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G R A D U A Ç Ã O ME. LORENA SAVIANI TRENTIN Malte e Malteação GRADUAÇÃO Malte e Malteação Me. Lorena Saviani Trentin NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação CEP 87050-900 - Maringá - Paraná unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; TRENTIN, Lorena Saviani. Malte e Malteação. Lorena Saviani Trentin. Maringá-PR.: Unicesumar, 2020. 120 p. “Graduação - Híbridos”. 1. Malte 2. Malteação 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-2112-7 CDD - 22 ed. 338 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Coordenador de Conteúdo Diogo Henrique Hendges. Designer Educacional Janaina de Souza Pontes . Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira e Erica Fernanda Ortega. Editoração Isabela Mezzaroba Belido. Ilustração Natalia de Souza Scalassara e Welington Vainer Satin de Oliveira. Realidade Aumentada Kleber Ribeiro da Silva, Ma- theus Alexander de Oliveira Guandalini e Cesar Henrique Seidel. DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de Design Educacional Débora Leite; Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros; Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Cripaldi; Fotos Shutterstock PALAVRA DO REITORPALAVRA DO REITOR Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha- mos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualida- de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- -nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo- cional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revi- samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as ne- cessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! BOAS-VINDAS Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co- munidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu- nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ- mico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comu- nicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace- leraram a informação e a produção do conheci- mento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, prio- rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a so- ciedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe- lecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- nhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educa- cional, complementando sua formação profis- sional, desenvolvendo competências e habilida- des, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu- deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza- gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili- dade e segurança sua trajetória acadêmica. APRESENTAÇÃO Oi, aluno(a), sou a professora Lorena e estaremos juntos durante todo o estudo desta matéria, Malte e Malteação. Você já deve ter ouvido falar em malte: saberia defini-lo? E quem nunca ouviu sobre esse ingrediente deve estar se questionando: o que é isso? Pois bem, Malte é um dos principais ingredientes para a produção da cer- veja, sendo ele o foco maior desta disciplina. Nela, aprenderemos o que são maltes, mas também conheceremos os adjuntos, o que são e quais as diferenças entre os dois e utilização de cada qual. E a malteação? Em que consiste? Malteação é o processo produtivo do grão, seja ele cevada, trigo ou outro grão que estudaremos e que se transformaram em malte, através das trêsetapas: maceração, germinação e secagem. Além de vermos sobre todo o processo de malteação, estudaremos também a chegada do grão na indústria, bem como o malte pronto para consumo da indústria cervejeira e também para outros tipos de indústrias, pois o malte pode ser utilizado em produção de outras bebidas e alimentos. No decorrer do processo produtivo, ocorrem também algumas transfor- mações químicas e bioquímicas, as quais serão estudadas. Aprenderemos, ainda, que existem tipos de maltes e que esses podem ser considerados malte base ou malte especial, bem como as diferenças que existem acerca desses dois tipos de maltes. Ao longo da matéria, também veremos as portarias e exigências que existem sobre a cevada e sobre o malte pronto e como este último é classificado ou desclassificado; e quando isto acontece, quais as medidas devem ser tomadas. Compreenderemos o que é e como é feita a ficha técnica do malte, bem como as informações que são cabíveis e as suas importâncias. Algumas análises de suma importância também serão contempladas: aná- lises como pH, poder diastático, proteína, FAN, entre outras consideradas extremamente necessárias para atestar a qualidade do malte, pelas indústrias malteiras e pelas indústrias cervejeiras. Será uma matéria rica em conhecimento, informações, curiosidades, apren- dizagem e espero que seja de grande proveito a você. Então vamos começar?! CURRÍCULO DOS PROFESSORES Me. Lorena Saviani Trentin Mestre em Engenharia de Alimentos pela Universidade Estadual de Maringá - UEM, com pesquisa em Processo e Produção de Malte (2019). Especialista (MBA) em Administração e Qualidade pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER (2017). Engenheira de Produção Agroindustrial pela Universidade Estadual do Paraná (2014). Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/5683858290183581 Processo de Malteação dos Cereais 13 35 Características dos Grãos Aplicados na Fabricação de Maltes e Adjuntos Malteação de Cereais e as Enzimas Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros 99 Variedades de Malte, suas Denominações e suas Características Sensoriais Atribuídas às Cervejas Produzidas 81 57 Utilize o aplicativo Unicesumar Experience para visualizar a Realidade Aumentada. Estrutura e componentes do grão de cevada 60 Molécula de Glicose, Amilose e Amilopctina 24 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Lorena Saviani Trentin • Conceituar os termos malte e o adjunto, bem como definir suas funções e importância na fabricação da cerveja. In- formar a quantidade de maltearias no Brasil e a demanda nacional. • Apresentar os produtos que, em sua formulação, utilizam o malte como matéria-prima. • Apresentar os tipos de adjuntos e os grãos utilizados, as- sim como elucidar o mais utilizado pela indústria cervejeira e demonstrar como eles podem ser usados. • Listar os grãos que podem ser malteados. Evidenciar os mais usados pela indústria e caracterizá-los. • Expor a Portaria cabível à cevada cervejeira. Malte e Adjunto Produtos Fabricados a partir do Malte Grãos Aplicados na Fabricação dos Maltes Portaria nº 691, de 22 de novembro de 1996. Tipos de Adjuntos Aplicados na Fabricação de Cervejas Características dos Grãos Aplicados na Fabricação de Maltes e Adjuntos Malte e Adjunto Olá, aluno(a)! Você sabia que o malte, além de ser um dos principais ingredientes da cerveja, tam- bém pode ser utilizado na fabricação de alguns alimentos? E que existem legislações aplicáveis tanto para o malte quanto para os adjuntos? Esses, assim como outros assuntos, serão abor- dados nesta primeira unidade da nossa matéria. Espero que, ao final desta unidade, você esteja mais familiarizado com os termos malte e adjunto e aprenda o papel importante destes na indústria cervejeira. Vamos lá? Você já deve ter ouvido que um dos principais ingredientes da cerveja é o malte e que o adjunto é utilizado na produção dela; mas você sabe o que realmente é um malte e um adjunto e qual o papel deles na fabricação da cerveja? Pois bem, os maltes provêm do processo de malteação, o qual é a preparação de uma maté- ria-prima de fermentação, empregando a etapa de germinação e que, ao final do processo, fica fisicamente parecido com o grão original, mas quando este é triturado, apresenta as mudanças bioquímicas que ocorreram na malteação (MA- CLEOD; EVANS, 2016). 15UNIDADE 1 O malte contribui na cor, no aroma e no sabor da cerveja, além de fornecer proteínas, amido e enzimas que contribuem no processo de fermen- tação da cerveja (BETTENHAUSEN et al., 2018). Assim, o papel da malteação é enriquecer o grão com enzimas e formar compostos aromáticos (PASCARI et al., 2018). A malteação se dá em três etapas: a maceração, a germinação e a secagem. A seguir, explicarei, sucintamente, as etapas para você ir compreendendo, mas não se preo- cupe, terá uma unidade explicando mais deta- lhadamente cada etapa do processo de malteação. Agora você deve estar se perguntando: mas o que são adjuntos? Estes, por sua vez, são maté- rias-primas que podem substituir, parcialmente, o malte (BRASIL, 2014). Reinold (1997) os definem como produtos que possuem carboidratos e que não são malteados. As indústrias cervejeiras utilizam esses substi- tutos do malte para reduzir os custos da produção. Estima-se que pode haver uma redução de 8% nos custos totais da produção, quando 30% do malte é substituído por milho (POREDA et al., 2014), bem como para suprir a demanda de malte, ao qual o país não consegue atender. De acordo com o EMBRAPA (2016), a pro- dução nacional de cevada é maior que 300 mil toneladas/ano, o que atende apenas 43% da ne- cessidade da indústria de malte. Dessa forma, o Brasil ainda precisa importar cerca de 400 mil toneladas para completar a produção de 1,3 mi- lhão de toneladas de malte. Além de ser usado para reduzir custos de processamento e atender à demanda, o adjunto pode também ajudar a economizar água, ener- gia