerando, então, mais óleo diesel e menos gasolina (ANP, 2016). TÓPICO 2 | PROCESSOS CONTÍNUOS 21 Parte 1 - fluxograma Parte 2 - Desenho esquemático FIGURA 10 – PROCESSO CONTÍNUO PARA OBTENÇÃO DE GASOLINA E DERIVADOS DO PETRÓLEO FONTE: Parte 1 : <http://www.anp.gov.br/?pg=7854&m=&t1=&t2=&t3=&t4= &ar=&ps= &cachebust=>. Acesso em: 4 jul. 2016. Parte 2: <http://quimica-petroleo.blogspot.com.br/>. Acesso em: 22 jun. 2016. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 22 Um ponto importante que o engenheiro deve atentar é que estas plantas fabris são exclusivas e de alto custo, projetadas para uma aplicação específica, ou seja, se em algum momento se desejar alterar o mix de produtos, os investimentos serão altos para a mudança do projeto. No Quadro 1 apresentamos um resumo das principais características dos processos contínuos de produção, para que você possa assimilar mais facilmente. QUADRO 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO CONTÍNUO DE FABRICAÇÃO CONTÍNUO VOLUME DE PRODUÇÃO ALTO VARIEDADE DE PRODUTOS PEQUENA FLEXIBILIDADE BAIXA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA BAIXA SEQUÊNCIA LINEAR AUTOMAÇÃO ALTA LAYOUT POR PRODUTO CAPACIDADE OCIOSA BAIXA LEAD TIME BAIXO FLUXO DE INFORMAÇÕES BAIXO PRODUTOS CONTÍNUOS CUSTO DA PLANTA (FÁBRICA) MUITO ALTO FONTE: Adaptado de Tubino (2000) Produção em massa A produção em massa já é mais comum em nosso dia a dia profissional, pois estamos falando em uma produção em larga escala, e conforme colocado no conceito apresentado no tópico anterior: linhas de fabricação que trabalham a montagem ou produção em larga escala de poucos produtos com grau de diferenciação num nível considerado de pequeno a médio (CORRÊA; CORRÊA, 2012). Moreira (2008, p. 10-11) complementa as características dos processos de produção quando explicita: Esses processos contínuos tendem a ser altamente automatizados e a produzir produtos com elevado grau de padronização, sendo qualquer diferenciação pouco ou nada permitida. De uma forma geral, os sistemas de fluxo em linha são também caracterizados por uma alta eficiência e acentuada inflexibilidade. Essa TÓPICO 2 | PROCESSOS CONTÍNUOS 23 eficiência é derivada de uma substituição maciça de trabalho humano por máquinas, bem como a padronização do trabalho restante em tarefas altamente repetitivas. Grandes volumes de produção devem ser mantidos para se recuperar o custo de equipamentos especializados, o que requer um conjunto-padrão de produtos estabilizados ao longo do tempo. Dessa forma, é problemático modificar tanto a linha de produtos como o volume de produção, o que leva à inflexibilidade. É quase certo que, se as condições favoráveis ao alto volume e produção padronizada estiverem presentes, a competição forçará o uso da produção contínua por causa da eficiência. A produção em massa, nas chamadas linhas de montagens, é caracterizada pela fabricação, em larga escala, de poucos produtos com grau de diferenciação relativamente pequeno: automóveis, geladeiras, fogões, aparelhos de ar-condicionado etc. A produção em massa pode ser chamada de pura, quando existe uma linha ou um conjunto de equipamentos específicos para um produto final. E dita produção em massa com diferenciação quando adaptações na linha permitem a fabricação de produtos com algumas diferenças entre si. Finalmente, alguns fatores devem ser cuidadosamente pesados antes da adoção de um sistema de fluxo em linha. Além da competição, já referida, pode-se citar o risco de obsolescência do produto, a monotonia dos trabalhos para os empregados e os riscos de mudança tecnológica no processo (que custa a se pagar). Caro acadêmico, a linha de produção seriada não é um conceito novo e foi inicialmente implantada por Henry Ford, isto mesmo, o fundador da Ford Company nos EUA, e a primeira linha desenvolvida foi no ano de 1914. Produção seriada – Ford Com a evolução dos conhecimentos de dentro da fábrica, Henry Ford buscou tornar os produtos mais acessíveis à população em geral. Desenvolveu o conceito de produção em massa, criando, em 1914, uma linha de montagem para produção de automóveis. Conforme Megginson, Mosley e Pietri (1998), as contribuições de Ford foram muito importantes para a industrialização moderna, das quais citamos: • Adoção da linha de montagem • Intercambialidade de peças e de partes • Montagem simplificada • Redução do ciclo de tarefas executadas por um operário • Divisão das tarefas (trabalho físico/mental) • Cria a figura do engenheiro industrial (Planejamento e Controle da Produção - PCP) • Uma tarefa para cada trabalhador • Trabalho para redução do esforço humano • Foco no aumento de produtividade • Diminuição dos custos e