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Apostila UNIP - Tecnologia Jurídica e Compliance - Unidade II

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TECNOLOGIA JURÍDICA E COMPLIANCE 
 
 
 
 
 
Tecnologias empregadas na área jurídica, 
desburocratização digital e medidas de controle interno 
 
 
 
Prof. Daniel Tobias Leite de Almeida 
 
Unidade II 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR-AUTOR 
 
Daniel Tobias Leite de Almeida é professor convidado na Unidade Paulista – UNIP, 
atuando nas disciplinas comuns e específicas de Teoria Geral, Direito Tributário e 
Direito Civil, para os cursos de Pós-Graduação de Direito, na modalidade ensino à 
distância EAD. 
É bacharel (2010) em Direito pela Unidade Paulista – UNIP, realizando MBA em 
Gestão Pública pela rede LFG – Luiz Flávio Gomes, atual instituição Anhanguera-
UNIDERP (2019). 
Atua como advogado na área do direito privado, especialmente em contratos e 
execuções. 
Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/3489925247258042 
 
 
http://lattes.cnpq.br/3489925247258042
 
3 
INTRODUÇÃO 
 
 
Na Unidade II do curso Tecnologia Jurídica e Compliance serão estudadas algumas das 
medidas contemporâneas empregadas pela Administração Pública para desburocratizar e 
facilitar o acesso a serviços públicos pelo implemento de plataformas digitalizadas. Inclusive, 
dando especial atenção à facilitação da abertura de empresas, como estratégias de fomento 
pelo governo federal. 
Não se distinguindo desse objetivo, serão consideradas as principais mudanças introduzidas 
por intermédio do processo judicial eletrônico, e seu principal efeito nas mudanças de logística 
da administração judicial, não obstante a falta de uniformidade enfrentada pelos Tribunais 
quanto à universalização de um mesmo sistema digital. 
Doravante, abrem-se novas formas de pensar o Direito e sua prática profissional, 
considerando o uso da inteligência artificial nos serviços da advocacia. Caberá ao estudante, 
portanto, refletir sobre o impacto dessas novidades no mercado de trabalho. 
Ao final, discutir-se-á as principais normas de controle interno dos Poderes Constituídos, 
possibilitando a adequação dos procedimentos e expedientes às normas do ordenamento 
jurídico, e estreitando as relações com as entidades da iniciativa privada. 
 
 
 
4 
1. EXPEDIENTES OFICIAIS ELETRÔNICOS E DESBUROCRATIZAÇÃO 
DO ESTADO 
 
Conforme mencionado inicialmente na Unidade I deste curso, as instituições 
públicas precisaram andar pari passu dos avanços tecnológicos, especialmente com 
a difusão do acesso à internet, com o intuito de aprimorar a gestão pública e agilizar 
as requisições por parte da sociedade. 
Tal intuito se deu por razões orçamentárias, como a diminuição de despesas, 
e com o estreitamento do contato da sociedade com o Poder Público, bem como a 
diluição da burocracia. Não obstante essa mudança na condução da gestão do bem 
público, a todo momento se observam novas mudanças e implementações de novos 
sistemas no fornecimento de serviços públicos. 
O termo burocracia tem sua criação no decorrer do Séc. XVIII, na França, com 
a organização da administração pública francesa, girando em torno de governo de 
escritórios, frente a rigidez dos controles e hierarquias do Poder Público (em francês, 
bureau remete ao tecido que cobria as mesas dos departamentos públicos, 
comumente atribuído também a departamento ou seção; e kratos, de origem grega, 
refere-se a governo ou poder). Doravante, foi um termo criado com o intuito 
exclusivamente pejorativo. 
Porém, a burocracia e outros procedimentos formalizados ainda não foram 
extintos, foram subtraídos do excesso de documentos físicos, para procedimentos de 
segurança realizados via internet, como cadastramento de senhas ou instalação de 
plataformas de detecção de certificados digitais, exigindo alguma familiaridade do 
usuário com instalação de novas aplicações e realização de procedimentos 
cadastrais. 
O uso desse mecanismo de certificação digital tornou-se útil para acesso e 
protocolo dos processos judiciais eletrônicos, por mais diversos que sejam os 
sistemas empregados. 
Dentre os obstáculos enfrentados nesse contexto de modernização, consiste 
na má qualidade da conexão à rede ou problemas de servidores, como quedas ou 
manutenções. 
É comum, não apenas nos sítios de entidades públicas, notificação de que a 
queda de internet ou dificuldade de acesso pelo provedor de internet não 
responsabiliza eventual dano decorrente da falta de cadastro ou requerimento pelo 
 
5 
site em questão. Inclusive, é uma admoestação presente em editais de concursos 
públicos acerca do cumprimento de prazos para realização da inscrição online. 
Com este cenário, o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) dedicou regras 
para o Poder Público, considerado pelos entes federativos União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, quanto à disposição de serviços e requisições digitais. 
Nesse sentido, o Art. 24 elenca as principais diretrizes destinadas ao Poder 
Público, estando elas elencadas abaixo: 
 
MARCO CIVIL DA INTERNET – DIRETRIZES DO PODER PÚBLICO 
1ª) Estabelecimento de mecanismos de governança multiparticipativa, 
transparente, colaborativa e democrática, com a participação do governo, do setor 
empresarial, da sociedade civil e da comunidade acadêmica; 
2ª) Promoção da racionalização da gestão, expansão e uso da internet, com 
participação do Comitê Gestor da internet no Brasil 
3ª) Promoção da racionalização e da interoperabilidade tecnológica dos 
serviços de governo eletrônico, entre os diferentes Poderes e âmbitos da 
Federação, para permitir o intercâmbio de informações e a celeridade de 
procedimentos 
4ª) Promoção da interoperabilidade entre sistemas e terminais diversos, 
inclusive entre os diferentes âmbitos federativos e diversos setores da sociedade 
5ª) Adoção preferencial de tecnologias, padrões e formatos abertos e livres 
6ª) Publicidade e disseminação de dados e informações públicos, de forma aberta 
e estruturada 
7ª) Otimização da infraestrutura das redes e estímulo à implantação de centros 
de armazenamento, gerenciamento e disseminação de dados no País, promovendo 
a qualidade técnica, a inovação e a difusão das aplicações de internet, sem prejuízo 
à abertura, à neutralidade e à natureza participativa 
8ª) Desenvolvimento de ações e programas de capacitação para uso da internet 
9ª) Promoção da cultura e da cidadania 
10ª) Prestação de serviços públicos de atendimento ao cidadão de forma 
integrada, eficiente, simplificada e por múltiplos canais de acesso, inclusive 
remotos. 
 
Amilcar
Realce
Amilcar
Realce
Amilcar
Realce
 
6 
Essas dez diretrizes são como um receituário de como as instituições públicas 
precisariam organizar e estruturar seus sistemas informatizados de uso e acesso da 
população. São elencados desde aprimoramento de infraestrutura até campanhas de 
capacitação para o uso da internet, de maneira difusa. 
O Artigo seguinte da lei elenca os fins a que as aplicações de internet de entes 
públicos devem alcançar: 
1. Compatibilidade dos serviços do governo eletrônico com diversos terminais, 
sistemas operacionais e aplicativos para o seu acesso; 
2. Acessibilidade a todos os interessados, independentemente de suas 
capacidades físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais, mentais, culturais e 
sociais, resguardados os aspectos de sigilo e restrições administrativas e legais; 
3. Compatibilidade tanto com a leitura humana quanto com o tratamento 
automatizado das informações; 
4. Facilidade de uso dos serviços de governo eletrônico; 
5. Fortalecimento da participação social nas políticas públicas. 
O intuito desses objetivos consiste em harmonizar e facilitar o uso das 
aplicações de internet fornecidas pelo Poder Público, propiciando a compatibilização 
com os sistemas operacionais e plataformas mais populares de uso pelos cidadãos. 
Cumpre observar que os sites governamentais precisariam ter seu leiaute 
estruturado de maneira facilitada e sugestiva para o acesso de todos os cidadãos. 
Porém, determinadasPastas Ministeriais comportam muitos campos de políticas 
públicas, dificultando essa otimização em conteúdo. 
A Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão fazendário vinculado ao 
Ministério da Economia, elenca em site, na página Programas para Downloads, as 
aplicações desenvolvidas para serviços destinados a pessoas físicas, a pessoas 
jurídicas, o Receitanet e os aplicativos para smartphones, totalizando cerca de 20 
(vinte) serviços digitais para pessoas físicas e jurídicas, e 9 (nove) aplicativos distintos 
para smartphones1. 
É imperativo, ainda, a adequação do intercâmbio dos serviços e das aplicações 
do poder público entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, 
facilitando o acesso aos dados e aos requerimentos por parte do interessado. 
 
