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DISCURSORACISTAEHEGEMONIA

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Revista Panorâmica On-Line. Barra do Garças – MT, vol. 23, 
p. 157 - 175, jul./dez. 2017. ISSN - 2238-921-0 
 
 
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DISCURSO RACISTA E HEGEMONIA: 
uma proposta de análise crítica do discurso com uma turma de 9º ano 
 
 
Rosimeri Mirta Fischer1 
Leandra Ines Seganfredo Santos2 
 
 
Resumo: 
Este trabalho discorre sobre uma pesquisa desenvolvida em atendimento à disciplina Gêneros 
Discursivos/Textuais e Práticas Sociais que faz parte do currículo do Programa de Mestrado 
Profissional em Letras – PROFLETRAS, UNEMAT, Campus Sinop-MT. Para tanto, o 
objetivo consiste em entender o texto multimodal propaganda da Bombril sobre uma 
homenagem às mulheres negras, a charge e a reportagem sobre um ator negro que fora preso 
por engano em 2014, como resultado de uma ação socialmente situada ao considerar as 
escolhas linguísticas presentes nos textos as quais deixam marcas implícitas de poder e 
dominação do discurso racista da elite. A análise dos textos tomou como referência a 
perspectiva das teorias da Análise Crítica do Discurso (ACD) com uma abordagem teórica 
que se ampara na mudança discursiva (FAIRCLOUGH, 2016) e na relação sociocognitiva 
com destaque para as relações entre cultura, ideologia e conhecimentos sociais (VAN DIJK, 
2015). A pesquisa desenvolveu-se com uma turma de 9º ano, no período matutino, da Escola 
Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi em Aripuanã/MT. O estudo intervencionista teve 
cunho qualitativo (BORTONI-RICARDO, 2008), com uma proposta de análise de eventos 
discursivos na vertente tridimensional (FAIRCLOUGH, 2016). Com o desenvolvimento do 
projeto de pesquisa os alunos verificaram que é possível interpretar as relações de legitimação 
e de criação de consenso de ideologias dominantes sobre a identidade afrodescendente a partir 
das escolhas lexicais, gramaticais, estruturais e coesivas que demonstram traços de hegemonia 
presentes no discurso racista analisado. 
 
Palavras-chave: 
Escolhas linguísticas. Ideologias. Relação sociocognitiva. 
 
 
RACIST DISCOURSE AND HEGEMONY: 
a critical discourse analysis proposal with a 9th grade class from elementary school 
 
 
Abstract: 
This article discusses about a research developed into a discipline Discursive /Textual Genres 
and Social Practices that are part of the Professional Master's Program curriculum in Letters - 
PROFLETRAS, UNEMAT, Campus Sinop. Its purpose is to understand the multimodal text 
 
1 Mestranda do curso de Pós-Graduação Profissional em Letras – PROFLETRAS no Campus da UNEMAT de 
Sinop/MT e bolsista da CAPES. E-mail: meyre_fischer@hotmail.com. 
2 Pós-doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem (PUC/SP). Universidade do Estado de Mato 
Grosso (UNEMAT). E-mail: leandraines@unemat.br. 
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propaganda of Bombril about a tribute to black women, the cartoon and the reporter about a 
black actor who was mistakenly arrested in 2014, as a result of a socially situated action when 
considering the linguistic choices present in the texts which leave implicit marks of power and 
domination of elite racist discourse. The analysis of the texts took as a reference the 
perspective of theories of Critical Discourse Analysis (CDA) with a theoretical approach that 
is supported by the discursive change (FAIRCLOUGH, 2016) and on the sociocognitive 
relation with emphasis on the relations between culture, ideology and social knowledge (VAN 
DIJK, 2015). The research was developed with the 9th grade class B, in the mattino period, of 
the Municipal School Professor Jari Edgar Zambiasi in Aripuanã / MT. The work had a 
qualitative character (BORTONI-RICARDO, 2008) and with a proposal of analysis of 
discursive events in the tridimensional dimension (FAIRCLOUGH, 2016). With the 
development of the intervention project the students verified that it is possible to interpret the 
relations of legitimacy and consensus building of dominant ideologies about Afrodescendant 
identity from the lexical, grammatical, structural and cohesive choices that demonstrate traits 
of hegemony present in the analyzed racist discourse. 
 
