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DISTURBIOS ÁCIDO-BASE O metabolismo celular produz ácidos, que são liberados continuamente na corrente sanguínea. O organismo neutraliza esses ácidos para prevenir mudanças agudas na [H+] e preservar a função celular. O processo de regulação ácido-base envolve sistemas tampão extra (HCO3 e plasma) e intra (osso, hemoglobina) celulares e sistemas de compensação pelo rim e pulmão. Acidose (pH<7,34) e alcalose (pH>7,44) são modificações do pH sanguíneo decorrentes do aumento ou da diminuição da concentração sanguínea de íons H+. pH 7,35 – 7,45 pO2 80 – 100 mmHg pCO2 35 – 45 mmHg HCO3 22 – 26 mEq/l BE -2 a +2 mEq/l Saturação O2 93,5 – 98,1% Graves alterações do equilíbrio ácido-básico são potencialmente críticas, algumas manifestações clínicas podem incluir edema cerebral, fraturas, decréscimo da contratilidade miocárdica, vasoconstrição pulmonar e vasodilatação sistêmica. MECANISMOS COMPENSATÓRIOS O metabolismo de gorduras e carboidratos origina CO e H2O. Ao observar a reação de Hasselbalch, percebe-se que se o CO não fosse eliminado, a reação se dirigiria no sentido de produção do ácido carbônico (H2CO3), que se dissociaria e aumentaria a quantidade de hidrogênio no organismo, resultando em acidose. CO2 + H2O ↔ H2CO3 ↔ H+ + HCO3 - Sistema tampão: é a primeira linha de defesa para as variações de pH. Substâncias (H2CO3, ossos, hemoglobina etc.) doam ou recebem íons H+ minimizando alterações do pH. OBS.: Propriedade de reserva de H+: é a propriedade que os ácidos e as bases fracas possuem, o consumo de H+ mobiliza a reserva e doa H+ de volta a solução. Sua função está em fornecer resistência a variação de pH. - Componente pulmonar: segundo mecanismo acionado. Regula a [CO2] sanguíneo através da eliminação (alcalose) ou retenção (acidose). - Componente renal: terceiro mecanismo acionado. Excretam urina ácida ou básica, por meio do mecanismo de reabsorção de bicarbonato filtrado e regeneração do bicarbonato através da excreção de H+ (tampão e amônio). DIAGNÓSTICO Alterações primárias: 1 – Acidose metabólica: ↓HCO3 ou ↑H+ - Retenção de ácidos: excesso de ácido lático; cetoacidose (deficiência de insulina e excesso de glucagon) - Perda de HCO3: pela urina e fezes (diarreia) - Efeitos colaterais: sobrecarga respiratória; alterações neurológicas; hiperpotassemia; oligúria; resistência à insulina. 2 – Alcalose metabólica: ↑HCO3 ou ↓H+ - Perda de ácidos: vômitos; diuréticos de alça ou tiazídicos. - Adição de HCO3: uso de antiácidos ou infusão de HCO3. OBS.: o potássio interfere na secreção de H+. Situações de depleção de K+ ocorre um aumento de [H+] intracelular, com aumento de sua secreção e reabsorção de HCO3. - Efeitos colaterais: hipocalcemia; hipopotassemia; arritmias; hipóxia tecidual. 3 – Acidose respiratória: ↑pCO2 - Retenção de CO2 (↓FR): DPOC, lesão SNC, depressão do Cresp. 4 – Alcalose respiratória: ↓pCO2 - Perda de CO2 (↑FR): emoção, febre. A resposta compensatória tende a manter o pH o mais próximo do normal. Distúrbios respiratórios ↔ distúrbios metabólicos. Há situações que duas ou mais anormalidades estão presentes, caracterizando os distúrbios mistos. ENZIMAS = CATALISADORES BIOLÓGICOS As enzimas são substâncias do grupo das proteínas e atuam como catalisadores de reações químicas, acelerando a velocidade. Atuam em baixas concentrações por não ser degradada, podendo ser utilizada por mais de um substrato ao mesmo tempo. Especificidade enzimática: cada enzima é específica de seu substrato. Estão sempre em maior [ ] no meio intracelular, ou seja, estão compartimentalizadas, a dosagem de enzimas na corrente sanguínea indica ruptura e o grau da parede célula, funcionando como marcadores de doenças. Muitas enzimas possuem, além da porção proteica e uma porção não-proteica. A parte proteica é a apoenzima e a não proteica é o cofator. Quando o cofator é uma molécula orgânica, é chamado de coenzima. A parte não proteica auxilia a interação ES. - Cofator: íons (Mg, Ca) - Coenzima: derivados de vit (B1 – ciclo de Krebs; B12 – metab de lipídeos) Apoenzima + coenzima/cofator = holoenzima. A holoenzima que irá se ligar ao substrato. O modelo “chave-fechadura” não é mais utilizado, pois a enzima não é complementar ao substrato. Ela, na verdade, é complementar ao estado de transição, ou seja, a enzima se ajusta ao substrato e o substrato se ajusta a enzima. Esse modelo é chamado de “ajuste induzido”, ocorre através de cargas entre o substrato e as enzimas, as interações entre eles são fracas, podendo ser dipolo-dipolo, pontes de H e ligações dissulfeto.Nesse modelo, a enzima só precisa ser totalmente complementar ao seu substrato no estado de transição. As enzimas diminuem a entropia (desordem). E + S → ES → P + E ES – é o complexo estável, formado pelo máximo interações ES, ligações fracas (romper fácil), que serão rompidas na fase de platô. Com a função de reduzir o tempo e aumentar a velocidade de reação. GRAU DE SATURAÇÃO - Km Está relacionada a afinidade E + S, que interfere na velocidade. ↑Km ↓afinidade ↓Km ↑afinidade FATORES QUE INFLUENCIAM NA ATIVIDADE ENZIMÁTICA As enzimas atuam em condições ideais de: - [ ] do substrato e [ ] da enzima - pH e temperatura - presença de ativadores: cofator e coenzima, grupo prostético, metálicos. - presença de inibidores INIBIDORES ENZIMÁTICOS São fármacos criados para diminuir a atividade enzimática de algum componente que esteja ocasionando dano. Pode ser reversível ou irreversível. - Inibidor Reversível Competitivo: inibidor e enzima competem entre si, pois o inibidor é semelhante ao substrato e se liga ao mesmo sítio ativo da enzima. Seu efeito pode ser minimizado com a adição de substrato. Essa é a maneira que a maioria dos medicamentos atuam. - Inibidor Reversível Não Competitivo: inibidor e enzima não competem pelo mesmo sítio. O inibidor não permite o encaixe total da enzima. Para reverter é necessário fazer hemodiálise. - Inibidor Reversível Incompetitivo: o inibidor só está ligado a enzima no estado de transição e em sítios diferentes. - Inibidor Irreversíveis: quando o inibidor se liga ao substrato e destrói (modificação covalente definitiva) o sítio de ligação com a enzima. Ex.: medicamentos retrovirais. CLASSIFICAÇÃO Conforme a cinética de reação - Michaelianas: possuem um sítio ativo. - Não – michaelianas ou Alostéricas: possuem mais de um sítio ativo. ENZIMAS ALOSTÉRICAS ou MODULAÇÃO ALOSTÉRICA = REGULAÇÃO Essas enzimas controlam o metabolismo, ou seja, são as enzimas reguladoras, funcionando de acordo com a necessidade do organismo, com a sinalização de moléculas, hormônios ou neurotransmissores. A modulação alostérica ocorre nas enzimas que possuem um SÍTIO DE MODULAÇÃO ou SÍTIO ALOSTÉRICO, onde se liga de forma não covalente (lig fraca) podendo ser positivo (aumenta a afinidade ES) ou negativo (diminuindo a afinidade ES). Sua atividade é condicionada pela ligação reversível a esses moduladores. Um modelo muito comum de regulação alostérica é a inibição por “feedback” (retroalimentação). ↑Km ↓afinidade = modulador negativo ↓Km ↑afinidade = modulador positivo Só pode ser chamado de “feedback” quando o produto final de uma via enzimática regula a primeira enzima desta mesma via enzimática. CLASSIFICAÇÃ DAS ENZIMAS - Oxirredutases: transferência de elétrons. Ex.: desidrogenases, desnaturases, oxidases, oxigenases, redutases e transferência de grupos. - Transferases: transferência de grupos. Ex.: quinases, algumas mutases, fosforilases, polimerases, transaldolases, transcetolases e transaminases. - Isomerases: transferência de grupos dentro da molécula produzindo isómeros. Ex.: epimerases, algumas mutases e racemases.