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Direito digital livro

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Unidade 1 - Introdução ao Direito Digital a Lei do Processo Eletrônico 
 
Nesta unidade você verá: 
// introdução ao Direito Digital 
// análise dos pontos mais relevantes da Lei 11.419/2006 
// fraudes no sistema de distribuição dos processos 
// entendimento e jurisprudência sobre o estelionato judicial 
// benefícios do processo eletrônico no combate às fraudes processuais 
 
Apresentação 
Devido ao grande número de horas que, diariamente, passamos “imersos” na 
rede mundial de computadores – o que nos permite utilizar todas as 
facilidades da tecnologia em nossas operações financeiras, intelectuais e até 
mesmo na interação com nossos círculos sociais –, o Direito Digital é hoje um 
campo do Direito em expansão e se constitui como área interdisciplinar que 
engloba diferentes ciências, como as ciências da tecnologia, informática, 
matemática com algoritmos, entre outras. 
A área é também relativamente recente, de modo que ainda não há 
jurisprudências que foram superadas para compararmos. No entanto, com base 
nas recentes decisões, já podemos ter ideia do caminho que seguimos. Nesse 
sentido, muitos dos conhecimentos que passarei a vocês são os mais recentes 
entendimentos doutrinários e jurisprudências, a fim de entendermos melhor 
qual direção estamos tomando. 
Depois das leis em si, os entendimentos jurisprudenciais são os aprendizados 
mais relevantes, pois, assim, vocês saberão como funciona o mundo jurídico 
real. 
Faremos, então, um sobrevoo histórico para ver como surgiu o Direito Digital, 
quais necessidades levaram à criação das leis e como elas estão evoluindo no 
sistema jurídico, com as alterações de entendimento jurisprudencial e das 
próprias leis, a fim de que cumpram seu papel social. 
Espero que aproveitem o conteúdo e possam aprofundar ainda mais seus 
conhecimentos. 
 
AUTOR 
O professor Gabriel Zanetti Alves é formado em Direito pela Universidade 
FMU – SP e atua como advogado desde 2015, ano de sua formação, nas áreas 
do Direito do Consumidor e Criminal, além de prestar consultoria para 
empresas. 
 
Estas aulas são dedicadas a todos os professores que tive durante minha 
trajetória acadêmica, que me inspiraram e puderam formar minha base 
intelectual. Dedico também aos meus colegas de profissão. 
 
Gabriel Zanetti Alves 
 
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz 
Diretor-presidente: Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira 
Autoria: Gabriel Zanetti Alves 
Projeto Gráfico e Capa: DP Content 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2019 
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. 
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal. 
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock 
 
Objetivos 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 bullet 
Apresentar o histórico do Direito Digital; 
 bullet 
Elucidar como surgiu a ideia da Lei nº 11.419, de 19 de dezembro de 2006 
(Lei do Processo Eletrônico); 
 bullet 
Comentar os pontos mais importantes da Lei 11.419/2006; 
 bullet 
Mostrar alterações que ocorreram no Direito brasileiro para atender às 
mudanças trazidas pela Lei 11.419/2006; 
 bullet 
Explicar a figura do jus postulandi no processo eletrônico; 
 bullet 
Explicar o que é estelionato judicial; 
 bullet 
Processo eletrônico como forma de combater fraudes processuais; 
 bullet 
Explanar os benefícios trazidos pelo processo eletrônico. 
 
TÓPICO DE ESTUDO 
 
Introdução ao Direito Digital 
– 
// Conceito de Direito Digital 
// Surgimento do Direito Digital 
// Como surgiu o Projeto de Lei do Processo Eletrônico 
 
Análise dos pontos mais relevantes da Lei 11.419/2006 
– 
// Ações que discutiram a constitucionalidade da Lei 11.419/2006 
// O Processo Judicial Eletrônico na Justiça do Trabalho (PJe-JT) 
// Dificuldades do jus postulandi no processo eletrônico 
Fraudes no sistema de distribuição dos processos 
– 
- 
Entendimento e jurisprudência sobre o estelionato judicial 
– 
- 
Benefícios do processo eletrônico no combate às fraudes processuais 
– 
- 
 
Introdução ao Direito Digital 
Nesta unidade, vamos abordar alguns pontos essenciais para a compreensão 
da matéria e, assim, teremos uma base da história de como foi implementada a 
Lei nº 11.419, promulgada em 19 de dezembro de 2006, conhecida como Lei 
do Processo Eletrônico: com qual intuito se desenvolveu essa lei, quais as 
necessidades apresentadas à época para que fosse possível sua implementação, 
como foi essa implementação, como os tribunais efetivaram seus sistemas 
eletrônicos, quais os impactos da lei, como sua aprovação foi vista pela OAB, 
quais remédios constitucionais foram impetrados contra ela e quais as 
decisões do STF sobre o assunto. 
Faremos uma análise da Lei, trazendo os artigos mais relevantes e fazendo a 
conexão destes com as leis vigentes naquele momento, as alterações no 
Código de Processo Civil para que não houvesse conflito entre as normas e 
algumas dificuldades que as exigências dos sistemas implementados trazem 
para o cidadão que busca seu acesso, já que nem todas as pessoas que 
procuram o Judiciário possuem acesso à internet. 
Abordaremos a Lei do Processo Eletrônico como forma de combate às fraudes 
e os problemas de transparência que existiam nos sistemas eletrônicos de 
distribuição dos processos, que acabaram por gerar dúvidas relativas à 
segurança desses sistemas – e como os novos sistemas foram utilizados para 
corrigir esse tipo de questão. 
Analisaremos os benefícios trazidos pelos sistemas eletrônicos ao Judiciário 
brasileiro, que agora tem uma ferramenta muito mais eficiente na 
produtividade e com menor custo, o que auxilia os servidores a terem maior 
qualidade de vida no ambiente de trabalho. 
Veremos também quais as decisões mais relevantes em relação a essa Lei, 
como os tribunais superiores entendem as demandas relacionadas ao tema, 
jurisprudências atuais referentes ao estelionato judicial e como o combate a 
esse tipo de crime está sendo feito com o auxílio dos sistemas eletrônicos. 
 
CONCEITO DE DIREITO DIGITAL 
 
Por ser uma área em extrema ascensão, encontramos diversos conceitos 
referentes ao assunto: cada autor acaba por seguir uma definição própria. 
No entanto, apesar de suas diferenças e peculiaridades, os conceitos 
acabam por convergir para um mesmo sentido. 
 
Adotaremos, então, a seguinte definição de Direito Digital: o Direito Digital 
resulta da relação bidirecional do Direito e da Ciência da Computação, 
desenvolvendo novas tecnologias e legislações para que as duas ciências se 
adaptem aos novos desafios no mundo contemporâneo. Ele regulamenta todas 
as novas relações jurídicas desenvolvidas no mundo virtual – entre elas, as 
transações e as obrigações firmadas por meio de contratos virtuais que 
utilizam certificação digital para validação jurídica. 
Com esses novos tipos de contratos firmados por meio tecnológico, em 
ambiente virtual, surgiu a necessidade dessa nova vertente do Direito, que, 
como várias outras, acaba por necessitar do auxílio de outras ciências para 
suprir pontos que fogem de seu escopo de estudo. Assim, com o surgimento 
desses novos métodos de contratos e obrigações oriundos do meio digital, 
surgem também novos delitos, novas fraudes, que também necessitam de uma 
resposta do Estado. A fim de que a persecução penal possa ser eficiente, as 
ciências computacionaissão aliadas fundamentais para o desenvolvimento de 
novas técnicas de investigação, atuantes na análise forense computacional. 
 
SURGIMENTO DO DIREITO 
DIGITAL 
O Direito Digital surge com o fenômeno da internet, com o intuito de 
resguardar a vida íntima da pessoa, tutelando seus dados, que, no mundo 
digital, acabam por refletir sua vida pessoal. 
Existem alguns registros de crimes cometidos em computadores na década de 
1970, nos quais o agente sempre era o técnico de informática. Com o passar 
dos anos, alterou-se o perfil criminológico do autor, e, nos anos 80, além dos 
técnicos, também faziam parte desse grupo os colaboradores de instituições 
financeiras – o que era óbvio, pois, até então, somente essas pessoas tinham 
conhecimento técnico e acesso aos dispositivos para que pudessem transgredir 
as leis (SILVA, 2000). 
Silva (2000) também nos explica que com o crescimento do mercado de 
informática e a facilidade em obter os equipamentos, esses seletos grupos que 
dispunham de conhecimento e oportunidade acabaram por não ser mais os 
principais criminosos. Na verdade, nas décadas seguintes, qualquer pessoa 
passou a tornar-se criminoso potencial. 
No entanto, apesar dessa alteração do grupo criminológico, ainda hoje, 90% 
dos crimes cibernéticos são cometidos por colaboradores das próprias 
empresas. É um fenômeno que não exige muito estudo para ser explicado pelo 
simples fato de o agente ter fácil acesso às informações dos bancos de dados, 
facilitando, também, o cometimento do crime (SILVA, 2000). 
No Quadro 1, podemos ter uma ideia do panorama histórico das leis criadas 
para proteção de dados e do quanto são recentes. 
 