barateando os produtos • Aumento do volume produzido UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 24 FIGURA 11 - LINHA DE MONTAGEM DA FORD FONTE: <http://www.ensp.unl.pt/lgraca/history_cars_jakob_highres.jpg>. Acesso em: 3 mar. 2010. FONTE: Pieritz, Alfredo Netto. Gestão de processos de produção. Centro Universitário Leonardo da Vinci – Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010. Como você deve ter percebido, as características do Fordismo são muito similares às que estamos estudando no sistema de produção em massa, pois ele é o precursor do sistema moderno de produção em massa. Atualmente vemos algumas adaptações do sistema, principalmente pela influência do Toyotismo, afastando-se dosconceitos tradicionais desenvolvidos pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor, autor do tradicional livro "Os Princípios da Administração Científica", publicado em 1911, e do qual Ford era seguidor. O maior ponto de discordância da teoria original está exposto por Chiavenato (2011): o funcionário era especializado unicamente em uma tarefa, enquanto que atualmente ainda verificamos esta situação, mas pelo conceito do Toyotismo com afazeres menos mecânicos, e sim mais humanizados, em que ele virou de “mero apertador de parafuso” para responsável por diversas atividades, com geração de estima para ele, ou seja, o “montador do conjunto motor do carro”. Complementarmente ao exposto, BWS Consultoria (2016) escreve que: A maioria dos sistemas de produção contínua caracteriza-se por um conceito de produção semi ou totalmente automatizada, o que requer uma grande dose de coordenação. Os sistemas dependem de intervenção humana, bem como os passos são monitorados por computador para se certificar de que tudo está ocorrendo como o TÓPICO 2 | PROCESSOS CONTÍNUOS 25 normal, conforme o planejado. Os sistemas de produção contínuos são empregados quando existe alta uniformidade na produção e demanda de bens ou serviços, fazendo com que os produtos e os processos produtivos sejam totalmente interdependentes, favorecendo a sua automatização. No Quadro 2 apresentamos um resumo das principais características dos processos de produção em massa. QUADRO 2 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO EM MASSA PRODUÇÃO EM MASSA VOLUME DE PRODUÇÃO ALTO VARIEDADE DE PRODUTOS MÉDIA FLEXIBILIDADE MÉDIA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA MÉDIA SEQUÊNCIA LINEAR AUTOMAÇÃO ALTA LAYOUT POR PRODUTO CAPACIDADE OCIOSA BAIXA LEAD TIME BAIXO FLUXO DE INFORMAÇÕES MÉDIO PRODUTOS EM LOTE CUSTO DA PLANTA (FÁBRICA) ALTO FONTE: Adaptado de Tubino (2000) UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS 26 LEITURA COMPLEMENTAR PRODUÇÃO CONTÍNUA Produção contínua é um método usado por muitas empresas de manufatura para fazer a maior quantidade de um produto no menor espaço de tempo possível. A ideia por trás deste conceito é a produção constante, sem qualquer tipo de pausa ou interrupção. É uma ideia muito complicada, pois requer uma grande dose de habilidade e competência para implementá-la com êxito. Produção contínua é exatamente o que parece: constante, sem interrupção de um bem ou produto. É mais frequentemente utilizada na produção que envolve plantas oleaginosas e outros produtos químicos, e em outros processos que não podem ou não devem jamais ser interrompidos. O tipo de contraste de produção para a produção contínua é chamado de produção em série. Uma das principais razões da escolha de uma em detrimento de outra é a necessidade de produzir uma quantidade constante ou muito grande de produtos sem uma pausa. Na maioria das cadeias de produção de fluxo contínuo o uso de produtos químicos ou outras reações pode continuar, independentemente de quanto tempo as matérias- primas têm estado envolvidas no processo. Um exemplo disso é a produção de vidro. Uma vez que a areia de sílica usada para fazer o vidro foi derretida, ela precisa ficar assim até que seja concluída a moldagem do vidro, ou poderá haver atrasos graves no processo de fabricação. Outro fator que determina o tipo de produção a ser utilizado é a qualidade exigida do produto. Alguns produtos terão sempre a mesma qualidade, desde que os ingredientes sejam os mesmos e o processo mantenha-se inalterado. Há outros produtos que podem variar muito de um lote para outro, e, assim, a produção do lote é necessária para garantir a qualidade. Muitas pessoas associam a produção contínua com operações de montagem de tipo de linha, onde há sempre um produto que está sendo feito. TÓPICO 2 | PROCESSOS CONTÍNUOS 27 A linha de montagem de um carro é um bom exemplo de produção contínua (embora este processo possa ser interrompido e iniciado