Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REDES II - LONGA DISTÂNCIA E DE ALTO DESEMPENHO AULA 3 Prof. Gian Carlo Brustolin 2 CONVERSA INICIAL Entendemos, anteriormente, elementos da óptica física necessários à compreensão da transmissão de dados por meios ópticos. Devemos, agora, nos debruçar sobre o estudo da tecnologia que permite transmissão óptica por longas distâncias. Em outras aulas, demonstramos que a propagação de uma OEM não ocorrerá, em um guia de onda, sem certa penalidade infligida pelo meio. Elucidaremos, agora, os fenômenos de atenuação e degradação do sinal durante a transmissão, que determinam as janelas de operação das fibras ópticas. Conheceremos, ainda, as fontes e receptores ópticos, bem como amplificadores e filtros, que operam diretamente no nível óptico, sem necessidade de conversão eletro-óptica. Por fim, apresentaremos alguns cuidados referentes à conexão óptica, que possui caraterísticas muito díspares daquelas associadas à conectorização elétrica. Ao término desta aula, seremos capazes de reconhecer os principais componentes eletrônicos e ópticos associados às redes de transmissão baseadas em FOs e teremos construído a base de conhecimento para a realização de cálculos básicos de enlaces ópticos. Importante comentar que, a partir desse ponto, daremos foco nas SMFs por serem estas as fibras utilizadas nas redes de interesse dessa disciplina. TEMA 1 – PROPAGAÇÃO DE SINAIS ÓPTICOS Redes ópticas são tecnologias ideais de transmissão de alta capacidade para longas distâncias, porém essa alta exigência de desempenho não poderia vir desacompanhada de certas limitações inerentes à física dos materiais aplicados. O sinal propagando-se no meio vítreo óptico será afetado em sua amplitude pela atenuação óptica, gerada não apenas pela absorção do meio, mas também pelo acoplamento, curvaturas do cabo, emendas e conectorizações. A dispersão cromática, por sua vez, distorce o sinal limitando à inteligibilidade do código recebido. A seguir, estudaremos esses fenômenos. 1.1 Dispersão cromática A dispersão óptica é inerente ao material construtivo e também à sua construção, ou seja, é causada por imperfeições estruturais do guia de onda 3 luminosa. Como já conceituamos anteriormente, as dispersões ocasionam IIS no sinal recebido e são especialmente importantes nas fibras multimodo. No caso das monomodo, a dispersão cromática, embora menor, pode ser significativa. A dispersão cromática pode ter duas origens principais. A primeira e mais importante tem nascedouro na relação entre o índice de refração do material construtivo e do comprimento de onda (λ). Cada comprimento de onda tem velocidade própria de propagação no material da guia de onda. Futuramente, exploraremos em alguns detalhes a dependência da opacidade de um material em relação à frequência, quando tratarmos de radiopropagação. De qualquer modo, pode-se inferir essa relação imaginando uma parede de concreto: opaca para a luz visível, mas relativamente transparente para as ondas de rádio. A diferença entres essas duas OEMs é seu comprimento de onda apenas. O sinal óptico, que transita pela fibra com uma portadora de determinado comprimento de onda, é o resultado da multiplexação de vários outros sinais de frequências mais baixas. Assim, essas variações espectrais, resultarão velocidades de propagação diferentes, distorcendo o sinal recebido, posto que frações do sinal chegarão antes de outras, fenômeno ao qual já nos referenciamos como dispersão. A segunda origem da dispersão cromática tem ligação com o fenômeno do guia de onda óptico. Como comentado anteriormente, a diferença de índices de refração entre núcleo e casca confina a luz em um duto óptico, guardadas as restrições de ângulo de incidência. Se o valor de N (índice de refração) sofre variações com λ, a relação entre o N do núcleo e da casca também sofrerão e o efeito de dutagem da luz pode colapsar, permitindo o surgimento de modos de propagação nefastos. 1.2 Atenuação A atenuação do sinal óptico é o parâmetro básico de projeto de um enlace óptico, uma vez que é o fator mais importante de limitação do alcance máximo deste enlace. O principal fator gerador da atenuação é a absorção óptica, inerente ao material construtivo. Segundo Keiser (2014), a absorção pode ter origem em defeitos atômicos ou em impurezas no material construtivo da fibra. Os primeiros são normalmente desprezíveis em relação à atenuação causada pelas imperfeições construtivas. Entretanto, na presença de radiações ionizantes, uma possibilidade bastante rara, o primeiro efeito pode se tornar 4 preponderante e causar alterações definitivas, irreversíveis mesmo após cessada a presença da radiação, nas características do material vítreo. A absorção óptica se dá pela dissipação de parte da potência óptica na forma de calor durante a transmissão. A compreensão desse fenômeno exige a consideração do feixe luminoso como particular, afastando-se da leitura ondulatória encetada até o momento. Essa dupla característica da radiação luminosa, que pode assumir comportamento de uma OEM ou de uma partícula (que recebeu o nome de fóton), está bastante sedimentada