Keywords: 
Linguistics choices. Ideologies. Sociocognitive relations. 
 
 
Introdução 
 
Este artigo analisa dois textos multimodais – propaganda e charge – e uma 
reportagem, todos com o mesmo conteúdo temático – racismo – embora de gêneros 
diferentes, mas com escolhas linguísticas que explicitam a hegemonia racista presente na 
sociedade. Essa pesquisa teve cunho qualitativo embasada nas teorias de Bortoni-Ricardo 
(2008) e Lüdke e André (1986), uma vez que descrevem o contexto e as relações entre 
pesquisador e sujeitos da pesquisa em busca de solucionar problemas comuns, todavia 
relevantes. Dessa forma, volta-se para a intervenção, visto que tem como finalidade contribuir 
para a solução de problemas práticos (DAMIANI et al, 2013), além de ter uma dimensão 
aplicada e um diálogo com teorias que possibilitem promover a apropriação de novos 
conhecimentos. 
Os textos foram analisados em sala de aula com alunos do 9º ano B matutino da 
Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi em Aripuanã/MT, sob as perspectivas das 
teorias da Análise Crítica do Discurso (ACD) – propostas por Fairclough (2016) – que, por 
sua vez, partem do pressuposto de que as escolhas linguísticas deixam explícitos discursos 
ideológicos de várias esferas sociais, políticas e econômicas. 
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As análises tomaram como referência as teorias de Fairclough (2016) numa 
perspectiva da mudança discursiva e de Van Dijk (2015) com uma relação sociocognitiva com 
destaque nas relações entre cultura, ideologia e conhecimentos sociais. Com uma proposta de 
análise de eventos discursivos na vertente tridimensional de Fairclough (2016), sob três 
dimensões que se completam: texto, prática discursiva e prática social. 
A composição do artigo está organizada em três seções. Na primeira seção, o racismo 
é apresentado em sua dimensão discursiva que reside em ideologias e firma-se em uma 
hegemonia consensual que a mídia reproduz com uma ilusão de liberdade. Já na segunda 
seção, a relevância da Análise Crítica do Discurso é situada na pesquisa, enfatizando a relação 
sociocognitiva de Van Dijk (2015), a mudança no discurso marcada pela democratização 
observada na assimetria da legislação (FAIRCLOUGH, 2016). 
Também é feita uma discussão sobre os gêneros discursivos na perspectiva de Van 
Dijk e Fairclough, assim como a posição do método tridimensional de Fairclough (2016) e 
sua contribuição neste trabalho. Na terceira seção, há a explanação da metodologia e os 
procedimentos metodológicos usados na pesquisa, sobre os sujeitos da pesquisa e a análise 
tridimensional de fragmentos de textos de alunos com ocorrências de ideologias e hegemonias 
presentes no discurso de textos midiáticos. 
 
 
1 Racismo: ideologia/hegemonia 
 
O racismo vem de um processo histórico que vai se desenhando em diversos 
momentos em busca de respaldo para oprimir e escravizar pessoas socioculturalmente 
diferentes. Embora no Brasil, atualmente, existam leis que proíbam atitudes racistas, é 
possível encontrar nas práticas comunicativas elementos do discurso racista. Segundo Van 
Dijk (2015, p. 134), “o discurso reside no coração do racismo”. 
Para Van Dijk (2015), os preconceitos étnicos e as ideologias racistas são legitimadas 
e defendidas no discurso e isso ocorre por meio da escrita, da fala e da comunicação, pois o 
racismo é social e cognitivo. Dessa forma, as práticas sociais de discriminação associadas ao 
discurso é o modo como o racismo é difundido na sociedade. Contudo, a negação do racismo 
é uma prática contemporânea comumente encontradano discurso público que tem exercido 
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influência na sociedade. É possível perceber nessa nova forma discursiva a autoapresentação 
positiva da elite dominante branca sobre a outroapresentação negativa dos grupos negros. 
Fairclough (2016) afirma que a ideologia está presente na linguagem e é uma 
propriedade da estrutura (sistema semiótico) e dos eventos (texto como material empírico para 
análise) numa relação dialética permeada pelas ordens do discurso (práticas sociais). Nas 
práticas discursivas, as ideologias podem naturalizar-se e tornarem-se senso comum ao 
contribuir com práticas que sustentem desigualdades raciais. 
Além disso, na instauração de ideologias como a de poder dominante branca que 
acaba por tornar-se um aspecto do senso comum naturalizando-se, automatizando-se e 
servindo ao consenso de uma classe em detrimento de outra está presente a hegemonia. Nesse 
sentido, Ramalho e Resende (2011) asseveram que: 
 