- Ligases: formação de ligações C – C/S/O/N por condensação com gasto de energia do ATP. Ex.: carboxilases e sintetases. RELAÇÃO ENZIMA – DOENÇA Doenças surgem por falhar ou erros nessas regulações, as enzimas alostéricas são os pontos principais. Ex.: fosfofrutoquinase – via glicolítica Deficiência na piruvatoquinase (metab carboidratos) gera anemia hemolítica. A dosagem de enzimas na corrente sanguínea indica a ruptura e o grau da parede célula, podendo ser utilizadas como reagentes altamente específicos e sensíveis em reações colorimétricas quantitativas ELIZA – ensaio imunoenzimático Aplicações: Reagentes altamente específicos; Indicadores de lesão tecidual Distribuição órgão específico, permite a localização especifica da lesão. Ex: CK – BB: cérebro; CK – MB: miocárdio; CK – MM: m esquelético OBS.: AST e ALT são pedidas juntas, ↑AST = lesão muscular OBS.: LDH não é específica para o infarto OBS.: Após 24h do infarto o paciente apresenta CPK 6x maior OBS.: Troponina se rapidamente eleva e permanece OBS.: ALT é a antiga TGP (hepática) AST é a antiga TGO (hepática, m esquelética e INFARTO) ENZIMA FONTE DIAGNÓSTICO AST Coração, m esq, cérebro e fígado Infarto ALT Fígado Hepatite (ALT>AST) CPK M esq, coração e cérebro Infarto LDH Coração e fígado Hepatite e infarto Fosfatas e alcalina osteoblastos Osteopatias; tumores ósseos Fosfatas e ácida Próstata CA próstata METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS - Carboidratos são biomoléculas relacionadas ao fornecimento de energia. - São derivados de polihidroxilados de aldeído ou cetona - Comp. orgânicos: C, H, O - Cn(H2O)n - Função: - Fonte e armazenamento de energia - Estrutura de RNA e DNA - CLASSIFICAÇÃO: Monossacarídeo (açúcar redutor) Triose, tetrose, Pentose (D-Ribose, D-Xilose e D-Lixose) Hexose (D-frutose, D-glicose, D-galactose, D- manose) Papel essencial à vida, por exemplo, a ribose está inserida na molécula de RNA; a desoxirribose na molécula de DNA; glicose é a principal fonte de energia para nossas células; frutose, encontrada nas frutas, também é fonte de energia, entre outros. A glicose é o monossacarídeo mais conhecido entre nós, sendo a principal fonte de energia para seres anaeróbios e aeróbios. Os mono podem ser oxidados por agentes oxidantes suaves, como íon Fe3+ ou Cu2+. Propriedade para a reação de Fehling (açúcar redutor) exame para estimar o teor de açúcar. ➢ Carbono anomérico: possui hidroxila (OH) livre. A hidroxila para baixo α, para cima β. ➢ lig glicosídica: condensação entre 2 mono, liberando H20 • lig α (1-4) – amido (linear) • lig α (1-6) – glicogênio (ramificado) • lig β (1-4) – celulose (linear) α e β: configuração do C anomérico que une a primeira unidade de mono (a esquerda) com a segunda. α é quando o OH tá do lado contrário ao C6, mesmo lado é β. Isso tem implicância em o organismo ter ou não a capacidade de digeri. β não é digerido. 1-4 ou 1-6: indica o C da lig. C1 da primeira com C4 do segundo. - EXTREMIDADE NÃO REDUTORA: é a que não sofre oxidação, possui C1 ou C4, ela que adiciona ou retira a glicose. - EXTREMIDADE REDUTORA: é a que sofre oxidação, possui C6. Dissacarídeo Maltose: gli + gli Lactose: gli + galactose *lactase: enzima responsável pela hidrolise da lactose. Sua ausência = intolerância a lactose. Sacarose: gli + frutose Polissacarídeo (= glicanos) - homo: amido e glicogênio - hetero: proteoglicaas Ex.: hiarulonato = fluidos sinoviais nas articulações. Condroitina-4-sulfato = cartilagens, tendões, ligamentos e paredes da aorta Queratina sulfato = córneas, ossos, cabelos Heparina = anticoagulante PRINCIPAIS ENZIMAS DIGESTÓRIAS DE CARBOIDRATOS - Amilase salivar: gl salivar, poli - di - Amilase pancreática: do pâncreas para o fígado, poli - di - Maltase: int delgado, conversão de maltose em 2 gli - Lactase: int delgado, lactose = gli + galactose QUESTÕES 1 – O que são açucares redutores? É qualquer açúcar que, em solução básica, apresenta um grupo carbonílico (aldeído ou cetona) livre. Ou seja, tem OH do carbono anomérico livre, disponível para a oxidação. Ex.: galactose, glicose e frutose https://www.infoescola.com/bioquimica/glicose/ https://www.infoescola.com/biologia/rna/ https://www.infoescola.com/biologia/dna/ https://www.infoescola.com/bioquimica/frutose/ 2 – O que é açúcar invertido? A hidrolise da sacarose produz glicose + frutose. Quando esta reação ocorre com a adição de um ácido, surge uma espécie de xarope que foi batizado de açúcar invertido. É a inversão de D para L (dextrogiro para levogiro - enatiômeros), deixando a frutose mais doce. OBS.: nosso metabolismo só digere D 3 – Nenhum animal é capaz de diferir a celulose. V ou F? Justifique. Falso. Os animais que conseguem digerir são com auxílio de microrganismos (bactérias). 4 – Explique como os carboidratos podem influenciar nas transfusões sanguíneas. Os grupos sanguíneos são definidos por antígenos espécie-específicos presentes na superfície dos eritrócitos. A maior parte dos antígenos é um componente integral de membrana composto por carboidratos complexos associados a proteínas ou lipídeos inseridos na membrana eritrocitária, sendo denominados de glicoproteínas ou glicolipídeos. Os grupos do sistema ABO diferem por possuírem na membrana dos eritrócitos a glicoproteína chamada de glicoforina, constituindo açucares distintos dependendo da posição. 5 – Como os polissacarídeos poder ser classificados? Cite exemplos e funções. Estruturais: encontrados na parede celular de alguns seres vivos, sendo responsável pelo seu formato e estrutura. Ex.: celulose Energéticos: funcionam como reserva de energia, podendo servir de alimento. Ex.: Amido e glicogênio. CATABOLISMO AERÓBICO E ANAERÓBICO - Anabolismo (construtivo): processo que constrói moléculas complexas a partir de moléculas simples, consumindo energia para isso. Ex.: AA – proteínas; Monossacarídeo – polissacarídeo; bases N – Ac nucléicos; Lipídeo – ac graxos. Produtos oxidados: NAD+2, ADP + HPO4, NADP+, FAD - Catabolismo (destrutivo): reações envolvidas na degradação ou quebra de moléculas complexas em moléculas menores, fornecendo energia. Aeróbico X Anaeróbico (produz ac láctico e pouca energia) Ex.: proteínas, carboidratos e lipídeos – CO2, H20 e NH3. O que há nessas reações é a transferência de elétrons. - Ana → Cat: produtos oxidados: NAD+2, ADP + HPO4, NADP+, FAD - Cat → Ana: Produtos reduzidos: NADH, ATP, NADPH, FAH2 FONTES DE CLIGOSE - Glicogênio: gli armazenada no fígado - Dieta: degradação dos alimentos A reserva da