na literatura científica (Hayt; Bruck, 2013). Os elétrons dos íons das impurezas ao serem bombardeados pelos fótons do feixe transitam para níveis atômicos mais altos, absorvendo a energia fotônica. Uma vez que a energia é absorvida, o feixe perde potência durante a dutagem pela FO. Da compreensão desse fenômeno, surge a necessidade de controlar a presença de impurezas, em faixas restritas de poucos íons por bilhão de átomos de sílica. Assim, controladas as impurezas, a fibra terá uma absorção óptica previsível, ou atenuação característica de sua construção, dada em dB/km, dita coeficiente de atenuação. Coeficientes de atenuação típicos são 0,4 dB/km com λ = 1.310 nm e 0,25 dB/km para λ = 1.550 nm (Kaiser, 2014, p. 108) e o limite, em fibras para aplicações especiais, atualmente é de 0,0006dB/km (Ribeiro, 2009, p. 152). A Figura 1 mostra a relação entre o comprimento de onda de um feixe luminoso propagado em fibra de sílica e o coeficiente de atenuação. Observemos que há três pontos de mínimo local na curva, ou seja, três vales, que identificam pontos onde a atenuação é mínima. Esse comportamento do meio vítreo dará origem às janelas de transmissão que estudaremos em breve. Figura 1 – Atenuação por absorção nos diversos comprimentos de onda Fonte: Ramaswami et al., 2010. 5 A irradiação, devido a curvaturas ou espalhamento, é outro fator de atenuação do sinal. O espalhamento é motivado por irregularidades do próprio material construtivo elementar, a exemplo da sílica. O material pode apresentar regiões de maior densidade, que criam um degrau de refração microscópico. Essa região gerará difrações, que não poderão ser conduzidas pela fibra e acabarão por irradiar-se para a casca, drenando uma fração da potência transmitida. Outra irregularidade possível é o espessamento ou afunilamento do núcleo, que terá efeito equivalente sobre a luz guiada. Outro fator gerador de perda é a inevitável curvatura do cabo. Essa curvatura pode ter origem, em caso de cabos implantados por suspensão, na curva catenária, proveniente da ação da gravidade sobre o cabo óptico, ou em mudanças de trajeto do cabo. A curvatura da fibra gera irradiações em direção da casca. Essa irradiação só é significativa a partir de determinado raio de curvatura, a partir do qual, na SMF, começam a surgir modos secundários de propagação, que são incompatíveis com a dutagem meridional e serão dissipados na casca. Esse raio crítico foi determinado empiricamente com o valor de 5cm (Ribeiro, 2009, p. 147). 1.3 Bandas ópticas Ao observarmos a curva da Figura 1, é possível verificar que a curva que relaciona a atenuação com λ tem 3 mínimoslocais, como comentamos brevemente acima. Esse comportamento sugere a presença de janelas cromáticas de melhor desempenho da fibra. A primeira janela situa-se entre 80 e 1,3μm (ou 800 e 1300nm) batizada de banda S; a segunda, entre 1530 e 1565nm (dita banda C) e entre 1550 e 1625nm (banda L). Essas bandas estão baseadas em um comportamento padrão da maior parte das FO disponíveis comercialmente. Como já comentado, há fibras especiais que apresentam perfil de dispersão sem os mínimos locais descritos. As janelas disponíveis permitem taxas de transmissão de dezenas de Gbps. A limitação de banda de passagem, no entanto, sofre uma limitação superveniente em função da velocidade máxima de operação dos amplificadores. Voltaremos a este assunto ainda neste tema. 6 1.4 Eleitos não lineares Os motivos construtivos pelos quais a fibra apresenta dispersão e atenuação são conhecidos e controláveis dentro de determinadas condições de operação. A linearidade do comportamento da FO em relação ao comprimento de onda é uma suposição aceitável para baixas potências de transmissão e para taxas não maiores do que uma dezena de Gbps. Superados um ou ambos os limites, surge um comportamento não linear de dispersão importante, principalmente em sistemas de alta densidade de dados como os WDMs. Os efeitos não lineares produzem transferência de energia para um feixe espúrio de baixo λ, gerado a partir da interação do feixe transmitido com a sílica. Dessa forma, quando são necessárias maiores potências de transmissão (em função da distância de enlace pretendida), surge um efeito de dispersão não linear que afeta a qualidade do sinal de recepção. Duas são as categorias de efeitos não lineares. A primeira refere-se ao efeito Rayleigh e a segunda, à dependência entre o índice de refração e a intensidade do campo elétrico da OEM luminosa. O efeito Rayleigh, reputado a aglomerações moleculares da sílica, depende do inverso da quarta potência de λ e, portanto, tem mais significância na banda S. Esse efeito produz igualmente perturbação no sinal por dispersão, limitando a máxima taxa de transmissão. TEMA 2 – EMISSORES ÓPTICOS A fibra óptica, como alternativa áurea para transmissão de dados, alcançou seu pleno potencial quando a eletrônica de iluminação evoluiu o necessário para que a luz incidente pudesse ser controlada covenientemente. As soluções se dividem em duas classes bastante distintas em relação à qualidade da luz produzida e naturalmente quanto ao preço do componente. Os fotodiodos foram os primeiros componentes adaptados para a iluminação de fibras, têm custo menor e se prestam a aplicações mais simples. Os lasers são a opção de iluminação para SMFs e redes de transmissão óptica de alta capacidade. Enfrentaremos, a seguir, um breve estudo dos principais emissores ópticos em operação na atualidade. 