Há distintas maneiras de se instaurar e manter a hegemonia, dentre elas, a 
luta hegemônica travada no/pelo discurso. Quando essas perspectivas 
favorecem algumas poucas pessoas em detrimento de outras, temos 
representações ideológicas, voltadas para a distribuição desigual de poder 
baseada no consenso (p. 24). 
 
Essa forma de consenso ideológico possibilita a ilusão de liberdade e diversidade que 
serve aos interesses dos poderes dominantes na sociedade que produzem tal ilusão por meio 
de conteúdos midiáticos (VAN DIJK, 2015). No entanto, é possível, por meio do modelo de 
análise tridimensional de Fairclough (2016, p. 131), analisar “a própria prática discursiva 
como um modo de luta hegemônica, que reproduz, reestrutura ou desafia as ordens do 
discurso existentes”. 
 
 
2 Análise crítica de discurso (ACD) como abordagem teórica 
 
A Análise Crítica de Discurso – neste artigo será referida ACD, pois, respalda-se em 
autores como Van Dijk (2015) e Fairclough (2016), que utilizam esse termo – deriva de 
abordagens multidisciplinares do estudo da linguagem e parte de um contexto teórico e 
metodológico com forte preocupação social. Propõe analisar, também, as perspectivas 
ideológicas de produtores de textos a partir de suas práticas discursivas em busca de promover 
mudança social e coibir desigualdades sociais. 
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Na visão de Ramalho e Resende (2011), a ACD: “[...] é ‘crítica’ porque sua 
abordagem é relacional/dialética, orientada para a compreensão dos modos como o momento 
discursivo trabalha na prática social, especificamente no que se refere a seus efeitos em lutas 
hegemônicas” (p. 36). 
Nessa perspectiva, o presente artigo respalda-se na ACD voltada para o método 
tridimensional de Fairclough (2016) – principal contribuição desse teórico para o estudo do 
discurso (MAGALHÃES, 2005) – e a sua teoria de mudança social que está presente na 
sociedade contemporânea. Assim como nas teorias de Van Dijk (2015) com uma relação 
sociocognitiva destacando as relações entre cultura, ideologia e conhecimentos sociais. 
Embora Fairclough não considere em seus estudos a cognição como uma mediação 
entre discurso e sociedade e volta-se para uma visão diferente de contexto da de Van Dijk 
(GUIMARÃES, 2012), os elementos teóricos dos autores serão trabalhados nesse artigo como 
formas complementares. 
A mudança social voltada para o racismo pode ser observada na assimetria presente 
na legislação que proíbe ações racistas, sendo uma democratização, em muitos casos, apenas 
aparente, pois são encontrados elementos de preconceito racial em textos e em discursos 
públicos e profissionais. 
Segundo Fairclough (2016, p. 258), “Tanto no discurso como de um modo mais 
geral, a democratização tem sido um parâmetro importante de mudança nas últimas décadas, 
mas em ambos os casos o processo tem sido muito desigual [...]”. Isso ocorre porque as 
práticas discursivas das elites simbólicas mantêm assimetria de poder em tipos de discursos 
públicos. 
 
2.1 Gêneros discursivos, discurso e texto na ACD 
 
O estudo dos gêneros não recebe uma atenção sistematizada e aprofundada por 
Fairclough (2016) ou por Van Dijk (2015), mas Fairclough (apud MEURER, 2005, p. 81) 
argumenta que gênero é “um conjunto de convenções relativamente estável”. Resende e 
Ramalho (2011, p. 60-61) complementam a ideia sobre gêneros na ACD ao destacarem que 
“diferentes gêneros regularmente ligados [...] transcendem diferenças de espaço/tempo, e 
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facilitam não só a ação de discursos particulares a distância, mas também o exercício de 
poder”, como no caso desse trabalho reportagem, charge e publicidade sobre racismo. 
Van Dijk (2015) assevera que ao se realizar uma análise na perspectiva da ACD é 
preciso: 
 
Investigar em detalhe quais propriedades discursivas, quais gêneros de 
discurso e quais contextos comunicativos podem provavelmente provocar 
que consequências sociocognitivas sobre a formação do conhecimento, de 
atitudes e de ideologias (p. 35). 
 