 
Quadro 1. Cronologia de legislações sobre proteção de dados. Fonte: FAUSTINO, 2016. 
(Adaptado). 
Mesmo com muitos estudos sobre esse tema, ainda não há consenso, entre os 
doutrinadores, quanto à classificação e os tipos de crimes cibernéticos – mas, 
de forma geral, todas as definições acabam por englobar praticamente os 
mesmos crimes, como podemos ver no exemplo: 
Alguns principais exemplos são: fraude por e-mail e pela internet; fraude de identidades, 
quando informações pessoais são roubadas e usadas; roubo de dados financeiros ou 
relacionados a pagamento de cartões; roubo e venda de dados corporativos; extorsão 
cibernética, que exige dinheiro para impedir o ataque ameaçado; ataques de ransomware, 
um tipo de extorsão cibernética; cryptojacking, quando hackers exploram criptomoedas 
usando recursos que não possuem; espionagem cibernética, quando hackers acessam dados 
do governo ou de uma empresa. Esses crimes podem se dividir em dois grupos: atividade 
criminosa que visa computadores ou atividade criminosa que usa computadores para 
cometer outros crimes (KASPERSKY, [s.d.]). 
Com a evolução tecnológica, nossas vidas cotidianas acabam por ser regidas, 
praticamente por inteiro, pelo uso de computadores, celulares e outros meios 
de comunicação digital. Dessa maneira, o Direito Digital se faz necessário, 
seja em nossa vida privada (com as redes sociais, por exemplo), seja em nossa 
vida financeira (com aplicativos de bancos ou com todas as nossas transações 
bancárias e de compras on-line, que hoje acabam por ser uma tendência global 
e se encaminham para o comércio digital por completo, inclusive por conta da 
pandemia de Covid-19, que acelerou ainda mais esse processo de digitalização 
do mundo contemporâneo). 
 
Apesar de o Direito Digital, ainda, não ser reconhecido como uma área 
autônoma do Direito, como o Civil ou o Penal, existe a tendência de que acabe 
por ser reconhecido como tal, por sua complexidade e por atuar de forma 
célere, acompanhando as constantes mudanças no mundo virtual. A tecnologia 
da informação é considerada uma das ciências de evolução mais rápida, e sua 
mutação constante faz com que o Direito como hoje conhecido e utilizado se 
torne totalmente obsoleto para acompanhar essa mudança. 
Enquanto uma nova tecnologia de algoritmo ou até mesmo um novo software 
é lançado e, em poucos meses, já se torna obsoleto ou uma nova criptografia é 
criada e, em poucos dias, já existem relatos de que foi “quebrada”, o Direito 
acaba por não conseguir acompanhar essa evolução frenética: para que uma 
lei seja criada, existe todo um trâmite burocrático, e, nos casos em que o 
Estado precisa de uma resposta a algum novo tipo de crime por meio de 
sistema cibernético, o Direito Penal acaba por trazer essa resposta de maneira 
tardia. 
Temos como exemplo o caso da atriz Carolina Dieckmann, que, em 2011 foi 
vítima de uma invasão de hackers em seu computador, no qual havia algumas 
fotos íntimas que acabaram publicadas. Após uma grande repercussão 
midiática do seu caso, houve a apresentação de um projeto de lei no mesmo 
ano, quando a Lei nº 12.737, de 30 de novembro de 2012 foi aprovada, 
descrevendo esse novo tipo de crime, alterando o artigo 154 e incluindo os 
artigos 154-A, 154-B, 266 e 298 no Código Penal. 
 
Na atualidade, o Direito Digital é tão relevante que, em 2005, a CIA (Agência 
Norte-Americana de Inteligência) criou uma versão da famosa Wikipedia com 
o intuito de fomentá-la com conteúdo voltado à inteligência e espionagem, 
conhecida como Intellipedia. Essa página pode ser acessada por 16 agências 
norte-americanas de inteligência, e seus usuários a alimentam e trocam 
informações, classificadas em três níveis de segurança: top secret, secret, 
e sensitive but unclassified (ultrassecreto, secreto e sensível, mas não 
confidencial, respectivamente). 
 
Para ter acesso a esse sistema de inteligência, é necessário ter credenciais de 
acesso válidas, o que pode ser feito no próprio sistema intranet das agências 
com o uso do cartão de identificação na estação de trabalho, ou remotamente 
com uso de uma VPN. Fica evidente que o acesso por qualquer pessoa não 
autorizada é proibido (SZOLDRA, 2016). 
 
COMO SURGIU O PROJETO DE LEI 
DO PROCESSO ELETRÔNICO 
Segundo Petersen (2019), antes mesmo de se imaginar um sistema digital 
que abarcasse todo o Judiciário brasileiro, mais precisamente na década 
1990 já começavam a surgir tecnologias para auxiliar o andamento dos 
processos, como foi o caso da implementação de alguns sistemas de 
gestão processual nos quais já havia o sorteio eletrônico de processos, 
trazendo enormes benefícios à época. Esses sistemas podem ser 
considerados os primeiros rascunhos do que hoje se conhece por processo 
eletrônico. 
 
Com todas as dificuldades e morosidade que os processos físicos traziam para 
o sistema judiciário, como os custos com armazenagem, conservação e 
translado e até mesmo algumas doenças causadas pelo excesso de poeira e 
bolor que se acumulavam, a Associação dos Juízes Federais do Brasil, 
AJUFE, encaminhou um anteprojeto de lei à Comissão de Legislação 
Participativa da Câmara dos Deputados, que o aprovou sem restrições. 
Esse projeto teve como principal objetivo aumentar a eficiência do Judiciário 
com o auxílio das tecnologias atuais. Antes da entrada em vigor da lei, não 
havia a possibilidade de consultar os processos de maneira remota, com o uso 
da internet: apenas era possível presencialmente, o que acabava por trazer 
muitas dificuldades aos operadores do Direito (OLIVEIRA, 2013). 
 
 
Figura 1. A implantação do processo judicial eletrônico modificou a forma como os operadores do 
Direito trabalham. Fonte: TJRR. Acesso em: 23/06/2020. 
Imagine que você é advogado na cidade de São Paulo e precisa consultar um 
processo que tramitava em Fortaleza. Além da distância física, imagine que 
você tivesse certa urgência em verificar algum despacho, movimentação do 
processo ou algum documento anexado... Mesmo se deslocando até o cartório 
onde o processo se encontrava, teria a possível demora para o cartorário 
atender todas as pessoas e encontrar seu processo, que, muitas das vezes, 
sequer estaria disponível, pois poderia estar na “fila” na mesa do juiz paraser 
julgado. 
Com essa dificuldade que se tinha antes da entrada em vigor da Lei e da 
implementação dos sistemas digitais pelos tribunais, foi desenvolvido o 
projeto, que não teve dificuldades em ser aprovado, tendo em vista os 
inúmeros benefícios que traria: muito mais celeridade, redução significativa 
nos custos e redução dos riscos de se perder algum documento anexado ao 
processo para quase zero (OLIVEIRA, 2013). 
Para que os tribunais pudessem implementar seus sistemas e atender à nova 
Lei de Processo Eletrônico, tramitou concomitantemente outra Lei, a de nº 
11.280, de 16 de fevereiro de 2006, que alterou diversos dispositivos do CPC 
que estava em vigor na época, como descreve o preâmbulo: 
Altera os arts. 112, 114, 154, 219, 253, 305, 322, 338, 489 e 555 da Lei nº 5.869, de 11 de 
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, relativos à incompetência relativa, meios 
eletrônicos, prescrição, distribuição por dependência, exceção de incompetência, revelia, 
carta precatória e rogatória, ação rescisória e vista dos autos; e revoga o art. 194 da Lei nº 
10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. 
A Lei 11.280/2006 cuidou da alteração do artigo 154, incluindo um parágrafo 
único no antigo Código de Processo Civil de 1973 para que abrisse margem 
de liberdade a fim de que cada tribunal decidisse a implementação da forma 
que melhor lhe conviesse, trazendo para o CPC a seguinte redação: 
Art. 154 - Código de Processo Civil – Os atos e termos processuais não dependem de forma 
determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, 
realizados de outro modo, lhe preencham a finalidade essencial. 
Parágrafo único – os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar a 
prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meio eletrônico, atendidos os 
requisitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infra 
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP Brasil. § 2º - Todos os atos e termos do 
processo podem ser produzidos, transmitidos e armazenados e assinados por meio 
eletrônico, na forma da lei. 
Os primeiros tribunais a implementarem o sistema de processo eletrônico 
foram o Supremo Tribunal Federal, o Superior Tribunal de Justiça e o 
Tribunal Regional Federal da 3ª e 4ª Região, logo após entrarem em vigor as 
leis supracitadas (OLIVEIRA, 2013). 
 