facilmente). O tijolo é outro produto que utiliza métodos de produção contínua. Muitos alimentos processados também usam processos contínuos até o produto final. Eles são, de certa forma, uma combinação de produção contínua e em lotes. Os ingredientes são montados em um lote de acordo com certas medidas e se misturam, mas são depois colocados em uma máquina ou sistema que pode processá-los sistematicamente, sem interrupção. Muitos desses processos alimentares envolvem plantas muito grandes, e fornos extremamente longos, que funcionam a uma temperatura constante para garantir que o produto a cada lote seja o mesmo em todo o processo. Este tipo de produção exige uma grande dose de planejamento e, uma vez que um sistema tenha sido implementado, é muito difícil de resolver eventuais falhas no processo. A manutenção de um sistema de produção contínua é muito importante, pois qualquer atraso no processo requer que todos, tanto acima como abaixo da linha de produção, parem quando o problema for detectado para sua correção. Muitos produtos de alta tecnologia também estão usando os modelos de produção contínua, e os robôs e máquinas que operacionalizam a produção são muito sofisticados. A maioria dos sistemas de produção contínua caracteriza-se por um conceito de produção semi ou totalmente automatizado, o que requer uma grande dose de coordenação. Os sistemas dependem de intervenção humana, bem como os passos são monitorados por computador para se certificar de que tudo está ocorrendo como o normal, conforme o planejado. Eles também assumem que a produção pode parar ou continuar 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano. Esses sistemas exigem um grande investimento em projeto de máquinas e processos antes de qualquer coisa, mesmo quando sai da linha de montagem para um consumidor. Eles também exigem que as medidas de controle de qualidade sejam implementadas e constantemente avaliadas em vários pontos diferentes no processo. FONTE: <http://www.bwsconsultoria.com/2011/05/producao-continua.html>. Acesso em: 28 jun. 2016. 28 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, vimos que: • A produção contínua, ou também conhecida como fluxo em linha, é caracterizada por sequência única e contínua do processo de produção, que pode ser pura (produto único) ou com diferenciação, caracterizada pelas linhas de montagem. • Os sistemas de produção contínuos possuem uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço; e estes são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro em uma sequência prevista e bem definida. • Os processos contínuos de produção são categorizados em dois grupos: Produção contínua; Produção em massa. Produção contínua: são as indústrias que trabalham com processos contínuos de produção, possuem um alto grau de automatização e com produtos altamente padronizados. Temos como exemplos as empresas de refino de petróleo, algumas empresas de processamento e refinos químicos, a máquina de papel, aço, entre outros. Produção em massa: linhas de fabricação que trabalham a montagem ou produção em larga escala de poucos produtos com grau de diferenciação num nível considerado de pequeno a médio. • O quadro a seguir apresenta um resumo das principais características dos dois processos. QUADRO – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO CONTÍNUO E EM MASSA CONTÍNUO PRODUÇÃO EM MASSA VOLUME DE PRODUÇÃO ALTO ALTO VARIEDADE DE PRODUTOS PEQUENA MÉDIA FLEXIBILIDADE BAIXA MÉDIA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA BAIXA MÉDIA SEQUÊNCIA LINEAR LINEAR AUTOMAÇÃO ALTA ALTA LAYOUT POR PRODUTO POR PRODUTO CAPACIDADE OCIOSA BAIXA BAIXA LEAD TIME BAIXO BAIXO FLUXO DE INFORMAÇÕES BAIXO MÉDIO 29 PRODUTOS CONTÍNUOS EM LOTE CUSTO DA PLANTA (FÁBRICA) MUITO ALTO ALTO FONTE: Adaptado de Tubino (2000) • Henry Ford buscou tornar os produtos mais acessíveis à população em geral. Desenvolveu o conceito de produção em massa, criando, em 1914, uma linha de montagem para a produção de automóveis. 