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Fluxo de Caixa

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173 
Revista de Ciências 
Gerenciais 
Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 
Marcos Allan Gonçalves 
Faculdade Anhanguera de Taubaté 
gmarcos@hotmail.com 
Idelmo Sanderson Conti 
Faculdade Anhanguera de Taubaté 
conti_inj@yahoo.com.br 
 
FLUXO DE CAIXA 
Ferramenta estratégica e base de apoio ao processo 
decisório nas micro e pequenas empresas 
RESUMO 
O presente estudo demonstra a importância da realização do 
planejamento e controle financeiro nas micro e pequenas empresas, 
através da elaboração do demonstrativo de fluxo de caixa. Por meio de 
levantamento bibliográfico são abordados os principais aspectos para 
sua elaboração e implantação, visando estabelecer uma ligação clara e 
objetiva dos dados coletados e trabalhados, através de desenvolvimento 
e análise do estudo de caso, realizado numa empresa que atua no 
seguimento de vendas e prestação de serviços na área automotiva. 
Todo desenvolvimento objetiva demonstrar o quão importante é o 
controle financeiro nas empresas, seja através de dados coletados em 
arquivos, servindo de comparativo aos dados atuais ou para 
desenvolver bases de dados que permitam projeções futuras, buscando 
em nível administrativo maior assertividade nas decisões e gerando o 
resultado esperado. 
Palavras-Chave: planejamento; controle financeiro; micro e pequenas 
empresas; fluxo de caixa. 
ABSTRACT 
This study demonstrates the importance of completing the financial 
planning and control in micro and small enterprises, by developing the 
statement of cash flow. Through literature, we shall address the main 
aspects to its design and implementation, to establish a clear and 
objective data collected and addressed through development and 
analysis of the case study, conducted in a company that operates in the 
following sales and services in the automotive field. All development 
aims to demonstrate how important is financial control in companies, 
either through data collected in files, serving as a comparison to current 
data or to develop databases that allow future projections, looking at 
the administrative level greater assertiveness in decisions and 
generating result. 
Keywords: planning and financial control; micro and small enterprises; cash 
flow.
Anhanguera Educacional Ltda. 
Correspondência/Contato 
Alameda Maria Tereza, 4266 
Valinhos, São Paulo 
CEP 13.278-181 
rc.ipade@aesapar.com 
Coordenação 
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 
Desenvolvimento Educacional - IPADE 
Informe Técnico 
Recebido em: 03/05/2010 
Avaliado em: 12/04/2011 
Publicação: 15 de outubro de 2012 
174 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
1. INTRODUÇÃO 
As constantes mudanças tanto no cenário político como econômico, impulsionam as 
empresas à busca de qualidade nas informações gerenciais, o que determina sua 
sobrevivência e continuidade no mercado, fazendo com que o tema “Fluxo de Caixa” seja 
pertinente e seu estudo de vital importância tanto na fundamentação teórica quanto 
aplicação prática para gestores de empresas, seja ela de pequena, média ou grande porte. 
O fluxo de caixa apesar de ser uma ferramenta de grande valor, percebe-se que é 
pouco explorada pelos gestores das micro e pequenas empresas como ferramenta 
estratégica, não obstante as atividades financeiras necessitam de monitoramento 
permanente, de forma a avaliar e controlar seus resultados, e assim recorrer aos ajustes e 
correções necessárias, atuando sobre o objetivo básico da função financeira, que é prover 
recursos de caixa suficiente para saldar os compromissos assumidos e maximizar lucro. 
Nesse contexto, o fluxo de caixa passa a ser um aliado de expressivo valor, 
possibilitando à empresa atender as necessidades de busca de novos produtos e serviços 
no ambiente interno e externo, bem como planejar a captação de recursos dispondo de 
dados atualizados e confiáveis. Com isso, o planejamento das ações garante melhor efeito 
na aplicação de seus recursos. 