GLISOSE: GLICOGÊNIO Músculo, Fígado e Rim Ligações do tipo α(1-4 e 1-6) A degradação do glicogênio se dá por meio de enzimas desramificadoras, que a tornam linear; do glicogênio fosforilase, que transforma a glicose em gli-1-P; e a fosfoglicomutase, que transforma a gli-1-P em gli-6-P. OBS.: gli-6-P não existe nos mm. Destinos da Glicose Armazenamento: glicogênio Via das pentoses fosfato: ribose-5-fosfato Glicólise: piruvato (catabolismo) FORMAÇÃO: GLICOGÊNESE (estado alimentado) DEGRADAÇÃO: GLICOGENOLISE (jejum) ESTADO ALIMENTADO Os nutrientes presentes na refeição estimulam a liberação de insulina e suprimem a secreção de glucagon, afetando o metabolismo do fígado, tecido adiposo e músculos. A utilização da glicose pelo cérebro permanece inalterada. Ocorre um aumento na captação de glicose nos tecidos dependentes de insulina, principalmente m. esquelético. A oxidação da glicose e a síntese de glicogênio são estimuladas e a oxidação de lipídeos é inibida. A glicose captada pelo fígado é fosforilada pela glicoquinase, originando glicose-6-fosfato. O excessode glicose é dirigido para a via dos fosfatos de pentose, gerando NADPH + H+, utilizado em várias reações biosintéticas que requerem reduções, como a síntese de ácidos graxos e glicerol. No FÍGADO, a glicose é captada pelo transportador GLUT-2 e é canalizado para a glicólise e para a glicogênese. A glicólise fornece acetil-coA, que é um substrato para a síntese de ac graxos, os quais são esterificados e formam trigliceroes pelo processo de lipogênese. Os trigliceroes são empacotados em VLDL, LDL e HDL e transportados para os tecidos periféricos. No MÚSCULO, a síntese de glicogênio, a captação de AA e a síntese de proteínas são estimuladas. No TEC ADIPOSO, os ac graxos são organizados em trigliceroes e armazenados. ESTADO DE JEJUM (pós-absortivo) No FÍGADO, o metabolismo deixa de utilizar a glicose e passa a produzi-la, gliconeogênese estimulada pelo glucagon. O glucagon também estimula a glicogenólise e inibe a glicólise. Os substratos para a gliconeogênese são a alanina, o lactato e o glicerol. A alanina e o lactato são transportados do musculo para o fígado. A captação de glicose pelos músculos e tec adiposo diminui. A degeneração de trigliceróis (lipólise) e a subsequente oxidação dos ac graxos são estimuladas, fornecendo energia. Termos importantes: Glicólise: quebra (oxidação) da glicose Gliconeogênese: síntese da glicose Glicogenólise: quebra do glicogênio. Glicogênese: síntese de glicogênio Lipogênese: síntese de gordura. Lipólise: quebra de gordura (triglicerídeos) Β-oxidação: quebra de ácidos graxos Cetogênese: formação de corpos cetonicos. PRINCIPAIS ENZIMAS DA GLICOLISE reações irreversíveis 1ª etapa: (quicase ou cinase adiciona grupo fosfato prendendo a glicose dentro da cél) Hexoquinase (todas as cel. Altas afinidade por gli) Glicoquinase (apenas no fígado e pâncreas. Baixa afinidade por gli) 2ª etapa: fosfofrutoquinase 1 ou PFK1: enzima reguladora do metabolismo, regula a velocidade de uso da glicose. 10ª etapa: Piruvatoquinase última regulação, mensura o saldo de ATP GLICÓLISE OU VIA GLICOLÍTICA É a quebra da glicose no citosol de todas as células, sendo a via central de catabolismo de carboidratos. É o primeiro estágio do metabolismo, e consiste em um processo anaeróbico com saldo positivo de 2 ATP e 2 piruvatos. O piruvato, na ausência de oxigênio, convertido em lactato para a fermentação láctica. Na presença de oxigênio, o piruvato é convertido em Acetil-coA, entra no ciclo de Krebs e segue para a cadeia transportadora de elétrons. FUNÇÃO: gerar ATP (rápido); gerar intermediários para a síntese; regenerar NADH. DESTINOS: via glicolítica; síntese do glicogênio e síntese de lipídeos. Principais reações: Enzimas alostéricas: sofrem modulação ou regulação positivo ou negativo. As quatro reguladoras da via glicolítica são: Fosforilase do glicogênio (ativada com baixos níveis de glicose) Hexoquinase (feedback) Fosfofrutoquinase (regula vel) Piruvatoquinase ► saber a ordem cronológica delas! ► a terminação cinase indica a transferência irreversível de um grupamento fosfato ♥ fosfofrutoquinase: é a mais importante, pois regula a velocidade de utilização da glicose, alternando a atividade das enzimas alostéricas ♥ Frutose: é metabolizada apenas no fígado. Aldose quebra frutose em frutose-1,6-bifosfato, a ausência dessa enzima não há síntese de ATP. Com o aumento da frutose, sem formar ATP, a bomba Na/K não funciona, causando retenção de Na e consequentemente um desequilíbrio osmótico e lesão hepática devido ao acúmulo de água e lise celular (hepatomegalia). ♥ Intolerância a lactose: a glicose fica presa no intestino, ocasionando fermentação. ♥ Galactosemia: é a incapacidade de metabolizar a galactose, devido a ausência da enzima. A galactose é um metabolito toxico para o fígado e rins. ♥ piruvato quinase: sua ausência causa anemia hemolítica. É o erro genético mais comum, não haverá saldo de ATP (2 usados + 2 gerados = saldo ZERO). O ATP usado pela hemácia madura (sem mitocôndria) vem apenas da via glicolítica, com o saldo é zero ocorre a desregulação da bomba Na/K. O sódio retido puxa a H2O, aumentando o volume, causando lise (hemólise) celular. Isso provoca anemia sempre eu houver consumo de carboidrato. A hemácia jovem, chamada de reticulócitos, possuem mitocôndrias, podendo gerar ATP por meio da fosforilação oxidativa. ♥ Linfoma: sequestra ATP da via glicolítica, mesmo processo da anemia hemolítica. FASES: ocorre em 10 etapas - FASE PREPARATORIA (5 primeiras): nessa fase há consumo de energia 1ª HEXOQUINASE - fosforilação da glicose, onde a gli é convertida em gli-6-fosfato, com gasto de ATP. Outras enzimas envolvidas: Fosfo-hexose-isomerase; fosfofrutoquinase-1; aldose; tiosefosfato-isomerase. - FASE DE PAGAMENTO (5 últimas): a molécula de glicose gera duas de gliceraldeído-6-fosfato, que são convertidos em piruvato, por meio da enzima piruvatoquinase FERMENTAÇÃO: para que a glicólise permaneça acontecendo no processo de anaerobiose o organismo realiza a fermentação láctica, na qual o piruvato é transformado em lactato pela enzima lactato desidrogenase com o objetivo de recapturar o NAD+ necessário para o processo. Principal via de fornecimento de energia para as hemácias maduras. CICLO DE KREBS – CATABOLISMO AERÓBICO: No clico de Krebs os piruvatos produzidos na degradação da glicose são transportados para dentro da mitocôndria e lá transformados em Acetil-coA, gerando CO2. No ciclo de Krebs é gerado mais ATP e outras moléculas transportadoras de elétrons (NADH e FADH2), sendo um processo de geração de energia de forma aeróbica, com produção de 32-34 ATP por glicose, muito mais vantajoso. A glicólise e a fermentação são importantes, pois nem sempre há O2 suficiente disponível, como em exercícios muito intensos e de curta duração. Já exercícios longos, o corpo tem mais O2 disponível, podendo realizar o processo aeróbico e captar mais energia na degradação glicolítica. FALHAS NA VIA GLICOLÍTICA - Diabetes Mellitus: é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue (hiperglicemia). O corpo obriga a degradação de lipídeos, produzindo corpos cetônicos (acidose). A formação dos corpos cetônicos se dá devido ao Acetil dos lipídeos não entrar no ciclo. Diabetes tipo I: é devido a destruição das células β pancreáticas, levando a deficiência de insulina. São indivíduos dependentes de insulina. Hormônio responsável pela entrada da glicose na célula para ser usada na atividade celular. Diabetes tipo II: são indivíduos resistentes a insulina. Nesse caso a produção de insulina está normal, mas não há o aproveitamento adequado pelo organismo. - Acidose lática: diminuição da glicólise aeróbica; aumento do lactato sanguíneo – acidose; exercício físico intenso, sepse, defic ventilação. - Infarto: falta de O2, glicólise anaeróbica; falta de glicose; acidificação, dor. - Tumor: mais vascularização; aumento [ ] das enzimas da via glicolítica; localização com glicose marcada. QUESTÕES 1. Qual é a importância do ATP para o metabolismo celular? Explique por que uma pessoa sedentária sente fortes dores musculares quando faz exercício físico exagerado. Quando a pessoa é sedentária há pouca oxigenação na musculatura, ao voltar a fazer atividade física acaba por sobrecarregar o musculo, toda a glicose consumida é degradada pela lactase, para o fornecimento de energia, o lactato produzido se acumula provocando caibras e dor. O excesso de lactase leva o indivíduo a desenvolver acidose lática. Quando há excesso de lactato o fígado percebe e começa a capturá-lo para converter em glicose, no processo chamado gliconeogênese.Essa glicose é fornecida para suprimir os músculos. Com o tempo a estimulação do oxigênio, a partir das mitocôndrias, o piruvato passa a ser convertido em Acetil-coA. Indo para o ciclo de Krebs e para a cadeia transportadora de elétrons. 2. Por que as reações celulares de obtenção de energia ocorrem de maneira gradativa? Porque a via enzimática ocorre em série e em sequência. 3. Quais são os possíveis destinos do piruvato formado a partir da glicose? Anaeróbicas e aeróbica. O piruvato, na ausência de oxigênio, convertido em lactato para a fermentação láctica. Na presença de oxigênio, o piruvato é convertido em Acetil-coA, entra no ciclo de Krebs e segue para a cadeia transportadora de elétrons. 4. Qual das enzimas da via glicolítica é a mais importante? Explique. Fosfofrutoquinase por ser a enzima responsável por regular a velocidade de uso da glicose. 5. Quais as enzimas que sofrem regulação na via glicolítica? Regulam a entrada da glicose: Fosforilase do glicogênio e a Hexocinase Regula a via propriamente dita: Fosfofrutoquinase e a Piruvato quinase. 6. Como ocorre a anemia hemolítica devido a deficiência da enzima Piruvato quinase? Explique detalhadamente. A enzima piruvato quinase participa da 10 etapa da glicólise, sendo responsável por catalisar a transferência irreversível de um grupo fosfato do fosfoenolpiruvato, para o ADP. Essa transferência gera uma molécula de piruvato e um ATP. A ausência da enzima piruvato quinase causa anemia hemolítica, erro genético mais comum. Sem ela não haverá saldo de ATP (2 usados + 2 gerados = saldo ZERO). O ATP usado pela hemácia madura (sem mitocôndria) vem apenas da via glicolítica, com o saldo é zero ocorre a desregulação da bomba Na/K. O sódio retido puxa a H2O, provocando do volume e lise (hemólise) celular. Isso provoca anemia sempre eu houver consumo de carboidrato. 7. Qual a relação entre o uso abusivo do álcool e uma hipoglicemia? A ingestão de etanol interfere no metabolismo hepático o inibir a gliconeogênese. Quanto mais etanol é ingerido mais a enzima álcool desidrogenase (captadora de H+) converte NAD+ em NADH. O metabolismo de carboidratos necessita de NAD livre para converter piruvato em acetato. Devido ao etanol utilizar NAD e liberar mais NADH o piruvato é convertido em lactato, podendo gerar acidose láctica. 8. Como ocorre a glicogenólise no fígado e no músculo? Quais os mediadores? Explique detalhadamente. O AMPc medeia o estímulo da glicogenólise no fígado, induzido por glucagon e adrenalina. Os hormônios formam um complexo ativo estimulam a enzima adenilato ciclase. A enzima ativada forma o AMPc que ativa a fosforilase do glicogênio, responsável por degradar o glicogênio. Formando ainda no fígado glicose fosfatada. O AMPc ainda inibir as reações da via glicolítica e estimular para que a glicose seja convertida em glicose livre, as custas da enzima glicose 6 fosfatase. Os mediadores a nível hepatico: glucagon e epinefrina, alem da adenil ciclase e do AMPc. A nível muscular quem vai mediar é a epinefrina ou adrenalina, adenil ciclase e o AMPc. A glicogenólise no fígado é estimulada por dois hormônios glucagon e epinefrina. Já no músculo apenas a epinefrina, pois ele não possui receptores para o glucagon. Esses hormônios vão estimular a cascata de sinalização, ativando enzimas e a produção de um mensageiro, chamado AMP cíclico. O AMPc hepático estimula a enzima fosforilase do glicogênio, que irá degradar o glicogênio, formando glicose 1 fosfato e dps convertida em G6P. As custas da glicose 6 fosfatase (presente apenas no fígado) responsável por tirar um fosfato da glicose, deixando a glicose livre. Que será liberada e transportada para tecidos extra hepáticos que estejam precisando. O músculo não libera glicose, por não possuir a enzima glicose 6 fosfatase. No músculo o AMPc também estimula a degradação do glicogênio e a a glicose fosfatada será utilizada na via glicolítica. Ou seja, o próprio músculo consome a glicose que veio do glicogênio. GLICONEOGÊNESE - SÍNTESE DE GLICOSE Após uma refeição rica em carboidratos, os níveis de glicose se elevam. Nesse momento, a insulina é liberada facilitando a captação de glicose pelas células, sendo fosforilada para seguir três caminhos. Um desses caminhos é o armazenamento e forma de glicogênio, que durante os intervalos das refeições, será degradado para fornecimento de energia com o auxílio da liberação de glucagon. Porém, esse glicogênio se esgota em um prazo de 18 a 24 horas. No jejum prolongado, é um processo fundamental para a homeostase, pois o organismo lança mão de outro meio para buscar energia, como a gliconeogênese ou a lipólise (β-oxidação). A gliconeogênese é a formação de glicose a partir de substâncias que não são carboidratos: piruvato, lactato, alanina, glicerol e AA. A alanina utilizada na gliconeogênese é garantida pela dieta (resultado da degradação protéica), pois o organismo dificilmente utiliza proteínas armazenadas no corpo, uma vez que elas são essenciais para inúmeras outras funções. Cérebro: apenas glicose, 120g/dia. ↓Km das enzimas cerebrais pela glicose, ou seja, ↑afinidade. Rapidamente deve haver a conversão de glicose para glicose-6-fosato, para que ela permaneça no meio intracelular. Outros tecidos que necessitam do suprimento contínuo de glicose: hemácias, cristalino, testículos e os m esquelético em exercício. FONTES: - Lactato: produzido pelas cel vermelhas e músculos - AA: proteínas musculares - Glicerol: triglicerídeos (lipólise) A maioria dos precursores deve entrar no