30 Faça uma resenhacom, no máximo, 20 linhas, comparando os processos de fabricação contínua e do processo de fabricação em massa. Para ampliar o seu aprendizado, busque fontes auxiliares. Aproveite para debater o tema com seus colegas de sala de aula, pois a troca de experiência e o falar sobre um assunto reforça o aprendizado e a memorização do mesmo. Para completar a atividade, elabore duas questões pertinentes ao assunto que você pesquisou e troque com os seus colegas, ampliando assim ainda mais o horizonte sobre o tema. AUTOATIVIDADE 31 TÓPICO 3 PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Tudo o que consumimos do mercado, um dia foi vendido por alguém, mas antes deve ter sido produzido ou manuseado por alguma empresa, ou por uma pessoa. A frase anterior é bem inspiradora para nós, engenheiros, pois nos garante que todo produto passa por algum processo de fabricação, quer seja um processo sofisticado, quer seja um processo manual, como o ourives trabalhando uma peça de ouro manualmente. Por todos os lugares vemos fábricas de produtos, desde as mais simples, como uma serralheria, ou complexos industriais com ambientes limpos, isentos de sujeiras, pós e contaminantes, controlados remotamente por um sistema informatizado de última geração. Esta é a ponta do iceberg do mundo industrial moderno, o que está submerso é representado por todo o universo fabril para se obter os produtos que todos nós consumimos, que vai da tecnologia dos celulares, computadores e notebooks, carros com toda a sofisticação eletrônica atual, ou produtos simples como um guardanapo, uma camisa, ou algo mais simples ainda na nossa concepção de meros consumidores, como uma porca ou parafuso de aço para fixar um quadro na parede, ou fixar a roda do carro. Para nós, engenheiros, este universo não é tão simplório, pois até chegarmos a um produto simples, como o parafuso, o aço passou por diversas etapas de produção, como trefilação, estampagem, rosqueamento, tratamento térmico, tratamento superficial, embalagem, entre outros processos especiais pelos quais este aço pode ter passado, dependendo do tipo de parafuso, e é este universo que agora vamos estudar neste tópico, ou seja, vamos desenvolver o tema de processos industriais discretos. Conforme definido por Slack et al. (2006), é quando os produtos finais são compostos de diversas partes discretas quantificáveis. Chiavenato (2011) detalha que o sistema de produção discreta é utilizado quando se tem por objetivo produzir diferentes tipos de produtos utilizando um conjunto de máquinas e equipamentos disponíveis na unidade fabril, para que cada operação possa ser realizada. Vamos estudar os conceitos básicos dessa importante forma de produção, a produção discreta de produtos. 32 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS Como exemplos deste tipo de sistemas pode-se citar a produção de eletrodomésticos, computadores, automóveis, aviões, tornos mecânicos, máquinas, ferramentas, livros, entre outros. FIGURA 12 – PRODUTOS FABRICADOS POR PROCESSOS DISCRETOS FONTE: O autor Você, como futuro engenheiro, provavelmente irá desenvolver algum trabalho em empresa com produção discreta, e você deve ter percebido que muitos dos produtos que consumimos no dia a dia são produzidos de forma discreta. Vamos continuar com o nosso estudo! 2 OS PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO Como você leu na introdução deste tópico, percebeu que muitos produtos são fabricados por processos discretos, ou seja, o produto ou peça precisa ser produzida operação por operação, mesmo que algumas operações tenham um foco de continuidade, como o exemplo de trefilação de fio máquina para calibragem de diâmetro para fabricação de parafusos ou porcas, ou o processo de tratamento térmico em fornos contínuos. Em cada um desses processos descritos temos a questão discreta de produção, porque eles são aplicados em produtos discretos. TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 33 FIGURA 13 – PROCESSO DE TREFILAÇÃO DE FIO MÁQUINA FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=2qR-yuaST_g>. Acesso em: 22 jun. 2016. Black (apud OLIVEIRA, 2007, p. 12) amplia o conceito apresentado por Slack et al. (2006), descrito anteriormente, para as condições de trabalho em manufaturas discretas, trazendo ainda características relacionadas aos elementos físicos e dos parâmetros mensuráveis do sistema. QUADRO 3 – PROCESSO DE FABRICAÇÃO DISCRETO FONTE: Black (apud OLIVEIRA, 2007, p. 12) 34 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS Conforme você pôde ver, são muitos os parâmetros a serem analisados nos processos discretos, e o engenheiro precisa trazer essa bagagem de conhecimentos para que possa gerar os resultados necessários e, acima de tudo, melhorar a tecnologia de fabricação dos produtos. A tecnologia da organização industrial, atualmente, é um dos principais focos a ser trabalhado, pois é através dela que as empresas continuam competitivas no mercado. Os processos de fabricação discretos são a chave das organizações que possuem uma grande variedade de produtos a ser produzida em uma mesma linha de produção simultaneamente. Apresentamos a seguir alguns conceitos para linha de produção discreta. Conforme Oliveira (2007, p. 12), o sistema de manufatura (ou sistema de produção discreta) pode ser entendido como: Tem por objetivo produzir