Percebe-se que, havendo atualização do fluxo de caixa, através de uma adequada 
formulação, as expectativas da gestão financeira são viabilizadas por meio de informações 
sucintas para fins de tomadas de decisões, ou seja, obtém-se clara posição de liquidez da 
empresa com suas variantes mediante apresentação dos demonstrativos. 
Para gerir com qualidade e eficácia não basta apenas uma análise econômico-
financeira que detectam falhas através de cálculos e comparações de índices, é preciso 
identificar as causas que provocam tais falhas na liquidez. O fluxo de caixa apresenta-se 
como uma ferramenta capaz de satisfazer esta necessidade, mostrando onde foram 
aplicados os recursos e qual o resultado desta aplicação. 
Os crescentes desafios e processos administrativos, cada vez mais complexos, 
fazem com que o dia-a-dia dos gestores esteja voltado à solução e superação dos 
problemas de falta de liquidez das empresas. A falta de planejamento e controle, aliado a 
escassez de recursos financeiros e o elevado custo para sua captação, aumentam as 
estatísticas de empresas que descontinuam suas atividades, principalmente empresas de 
pequeno e médio porte, pois em momentos turbulentos o processo decisório deve apoiar-
se em informações reais e precisas, através de dados contábeis e relatórios financeiros 
gerenciais. 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 175 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
O presente trabalho apresenta informações acerca das ferramentas apropriadas 
de gestão, como é o caso do Demonstrativo de Fluxo de Caixa. É possível planejar e 
controlar os recursos financeiros da empresa e sua capacidade de geração de caixa, 
proporcionando uma visão clara da administração de seu capital de giro. 
2. PROBLEMA 
Os gestores das micro e pequenas empresas, que em grande parte são os próprios 
empresários, acreditam que ter a empresa bem administrada é tê-la produzindo e 
vendendo. Por vezes misturam o dinheiro particular ao da empresa, não atentando a um 
controle rigoroso que possa diferenciar custos de produção, despesas, lucratividade e 
liquidez. 
Baseando-se nestas questões, este trabalho apresenta uma pesquisa exploratória 
exemplificando, em termos reais, o quão importante é o demonstrativo de fluxo de caixa 
em uma empresa, como ferramenta gerencial, servindo de referência nas tomadas de 
decisões e projeções futuras. 
3. FLUXO DE CAIXA: CONCEITOS E OBJETIVOS 
A gestão financeira das empresas consiste dentre muitas atribuições o monitoramento da 
rotina diária das operações de compras, vendas, aplicações, investimentos entre outras e 
saber se dispõe de recursos para saldar tais compromissos dentro do prazo. 
A Demonstração de Fluxo de Caixa quando desenvolvido por parte das empresas 
possibilita aos gestores perceber com maior clareza a relação entre “lucro” e “caixa”, 
podendo desta maneira identificar os aspectos que diferem o resultado econômico (lucro) 
do seu resultado financeiro (caixa). 
Na expectativa de saldar suas obrigações as empresas necessitam de liquidez 
tanto para garantir seu patrimônio como se manter competitiva no mercado. Dessa forma, 
o fluxo de caixa permite que a empresa visualize sua real situação econômica e assuma o 
controle de suas finanças, estando ciente das obrigações para conduzir coerentemente 
seus investimentos de curto e longo prazo. 
O demonstrativo de fluxo de caixa fornece um resumo dos movimentos 
financeiros da empresa (entradas e saídas) relativos às atividades operacionais, de 
investimento e de financiamento e reconcilia-os com as variações em seu caixa e títulos 
negociáveis, durante o período em questão (GITMAN, 1997). 
176 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
O fluxo de caixa é uma ferramentaque permite ao administrador financeiro 
planejar, organizar, coordenar, dirigir e controlar os recursos financeiros da empresa por 
determinado período (ZDANOWICZ, 2000), podendo ser demonstrado de forma direta 
ou indireta e refletir as mudanças ocorridas nas origens e aplicação dos recursos que são 
determinados através das atividades da empresa. 