e materiais, diminui o tempo de fermentação, proporciona uma filtragem mais rápida, reduz espaços, além de proporcionar, na cerveja, maior estabilidade coloidal, mais leveza, atribui sabores diferentes, dando ao fabricante a capacidade de desenvolver uma bebida com novas caracterís- ticas sensoriais (BOGDAN; BOGACKA, 2017). Contudo, todo pró tem seu contra e, embora os adjuntos tragam vantagens, há também suas desvantagens. Os autores Bogdan e Bogacka (2017) os listam como: menor corpo à cerveja; risco de não haver quantidades suficientes de enzimas para hidrólise do amido e, por fim, a desvantagem mais significativa é o baixo teor de compostos nitrogenados disponíveis para as leveduras, influenciando de forma negativa na fermentação da cerveja. Agora que entendemos o que são malte e ad- juntos, veremos, no próximo tópico, em quais pro- dutos, além da cerveja, o malte pode ser utilizado. A maior maltaria da América Latina está locali- zada em Guarapuava/PR, com capacidade pro- dutiva de 350 mil toneladas de malte por ano, atendendo cerca de 30% da demanda nacional e tendo como carro chefe o malte tipo Pilsen. Fonte: adaptado de Agrária ([2019], on-line)1. Na etapa de maceração, o grão é imerso em água, ocasionando a hidratação do endosperma e do embrião. Na germinação, o embrião começa a crescer e o grão apresenta radículas. Na seca- gem, o crescimento das radículas é interrompido e faz-se a retirada da umidade. Fonte: adaptado de Macleod e Evans (2016). Apesar de a maior parte do malte fabricado mun- dialmente ser destinado a cervejarias, uma peque- na fração dessa produção acaba chegando a uma indústria de produtos alimentícios. A partir do malte, é possível obter alimentos de panificação, cereais matinais e vinagre, bem como pode ser utilizado como base para a fabricação do uísque e de algumas bebidas quentes e instantâ- neas, sendo um dos principais ingredientes do famoso Ovomaltine. Embora o preço do malte limiteseu uso, uma pequena quantia é usada na formulação de rações, a fim de ajudar na dieta de animais de estimação e de suínos (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). Produtos Fabricados a Partir do Malte Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. Tanto em pães como em biscoitos, o malte fornece açúcares simples, vitaminas, enzimas e aminoácidos que melhoram a fermentação da massa e pro- movem o aumento do volume do pão ou o crescimento dos biscoitos, contribui com a estrutura e com a cor da crosta de ambos, assim como ajuda a dimi- nuir o tempo de cozimento (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). PANIFICAÇÃO CEREAIS MATINAIS UÍSQUE VINANGRE Sendo o ingrediente de sabor predo- minante no cereal matinal, o malte tem de ter o nível de enzimas muito baixo, para que a presença delas não cause alteração no sabor do produto (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). Na produção de alguns vinagres, o malte serve como fonte de nutrientes e de açúcares fermentescíveis para as leveduras, a fim de obter uma maior quantidade de álcool, pois estes se converterão em ácido acético com o auxílio de algumas enzimas microbianas (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). O malte não só está presente na produção da cerveja, sendo esta uma das bebidas mais populares no mundo, como também no famoso e apreciado uísque. Para a produção de uísque, é misturado à água quente e alguns cereais cozidos, como o centeio, o milho e o trigo, juntamente com o malte. Durante a fermentação, a enzima do malte irá transformar os amidos dos outros grãos em açúcares (CHIVAS, 2016, on-line)2. 18 Características dos Grãos Aplicados na Fabricação de Maltes e Adjuntos Outros Alimentos com Malte Na Tabela 1, encontram-se alguns alimentos que, em sua composição, possuem o malte ou o seu extrato, seguido de seus respectivos fabricantes. Tabela 1 - Alimentos que contém malte Alimentos Fabricantes Achocolatado Ovomaltine Liotécnica Tecnologia em Alimentos Ltda. Achocolatado em pó Toddy Pepsico do Brasil Ltda. Barra de cereal light Nutrimental S.A. Barra de proteína Probar Neonutri Soy Life Alimentos Saudáveis Ltda. Barra de cereal de banana Ritter Alimentos S.A. Biscoito água gergelim Ind Prod Ali Piraquê S.A. Caferazzi café e chocolate gelado Wow Ind e Com Ltda. Cereal All Bran Original Kellogg Brasil Ltda. Granola de cereais zero Trio United Mills Alimentos Ltda. Pão sírio integral Pita Bread Ind. Panificação Ltda. Torrada Integral Bauducco Pandurata Alimentos Ltda. Fonte: adaptada de Tabela Nutricional (2018, on-line)3. Agora que já sabemos que do malte se pode fazer outros alimentos além da cerveja, veremos quais são esses adjuntos e a sua aplicação no processo cervejeiro. 