Análise dos pontos mais 
relevantes da Lei 11.419/2006 
A Lei 11.419/2006 é curta, muito simples de entender e não demanda muito 
tempo para ser lida. Não trataremos dela por completo, pois muitos artigos 
não serão relevantes no nosso estudo, portanto, vamos focar apenas os de 
maior interesse para análise, os que realmente trouxeram algo de novidade 
para o Direito brasileiro. Concomitantemente às leis que trazemos aqui, 
buscaremos os entendimentos jurisprudenciais para melhor compreensão do 
que estamos tratando e as consequências jurídicas práticas que a inobservância 
destes pode acarretar para o operador do Direito. 
No seu primeiro artigo, a Lei já traz sua abrangência em relação à tramitação, 
comunicação e transmissão dos dados e movimentações processuais, e, no seu 
parágrafo 1º, explicita que todas as searas deverão utilizar-se dos meios 
eletrônicos, em todos os graus de jurisdição; ou seja, todas as possibilidades 
de buscar assistência judiciária deverão ocorrer por meio eletrônico. 
O parágrafo 2º trata da definição dos termos, e aqui temos algumas 
divergências quanto aos benefícios e as dificuldades que a Lei trouxe. 
Vejamos: 
III - assinatura eletrônica as seguintes formas de identificação inequívoca 
do signatário: 
a) assinatura digital baseada em certificado digital emitido por Autoridade 
Certificadora credenciada, na forma de lei específica; 
b) mediante cadastro de usuário no Poder Judiciário, conforme disciplinado 
pelos órgãos respectivos. 
 
 
Figura 2. Captura de tela do Manual do Usuário Interno, retirada do site do PJe. Fonte: PJe. Acesso 
em: 23/06/2020. 
Logo, todo advogado e qualquer outra pessoa que queira ter acesso ao 
Judiciário, além dos servidores públicos abarcados por essa mesma exigência, 
precisam ter uma assinatura digital, o que acaba gerando mais um gasto. Além 
disso, essa assinatura é intransferível. Dessa maneira, caso um advogado 
esteja como patrono de uma das partes, mesmo com procuração o autorizando 
em anexo, terá de incluir qualquer documento tendo sua assinatura digital no 
momento do envio. Caso outro o faça, mesmo que tenha sua assinatura no 
documento escrito, será considerada nulidade relativa, e o magistrado abrirá 
prazo para que se sane esse problema. 
Já se tornou jurisprudência a nulidade da falta da assinatura digital: caso não 
seja sanada pelo advogado no prazo, qualquer que seja a peça processual, esta 
será considerada inexistente, conforme julgados aqui colacionados: 
 bullet 
AgInt no AREsp 790442/SC - Agravo Interno No Agravo Em Recurso 
Especial 2015/0247120-0 Relator(a) Ministro Antonio Carlos Ferreira; 
 bullet 
AgRg no AREsp 725.263/RO, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, 
julgado em 10/05/2016, DJe 27/05/2016; 
 bullet 
AgInt no REsp 1802216 / SP - Agravo Interno No Recurso Especial - 
2019/0065417-9; 
 bullet 
AgInt no AREsp 1148514 / AM - Agravo Interno No AgravoO Em Recurso 
Especial - 2017/0194706-0; 
 bullet 
AgInt no REsp 1711048 / SP - Agravo Interno No Recurso Especial - 
2017/0301226-3. 
 
Então, muito cuidado ao assinar um documento via certificado digital para 
outra pessoa, ou vice-versa: o documento será considerado inexistente caso 
não se sane esse vício. O artigo 2º traz o requisito da assinatura eletrônica nos 
atos processuais e o cadastro obrigatório nos tribunais no qual o operador 
atuará. 
Já o artigo 3º trata dos prazos considerados no sistema eletrônico de petição – 
todos os atos são considerados no dia do envio sem limite de horário, mas 
atenção aos fusos horários de que os tribunais fazem parte, para que não se 
envie um documento fora do prazo. 
O artigo 4º trata da criação do Diário da Justiça Eletrônico de cada tribunal e 
dos atos de publicidade e intimação que serão feitos através deles. A 
contagem do prazo de publicação será sempre no dia útil subsequente ao da 
publicação no Diário Eletrônico. 
O artigo 5º trata das intimações e seus meios. Toda intimação será feita por 
meio do endereço eletrônico cadastrado para consulta do processo. Será 
considerada feita a citação no dia útil subsequente ao dia em que for 
consultado o processo por parte do advogado. Caso não haja nenhum tipo de 
consulta dentro de 10 dias corridos a partir do envio da intimação, considerar-
se-á feita no final desse prazo. Mais uma advertência: os sistemas eletrônicos 
da Justiça nem sempre enviam e-mail de citação; em alguns estados, apenas 
publicam no Diário Oficial; então, é preciso ter atenção às publicações e aos 
prazos, consultando regularmente os processos, já que a própria Lei dispensa a 
publicação em órgão oficial. 
 
 
Figura 3. Modelo de carta de citação eletrônica. Fonte: RODRIGUES, 2016. 
O artigo 6º trata das citações que poderão ser feitas por meio eletrônico. 
O artigo 8º define que cada tribunal poderá desenvolver seu próprio sistema 
eletrônico, mas também obriga todos os atos a serem assinados digitalmente, 
como forma de maior segurança e transparência. 
O artigo 9º novamente trata das citações, intimações e notificações que devem 
ser feitas por meio eletrônico, apenas definindo melhor o já exposto no artigo 
5º. 
O artigo 10 foi fundamental para a economia de tempo e celeridade dos 
processos, pois explicita que não é necessária intervenção humana para 
algumas movimentações eletrônicas. O artigo também diz, em seu parágrafo 
primeiro, que os envios serão tempestivos até a meia-noite do último dia do 
prazo. 
No artigo 11, temos a presunção de veracidade dos documentos juntados 
eletronicamente, masé necessária atenção, pois todos os originais dos 
remetidos ao tribunal deverão ser armazenados até o trânsito em julgado da 
sentença, ou até o prazo final para interposição de ação rescisória, caso seja 
admitida. 
No artigo 12, vemos a preocupação com os documentos físicos nos processos 
digitais, pois, além de tratar da segurança dos sistemas de armazenamento 
digital, o artigo faz referência aos processos físicos já existentes no parágrafo 
5º, dando a possibilidade das partes em buscar os documentos originais que 
estão em juízo para poder armazená-los caso queiram, demonstrando a clara 
intenção de não haver mais armazenagem de processos físicos nos tribunais. 
 
Outro ponto que chama atenção é o caso do parágrafo 2º, que deixa claro que 
cada tribunal pode decidir por seu sistema eletrônico, mostrando que podem 
não ser compatíveis entre si. Caso isso ocorra, o tribunal terá de transformar o 
processo eletrônico, que será remetido a outro tribunal com sistema diferente e 
não compatível em processo físico, porém isso vai totalmente contra o intuito 
da Lei, de diminuir o consumo de papel e espaço físico. 
O artigo 14 traz um grande debate, pois, para serem auditados alguns 
procedimentos que devem ser imparciais, como o sorteio de distribuição do 
processo, o código de programação deveria ser aberto – assim, qualquer um 
teria acesso, como prevê a Lei. Isso, porém, não ocorre, pois a grande maioria 
dos sistemas dos tribunais têm programação de código fechado e apenas a 
empresa que vendeu a plataforma tem acesso ao código, o que dificulta uma 
auditoria externa. 
No artigo 18, encontramos a referência com a alteração do artigo 154 do 
Código de Processo Civil à época, dando liberdade para os tribunais adotarem 
os sistemas que melhor os atendiam, como já ilustramos no tópico referente ao 
surgimento da Lei de Processo Eletrônico. 
Para finalizar, o artigo 22 traz a vacatio legis da referida Lei, que dispunha de 
um prazo de 90 dias para a entrada em vigor. 
 
