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EaD • UFMS 191Membranas Celulares LICENCIATURA B I O L O G I A Unidade 14 INTEGRAÇÃO E REGULAÇÃO METABÓLICA BIOQUÍMICA EaD • UFMS 193Integração e Regulação Metabólica Unidade 14 INTEGRAÇÃO E REGULAÇÃO METABÓLICA 14.1 Introdução Denomina-se metabolismo ao conjunto de reações químicas que ocorrem nas células, e que lhe permitem manter-se viva, crescer e dividir-se. Classicamente, divide-se o metabolismo em: Catabolismo - obtenção de energia e poder redutor a partir dos nutrientes. Anabolismo - produção de novos componentes celulares, em processos que geralmente utilizam a energia e o poder redutor obtidos pelo catabolismo de nutrientes. Existe uma grande variedade de vias metabólicas. Em huma- nos, as vias metabólicas mais importantes são: • glicólise - oxidação da glucose a fim de obter ATP • ciclo de Krebs - oxidação do acetil-CoA a fim de obter energia • fosforilação oxidativa - eliminação dos elétrons libertados na oxidação da glucose e do acetil-CoA. Grande parte da energia libertada neste processo pode ser armazenada na célula sob a forma de ATP. • vias das pentoses-fosfato - síntese de pentoses e obtenção de poder redutor para reações anabólicas. • Ciclo da uréia - eliminação de NH4+ sob formas menos tóxicas • -oxidação dos ácidos graxos - transformação de ácidos gor- dos em acetil-CoA, para posterior utilização pelo ciclo de Krebs. • gluconeogênese - síntese de glucose a partir de moléculas mais pequenas, para posterior utilização pelo cérebro. Regulação da Glicólise O fluxo metabólico através da glicólise é regulado em três pontos: • hexocinase: é inibida pelo próprio produto, glucose-6-P • fosfofrutocinase: inibida por ATP e por citrato (que sinaliza a abundância de intermediários do ciclo de Krebs). É tam- bém inibido por H+, o que é importante em situações de 14.2 Regulação das Vias Metabólicas EaD • UFMS194 BIOQUÍMICA anaerobiose (o fermentação produz ácido láctico, que faz bai- xar o pH). Provavelmente este mecanismo impede que nes- tas situações a célula esgote toda a sua reserva de ATP na rea- ção da fosfofrutocinase, o que impediria a ativação da glucose pela hexocinase. É estimulada pelo substrato (frutose-6- fosfato), AMP e ADP (que sinalizam falta de energia disponí- vel), etc. • piruvato cinase: inibida por ATP e por acetil-CoA Regulação da Gluconeogênese O fluxo é regulado nas reacções características da gluconeo- génese. Assim a piruvato carboxilase é activada por acetil-CoA, que sinaliza a abundância de intermediários do ciclo de Krebs, i.e., di- minuição da necessidade de glucose. Regulação do Ciclo de Krebs O ciclo de Krebs é controlado fundamentalmente pela disponi- bilidade de substratos, inibição pelos produtos e por outros inter- mediários do ciclo. Figura 1 - As diversas vias metabólicas relacionam-se entre si de forma complexa, de forma a permitir uma regulação adequada. Este relacionamento envolve a regulação enzimática de cada uma das vias, o perfil metabólico característico de cada órgão e controle hormonal. EaD • UFMS 195Integração e Regulação Metabólica • piruvato desidrogenase: é inibida pelos próprios produtos, acetil-CoA e NADH • citrato sintase: é inibida pelo próprio produto, citrato. Tam- bém inibida por NADH e sucinil-CoA (sinalizam a abundância de intermediários do ciclo de Krebs). • isocitrato desidrogenase e a-cetoglutarato desidrogenase: tal como a citrato sintase, são inibidas por NADH e sucinil- CoA. A isocitrato desidrogenase também é inibida por ATP, e estimulada por ADP.Todas as desidrogenases mencionadas são estimuladas pelo ião cálcio. Regulação do Ciclo da ureia A atividade da carbamoil-fosfato sintetase é estimulada por N- acetilglutamato, que assinala a abundância de azoto no organis- mo. Regulação do metabolismo do glicogênio O fígado possui uma hexocinase com pouca afinidade para a glucose e que não é inibida por glucose-6-P. Portanto, a glucose só é fosforilada no fígado quando existe no sangue em concen- trações