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PROCESSO ELETRÔNICO
AULA 5
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Karla Knihs
CONVERSA INICIAL
Seja bem-vindo à nossa aula.
Nessa aula, veremos que as tecnologias alcançaram não apenas o processo judicial, mas já estão
sendo implantadas nos processos administrativos e nos cartórios, com a modernização e
simplificação dos procedimentos relativos aos registros públicos de atos e negócios jurídicos.
Em nosso primeiro tema, estudaremos o Sistema Eletrônico dos Registros Públicos - SERP, criado
pela Medida Provisória 1.085, de 27 de dezembro de 2021, editada com o objetivo de melhorar e
desburocratizar o ambiente de negócios no país por meio da modernização dos cartórios de
registros públicos, entre eles os de imóveis, títulos e documentos civis de pessoas naturais e jurídicas.
Após, estudaremos as figuras da arbitragem eletrônica, da conciliação e da mediação virtual,
demonstrando como o processo eletrônico está já sendo instrumentalizado na resolução de conflitos
por meios alternativos. Nesse sentido, o papel do cidadão no processo eletrônico fica ainda mais
destacado, posto que o processo eletrônico judicial e extrajudicial diz respeito diretamente à
consecução dos objetivos da democracia, na medida em que fornece maior acesso ao judiciário e ao
Poder Público.
Além desses temas, vamos compreender de que forma o avanço das tecnologias em processo
eletrônico oportunizam a consecução da justiça, especialmente na facilitação da execução. Assim,
veremos o funcionamento da penhora eletrônica, do BACEN-JUD/SISBAJUD, do RENAJUD e do
INFOJUD, instrumentos que permitem ao juízo bloquear e penhorar bens dos devedores, bem como
ter acesso a informações essenciais para a realização da justiça.
Estudaremos, também, o funcionamento do leilão on-line, outra forma moderna que tem o
objetivo de facilitar a execução e o cumprimento de sentença.
Por fim, finalizaremos nossas reflexões compreendendo de que forma a Administração Pública
vem se modernizando, com a implantação do Processo Administrativo Eletrônico, através de diversas
normas que visam tornar a Administração Pública acessível digitalmente, assim como promover a
informatização na seara administrativa.
Boa aula!
TEMA 1 – SISTEMA ELETRÔNICO DOS REGISTROS PÚBLICOS - SERP
As vantagens do processo eletrônico já são bastante conhecidas no processo judicial, e por essa
razão o poder público tem adotado a tecnologia para alcançar também outras esferas da
Administração.
Uma das novidades mais recentes diz respeito à criação do Sistema Eletrônico dos Registros
Públicos - SERP, pela Medida Provisória n. 1.085 de 27/12/2021, editada com o objetivo de melhorar
e desburocratizar o ambiente de negócios no país por meio da modernização dos cartórios de
registros públicos, entre eles os de imóveis, títulos e documentos civis de pessoas naturais e jurídicas.
A MP n. 1.085/2021 moderniza e simplifica os procedimentos relativos aos registros públicos de
atos e negócios jurídicos, de que trata a Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 1973 (Lei de Registros
Públicos), e de incorporações imobiliárias, de que trata a Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964.
Objetivos do SERP, conforme o art. 3º da MP são:
viabilizar o registro público eletrônico dos atos e negócios jurídicos;
viabilizar a interconexão das serventias dos registros públicos;
viabilizar a interoperabilidade das bases de dados entre as serventias dos registros públicos e
entre as serventias dos registros públicos e o SERP;
viabilizar o atendimento remoto aos usuários de todas as serventias dos registros públicos, por
meio da internet;
viabilizar a recepção e o envio de documentos e títulos, a expedição de certidões e a prestação
de informações, em formato eletrônico, inclusive de forma centralizada, para distribuição
posterior às serventias dos registros públicos competentes;
viabilizar a visualização eletrônica dos atos transcritos, registrados ou averbados nas serventias
dos registros públicos;
viabilizar o intercâmbio de documentos eletrônicos e de informações entre as serventias dos
registros públicos e os entes públicos, bem como entre os usuários em geral, inclusive as
instituições financeiras e as demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do
Brasil e os tabeliães;
viabilizar o armazenamento de documentos eletrônicos para dar suporte aos atos registrais; e
viabilizar a divulgação de índices e indicadores estatísticos apurados a partir de dados
fornecidos pelos oficiais dos registros públicos.