19UNIDADE 1 Você viu que o malte pode ser substituído parcial- mente e que esses substitutos se chamam adjuntos. Agora você deve estar se perguntando: o malte pode ser substituído por qualquer grão? Bom, a resposta é não! Não são todos os grãos que podem ser empregados na indústria cerve- jeira como adjunto. Assim como também não são todos os países que permitem a utilização de adjuntos na fabricação da cerveja. Na Alemanha, na Suíça e na Grécia, por exemplo, vigora a Lei da Pureza Alemã, em que as cervejas somente podem ser produzidas com malte, água, lúpulo e levedu- ras. Quaisquer outras fontes de amido e açúcar são proibidas (BOGDAN; BOGACKA, 2017). E nos países onde a adição dos adjuntos é per- mitida, quais são esses substitutos do malte? Tipos de Adjuntos Aplicados na Fabricação de Cervejas 20 Características dos Grãos Aplicados na Fabricação de Maltes e Adjuntos Os adjuntos são classificados de acordo com o seu estado material e podem ser tanto sólidos como líquidos. Os sólidos são a cevada e o trigo não mal- tados, o arroz, o milho, a aveia, o sorgo, o centeio e o açúcar granulado. No grupo dos adjuntos líquidos estão os xaropes derivados da cana-de-açúcar e da beterraba e o extrato de malte. Os mais utiliza- dos pela indústria são o milho, o arroz e a cevada (REINOLD, 1997; BOGDAN; BOGACKA, 2017). Os adjuntos sólidos, com exceção do açú- car granulado, necessitam ser hidrolisados no processo de mosturação, como também é co- nhecida, juntamente com o malte, enquanto que os adjuntos líquidos, juntamente com o açúcar granulado, podem ser adicionados ao mosto cozido durante a fervura (BOGDAN; BOGACKA, 2017). Milho O milho é composto por água, proteínas, gorduras e amido. Como adjunto, ele é utilizado na forma de gritz, ou seja, o milho está sem gérmen e sem óleo (REINOLD, 1997). Reinold (1997) afirma que é necessário que esse gritz esteja com alto teor de extrato; com baixa gordura; odor puro, pois milho com cheiro rançoso afeta a estabilidade do paladar e a espuma da cerveja; ausente de impurezas; com a granu- lometria adequada; umidade abaixo de 13%; e proteínas entre 8 e 9%. Arroz O arroz tem a mesma composição química que o milho: água, proteínas, gordura e amido. Este deve ser utilizado em flocos, ou seja, o arroz deve estar partido e sem casca (REINOLD, 1997). Assim como o milho, existem também al- gumas exigências a respeito do arroz, dessa forma, este deve ter a umidade abaixo de 13% e gordura abaixo de 1%, deve ser puro e branco, com o odor não rançoso, ausente de impurezas e possuir um teor de extrato de 93 a 95% (REI- NOLD, 1997). 21UNIDADE 1 Açúcar e Xarope Além de substituir o malte, a utilização do açú- car tem, também, outros objetivos, como corar e adoçar a cerveja, por exemplo. Existem vários tipos de açúcar, contudo os que são empregados na produção de cerveja são: a sacarose, a glicose, a maltose, o açúcar de amido contendo dextri- nas, corante à base de açúcar e o açúcar invertido (REINOLD, 1997). O açúcar invertido nada mais é que a mistu- ra de partes proporcionais de glicose e frutose. Esse açúcar, bem como a sacarose, a maltose e a glicose, é encontrado na forma de xarope (REI- NOLD, 1997). As adições de xaropes ou de açúcar aumen- tam a gravidade do mosto, facilitando a filtração, não necessita de grandes espaços para estocá-los e proporcionam redução no custo de produção (BOGDAN; BOGACKA, 2017). Cevada e o Extrato de Malte Apesar de a cevada ser mais utilizada para pro- dução de malte, ela pode entrar no processo pro- dutivo da cerveja como um adjunto, ou seja, sem estar malteada. As cervejas que, em sua fabricação, utilizam a cevada como adjunto, apresentam, de acordo com Kunze (1999), menor quantidade de nitro- gênio; menor grau final de fermentação; auxilia a estabilidade da espuma; dificulta a filtração, por causa da sua viscosidade, assim como prejudica a estabilidade do paladar. Segundo Bogdan e Bogacka (2017), quando a cevada é utilizada como adjunto, sua especificação de qualidade é diferente daquela usada para malte. Um parâmetro importante para a malteação é a capacidade de germinação, enquanto que, para o adjunto, esse parâmetro é irrelevante; em contra- partida, seu grau de proteína deve ser alto. O extrato de malte, de acordo com Kunze (1999), é um mosto comercializado, como xa- rope ou em pó, o qual é produzido de maneira semelhante ao mosto, podendo este ser lupulado ou não, ou seja, com lúpulo já adicionado ou não. Acabamos de estudar os tipos de adjuntos e sua aplicação, agora veremos os tipos de grãos que po- dem ser transformados em maltes e estudaremos