um conjunto de tipos diferentes de produtos, os quais precisam seguir uma determinada sequência de operações (roteiro de produção), sendo que cada operação pode ser realizada por uma ou mais máquinas. O grande número de produtos a serem fabricados de forma simultânea e concorrente, as complexidades de cada produto, sua diversificação, a variação nas quantidades a serem fabricadas, variações nas demandas, a introdução de novos produtos etc. fazem dos sistemas de manufaturas um sistema complexo, sendo que esta complexidade inerente será tanto maior quanto mais complexos forem os produtos a serem fabricados, quanto mais complexa for a estrutura de produção vinculada a esses produtos e quanto mais limitadas forem as liberdades de custos e prazos para a realização da manufatura. Tubino (2000, p. 27) define os processos produtivos discretos como: São aqueles em que a produção de bens e serviços podem ser isolados em lotes ou unidades. Não dependem do tipo de produto em si, mas da forma como os sistemas estão organizados para atender à demanda. Esses tipos de sistemas podem ser divididos em: • Produção em massa – utilizado para produção em larga escala, com produtos altamente padronizados, exigindo mão de obra altamente especializada na transformação do produto. • Produção em lotes – esse processo é caracterizado pela produção de um volume médio de bens ou serviços padronizados em lotes. O lead time de processo é maior que nos outros casos, observando que as empresas trabalham com a lógica de estoques entre as fases do processo produtivo para garantir a etapa seguinte do processo de produção. • Produção sob encomenda – a montagem desse sistema de produção é voltada para o atendimento das necessidades do cliente. O cliente é quem especifica como quer o produto. Exige-se alta flexibilidade dos recursos produtivos com foco no atendimento das necessidades dos clientes. Zacarelli (1979, p. 12) descreve as organizações com produção discreta como indústrias do tipo intermitente, e as define como organizações com uma “diversidade de produtos fabricados e tamanho reduzido do lote de fabricação, TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 35 determina que os equipamentos apresentem variações frequentes no trabalho”, e os classifica como: • Fabricação por encomenda de produtos diferentes: produto de acordo com as especificações do cliente e a fabricação se inicia após a venda do produto. • Fabricação repetitiva dos mesmos lotes de produtos: produtos padronizados pelo fabricante, repetitividade dos lotes de fabricação, pode-se ter as mesmas características de fluxo existente na fabricação sob encomenda(ZACARELLI, 1979, p. 12). Moreira (2008, p. 8) ainda descreve que, quando definimos uma produção por encomenda, “o cliente apresenta seu próprio projeto do produto, devendo ser seguidas essas especificações na fabricação”. Ao descrever a produção por lotes, detalha que “ao término da fabricação de um produto outros produtos tomam seu lugar nas máquinas, de maneira que o primeiro produto só voltará a ser fabricado depois de algum tempo”. É importante conhecer estes conceitos, pois eles nos nortearam a identificação das características reais dos processos discretos. autoativida de Caro acadêmico, existem variadas características intrínsecas aos processos produtivos discretos. Nós indicamos somente algumas, conforme os autores Oliveira (2007), Tubino (2000), Zacarelli (1979) e Moreira (2008). Aproveite para descansar um pouco e faça uma pesquisa em livros e na internet para identificar mais características específicas para os processos de fabricação discreta. LEMBRE-SE: na atualidade o engenheiro precisa ser também autodidata e realizar pesquisas para o seu aperfeiçoamento. Boa pesquisa. Barros (2006) apresenta um diagrama que nos traz uma visão da classificação dos sistemas discretos, e nos permite entender melhor os conceitos desenvolvidos até o presente momento. Não pretendemos encerrar o tema com estas visões apresentadas, mas elas são bem consistentes para o caminho que estamos desenvolvendo, assim, você poderá descobrir outras classificações também em uso com os autores até então trabalhados, ou com o seu próprio desenvolvimento profissional. 