1 Brasil. Ministério da Educação. Secretaria da Receita Federal do Brasil. Disponível em: 
<https://receita.economia.gov.br/programas-para-download> Acesso em: 31 mar. 2020. 
https://receita.economia.gov.br/programas-para-download
Amilcar
Realce
 
7 
Acerca da atuação educativa, com fim de capacitação dos usuários para o 
acesso a ambientes digitais, o Art. 26 menciona o dever institucional do Estado para 
esse fim: 
 
Art. 26. O cumprimento do dever constitucional do Estado na 
prestação da educação, em todos os níveis de ensino, inclui a 
capacitação, integrada a outras práticas educacionais, para o uso 
seguro, consciente e responsável da internet como ferramenta para o 
exercício da cidadania, a promoção da cultura e o 
desenvolvimento tecnológico. 
 
O intuito da norma é obrigar os entes públicos a criarem a capacitação e 
fomento do acesso à rede, porquanto de nada adiantaria digitalizar serviços públicos, 
enquanto parte da população brasileira não possuísse conhecimento acerca do 
funcionamento de aplicativos e plataformas online. 
As iniciativas de fomento à cultura digital e de promoção da internet, nos termos 
do Art. 27 do Marco Civil, devem promover a inclusão digital; a redução das 
desigualdades do acesso à tecnologia de informação e comunicação, entre as 
diferentes regiões do país; e o fomento da produção e circulação de conteúdo 
nacional. 
Não esgotando o tema, muitas outras medidas institucionais foram 
implementadas com o intuito de aprimorar a prestação de serviços públicos no país, 
até mesmo para estreitar as relações da sociedade com o Poder Público e 
aproveitando a crescente demanda por serviços de toda sorte ofertados pelo uso de 
smartphones, com lojas digitais de aquisição ou compra de aplicativos. 
Assim, no decorrer da recente crise fiscal e financeira iniciada por volta de 2013 
e 2014, perpassando pelo período do impeachment de 2016, e os dois governos em 
seguida, foi fomentada a necessidade de reestruturação da Administração Pública 
Federal. Neste contexto, foi instituída a Plataforma de Cidadania Digital, a partir do 
Decreto nº 8.936, de 19 de dezembro de 2016, com a finalidade de: 
a) facultar aos cidadãos, às pessoas jurídicas e a outros entes públicos a 
solicitação e o acompanhamento dos serviços públicos sem a necessidade de 
atendimento presencial; 
Amilcar
Realce
 
8 
b) implementar e difundir o uso dos serviços públicos digitais aos cidadãos, às 
pessoas jurídicas e a outros entes públicos, inclusive por meio de dispositivos móveis; 
c) disponibilizar, em plataforma única e centralizada, mediante o nível de 
autenticação requerido, o acesso às informações e a prestação direta dos serviços 
públicos; 
d) simplificar as solicitações, a prestação e o acompanhamento dos serviços 
públicos, com foco na experiência do usuário; 
e) dar transparência à execução e permitir o acompanhamento e o 
monitoramento dos serviços públicos; e 
f) promover a atuação integrada e sistêmica entre os órgãos e as entidades 
envolvidos na prestação dos serviços públicos. 
Quanto à Plataforma de Cidadania Digital, fora composta inicialmente a partir 
dos seguintes elementos: 
1º) Portal de Serviços do Governo Federal – ora Portal Gov.br, atualmente 
disponível em https://www.gov.br/, sítio eletrônico oficial para a disponibilização de 
informações e o acesso a serviços públicos, de maneira centralizada; 
2º) Mecanismo de acesso digital único do usuário aos serviços públicos, 
com nível de segurança compatível com o grau de exigência, natureza e criticidade 
dos dados e das informações pertinentes ao serviço público solicitado; 
3º) Ferramenta de solicitação e acompanhamento dos serviços públicos, 
com identificação do serviço público e de suas principais etapas; solicitação eletrônica 
dos serviços; agendamento eletrônico, se cabível; acompanhamento das solicitações 
por etapas; e peticionamento eletrônico de qualquer natureza; 
4º) Ferramenta de avaliação da satisfação dos usuários em relação aos 
serviços públicos prestados; e 
5º) Painel de monitoramento do desempenho dos serviços públicos 
prestados, com, no mínimo, as informações para cada serviço, órgão ou entidade da 
administração pública federal, como volume de solicitações, tempo médio de 
atendimento; grau de satisfação dos usuários e o número de Solicitações de 
Simplificação relativas ao serviço. 
Como dever aos órgãos e entidades da administração pública federal, incumbi-
lhes implementar o acesso aos serviços, alimentar os bancos de dados e integralizar 
seus sistemas de atendimento e protocolo, inclusive quanto aos serviços que ainda 
tramitarem fisicamente. 
 
9 
No mencionado portal de internet do governo federal, consta uma longa lista de 
aplicativos para diversos órgãos e entidades públicas, desde os que permitem 
requerimento, por exemplo, o Anatel Consumidor, até os que se destinam à inscrição 
e à conferência de dados ou cadastros, como a Carteira Digital de Trânsito e a 
Carteira de Trabalho Digital. 
A título de curiosidade, há um aplicativo de smartphone denominado 
Coronavírus – SUS, com informativos acerca da prevenção e cuidados quanto à 
pandemia que está paralisando a economia mundial, desde o fim de dezembro de 
2019 e durante os primeiros meses de 2020, e disponibilizando mapas indicativos de 
unidades de saúde na região do usuário, com base no GPS (Global Positioning 
System) do dispositivo. 
No curso do ano de 2019, com o intuito de desestimular os gastos públicos e 
otimizar a gestão pública, necessidades ainda decorrentes da instabilidade 
institucional e econômica pela qual passa o país, foi estabelecido o Sistema de 
Organização e Inovação Institucional do Governo Federal (SIORG) pelo Decreto nº 
9.739, de 28 de março de 2019, estipulando e aprimorando novas formas de digitalizar 
serviços, a cargo da Secretaria de Gestão da Secretaria Especial de 
Desburocratização, Gestão e Governo Digital, representante do Ministério da 
Economia dentro do sistema, dentre outras medidas. 
 
 
1.1 FOMENTO E PLATAFORMAS DIGITAIS PARA ABERTURA DE 
EMPRESAS 
 
 
Como comentado, as instituições públicas, ao longo dos anos, desde o 
implemento e difusão de redes de computadores conectados, a partir de meados da 
década de 1990, foram atualizando seus serviços e expedientes por meio de sistemas 
computadorizados, com o intuito de atender as demandas e adaptar-se às vicissitudes 
de um país do tamanho do Brasil. 
Como exemplo desse cenário gradativamente sendo mudado, podemos 
mencionar o Sistema Integrado de Comércio Exterior, também denominado 
SISCOMEX, instituído pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, como um 
terminal que integralizaria os expedientes de registro, autorizações, e acompanhando 
 
10 
de operações de importação ou exportação no Brasil. Atualmente, sua gestão é de 
competência do Ministério da Economia, por força do Decreto nº 10.010, de 5 de 
setembro de 2019. 
O terminal administrativo foi apelidado de cara preta, porque rodava em 
ambiente MS-DOS, um sistema operacional básico, operado por comandos, por onde 
o SistemaOperacional Windows operaria, de maneira gráfica e organizada. 
Consiste, pois, na circunstância em que as necessidades demandariam uma 
invenção para adequar e proceder perante as dificuldades de demanda de importação 
ou exportação, além da burocratização comum. 
Ao longo dos anos, o governo, especialmente o federal, foi implementando 
outras medidas com o intuito de comportar bancos de dados, especialmente o 
referente ao sistema eleitoral e os pertinentes à seguridade social. 
Embora tenha sido criada no ano de 1964, o Serviço Federal de Processamento 
de Dados – SERPRO, com o intuito de administrar os planos de benefícios 
previdenciários, foi sofrendo constantes reorganizações ao longo das décadas; quanto 
ao ano de 1977, foi fundado o Instituto Serpro de Seguridade Social - SERPROS, para 
administrar o plano de aposentadoria complementar dos servidores do SERPRO. 
Atualmente a SERPRO presta serviços na área de Tecnologia da Informação 
para outros órgãos da administração pública, como para a Receita Federal e o 
Tesouro Nacional, além de Secretarias ou Pastas Ministeriais. 
Contudo, foi premente a necessidade de adaptação aos sistemas 
informatizados pelos órgãos de administração fazendária, em todas as esferas 
administrativas, como a já mencionada Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem 
como pelas Secretarias da Fazenda, no âmbito estadual ou municipal. 
E a partir da estruturação das pessoas jurídicas e da alienação de bens 
patrimoniais, tornou-se necessário adaptar o registro ou criação de entidades 
societárias com órgãos públicos da esfera fiscal, especialmente quanto à esfera de 
competência da União. Os exemplos elencados até o momento também dizem 
respeito à administração fazendária, seja com o teor fiscal ou extrafiscal, no caso do 
sistema de importação, ou na seara previdenciária, quanto à arrecadação e controle. 
Nesse sentido, o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e o Cadastro Nacional de 
Pessoa Jurídica (CNPJ), mantidos sob o Ministério da Economia, são ferramentas de 
identificação fiscal do cidadão. 
 