Além disso, o sistema deve possibilitar a consulta:
às indisponibilidades de bens decretadas pelo Poder Judiciário ou por entes públicos;
às restrições e gravames de origem legal, convencional ou processual incidentes sobre bens
móveis e imóveis registrados ou averbados nos registros públicos; e
aos atos em que a pessoa pesquisada conste como: 1. devedora de título protestado e não
pago; 2. garantidora real; 3. arrendatária mercantil financeiro; 4. cedente convencional de
crédito; ou 5. titular de direito sobre bem objeto de constrição processual ou administrativa; e
outros serviços, nos termos estabelecidos pela Corregedoria Nacional de Justiça do Conselho
Nacional de Justiça.
Como se pode perceber, a implantação desse sistema possibilitará que os cartórios sejam mais
acessíveis aos cidadãos, bem como menos regionalizados.
Conforme Belchior (Santos, 2022):
O principal ponto positivo da MP é permitir em meio eletrônico que atos sejam praticados,
informações consultadas e o download de documentos. Contribui com o ambiente de negócios em
vários setores econômicos, dinamiza o exercício regular de direitos em processos judiciais e
administrativos, aumenta a transparência. A importância dessa mudança é estabelecer as bases
necessárias para que as inovações tecnológicas, como blockchain e inteligência artificial, sejam
inseridas no ambiente dos registros públicos. Devemos acompanhar a implementação dessas
mudanças e a regulamentação da Corregedoria Nacional de Justiça do CNJ.
A meta é a de que todos os brasileiros possam ter acesso aos cartórios e aos documentos em
todo o país pela internet, sem necessidade de se deslocar para os locais dos cartórios, que hoje ainda
são muito regionais.
A medida foi bastante comemorada até mesmo pelo mercado de crédito, já que a modernização
aumenta a segurança jurídica e facilita o uso de garantias móveis na tomada de crédito, com a
respectiva redução das taxas de juros e possibilidade de aumento da oferta de crédito na economia.
Isso porque, além da democratização do acesso, a iniciativa pretende garantir maior segurança aos
negócios jurídicos, com a diminuição do número de fraudes.
TEMA 2 – ARBITRAGEM ELETRÔNICA, CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
VIRTUAL
Importante, nesse primeiro momento, conceituar o que é arbitragem, conciliação e mediação. A
arbitragem pode ser definida como o método de resolução de conflitos em que as partes escolhem,
mediante prévia cláusula arbitral, uma pessoa ou uma entidade privada caso haja necessidade de
solucionar controvérsias decorrentes das relações jurídicas entre as partes, sem a participação do
Poder Judiciário.
A mediação, por sua vez, pode ser conceituada como um processo voluntário, em que as partes
recorrem a um terceiro imparcial para, voluntariamente, darem resolução a um conflito.
Por fim, na conciliação, o terceiro poderá participar ativamente para a resolução do conflito
trazido pelas partes.
A arbitragem, então, enquanto um método alternativo ao Poder Judiciário de solução de
conflitos, tem sido utilizado como forma de resolver litígios entre pessoas. Assim, segundo a Lei de
Arbitragem (Lei n. 9.307/1996), as pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para
dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
A arbitragem é um reflexo da tendência de desjudicialização de conflitos, sendo utilizada
preponderantemente nas relações entre grandes empresas e nos negócios que envolvem o comércio
internacional. Conformenos informa Teixeira (2020, p. 265):
As experiências empresariais e internacionais demonstram que a arbitragem vem sendo a melhor
opção para solucionar controvérsias em um contexto de diversas culturas e jurisdições atuantes. A
internet não se diferencia deste cenário, ao tempo em que favorece o acesso aos mais variados
sites de empresas estrangeiras e a interação negocial entre pessoas de diferentes nacionalidades.
Assim, o autor reflete acerca da possibilidade de que se use a arbitragem nos litígios do
comércio eletrônico, com a utilização do processo digital. Segundo Teixeira (2020, p. 265), “A prática
da arbitragem é um caminho para que a sociedade estabeleça novos comportamentos no sentido de
resolver-se de forma eficiente e ágil, inclusive no ambiente eletrônico”.
A arbitragem pode se valer da tecnologia, com a adoção dos autos eletrônicos no processo
arbitral, uma vez que a Lei do Processo Eletrônico (Lei n. 11.419/2006) pode ser aplicada
analogicamente.