Nesse sentido, percebe-se a importância da observação da prática social em uma 
articulação de elementos de ação e interação. Além de uma dimensão do evento discursivo 
focalizando os processos de produção, distribuição e consumo textual. 
Embora a ACD de Fairclough (2016) não tenha enfatizado os estudos de gêneros, 
enfocou o discurso e analisou o discurso ideológico/hegemônico nos textos com base em uma 
metodologia tridimensional. Quando o pesquisador anteriormente citado discorreu sobre o 
termo discurso o colocou como uma prática social e para tanto tem três dimensões principais: 
como ação realizada por meio da linguagem, o discurso é influenciado pelas estruturas sociais 
e as influencia simultaneamente e os recursos utilizados para produzir e para consumir textos 
são sociocognitivos e são perpassados por discursos e ideologias (MEURER, 2005). 
Dessa forma, os textos podem ser analisados com os procedimentos descrição (texto 
em sua semiótica) e interpretação (prática discursiva e social). Para Fairclough (2016, p. 107), 
“os textos são em geral altamente ambivalentes e abertos a múltiplas interpretações”. 
 
2.2 Análise tridimensional de Fairclough 
 
A vertente metodológica de Fairclough (2016) de análise de eventos discursivos pelo 
viés tridimensional caracteriza-se fonte potencial para esse trabalho, pois leva em 
consideração três dimensões: texto, prática discursiva e prática social. Na primeira dimensão, 
texto, enfoca-se o vocabulário (léxico), escolhas gramaticais, coesão e estrutura textual. 
Segundo Fairclough (2016, p. 108), “Toda oração é multifuncional e, assim, toda oração é 
uma combinação de significados ideacionais, interpessoais (identitários e relacionais) e 
textuais.” Assim, os elementos linguísticos da primeira dimensão proporcionam o significado 
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ou metafunções para seguir para a segunda e terceira dimensão, já que apontam para a 
interpretação e explicação. 
Na segunda dimensão, a prática discursiva, volta-se para a interpretação e para isso 
considera os processos de produção, distribuição e consumo textual. Nesse aspecto é possível 
investigar os recursos sociocognitivos de quem produz (Quem?, Para quem?, Em quais 
circunstâncias?, Por quê?), avaliar o contexto, além dos aspectos de intertextualidade e 
interdiscursividade, assim como observar a coerência e a força ilocucionária nos discursos 
(MEURER, 2005). 
Quanto à terceira dimensão, prática social, procura-se relacionaros textos com as 
práticas sociais, principalmente no que diz respeito à ideologia e a hegemonia. Nessa 
perspectiva, Meurer (2005) assevera que: 
 
[...] esse nível de analise pode implicar uma complexidade ainda maior que 
os anteriores, pois depende de teorias além da linguística para dar conta de 
fatos, tais como: a realidade é criada discursivamente, os textos são 
investidos ideologicamente e refletem lutas de poder, os significados não são 
estáveis, mas variam, dependendo das estruturações sociais e dos discursos 
que os orientam (p. 103). 
 
Assim, ao se analisar um texto é possível vislumbrar a prática discursiva que pode 
contribuir tanto para reproduzir a sociedade como para transformá-la de forma dialética como 
práticas sociais coletivas enraizadas em estruturas sociais orientadas para elas 
(FAIRCLOUGH, 2016). 
Além disso, as práticas sociais discursivas denotam a ideologia associada ao uso da 
linguagem e ao discurso devido as suas funções primordiais (ocultamento, legitimação) (VAN 
DIJK, 1998 apud SILVA, 2009). Para Van Dijk (1998), as ideologias estão associadas à 
cognição por pertencerem ao pensamento e as crenças, são de caráter social e estão ligadas a 
interesses, conflitos e lutas de grupos. 
De acordo com Fairclough (2016, p. 123), “as ideologias estão nos textos”, no 
entanto, a produção de sentido dos textos difere a importância ideológica, pois os processos 
ideológicos pertencem aos discursos e não só aos textos. A partir dessa visão faircloughiniana, 
o sentido das palavras é ideológico que, por sua vez, está interligado as formas textuais 
embora as pessoas representem as ideologias de forma automatizada e não consciente, o que 
Van Dijk (2015) define como cognitiva. Diante desse contexto, cabe a ACD tornar as pessoas 
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mais críticas para que possam refletir conscientemente sobre seus processos ideológicos no 
discurso (FAIRCLOUGH, 2016). 
 