11 
Conforme o panorama traçado, não são sistematizações exclusivas da 
Administração Pública Federal, sendo implementados sistemas ou entidades 
similares com o intuito de informatizar e controlar bancos de dados dos cidadãos pelos 
entes estaduais e municipais. Nesse aspecto, o DETRAN (Departamento Estadual de 
Trânsito) de alguns Estados, como o de São Paulo, possibilita a realização de uma 
série de expedientes por meio virtual. 
Por questões de gestão e controle, a necessidade de controle de dados para o 
Poder Público pode ser entendida pelo ponto de vista de administração fiscal, haja 
vista que a maioria das atividades empreendidas pelos cidadãos perpassa por 
alienação patrimonial de maior complexidade ou negócios jurídicos comuns, incidindo 
em algum momento dessa cadeia alguma forma de tributação. No contexto, 
contempla-se o seguinte julgado estabelecendo a responsabilidade da Fazenda 
Federal para gestão de cadastro de microempreendedores individuais: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ANULATÓRIA. Alegada abertura e 
alterações fraudulentas de CNPJ de microempreendedor individual 
(MEI). Ilegitimidade passiva da Fazenda Estadual. Responsabilidade 
do Ministério da Fazenda (União) quanto à gestão desses cadastros. 
Ausência de qualquer alteração perante a JUCESP. 
Sentença de extinção mantida. 
Recurso desprovido. 
(TJSP - Acórdão nº 1000952-37.2016.8.26.0022. 5ª Câmara de Direito 
Privado. Des. Relatora: Heloísa Martins Mimessi. Data de julgamento: 
13 mai. 2018. Publicação em: 13 mai. 2018) 
 
Também se torna conveniente a desburocratização de determinadas medidas 
com a finalidade de fomentar a iniciativa privada, por intermédio de diminuição ou 
facilitação de expedientes burocráticos, como os denominados de obrigação tributária 
acessória, conceituado nos termos do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966), 
abaixo exposto: 
 
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. 
(...) 
Amilcar
Realce
Amilcar
Realce
 
12 
§2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por 
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no 
interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. 
§3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, 
converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade 
pecuniária. 
 
Essas obrigações são deveres instituídos por lei que orbitam em torno da 
obrigação tributária principal, de natureza pecuniária. Como exemplo, a necessidade 
de manter livros fiscais em bom estado de conservação e assegurados pelo prazo 
prescricional dos créditos neles registrados ou o atendimento das prescrições e 
fiscalizações realizadas por agentes públicos da administração fazendária seriam 
formas de obrigação tributária acessória. 
Ocorre que, para nosso escopo de analisar as medidas digitais de fomento e 
desburocratização de entidades empresariais, teremos como fim algumas dessas 
obrigações tributárias de natureza acessória; quanto às medidas de fomento fiscal, 
como isenções e imunidades, encontram-se fora do escopo de nossa análise. Serão 
mencionadas, todavia, quando forem pertinentes. 
Inicialmente podemos tomar como ponto de partida a ferramenta de fomento a 
pequenos comerciantes ou empresários, denominados microempreendedores 
individuais – MEI, disciplinado pela Lei Complementar nº 123/2006, o Estatuto da 
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, a antiga Lei do Simples Nacional, 
embora tenha sido criado inicialmente pela Lei Complementar nº 128/2008, que 
modificara o Estatuto. 
Segundo o estatuto, em seu Art. 18-A, §1º, [...“considera-se MEI o empresário 
individual que se enquadre na definição do art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro 
de 2002 - Código Civil, ou o empreendedor que exerça as atividades de 
industrialização, comercialização e prestação de serviços no âmbito rural, que tenha 
auferido receita bruta, no ano-calendário anterior, de até R$ 81.000,00 (oitenta e um 
mil reais), que seja optante pelo Simples Nacional e que não esteja impedido de optar 
pela sistemática prevista neste artigo.”] 
O mencionado Art. 966 do Código Civil define a figura do empresário, sendo 
ela o agente que exercer profissionalmente atividade econômica organizada para 
produção ou circulação de bens ou de serviços. 
Amilcar
Realce
Amilcar
Realce
 
13 
O parágrafo único do mesmo dispositivo salienta que aquele que exercer 
profissão de natureza intelectual, científica, literária ou artística, mesmo com o apoio 
de funcionários ou colaboradores, não será considerado empresário, exceto quando 
o exercício profissional compreender elemento de empresa, conforme caput. 
Quanto ao MEI, a principal disposição quanto sua obrigação tributária principal, 
consiste em optar pelo recolhimento de impostos e contribuições abrangidos 
pelo sistema Simples Nacional, em valores fixos mensais, independentemente 
da receita bruta auferida no mês (Art. 18-A, caput). Além deste dever, nos termos 
dos parágrafos do dispositivo mencionado, deverá cumprir com obrigações distintas 
daquelas estabelecidas para a microempresa ou empresa de pequeno porte, sendo 
elas principalmente: 
1. Contribuição para a Seguridade Social, relativa à pessoa do empresário, na 
qualidade de contribuinte individual – de competência federal; 
2. Se o MEI obtiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 81.000,00 (oitenta 
e um mil reais), recolherá, na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, valor fixo 
mensal correspondente à soma das seguintes parcelas: 
2.1. R$ 45,65 (quarenta e cinco reais e sessenta e cinco centavos) referente à 
contribuição para seguridade social mencionada no item 1; 
2.2. R$ 1,00 (um real) quanto ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação 
de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal 
e de Comunicação – ICMS – impostoestadual, caso desempenhe atividade que enseje 
o fato gerador do tributo; 
2.3. R$ 5,00 (cinco reais) pelo Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – 
ISS – imposto municipal; 
Lembremos que um MEI pode, ainda, alegar hipossuficiência financeira no 
curso de um processo, para se isentar de taxas e preparos judiciais, a depender de 
comprovação (TJ-SP – Agravo nº 2163630-77.2018.8.26.0000. 21ª Câmara de Direito 
Privado. Des. Relator: Silveira Paulilo. Data de julgamento: 21 nov. 2018. Publicação 
em: 21 nov. 2018). 
Observa-se no Art. 18-E algumas prescrições quanto à natureza jurídica do 
microempreendedor individual, sendo uma modalidade de microempresa (Art. 18-
E, §3º), podendo se beneficiar de todo benefício destinado à microempresa, conforme 
o Estatuto. 
Amilcar
Realce
 