EXPLICANDO 
A expressão vacatio legis vem do latim, e sua tradução direta é 
“vacância da lei”. Nada mais é do que o prazo que a lei percorre entre 
sua publicação e a entrada em vigor. O prazo pode vir expresso na 
própria lei; caso contrário, adota-se o disposto no art. 1º da LINDB, 
que é de 45 dias depois da sua publicação. Existe também a 
possibilidade de não se cumprir uma vacatio legis, quando, no texto 
legal, está disposto: “esta Lei entra em vigor na data de sua 
publicação”. 
 
AÇÕES QUE DISCUTIRAM A 
CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 
11.419/2006 
 
Logo que a Lei 11.419/2006 entrou em vigor, no ano de 2007, o Conselho 
Federal da OAB ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade 
(ADI nº 3880) no STF, com pedido de liminar contra os dispositivos da 
referida Lei, com a alegação de que estavam sendo feridos os princípios da 
proporcionalidade, da publicidade, além dos preceitos constitucionais que 
tratam da OAB, também os artigos 5º, caput, XII, LX, 84, IV e 133 da CF 
(STF, 2007). 
EXPLICANDO 
A ADI é um "remédio constitucional". É uma ação que visa à 
declaração da inconstitucionalidade de uma lei, ou parte dela. É um 
instrumento de controle concentrado de constitucionalidade, cabível 
no caso de norma em tese, ao contrário do mandado de segurança, que 
somente será admitido no caso de lesão ou ameaça concreta a direito 
líquido e certo do impetrante. 
 
Foi questionada, entre outros pontos, a extinção do diário impresso em papel 
devido à criação do Diário da Justiça Eletrônico, além da utilização de meios 
digitais para intimação dos atos processuais. Esses elementos geraram 
preocupação para a entidade devido ao número de pessoas que efetivamente 
têm acesso a computadores no Brasil, uma vez que o Comitê Gestor da 
Internet apurou que 66,68% dos brasileiros sequer utilizaram alguma vez a 
rede mundial de computadores (STF, 2007). 
Desse modo, essas alterações e a extinção das publicações em meio físico 
trariam prejuízo à maior parte da população, que não teria acesso às 
publicações no meio digital, infringindo o princípio da publicidade. 
Outro questionamento relevante foi a exigência do prévio cadastramento dos 
advogados nos tribunais nos quais exerceriam a profissão para o processo 
eletrônico. Foi destacado que é exclusiva da OAB a função de credenciar os 
advogados para exercer a profissão, não havendo necessidade de qualquer 
outro tipo de credenciamento (STF, 2007). 
Por fim, a OAB sustentava que a regulamentação que a Lei autoriza ao 
Judiciário tratar é de competência exclusiva do Presidente da República, 
ferindo a competência (STF, 2007). O STF julgou o caso em 2020, em uma 
sessão virtual no dia 14 de fevereiro, decidindo por unanimidade a 
improcedência da ação, como vemos a seguir: 
Decisão: O Tribunal, por unanimidade, conheceu da ação direta e julgou improcedentes os 
pedidos formulados, declarando a constitucionalidade dos artigos impugnados da Lei 
11.419/2006, nos termos do voto do Relator. O Ministro Marco Aurélio acompanhou o 
Relator com ressalvas. Não participou deste julgamento, por motivo de licença médica, o 
Ministro Celso de Mello. Plenário, Sessão Virtual de 14.2.2020 a 20.2.2020. 
Outros questionamentos surgiram durante algumas mudanças na Lei, como foi 
o caso dos advogados de São Paulo, que impetraram um mandado de 
segurança (MS nº 32888) contra a Resolução do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ) nº 185/2013, que instituía o Sistema PJe (Processo Judicial Eletrônico) 
como sistema de processamento de informações e prática de atos processuais, 
além de estabelecer parâmetros para sua implementação. Foi feito pedido de 
liminar para suspensão de eficácia dessa resolução. 
Nos autos, fixa-se um prazo para que os tribunais apresentem os cronogramas 
de implantação com lapso temporal de 120 dias. A OAB-SP alegou que essa 
resolução acaba por limitar o acesso à Justiça, por não abrir outra opção ao 
jurisdicionado em acessar ao sistema “uma vez que vedada a utilização de 
qualquer outro sistema de peticionamento eletrônico” (BOLETIM JURÍDICO, 
2014). 
 
O que fundamentou a OAB-SP ao impetrar o MS foi que o PJe imposto pelo 
CNJ ocorreu um ano após o Tribunal de Justiça de São Paulo ter 
implementado seu sistema próprio, o que fez com que todos os advogados de 
São Paulo e os escritórios investissem em tecnologia para se adequarem a esse 
sistema e obter treinamento para o uso do mesmo, além do valor de R$ 300 
milhões gastos pelo poder público na implementação do sistema. A entidade, 
por meio de nota, publicou que “não é razoável que o CNJ modifique a 
orientação em tão curto espaço de tempo” (STF, 2014), e prossegue: 
É ilegal ato coator que obriga os advogados de São Paulo a não mais se utilizarem do 
sistema adotado do Tribunal de Justiça, impedindo-os de promover estudos, planejamento, 
desenvolvimento e teste, inviabilizando o pleno funcionamento do sistema eleito 
originariamente, em detrimento desse essencial serviço à cidadania que é a prestação 
jurisdicional. 
A ministra Rosa Weber acabou por indeferir o pleito, aplicando a Súmula 266 
do próprio Supremo Tribunal Federal, que traz em seu texto: “não cabe 
mandado de segurança contra lei em tese” – e negou trâmite ao MS nº 32888. 
A ministra afirmou que os autores não apontaram, na demanda, ato concreto 
que ameaçasse direito líquido e certo, requisito para mandados de segurança, e 
somente demonstraram, na ação, “pretensão voltada ao reconhecimento da 
inconstitucionalidade de resolução do CNJ” (STF, 2014). 
 
Também houve outro requerimento ao CNJ para que fossem feitas 63 
modificações no PJe. Dessa vez, o presidente da OAB – na época, Marcus 
Vinicius Furtado Coêlho – disse que a implementação do sistema na Justiça 
do Trabalho apresentava muitas falhas e ocasionava sérios problemas para os 
operadores do Direito. Disse ainda que a entidade era a favor de um sistema 
único de peticionamento,já que, também na época, havia 46 sistemas distintos 
– e era complicado a um advogado habituar-se à maioria deles, tendo em vista 
as peculiaridades de cada plataforma. 
Uma das solicitações de Marcus Vinicius, a de número 8 da lista, foi a de 
obrigar os tribunais a instalarem equipamentos de acesso ao sistema para a 
população em geral, a fim de que pudessem consultar seus processos, além da 
presença de servidores para que auxiliassem as pessoas quando necessário 
onde havia tramitação de processos eletrônicos. 
 
O PROCESSO JUDICIAL 
ELETRÔNICO NA JUSTIÇA DO 
TRABALHO (PJE-JT) 
 
De todas as áreas do Judiciário no Brasil, a mais demandada normalmente 
era a Trabalhista, pelo menos antes da entrada em vigor da nova Lei nº 
13.467, de 13 de julho de 2017 (conhecida como “reforma trabalhista”), 
que diminuiu drasticamente o número de novos processos, com redução 
de 34% do montante total entre os anos 2017 e 2018: 2.630.522 contra 
1.726.009, respectivamente, quase um milhão a menos (REDAÇÃO RBA, 
2019). 
Para demonstrar melhor o valor percentual dos dados, o IBGE, em 2009, 
realizou uma pesquisa denominada Características de vitimização e acesso à 
Justiça no Brasil, com 12,6 milhões de entrevistados que relataram ter 
ingressado com algum tipo de ação judicial; 23,3% afirmaram que buscaram a 
Justiça do Trabalho para buscar uma solução de sua lide; a seara do Direito de 
Família representou 22% dos entrevistados; e 12,6%, a área criminal 
(OLIVEIRA, 2013). 
O Supremo Tribunal Federal, em 6 de outubro de 1994, determinou, por meio 
de liminar, que é dispensável a atuação do advogado, não sendo requisito 
fundamental nas ações que envolvem Justiça do Trabalho, Juizados Especiais 
e Justiça de Paz (ADI nº 1.127-8) (SOUZA FILHO; SODRÉ; SILVA, 2015). 
De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, no dia 29 de março de 2010, 
o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) 
e o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) celebraram um acordo, 
firmado pelo Termo de Acordo de Cooperação Técnica sob o número 
51/2010, determinando a adesão ao processo judicial eletrônico pela Justiça 
do Trabalho. Nesse mesmo dia, foi assinado o Acordo de Cooperação Técnica 
nº 01/2010, que firmava a integração do projeto nos tribunais. 
 