ciclo de Krebs para se convertido em oxalacetato. O oxalacetato é o material de partida para a gliconeogênese. IMPORTANTE: a gliconeogênese não é simplesmente o inverso da glicólise. Três passos são diferentes: 1 – Piruvato para fosfoenolpiruvato 2 – Frutose-1,6-bifosfato para frutose-6-fosfato 3 – Glicose-6-fosfato para glicose São vias opostas de oxidação e redução, com reações reversíveis em comum e pontos de regulação específicos. A gliconeogênese ocorre na contramão da via glicolítica – sua regulação se dá pelos hormônios que regulam as taxas de açúcar no sangue: (controle hormonal) - INSULINA (Cel β pancreáticas): atua no fígado, mm esquelético e tec adiposo. Promove a compartimentalização dos nutrientes. - GLUCAGON (cel α pancreáticas): atua no fígado e no tec adiposo. Promove a mobilização dos nutrientes endógenos para o meio extracelular. gliconeogênese CICLO DE CORI ou via Glicose – lactato – glicose FORMAÇÃO DE GLICOSE A PARTIR DO LACTATO: O lactato é formado a partir de piruvato quando a via glicolítica segue na ausência de oxigênio, como em um músculo em atividade intensa. O glicogênio é quebrado pela via glicolítica até formar piruvato (muscular), que será transformado em lactato pela enzima lactato desidrogenase. Este cairá na corrente sanguínea para ser novamente transformado em piruvato no fígado pela mesma enzima (reação reversível), para seguir a via da gliconeogênese, transformando-se em glicose-6- fosfato para ser disponibilizada para os diversos tecidos para obtenção de energia. Ao chegar aos hepatócitos, o piruvato entra nas mitocôndrias, pois só está organela possui enzimas capazes de transformar o piruvato em uma substância gliconeogênica. OBS: Indivíduos que tem deficiência na enzima biotinase, vão sofrer de hipoglicemia por não acontecer a gliconeogênese, que tende a manter constante os níveis glicêmicos (homeostase). O exame desta enzima é parte do “teste do pezinho”. Lactato é formado a partir do Piruvato (formado pela via glicolítica). Nos músculos o Piruvato é convertido em lactato pela lactato desidrogenase.Lactato através da corrente sanguínea vai para o fígado. No fígado, o lactato é convertido em piruvato pela ação da lactato desidrogenase. O piruvato não forma o fosfoenolpiruvato (reação irreversível). O piruvato penetra na mitocôndria e sofre uma carboxilação pela ação da piruvato carboxilase, formando oxaloacetato. Essa enzima requer biotina como cofator. O oxaloacetato não é transportado para o citosol e é transformado em malato pela malato desidrogenase, a qual através de transportadores de membrana é transportado para o citosol. No citosol, o malato é transformado em oxaloacetato pela malato desidrogenase citosólica.O oxalacetato é descarboxilado pela fosfoenolpiruvato carboxicinase, formando o fosfoenolpiruvato. O fosfoenolpiruvato, através das reações da gliconeogênese, forma a glicose-6-P, a qual pela ação de glicose-6-fosfatase, forma a glicose. OBS: A via da gliconeogênese requer gasto de ATP, sem ter nenhum rendimento. Essa energia é proveniente da β- oxidação, que nos dá uma boa produção de ATP. CICLO DA ALANINA (via aminoácidos) A alanina desempenha um papel essencial no transporte dos grupos amino para o fígado, em forma não tóxica, através do ciclo glicose-alanina. Nos músculos, onde os AA são degradados como combustíveis, os grupos amino são coletados por transaminação, sob a forma de glutamato, que pode então ser convertido em glutamina, para ser transportado até ao fígado, ou então ainda no musculo, pode transferir o seu grupo amina para o piruvato muscular e regenerar a alanina por meio da ação da enzima alanina aminotransferase (ALT). Assim, a alanina passa para a corrente sanguínea e é transportada até ao fígado. No fígado, a alanina é convertida novamente em piruvato, e este é usado para produzir glicose pela via gliconeogênese em um processo semelhante ao do lactato. FÍGADO GLICOSE MÚSCULO Glicose Glicose Gliconeogênese Glicólise SANGUE Piruvato Piruvato Desaminação Transaminação Alanina Alanina Alanina OBS: Reação de transaminação: um aminoácido se liga a um α-cetoácido e seu grupo amino é transferido, tornando-se em outro aminoácido. AMINOÁCIDOS GLICONEOGÊNICOS VIA DA GLICONEOGÊNESE A PARTIR DO GLICEROL (via lipídios) O glicerol é produzido pela lipólise dos triglicerídeos no fígado. Ele é fosforilado pela glicerol- cinase, formando o glicerol-3-P. Este se transforma em diidroxiacetona-P, através da enzima glicerol-3-P- desidrogenase. São necessárias 2 moléculas de glicerol (3C), uma forma diidroxiacetona-P e a outra gliceraldeído-3-P. Juntas formam a frutose-1,6- bifosfato, a partir daí segue as reações da gliconeogênese para a formação da glicose. METABOLISMO DO ETANOL O metabolismo do etanol se dá por duas vias: pelo sistema da alcool desidrogenase e pelo sistema microssomal de oxidação do etanol. Em ambas as vias, o etanol é transformado em acetaldeído. Nessa primeira via, a oxidação do etanol ocorre nos hepatócitos onde há a enzima álcool desidrogenase responsável por essa etapa. Praticamente todo o álcool que se biotransforma no organismo sofre um processo oxidativo que ocorre em duas fases. A primeira fase, ainda no citoplasma, é iniciada pela enzima álcool desidrogenase (ADH) que converte o etanol à acetaldeído. Em uma segunda fase, agora na mitocôndria, a enzima aldeído desidrogenase (ALDH) converte o aldeído em ácido acético (acetato), que é finalmente convertido em CO2+H2O, liberando energia. Aldeído desidrogenase (ALDH) Presente na mitocôndria. Sua deficiência é considerada “fator anti- alcoolismo” – alta incidência em orientais, os quais representam baixos índices de consumo alcoólico. Em grandes quantidades, o álcool é mais facilmente absorvido do que outros nutrientes celulares, diminuindo o rendimento energético, principalmente devido à carência de glicogênio. Além disso, devido ao metabolismo do etanol, há uma grande produção de NADH. Com isso, o organismo lança mão de gliconeogênese em larga escala a partir do piruvato, que será convertido em lactato, nesse sentido, para que haja produção de NAD+ (NAD oxidado) devido à alta demanda de NADH (NAD reduzido) do metabolismo do etanol. O normal seria o contrário: lactato em piruvato. Caso o etilista não se alimente, ele pode entrar em quadros de hipoglicemia severa devido à falta de glicogênio e a pouca gliconeogênese, causando a perda da consciência por carência de glicose (o tratamento do quadro é a própria aplicação endovenosa de soro glicosado). OBS: Grandes concentrações de lactato geram acidose láctica. Além disso, devido à pequena concentração de NADH,o oxaloacetato é convertido em malato, deixando de ser gliconeogênico. OBS: O álcool eleva os níveis de triglicerídeos no fígado, gerando quadros de esteatose hepática (fígado gorduroso).Isso ocorre porque o excesso de acetato, formado na degradação do etanol, é convertido em acetil CoA, que em parte é liberado para o sistema extra hepático e parte fica no fígado, formando gordura. OBS: O álcool tem um efeito energético devido a uma certa produção de NADH em