7 2.1 Diodos emissores de luz (LEDs) A compreensão do funcionamento de um LED passa pelo entendimento da física básica de um semicondutor. Um semicondutor, como o nome sugere, é um material que apresenta característica de condutibilidade elétrica pior do que um material condutor, mas significativa, se comparada a um isolante. O estudo da teoria dos semicondutores não é objeto deste curso, basta-nos compreendê- la rudimentarmente. Suponha uma estrutura cristalina cuja capacidade de condução de corrente não é nula. A corrente elétrica, em um material qualquer, é explicada por dois fenômenos distintos e complementares: os elétrons livres e as lacunas atômicas. A presença de elétrons livres, que circulam pelo meio condutor, motivados pela presença de uma diferença de potencial, entre os extremos do material, é um fenômeno que permite a condução da corrente elétrica entre tais extremos. Outra possibilidade é a presença de lacunas atômicas, ou seja, de orbitais ávidos por elétrons. Nesse caso, o material comporta-se de maneira análoga, porém as lacunas “circulariam” entre os extremos do material. No primeiro caso, temos um semicondutor do tipo “n”, e no segundo, do tipo “p”. Ao criarmos uma junção “pn”, ou seja, ao se justapor cristal “n” com cristal “p”, haverá uma região de junção na qual elétrons do cristal “n” migram para ao cristal “p” ocupando as lacunas lá presentes. Essa migração restringe-se à dita região de depleção, nas proximidades da junção, não se propagando por todo o material. Essa área opera como uma região de exclusão que impede a circulação de cargas. Figura 2 – Junção “pn” Fonte: Keiser, 2014. 8 Ao polarizarmos um conjunto semicondutor “pn”, podemos fazê-lo diretamente ou inversamente. Ao polarizarmos inversamente (cristal “p” ligado a potencial negativo e cristal “n” ligado a potencial positivo), o lado “n” se tornará mais positivo, como está representado na Figura 3. Figura 3 – Junção “pn” polarizada reversamente Fonte: Ribeiro, 2009. Em polarização reversa, a região de depleção se tornará mais resistente à circulação de corrente. Nesse modelo, ocorrerá uma corrente, dita reversa, bastante pequena. Em polarização direta, como a região da junção não resiste à corrente, surgirá uma corrente direta de módulo consideravelmente maior do que a reversa. O que acabamos de descrever é o comportamento de um diodo, um componente eletrônico que resiste à passagem da corrente elétrica no sentido reverso e a permite, quase que livremente, no sentido direto. A circulação de corrente direta, entretanto, sofre resistência na região de depleção. Nessa região, o diodo terá um bombardeio de cargas similares àquelas já presentes na região, ou seja, uma região neutra receberá elétrons livres. Essa sobra de energia, se escolhido o material correto, pode ser canalizada para a emissão fotônica. Dito de outra forma, os elétrons, presentes em grande quantidade em determinada região neutra do cristal, precisam perder energia. Esse decremento energético pode ser obtido pela migração do elétron para a região “p” ou pela depleção energética pela emissão de fótons. 9 O diodo emissor de luz (Light Emissor Diode – LED) faz uso dessa propriedade. Utilizar um LED como fonte luminosa para transmissão em fibras ópticas, entretanto, exige um excelente acoplamento mecânico, além de bom controle de intensidade e do comprimento de onda da luz emitida. O semicondutor emite luz, como já comentado, em virtude de características próprias do material construtivo reagindo à passagem da corrente. Assim, a dopagem do material é a solução usual para a sintonização do diodo em determinado λ. Mesmo com esses esforços, LEDs não são plenamente sintonizáveis, emitindo certa miríade de comprimentos de onda simultâneos. No que se refere à potência, sinais típicos, provenientes de LEDs, raramente ultrapassam -20dBm, e a resposta ao controle só é aceitável até poucas centenas de MBps (Ramaswami et al., 2010, p. 183). Ao se considerar o exposto acima, os diodos não laser são apropriados apenas para iluminar pequenos trajetos, com taxas relativamente baixas. Naturalmente, a grande vantagem do uso desse componente é o baixo custo, assim, conexões óticas de acesso, em redes locais, se tornam viáveis. A associação de LEDs com fibras plásticas multimodo tem se tornado o meio mais eficiente e confiável de conexão de acesso residencial e para conexão de usuário em redes LAN. 2.2 Diodos laser As fibras monomodo, voltadas a operações em longa distância, como já comentado, possuem um núcleo bastante estreito, de forma a priorizar o modo meridional de transmissão óptica. Essa característica física exige uma fonte de pequena dimensão e com alta capacidade de foco. De outro lado, sistemas de comunicação de longa distância, em função dos elevados custos de implantação e manutenção, devem ser otimizados