 
 Figura 4. Captura de tela do PJe TRT. Fonte: Redação Trabalhista Legal. Acesso em: 23/06/2020. 
Cuiabá (MT) foi a cidade onde o projeto-piloto foi instalado pela primeira 
vez, em 10 de fevereiro de 2011. Em um primeiro momento, foram 
priorizadas as ações de execução, e, após treinamento dos colaboradores e 
desenvolvimento, foi implementado o sistema. Após o aprimoramento, 
também foram implementadas, para uso do sistema, as cidades de Navegantes 
(SC), Caucaia (CE) e Várzea Grade (MT). Dessa maneira, houve a expansão e 
a implementação em 1ª e 2ª instâncias, de maneira concomitante (CSJT, 
2013). 
Somente em 23 de março de 2012, o Conselho Superior da Justiça do 
Trabalho estabeleceu o PJe-JT (Processo Judicial Eletrônico na Justiça do 
Trabalho), por meio da Resolução nº 94, trazendo em seu primeiro artigo: 
Art. 1º. A tramitação do processo judicial no âmbito da Justiça do Trabalho, a prática de atos 
processuais e sua representação por meio eletrônico, nos termos da Lei 11.419, de 19 de dezembro 
de 2006, serão realizadas exclusivamente por intermédio do Sistema Processo Judicial Eletrônico da 
Justiça do Trabalho - PJe-JT regulamentado por esta Resolução. 
Como se observa, todos os processos deverão ser apresentados por meio 
eletrônico, o que pode trazer dificuldades para os que necessitam do auxílio 
judicial para suas demandas, mas não tenham acesso à internet; ou que 
tenham, mas não cumpram com os requisitos para o cadastro da petição 
inicial, como veremos mais à frente. 
DIFICULDADES DO JUS 
POSTULANDI NO PROCESSO 
ELETRÔNICO 
Jus postulandi é o meio em que uma pessoa que pretende ingressar com 
uma ação no Poder Judiciário o faz sem o auxílio de um advogado, 
peticionando e fundamentando seu pedido por conta própria. Esse 
instituto é conhecido na esfera da Justiça do Trabalho, pois, nos Juizados 
Especiais, normalmente um servidor auxilia no desenvolvimento da 
petição inicial com um certo conhecimento técnico, e, nas audiências, 
normalmente se institui um advogado dativo, por meio do convênio com a 
Defensoria Pública que atua no tribunal. 
 
Em 2010, o jus postulandi acabou por ser limitado na Justiça do Trabalho, e, 
até então, não havia nenhum tipo de limite para atuação em causa própria. 
Conforme o artigo 791 da CLT, tanto o empregador quanto o empregado 
tinham seus direitos assegurados e podiam atuar no processo sem nenhum 
limite, do início ao fim. 
Art. 791. Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a 
Justiça do Trabalho e acompanhar suas reclamações até o final. 
Além do supracitado, o artigo 4º da Lei nº 5.584, de 26 de junho de 1970, faz 
referência ao jus postulandi: 
Art. 4º. Nos dissídios de alçada exclusiva das Juntas e naqueles em que os empregados ou 
empregadores reclamarem pessoalmente, o processo poderá ser impulsionado de ofício pelo 
Juiz. 
Até que, em 2010, o TST limitou a atuação do Jus Postulandi por meio de 
súmula: 
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do 
Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação 
cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do 
Trabalho. 
Entretanto, a Constituição Federal, no seu artigo 133, trata explicitamente da 
obrigatoriedade do advogado como participante da Justiça: 
Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo 
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos 
limites da lei. 
 
Logo, verifica-se, em um primeiro momento, que tal previsão constitucional 
impossibilitaria a CLT de cumprir o instituto do jus postulandi, uma vez que 
este seria considerado como não recepcionado pela Constituição. 
Entretanto, não é esse o entendimento dos tribunais, que não apenas aceitam o 
instituto, como já manifestaram esse entendimento em diversas sentenças, 
como vemos nas jurisprudências do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª 
Região – STJ, REsp 1027797/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, DJ. 
23/02/2011 (SOUZA FILHO; SODRÉ; SILVA, 2015). 
Mesmo com a figura do jus postulandi ainda existindo, percebe-se que o 
mesmo encontra em desuso, tendo em vista todas as dificuldades encontradas 
para exercer um direito, seja pelos sistemas de informatização, seja pelo 
requisitos para ingressar no sistema e poder peticionar de forma remota, além 
do pouco conhecimento sobre o assunto (SOUZA FILHO; SODRÉ; SILVA, 
2015). 
 
Fraudes no sistema de 
distribuição dos processos 
O sistema de distribuição de processos nos tribunais já era feito por meio 
de sorteio eletrônico bem antes de entrar em vigor a Lei do Processo 
Eletrônico, e, nessa época, já se levantavam diversas questões de 
confiabilidade, o que, às vezes, trazia certa dúvida, por haver meios de 
burlar os sistemas que existiam. 
No TJRJ, houve algumas suspeitas, quando em 2004, foi aberto um processo 
de investigação interno para apurar uma denúncia por meio de um mandado 
de segurança impetrado pelo grupo Telecom Itália ao presidente do TJRJ na 
época, alegando estranheza de que um de seus processos havia sido 
distribuído ao desembargador Marcus Tullius Alves, da 9ª Câmara Cível, já 
que não estava obedecendo ao critério do sorteio automático e, muito menos, 
levando em conta que o mesmo não tirava férias ou licença nos últimos dois 
anos que se passavam (CONJUR, 2004). 
Além do exposto, ainda se contestou, no mandado de segurança, supostas 
irregularidades na distribuição de outros recursos. O Grupo Opportunity 
levantou suspeita sobre o escritório patrono ter recorrido e o recurso ter sidodistribuído manualmente para o desembargador Edson Scisinio, da 14ª 
Câmara (CONJUR, 2004). 
Após a abertura de investigações internas, foram afastados das funções cinco 
funcionários do setor que estavam responsáveis pelo sistema de distribuição, e 
13 processos que tinham suspeita de terem sido distribuídos de forma 
intencional para algum magistrado foram redistribuídos (CONJUR, 2004). 
 
Ainda em 2004, agora no TRTSP, o Ministério Público Federal ingressou com 
uma ação cautelar para que fosse aberta uma investigação por meio de uma 
auditoria no sistema de distribuição de processos do TRT 2ª Região, com a 
suspeita de havia irregularidades na distribuição dos processos de 1ª instância, 
ações rescisórias e mandados de segurança (MICHAEL, 2005). 
Pelo menos 22 processos tinham fortes indícios de terem sido beneficiados 
pela manipulação de distribuição manual, demonstrando clara parcialidade do 
julgador e do interessado em que fosse julgado por aquele magistrado. 
Também houve suspeita de irregularidade na distribuição dos processos no 
Tribunal de Justiça do Pará, segundo matéria publicada no final de 2008, 
época em que já estava em vigor a Lei do Processo Eletrônico. Na ocasião, o 
CNJ enviou especialistas para analisar suposto esquema que envolvia 
escritórios de advocacia na distribuição de processos na segunda instância. A 
desembargadora Maria Helena Ferreira foi quem denunciou as supostas 
irregularidades. A denúncia sustentava que um grupo de escritórios sempre 
acabava com seus recursos distribuídos para os mesmos desembargadores e, 
coincidentemente, sempre havia decisões favoráveis. 
Maria Helena Ferreira, em entrevista concedida a um jornal, disse: “Isto não é 
novo, mas precisa ter um basta, porque há desembargadores que acabam 
perdendo seu tempo nesses julgamentos”. Declarou, ainda, que estava sendo 
ameaçada de processo (CONJUR, 2008). 
Mais recentemente, em 2018, pesquisadores da Universidade de Brasília 
(UnB) publicaram um relatório que identificou fragilidades no sistema de 
distribuição de processos do Supremo Tribunal Federal. Esse documento foi 
publicado no Diário da Justiça Eletrônico 193/2018. 
No mesmo documento, faz-se ressalva de que não foi esgotado o sistema a 
ponto de atestar que não é confiável – mas evidenciou-se que existe uma 
fragilidade que o torna suscetível à manipulação no resultado de sorteio para 
distribuição de processos. 
O documento afirma que o sistema contém alguns mecanismos de 
compensação que tornam igualitárias as distribuições, mas que acabam 
envolvendo algumas variáveis que tornam ainda mais complexa a questão. Há 
também a ressalva de que o sistema utilizado, o PJe, utiliza código de 
programação fechado, impossibilitando atestar com precisão. Além disso, o 
parecer informa que o modelo de distribuição individual dos processos 
fragiliza o sistema, na medida em que o torna mais suscetível à manipulação 
no resultado do sorteio (OLIVEIRA, 2019). 
 