muito elevadas (i.e. depois das refeições). Assim, quan- do a concentração de glucose no sangue é baixa o fígado não compete com os outros tecidos, e quando os níveis de glucose são elevados o excesso de glucose é convertido pelo fígado em glicogénio. Regulação do Metabolismo dos ácidos graxos A entrada dos acil-CoA na mitocôndria é um factor crucial na regulação. O malonil-CoA, que se encontra presente no citoplasma em grande quantidade em situações de abundância de combustíveis metabólicos, inibe a carnitina aciltransferase impedindo que os acil-CoA entrem na mitocôndria para serem degradados. Além disso, a 3-hidroxiacil-CoA desidrogenase é inibida por NADH e a tiolase é inibida por acetil-CoA, o que diminui a degradação de ácidos gordos quando a célula tem energia em abundância. Regulação da Via das pentoses-fosfato O fluxo metabólico na via das pentoses-fosfato é determinado pela velocidade da reação da glucose-6-fosfato-desidrogenase, que é controlada pela disponibilidade de NADP+. EaD • UFMS196 BIOQUÍMICA Cérebro Utiliza normalmente apenas glucose como fonte de energia. Armazena muito pouco glicogénio, pelo que necessita de um for- necimento constante de glucose. Em jejuns prolongados, adapta- se à utilização de corpos cetônicos. É sempre incapaz de utilizar ácidos gordos. Fígado Uma das suas principais funções é manter o nível de glucose no sangue, através da gluconeogênese e da síntese e degradação do glicogênio. Realiza a síntese de corpos cetônicos em situações de abundância de acetil-CoA. Responsável pela síntese da ureia. Tecido adiposo Sintetiza ácidos graxos e armazena-os sob a forma de triacil- gliceróis. Por ação do glucagon, hidroliza triacilgliceróis em glicerol e ácidos graxos, que liberta para a corrente sanguínea em lipo- proteínas. Músculo Utiliza glucose, ácidos gordos, corpos cetónicos e aminoácidos como fonte de energia. Possui uma reserva de creatina fosfatada, um composto capaz de fosforilar ADP em ATP e assim produzir energia sem gasto de glucose. A quantidade de creatina presente no músculo é suficiente para cerca de 3-4 s de actividade. Após este período, realiza a glicólise, primeiro em condições anaeróbicas (por ser bastante mais rápida do que o ciclo de Krebs) e posterior- mente (quando o aumento da acidez do meio diminui a actividade da fosfofrutocinase e o ritmo da glicólise) em condições aeróbicas. Rim Pode realizar a gluconeogénese e libertar glucose para a corren- te sanguínea. Responsável pela excreção de electrólitos, ureia, etc. A síntese de ureia, que ocorre no fígado, usa HCO3-, o que contri- bui para a descida do pH sanguíneo. Situações de acidose metabó- lica poderão, portanto ser agravadas pela ação do ciclo da ureia. Nestas circunstâncias, o azoto é eliminado pela ação conjunta do fígado e do rim: o excesso de azoto é primeiro incorporado em glutamina pela glutamina sintase. A glutaminase renal cliva então a glutamina em glutamato e NH3, que excreta imediatamente. Este 14.3 Perfis Metabólicos dos Órgãos mais Importantes EaD • UFMS 197Integração e Regulação Metabólica processo permite a excreção de azoto sem eliminar o anião bicar- bonato. É efetuado principalmente por duas hormonas sintetizadas pelo pâncreas: a insulina e o glucagon. A insulina é libertada pelo pâncreas quando a concentração de glucose no sangue é elevada, i.e., sinaliza a abundância de glucose. A insulina esti- mula a entrada de glucose no músculo, a síntese de glicogênio e a síntese de triacilgliceridos pelo tecido adiposo. Inibe a degra- dação do glicogênio e a gluconeogênese. O glucagon é produzi- do pelo pâncreas quando os níveis de glucose no sangue bai- xam muito, e tem efeitos contrários aos da insulina. No fígado, o glucagon vai estimular a degradação do glicogênio e a absor- ção de aminoácidos gluconeogênicos. Vai também inibir a sín- tese do glicogênio e promover a libertação de ácidos gordos (em nível do tecido adiposo). 14.5 Controle Hormonal
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