36 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS FIGURA 14 – SISTEMAS DISCRETOS FONTE: Cassandras (apud BARROS, 2006, p. 26) IMPORTANT E Caro acadêmico, vamos entender um pouco melhor o conceito desenvolvido de evento determinístico e estocástico: Modelo Determinístico: Um modelo é determinístico quando tem um conjunto de entradas conhecido e do qual resultará um único conjunto de saídas. Em geral, um sistema determinístico é modelado TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 37 analiticamente, isto só não ocorre quando o modelo se torna muito complexo, envolvendo um grande número de variáveis ou de relações. Modelo Estocástico: Fenômeno que varia em algum grau, de forma imprevisível, à medida que o tempo passa. FONTE: <http://www.mat.ufrgs.br/~viali /estatistica/mat2274/material/laminaspi / Comp_2_6.pdf>. Acesso em: 30 jun. 2016. Com o que estudamos até o presente momento, mais as características dos processos produtivos apresentados por Tubino (2000), apresentamos um resumo das principais características dos processos de produção em lotes. QUADRO 4 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO EM LOTES PRODUÇÃO EM LOTES VOLUME DE PRODUÇÃO MÉDIA VARIEDADE DE PRODUTOS GRANDE FLEXIBILIDADE ALTA QUALIFICAÇÃO DA MÃO DE OBRA ALTA SEQUÊNCIA LINEAR OU PROCESSO AUTOMAÇÃO MÉDIA/ALTA LAYOUT POR PROCESSO CAPACIDADE OCIOSA MÉDIA LEAD TIME MÉDIO FLUXO DE INFORMAÇÕES ALTO PRODUTOS EM LOTE CUSTO DA PLANTA (FÁBRICA) MÉDIA FONTE: Adaptado de Tubino (2000) 38 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS Caro acadêmico, você pode comparar os dados do quadro acima com as características do processo de fabricação por lotes, com o que você identificou em suas pesquisas. Pode ser que você tenha identificado ainda mais características, então parabenizamos você, pois este é o espírito incansável do engenheiro por busca de conhecimentos em sua área de especialização. ATENCAO FONTE: <http://not1.xpg.uol.com.br/mestres-do-saber-filosofos-e-suas ideias-muito- estranhas-ciencia/>. Acesso em: 22 jun. 2016. Atualmente os processos discretos têm recebido uma importância grande nas organizações fabris, pois, pela sua versatilidade e flexibilidade produtiva, têm se mostrado uma tendência futura para as organizações, devendo-se chegar, no futuro, à flexibilidade total de produção com as máquinas de produção individual, e como exemplo temos as impressoras 3D. FIGURA 15 – IMPRESSORA 3D FONTE: <http://www.tecmundo.com.br/impressora-3d/40248-13-impressoras-3d-ja-disponiveis- no-brasil.htm>. Acesso em: 23 jun. 2016. TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 39 Os processos discretos de produção têm se adaptado às condições atuais de mercado e às suas demandas, por isto vemos tantas evoluções nos sistemas produtivos discretos, nos equipamentos e máquinas à disposição das organizações. Vamos agora conhecer alguns exemplos de processos discretos. 3 EXEMPLOS DE LINHAS DISCRETAS DE PRODUÇÃO Caro acadêmico, historicamente vimos a evolução dos sistemas discretos de produção, e cada vez mais a produção individualizada de produtos está se tornando o objetivo. Com o advento da internet, as pessoas têm tomado consciência da existência de produtos específicos para satisfazer as suas necessidades pessoais, e cada vez mais as empresas modernas têm facultado ferramenta para personalização dos produtos. As tecnologias produtivas evoluíram bastante, desde os primórdios da era da industrialização até o período atual. A própria evolução das matérias-primas permite o desenvolvimento de novos produtos e novos processos de fabricação. Lesko (2004) classifica os principais métodos de manufatura em quatro grandes famílias: • Conformação • Corte • Junção/união • Serramento FIGURA 16 – CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE MANUFATURA FONTE: Lesko (2004, p. 7) 40 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS Existem outras formas de classificações dos processos de fabricação, como a que podemos desenvolver através da leitura do livro de Chiaverini (1986), onde podemos identificar a classificação dos processos. Ele apresenta duas grandes famílias: com remoção de cavacos e sem remoção de cavacos. FIGURA 17 – CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO FONTE: Chiaverini (1986) Silveira (2016) tem como base a distinção de operações de processamento (fabricação) e de montagem. TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 41 FIGURA 18 – CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE OPERAÇÃO FONTE: <http://www.mecanica.scire.coppe.ufrj.br/util/b2evolution/media/blogs/joseluis/1- Processos-Fabricacao-Introducao-2016-1.