 
3 Contextualização do método da pesquisa 
 
Esta pesquisa visa entender os textos multimodais (propaganda e charge) e uma 
reportagem sobre racismo como resultado de uma ação socialmente situada, considerando as 
escolhas linguísticas presentes no texto as quais deixam marcas implícitas de poder e 
dominação do discurso racial da elite. Com uma proposta que se inscreve nas teorias da ACD 
na vertente da mudança social de Fairclough (2016) e numa visão sociocognitiva proposta por 
Van Dijk (2015). 
A pesquisa filia-se aos pressupostos do método de abordagem qualitativa que 
pressupõe o contato direto do pesquisador com o ambiente e o caso que está sendo 
investigado. Além disso, os dados produzidos são descritivos de pessoas, situações e 
acontecimentos considerando os diferentes pontos de vista dos participantes, permitindo o 
dinamismo das situações (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). Vale ressaltar que na pesquisa qualitativa 
busca-se entender como se dá a interação do pesquisador com os participantes num contexto 
de aprendizagem mútua (BORTONI-RICARDO, 2008). 
De acordo com Damiani et al. (p. 59), “Nas intervenções, a intenção é descrever 
detalhadamente os procedimentos realizados, avaliando-os e produzindo explicações 
plausíveis, sobre seus efeitos, fundamentadas nos dados e em teorias pertinentes”. Assim, esse 
trabalho ampara-se em teorias relevantes para a construção do conhecimento e a reflexão dos 
discursos sociais implícitos nas escolhas linguísticas dos autores de textos em variados 
gêneros. 
A proposta de análise baseia-se na vertente tridimensional de Fairclough (2016) que 
enfoca três dimensões discursivas: texto, prática discursiva e prática social. Essa proposta 
privilegia primeiramente a descrição dos elementos linguísticos (léxico, opções gramaticais, 
coesão e estrutura do texto). 
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Em um segundo momento, enfatiza a interpretação voltando-se para as “práticas 
discursivas que o definem como gênero e como discurso” (MEURER, 2005, p. 95). Nesse 
momento que se verifica os processos sociocognitvos, no dizer de Van Dijk (2015): 
 
[...] essas representações mentais do racismo são tipicamente expressas, 
formuladas, defendidas e legitimadas no discurso e podem assim ser 
reproduzidas e compartilhadas dentro do grupo dominante. Esse é 
essencialmente o modo como o racismo é “aprendido” na sociedade (p. 135). 
 
Dessa forma, enfatiza-se a polarização grupal ressaltando as Nossas coisas boas de 
pessoas brancas e as coisas más dos Outros de pessoas negras. São representações mentais dos 
participantes que são influenciados pelas estruturas discursivas e sociais (VAN DIJK, 2015). 
Para finalizar a análise tridimensional, o terceiro nível busca explicar os aspectos 
sociais relacionados às ideologias e as formas de hegemonia, pois, segundo Fairclough (2016, 
p. 131) “[...] as hegemonias têm dimensões ideológicas, é uma forma de avaliar o 
investimento ideológico das práticas discursivas”. Nessa perspectiva, essa pesquisa 
intervencionista que utilizou oito horas aulas se respalda teoricamente na busca de construir 
parâmetros que proporcionem reflexões críticas pelos alunos do 9º ano B matutino da Escola 
Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi, situada em Aripuanã, região noroeste do estado de 
Mato Grosso. 
 