quanto à capacidade de transmissão. Soluções WDM são bastante comuns em tais sistemas. Essas implementaçõesdemandam fontes de luz com alta discriminação de cor, ou seja, capazes de emitir apenas poucos, ou na situação ideal, apenas um, comprimento de onda. Os diodos laser são a solução usual para essa necessidade. Um diodo emissor de luz é o princípio elementar de funcionamento de um laser semicondutor. Nesse caso, será necessário acrescentar uma cavidade de ressonância para concentrar e sintonizar a luz emitida pelo LED. Assim, uma nova camada de material, com características ópticas específicas, será 10 depositada sobre a junção ativa do semicondutor. Esse material semiespelhado criará a cavidade ressonante (dita cavidade de Faber-Pierrot ou FP), que amplificará o sinal luminoso pelo efeito da emissão estimulada e o sintonizará em determinado comprimento de onda. Conforme as características de construção, descreveremos a seguir alguns tipos comuns de lasers: • Laser FP: lasers baseados, unicamente, no princípio supradescrito são chamados FP lasers e têm bom desempenho de potência, mas a sintonia não é unitária e é limitada pela presença de alguns comprimentos de onda harmônicos. • Laser MLM: são lasers que têm sintonia não unitária (Multiple-Longituninal Mode), como os FP lasers, porém, com menores limitações que estes. • Laser SLM: são lasers que têm sintonia unitária (Single-Longituninal Mode). Essa característica de sintonia plena é obtida pelo acréscimo de rugosidades na cavidade FP. • Laser DFB: são lasers SLM cuja área rugosa é concomitante à cavidade de ganho. • Laser DBR: são lasers SLM cuja área rugosa é posterior à cavidade de ganho. Essa diferença construtiva permitirá alterar a sintonia da fonte, permitindo que opere em mais de um λ. • Laser de Cavidade Externa (External Cavity Lasers): essas fontes, baseadas em lasers FP, não resolvem o problema da sintonia pelo acréscimo de rugosidades (como nos DFB e DBR), mas sim pelo acréscimo de uma segunda cavidade de sintonia de efeito exclusivamente óptico. O controle do índice de refração dessa cavidade permite o controle do λ, tornando esse laser sintonizável. • Laser VCEL: trata-se de um laser de emissão superficial em cavidade vertical. Nesse caso, a emissão de luz ocorre de forma perpendicular à superfície semicondutora. Essa característica permite a coexistência de vários lasers em um único chip (array lasers), tornando a solução atraente para WDM. 11 Figura 4 – Laser Array de duas dimensões Fonte: Ramaswami et al., 2010. • Laser VGF: trata-se de um laser de emissão horizontal, porém, com inserções de corrente verticais, permitindo a associação por justaposição de material óptico de índice de refração controlada por corrente. 2.3 Laser sintonizável Sistemas WDM são baseados na propagação de várias dezenas de comprimentos de onda, simultaneamente, como forma de multiplexação do meio. Já afirmamos que os diodos laser são construídos de forma a produzirem apenas um λ ou número limitado de λs relacionados entre si. Essa realidade torna necessário o uso de vários lasers para iluminar um sistema WDM, fato não desejado em função das dificuldades mecânicas de implementação, bem como pela dificuldade de manutenção. Seriam necessários custosos estoques de lasers para manter a disponibilidade do sistema. Dessa problemática, surge o campo de aplicação de fontes sintonizáveis. Lasers sintonizáveis são também basilares para a fácil operação de uma rede óptica, posto que se pode alterar os comprimentos de onda, sem que seja necessária a troca dos diodos, operação custosa e pouco prática, dadas as distâncias envolvidas, em redes de transmissão óptica. A ressintonização desses lasers pode ser feita mecanicamente (em lasers de cavidade externa), por corrente elétrica ou por controle térmico. A mudança de comprimento de onda pelos dois últimos métodos faculta a reconfiguração remota da rede, reduzindo significativamente os custos de manutenção e operação. 12 TEMA 3 – DETECTORES ÓPTICOS O sinal óptico, ao chegar a seu destino, precisa ser detectado e convertido em seu correspondente elétrico. O processo de detecção em muito se aproxima do reverso daquilo que estudamos para a foto emissão. Naquele fenômeno, a presença de fluxo de corrente superestimulava elétrons em junção semicondutora, e a descarga desse excesso de energia ocorria pela emissão de fótons. Se imaginarmos que esse processo seja reversível, como de fato o é, ao bombardearmos uma superfície semicondutora com fótons, a estimulação dos elétrons que absorveram a energia luminosa poderá se traduzir em corrente elétrica, como veremos a seguir. Os semicondutores mais comuns para realizar a transdução opto-elétrica são os fotodiodos de dois tipos: PPDs e APDs. 3.1 Fotodiodo PIN (PPD) Fotodiodos são semicondutores que são mecanicamente habilitados à recepção da luz. Os fótons, ao colidirem com o material semicondutor, tem sua energia absorvida por elétrons ávidos, os quais colocam os átomos na região de condução elétrica. Se o diodo for então polarizado, a corrente elétrica fluirá. Os diodos detectores ópticos de camada intrínseca, chamados também de PPD, recebem uma fina camada de dopagem no interior da junção “pn”. Por esse motivo, são ditos pin, em alusão a essa camada entre a junção. Uma vez que a absorção de energia é mais intensa na região de junção, a inserção dessa nova camada potencializa a absorção fotônica, melhorando o desempenho do diodo. Figura 5 – Fotodiodo PIN Fonte: Amazonas, 2005. 