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2016. Você deve ter percebido que não importa a classificação utilizada, seja a realizada por Lesko ou a de Chiaverini, ou ainda a de Silveira, todas terminam com o processo produtivo na base da classificação. São muitas as peças e processos de manufatura discretos, e por isso, antes de prosseguirmos os nossos estudos, apresentaremos alguns exemplos de produtos e processos discretos: • Peça torneada 42 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS FIGURA 19 - PEÇA TORNEADA FONTE: <http://portuguese.alibaba.com/product-gs/turned-parts-machined-parts-precision- parts-10884337.html>. Acesso em: 30 jun. 2016. • Peça conformada FIGURA 20 – PEÇA CONFORMADA FONTE: <http://mmborges.com/processos/Conformacao/cont_html/Forjamento.htm>. Acesso em: 30 jun. 2016. • Peça plástica FIGURA 21 – PEÇA PLÁSTICA FONTE: <http://www.wkvariedades.com.br/utilidades-domesticas/kit-pratico-de-potes-com-10- pecas-jaguar>. Acesso em: 30 jun. 2016. TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 43 • Processo de torneamento FIGURA 22 – TORNEAMENTO FONTE: <http://www.ferrawidia.com.br/suporte-para-torneamento-externo.html>. Acesso em: 30 jun. 2016. • Montagem de automóvel FIGURA 23 – MONTAGEM DE AUTOMÓVEL FONTE: <http://admfucamp.blogspot.com.br/2012/06/visita-tecnica-fabrica-da-fiat.html>. Acesso em: 30 jun. 2016. IMPORTANT E Prezado acadêmico, apresentamos alguns exemplos de produtos e processos discretos, porém, o universo é muito grande, então amplie o seu conhecimento fazendo uma pesquisa para identificar mais produtos e processos de fabricação pouco usuais, como o brochamento, ou o corte de material metálico à água, ou processos de fabricação de peças a laser. 44 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS FIGURA 24 – FABRICAÇÃO DE PEÇA COM CORTEA LASER FONTE: <http://admfucamp.blogspot.com.br/2012/06/visita-tecnica-fabrica-da-fiat.html>. Acesso em: 30 jun. 2016. ESTUDOS FU TUROS Prezado acadêmico, na próxima unidade você irá estudar e conhecer mais profundamente os principais processos de fabricação discretos, mas a sua curiosidade sobre os temas é fundamental para que você aprenda ainda mais sobre cada um dos processos. FIGURA 25 – GERAÇÃO DE CONHECIMENTO FONTE: <https://www.linkedin.com/pulse/20140615161103-125837292-qual-o-perfil-do-gestor- de-conhecimento>. Acesso em: 30 jun. 2016. TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 45 Estamos chegando ao final do terceiro tópico e da primeira unidade, esperamos que você tenha aprendido mais sobre os processos industriais. O convidamos a completar o seu conhecimento com a leitura complementar que apresentamos a seguir, bem como a prosseguir os estudos, pois na próxima unidade estaremos apresentando os principais processos de fabricação. LEITURA COMPLEMENTAR TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO Daniel Augusto Morreira 1 CLASSIFICAÇÃO TRADICIONAL A classificação dos sistemas de produção, principalmente em função do fluxo do produto, reveste-se de grande utilidade na classificação de uma grande variedade de técnicas de planejamento e gestão da produção. É assim possível discriminar grupos de técnicas e outras ferramentas gerenciais em função do particular tipo de sistema, possibilidade essa que racionaliza a apresentação didática. Tradicionalmente, os sistemas de produção são agrupados em três grandes categorias: a) sistemas de produção contínua ou de fluxo em linha; b) sistemas de produção por lotes ou por encomenda (fluxo intermitente); c) sistemas de produção para grandes projetos sem repetição. 1.1 SISTEMAS DE PRODUÇÃO CONTÍNUA (FLUXO EM LINHA) Os sistemas de produção contínua ou fluxo em linha apresentam uma sequência linear para se fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante padronizados e fluem de um posto de trabalho a outro em uma sequência prevista. As diversas etapas do procedimento devem ser balanceadas para que as mais lentas não retardem a velocidade do processo. Às vezes, os sistemas de fluxo em linha aparecem subdivididos em dois tipos: a) a produção em massa, para linhas de montagem de produtos os mais variados possíveis; b) a produção contínua propriamente dita, nome reservado nessa classificação para as chamadas indústrias de processo, como química, papel, aço etc. Esses processos contínuos tendem a ser altamente automatizados e a produzir produtos com elevado grau de padronização, sendo qualquer diferenciação pouco ou nada permitida. De uma forma geral, os sistemas de fluxo em linha são também caracterizados por uma alta eficiência e acentuada inflexibilidade. Essa eficiência 46 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS INDUSTRIAIS é derivada de uma substituição maciça de trabalho humano por máquinas, bem como a padronização do trabalho restante em tarefas altamente repetitivas. Grandes volumes de produção devem ser mantidos para se recuperar o custo de equipamentos especializados, o que requer um conjunto-padrão de produtos estabilizados ao longo do tempo. Dessa forma, é problemático modificar tanto a linha de produtos como o volume de produção, o que leva à inflexibilidade. É quase certo que, se as condições