14 
Exauridas essas disposições básicas acerca da figura do microempreendedor, 
torna-se importante mencionar a Rede Nacional para Simplificação do Registro e da 
Legalização de Empresas e Negócios – REDESIM, criada pela Lei nº 11.598/2007, de 
3 de dezembro de 2007, bem como o Comitê para Gestão da Rede Nacional para a 
Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM, 
instituído pelo Decreto nº 9.927, de 22 de julho de 2019. 
Nos termos do Art. 2º da Lei nº 11.598/2007, a finalidade da REDESIM consiste 
na propositura de ações e normas aos seus integrantes, sendo composta por órgãos 
federais e não federais, que a integrarão mediante adesão voluntária. 
O Art. 4º estabelece que a REDESIM deverá disponibilizar na internet 
informações, orientações e instrumentos que possibilitem pesquisas quanto às etapas 
de registro, inscrição, alteração e baixa de empresários e pessoas jurídicas, 
propiciando facilidade para preparação de documentos necessários. 
Ademais, requisitos que digam respeito aos aspectos sanitários, ambientais e 
preventivos contra incêndios deverão também estarem simplificados, racionalizados 
e uniformizados pelos órgãos e entidades integrantes da REDESIM, conforme a 
competência de cada (Art. 5º, caput). 
Quanto a requisitos ou condições de natureza fiscal, o registro de atos 
constitutivos, bem como suas modificações ou baixas, poderá ocorrer 
independentemente da regularidade de obrigações tributárias, previdenciárias 
ou trabalhistas, principais ou acessórias, do empresário, da sociedade, dos sócios, 
dos administradores ou de empresas de que participem; evidentemente, com tal 
norma, não se isenta que a responsabilidade nessas áreas sejam apuradas. Porém, 
o inadimplemento referente a cada uma dessas áreas não irá elidir a possibilidade de 
criar outra entidade societária (Art. 7º-A, caput). 
Esta disposição foi acrescentada à lei em razão da Lei Complementar nº 147, 
de 7 de agosto de 2014, que dentre outras modificações, trouxe reformas para o 
Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. 
A Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o registro público 
de empresas mercantis, foi modificada pela Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019, 
alterando o parágrafo único ao Art. 35, impondo o dever de informar aos órgãos 
públicos pela REDESIM quanto ao registro de atos constitutivos, e suas modificações 
posteriores, que ocorrerão independentemente de autorização governamental. Trata-
Amilcar
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Amilcar
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Amilcar
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se de um dever imposto aos órgãos registrais de sociedades empresariais, bem como 
uma garantia sobre desempenho funcional. 
Complementando o dispositivo mencionado, segue julgado referendando a 
finalidade da norma: 
 
REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. 
REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS. ARQUIVAMENTO DE ATOS. 
JUCESP. EXIGÊNCIA DE DOCUMENTO BÁSICO DE ENTRADA - 
DBE. DOCUMENTO COMPLEMENTAR. RECURSOS IMPROVIDOS. 
I. O artigo 37 da Lei nº 8.934/94, que estabelece as regras atinentes 
ao registro público de empresas e suas atividades, discrimina os 
documentos que instruirão obrigatoriamente os requerimentos de 
arquivamento relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção 
de empresas. 
II. Nesse sentido, observa-se que o parágrafo único do referido artigo 
veda a exigência de outros documentos que não sejam aqueles 
constantes nos seus incisos. 
III. Ademais, a Lei nº 11.598/07, que criou a Rede Nacional para a 
Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios 
- REDESIM, também prevê que não poderá ser imposta nenhuma 
exigência que inviabilize a prática dos referidos atos de registro, 
inscrição, alteração e baixa de pessoas jurídicas. 
IV. Não obstante, a Portaria JUCESP nº 06/2013 é utilizada pela 
autoridade coatora como fundamento para exigir o Documento Básico 
de Entrada - DBE da impetrante. 
V. No entanto, cabe salientar que, na melhor da hipóteses, a exigência 
do Documento Básico de Entrada - DBE possui apenas caráter 
complementar aos demais documentos, de modo que a sua ausência 
não pode ser impeditiva para o arquivamento dos atos das pessoas 
jurídicas, uma vez que, ainda que a Administração Pública esteja 
sujeita à observância do princípio da eficiência, conforme expressa 
disposição do artigo 37 da CF, também deve observar o princípio da 
legalidade. 
VI. Remessa oficial e apelação da JUCESP improvidas. 
(TRF3 – Apelação - Remessa Necessária nº 359877 – SP. Autos nº 
0010139-97.2015.4.03.6100. 1ª Turma. Des. Relatora: Valdeci dos 
 
16 
Santos. Data de julgamento: 21 ago. 2018. Publicação em: 31 ago. 
2018) (destaque) 
 
A mencionada Lei nº 13.874/2019 foi nomeada como Lei da Liberdade 
Econômica ou Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, consistindo em norma 
garantidora de preceitos acerca da livre iniciativa e estabelecendo uma série de 
reformas em outras leis do campo econômico no Brasil, com o fim de estimular o 
comércio, e para enfrentar a crise financeira em curso. 
As principais regras da Lei do REDESIM quanto ao sistema informatizado 
encontram-se do Art. 9º ao 11. 
Segundo o caput do Art. 9º, a REDESIM deverá manter cadastramento e 
acesso unificados para seus dados pessoais e documentações. 
Outra norma de fomento à atividade econômica empresarial é o já mencionado 
Decreto do Comitê para Gestão da REDESIM, que possui o seguinte rol de 
competências: 
 
COMPETÊNCIAS DO COMITÊ DE GESTÃO DA REDESIM 
1ª) normatizar a inscrição, o cadastro, a abertura, o alvará, o arquivamento, as 
licenças, a permissão, a autorização, os registros e os demais itens relativos à 
abertura, à legalização e ao funcionamento de empresários e de pessoas 
jurídicas de qualquer porte, atividade econômica ou composição societária; 
2ª) elaborar e aprovar o modelo operacional da Rede Nacional para a Simplificação 
do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – REDESIM; 
3ª) elaborar e aprovar programa de trabalho para implementação e operação da 
REDESIM; 
4ª) definir o programa de trabalho; 
5ª) acompanhar e avaliar periodicamente o programa de trabalho aprovado e 
estabelecer os procedimentos básicos para o acompanhamento e a avaliação 
periódicos das atividades e das ações de competência dos subcomitês e dos grupos 
de trabalho do CGSIM 
6ª) elaborar e aprovar, por maioria simples, seu regimento interno 
7ª) editar as resoluções necessárias ao exercício de suas competências. 
 
Amilcar
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17 
Doravante, a implementação do uso desse sistema pode ser constada por 
intermédio do sítio de internet denominado Portal do Empreendedor 
(http://www.portaldoempreendedor.gov.br/), dispondo informações básicas acerca da 
constituição de um CNPJ, além de dados sobre as obrigações tributárias inerentes à 
constituição de uma sociedade empresária. 
A título de curiosidade, é fornecido também um repertório estatístico acerca das 
empresas optantes cadastradas no Sistema de Recolhimento em Valores Fixos 
Mensais dos Tributos abrangidos pelo Simples Nacional (SIMEI) do Brasil, e outros 
dados. No território brasileiro constam cercade 9.866.490 optantes no sistema, 
considerando dados consolidados em 31 de março de 2020, às 12:00h2. 
Conforme o portal, o microempreendedor individual é denominado como 
pequeno empresário individual que atenha faturamento anual limitado a R$ 81.000,00 
(oitenta e um mil reais); não participante de outra empresa, como titular, sócio ou 
administrador; auxiliado por apenas 1 (um) empregado; e profissional de atividade 
econômica elencada no Anexo IV da Resolução nº 140/2018 do Comitê Gestor do 
Simples Nacional - CGSN. Entrementes se tratar de norma infralegal, observa-se ser 
comum na esfera tributária federal o fenômeno de normas administrativas pertinentes 
à administração fazendária serem atualizadas com maior frequência que as normas 
gerais de tributos. 
Trata-se de exceção estabelecida pelo Código Tributário Nacional, na letra dos 
Arts. 96 a 98, propiciando a atualização do valor monetário da base de cálculo (esta 
sim apenas fixada por lei em sentido estrito). 
Nesse sentido, observa-se que a contribuição para seguridade social por parte 
do MEI tem valor atualizado de R$ 52,25 (cinquenta e dois reais, e vinte e cinco 
centavos), conquanto permaneça fixado em R$ 45,65 (quarenta e cinco reais, e 
sessenta e cinco centavos) na Lei Complementar nº 123/2006. 
A formalização da pessoa jurídica, na modalidade MEI, ocorrerá por formulário 
próprio do site, sendo criado em seguida o Certificado do Microempreendedor 
Individual – CCMEI, e o Cartão do CNPJ, no site da Receita Federal, sendo que a 
inscrição em Junta Comercial, no INSS e alvará provisório de funcionamento são 
obtidos concomitantemente. 
 