Entendimento e jurisprudência 
sobre o estelionato judicial 
 
Este é mais um tema em que a doutrina se divide e até mesmo os 
tribunais ainda não entraram em consenso, apesar de a grande maioria 
dos julgados penderem para o reconhecimento da atipicidade da conduta. 
Os casos, porém, merecem especial atenção, pois cada um tem suas 
peculiaridades. Reuni algumas decisões para melhor visualizarmos essas 
diferenças. 
Temos o caso do advogado que foi condenado pelo famoso “estelionato 
judicial”, enquadrado no artigo 171, parágrafo 3º, do Código Penal, pois 
induziu a erro a Justiça quando ajuizou ações fraudulentas por meio do 
processo eletrônico. Foi assim que decidiu a 4ª Seção do Tribunal Regional 
Federal da 4ª Região, ao negar provimento a embargos infringentes, que 
buscava o reconhecimento da atipicidade da conduta. 
O réu foi sentenciado com base na denúncia do Ministério Público Federal, 
que tinha os elementos probatórios dos delitos cometidos. Foram anexados 
aos processos 13 documentos adulterados de clientes que o réu representava, 
além de alegações de que a União devia valores a ex-militares. Todas essas 
ações estavam baseadas em procurações falsas, e todos os documentos foram 
carregados no sistema de processo eletrônico da Justiça Federal da 4ª Região, 
o E-proc (MARTINS, 2015). 
Ao final do processo, o réu foi sentenciado pelo crime previsto no artigo 171, 
parágrafo 3º, combinado com os artigos 14, inciso II, e 71, por 10 vezes; e no 
artigo 298, pela prática do crime previsto no artigo 304, combinado com o 
artigo 71, por três vezes, todos do Código Penal. Em suma: estelionato 
cometido em detrimento de entidade assistencial na forma tentada e de 
maneira continuada; e falsificação de documento particular com o emprego de 
papéis falsificados ou alterados (comprovantes ‘‘frios’’ de endereços), de 
maneira continuada. As penas: quatro anos, cinco meses e 20 dias de prisão no 
regime semiaberto e pagamento de multas, de acordo com o site que veiculou 
a notícia (MARTINS, 2015). 
 
Apesar de o julgamento conter duas teses que se colidem, prevaleceu a do 
crime. A tese vencida que declara atípica a conduta delituosa do estelionato 
judicial – no caso, o voto do desembargador Victor Luiz dos Santos Laus – 
fundamenta que, pela falta de consenso na doutrina e pelo fato de o Ministério 
Público ter enquadrado o advogado apenas na conduta de uso de documento 
falso, considerava-se atípica a conduta pelos seguintes motivos: 
‘‘inidoneidade presuntiva’’ do julgador para ser enganado, impossibilidade de 
considerar sentença judicial como uma ‘‘vantagem ilícita’’ e existência de 
tipos penais específicos para a proteção da administração da Justiça 
(MARTINS, 2015). 
Na fundamentação do desembargador João Pedro Gebran Neto, porém, ficou 
caracterizado o crime de estelionato, que ele enxerga como um tipo penal 
aberto, como já se havia manifestado no Acórdão nº 5000858-
94.2011.404.7118, do dia 19 de dezembro de 2014: 
O artigo 171 do CP constitui tipo aberto, de forma que a obtenção da vantagem pode ser 
efetuada por qualquer meio fraudulento. Assim, a ação judicial movida fraudulentamente 
pode configurar o delito em questão, qualificado pela jurisprudência como estelionato 
judiciário. 
Essa discussão já havia sido pacificada pela 4ª Seção do TRF-4, da qual fazem 
parte os desembargadores da 7ª e 8ª turmas, especializada em matéria penal, 
refutando a tese da atipicidade do estelionato judicial como o do processo 
citado acima, de acordo com a posição do desembargador Marcelo Malucelli: 
“A conduta de quem usa de ardil para manter o Poder Judiciário em erro é 
grave e merece a atenção do Direito Penal, pois lesa a dignidade da função 
jurisdicional do Estado” (MARTINS, 2015). 
 
Não se deve confundir com a atipicidade que é amplamente reconhecida pelos 
tribunais superiores no caso de se fomentar as demandas com alegações falsas, 
que acabam sendo excluídas do crime de estelionato judicial. Nesse caso, 
porém, foi utilizado meio ardil para ludibriar o Judiciário, utilizando-se 
documentos e demandas inexistentes, o que torna a ação um potencial 
ofensivo para efetiva manutenção da Justiça. Claro que esse entendimento e 
posição dos tribunais superiores podem ser alterados com o tempo. 
Em outros casos que apenas contenham alegações falsas nas demandas, o 
Judiciário entende ser cabível a atipicidade da conduta e fundamenta que a 
ação cível e as consequências nessa esfera são suficientes para combater esse 
tipo de prática, levando em conta que o Direito Penal deve ser usado apenas 
em ultima ratio, como vemos nas seguintes decisões, nas quais foi 
reconhecida a atipicidade material da conduta pela fundamentação de que as 
condutas do agente não caracterizavam os pressupostos do estelionato judicial, 
que são: uso do processo para auferir lucros ou vantagem indevida, fraudando 
ou usando de ardil para ludibriar a Justiça e, importante, que tenha a ciênciadessas atitudes. Como as condutas do advogado configuraram apenas 
infrações civil e administrativa, estas devem ser combatidas por leis próprias 
(Ação Penal nº 023634-39.2011.8.26.0196; HC 435.818/SP, Rel. Ministro 
Ribeiro Dantas, Quinta Turma, julgado em 03/05/2018, DJe 11/05/2018). 
Em outra demanda de mesmo teor, a fundamentação da atipicidade foi de que 
o processo já engloba a possibilidade de as partes produzirem provas no 
exercício do contraditório e ampla defesa. Assim, já existem recursos e 
instrumentos para combater esse tipo de infração, não podendo ser alegado 
que o magistrado foi induzido a erro. Esse tipo de conduta deve ser combatido 
pelos meios expostos em lei específica, como condenação do litigante de má-
fé ao pagamento de multa, além da possível punição disciplinar no âmbito do 
Estatuto da Advocacia (RHC 88.623/PB, Rel. Ministra Maria Thereza de 
Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 13/03/2018, DJe 26/03/2018). 
 
Benefícios do processo 
eletrônico no combate às 
fraudes processuais 
 
Mesmo com alguns pontos que geram debates, um aspecto considerado 
unânime é que o processo eletrônico trouxe consigo uma arma muito 
eficiente no combate às fraudes cometidas nos processos, originando 
celeridade e conseguindo algo que, há pouco tempo, não poderia se 
imaginar: análise rápida e precisa dos processos nas varas onde tramitam, 
em todas outras varas dos estados e até mesmo em todos processos que 
tramitam em todo o Brasil. 
 
Um dos exemplos é o do advogado que foi preso durante a audiência em que 
era patrono, no estado do Rio de Janeiro, no dia 25 de maio de 2016, acusado 
de cometer os crimes de estelionato, documento falso, falsidade ideológica e 
formação de quadrilha. 
O modus operandi era o mesmo, e a juíza suspeitou de o advogado já ter outra 
audiência com o mesmo pedido, mesmas provas e mesmos fatos. Foi, então, 
que pesquisou no sistema eletrônico de dados do tribunal e percebeu que, em 
várias outras ações, ele ora atuava como advogado, ora como autor da 
demanda, e todas as provas eram as mesmas, inclusive com mesmas fotos, 
como vemos na descrição de um dos sites que veicularam a notícia: 
A violação de uma mala e o roubo de um relógio Rolex no valor de R$12.500,00 – a juíza 
descobriu que em todos os processos as provas eram iguais: declaração de venda com o 
mesmo número de série do Rolex e fotografias iguais da suposta mala danificada (TJRJ, 
2016). 
A juíza Flávia Machado, da 5ª Turma Recursal, deu uma entrevista coletiva, 
no próprio Tribunal (TJRJ), contando detalhes: 
O que chamou atenção é que a autora da ação dizia que sua bagagem teria 
sido violada e os pertences desaparecido, totalizando prejuízo de R$ 17 mil. 
Inicialmente, ela ganhou a ação em primeira instância, mas quando o 
processo chegou à Turma Recursal, verificamos que a mesma autora tinha 
outro processo igual. Fizemos uma busca mais específica e constatamos 
que a declaração de venda do objeto que teria sido roubado era igual em 
todos os processos. Tudo indicava que se tratava de uma fraude, 
principalmente a repetição dos fatos. Temos conhecimento de pelo menos 
três processos fraudulentos ajuizados por este advogado (TJRJ, 2016). 
 