Diante desse entendimento, podemos argumentar que o Demonstrativo de Fluxo 
de Caixa não somente permite ao gestor financeiro uma visão real da situação da 
empresa, tanto em termos de equilíbrio de caixa como os recursos disponíveis, 
contrapondo a Demonstração de Resultado do Exercício, que informa somente a situação 
econômica da empresa em um dado momento. 
Apesar de sua importância, o relatório de fluxo de caixa, ainda não é obrigatório 
no Brasil e, salvo uma exceção que será citada a seguir, apenas é recomendado pelo 
Ibracom, por meio da NPC 20, de abril de 1999, como informação complementar. 
Nas empresas brasileiras de médio e ou grande porte com registro na bolsa de 
valores norte-americana ou em outro país (mercado externo) onde seja exigida a 
divulgação do Demonstrativo de Fluxo de Caixa, também deverão fazê-lo no Brasil. 
(MANUAL DE CONTABILIDADE DAS SOCIEDADES POR AÇÕES, 2008) 
Diante do exposto, é preciso entender que o principal objetivo do Fluxo de Caixa 
é proporcionar uma visão geral e sistêmica da movimentação das operações financeiras 
realizadas diariamente, mostrando suas disponibilidades e o grau de liquidez da empresa. 
Os objetivos básicos do Fluxo de Caixa que podem ser citados são 
(ZDANOWICZ, 2000): 
a) Facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem 
obtidas junto às instituições financeiras. 
b) Programar os ingressos e desembolsos de caixa, de forma criteriosa, 
permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de 
recursos e o montante, havendo tempo suficiente para as medidas 
necessárias. 
c) Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as 
disponibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos 
vultosos em época de pouco encaixe. 
d) Determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado 
período, e aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como 
analisar os recursos de terceiros que satisfaçam as necessidades da 
empresa. 
e) Proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa 
com a área financeira. 
f) Desenvolver o uso eficiente e racional do disponível. 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 177 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
g) Financiar as necessidades sazonais e cíclicas da empresa. 
h) Providenciar os recursos para atender aos projetos de implantação, 
expansão, modernização ou relocalização industrial e/ou comercial. 
i) Fixar o nível de caixa em termos de capital de giro. 
j) Auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa 
julgar a conveniência em aplicar nesses itens ou não. 
k) Avaliar as alternativas de investimentos. 
l) Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa. 
m) Estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos. 
n) Projetar um plano efetivo de pagamento de débitos. 
o) Analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela 
empresa. 
p) Participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim 
os controles financeiros. 
4. IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 
O fluxo de caixa quando bem planejado permite ao gestor dimensionar e visualizar com 
antecedência o nível de liquidez da empresa e assim evitar problemas de caixa que podem 
ocasionar uma série de descontinuidades na empresa, como: cortes de crédito, 
cancelamento de entrega de pedidos, descumprimento das metas de vendas, dentre 
outras, assim evidenciando que o fluxo de caixa não é preocupação exclusiva da área 
financeira, mas sim de todos os setores da empresa. 
Dependendo do porte e do ramo de atividade da empresa o planejamento do 
fluxo de caixa abrangerá períodos diferentes. Empresas que exercem atividades sujeitas a 
grandes oscilações tendem a trabalhar com estimativas de prazos curtos (diário, semanal 
ou mensal), enquanto empresas que apresentam volumes de venda estável preferem 
projetar o fluxo de caixa para períodos mais longos (trimestral semestral ou anual). 
A atuação e abordagem das empresas em relação ao emprego do fluxo de caixa 
muda conforme o foco e a necessidade de obtenção de resultado podendo ser abordado 
de forma tática, empregado no monitoramento e acompanhamento do seu dia a dia ou 
abordado de forma estratégica, empregada com a mesma finalidade em períodos mais 
longos. 