2 BRASIL. Ministério da Economia. Portal do Empreendedor. Disponível em: 
<http://www.portaldoempreendedor.gov.br/estatisticas> Acesso em: 01 abr. 2020 
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/
http://www.portaldoempreendedor.gov.br/estatisticas
 
18 
Em decorrência do cadastro e da obrigação tributária, ao MEI são garantidos 
alguns benefícios previdenciários, como aposentadoria por idade, e por invalidez, 
auxílio doença e salário maternidade. Para seus dependentes, haverá pensão por 
morte e auxílio reclusão. 
Ainda no mesmo portal, é garantido acesso a uma declaração que permite a 
extinção ou cancelamento do cadastro de microempreendedor individual, podendo 
ocorrer independentemente do cumprimento de obrigações de natureza tributária, 
previdenciária ou trabalhista, não sendo afastada a responsabilização pelo 
descumprimento delas. 
Por fim, cumpre ainda observar o Portal do Simples Nacional 
(http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Default.aspx), dentro do 
domínio do portal da Receita Federal, objetivando algumas outras prestações de 
serviços para empresários ou sociedades enquadradas no Sistema Simples Nacional, 
acessíveis por intermédio de uma chave de acesso ou via certificado digital. Grande 
parte do teor disponibilizado pelo site refere-se ao SIMEI. 
Por intermédio do certificado digital, o usuário acessará a Central Virtual de 
Atendimento, que também contempla o atendimento aos serviços perante a Receita 
Federal. 
 
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19 
2. CERTIFICADOS DIGITAIS, PROTOCOLOS OFICIAIS E O IMPACTO NO 
PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO 
 
Inicialmente, para os efeitos das leis, considerando as atividades notariais ou 
registrais no país, certificar significa dar autenticidade ou conferir teor de determinado 
ato ou documento. 
De início, podemos contemplar no texto da Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 
1994, que dispõe sobre os serviços notariais ou de registro, que estas atividades são 
as de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, 
autenticidade, segurança e eficácia de atos jurídicos, conforme Art. 1º. 
No curso do texto legal, os tabeliões ou oficiais de notas e de registros possuem 
competências, exclusivas ou não, descritas com ações: formalizar; dar autenticidade 
ou autenticar fatos (Art. 6º); lavrar e reconhecer (Art. 7º); lavrar, registrar e expedir 
(Art. 10); e lavrar e averbar (Art. 11). 
A ocorrência de muitos desses atos, bem como seus requerimentos, também 
precisa ser atestada, para efetivar os efeitos jurídicos daí decorrentes. Para tanto são 
emitidas certidões e outras declarações com esta natureza. 
Porém, a finalidade jurídica da certidão não fica restrita ao âmbito de atuação 
de agentes notariais ou de registro, sendo utilizada em circunstância de protestos de 
títulos e no curso de processos judiciais, dando notícia da ocorrência de atos e até 
constatação do exaurimento de prazos. 
Nesse sentido, faz-se necessário observar a Lei nº 6.015/1973, a Lei de 
Registros Públicos, possuindo um teor mais amplo do que a lei anterior, haja vista 
estabelecer prescrições sobre registros que repercutem no exercício da cidadania dos 
administrados (Art. 1º, §1º). 
Inclusive, em seu Art. 16, caput, é esclarecido que certidão, para os efeitos de 
registros públicos, destina-se a dar publicidade, porquanto estarem no Capítulo IV, de 
nome homônimo, do Título I, conforme organização da própria lei. 
A seguir, o Art. 17 disciplina direito ao administrado quanto à desnecessidade 
de informar o motivo ou interesse pelo qual requeira determinada certidão de registro, 
possuindo um aspecto garantista em respeito à privacidade ou interesse pretendido. 
Com advento da Lei nº 11.977/2009, foi incluso o parágrafo único do Art. 17, 
permitindo o acesso ou envio de informações aos registros públicos, por meio da 
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20 
internet, assinado mediante certificado digital, em conformidade com os requisitos 
da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-BRASIL. 
Com definições trazidas pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - 
ITI, autarquia federal, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, a ICP-Brasil 
é uma cadeia hierárquica de confiança que viabiliza a emissão de certificados digitais 
para identificação virtual do cidadão3. 
Por intermédio do certificado digital, pelo uso de chave criptografada, permite 
autenticar o acesso por parte do interessado, pessoa física ou jurídica, garantindo 
atuação de forma autêntica para realizar protocolos e requerimentos por intermédio 
de serviços públicos digitais. 
Assim, como advento dessa nova tecnologia, tornou-se prático e veloz realizar 
procedimentos burocráticos por meio do uso da internet, diluindo consumo de tempo 
com deslocamento físico inicial para requerer algo diretamente em uma repartição 
pública. 
Com a implementação do processo judicial eletrônico, as mesmas vantagens 
tornam-se verdadeiras para a atuação perante o Poder Judiciário, haja vista ser a 
ferramenta pela qual os advogados, como representante judicial, realizam atos 
processuais, possuindo valor de assinatura pessoal, e propiciando o protocolo da peça 
processual de maneira rápida e simples. 
Na elaboração do Código Processual Civil (Lei nº 13.105/2015), já era admitida 
a possibilidade de procuração assinada digitalmente (Art. 105, §1º), dentre outros atos 
(Art. 209, §1º). 
Porém, a informatização do processo judicial foi inaugurada por meio da Lei nº 
11.419, de 19 de dezembro de 2006, ainda na vigência do Código de Processo Civil 
anterior (lei nº 5.869/1973), em que estipulara a assinatura digital baseado no 
certificado digital, emitido por Autoridade Certificadora (AC) credenciada, que segundo 
o site do ITI, é a entidade que emite, renova e revoga certificado digitais de outras 
ACs ou dos titulares finais4. 
 
3 BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. 
Disponível em: <https://www.iti.gov.br/index.php/icp-brasil> Acesso em: 01 abr. 2020. 
4 BRASIL. Casa Civil da Presidência da República. Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. 
Disponível em: < https://www.iti.gov.br/glossario>Acesso em: 01 abr. 2020 
https://www.iti.gov.br/index.php/icp-brasil
https://www.iti.gov.br/glossario
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21 
Todavia, o Decreto nº 3.996, de 31 de outubro de 2001 também dispunha sobre 
a prestação de serviços de certificação digital no âmbito da Administração Pública 
Federal, tendo escopo de regulamentação desses serviços, providos no âmbito da 
Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil (Art. 2º, §1º). 
No aspecto do protocolo digital para peticionamento em processo judicial 
eletrônico, necessita haver consonância entre o proponente e o titular do certificado 
digital (STJ – AgRg REsp nº 1.595.459 – RJ. 5ª Turma. Min. Relator: Reynaldo Soares 
da Fonseca. Data de julgamento: 15 mai. 2018. Publicação em: 25 mai. 2018). 
Para o Superior Tribunal de Justiça, recurso interposto por advogado, ainda 
que titular do certificado digital, sem a devida procuração nos autos, será considerado 
inexistente (STJ – AgInt. AREsp nº 1.196.016 – MG. 3ª Turma. Min. Relator: Ricardo 
Villas Bôas Cueva. Data de julgamento: 19 jun. 2018. Publicação em: 26 jun. 2018). 
Ainda segundo entendimento da Corte Superior de Justiça, trata-se de vício 
insanável, haja vista a regularidade quanto à representação judicial ser observada no 
momento da interposição (STJ – AgRg AREsp nº 560.241 – RJ. 5ª Turma. Min. 
Relator: Ribeiro Dantas. Data de julgamento: 19 set. 2018. Publicação em: 26 set. 
2018). 
Quanto à possibilidade de digitalização de documentos e seu respectivo 
protocolo realizado digitalmente no sistema do Tribunal de Justiça, por meio de 
certificação digital, é imperativa a constância de certidão quando da ocorrência de erro 
no processo de digitalização (STJ – AgInt AREsp nº 1.124.448 – SP. 4ª Turma. Min. 
Relatora: Maria Isabel Gallotti. Data de julgamento: 19 abr. 2018. Publicação em: 25 
abr. 2018). 
Para efeitos da lei, documentos digitais serão considerados de igual valor que 
os originais, para fins de produção de efeitos (Art. 11, caput, da Lei nº 11.419/2006). 
Doravante, os Tribunais de Justiça, organizados por todo o país, precisam 
estruturar um sistema de administração judiciária para realização do processo, em 
ambiente virtual. 
Neste momento, surge um obstáculo para o usuário, tanto para o cidadão ou 
advogado e aos demais profissionais do Direito: a falta de uniformização das 
plataformas utilizadas, porquanto haver distintos procedimentos de cadastro e 
instalação de plug-ins (complementos a aplicações digitais, como aos navegadores 
de websites) distintos para cada Tribunal, bem como distintos suportes técnicos e 
canais de relacionamento e de atendimento, para cada sistema utilizado. 
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22 
O principal sistema utilizado é o Processo Judicial Eletrônico – Pje, 
desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em atendimento às demandas 
da Justiça Federal, e mediante parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 
constando também a participação de outros órgãos que atuam perante a Justiça, 
como o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e membros da Advocacia 
Pública. 
Foi instituído em 18 de dezembro de 2013, por intermédio da Resolução nº 185 
do CNJ, sofrendo atualizações em junho de 2016 e em fevereiro de 2019, sendo que 
neste ano também foi implementado aplicativo para smartphones, permitindo a 
assinatura de documentos por meio dos dispositivos móveis. 
Conforme a Resolução mencionada, pelo seu Art. 44, a partir da vigência do 
normativo, estará vedada a criação, desenvolvimento, contratação ou implantação de 
sistema ou módulo eletrônico diverso do PJe, podendo ser decidido pelo Plenário do 
CNJ a excepcionalidade deste comando, em razão de especificidades justificadas. 
O planejamento é que todo o Poder Judiciário do Brasil esteja funcionando 
perante o módulo PJe, havendo um cronograma a ser cumprido para este desiderato. 
Consta no site do CNJ o seguinte esquema, expondo o total de Cortes do Poder 
Judiciário implantaram o Processo Judicial Eletrônico: 
 