13 3.2 Fotodiodo de avalanche (APD) O funcionamento de um fotodiodo, como comentamos acima, baseia-se na absorção fotônica. Esse processo exige a relação unívoca entre o número de fótons e o de elétrons excitáveis, uma vez que o fóton, ao colidir com o elétron, perde sua energia cinética. O número de fótons disponíveis é limitado pela potência óptica presente na recepção. Assim, potências baixas terão por resultado baixas correntes elétricas e, consequentemente, maior susceptibilidade, do sinal recebido, a ruídos. Se sujeitarmos o feixe de recepção a um campo elétrico adequado, os fótons podem ser acelerados, ganhando maior energia cinética, sem alterar as características do sinal. Fótons com maior energia cinética podem excitar mais de um elétron, potencializando assim a intensidade da corrente de recepção. Esse fenômeno é chamado de efeito avalanche e é usado nos diodos APD como solução de amplificação do sinal recebido. Figura 6 – Fotodiodo APD Fonte: Amazonas, 2005. 3.3 Outros fotodetectores Os diodos são, entre os componentes eletrônicos semicondutores, os mais simples, por serem compostos por apenas uma junção “pn”. Transistores são componentes compostos por duas junções. Dessa forma, podem existir transistores “pnp” ou “npn”, conforme a ordem de deposição dos materiais semicondutores. Um transistor em extrema simplificação pode ser considerado um amplificador de sinal, conforme se polarizam externamente as junções. Utilizar um transistor como fotorreceptor pode ser uma solução interessante, já que o transistor tem essa característica de amplificação natural 14 do sinal. O fototransistor recebe a luz na junção central e comporta-se de forma semelhante ao diodo PPD, com vantagens em relação ao nível do sinal recebido. A associação entre a amplificação do transistor e a fotodetecção da junção “pn”, explorada no fototransistor, foi também aproveitada em uma justaposição de um fotodiodo pin e de um transistor de alta amplificação, conhecido como FET (transistor de efeito de campo), criando o detector pin-fet. O uso de fototransistores pode ser indicado quando o principal problema a ser enfrentado é a amplitude do sinal e não a relação sinal/ruído. A amplificação do sinal pelo efeito transistor, de maneira geral, afeta o ruído negativamente, tornando pouco apropriado seu uso em sistemas com distorçãocromática próxima ao limite de recepção. TEMA 4 – COMPONENTES DE TRANSMISSÃO ÓPTICA Originalmente, as fibras ópticas foram imaginadas como links de um único salto, ou seja, sem repetições de sinal intermediárias. Nesses primeiros estudos, a solução para a repetição passaria por custosa eletrônica de reconversão eletro- óptica, restringindo as aplicações dessa tecnologia. A evolução das interfaces e dos protocolos de transmissão digital tornaram a FO uma opção viável em substituição aos links de micro-ondas e satélites. A partir desse ponto, o desenvolvimento de equipamentos que permitissem maior flexibilidade na operação dos enlaces ganhou destaque. Mais recentemente, como já comentamos em outro momento, facilidades de roteamento e de tratamento inteligente de pacotes, em nível óptico, passaram a ser possíveis. Descreveremos, a seguir, algumas das tecnologias disponíveis para viabilizar a transmissão óptica, em grandes distâncias. 4.1 Acopladores Acopladores ópticos são usados para que se possa agregar o fluxo de duas fibras independentes. Acopladores podem ser sensíveis ao comprimento de onda ou transparentes às entradas. De maneira geral, um acoplador transparente divide a potência de cada sinal, de forma que as saídas passam a compartilhar as entradas. Esse fenômeno, observado na Figura 7, não importa em atenuação significativa. Portanto, a somatória das potências de entrada é bastante parecida com a soma 15 das potências de saída. Dessa forma, a potência de cada λ será dividida igualmente entre as saídas. Assim se, na entrada: P(λ1) = p1 dBm P(λ2) = p2 dBm, na saída Psaída A = ½ * p1 + ½ * p2 Portanto: Psaída B = Psaída A = (p1 - 3dB) + (p2 - 3dB) Figura 7 – Acoplador óptico transparente a cor Um acoplador transparente (ou flat coupler) conecta apenas duas entradas. Quando necessária a fusão de mais de dois λ, a solução adotada é serializar acopladores, uma vez que a perda de potência é desprezível. Acopladores sensíveis ao comprimento de onda também são bastante úteis. Nesse caso, a potência não se vê dividida igualmente entre as saídas, mas haverá um fator de transferência de potência “α”, para cada λ. Se potência de λ1 é dada por P(λ1) e a potência de λ2 é dada por P(λ2), a potência das saídas serão mutuamente proporcionais, segundo o fator α. A Figura 8 ilustra o processo. Figura 8 – Acoplador óptico sensível ao comprimento de onda 16 Observe que não há perda de potência no processo, da mesma forma que ocorre no acoplador transparente, apenas as frações transferidas não são iguais, dependendo do fator de transferência “α” que afeta cada comprimento de onda de maneira independente. Os acopladores são componentes ópticos passivos, ou seja, que não dependem de alimentação externa para seu funcionamento. O interior de um acoplador não é outro senão um ambiente vítreo compartilhado pelas fibras entrantes. A construção desse ambiente é tal que o torna um guia de onda, capaz de replicar os sinais entrantes, fornecendo saídas como aquelas supradescritas. 