Em 2016, também no TJRJ, houve a descoberta de fraudes processuais que 
foram coordenadas: 14 ações parecidas foram ingressadas no sistema, do 
mesmo autor; apenas alguns dados eram diferentes, como sobrenomes 
alterados e números de CPF. Descobriu-se que o autor “inventava” os casos 
de dano para que lucrasse com as indenizações, o que somente foi descoberto 
pela facilidade de cruzamento de dados por parte dos sistemas automatizados 
(AMAERJ, 2017). 
Com isso, o Comitê Antifraude do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro 
estava comunicando os magistrados de possíveis fraudes nas ações que lhes 
eram distribuídas. Por meio do uso de técnicas de inteligência artificial, 
criaram uma tecnologia que detecta padrões comportamentais, indicando 
possíveis anormalidades. Todo esse desenvolvimento teve auxílio dos 
departamentos de Informática e Direito da Pontifícia Universidade Católica do 
Rio de Janeiro – PUC-Rio (AMAERJ, 2017). 
Um item que é obrigatório para qualquer movimentação nos sistemas 
eletrônicos processuais, por parte de advogados, magistrados e servidores de 
tribunais, é o certificado digital, que foi escolhido por ser altamente seguro e 
evitar fraudes. Evidentemente, nenhum sistema é totalmente seguro, mas, após 
anos de uso e de teste, o certificado mostrou-se com alto nível de segurança. 
Por esse motivo, o CNJ o elegeu como requisito obrigatório (CONJUR, 
2014). 
 
CURIOSIDADE 
O sistema de certificação digital utilizado nos sistemas de processo 
eletrônico pode ser instalado na própria carteira de identificação do 
advogado, emitida pela OAB, trazendo maior praticidade, já que a 
mesma tem fé pública e pode ser utilizada também como documento 
de identificação civil, necessitando apenas de um leitor conectado ao 
computador. O sistema pode ter validade de três anos e é o mesmo 
aceito em várias operações feitas pela internet, como, por exemplo, o 
sistema da Receita Federal, que exige uma certificação digital, além 
de todos os tribunais. 
Esse certificado digital, que pode ser fornecido por meio de dispositivo 
criptografado de token, pen drive e com o chip da carteira da OAB de 
identificação do advogado, é baseado em Infraestrutura de Chaves Públicas 
Brasileira (ICP-Brasil), que envolve entidades públicas e privadas 
responsáveis por emitir esse certificado (CONJUR, 2014). 
A facilidade da certificação digital está no fato de que todos os tribunais 
aceitam a mesma, não sendo necessária a aquisição de outra chave para 
tribunais diferentes, além da já citada validade de três anos. 
O certificado deve ser emitido em nome do próprio advogado e não é aceito 
em nome de sociedade de advogados. Qualquer das partes do processo 
também pode adquirir o certificado digital para ter acesso às movimentações 
do processo, bastando fazer cadastro na plataforma do tribunal (CONJUR, 
2014). 
 
 
Figura 5. Captura de tela de modelo de código de protocolo de 
assinaturas. Fonte: Blog Certisign Explica, 2016. 
 
Figura 6. Assinatura digital do processo eletrônico. Fonte: MONTEIRO, 
2015. 
 
 SINTETIZANDO 
 
Vimos o conceito de Direito Digital, que é a unificação das ciências jurídicas 
e da computação, buscando uma maior eficiência e agilidade nas trocas de 
informações, utilizando-se todos os benefícios tecnológicos de que se tem 
alcance para otimizar o mundo jurídico. 
Também temos o lado de toda essa evolução tecnológica e a vivência quase 
que diária de nossa imersão no mundo digital. Precisamos, portanto, de leis e 
regulações que tragam maior segurança jurídica, necessárias para que o 
mundo digital não se torne um “mundo sem leis”. É possível utilizar 
legislações já existentes ou, em alguns casos, criar novas leis que tragam essa 
segurança. 
Outro aspecto importante é o tráfego de informações que necessitam de algum 
tipo de validação jurídica, sendo utilizadas, para isso, chaves de autenticação 
chamadas de certificados digitais. 
Todo esse avanço trouxe muitos benefícios e celeridade para os operadores do 
Direito e grande economia para o Estado, que já não necessita mais de um 
armazenamento físico e nem mesmo de muitos servidores para atender às 
necessidades logísticas dos processos em papel. 
Sendo os sistemas informáticos usados primeiramente para os sorteios de 
distribuição de processos nas varas, acabaram por ser os precursores na 
implementação do processo eletrônico, que veio com a necessidade de mais 
velocidade e eficiência por parte dos tribunais – e hoje vemos que está 
cumprindo sua função. 
Como todos os avanços tecnológicos, estes acabaram acompanhados por 
novos tipos de crimes, como o ocorrido com a atriz Carolina Dieckmann, que 
culminou na criação de tipos penais descritos nosartigos 154-A e B, 266 e 
298 do Código Penal. 
Vimos que o projeto que originou a Lei de Processo Eletrônico surgiu de uma 
iniciativa da AJUFE, com o principal objetivo de tornar o Judiciário mais 
célere e eficiente, assim como resolver o problema de armazenagem e as 
dificuldades logísticas dos processos físicos. Além disso, houve alteração no 
Código de Processo Civil para atender às novas diretrizes de cada tribunal e 
para implementar seus sistemas informáticos. 
Fizemos uma análise dos pontos de maior importância da Lei 11.419/2006, 
tratando especialmente dos artigos: 1º, que gerou algumas discussões acerca 
da acessibilidade das pessoas que não tinham à disposição um meio de acesso 
à internet e da certificação digital para assinatura eletrônica, que é pessoal e 
intransferível; 3º, referente ao horário para realização dos atos processuais no 
ambiente virtual; 4º, que trata da criação do Diário da Justiça Eletrônico; 5º, 6º 
e 9º, sobre as intimações e citações; 8º, que deu liberdade para que os 
tribunais desenvolvessem seus sistemas eletrônicos; 10º, que retirou a 
intervenção humana por parte dos tribunais nas movimentações eletrônicas; 
11º, que trouxe a presunção de veracidade dos documentos enviados; 14º, um 
dos mais controversos, pois indica a utilização de sistemas de código aberto, o 
que acabou não ocorrendo na prática; e o 22º, que tratou da vacatio legis, 
importante instituto de vigência das leis. 
Trouxemos algumas discussões que ocorreram na época da entrada em vigor 
da Lei, com ADI e MS para discutir sua constitucionalidade, tendo em vista 
que alguns institutos, como o do jus postulandi, acabaram tornando-se mais 
difíceis de serem exercidos pelos cidadãos. 
Outros aspectos relevantes foram as fraudes que ocorriam nos sistemas de 
distribuição dos processos, problema este que aparentemente foi sanado com a 
entrada do processo eletrônico, pois os sistemas acabam por ser muito mais 
complexos e difíceis de burlar, trazendo maior segurança jurídica. 
E, por fim, os benefícios que os sistemas eletrônicos implementados nos 
tribunais foram, além da distribuição de processos: esses sistemas acabaram 
por se tornar excelentes mecanismos de combate a fraudes processuais, pois 
trouxeram a possibilidade de pesquisar milhares de processos 
simultaneamente, evitando, assim, que existissem vários processos iguais 
tramitando. 
 
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fraude-em-processos-durante-audiencia-no-forum-central>. Acesso em: 23 
jun. 2020. 
TJRR - Tribunal de Justiça de Roraima. Processo Judicial Eletrônico – PJe. 
Disponível em: <http://www.tjrr.jus.br/pje/pje.html>. Acesso em: 23 jun. 
2020. 
REDAÇÃO TRABALHISTA LEGAL. Consultar processo trabalhista: 
aprenda a ver o andamento do seu processo. Trabalhista Legal – O Portal do 
Trabalhador. Disponível em: <https://trabalhistalegal.com.br/consultar-
processo-trabalhista/>. Acesso em: 23 jun. 2020. 
 