seu metabolismo, que entra na cadeia respiratória para produção de ATP. Isso é um dos fatores que fazem com que os alcóolatras passem longos períodos sem se alimentar, gerando quadros de hipoglicemia severa. DESTINO DO ACETATO Convertido em acetil-CoA (acetil-CoA sintase). Síntese de Ácidos graxos, corpos cetônicos e colesterol. Lançado na corrente sanguínea oxidação em outros tecidos. AUMENTO DA RELAÇÃO NADH/NAD+ Ocorre aumento porque não há regulação efetiva da oxidação do etanol. Altera quase todas vias metabólicas do fígado. Diminui a via glicolítica (devido à pequena quantidade de NAD oxidado) e o ciclo de Krebs. Inibe a beta-oxidação (devido à grande quantidade de acetil CoA derivada do acetato). Aumenta síntese de triacilglicerol, uma vez que o acetil CoA forma TG (causa esteatose hepática). Aumenta concentração lactato resulta em acidose láctica Diminui excreção de ác. Úrico (GOTA) Inibe a gliconeogênese (desvio do substrato: piruvato, glicerol- P e oxalacetato) Efeitos da intoxicação por etanol: Acidose lática: piruvato lactato. Hipoglicemia: inibição da gliconeogênese Coma alcoólico: efeitos tóxicos do etanol no SNC (parada respiratória) DOENÇA HEPÁTICA ALCOOLICA O alcoolismo é principal causa de doenças hepáticas. Os distúrbios hepáticos iniciam-se com acúmulo de triacilgliceróis no fígado (esteatose), causando alterações nas estruturas das células. Isso gera uma hepatite alcoólica (lesão inflamatória e degenerativa), causando insuficiência hepática progressiva. • Esteatose alcoólica (fígado gorduroso): dentro de poucos dias após a administração de álcool a gordura aparece dentro das células hepáticas, representa principalmente aumento na síntese de triglicerídeos em virtude do maior fornecimento de ácidos graxos ao fígado, menor oxidação dos ácidos graxos, e menor formação e liberação de lipoproteínas. Ela pode surgir sem evidências clínicas ou bioquímicas de doença hepática. Sintomas: anorexia, náuseas, distensão abdominal, hepatomegalia hipersensível, às vezes icterícia e níveis elevados de aminotransferase. • Hepatite alcoólica: caracteriza-se principalmente por necrose aguda das células hepáticas. Em alguns pacientes, apesar da abstinência, a hepatite persiste e progride para cirrose. Ela representa a perda relativamente brusca de reserva hepática e pode desencadear um quadro de insuficiência hepática. • Cirrose alcoólica: apesar do álcool ser a causa mais comum de cirrose no mundo ocidental, sendo responsável aí por 60 a 70% de todos os casos, apenas 10 a 15% evolui para cirrose. QUESTÕES 1) Nos longos períodos de jejum e na inanição, a glicoseprecisa ser formada a partir de outras fontes, sem ser carboidratos, por um processo conhecido como gliconeogênese. Qual das substâncias abaixo não atua como substrato para a gliconeogênese? A) Piruvato B) Ácido graxo X C) Lactato D) Glicerol E) Aminoácidos 2) Qual é o consumo de energia na síntese de glicose a partir de piruvato, medido em equivalentes de ATP. Indique as reações onde há consumo. Compare o rendimento da via glicolítica com o consumo da gliconeogênese, são iguais ou diferentes? Na glicólise: há consumo de 1 glicose + 2ADP + 2Pi + 2NAD+ para a produção de 2 piruvatos + 2ATP + 2NADH + 2H+ + H2O Na gliconeogênese: há consumo de 2 piruvatos + 4ATP +2GTP + 2NADH + 4H20 para produção de 1 glicose + 4ADP + 2GDP + 6Pi + 2NAD + 2H+ 2) Um homem de 40 anos, com um longo histórico de abuso de álcool, queixa-se de dor no quadrante superior direito. Exame médico revela uma hepatomegalia delicada. Uma biópsia do fígado é feita e demonstra alteração de gordura nos hepatócitos (esteatose hepática) localizados ao redor da veia central. Analisando o metabolismo do álcool e seus efeitos, pode-se afirmar que: ( ) A conversão de piruvato em lactato é o primeiro passo na gliconeogênese. Esta reação está aumentada em indivíduos alcoolizados, aumentando a síntese de triglicerídeos. ( ) A conversão de fosfoenolpiruvato (PEP) em piruvato na glicólise, que é reversível na gliconeogênese, é catalisada pela piruvato quinase, esta reação produz uma perda de 2 ATP e contribui para a síntese de triglicerídeos no fígado. ( ) No metabolismo do álcool, o aumento de NAD+, e inibição do acetato e acetil Co-A eleva a síntese de triglicerídeos. ( ) O metabolismo do álcool inibe a gliconeogênese, pois o aumento de NADH e diminuição de NAD+, no processo de oxidação, provoca o desvio de precursores da glicose para outras reações. (X) A conversão de piruvato em lactato, catalisada pela lactato desidrogenase, é favorecido pelo aumento de NADH no metabolismo do álcool, levando a uma acidose metabólica como também à síntese de triglicerídeos, já que o lactato é importante precursor dessas substâncias. 3) Com relação à gliconeogênese e suas diferenças e semelhanças com a glicólise, assinale a opção correta. a) A gliconeogênese emprega as reações inversas da glicólise em suas etapas regulatórias. b) A enzima fosfofrutoquinase catalisa a conversão da glicose em glicose 1,6-bifosfato. c) Durante o jejum, a glicose pode ser sintetizada a partir de precursores como glicerol e alanina. X d) O glucagon promove aumento na velocidade da glicólise. e) A conversão de glicose-6-fosfato em glicose é catalisada pela enzima glicose-6-cinase. 4) Um homem de 55 anos de idade desenvolve choque hipovolêmico em decorrência de perda sanguínea por ruptura de aneurisma da aorta abdominal. Qual das seguintes reações bioquímicas é o processo primário para síntese de ATP? a) Glicólise anaeróbica X b) Ciclo do ácido cítrico c) β-oxidação de ácidos graxos d) Fosforilação oxidativa 5) Explique detalhadamente como o consumo de etanol pode inibir a gliconeogênese. A ingestão de etanol interfere no metabolismo hepático o inibir a gliconeogênese. Quanto mais etanol é ingerido mais a enzima álcool desidrogenase (captadora de H+) converte NAD+ em NADH. O metabolismo de carboidratos necessita de NAD livre para converter piruvato em acetato. Devido ao etanol utilizar NAD e liberar mais NADH o piruvato é convertido em lactato, podendo gerar acidose láctica. 