os mais comuns: a cevada e o trigo. Os flocos de arroz são obtidos por meio da fari- nha umedecida, em que a passa por rolos aque- cidos, formando, dessa forma, os flocos. Fonte: adaptado de Reinold (1997). Muitos cereais podem ser maltados e utilizados como ingredientes no processo produtivo da cer- veja, como a aveia, o sorgo, o centeio, o trigo e a cevada, sendo esses dois últimos os mais empre- gados pelas maltearias. Alternativamente, o trigo é usado como parte dos ingredientes da cerveja, baseado nos compo- nentes similares da cevada (JIN et al., 2018). Embora seja um dos grãos mais cultivados no mundo, em que cercade 650 a 700 milhões de toneladas de trigo são colhidos por ano, quan- do comparado a uma produção global de cereais de, aproximadamente, 2,25 bilhões de toneladas, quase um terço de todo cultivo é de trigo, somente uma pequena fração entra na produção de cerveja (CRAFT BEER AND BREWING, 2017, on-line)4. Até mesmo na Alemanha, onde uma em cada dez cervejas consumidas é de trigo, apenas 0,5% da quantidade produzida do grão se destina às malterias e dali às cervejarias. Fonte: adaptado de Craft Beer and Brewing (2017, on-line)4. Grãos Aplicados na Fabricação dos Maltes A popularidade da cerveja de trigo vem variando ao longo dos anos. Tal cenário tem apresentado mudanças devido à expansão da produção de cerveja artesanal e doméstica, aumentando, assim, a demanda por esse tipo de cerveja (MASTANJEVIC et al., 2018). A cevada é o cereal mais utilizado na produção de malte, devido à sua elevada proporção de amido e casca aderente, o que contribui para o rendimento econômico, além de tornar o processo produtivo mais rápido devido à sua facilidade de processamento (MACLEOD; EVANS, 2016). Aluno(a), a seguir, serão abordados mais detalhadamente esses dois cereais. Cevada Entende-se por cevada os grãos provenientes de cultivares da gramínea Hordeum vulgare (BRASIL, 1996). A produção nacional de cevada para fins cervejeiros está concentrada na Região Sul do país, em que o clima é bastante favorável. Além do clima, a genética e o manejo são fatores determinantes quando se deseja obter um grão que atende os padrões de qualidades (EMBRAPA, 2017). Existem dois principais tipos de cevada: a de duas fileiras e a de seis fileiras, sendo que a de duas fileiras se divide em dois grupos: a cevada de haste ereta e a cevada de haste curta (REINOLD, 1997). A cevada cervejeira considerada de primeira qualidade é aquela na qual os grãos são maiores que 2,5 milímetros e a de segunda qualidade a que os grãos apresentam tamanhos de 2,2 a 2,5 milímetros, abaixo dessas medidas (<2,2 mm) são classificadas como cevada forrageira (REINOLD, 1997). O grão de cevada é constituído pelo embrião, endosperma, escutelo, aleurona e pela casca. O embrião é a parte viva ou ativa do grão, é nele que contém os brotos e raízes, os quais se desenvolverão durante o processo de germinação; contém pouco amido e é rico em proteína, em média 34%, e em açúcares, como a sacarose; possui também de 14 a 17% de lipídios e de 5 a 7% de cinzas (MACLEOD; EVANS, 2016; EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). O endosperma representa a maior parte do grão, contém o amido – cerca de 80% – é fonte de nutrição, rico em proteínas e, embora em quantidades menores, é constituído também de lipídios, minerais e ácidos nucleicos. O escutelo tem a estrutura bem próxima a um escudo, o qual separa o embrião do endosperma, age tanto na degradação do endosperma quanto na nutrição do embrião (REINOLD, 1997; EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; MACLEOD; EVANS 2016). 24 Características dos Grãos Aplicados na Fabricação de Maltes e Adjuntos De acordo com Macleod e Evans (2016), o endosperma é envolto por três camadas de célu- las, as quais têm o papel de produ- ção e/ou liberação das principais enzimas hidrolíticas, que serão produzidas durante o processo de malteação; essas camadas são chamadas de aleurona. Por fim, a casca que envolve o grão tem a função de protegê-lo durante o seu desenvolvimento (REINOLD, 1997; MACLEOD; EVANS 2016). A casca tem efeitos importantes na cerveja, contribuindo tanto em aspectos sensoriais quanto na estabilidade da bebida. Quando a casca é re- movida do grão, tem-se uma cer- veja mais suave e insípida, mas quando a casca permanece no grão e entra no processo, resul- ta em uma cerveja adstringente, podendo formar uma névoa (ou turbidez) no produto acabado (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). O grão de cevada é composto, basicamente, por amido (60 a 65%), por proteínas (9 a 11,5%), por celulose (10 a 14%) e por lipí- dios (2 a 3%) (REINOLD, 