Além disso, podemos destacar também os institutos da mediação e da conciliação, que,
enquanto métodos extrajudiciais de solução de conflitos, podem ocorrer de maneira virtual.
Na conciliação, temos a figura do conciliador, que poderá propor alternativas às partes para a
solução da disputa. Já na mediação, o mediador serve como um facilitador da comunicação entre as
partes, auxiliando para que elas consigam entabular um diálogo para a resolução do conflito, por
meio de um acordo.
Para Teixeira (2020, p. 265), tanto a conciliação como a medição podem ser utilizadas para a
solução de litígios decorrentes de negócios celebrados pela internet, e, de igual forma, podem ser
realizadas com a utilização das tecnologias digitais:
Não há óbice nesse sentido, sendo que muitas empresas estão se socorrendo destes métodos
alternativos de solução de conflitos (sobretudo a conciliação) com o fim de manter um melhor
relacionamento com os atuais e os potenciais clientes. Até porque, com a capitalização das redes
sociais, a exposição da insatisfação de um cliente na internet pode trazer relevantes implicações a
um fornecedor. (Teixeira, 2020, p. 265)
Percebe-se então que o processo eletrônico nas esferas privados já é uma realidade, tendo em
vista que a utilização dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos está em crescimento.
Nesse sentido, destaca-se a Lei n. 13.140/2015, sobre a mediação entre particulares como meio
de solução de controvérsias e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração
pública. Nos termos da Lei, a mediação será orientada pelos seguintes princípios:
imparcialidade do mediador;
isonomia entre as partes;
oralidade;
informalidade;
autonomia da vontade das partes;
busca do consenso;
confidencialidade; e
boa-fé.
Nos termos da lei (art. 46), a mediação poderá ser realizada pela rede mundial de computadores
(internet) ou por outro meio de comunicação que permita a transação à distância, desde que as
partes acordem nesse sentido.
TEMA 3 – PENHORA ELETRÔNICA E BACEN-JUD/SISBAJUD,
RENAJUD E INFOJUD
Para acompanhar a modernização do processo eletrônico, os recursos tecnológicos evoluíram
também para a garantia de efetividade da justiça. Assim, é possível que a penhora, na fase de
execução do processo, seja feita de forma eletrônica – penhora online. A penhora online teve origem
no Direito Tributário, por meio da Lei Complementar n. 118/2005, que incluiu o art. 185-A ao Código
Tributário, e que assim prevê:
Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar
bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a
indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio
eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens,
especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e
do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem
judicial.
Nota-se então que, uma vez intimado a pagar o valor devido, caso o devedor não cumpra a
determinação judicial, o juiz poderá determinar a constrição de bens, a fim de adimplir o valor
devido, conforme decisão prolatada nos autos.
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida pelo juiz, com
identificação das partes e do valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, de
veículos ou de outros bens sujeitos a penhora, arresto ou indisponibilidade.
Assim, a penhora será realizada mediante ordem eletrônica para bloqueio de bens. Há, para isso,
convênios firmados entre o judiciário e órgãos como Detran e Registros de Imóveis, a fim de viabilizar
o bloqueio do bem.
Além disso, temos também o chamado sistema BACEN-JUD, ferramenta online que permite ao
magistrado que determine o bloqueio de valores diretamente nas contas correntes do executado, até
o limite do valor da dívida. Conforme o TJ/PA (2022):
O Bacenjud é o sistema eletrônico de comunicação entre o Poder Judiciário e as instituições
financeiras, por intermédio do Banco Central, possibilitando à autoridade judiciária encaminhar
requisições de informações e ordens de bloqueio, desbloqueio e transferência de valores, bem
como realizar consultas referentes a informações de clientes mantidas em instituições financeiras,
como existência de saldos nas contas, extratos e endereços.
Esse comando é realizado através de sistema eletrônico, conforme o art. 854 do Código de
Processo Civil:
Art. 854. Para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira, o juiz, a
requerimento do exequente, sem dar ciência prévia do ato ao executado, determinará às
instituições financeiras, por meio de sistema eletrônico gerido pela autoridade supervisora do
sistema financeiro nacional, que torne indisponíveis ativos financeiros existentes em nome do
executado, limitando-se a indisponibilidade ao valor indicado na execução. (Brasil, 2015)
O Bacen Jud foi sucedido em 08 de setembro de 2020 pelo SISBAJUD - Sistema de Busca de
Ativos do Poder Judiciário, operado pelo CNJ - Conselho Nacional de Justiça.