6) Um homem com 35 anos de idade com histórico de cinco anos de alcoolismo queixa-se de cansaço e desorientação aproximadamente seis horas após a alimentação. Análise laboratorial durante um destes episódios revela glicose sanguínea de 25mg/dL (70-110mg/dL). Qual das seguintes opções melhor explica o mecanismo de hipoglicemia? a) Secreção reduzida de glucagon e insulina b) Oxidação de ácidos graxos reduzida c) Reduzida a atividade de enzimas da glicogênese muscular d) Secreção reduzida de glucagon e) Gliconeogênese reduzida X METABOLISMO DO GLICOGÊNIO Glicogênio é um polímero de glicose, formado por ligações (1-4 linear) e (1-6 ramificada). A vantagem do armazenamento de glicose na forma de glicogênio é devido a redução da osmolaridade, pois resulta num número menor de partículas em solução. IMPORTÂNCIA: armazenamento de glicose no fígado para ser usada no estado de jejum e como combustível energético nos músculos. O metabolismo de glicogênio tem o foco de controle na glicogênio fosforilase. A fosforilase é regulada por: - vários efetores alostéricos que sinalizam o estado energético da célula - por fosforilação reversível em resposta a hormônios, como insulina, epinefrina e glucagon. - resposta a hormônio pode ser dependente de órgão GLICOGÊNIO HEPÁTICO - Manutenção da glicemia entre as refeições; - Reserva de glicose que pode ser exportada para outros órgãos quando necessário: cérebro, eritrócitos, outros. GLICOGÊNIO MUSCULAR - Não pode ser exportado; - Usado pela própria fibra como fonte emergencial de energia quando a atividade é muito intensa. A síntese e a degradação do glicogênio são reguladas por alterações hormonais que sinalizam a necessidade de glicose sanguínea. A falta da glicose na dieta ativa a GLICOGENÓLISE e inibe a GLICOGÊNESE. Fígado responde melhor ao glucagon Músculo responde melhor à epinefrina Sinalização hormonal: o nível de glicose no sangue é o sinal controlador da secreção de insulina e glucagon. Um aumenta, enquanto o outro diminui. - Insulina: síntese – glicogênese Quando uma pessoa ingere uma refeição contendo carboidratos – níveis de glicose sanguínea aumentam – níveis de insulina aumentam – níveis de glucagon diminuem. - Glucagon: estimula a glicogenólise e a gliconeogênese. Liga-se a receptores na superfície das células do fígado, não tem receptores no músculo. Quando os níveis sanguíneos da glicose caem, o glucagon sinaliza ao fígado para que este produza e libere mais glicose para a corrente circulatória. - Epinefrina: ativa a glicogenólise muscular. No músculo esquelético, o glicogênio fornece G6P para síntese de ATP na rota glicolítica; Glicogênio fosforilase no músculo é estimulada durante exercício. FOSFORILASE MUSCULAR -G6P, ATP favorecem estado T (tenso, menos ativo), AMP favorece estado R da fosforilase b por alosteria - Ausência de glicose 6-fosfatase no músculo assegura que a glicose 6- fosfato derivada do glicogênio permaneça na célula para a formação de energia. FOSFORILASE HEPÁTICA Ao contrário do músculo, a Fosforilase a é a mais susceptível a transição T e R no fígado. 1- A fosforilase hepática não é sensível ao AMP porque este não tem grandes oscilações no fígado. 2- Altos níveis de glicose passam fosforilase a do estado R para o T (inativo). Como a quebra glicogênio é para exportar glicose, se há glicose livre no fígado não há necessidade de degradar glicogênio GLICOGÊNESE Síntese de glicogênio a partir de glicose consumida (consome glicose). Necessita de um grupo ativador (nucleotídeo) – UTP (adenosina substituída por uracila). A UTP ativa a molécula de glicose para dar início à síntese do glicogênio. A proteína molde para a formação do glicogênio é denominada glicogenina, enzima presente nos hepatócitos, que possui duas ramificações. A glicose-6-fosfato (G6P) é o ponto de partida para a síntese do glicogênio. - G6P → G1P (fosfoglicomutase) - G1P → UDP – glicose (UDP – glicose pirofosforilase) A UDP-glicose é o doador de resíduos de glicose. A glicose é adicionada na extremidade não redutora da molécula do glicogênio, por ligações covalentesrealizadas pelas enzimas glicogênio sintase e enzima de ramificação (glicosil-4,6- transferase) - Tecido muscular e adiposo: a ligação da insulina ao receptor provoca a fusão de vesículas que contem GLUT4. No tecido adiposo a maioria da glicose é usada para a síntese de triacilgliceróis. Glicogênio(n) + glicose + 2 ATP → glicogênio(n+1) + 2 ADP + 2 Pi GLICOGENÓLISE Quebra de glicogênio e fornecimento de glicose (libera glicose). Ocorre nos mm esq e no fígado. Consiste em três reações enzimáticas: 1 – Glicogênio fosforilase α(1-4): retira os resíduos de glicose até sobrarem 4 resíduos antes da ramificação. Impedimento estérico: dextrina limite interrompe quando sobra quatro resíduos de um ponto de ramificação. Enzima desramificadora (glicosil-transferase α(1-6): atividade de uma única enzima. Forma glicose-1-fosfato (G1P) 2 – Fosfoglicomutase Conversão de G1P em G6P 3 – Glicose-6-fosfatase (não existe no mus) Quebra de G6P em glicose e fosfato O amido e o glicogênio exógenos são hidrolizados no trato intestinal - glicose O glicogênio endógeno, armazenado em nossos tecidos - glicose e glicose-6- fosfato - por enzimas dentro das células. GLICOGENOSES - São doenças relacionadas ao metabolismo do glicogênio - Presente em todas as cel, mas com papel essencial no fígado e nos mm esqueléticos. - A deficiência nas enzimas de síntese ou degradação, problemas de armazenamento. - Foco em duas doenças genéticas, erros inatos de metabolismo. Nessas doenças ocorrem problemas nas enzimas e estão relacionadas ao armazenamento de glicogênio. Von Gierke: estrutura do glicogênio normal, aumento dos depósitos. - Hepática - Ausência da glicose-6-fosfatase, parando no glicose- 6-fosfato, impedindo a quebra do glicogênio e que a glicose seja liberada no sangue. - Sintomas: hipoglicemia; hepatomegalia; desenvolvimento físico retardado. Em um caso desses é necessário que a pessoa que não tem essa enzima se alimente de uma em uma hora, já que eu não posso contar com meu glicogênio. Tratamento sonda intragástrica para cotejamento de alimento durante o sono, pois durante o sono ele não vai poder contar com seu glicogênio. Alguns pacientes conseguem reverter esse quadro com o transplante de fígado, pois pode ser que volte a produzir a enzima. A estrutura do glicogênio está normal, o único problema está na liberação da glicose. Mc Ardle - M esquelético - deficiência da miosina fosforilase, enzima responsável por metabolizar o glicogênio muscular. - Sintomas: câimbras dolorosas. A recomendação de evitar atividade física intensa. QUESTÕES 1) Regulação glicêmica significa o controle da concentração de glicose na corrente sanguínea. A função do glicogênio hepático é realizar esse controle, especialmente durante o início do jejum. Sobre o metabolismo do glicogênio e a manutenção da glicemia, analise as afirmativas abaixo. I - A glicogênio-sintase é responsável pela formação das ligações α(1-4) no glicogênio, mas essa enzima só consegue alongar uma cadeia de glicose já existente. F II - Com baixos níveis glicêmicos, o glucagon sinaliza para a fosforilação da glicogênio-fosforilase, que fica ativa e promove a liberação de glicose no sangue. V III - No fígado, a síntese de glicogênio é diminuída quando o corpo está bem alimentado, enquanto sua degradação é acelerada em períodos de jejum. F IV - Na degradação do glicogênio, a glicose-1-fosfato é convertida a glicose-6-fosfato que, pela ação da glicose-6-fosfatase, é convertida em glicose para ser liberada no sangue. V V - Após uma refeição, o nível de glicose aumenta induzindo aumento da insulina e aumento da degradação de glicogênio. F 2) Um menino de 11 anos de idade, foi hospitalizado devido a uma hepatomegalia acentuada, fraqueza e palidez que se exacerbavam principalmente durante os espaços entre as refeições. O exame clínico do paciente revelou um desenvolvimento físico e mental abaixo da expectativa mínima, ou seja, rendimento escolar insatisfatório, altura e peso abaixo do normal. Os exames laboratoriais realizados a