1997). Trigo O trigo é uma planta gramínea do grupo Triticum, pertencente à família Poaceae e à subfamília Pooideae (KHANEGHAH et al., 2018). É cultivado anualmente durante a estação do inverno ou da primavera, sendo um dos principais alimentos básicos consumidos em todo o mundo. A Triticum aestivum L. representa a espécie mais comum de trigo (ALFEO et al., 2018). Este cereal possui um formato ovalado com extremidades ar- redondadas e compostas por 3% de embrião, 14% de farelo e 83% de endosperma (EMBRAPA, 2006). Na sua composição química, encontra-se, aproximadamente, 13,5% de água, 12,5% de proteína, 1,9% de gorduras e 57% de amido (REINOLD, 1997). Ao maltear o grão de trigo, deve-se ter cuidado com o tempo de maceração e de germinação; quando comparados ao da cevada, o do trigo é mais curto. Deve-se também cuidar com o manuseio, visto que o grão é facilmente danificado (REINOLD, 1997). Lembre que maceração e germinação são as duas primeiras etapas do processo de produção do malte, em que os grãos ficam imersos em água e crescem as radículas, respectivamente. Veremos melhor sobre isso na próxima unidade da nossa matéria. Juntamente com a cevada, o grão de trigo foi um dos primeiros cereais a ser utilizado na produção de cerveja, sendo o segundo cereal mais maltado mundialmente. No mercado cervejeiro, ele ganhou espaço por ser muito utilizado nas cervejas consideradas especiais, pois oferece como vantagens o aumento da formação de espumas e a claridade à bebida (BRIGGS et al., 2004). Atualmente, seu uso tem aumentado e isso se explica pelo cres- cimento do mercado de cervejas especiais e artesanais. Geralmente, o malte de trigo é utilizado nas cervejas do tipo Weizenbier, Wei- zenbock e Berliner Weisse, por exemplo. Para ter uma malteação homogênea, é necessário selecionar o grão, isso vale tanto para a cevada quanto para o trigo. Os autores Macleod e Evans (2016) listam as características estruturais que devem ser ob- servadas, a fim de obter homogeneidade no malte, como: o tamanho e forma do grão; a densidade do endosperma e o teor da casca.Estrutura e componentes do grão de cevada 25UNIDADE 1 Essa Portaria tem por objetivo definir as caracte- rísticas de identidade e qualidade da cevada para fins cervejeiros (BRASIL, 1996). Ela é destinada inteiramente para a cevada com fins cervejeiros; nela contém todas as carac- terísticas e padrão de qualidade que o grão deve atender (BRASIL, 1996). Essa Portaria diz que a cevada deverá ter pu- reza de, no mínimo, 95%, que a sua umidade não pode passar de 13% e que a quantidade máxima de matéria estranha e impurezas não devem pas- sar de 3% (BRASIL, 1996). Especifica, também, que a cevada poderá ser desclassificada e, até mesmo, proibida a sua co- mercialização, os grãos que apresentarem (BRA- SIL, 1996): I. Mau estado de conservação. II. Aspecto de mofo ou de fermentação. III. Odor estranho. IV. Teor de micotoxinas, excedendo o limite estabelecido pela legislação. Portaria nº 691, de 22 de novembro de 1996 Ao conter insetos vivos e sementes tóxicas, a cevada será desclassificada temporariamente, até o seu rebeneficiamento ou expurgo e caberá ao Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento – MAPA a decisão quanto ao destino do produto desclassificado (BRASIL, 1996). A Portaria também contempla sobre alguns limites que devem ser atendidos, como: Tabela 2 - Padrão de qualidade e limites da cevada para fins cervejeiros Padrão de Qualidade Limites Poder Germinativo Mín. 95% Proteínas Máx. 12% Grãos Avariados Máx. 5% Fonte: adaptada de Brasil (1996, on-line). Portaria nº 691, de 22 de novembro de 1996, “Aprova a Norma de Identidade e Qualidade da Cevada, para comercialização interna” Disponível em: http://www.codapar.pr.gov.br/ arquivos/File/pdf/cevadaindus691_96.pdf. Fonte: Brasil (1996, on-line). Dessa forma, alunos, encerramos a primeira uni- dade da nossa matéria Malte e Malteação, na qual aprendemos sobre malte, adjuntos, suas principais matérias-primase as leis e portarias cabíveis. Espero que tenha sido proveitoso e de grande aprendizado. Recomendo que se dedique à leitura do material complementar e à resolução das ati- vidades de estudo que serão propostos. 