Dentro do contexto empresarial as estratégias servem de padrão às decisões e 
integram as políticas e metas para alcance do objetivo de forma coerente. Uma vez bem 
estruturada, a estratégia ajuda a nortear a organização dentro de uma análise singular, 
178 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
fazendo os acontecimentos ocorrer de maneira previsível, considerando as limitações e 
deficiências dentro das quais a organização opera. 
Para desenvolver um plano estratégico a empresa utiliza um processo no qual 
sua estrutura é toda analisada, mesmo por que será trabalhado o comportamento e a 
cultura organizacional, identificando oportunidades e ameaças, pontos fortes e pontos 
fracos, recursos disponíveis e sua capacidade de assumir riscos, para empresa operar de 
maneira mais objetiva possível. 
Diante disso, a ação estratégica tomada tem como finalidade estabelecer o 
caminho a ser seguido, o uso adequado dos recursos financeiros, físicos e humanos da 
empresa, para conquista dos objetivos em curto prazo e principalmente em longo prazo, 
determinando e diferenciando o enfoque do fluxo de caixa numa abordagem tática e 
estratégica. 
4.1. Abordagem Gerencial 
A gestão financeira está completamente conectada ao fluxo de caixa, de forma que o 
equilíbrio das contas, embolsos e desembolsos moldam todo processo gerencial nas 
tomadas de decisões financeiras, na busca de alcance das metas, sobrepondo à 
concorrência e não deixando margem para duvidas do como serão alocados os recursos 
financeiros. 
O processo decisório nas empresas deve apoiar-se nas informações coletadas e 
tratadas por todos os setores envolvidos com o seu desempenho, considerando a 
singularidade de cada setor e usuário, sobretudo trabalhando a capacidade de adaptação 
aos processos de controle, viabilizando resultados positivos e caracterizando gestão de 
qualidade. 
As informações obtidas com a elaboração do fluxo de caixa para análise e gestão 
financeira não desqualificam as demais informações obtidas através do controle contábil, 
como o caso da contabilidade gerencial e sim as complementa, fortalecendo e melhorando 
o conteúdo para análise da situação econômico-financeira da empresa, servindo de 
suporte e instrumento gerencial. 
5. ELABORAÇÃO E PLANEJAMENTO DO FLUXO DE CAIXA 
O processo de elaboração e planejamento do fluxo de caixa da empresa está embasado na 
construção de uma estrutura capaz de coletar, processar e utilizar as informações de 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 179 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
forma segura para estimar os futuros ingressos e desembolsos de caixa conforme as 
intenções e necessidades da empresa. 
A demonstração do fluxo de caixa é dividida de acordo com a função e 
classificação das atividades de sua estrutura e possui o objetivo de qualificar a 
movimentação, identificando se sua natureza é operacional de investimento ou 
financiamento (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBECKE, 2003). 
Alguns requisitos são de extrema importância para implantação do fluxo de caixa 
(ZDANOWICZ, 2000): 
 Organização da estrutura funcional daempresa com definição clara dos 
níveis de responsabilidade de cada área. 
 Integração dos diversos setores e/ou departamentos da empresa ao 
sistema do fluxo de caixa. 
 Definição do sistema de informação, quanto à qualidade e aos formulários 
a serem utilizados, calendário de entrega dos dados (periodicidade) e os 
responsáveis pela elaboração das diversas projeções. 
 Treinamento do pessoal envolvido para implantar o fluxo de caixa na 
empresa. 
 Criação de um manual de operações financeiras. 
 Comprometimento dos responsáveis pelas diversas áreas, no sentido de 
alcançar os objetivos e metas propostas no fluxo de caixa. 
 Controles financeiros adequados, especialmente da movimentação 
bancária. 