favoráveis ao alto volume e produção padronizada estiverem presentes, a competição forçará o uso da produção contínua por causa da eficiência. A produção em massa, nas chamadas linhas de montagens, é caracterizada pela fabricação, em larga escala, de poucos produtos com grau de diferenciação relativamente pequeno: automóveis, geladeiras, fogões, aparelhos de ar- condicionado etc. A produção em massa pode ser chamada de pura, quando existe uma linha ou um conjunto de equipamentos específicos para um produto final. E dita produção em massa com diferenciação quando adaptações na linha permitem a fabricação de produtos com algumas diferenças entre si. Finalmente, alguns fatores devem ser cuidadosamente pesados antes da adoção de um sistema de fluxo em linha. Além da competição, já referida, pode-se citar o risco de obsolescência do produto, a monotonia dos trabalhos para os empregados e os riscos de mudança tecnológica no processo (que custa a se pagar). 1.2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO POR LOTES (FLUXO INTERMITENTE) Nesse caso, a produção é feita em lotes. Ao término da fabricação do lote de um produto, outros tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando-se assim uma produção intermitente de cada um dos produtos. Quando os clientes apresentam seus próprios projetos de produto, devendo a empresa fabricá-lo segundo essas especificações, temos a chamada produção intermitente por encomenda. No sistema de produção intermitente, a mão de obra e os equipamentos são tradicionalmente organizados em centros de trabalho por tipo de habilidades, operação ou equipamentos. Dito de outra forma, os equipamentos e as habilidades, operação ou equipamentos e as habilidades dos trabalhadores são agrupados em conjunto, definindo um tipo de arranjo físico conhecido como funcional ou por processo. O produto flui, de forma irregular, de um centro de trabalho a outro. O equipamento utilizado é do tipo genérico, ou seja, equipamentos que permitem adaptações dependendo das particulares características das operações que estejam realizando no produto. A própria adaptabilidade do equipamento exige uma mão de obra mais especializada, devido às constantes mudanças em calibragens, ferramentas e acessórios. Embora esses equipamentos permitam uma grande facilidade para mudanças no produto ou no volume de produção, o tempo que se perde nos constantes rearranjos de máquina leva a uma relativa ineficiência. TÓPICO 3 | PROCESSOS DISCRETOS DE PRODUÇÃO 47 A flexibilidade conseguida com o uso de equipamentos genéricos leva também a outros problemas, principalmente com o controle de estoques, com a programação da produção e com a qualidade; se a fábrica ou o centro de trabalho estiverem operando próximo da capacidade limite, haverá muito estoque de material em processamento, o que fatalmente aumentará o tempo das rodadas de produção, pois vários trabalhos irão requerer as mesmas máquinas ou a mesma mão de obra ao mesmo tempo. Em suma, o que o sistema de produção intermitente ganha em flexibilidade diante da produção contínua, ele perde em volume de produção. Justifica-se, portanto, a adoção de um sistema intermitente quando o volume de produção for relativamente baixo. São sistemas comuns no estágio inicial de vida de muitos produtos e praticamente obrigatórios para empresas que trabalham com encomenda ou atuam em mercados de reduzidas dimensões. 1.3 SISTEMAS DE PRODUÇÃO PARA GRANDES PROJETOS O sistema de produção para grandes projetos diferencia-se bastante dos tipos anteriores. Na verdade, cada projeto é um produto único, não havendo, rigorosamente falando, um fluxo do produto. Nesse caso, tem-se uma sequência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa duração, com poucas ou nenhuma repetitividade. Uma característica marcante dos projetos é o seu alto custo e a dificuldade gerencial no planejamento e no controle. Exemplos de projetos incluem a produção de navios, aviões, grandes estruturas etc. 2 CLASSIFICAÇÃO CRUZADA DE SCHROEDER Este modelo de classificação, devido a Schroeder (1981), torna claro que a tipologia clássica, apresentada anteriormente, leva em conta apenas uma dimensão associada aos sistemas: o tipo de fluxo do produto. Essa dimensão geralmente é suficiente para os sistemas industriais, mas incompleta se aplicada aos serviços. Por isso, a classificação cruzada é mais completa e ajuda a entender um maior número de casos práticos. A classificação cruzada dá-se ao longo de duas dimensões. De um lado, temos a dimensão “por tipo de fluxo de produto” que coincide com a tipologia clássica já apresentada. De outro, temos
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