4.2 Multiplexadores Quando operamos com sistemas WDM, no qual vários comprimentos de onda são lançados em uma única fibra, poucos são os casos nos quais não será necessário extrair ou acrescentar dados durante o processo de transmissão. A capacidade de filtrar determinado comprimento de onda é uma conquista relativamente recente. As técnicas para se retirar ou acrescentar uma cor de um sistema WDM exigem componentes de alta precisão óptica que processam o feixe complexo, reagindo de forma diferente a cada λ. A multiplexação de comprimentos de onda pode ocorrer na fase de lançamento do feixe, como estudamos na secção 3, mas também pode ser realizada em nível óptico com uso de multiplexadores (Mux) e demultiplexadores (Demux) ópticos durante o processo de transmissão. Em uma estação de comunicação intermediária, de um sistema WDM, podem ser realizadas extrações ou inserções de várias cores. Não seria viável realizar tais operações na interface elétrica, que exigiria uma eletrônica complexa, com alta influência no retardo de propagação no sistema. Eventualmente, pode ser necessária, em dada estação intermediária, a extração de uma cor, a ser convertida em sinal elétrico, para retirada ou inserção de tributários e reinserção no feixe, mas esse não é o tratamento mais frequente em sistemas WDM. Em enlaces de longa distância, busca-se ao máximo manter o sistema operando em nível óptico. Os AWGs (Arrayed Waveguide Grating) são componentes não alimentados, baseados em sílica dopada, que realizam a função de multiplexação ou demultiplexão de sinais ópticos. Apenas realizar 17 essas duas operações, entretanto, não garante a flexibilidade de inserção descrita acima. De forma a permitir a operação plena em nível óptico, é necessário criar uma matriz de comutação óptica, formada por associações de Mux e Demux AWG. A matriz permitirá que partes de feixes oriundos de uma fibra possam migrar para outras fibras, conforme o destino dos pacotes. Essas matrizes precisam ter a capacidade de multiplexar e demultiplexar sinais. A Figura 9 ilustra um crossconector óptico estático. Figura 9 – Comutador óptico estático Fonte: Ramaswami et al., 2010. O comutador estático, embora altamente eficiente, insere certa restrição a operação da rede. Dessa forma, foi necessário migrar parte do roteamento dos dados, para a camada óptica. 4.3 Filtros Filtros dinâmicos e, consequentemente, Demux dinâmicos são possíveis tecnicamente, mas serão dependentes de uma eletrônica de sintonia. Dito de outra forma, embora o filtro em si opere passivamente em relação à alimentação elétrica, sintonizá-lo dependerá de um circuito apropriado, esse circuito demandará alimentação para que altere as características do filtro. Um exemplo de filtro dinâmico são os AOTF (Acusto-Optic Tunable Filter, ou filtro sintonizável por efeito acústico-óptico). Esses filtros são construídos de material óptico birrefringente, que permite a propagação de uma onda acústica, cuja oscilação altera as características de refração da sílica. Dessa forma, uma 18 eletrônica para geração do tom (acústico) será associada ao filtro para que seja possível sua sintonia em dado comprimento de onda. 4.4 Amplificadores Quando operamos com taxas altas de transmissão de dados, surgem limitações naturais do máximo alcance da rede, como já comentamos anteriormente. As primeiras tentativas de ampliar tais limites foram os repetidores ópticos, instalações físicas que realizavam a recuperação do sinal em sua interface elétrica. Em breve, no entanto, soluções de bombeamento fotônico reduziram substancialmente a eletrônica envolvida, evitando a necessidade de conversão eletro-óptica (Ribeiro, 2009). Utilizar estágios de amplificação passiva é, atualmente, a solução mais desejada. Amplificadores passivos podem ser implantados em emendas do cabo, sem a necessidade de instalações específicas. Esses amplificadores têm seu princípio de funcionamento ligado a fenômenos de autoluminescência de dadas dopagens da sílica (Erbium-Doped Fiber Amplifier – EDFA). Esses fenômenos, entretanto, não têm comportamento linear em todos os comprimentos de onda e não corrigem degenerações do sinal, como ocorre em seus avós, repetidores ópticos. Essas desvantagens, associadas ao ruído gerado intrinsecamente pelo processo de bombeamento, geram nova limitação de máxima distância, embora menos restritiva, para as operações nas bandas e sub-bandas de 1,55μm. Amplificações típicas desses componentes situam-se entre 15 e 30dB. O fenômeno de autoluminescência ou autoemissão, naturalmente, depende de uma fonte de estímulo, ou bomba de fótons, que deverá ser inserida na fase de acoplamento do feixe WDM, conforme se observa abaixo. Figura 10 – Amplificador EDFA Fonte:Ribeiro, 2009. 