O RENAJUD, por sua vez, é uma ferramenta eletrônica que interliga o Poder Judiciário e o
Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, possibilitando a efetivação de ordens judiciais de
restrição de veículos cadastrados no Registro Nacional de Veículos Automotores – RENAVAM, em
tempo real.
Ainda, pode ser feita a inclusão do devedor no Cadastro de Devedores. Os bens do devedor
poderão ser inclusive bloqueados, com a utilização da certidão de indisponibilidade, na qual fica
registrada, por exemplo, na matrícula de um imóvel, que ele se encontra indisponível para qualquer
ato jurídico, conforme decisão proferida em determinados autos processuais (art. 828 do Código de
Processo Civil).
Por fim, temos o sistema INFOJUD, que tem como objetivo permitir aos juízes o acesso, on-line,
ao cadastro de contribuintes na base de dados da Receita Federal, além de declarações de imposto
de renda e de imposto territorial rural.
Dessa forma, se fecha o cerco contra devedores, sendo o processo eletrônico e as ferramentas
eletrônicas de grande efetividade para a consecução da justiça.
TEMA 4 – LEILÃO ONLINE
Conforme nos informa Teixeira (2020, p. 260), “leilão é uma forma ou técnica de se promover a
venda de objetos àquela pessoa do público que oferecer o maior preço (lance ou lanço)”. A pessoa
encarregada de organizar os leilões e realizar a venda dos bens pelo melhor preço é a figura do
leiloeiro.
O novo CPC, na disposição contida no art. 879, indica as regras relativas à alienação de bens,
afirmando que a alienação poderá ser feita por iniciativa particular ou em leilão judicial eletrônico ou
presencial.
Importante ressaltar que os leilões podem ser realizados de maneira voluntária ou não. Assim, os
leilões não voluntários ou forçados podem ocorrer judicialmente (por determinação judicial)ou
administrativamente (quando realizados, exemplificativamente, pelas repartições fiscais ou
aduaneiras). Já os leilões voluntários são aqueles realizados por leiloeiros públicos, cuja profissão é
regulamentada pelo Decreto n. 21.981/1932 (Teixeira, 2020, p. 260).
O Código de Processo Civil faculta ao exequente adjudicar os bens penhorados por preço não
inferior ao da avaliação (CPC de 2015, art. 876, caput). Quanto à alienação de bens penhorados e não
adjudicados, o exequente poderá requerer sejam eles alienados por sua própria iniciativa ou por
intermédio de corretor credenciado perante a autoridade judiciária. Nesse caso, o procedimento da
alienação pode ser eletrônico.
Assim, uma vez não efetuada a adjudicação dos bens penhorados por quem de direito, poderá o
exequente a providenciar a sua alienação, por iniciativa particular, ou em leilão judicial eletrônico ou
presencial.
O art. 882 do Novo Código de Processo Civil estabeleceu preferência pelo leilão eletrônico.
Art. 882. Não sendo possível a sua realização por meio eletrônico, o leilão será presencial.
§ 1º A alienação judicial por meio eletrônico será realizada, observando-se as garantias processuais
das partes, de acordo com regulamentação específica do Conselho Nacional de Justiça.
§ 2º A alienação judicial por meio eletrônico deverá atender aos requisitos de ampla publicidade,
autenticidade e segurança, com observância das regras estabelecidas na legislação sobre
certificação digital.
§ 3º O leilão presencial será realizado no local designado pelo juiz. (Brasil, 2015)
O CPC de 2015, no art. 882, §§ 1º e 2º, afirma que deverão ser respeitadas as garantias
processuais das partes, conforme regulamentação do CNJ, na alienação judicial eletrônica, a qual
deverá atender aos requisitos de ampla publicidade, autenticidade e segurança, com observância das
regras estabelecidas na legislação sobre certificação digital.
TEMA 5 – PROCESSO ELETRÔNICO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Administração Pública se utiliza de processos administrativos para a consecução de seus
objetivos. A Lei n. 9.784/1999 regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública
Federal, com vistas à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da
Administração
O Decreto n. 8.539/2015 dispõe sobre o uso do meio eletrônico para a realização do processo
administrativo no âmbito dos órgãos e das entidades da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
Nos termos do citado decreto, podemos definir o processo administrativo eletrônico como
“aquele em que os atos processuais são registrados e disponibilizados em meio eletrônico” (art. 2º).