3.1 Sujeitos da pesquisa 
 
Os estudantes que participaram da pesquisa estão matriculados no 9º ano matutino, 
turma B, da Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi da cidade de Aripuanã/MT. São 
alunos residentes nos bairros próximos da escola, sendo a maioria de classe econômica menos 
favorecida, adolescentes que quando não estão na escola em companhia dos colegas e 
professores, estão em suas casas sem a companhia dos pais e, muitas vezes, cuidam de irmãos 
pequenos enquanto seus pais trabalham e retornam somente à noite para seus lares. 
Além disso, esses estudantes estudam na escola desde o 5º ano e todos se conhecem, 
sabem onde moram, compartilham de angústias e sonhos semelhantes. São adolescentes 
extrovertidos e comunicativos, heterogêneos na aprendizagem e com dificuldades 
principalmente na compreensão textual o que pode ser ampliado através das discussões sob o 
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viés teórico da ACD, uma vez que os estudos da língua/linguagem com esse enfoque 
possibilitam reflexões sobre as escolhas linguísticas que deliberam para certas compreensões 
ideológicas. 
 
3.2 Procedimentos metodológicos 
 
Os textos que foram trabalhados para uma análise sob as perspectivas teórico-
metodológicas da ACD, propostas por Fairclough (2016) e Van Dijk (2015), foram dois textos 
multimodais – propaganda da Bombril sobre uma homenagem às mulheres negras e charge 
sobre um episódio racista com um ator brasileiro – e uma reportagem sobre o mesmo 
conteúdo temático da charge. Esses textos possibilitaram uma reflexão sobre relações de 
legitimação e de criação de consenso de ideologias dominantes sobre a identidade 
afrodescendente e as escolhas linguísticas tanto nos textos multimodais, propaganda e charge, 
como na reportagem, demonstrando traços de hegemonia presentes no discurso racista. 
Os textos escolhidos para análise tiveram como critério aqueles que apresentam uma 
argumentação maior e com mais consistência, embora todos os estudantes tenham constatado 
todos os elementos citados durante a análise do corpus da pesquisa. Assim, para evitar 
repetições desnecessárias, uma vez que todos tenham feito os mesmos apontamentos, mas 
com palavras diferentes. Outro fator relevante, é que não foram realizadas correções nos 
textos/análises, pois o foco da pesquisa não era a refacção textual, mas observaro processo 
sociocognitivo e os relacionamentos sociais, sob a perspectiva da mudança social. 
 
Texto 1: Mulheres que brilham 
 
Fonte:https://www.google.com.br/search?q=imagens+de+propagandas+sobre+negros&tbm=isch&imgil=padx7
MpYQmNdcM%253A%253BXgG1_CcyRcyIAM%253Bhttp%25253A%25252F%25252Fwww.unisinos.br%25
252Fnoticias%25252Fgraduacao%25252Fsemana-da-consciencia-
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negra&source=iu&pf=m&fir=padx7MpYQmNdcM%253A%252CXgG1_CcyRcyIAM%252C_&usg=__z3ZL7
vYi2Y0O6MQxJBNJvbd5i- 
 
Texto 2: Cenas do cotidiano 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.juniao.com.br/racismo-charge-juniao/#more-2702 
 
Referente à pesquisa voltada a análise de aspectos sociais discursivos, Bauer e 
Gaskell (apud SILVA, 2009): 
 
afirmam que a pesquisa social apóia-se em dados sociais, “dados sobre o 
mundo social”, que resultam na construção de processos comunicativos, que 
podem ser formais (textos de jornais, revistas; imagens de quadros; sons 
musicais) ou informais (entrevistas, desenhos espontâneos, cantos) ( p. 49). 
 
No caso desta pesquisa, foram utilizados textos formais: propaganda, charge e 
reportagem e com escolhas linguísticas que explicitam ideologias racistas das elites. Van Dijk 
(2015) cita que: 
 
[...] as elites desempenham um papel especial nesse processo de reprodução. 
Isso ocorre não porque as elites são geralmente mais racistas do que as não 
elites, mas principalmente por causa do seu acesso especial às formas mais 
influentes do discurso público – a saber, meios de comunicação de massa, da 
política, da educação, da pesquisa e das burocracias – e do seu controle sobre 
elas (p. 138-139). 
 
Diante dessa influência exercida pelos meios de comunicação, podem-se verificar 
nas propagandas e textos jornalísticos tipos persuasivos de discurso que disseminam discursos 
racistas, sexistas e consumistas como formas hegemônicas de poder. 
 