Unidade 2 - Responsabilidade civil dos provedores e Código de Defesa do 
Consumidor 
 
Nesta unidade você verá: 
// comércio eletrônico 
// legislaçâo sobre comercio eletrônico 
// tipos de provedores de internet 
 
UNIDADE 2. 
Responsabilidade civil dos provedores e Código de 
Defesa do Consumidor 
 
Gabriel Zanetti Alves 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 bullet 
Analisar o histórico e a evolução do comércio eletrônico; 
 bullet 
Definir o comércio eletrônico do ponto de vista legal; 
https://www.businessinsider.com/nsa-version-wikipedia-called-intellipedia-2016-9
https://www.businessinsider.com/nsa-version-wikipedia-called-intellipedia-2016-9
https://tj-rj.jusbrasil.com.br/noticias/343864370/advogado-e-preso-por-fraude-em-processos-durante-audiencia-no-forum-central
https://tj-rj.jusbrasil.com.br/noticias/343864370/advogado-e-preso-por-fraude-em-processos-durante-audiencia-no-forum-central
http://www.tjrr.jus.br/pje/pje.html
https://trabalhistalegal.com.br/consultar-processo-trabalhista/https://trabalhistalegal.com.br/consultar-processo-trabalhista/
 bullet 
Aprender legislações pertinentes à cada serviço e produto comercializado pela 
internet; 
 bullet 
Explorar as responsabilidades aplicadas aos danos ou prejuízos decorrentes de 
falha ou erros na prestação de serviço dos provedores de internet; 
 bullet 
Compreender a aplicação do Código de Defesa do Consumidor nos contratos 
em ambientes virtuais; 
 bullet 
Identificar e analisar cláusulas e práticas abusivas contra o consumidor; 
 bullet 
Estudar o decreto nº 7.962, de 15 de março de 2013 (Lei do e-commerce); 
 bullet 
Explorar as definições dos provedores de internet. 
 
TÓPICO DE ESTUDO 
 
Comércio eletrônico 
– 
// Evolução do comércio eletrônico 
// Definição legal do comércio eletrônico 
Legislaçâo sobre comércio eletrônico 
– 
// Código de Defesa do Consumidor 
// Proteção do consumidor na internet 
// Lei e-commerce 
Tipos de provedores de internet 
– 
// Provedores de internet 
// Provedor backbone 
// Provedor de acesso 
// Provedor de correio eletrônico 
// Provedor de hospedagem 
// Provedor de conteúdo 
 
Comércio eletrônico 
// Surgimento do comércio eletrônico 
 
Com o crescimento do número de usuários na internet, surgiram novos 
modelos de negócios virtuais, como as redes de grandes varejistas de 
comércio eletrônico. Graças a esse novo fenômeno, veio a regulamentação 
desses contratos, sejam de comercialização de produtos ou de prestação de 
serviços. 
Na década de 1960, com a necessidade de otimizar as trocas de informações 
entre as grandes empresas e diminuir os custos e riscos oriundos do transporte 
de grande quantidade de documentos, nasceu o sistema EDI (Eletronic Data 
Interchange - Intercâmbio Eletrônico de Dados). 
 
 
Diagrama 1. Edi (Eletronic Data Interchange - Intercâmbio Eletrônico de Dados). Fonte: Adobe 
Stock. Acesso em: 05/07/2020. 
EXPLICANDO 
De acordo com Chan e Swatman, em um artigo publicado em 1998, o 
EDI trata-se de uma tecnologia para compartilhar informações e 
documentos comerciais entre empresas de forma telemática, 
padronizada e segura. 
 
Com a nova ferramenta, foi desenvolvido nos Estados Unidos, ao final da 
década de 1960, um grupo de trabalho para definir um padrão internacional de 
troca de informações pelo sistema. Nos anos seguintes, diante da necessidade 
de massiva troca de informações por meio digital, a indústria automobilística 
formou o Comitê Coordenador dos Dados de Transporte (TDCC). 
Já nos anos 1970, o Instituto Norte Americano de Normalização criou o 
Padrão de troca eletrônica de dados ANSI X12, fundamento da Working Party 
4, concebido pelas Nações Unidas como padrão internacional de troca de 
informações pela internet e utilizado até hoje com a denominação 
de Electronic Data Interchange for Administration, Commerce and 
Transport (EDIFACT). 
Nos anos 1980, as trocas de informações por meio digital eram baseadas em 
formulários simples, em razão da conexão lenta, que não suportava 
demasiadas informações nas trocas, fazendo com que, como complemento, 
partes das trocas fossem manuais. 
Em consequência da evolução dos sistemas de conexão de internet, hoje é 
difícil haver conexão lenta, uma vez que as redes são de velocidade quase 
instantânea, possibilitando o intercâmbio de quantidades enormes de dados 
sem problema algum e com total segurança. 
 
 
Figura 1. Concepção abstrata do compartilhamento via internet. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 
05/07/2020. 
EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO 
ELETRÔNICO 
Segundo Martins, em artigo publicado em 2004, as redes de conexões de 
internet rápida proporcionaram um ambiente perfeito para diversas transações 
e o aperfeiçoamento nos contratos, tornando o comércio eletrônico, em alguns 
casos, mais usual do que o presencial. 
A evolução dos contratos eletrônicos abrangem as firmadas por trocas de 
mensagens por e-mail, pelas propostas oferecidas em páginas de web 
(homepage) ou nos ambientes virtuais chamados de “estabelecimento virtual”, 
mantidos por provedores e nos quais a aceitação do contrato por parte do 
contratante é feita pelo “click” no botão “concordo” (Click-wrap 
agreement ou pointand-click agreement). 
As lojas que operam no meio virtual, comercializando produtos ou prestação 
de serviços, são consideradas parte integrante do estabelecimento comercial, 
devido à sua similaridade da propriedade física e tendo idêntica natureza 
jurídica. 
Analisando a utilização dos provedores pelos usuários, já é possível enxergar 
a caracterização de uma prestação de serviços. Mesmo que de forma gratuita, 
isso ocorre apenas nesses casos, pois o entendimento jurisprudencial dos 
tribunais superiores é de que os provedores são remunerados indiretamente 
pelas propagandas veiculadas. No caso dos provedores pagos, não há o que se 
discutir, tendo em vista a inequívoca prestação de serviços. 
Com a utilização massiva da internet, diversos contratos são firmados a todo 
momento, mesmo de maneira imperceptível, pela falta de conhecimento do 
usuário. Praticamente todos os contratos pela internet são firmados pelo 
aceite, pressionando apenas uma tecla, que constitui numa aceitação declarada 
de vontade perante a lei, assim como os firmados pessoalmente, não havendo 
diferença entre eles, tanto em relação à segurança jurídica quanto às 
formalidades. 
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), através da Pesquisa 
Nacional de Amostragem Domiciliar Contínua (PNAD Contínua), mostrou 
que 1 em cada 4 brasileiros não têm acesso à internet, demonstrando que a 
grande maioria da população utiliza a rede e o número de contratos por esse 
meio é algo bem representativo, colocando o Brasil entre os 10 maiores países 
do mundo em número de usuários. 
DEFINIÇÃO LEGAL DO COMÉRCIO 
ELETRÔNICO 
 
Com base no exposto por Teixeira no livro Comércio eletrônico - conforme o 
Marco Civil da Internet e a regulamentação do e-commerce no Brasil, de 
2017, o termo comércio eletrônico é definido como toda atividade que tem por 
objetivo a troca de bens físicos ou digitais por meios eletrônicos. O comércio 
eletrônico acontece na seara do direito público, quando o Estado firma um 
contrato, contratando um serviço ou adquirindo um bem de uma empresa ou 
de um cidadão, e do direito privado, quando é firmado um contrato entre 
particulares. 
O comércio eletrônico pode ser à distância ou de maneiras não presenciais, 
como a compra por ligação telefônica ou no ambiente da operadora de 
televisão a cabo, mas o uso da rede mundial de computadores é mais comum. 
Partindo do histórico e da sua evolução, o comércio eletrônico não é algo tão 
recente, já que a compensação de cheque ou as transações bancárias existem 
há muito tempo, assim como os contratos via fax e transações pagas com 
cartão bancário. 
 
Figura 2. Ilustração referente ao comércio eletrônico. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 05/07/2020. 
Ainda dentro da acepção de comércio eletrônico, há a divisão sobre a 
transação, que pode ser do tipo direta, quando se usam somente meios 
eletrônicos para concretização do negócio em todas as fases, como na compra 
de um curso on-line cuja contratação e uso se dão apenas no ambiente digital, 
ou do tipo indireta, quando alguma parte do processo da transação é 
presencial, como a compra de um produto físico a ser retirado ou entregue. 
Antes do advento da internet, o comércio de produtos e serviços tinha uma 
barreira geográfica, uma vez que as grandes marcas possuíam monopólio do 
comércio, causado pelos altos custos com propaganda e logística a fim de que 
o produto chegasse aos consumidores. Com o crescimento do comércio 
eletrônico, houve uma democratização do mercado, fazendo com que 
pequenas empresas figurassem no mercado vendendo seus produtos até para 
outros países graças à internet. 
A desconfiança com o comércio em ambiente virtual era algo presente na 
maioria das pessoas, mas,

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