23 
 
Fonte: Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: < 
https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/processo-judicial-eletronico-pje/implantacao-do-
pje/> Acesso em: 03 abr. 2020 
 
Outro sistema bastante difundido é o Sistema de Administração da Justiça – 
SAJ, posteriormente chamado E-SAJ, funcionando em sete Cortes da Justiça 
Estadual, sendo elas: o TJ-AC, TJ-AM, TJ-AL, TJ-CE, TJ-MS, TJ-SP e TJ-SC, que foi 
o primeiro Tribunal de Justiça a adotar o sistema. 
 Ocorre que, visando diminuição de danos e os custos operacionais de 
transição entre os sistemas, o CNJ elaborou outra plataforma para intercomunicar os 
sistemas, sendo uma aplicação cliente para distintos sistemas de processo judicial 
eletrônico: o Escritório Digital, ainda em fase de desenvolvimento, estando integrado 
apenas ao PJe. 
 
24 
Dentre outros sistemas conhecidos e utilizados, podem ser citados o e-Proc, o 
PROJUDI, E-SAMP, e o SEEU. 
Porém, alguns Tribunais de Justiça mantêm em seu repertório de banco de 
dados eletrônicos mais de uma plataforma digital, suscitando a já mencionada 
polêmica acerca da criação de obstáculos para acesso, conforme os requisitos 
exigidos para cada sistema, o acesso ao suporte técnico e centrais de atendimento 
distintos. 
O CNJ em parceria com outros órgãos e entidades da esfera judicial 
elaboraram o Modelo Nacional de Interoperabilidade (MNI), como estratégia de 
padronizar o intercâmbio de dados entre esses distintos sistemas judiciais em 
funcionamento, inicialmente estabelecido consoante o Termo de Acordo de 
Cooperação Técnica nº 58/2009. 
Uma possível complicação advinda do excesso de sistemas judiciais refere-se 
à compatibilidade do sistema com o navegador de internet utilizado pelo usuário, 
sendo que alguns podem ser mais funcionais que outros, quanto à exibição de 
aplicações, como por exemplo a eficiência em realizar um anexo de documento 
durante um peticionamento, dentre outros expedientes simples. O advogado que 
costuma atuar em uma corte de Justiça Comum, estadual ou federal, ou perante a 
Justiça Especial, pode se deparar com a necessidade de instalação de distintos 
autenticadores digitais, necessitando cada qual de uma forma de configuração distinta 
quanto ao aplicativo ou software que configurará seu certificado. 
Em entendimento expedido pelo Tribunal Superior do Trabalho, observado o 
não intercâmbio entre os sistemas, recurso protocolado em sistema distinto daquele 
usualmente utilizado para processos integralmente digitais é tido como não ocorrido, 
sujeitando o recorrente aos efeitos daí decorrentes, como a intempestividade: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO 
DE REVISTA. PROCESSO JUDICIAL ELETRÔNICO - PJE-JT. 
PETIÇÃO DO RECURSO DE REVISTA ENVIADA PELO SISTEMA E-
DOC. 
O Sistema e-doc é destinado aos processos que tramitam de forma 
física, portanto, incorreta a sua utilização quando o processo tramita 
pelo Sistema PJe-JT. Esse é o caso dos autos. A Resolução 136/2014 
do Conselho Superior da Justiça do Trabalho que institui o Sistema de 
 
25 
Processo Eletrônico - Resolução CSJT n° 136/2014, em seu artigo 1° 
disciplina que "a tramitação do processo judicial no âmbito da Justiça 
do Trabalho, a prática dos atos processuais e sua representação por 
meio eletrônico, nos termos da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 
2006, serão realizadas exclusivamente por intermédio do Sistema de 
Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho - PJE-JT, 
regulamentado por esta Resolução". Dessa forma, a interposição do 
recurso de revista mediante utilização do Sistema e-doc quando o 
processo tramita no PJE-JT não pode ser admitida. Em face da 
incorreção do sistema utilizado, o protocolo correto só ocorreu em 
25/05/2017, fora do prazo legal, estando correta a decisão que o 
entendeu intempestivo. Agravo de instrumento de que se conhece e a 
que se nega provimento. 
(TST– AIRR nº 2706-86.2014.5.10.0801. 6ª Turma. Min. Relatora: 
Cilene Ferreira Amaro Santos. Data de julgamento: 07 mar. 2018. Data 
de publicação: 09 mar. 2018) 
 
Espera-se que com a estruturação em torno de um só sistema, esses tipos de 
adversidades possam ser minorados. 
Doravante, com a implantação de sistemas digitais para o processo judicial, 
resta preconizada alguns dos preceitos constitucionais essenciais, que até então 
poderiam ser um constante desafio em serem garantidos. Entre eles podemos elencar 
facilitação de acesso à Justiça por parte do cidadão jurisdicionado (Art. 5º, XXXV), e, 
principalmente, o da razoável duração do processo (Art. 5º, LXXVIII), conforme 
referenda o seguinte julgado: 
 
EMENTA: (...) 
(...) a secretaria deve conferir se existe processo físico ou 
eletrônico envolvendo as mesmas partes, objeto e causa de 
pedir na comarca. 
Constatando-se a existência de processos com as mesmas 
partes, pode o Magistrado, em face do princípio da cooperação, 
determinar ao autor que apresente os documentos relativos a 
essas ações para sua análise. 
 
26 
 O processo judicial eletrônico já é uma realidade no 
ordenamento jurídico brasileiro, sendo a regra em inúmeras 
comarcas do TJMG, devendo os operadores do direito, observar 
as regras para o seu bom funcionamento, sob pena de gerar 
uma grave desorganização na marcha processual, com 
prejuízos à atividade jurisdicional, violando-se os princípios da 
celeridade, razoável duração do processo, contraditório, ampla 
defesa e eficiência. 
Considerando que o recorrente deixou de cumprir a 
determinação de emenda da exordial, deixando de observar a 
determinação de juntada de informações sobre ações 
anteriormente propostas com as mesmas partes, a confirmação 
da sentença de indeferimento da exordial é a medida de rigor. 
Recurso conhecido e desprovido. 
(TJMG - Apelação nº 1.0000.18.045275-7/001. 8ª Câmara de 
Direito Civil. Des. Relator: Gilson Soares Lemes. Data de 
julgamento: 27 jul. 2018. Publicação em: 30 jul. 2018) 
 
Salienta-se, pelo julgado acima, a sistematização do processo digital em nada 
interferir na atividade cartorária da Vara de Justiça quanto à conferência de conexão 
ou contingência, nos termos da lei processual. 
Expostas essas considerações sobre o atual cenário da implantação comum 
do sistema processual digital no Brasil, todos os sistemas, e respectivas Portarias e 
Atos Normativos pertinente a cada Corte de Justiça deverão observar as disposições 
expostas pela Lei nº 11.419/2006, como medida de padronização e observância. 
Nesse sentido, os distintos sistemas digitais obedecerão às mesmas regras 
quanto à contagem de prazo, considerando-se, portanto, a peculiaridade do uso da 
internet para tal fim. 
Nos termos do Art. 3º, serão considerados realizados os atos processuais, por 
meio digital, no dia e hora do seu envio ao sistema, comprovado por intermédio de 
protocolo eletrônico ou recibo de protocolo. Para observância da tempestividade dos 
atos, acerca de prazos processuais, considerar-se-ão tempestivos aqueles 
protocolados até as 24 horas do último dia. 
 