27 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Como estudamos, o malte pode ser substituído por adjuntos e que, ao utilizá- -los, a empresa produtora de cerveja consegue reduzir seus custos. Em média, quantos por cento o custo é reduzido? a) 15% b) 30% c) 8% d) 10% e) 5% 2. A Portaria n° 691, de 22 de novembro de 1996 tem por objetivo definir as carac- terísticas de identidade e qualidade da cevada para fins cervejeiros. De acordo com ela, analise as afirmativas a seguir: I) Cabe à empresa decidir o destino do produto desclassificado. II) É permitido que a cevada possua somente até 5% de grãos avariados. III) A umidade não deve passar de 11%. IV) Ao conter micotoxinas, insetos vivos e sementes tóxicas, o grão é desclassificado definitivamente. Está correto o que se afirma em: a) I e II, apenas. b) III e IV, apenas. c) II, apenas. d) II, III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. 28 3. Após o estudo sobre o malte e o adjunto e baseando-se nesta unidade, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Somente a cevada necessita passar por análises quando chega à empresa. ) ( No Brasil, há muitas maltarias, fazendo com que o país atenda toda a demanda necessária. ) ( Quando a cevada é utilizada como adjunto, seu teor de proteína deve ser alto e o poder de germinação não é um fator importante. ) ( Muitos cereais podem ser maltados e utilizados como ingredientes no processo produtivo da cerveja. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V-V. b) V-F-V-F. c) F-F-F-V. d) F-F-V-V. e) F-V-F-V. 4. Nesta unidade, aprendemos que, para o grão tornar-se malte, este passa pelo processo de malteação. Dessa forma, o que este processo causa no grão? 29 Este material irá ajudá-lo(a) a entender melhor a primeira unidade da nossa matéria. Como essa matéria será inteiramente voltada ao malte e à malteação, deixo como material complementar um artigo sobre os adjuntos. Neste artigo, os autores abordam os tipos de adjuntos para fins cervejeiros, as características de cada um e a sua forma de aplicação. É uma leitura extrema- mente enriquecedora. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB 30 ALFEO, V.; GOIRISB, B. J.; GINFRANCO, V.; SCHIMMENTIA, E.; AERTSB, G.; TODAROA, A. Screening of durum wheat landraces (Triticum turgidum subsp. durum) for the malting suitability. Journal of Cereal Science, v. 83, p. 101-109, sep. 2018. BETTENHAUSEN, H. M.; BARR, L.; BROECKLING, C. D.; CHAPARRO, J. M.; HOLBROOK, C.; SEDIN, D.; HEUBERGER, A. L. 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Lorena Saviani Trentin • Definir os parâmetros que os grãos devem atender para serem maltados, bem como introduzir o processo de malteação. • Conceituar e explicar toda a etapa de maceração. • Conceituar e explicar todo o processo de germinação. • Conceituar e explicar todo o processo de secagem. • Definir os parâmetros de qualidade que devem ser aten- didos ao final do processo de malteação, bem como con- textualizar sobre prazo de validade, formas de armazena- mento e de transporte. Parâmetros dos Grãos Maceração Secagem Malte ProntoGerminação Processo de Malteação dos Cereais Parâmetros dos Grãos Olá, aluno(a)! Esta é a segunda unidade da disci- plina “Malte e Malteação”. Lembra que, na unidade anterior, trabalhamos com a definição de malte e adjunto, caracterizamos os grãos e/ou matérias-pri- mas mais utilizados neles, bem como vimos sobre a portaria que rege esses dois ingredientes da cerveja? Vale ressaltar que o malte provém de um proces- so de germinação controlado. Nesta unidade, por sua vez, aprenderemos como o grão vira malte, bem como o que acontece em cada etapa do processo produtivo. Serão abordados também quais parâmetros de qualidade devem estar presentes no grão, quando este chega à empresa de malteação, assim como quais parâmetros de qualidade o malte pronto deve atender. Visualize, a seguir, o fluxograma com todas as etapas do processo produtivo do malte.Ao ser recepcionado na indústria de malte, o grão passa por observação sensorial, onde são verificados o odor, a cor, a espessura da casca, a aparência total, a limpeza e se os grãos estão uniformes ou não. Algumas análises também são realizadas, como: teor de umidade, poder germinativo, energia germi- nativa, peso por hectolitro, peso de 1.000 grãos, prova de corte, sensibilidade à água, proteína e a contami- nação microbiológica (BRASIL, 1996). 37UNIDADE 2 Você deve estar se questionando: energia de ger- minação e poder germinativo não são as mesmas coisas? A resposta é não! Deixe-me explicar a você. Algumas proteínas estão presentes no grão e o nível destas deve ser baixo; em contrapartida o teor de amido deve ser alto, a fim de maximizar o potencial de rendimento do extrato na cerveja (MACLEOD; EVANS, 2016). O extrato nada mais é que a quantidade de açúcares, proteínas e outros compostos solúveis Recepção dos Grãos Análises Preliminares Maceração GerminaçãoSecagem e Resfriamento Remoção das Raízes Veri�cação da Qualidade Armazenamento Expedição Figura 1 - Fluxograma do processo produtivo do malte Fonte: o autor. presentes no mosto cervejeiro durante a fermenta- ção (BRASIL, 2001), para isso, utiliza-se a Equação de Bishop, que nos dá uma noção da porcentagem do teor de extrato. Extrato % = A – 0,85P + 0,15G Em que, A = constante dependente do tipo de grão P = teor de proteína G = peso de 1.000 grãos de cevada; geralmente esse peso é em torno de 35 a 48 gramas. Embora os nomes sejam parecidos, a energia de germinação é o percentual, ou seja, a quantidade de grãos que apresentam brotos ou radículas após um período de 3 a 5 dias, enquanto que o poder ger- minativo é o percentual de grãos vivos, sendo este último determinado através de métodos químicos. 