 Utilização do fluxo de caixa para avaliar com antecedência os efeitos da 
tomada de decisões que tenham impacto financeiro na empresa. 
 Fluxograma das atividades da empresa, ou seja, definir as atividades meio 
e as atividades fins. 
Diante disso, pode-se reafirmar que o fluxo de caixa é uma ferramenta que 
permite ao administrador financeiro visualizar, num determinado período, se ocorrerá 
excedentes de caixa ou escassez de recursos financeiros, consentindo um direcionamento 
mais assertivo dos mesmos, como mostra a Figura 1. 
180 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
 
 
Figura 1. Principais ingressos e desembolsos de caixa. (Adaptado de ZDANOWICZ, 2000) 
5.1. Transações que afetam o caixa (entradas e saídas) 
Os aumentos do disponível de caixa provêm de várias transações dentro do ciclo 
operacional da empresa e consistem em transpor do orçamento de vendas as entradas 
provenientes, como segue: 
 Aumento de capital social feito pelos sócios ou acionistas em dinheiro e 
integralizado (o caixa não será afetado se as transações ocorrerem através 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 181 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
de aumento de estoque, títulos, bens etc.). 
 Entrada de recursos financeiros através de venda de itens do ativo 
permanente, mesmo se tratando de situação pouco usual. 
 Descontos e calções de Duplicatas e empréstimos são recursos utilizados 
normalmente para capital de giro proveniente de instituições financeiras, 
passam a integrar o circulante da empresa. 
 Financiamentos também provenientes de instituições financeiras, só que 
usualmente utilizados para obtenção de ativos permanente e integra o 
fixo da empresa. 
 Cobrança simples e recebimento à vista proveniente da movimentação de 
venda é a principal fonte de geração de receita e circulação de caixa 
dentro da empresa. 
 Outras movimentações de entradas são consideradas, como: dividendos 
recebidos de outras empresas, indenizações de seguros e processos, juros 
recebidos, aluguéis a receber etc. 
As transações de saída de caixa são provenientes de todas as operações 
financeiras decorrentes de pagamentos geradas pelo processo de produção, 
comercialização e distribuição de produtos pela empresa, como segue (ZDANOWICZ, 
2000): 
 Pagamento de dividendos aos sócios ou acionistas da empresa - (da 
mesma forma que aumento do capital social em dinheiro mostra entrada 
de caixa os dividendos pagos mostram saída de caixa). 
 Pagamentos efetuados a fornecedores e compras à vista – (refere-se a toda 
compra efetuada de matéria prima e material em geral). 
 Pagamentos relativos aos custos e despesas operacionais diretas e 
indiretas, diversos contas a pagar e outros – (são todas as saídas que 
compõe as contas a pagar da empresa e compras a prazo). 
 Compra à vista de itens que vão compor o imobilizado da empresa e ativo 
permanente. 
 Pagamentos com origem de dividas contraída ou atrasos em sua 
liquidação, como: encargos financeiros, comissões, pagamento de juros, 
correção monetária, amortização e resgate de débitos junto às instituições 
financeiras e outros. 
Uma melhor compreensão das transações de caixa envolvendo entradas e saídas 
(ingressos e desembolsos), podem ser observadas na Figura 2. 
182 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
 
Figura 2. Transações de caixa. (Adaptado de ZDANOWICZ, 2000). 
5.2. Equilíbrio e desequilíbrio financeiro 
Empresas que são equilibradas financeiramente apresentam as seguintes características 
(ZDANOWICZ, 2000): 
 Há permanente equilíbrio entre os ingressos e os desembolsos de caixa. 
 Tende a aumentar a participação de capital próprio, em relação ao capital 
de terceiros. 
 É satisfatória a rentabilidade do capital empregado. 
 Nota-se uma menor necessidade de capital de giro. 
 Existe tendência em aumentar o índice de rotação de estoques. 
 Verifica-se que os prazos médios de recebimento e pagamentos tendem a 
estabilizar-se. 