3.3 Apresentação e análise de dados 
 
Os alunos refletiram, a suas maneiras, sobre a oração “Mulheres que brilham”, 
associada ao logotipo Bombril colocados no cabelo de uma mulher negra ao termo pejorativo 
usado para as pessoas de cabelo crespo como “palha de aço’, “Cabelo de Bombril”. O tema da 
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oração é “Mulheres” porque as informações explícitas e implícitas são posicionadas para 
atribuir-lhe informações, já o verbo “brilhar” está ligado a palha de aço por meio da 
conjunção que, a qual restringe a quem é o brilho. São essas mulheres (negras) que brilham, 
mas isso devido aos seus cabelos e não a sua personalidade que em nenhum momento é 
enfatizada. O verbo “brilhar” é intransitivo numa ação não dirigida, mas que proporcionou um 
significado ideacional destacando um indivíduo particular “as mulheres negras” que agem 
fisicamente. Elementos presentes no fragmento da Aluna 1: 
 
Fragmento 1: Aluna 1 do 9º B matutino – Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
Outro aspecto relevante destacado pelos alunos nos fragmentos é que, em uma 
“homenagem” às mulheres negras, o que ficou destacado foram as cores da embalagem da 
palha de aço e não as cores da mulher negra, além disso, a colocação do logotipo que enfatiza 
um discurso racista de senso comum “Cabelo de Bombril”. A identidade da mulher negra fica 
excluída e é colocada como um produto a ser comercializado, com uma relação social que é 
marcada historicamente pelo serviço doméstico escravagista da mulher negra que são 
apresentados nos fragmentos produzidos pelo Aluno 2 e Aluna 1. 
Fragmento 2: Aluno 2 do 9º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
 
 
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Fragmento 3: Aluna 1 do 9º ano B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
Vale ressaltar que tanto o texto da Bombril, quanto a charge, são multimodais e, 
portanto, transcendem ao nível apenas verbal, portanto, é importante que se considere também 
os signos visuais como imagens e cores que complementam o linguístico ao formar um todo 
significativo. Nesse sentido, pode-se observar pela análise do Aluno 2 e Aluna 1, fragmentos 
anteriores, a observação sobre a cor da marca do produto e não da pele da mulher negra, assim 
como as posições o logotipo na imagem. Além disso, a empresa deixa visível a importância 
do produto acima da homenagem e ficam subentendidas as ideias, os valores, as ideologias 
racistas nessa escolha. 
Na charge, a análise iniciou pelo título, “Cenas do cotidiano”, os alunos observaram 
um processo material “corriqueiro” associado ao dia a dia das pessoas negras representado 
pela palavra cotidiano, elencado nos fragmentos do Aluno 2 e Aluna 3, abaixo. É possível 
perceber elementos discursivos para análise na oração da fala da mulher quando ela diz ao seu 
marido “E cuidado para não ser preso por engano na volta!!!...”. 
Fragmento 4: Aluno 2 do 9 º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
 
 
 
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Fragmento 5: Aluno 3 do 9º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
O chargista deixa em destaque preso por engano, marcando o fato da reportagem que 
ganhou destaque na mídia, uma pessoa ser presa por engano, mas não uma pessoa qualquer, 
mas um negro quando regressa de seu trabalho. No entanto, esse fato só ganhou repercussão 
por se tratar de um ator, se fosse alguém “comum” ninguém saberia, pois os meios de 
comunicação não noticiam fatos como esse sobre pessoas que não são “celebridades”. 
Segundo Van Dijk (2015, p. 50), “Nos meios de comunicação jornalísticos, essa 
estratégia de controle do conhecimento exerce-se por meio da seleção restritiva de assuntos e, 
mais geralmente, por meio de reconstruções específicas das realidades sociais e políticas”. 
Isso comprova o poder das elites simbólicas e o controle sobre as ideologias sociais que 
circulam na sociedade e são mantidas em forma hegemônica das classes dominantes. O autor 
complementa, ainda, que “[...] a mídia jornalística decide quais atores serão apresentados na 
arena pública, o que será dito deles e, em especial, como será dito” (VAN DIJK, 2015, p. 74). 
Na oração destacada, o marido é alertado pela esposa para ser precavido ao dizer 
cuidado. Nessa escolha linguística, fica explícita a relação ideológica posta na sociedade 
sobre negros serem pessoas suscetíveis a cometerem crimes e por isso serem presas mesmo 
sem provas. Nessa perspectiva, Van Dijk (2015, p. 147) corrobora quando afirma que “[...] é 
especialmente rico o sistema de significado que incorpora as muitas crenças subjacentes 
representadas nos modelos mentais dos eventos étnicos, ou as mais gerais e compartilhadas 
representações sociais dos grupos étnicos [...]”. 
 