19 A amplificação com uso de EDFA não é a única em operação, amplificadores Raman são relativamente comuns e baseiam-se em fenômeno similar ao EDFA, porém inserem distorções distintas àquelas inerentes à dopagem por érbio. Essa característica díspar, entre as distorções das duas tecnologias, torna possível associá-las em um enlace. Essa associação, hipoteticamente, soma a distância de transmissão máxima de cada conjunto amplificador, uma vez que a distorção cromática cessa no ponto de amplificação. Para entender esse processo, imagine que, em um enlace de extralonga distância, um amplificador de dopagem de érbio (EDFA) seja instalado e que, em virtude disso, insira dispersão cromática que afete principalmente λ1 e λ2. Alcançada a máxima distância, d1, na qual a dispersão nessas frequências atinge o limite da IIS, implantamos um amplificador Raman, que não tem efeito sobre λ1 e λ2, mas insere dispersão em λ3 e λ4. O sinal luminoso ganhará novo alcance, d2, limitado agora pela dispersão em λ3 e λ4. Agindo dessa maneira, a distância máxima percorrível, antes de uma conversão eletro-óptica, será d1 + d2. 4.5 Conversores de comprimento de onda Conversores de λ são utilizados quando, em sistemas de alta capacidade, é necessário migrar os dados de um λ para outro. Esse componente é especialmente útil quando sistemas legados de FO precisam ser conectados a WDMs mais novos ou quando dois sistemas WDMs com gerenciamentos distintos (por exemplo, na fronteira entre operadoras de telecomunicações) precisam ser interconectados. No estágio de desenvolvimento atual, os conversores de comprimento de onda, em interface óptica, ainda não estão comercialmente disponíveis. Dessa forma, a conversão eletro-óptica é ainda necessária para a interconexão. TEMA 5 – ACOPLAMENTO ÓPTICO Acoplar um sistema óptico não é um processo tão simples como inicialmente se pode imaginar. Deve-se considerar que a relação entre potências de transmissão e distâncias, a serem percorridas pelo feixe, exigem um controle bastante estreito das perdas envolvidas no processo de lançamento, conexão, 20 junções e recepção do feixe óptico. Teceremos, então, algumas considerações sobre os cuidados de acoplamento. 5.1 Conectores Quando uma FO precisa ser interconectada, o procedimento preferido é o uso de fusões definitivas que apresentam baixas perdas e alta estabilidade. Porém, se a conexão é temporária, o uso de conectores ópticos será necessário. A conexão óptica é bastante sensível ao alinhamento, dada a característica de dutagem da FO. Conectores que integrem lentes de colimação contornam esse problema mecânico pela refocalização do feixe, conforme se vê na Figura 11. Esses conectores, entretanto, têm desvantagens em relação a soluções que buscam a simples justaposição mecânica. Se o polimento das extremidades vítreas for bom e o sistema de alinhamento mecânico for eficiente, os resultados da mera justaposição são melhores, do ponto de vista de perdas de conexão, do que os obtidos por conectores providos de lentes. Figura 11 – Conector com lentes de alinhamento do feixe Fonte: Ribeiro, 2009. Conectores que permitem o realinhamento dos cabos ópticos, após a conexão, também estão disponíveis no mercado e facultam o ajuste mecânico externo de forma empírica, com base na mediação da eficiência da conexão durante o ajuste. Por outro lado, não apenas a mecânica de justaposição e alinhamento é importante como também as características de estabilidade da junção. A dilatação dos elementos construtivos não vítreos, como metais e plásticos, deve ser criteriosamente estudada para que a estabilidade se veja garantida. Conectores com boa estabilidade térmica são consideravelmente mais caros que seus pares de construção mais elementar. 21 5.2 Perdas em conectores Uma interconexão óptica sempre sujeitará o feixe óptico a uma atenuação, dita perda de inserção. Segundo Ribeiro (2009), os conectores inserem perdas de inserção entre 0,3 e 0,5dB em SMFs. Essas perdas podem ser minimizadas, ainda segundo o escritor, pela inserção de microlentes nas extremidades da FO, que alinham o feixe na entrada/saída da fibra. Fibras multimodo podem ter atenuações maiores em função da diferença entre o número de modos admitidos em cada elemento conectado. 5.2.1 Perdas Intrínsecas Dadas as imperfeições da geometria construtiva da fibra, ao justapormos duas fibras, com uso de conectores ou não, haverá uma transição abrupta entre geometrias. Dito de outra forma, se uma fibra possui uma leve excentricidade do núcleo, o feixe, durante a transmissão, sofreu dispersão motivada por essa anomalia. Ao justapormos essa FO à outra, com excentricidade diferente, somaremos um novo efeito dispersivo ao ruído do sinal. Figura 12 – Excentricidade da fibra óptica Fonte: Ribeiro, 2009. A geometria, embora seja o fator principal de perda de inserção, não é o único. A abertura numérica da fibra, ou ângulo de aceitação de feixe, pode ser outro fator, se a conectorização ocorrer entre cabos ópticos distintos. 