 Não há imobilização excessiva de capital, nem ela é insuficiente para o 
volume necessário de produção e comercialização. 
 Não há falta de produtos prontos ou mercadorias no atendimento de 
vendas. 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 183 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
Para melhor compreensão, é apresentado na Figura 3 um diagrama ilustrando os 
sintomas, causas e consequências do desequilíbrio financeiro e as medidas de saneamento 
trazendo equilíbrio através de planejamento e controle do fluxo de caixa (ZDANOWICZ, 
2000): 
 
Figura 3. Causas e Consequências do Desequilíbrio Financeiro. 
6. MÉTODOS DE FLUXO DE CAIXA 
Para projetar o fluxo de caixa a empresa pode utilizar vários métodos, porém a projeção 
vai depender de vários fatores como o seu porte, sua atividade econômica, seu processo 
de comercialização e/ou produção, periodicidade com que efetuam os recebimentos e 
fazem os pagamentos e relevar dados de como são originadas as fontes de caixa: 
 Fontes internas – vendas a prazo, vendas a vista e vendas do ativo 
permanente. 
 Fontes externas – provenientes de instituições financeiras, impostos 
(governo), fornecedores etc. 
É apresentado na Tabela 1 um modelo de fluxo de caixa prospectivo 
(ZDANOWICZ, 2000): 
184 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
Tabela 1. Modelo de Fluxo de Caixa 1. 
Períodos jan. fev. … total 
Itens P R D P R D P R D P R D 
1. Ingressos 
Vendas à vista 
Cobranças em carteira 
Cobranças bancárias 
Desconto de duplicatas 
Vendas de itens do ativo permanente 
Aluguéis recebidos 
Aumento do capital social 
Receitas financeiras 
Outros 
Soma 
2. Desembolsos 
Compras à vista 
Fornecedores 
Salários 
Compras de itens do ativo permanente 
Energia elétrica 
Telefone 
Manutenção de máquinas 
Despesas administrativas 
Despesas com vendas 
Despesas tributárias 
Despesas financeiras 
Outros 
Soma 
3. Diferença do Período (1-2) 
4. Saldo Inicial de Caixa 
P = projetado; R = realizado; D = defasagem. 
7. PESQUISA EXPLORATÓRIA 
7.1. Relevância 
As informações aqui prestadas ilustram uma empresa, com mais de quinze anos no ramo 
de vendas e prestação de serviços na área automotiva, hoje enquadrada como EPP 
(Empresade Pequeno Porte). 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 185 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
Tais informações ilustram que produzir e vender não significa obter resultado 
satisfatório, é necessário que se tenha controle sobre pontos de extrema importância para 
condução e desenvolvimento da empresas, desta forma trabalhar questões relevantes, 
como: 
 Má gestão baseada em Administração empírica. 
 Falta de controle com custos de produção e despesas. 
 Baixa rentabilidade. 
 Ampliação da concorrência. 
 Descontinuidade da empresa etc. 
7.2. Coleta de Dados 
São apresentados os dados sobre os faturamentos mensais dos últimos dez anos e 
projetado o gráfico de seus valores. Levantado a movimentação de todos os recebimentos 
e pagamentos efetuados pela empresa nos meses de janeiro a setembro do ano vigente, 
montado o fluxo de caixa com as movimentações do mesmo período e traçado alguns 
gráficos para efeito analítico da situação da empresa. 
Tabela 2. Faturamento mensal dos últimos. 
Comparativo Anual de Faturamento 
 jan. fev. mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. 