 
 
 
 
 
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Fragmento 6: Aluno 4 do 9º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
Na reportagem sobre a prisão do ator negro que foi preso por engano, na análise dos 
alunos e presente nos fragmentos a seguir, constatou-se o uso frequente de orações colocadas 
em uma sintaxe do verbo em voz passiva que, segundo Van Dijk (2015), atenua a ação e até 
mesmo omite agentes daação racista. Para o autor, os verbos na voz passiva podem diminuir 
a responsabilidade das ações negativas dos grupos dominantes. Nesse sentido, os verbos 
“serão investigados”, “ser suspeito de assaltar”, “pode ter se confundido”, “foi encontrado”, 
“tinha passado” em uma construção passiva confirmam a atenuação da ideologia racista, bem 
como a mudança social em que se marca na ocultação e negação do racismo. 
 
Fragmento 7: Aluna 6 do 9º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
Nas escolhas lexicais os alunos perceberam marcas de ocultamento da hegemonia 
racista em “engano”, “confundido” em um sistema de significados que incorpora crenças e 
compartilha representações sociais. 
 
 
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Fragmento 8: Aluna 7 do 9º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
Também foi verificado o contexto de produção e autoapresentação dos elementos 
positivos no Eu do policial que efetuou a prisão e a outroapresentação do Outro do ator negro 
como uma representação do exogrupo ao analisar o momento da prisão nas escolhas 
linguísticas “o homem estava de camiseta e bermuda preta, era negro e tinha o cabelo estilo 
black power”. No fragmento do Aluno 2, fica evidente a polarização ideológica racista. 
 
Fragmento 9: Aluno 2 do 9º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Fragmento 10: Aluno 8 do 9º B matutino - Escola Municipal Professor Jari Edgar Zambiasi de Aripuanã/MT. 
 
Fonte: Arquivo da pesquisa. 
 
Em todo texto ocorrem representações hegemônicas constituídas no senso comum 
representadas no evento racista apresentado, que foram veiculados em meios de comunicação. 
Vale ressaltar que os grupos de poder podem “gerenciar o conhecimento e a informação, 
disseminar os valores e metas dominantes e, assim, prover as peças formadoras de ideologias 
dominantes” (VAN DIJK, 2015, p. 51). 
 
 
Considerações finais 
 
O desenvolvimento da proposta de pesquisa intervencionista voltada para ACD 
mostrou-se profícuo para que os alunos do 9º ano B da Escola Municipal Professor Jari Edgar 
Zambiasi refletissem sobre como as ideologias racistas se propagam ao assumir uma posição 
hegemônica na sociedade por meio da mídia com os discursos públicos marcados pelas 
classes dominantes. 
Os alunos puderam constatar que as escolhas linguísticas demarcam as ideologias e 
que estas podem ser identificadas por meio de análises discursivas/textuais. Além disso, 
observaram que mesmo em um país com elevado índice de pessoas negras, os discursos 
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racistas estão presentes tanto na mídia quanto em termos pejorativos usados no meio social de 
diversas classes. 
Durante a pesquisa, os estudantes tiveram a oportunidade de compreender, também, 
que a democratização de leis ou a negação do racismo são recursos de mudança social, mas 
que mesmo assim ainda mantêm o discurso racista em vigência, pois o racismo é 
sociocognitivo e depende da “aprendizagem” nas relações sociais. Por ser cognitivo e assumir 
uma posição de senso comum como uma forma hegemônica socialmente aceita, o racismo 
assume poder, mas pode ser confrontado por formas cognitivas de aceitação do diferente 
como complemento cultural e social. 
No dizer de Van Dijk (2015), os estudiosos da ACD estudam os discursos que 
marcam os problemas e formas sociais de desigualdade com o propósito de contribuir com 
uma mudança social em favor dos grupos dominados. Dessa forma, projetos como esse 
podem auxiliar na mudança social, uma vez que proporcionam reflexões e debates sobre as 
condições discursivas das classes dominantes e dominadas. 
 
 
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