Já no artigo 3º podemos encontrar os objetivos do processo administrativo eletrônico, tais
como: assegurar eficiência, eficácia e efetividade da ação governamental; promover a utilização de
meios eletrônicos para a realização dos processos administrativos com segurança, transparência e
economicidade; ampliar a sustentabilidade ambiental com o uso da tecnologia da informação e da
comunicação; e facilitar o acesso do cidadão às instâncias administrativas.
Ainda, a adoção do processo eletrônico é obrigatória, mas os atos processuais podem ser
praticados segundo as normas aplicáveis aos processos em papel, desde que posteriormente o
documento-base correspondente seja digitalizado (art. 5º, parágrafo único).
Para atendimento ao disposto no Decreto, o artigo 4º exige que os órgãos e entidades da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional utilizem sistemas informatizados para a
gestão e o trâmite de processos administrativos eletrônicos.
Há preocupação especial com a autoria, a autenticidade e a integridade dos documentos e da
assinatura, nos processos administrativos eletrônicos, que poderão ser obtidas por meio dos padrões
de assinatura eletrônica já definidos em lei.
Quanto aos prazos, os atos processuais em meio eletrônico consideram-se realizados no dia e na
hora do recebimento pelo sistema informatizado de gestão de processo administrativo eletrônico do
órgão ou da entidade, o qual deverá fornecer recibo eletrônico de protocolo que os identifique.
Quando o ato processual tiver que ser praticado em determinado prazo, por meio eletrônico,
serão considerados tempestivos os efetivados, salvo disposição em contrário, até as vinte e três horas
e cinquenta e nove minutos do último dia do prazo, no horário oficial de Brasília.
Se o sistema informatizado de gestão de processo administrativo eletrônico do órgão ou
entidade se tornar indisponível por motivo técnico, o prazo fica automaticamente prorrogado até as
vinte e três horas e cinquenta e nove minutos do primeiro dia útil seguinte ao da resolução do
problema.
No que se refere à responsabilidade, o Estado responderá, nos termos do artigo 37, § 6º, da
Constituição, pelos danos causados a terceiros, em decorrência de ação ou omissão na implantação e
na guarda de documentos constantes do processo administrativo eletrônico.
De igual forma, os atos praticados por meio eletrônico devem observar os mesmos requisitos de
validade dos atos administrativos em geral, bem como os princípios a que se submete a
Administração Pública, sob pena de invalidade.
A respeito do processo eletrônico, devem ser observadas as normas da Lei n.14.129, de 29 de
março de 2021. Essa lei dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o aumento da eficiência
da administração pública, especialmente por meio da desburocratização, da inovação, da
transformação digital e da participação do cidadão.
A lei traz como regra geral que, nos processos administrativos eletrônicos, os atos processuais
deverão ser realizados em meio eletrônico, exceto se o usuário solicitar de forma diversa, nas
situações em que esse procedimento for inviável, nos casos de indisponibilidade do meio eletrônico
ou diante de risco de dano relevante à celeridade do processo.
Assim como nos demais processos, o processo administrativo deve respeitar os seguintes
princípios, nos termos do art. 37 da CF/88 e art. 2º da Lei de Processo Administrativo federal.
Princípio da publicidade: direito de acesso ao processo (mais amplo que no processo judicial).
Não se confunde com o direito de vista
Há a restrição ao direito de acesso apenas nos casos de sigilo previstos na CF/88 (art. 5º, XXXIII e
LX).
Princípio da oficialidade: Administração Pública pode atuar de ofício para a  instauração, para
a instrução e para a revisão do processo.
Obediência à forma e aos procedimentos: o processo administrativo é menos rígido do que no
processo judicial, obedecendo ao princípio do informalismo. Pode haver maiores exigências formais
nos processos que envolvem interesses dos particulares (disciplinar, tributário, licitatório, por
exemplo).
Princípio da gratuidade: impossibilidade de cobrança de despesas processuais para propositura
de recursos.
Princípio da ampla defesa e do contraditório: exige a notificação dos atos processuais à parte
interessada; o exame das provas constantes do processo; o direito de assistir à inquirição de
testemunhas; o direito de apresentar defesa escrita; a assistência facultativa de advogado exigência
de intimação.