2000 12.923,27 23.325,94 17.776,01 23.643,33 27.342,11 27.987,43 11.983,00 9.493,90 16.220,40 23.653,07 13.666,25 17.165,60 
2001 18.887,10 14.739,51 21.480,98 20.954,90 30.542,40 22.895,19 17.536,75 28.683,92 20.201,30 29.174,24 13.646,16 17.946,01 
2002 25.469,48 20.660,30 25.354,00 28.414,12 22.872,10 18.608,97 29.501,99 17.529,65 29.408,54 42.382,90 25.036,75 28.917,51 
2003 28.671,50 30.120,73 34.033,20 23.662,40 27.558,52 37.483,65 26.412,37 26.681,57 26.031,41 46.269,32 25.905,11 23.373,35 
2004 26.147,10 33.369,50 34.508,69 23.724,03 27.555,90 34.657,44 21.973,30 29.593,83 41.464,00 40.100,88 28.398,87 34.808,77 
2005 43.318,70 44.499,04 72.921,15 57.286,35 60.174,96 73.552,47 74.472,71 57.372,45 48.967,01 46.116,43 45.688,83 25.975,14 
2006 61.180,89 37.962,85 61.789,00 53.765,34 42.694,45 46.993,80 61.157,76 54.948,29 19.675,20 50.702,50 39.771,56 22.913,51 
2007 40.489,80 57.774,90 38.911,35 35.558,00 57.419,78 37.743,22 48.753,90 48.313,00 48.285,50 53.418,70 43.575,60 33.055,50 
2008 58.710,50 42.503,10 44.425,25 56.030,25 76.254,20 50.855,00 45.464,68 87.111,00 55.576,50 53.557,78 44.157,70 75.633,01 
2009 55.006,00 60.232,60 81.339,00 85.983,19 63.464,76 86.712,93 50.657,40 94.393,50 92.318,50 
186 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
 
Obs.: Faturamento dos meses de outubro, novembro e dezembro não computado até a data de submissão. 
Figura 4. Gráfico Comparativo do Faturamento Mensal do ano de 2008 e 2009. 
 
Figura 5. Gráfico comparativo do faturamento anual dos últimos dez anos. 
As figuras 5 e 6 apresentam informações sobre o faturamento e a evolução 
financeira obtida pela empresa nos últimos dez anos e seu crescimento médio porcentual. 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 187 
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Tabela 3. Fluxo de Caixa Realizado. 
 
Todos os ingressos e desembolsos de caixa realizados até o mês de setembro do 
ano de 2009. 
Através dos dados informados no Fluxo de Caixa (Tabela 3) é possível verificar 
as entradas, saídas e resultados de caixa, bem como trabalhar as informações para saber 
quais contas oneram mais a empresa e/ou em que período do ano se torna mais 
significativas, considerando as oscilações do faturamento. 
O fluxo de caixa permite ainda, que se estimem os valores das entradas e saídas 
para períodos futuros e com isso o gestor possa utilizá-lo fazendo provisões, minimizando 
a margem de erro nas tomadas de decisões. 
Empresas comerciais e prestadoras de serviços tendem a ter um giro rápido de 
caixa, o que dificulta o processo de planejamento de longo prazo, gerando desconfortos 
financeiros e levando empresas a encerrarem suas atividades quando desatentas a essas 
particularidades. 
188 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
 
Figura 6. Gráfico Comparativo da Movimentação Financeira. 
Diante do gráfico apresentado na Figura 6 é possível visualizar de forma clara a 
relação existente entre faturamento, ingresso de caixa, desembolso de caixa e resultado de 
caixa e entender que faturamento não expressa resultado, sendo necessário um controle 
rigoroso dos ingressos e desembolsos, o quanto se imobiliza de estoque, os prazos e 
margens praticadas pela empresa, diminuindo desta forma as oscilações dos resultados 
mensais. 
8. CONCLUSÃO 
O acompanhamento do faturamento, movimentações de entradas e saídas de caixa, 
relatórios, gráficos comparativos, são ferramentas que permitem ao gestor, seja ele 
administrador ou não uma interferência rápida nas situações do cotidiano da empresa, 
norteando-a através de decisões o futuro em que se almeja chegar. 