27 
Dando instrumentalização para a contagem de prazos, para aferição de prazos 
e continuidade dos atos processuais, os tribunais poderão criar um Diário de Justiça 
Eletrônico, sendo que a publicação realizada neste meio substituirá qualquer outro 
meio de publicação oficial, para efeitos legais. A lei excepcionará, entretanto, frente 
aos casos que exijam intimação ou vista pessoal (Art. 4º, §2º). 
A data da publicação, no processo judicial eletrônico, será o primeiro dia útil 
seguinte ao da disponibilização no Diário de Justiça Eletrônico. No tocante aos 
prazos processuais, terão seu início no primeiro dia útil seguinte ao considerado como 
data da publicação. No modelo do E-SAJ adotado pelo Tribunal de Justiça do Estado 
de São Paulo, no teor do processo, são emitidas duas certidões de publicação, sendo 
que uma refere-se à remessa para publicação e outra sobre a publicação efetiva, 
constituindo a disponibilização. 
 
 
 
 
 
28 
3. INTELIGÊNCIA ARTIFICAL NA ATIVIDADE PROFISSIONAL DO 
DIREITO 
 
Concomitantemente ao cenário de informatização de sistemas e banco de 
dados dos serviços públicos no Brasil, o desenvolvimento e aprimoramento de 
inteligências artificiais – IAs - também têm alcançados espaços cada vez mais 
importantes em diversos setores da economia. 
Discute-se, inclusive, qual o cenário da economia global quando máquinas e 
robôs controlados por IAs substituirão muitos postos de trabalho, principalmente em 
países em desenvolvimento ou os mais subdesenvolvidos. 
As revoluções tecnológicas ocorridas no curso do Séc. XX, permitiram que o 
trabalho braçal pudesse ser realizado em grande parte por máquinas automatizadas 
enquanto as pessoas poderiam se reinserir em setores de mais grau de escolaridade 
ou em atividades de natureza intelectual, como as do setor de serviços. 
Porém, podendo antecipar mais uma vez esse cenário, resta ainda observar 
quais serão as novas alternativas para as mudanças do mercado de trabalho. 
 Frente a isto, a atividade profissional no Direito, em especial a advocacia, dá-
se de maneira eminentemente intelectual, sendo que o implemento da inteligência 
artificial nesse campo, poderá tirar os profissionais registrados perante a OAB do 
mercado de trabalho? Uma possibilidade que os profissionais da área deverão refletir 
sobre seus impactos. 
 Outro campo que poderá ser transformado dirá respeito ao fornecimento e 
processamento de dados em serviços públicos, que acarretará uma transformação na 
cultura e senso comum dos brasileiros acerca do ingresso em cargos públicos, por 
intermédio de concursos públicos de provas ou de provas e títulos. Reivindicações de 
sindicatos e associações de setores do serviço público e debates quanto às despesas 
correntes do orçamento público, e o correspondente impacto em previdência social, 
tomarão maior protagonismo. 
 No momento, enquanto essas inovações ganham escopo, há startups 
propondo novas tecnologias para a atuação no Poder Judiciário. Ora denominadas 
lawtechs ou legaltechs, novas tecnologias incipientes no mercado se propõem a criar 
e aprimorar os serviços prestados aos escritórios de advocacia, como automação e 
análise de contratos e automação de documentos jurídicos. A novidade consiste na 
 
29 
eficiência e velocidade empreendida nessas tarefas, com maior grau de assertividade 
do que o desempenhado por um único profissional ou equipe. 
 Outra forma consiste na denominada jurimetria, consistindo no uso analítico 
das ciências estatísticas para tomada de decisão em ambiente jurídico e na 
construção de teses e argumentações. 
 Porém, essas atividades aqui mencionadas já possuem serviços com o mesmo 
fim. O que difere é justamente a estrutura utilizada: as atuais aplicações destinadas 
para gerenciamento e administração de processos, documentos ou de 
acompanhamento processual foram inicialmente alimentados de maneira manual por 
seus usuários. 
 A Inteligência Artificial tem sido explorada na forma de algoritmos e fórmulas 
matemáticas, propiciando a autocorreção e aprendizado autônomo do sistema, 
denominado como machine learning. Dentre suas características, o sistema poderá 
tomar decisões por conta própria com base nos dados colhidos até então, adaptando-
se a novos cenários com base em experiência prévia, tal qual como se dá a cognição 
da experiência humana. 
A principal vantagem entre os softwares jurídicos de gestão e a inteligência 
artificial consiste na autonomia desta última e seu grau de acerto. 
 No Brasil, a Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs, pessoa jurídica 
de direito privado, foi constituída em 2017, intenta fomentar intercâmbios entre 
empresas dos ramos da tecnologia da informação e do ambiente jurídico para 
construção de ferramentas que aprimorem o mercado jurídico.As IAs, dos mais diversos ramos, são novidades que estão ganhando espaço 
pelo mundo, sendo incerto qual espaço haverá para os profissionais do Direito nas 
próximas décadas. 
 Até que se concretize esse cenário, haverá ainda maiores discussões quanto à 
regulação dessas novas tecnologias, seu grau de independência, e um período de 
adaptação considerando a realocação de profissionais. 
 
 
30 
4. COMPLIANCE EM AMBIENTE DIGITAL, CONTROLES E AUDITORIA 
INTERNA 
 
A Administração Pública, não apenas a pertinente ao Poder Executivo das três 
esferas, mas considerada as dos Poderes Legislativo e Judiciário, quanto à sua 
função atípica, no controle da atividade interna, deve obediência a normas, com o fito 
de cumprir perante o desempenho financeiro e administrativo, bem como na 
obediência a normas do Direito, quanto à legalidade e aos demais princípios jurídicos. 
Para instrumentalizar esse objetivo, torna-se necessária a organização em 
forma de órgão ou entidade para realização de controle interno. No âmbito do Poder 
Executivo Federal, órgão incumbido de tal prerrogativa é a Corregedoria Geral da 
União, enquanto na estrutura do Poder Judiciário, fica a cargo do Conselho Nacional 
de Justiça. 
Nos termos da Constituição Federal, a fiscalização contábil, financeira, 
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da 
administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, 
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso 
Nacional (com auxílio do Tribunal de Contas da União), mediante controle externo, 
e pelo sistema de controle interno de cada Poder (Art. 7, caput). 
Ademais, o Art. 74 elenca que os Três Poderes deverão manter sistemas de 
controle interno integrados, com os seguintes fins: 
a) avaliação do cumprimento de metas previstas no plano plurianual (um dos 
planejamentos orçamentários, juntamente com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a 
Lei Orçamentária Anual) e da execução dos programas de governo e orçamentos da 
União; 
b) comprovação da legalidade e avaliação de resultados, quanto à eficácia e 
eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e entidades da 
administração federal, bem como dos recursos públicos aplicados por entidades de 
direito privado; 
c) controle das operações de crédito, avais e garantias, e também dos direitos 
e haveres da União; 
d) apoio institucional ao controle externo. 
Acerca da atividade empreendida pelo Poder Judiciário e órgãos auxiliares da 
Justiça, a competência constitucional do Conselho Nacional de Justiça está inscrita 
 