partir de uma amostra de sangue colhida em jejum foram os seguintes: Paciente val. normais Glicose (mg% ou mg/dL) 46,0 60,0– 110,0 Piruvato (mmol/L) 0,40 0,05 a 0,10 pH 7,25 7,35 a 7,45 a) A doença? Deficiência de qual Enzima? Von Gierke, deficiência da enzima glicose-6-fosfatase b) Esta enzima é encontrada normalmente em quais tecidos? Somente no fígado PR1 2020.1 1) As doenças de armazenamento do glicogênio (glicogenoses) são assim chamadas porque uma característica delas é o armazenamento anormal do glicogênio devido a uma deficiência de uma das enzimas envolvidas na síntese ou na degradação do glicogênio. Na sua clínica, um dos seus pacientes é jovem, branco, 15 anos, chamado Renan M. Souto. A mãe de Renan trouxe-o para que você analise a incapacidade que ele apresenta de executar qualquer tipo de exercício extenuamente. Durante as aulas de educação física Renan não pode acompanhar seus colegas e com frequência sente caibras musculares dolorosas quando tenta se exercitar. Ele parece ser normal quando em repouso ou executando exercícios leves. Um exame físico revelou que seu fígado parece ser de tamanho normal, mas seus músculos são flácidos e pouco desenvolvidos. Uma dosagem de glicose em jejum mostra que Renan não tem hipo ou hiperglicemia. Numerosos testes bioquímicos são executados para identificar o tipo de doença de armazenamento do glicogênio. a) Você decide testar a resposta do Renan ao glucagon, colhendo periodicamente amostras de sangue e determinando seu conteúdo de glicose. Após a injeção de glucagon a glicose sanguínea se elevou de modo dramático. Esta resposta é esperada por você em uma pessoa normal? Explique. Sim. A administração de glucagon por injeção irá potencializar seus efeitos no organismo, aumentando dramaticamente os níveis de glicose sanguínea por estimular a cascata de sinalização, ativando enzimas e a síntese do segundo mensageiro AMPc. O glucagon é um hormônio produzido pelas células alfa pancreáticas responsável por estimular a glicogenólise (quebra do glicogênio) e a gliconeogênese (síntese da glicose), tendo efeitos opostos aos da insulina, pois são hormônios antagônicos. O glucagon se liga ao receptor, ativa a proteína G, que promove a troca de GDP em GTP, ligando-se a adenilato ciclase. Esse complexo ativa a síntese do segundo mensageiro AMPc, a partir da hidrolise do ATP. O AMPc se liga a PKA (proteína cinase A) ativando a fosforilase do glicogênio, enzima responsável por degradar o glicogênio, formando glicose-1-fosfato que será convertida em glicose-6- fosfato. O AMPc também irá inibir as reações da via glicolítica e estimular para que a glicose seja convertida em glicose livre, por meio da ação da enzima glicose-6- fosfatase. A glicose-6-fosfatase é uma enzima presente apenas no fígado responsável por retirar um fosfato da glicose, deixando a glicose livre para ser liberada e transportada para os tecidos extra hepáticos. Desse modo, o glucagon estimula o fígado a degradar o glicogênio e liberar glicose, ou seja, aumenta o teor de açúcar no sangue. O glucagon se liga apenas aos receptores na superfície das células do fígado, pois os músculos não possuem receptores para ele. Logo, pessoas com o metabolismo do glicogênio hepático normal respondem a injeção de glucagon da mesma forma que Renan respondeu, pois ele não apresenta alteração no metabolismo hepático, já que a doença de Mc Ardle é uma glicogenose exclusivamente muscular. b) São feitas biópsias, hepática e muscular, em Renan e analisadas. As biopsias revelam que o conteúdo de glicogêniono fígado é normal, mas no musculo é elevado. A estrutura bioquímica do glicogênio em ambos os tecidos parece normal. Fundamente possíveis explicações para estas observações. Renan é portador de Mc Ardle ou glicogenose do tipo V, uma miopatia metabólica rara, autossômica recessiva com sintomas de intolerância ao exercício causados pela deficiência da enzima miofosforilase no músculo esquelético (fosforilase muscular) que metaboliza a quebra do glicogênio para contração muscular durante o exercício. Na sua ausência, há um comprometimento da degradação do glicogênio e da formação de ATP, levando a intolerância ao exercício. Essa é uma doença exclusivamente muscular, por isso não há alterações a nível hepático. A síntese do glicogênio, tanto no músculo como no fígado também se encontram alterações. A única alteração é evidenciada nos elevados níveis de glicogênio no músculo, devido a incapacidade de degradação, promovendo seu acúmulo nas fibras musculares. Sob a atividade intensa o músculo necessita catabolizar o glicogênio para gerar ATP rapidamente, na falta da enzima fosforilase não é possível mobilizar o glicogênio para a hidrolise. A fibra entra em carência aguda de ATP, há falhas nas bombas iônicas de membrana e pode haver entrada de cálcio e morte da fibra (rabdomiólise). 2) F.M.J, 12 anos, sexo feminino foi diagnosticada aos 2 meses de idade com anemia hemolítica. Ao longo de sua vida sofreu de episódios recorrentes de palidez, astenia e icterícia. No último mês a paciente vem se queixando de dores no hipocôndrio direito e uma leve distensão na porção abdominal superior esquerda à palpação. Diz-se “estar mais cansada e que seus olhos estão ficando amarelados”. Desconfiado, o médico pediu uma ultrassonografia de abdômen, raio x simples de abdômen e alguns testes sanguíneos que permitiram revelar o quadro de bilirrubinemia, queda da hemoglobina e do número de hemácias, a determinação quantitativa de enzimas revelou baixa atividade catalítica de uma determinada enzima, a piruvato quinase. Explique, detalhadamente, por qual motivo essas alterações se desenvolvem devido a deficiência da referida enzima. A deficiência da enzima piruvato quinase causa anemia hemolítica, um erro genético comum, em que não haverá saldo de ATP. O ATP usado pela hemácia madura (sem mitocôndria) vem apenas da via glicolítica, como o saldo é zero, ocorre a desregulação da bomba de Na/K. O sódio retido, por osmose, puxa a água para o meio intracelular, aumentando o volume, causando hemólise, caracterizando uma destruição precoce das hemácias. Isso provoca o quadro de anemia sempre que houver consumo de carboidrato. A distensão e a dor na porção do hipocôndrio direito é resultado da hepatomegalia, provocada pela alta taxa metabólica do fígado na tentativa de compensar a degradação precoce e elevada das hemácias. Já a distensão e dor no hipocôndrio esquerdo é resultado da esplenomegalia devido a hemocaterese elevada no baço, órgão responsável por retirar as hemácias da circulação e destruí-las. A bilirrubina é o principal componente dos pigmentos biliares e é o produto da destruição da porção heme da hemoglobina, o aumento da bilirrubina indireta é devido ao exagero do catabolismo da hemoglobina, superando a capacidade hepática de conjugação. A anemia é devido a sobrevida eritrocitária ser menos que 20 dias, a medula óssea não consegue compensar as perdas. A queda no número de hemácias e da hemoglobina é devido a alta taxa catabólica.
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