Os dados levantados através do estudo de caso apresentado, permitem uma clara 
interpretação e conclusão do quão complexo é manter uma empresa gerando resultados 
positivos, quando se tem uma variação no faturamento mensal na ordem de mais de 20%, 
como demonstra o gráfico comparativo no decorrer do ano vigente. 
Esta variação brusca no faturamento pode acarretar problemas com 
conseqüências danosas e até vital para a sobrevivência da empresa caso, o controle 
existente não permita uma intervenção rápida e precisa, seja para cortar gastos, captar 
 Marcos Allan Gonçalves, Idelmo Sanderson Conti 189 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
recursos, aplicar os recursos captados e/ou recursos disponíveis, buscando o equilíbrio 
das contas. 
A maturidade administrativa, principalmente no quesito controle financeiro, é 
fator predominante na seleção das empresas que entram e conseguem se manter no 
mercado, das empresas que saem do mercado e simplesmente deixam de existir logo nos 
primeiros anos de vida, contribuindo de forma triste para o aumento das estatísticas. 
Situações como esta ocorrem com freqüência nas mais variadas empresas, 
independentemente de seu seguimento de atuação ou porte, pois a movimentação 
financeira é igual para todas e o controle também, sendo assim o fluxo de caixa realizado 
e o prospectivo são as ferramentas que permitem análise e correção presente e futura para 
produção de resultado. 
A importância deste tema e deste trabalho se dá de forma clara quando se 
demonstra por meios de números e gráficos a complexidade na administração e condução 
de uma empresa e em contrapartida em termos financeiros como o fluxo de caixa 
simplifica e clareia a visão que se adquire de forma macro e de forma micro ao mesmo 
tempo. 
REFERÊNCIAS 
DAMODARAN, Aswath. Finanças corporativas teoria e prática. 2.ed. São Paulo: Bookman, 2004. 
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra, 1997. 
IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade 
das sociedades por ações. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
MARQUES, Adriano Ventura. Planejamento controle financeiro nas micro e pequenas empresas, 
visando à continuidade e à sustentabilidade. 2008. Dissertação (Mestrado em Gestão de 
Negócios) – Universidade Católica de Santos- Unisantos, Santos. 
ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph W.; JAFFE, Jeffrey F. Administração financeira. 
2.ed. (7. reimpressão). São Paulo: Atlas, 2007. 
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle financeiro. 
8.ed. Porto Alegre: Editora Sagra Luzzato, 2000. 
ULRICH, Sigolf. Um estudo de modelo de controle de fluxo de caixa para micro e pequenas 
empresas. 2005. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis, Área de Concentração em 
Controladoria) – Universidade Regional de Blumenau,Blumenau. 
SPADIN, Carlos Eduardo. A importância da demonstração dos fluxos de caixa enquanto 
instrumento gerencial para a tomada de decisão. Revista de Ciências Gerenciais, Valinhos, SP, 
v.12, n.14, p. 167-177, 2008. 
Marcos Allan Gonçalves 
Graduação em Matemática (São José do Rio Preto) 
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (1998) e mestrado em Física pela 
190 Fluxo de caixa: ferramenta estratégica e base de apoio ao processo decisório nas micro e pequenas empresas 
Revista de Ciências Gerenciais Vol. 15, Nº. 21, Ano 2011 p. 173-190 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho (2001). Atualmente é professor III - Colégio 
Dr. Alfredo José Balbi e professor adjunto da 
Faculdade Anhanguera de Taubaté. Tem 
experiência na área de Astronomia, com ênfase em 
Astronomia de Posição e Mecânica Celeste, 
Implementações Numéricas, Consultoria e Gestão 
às Pequenas e Micro-Empresas, atuando 
principalmente em planejamento financeiro e 
mercado de capitais, consultoria e pericias 
financeiras. 
Idelmo Sanderson Conti 
Administrador de Empresas.

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