Princípio da atipicidade: nem sempre existe tipicidade na definição das infrações
administrativas. Há a inexistência de discricionariedade na escolha da pena, sendo necessária a
motivação adequada diante dos fatos apurados.
Princípio da pluralidade de instâncias: decorrente da organização hierárquica (possibilidade de
recorrer às instâncias superiores).
Princípio da economia processual: Afirma que as exigências formais devem ser adequadas e
proporcionais ao fim que se pretende atingir, com a possibilidade de se aproveitar os atos
processuais.
Princípio da participação popular: inerente ao próprio Estado Democrático de Direito.
Conforme pudemos perceber, o processo eletrônico na seara da Administração Pública está
sendo implantado de maneira cada vez mais célere, havendoa preocupação do legislador em
garantir ao cidadão o acesso às prestações estatais também na esfera pública, de maneira mais célere
e menos burocrática, com maior segurança e transparência.
NA PRÁTICA
Imagine a seguinte situação hipotética:
Um morador da cidade de Barretos recebeu a cobrança de IPTUs em atraso. Contudo, ele possui
o comprovante de pagamento de quase todas as parcelas cobradas. Assim, ele entra no site da
prefeitura de sua cidade, a fim de impugnar os valores cobrados.
Quando tenta realizar a abertura do processo administrativo para a impugnação, o sistema emite
um aviso de que isso só é possível mediante o prévio pagamento dos valores em atraso e que, caso
seja considerado procedente, os valores serão posteriormente devolvidos.
Nesse caso, agiu certo a prefeitura?
Não!
Isso porque, sendo a Administração Pública uma das partes do processo administrativo, não se
justifica a mesma onerosidade que existe no processo judicial. Assim, é ilegal a referida cobrança,
devendo o processo administrativo ser gratuito.
FINALIZANDO
Chegamos ao final da nossa aula. Vimos os seguintes temas:
Sistema Eletrônico de Registros Públicos – que traz a modernização dos cartórios de registros
públicos e maior segurança aos negócios jurídicos;
arbitragem eletrônica, conciliação e mediação virtual, destacando-se a crescente tendência de
que haja a desjudicialização dos conflitos, bem como o aumento dos meios digitais para a sua
resolução;
penhora eletrônica, com a utilização do BACEN-JUD/SISBAJUD, RENAJUD E INFOJUD para a
consecução da execução no âmbito judicial.
leilão on-line, a fim de que se possa instrumentalizar no meio digital a alienação de bens; e
o processo eletrônico na Administração Pública, com destaque às recentes alterações
legislativas que promovem a digitalização dos processos administrativos e a desburocratização
dos procedimentos e processos nesta seara.
Espero você na próxima!
REFERÊNCIAS
BAIOCCO, E. A introdução de novas tecnologias como forma de racionalizar a prestação
jurisdicional: perspectivas e desafios. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor
de Ciências Jurídicas, Programa de Pós-Graduação em Direito. Defesa: Curitiba, 20/01/2012.
Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/27134?show=full>. Acesso em: 24 fev.
2022.
BERTONCINI, M; CORRÊA, F. Processo eletrônico como instrumento da cidadania. Revista
Jurídica Unicuritiba. v. 2, n. 31 (2013). Disponível em:
<http://revista.unicuritiba.edu.br/index.php/RevJur/article/view/608/469>. Acesso em: 24 fev. 2022.
BRASIL. TJDFE. Processo Judicial eletrônico chega aos cartórios extrajudiciais do DF.
Disponível em: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/2017/novembro/processo-
judicial-eletronico-chega-aos-cartorios-extrajudiciais-do-df>. Acesso em: 24 fev. 2022.
SANTOS, R. Sistema Eletrônico de Registro Público dificulta prova de má-fé do comprador.
CONJUR. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2022-fev-13/mp-1085-dificulta-prova-ma-fe-
comprador-dizem-especialistas>. Acesso em: 24 fev. 2022.
TEIXEIRA, T. Direito Digital e Processo Eletrônico. 5. ed. São Paulo: Saraiva: 2020. (Minha
Biblioteca).
TJ-PA. Corregedoria. Disponível em:
<https://www.tjpa.jus.br/PortalExterno/institucional/Corregedoria-do-Interior/76-BACENJUD---
RENAJUD-E-INFOJUD.xhtml>. Acesso em: 24 fev. 2022.

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