31 
no §4º e Incisos, do Art. 103-B, sendo elas destinadas ao controle da atividade 
administrativa e financeira do Poder Judiciário, e do cumprimento dos deveres 
funcionais dos magistrados. Aquelas de maior pertinência sobre o tema estão 
elencadas a seguir, para finalidade didática: 
1. zelo pela autonomia do Poder Judiciário e cumprimento do Estatuto da 
Magistratura (Lei Orgânica da Magistratura Nacional – LOMAN, Lei Complementar nº 
35, de 14 de março de 1979), com a expedição de atos regulamentares ou 
recomendações de providencias a serem tomadas; 
2. apreciação da legalidade dos atos administrativos praticados por membros 
ou órgãos do Poder Judiciário, e observância dos princípios da administração Pública; 
3. Recebimento e conhecimento de reclamações contra membros ou órgãos do 
Poder Judiciário, inclusos servidores auxiliares, e órgãos e agentes dos serviços 
notariais e de registros, que atuem sob delegação do poder público, podendo aplicar 
sanções em razão de processos administrativos disciplinares; 
4. elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças 
prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário. 
De similar natureza, o Conselho Nacional do Ministério Público, tendo o Art. 
130-B como dispositivo constitucional, tem natureza similar, mas destinado à 
fiscalização administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos 
deveres funcionais dos seus membros. 
Oportunamente, ambos foram instituídos por meio da Emenda Constitucional 
nº 45, de 30 de dezembro de 2004, cujo objetivo era realizar uma Reforma no Poder 
Judiciário. 
Especificadamente, o Tribunal de Contas da União, como órgão realizador do 
controle externo, e a Controladoria Geral da União, órgão de controle interno do Poder 
Executivo Federal, podem realizar auditorias, como instrumento fiscalizatório para 
alcançar seus fins institucionais. 
A auditoria interna consiste em um órgão ou atividade institucional integrante 
da estrutura do órgão ou entidade, seja pública ou privada. Destina-se, sobretudo, a 
avaliação dos planos e procedimentos aplicados pelas organizações, sendo uma 
atuação auxiliar ao procedimento de auditoria, realizado por auditores independentes, 
que obedecem às normas emitidas pelas entidades de classe do campo da 
contabilidade e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
 
32 
No campo da Administração Pública, destina-se à avaliação dos atos e 
negócios ocorridos institucionalmente pelo órgão analisado. Nesse sentido, adquire 
uma distinta finalidade pública, culminando em processos administrativos ou judiciais, 
enquanto a auditoria das organizações privadas volta-se para prestação de contas 
perante os agentes econômicos que investem ou realizam negócio com a entidade 
analisada. 
Tanto na esfera pública quanto na privada, podem ser instituídos como 
ferramenta de governança corporativa, os mecanismos de compliance (também 
chamado de medidas de integridade), sendo ferramentas para adequação dos atos e 
rotina institucionais com as normas e padrões de conduta éticos, auxiliando a tomada 
de decisão, a correção de erros e os procedimentos internos da entidade em questão, 
não apenas ao do campo da auditoria. 
Com este escopo, instituições emitem por diferentes meios publicações e 
manuais expondo suas posturas, órgãos ou agentes destinados à realização do 
compliance institucional. 
Poder-se-ia conjecturar a necessidade de criar departamento, seção ou 
equipes para realização de planos de governança corporativa para esse fim, haja vista 
a atuação proeminente do Poder Judiciário, do Ministério Público ou das policiais 
judiciárias no enfrentamento a crimes de corrupção. Todavia, cada vez mais crescem 
os números de normas destinadas a coibir ilicitudes, tornando a adequação das 
instituições e os deveres funcionais não tão fáceis de serem assimilados. 
Com este contexto, empresas públicas e sociedades de economia mista já 
possuem um estatuto jurídico próprio, sendo a Lei nº 13.303/2016; foi instituída a Lei 
Anticorrupção Empresarial – Lei nº 12.846/2013, destinada a apurar e responsabilizar 
agentes que atuem em prejuízo do Poder Público, instituindo ferramentas únicas para 
este fim, como o processo administrativo de responsabilização e o acordo de 
leniência, tendo sua função paralela à Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 
8.429/1992); e a Lei nº 12.850/2013, destinada ao combate às organizações 
criminosas, famosa por aplicar o expediente conhecido como colaboração premiada, 
muito noticiada nos últimos anos em virtude da Operação Lava Jato. 
Quanto ao desempenho orçamentário, e por consequência o administrativo, 
deve ser analisado em harmonia com a Lei Geral do Orçamento (Lei nº 4.320/1964) e 
com a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), a cargo pela 
atividade do controle externo. 
 
33 
Não obstante esse extenso arcabouço normativo, o Poder Público sujeita-se ao 
controle popular, exercido por ações judiciais, especialmente a Ação Civil Pública (Lei 
nº 7.347/1985) e a Ação Popular (Lei nº 4.717/1965). 
Considerando o Código de Compliance Corporativo, confeccionado pelo 
Instituto Brasileiro de Direito e Ética Empresarial – IBDEE, como um parâmetro, seu 
Art. 3º estabelece o compliancecomo função destinada a assegurar o exercício das 
atividades das empresas, de maneira sustentável, em conformidade com o 
ordenamento jurídico, com os padrões éticos e na responsabilidade social5. 
Recomenda-se, sobretudo, a criação de um programa de compliance, 
consubstanciando regras, políticas e procedimentos gerais; estratégia destinada ao 
treinamento de funcionários; e medidas de controle e processos para coibir desvios 
praticados. 
O compliance é muitas vezes já empregado ou constituído por meio de planos 
sazonais estipulados pelos órgãos de controle interno da Administração Pública, bem 
como por meio de suas normas e regulamentos internos. 
Porém, exige-se que sejam criados programas de integridade por parte de 
entidades privadas quando realizam algum negócio jurídico com o Poder Público, haja 
vista haver valores de interesse público sendo transferidos ou geridos por aquelas 
entidades, como pode ser observado no Decreto nº 8.420/2015, que disciplina o 
processo administrativo de responsabilização instituído pela Lei sobre Anticorrupção 
Empresarial. 
A referida norma descreve o compliance como programa de integridade nos 
seguintes termos: 
 
Art. 41. (...) programa de integridade consiste, no âmbito de uma 
pessoa jurídica, no conjunto de mecanismos e procedimentos internos 
de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades e 
na aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta, políticas e 
diretrizes com objetivo de detectar e sanar desvios, fraudes, 
 
5 INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO E ÉTICA EMPRESARIAL (IBDEE). Código de Compliance Corporativo: 
Guia de Melhores Práticas de Compliance no Âmbito Empresarial. [2017]. Disponível em: 
<http://ibdee.org.br/wp-content/uploads/2017/05/IBDEE-2017-Guia-Compliance-digital.pdf> Acesso em: 03 
abr. 2020 
 
 
34 
irregularidades e atos ilícitos praticados contra a administração 
pública, nacional ou estrangeira. 
 
Parágrafo Único. O programa de integridade deve ser estruturado, 
aplicado e atualizado de acordo com as características e riscos atuais 
das atividades de cada pessoa jurídica, a qual por sua vez deve 
garantir o constante aprimoramento e adaptação do referido 
programa, visando garantir sua efetividade. 
 
Os elementos que compõem o mencionado programa estão elencados em 
extenso rol do Art. 42, cabendo ao Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral 
da União a expedição de orientações, normas e procedimentos complementares 
referentes à avaliação do programa de integridade. 
Torna-se, portanto, uma medida necessária e condicionante para realização de 
parcerias com o Poder Público, bem como medida assecuratória para realização de 
acordo de leniência frente à apuração de ilicitudes. 
Nasce uma nova ferramenta de gestão, com o fim de adaptação da atividade 
cotidiana de uma entidade com as leis e normas, limando o risco de consumar 
ilicitudes, reverberando negativamente no seu campo de atuação ou perante a 
sociedade, como um todo, quando se trata de instituições públicas. 
 
 
 
35 
REFERÊNCIAS 
 
ABRÃO, Carlos Henrique. Processo eletrônico: processo digital. 5ª ed. São 
Paulo: Atlas, 2017. 
ANTONIK, Luis Roberto. Compliance, Ética, Responsabilidade social e 
empresarial: uma visão prática. 1ª ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2016. 
COELHO, Alexandre Zavaglia P.; MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo 
Wolfgang. Direito, inovação e tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2015. 
TEIXEIRA, Tarcisio. Curso de direito e processo eletrônico: doutrina, 
jurisprudência e prática. 4ª ed. São Paulo: SaraivaJur, 2018. 
VERÍSSIMO, Carla. Compliance: Incentivo à adoção de medidas anticorrupção. 
São Paulo: SaraivaJur, 2017. 
 
 
 
36 
ANEXO 
 
 
 
Fonte: Conselho Nacional de Justiça. Disponível em: < 
https://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/processo-judicial-eletronico-pje/implantacao-do-
pje/> Acesso em: 03 abr. 2020 
 
	1. Expedientes Oficiais Eletrônicos e Desburocratização do Estado
	1.1 Fomento e Plataformas Digitais Para Abertura de Empresas
	REDESIM
	2.Certificados Digitais, Protocolos Oficiais, Processo Eletrônico
	3. Inteligência Artificial
	Compliance. Controle. Auditoria
	Sem nome

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