5.2.2 Perdas extrínsecas O processo de conectorização e a mecânica dos conectores inserirão descontinuidade na FO semelhante àquela estudada anteriormente. 22 O desalinhamento mecânico ainda é o principal causador da perda por inserção. Isso é facilmente compreendido quando relembramos as reduzidas dimensões do núcleo de uma SMF, menor do que uma dezena de micrômetros. Três são as possibilidades de desalinhamento, a saber: axial, longitudinal e angular, exemplificados na Figura 13. Figura 13 – Tipos de desalinhamento em conexões ópticas Fonte: Keiser, 2014. O desalinhamento angular é pouco frequente em conectores, tornando-se mais significativa em emendas ópticas. As perdas por desalinhamento longitudinal são especialmente danosas em virtude do efeito de retorno, ou reflexão do feixe, que transitará por um meio não vítreo pelo espaço “S”. Como os meios têm índice de refração diversos, o feixe sofrerá dois processos de refração seguidos. 5.3 Junções por fusão Conforme comentamos no tópico anterior, quando uma FO precisa ser emendada por longos períodos, o procedimento de melhor resultado, do ponto de vista de atenuação, é o uso de fusões ópticas. Nesse tipo de junção, após a preparação, as fibras são submetidas a um arco voltaico, provocando a fusão vítrea entre elas. No processo de emenda por fusão, o desalinhamento mais danoso à transmissão óptica é o axial, o qual, segundo Keiser (2014), pode ser responsável por mais de 80% da perda de potência. Perdas de inserção típicas, de fusões ópticas, situam-se abaixo de 0,1 dB, com valores mínimos em torno de 0,01 dB. 23 5.4 Preparação da face óptica Quando uma FO precisa ser interconectada, a apresentação física da face da FO a ser conectada, tem influência direta sobre o desempenho da conexão. Segundo Keiser (2014), a superfície de conexão deve ser plana e perpendicular ao eixo da fibra. Essa apresentação, entretanto, não é natural ao corpo vítreo. Fraturar a extremidade de forma controlada parece ser o procedimento mais eficiente, principalmente para implantações de campo. A clivagem é a técnica utilizada comumente em fibras monomodo. A SMF deve ser inicialmente riscada e posteriormente dobrada de forma controlada. Atingida a curvatura crítica, a fibra se rompe no ponto de riscagem, obtendo-se um corte liso e perpendicular. A fase de riscagem é, entretanto, definidora da qualidade final de quebra. A clivagem a laser resolve essa última limitante do processo. A clivagem permite a obtenção da superfície ideal para conexão também para conexão por justaposição com uso de conector óptico. Cabe observar, no que se refere ao uso de conectores, que a superfície da extremidade da fibra, de conexão, se degradará com as operações sucessivas.Assim, após algumas conectorizações, a atenuação da conexão passará a apresentar valores mais altos. A solução para tal efeito de desgaste é o polimento da superfície de conexão da fibra. Esse processo exige trabalho manual especializado, normalmente envolvendo o uso de vários abrasivos de granulação decrescente. Dada tamanha dificuldade, em alguns casos, de optar por uma nova fratura da extremidade pode conduzir a melhores resultados. A desvantagem de refazer a face por ruptura é a provável perda da mecânica do conector que normalmente precisa ser substituída. 5.5 Acomodação de emendas Duas fibras podem ser emendadas com uso de conectores (emenda mecânica) ou por fusão. Concluída a emenda, ela será protegida mecanicamente por um tubete, se por fusão, e acomodada em uma bandeja de emendas de uma caixa de emendas. Essa caixa, representada na Figura 14, conta com espaço para que uma reserva de fibras seja preservada para eventual manutenção das emendas. 24 Figura 14 – Caixa de emendas ópticas Fonte: Pinheiro, 2016. As caixas de emenda têm características construtivas, de forma a oferecer resistência às intempéries e preservar as emendas de agressões mecânicas por movimentos dos cabos ópticos. FINALIZANDO Nessa aula, estudamos alguns princípios de propagação óptica que fundamentam as atenuações e as degradações dos sinais ópticos. Esse conhecimento, associado ao estudo dos componentes de redes de transmissão óptica e das perdas infringidas pelas conexões ópticas, permitirá, em nossas próximas aulas, subsidiar os cálculos de atenuação de enlace que facultam o projeto de enlaces ópticos de longa distância. 25 REFERÊNCIAS AMAZONAS, J. R. D. A. Projeto de sistemas de comunicações ópticas. Manole, 2005. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520438534/>. Acesso em: 1 mar. 2021. KEISER, G. K. Comunicações por fibras ópticas. Grupo A, 2014. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580553987/>. Acesso em: 1 mar. 2021. PINHEIRO, J. Redes ópticas de acesso em telecomunicações. Grupo GEN, 2016. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595155329/>. Acesso em: 1 mar. 2021. RAMASWAMI, R.; SIVARAJAN, K.; SASAKI, G. Optical networks: a practical perspective. 3. ed. Morgan Kaufmann, 2010. RIBEIRO, J. R. J. A. Comunicações ópticas. Saraiva, 2009. Disponível em: <https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788536521930/>. Acesso em: 1 mar. 2021.
Compartilhar