38 Processo de Malteação dos Cereais Além de afetar o extrato, o alto teor de proteína tem influência sobre a produção e a qualidade do malte e do produto final, a cerveja. Cevadas com níveis mais baixos de proteína são consideradas mais nobres e utilizadas, preferencialmente, na produção de malte claro. Por outro lado, as ce- vadas com maiores teores de proteína são mais difíceis de serem processadas, mas podem ser melhor aproveitadas para a produção de malte escuro (BARROS; GHESTI, 2016). Baixos teores de proteína também podem resultar em cervejas com pouca espuma, corpo leve e pouco poder enzimático. Em contrapar- tida, altos teores podem gerar turbidez e baixo rendimento da brassagem (BARROS; GHESTI, 2016). Depois de o grão recebido ser analisado, este é limpo, passando por uma série de peneiras com diferentes aberturas e sofrendo agitação, com o intuito de separar materiais estranhos, grãos que- brados e palha; posteriormente, eles são armaze- nados (MACLEOD; EVANS, 2016). No entanto, não somente se deve levar em con- sideração a limpeza e integridade do grão, mas também a higiene do ambiente onde o malte será produzido. É necessário que esse local seja limpo, que se- jam usados recipientes de aço inoxidável, assim como o layout do sistema produtivo deve ser sim- ples, a fim de facilitar a limpeza e garantir um produto de qualidade com segurança alimentar (MACLEOD; EVANS, 2016). Um dos fatores que deve ser cuidado ao estocar o grão é a umidade; ao reduzir o teor de umidade, reduz-se também a proliferação de fungos e o poder germinativo é mantido. No Brasil, o teor máximo de umidade permitido na estocagem é de 13%. Se porventura o teor de umidade estiver elevado, é realizada uma pré-secagem (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014). Para determinar a energia de germinação, coleta-se amostra aleatória do grão e conta-se 100 unidades. Após, verifica-se quantos grãos desses 100 germinaram, determinando, dessa forma, a porcentagem de energia de germinação. Fonte: adaptado de EBC (2007). Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 39UNIDADE 2 Ao ser detectada a presença de fungos, é de extre- ma importância expurgar, pois alguns deles, por exemplo, o Fusarium genus e o Claviceps, podem deixar alguns resíduos considerados tóxicos, os quais são conhecidos como micotoxinas; estas, por sua vez, podem não ser degradadas durante o processo de malteação e nem durante o processo subsequente de fabricação da cerveja, permane- cendo, dessa forma, no produto final: a cerveja (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014). A temperatura é outro parâmetro a ser ave- riguado durante a estocagem, pois esta deve ser escolhida de tal forma que não interfira no poder germinativo, aconselhando-se que seja inferior a 25 °C (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014). Aconselha-se, também, que durante o arma- zenamento (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014): I. Não sejam misturadas diferentes varieda- des de cevada ou trigo. II. Sejam separados os grãos que foram secos naturais e artificiais. III. Que mantenham juntos os grãos que pos- suem proteínas semelhantes. IV. Que sejam limpos e expurgados os silos e que seja verificado antes de enchê-los. V. Que controlem a temperatura e a umidade durante o armazenamento. VI. Que frequentemente sejam inspecionados os diferentes silos, a fim de se evitar conta- minações e expurgá-lo, se for necessário. Caro(a) aluno(a), o grão de cevada e o de trigo têm suas similaridades e, quando recebidos na maltaria, tanto um quanto o outro, passam pelos mesmos critérios de verificação e análise e devem atender aos mesmos parâmetros de qualidade, assim como a forma de armazenar e os índices de umidade valem para ambos. No próximo tópico, estudaremos a primeira etapa do processo de malteação, conhecida como maceração. 40 Processo de Malteação dos Cereais Nesta etapa do processo de malteação, o grão é imerso em água, tendo a temperatura controlada, para que seu nível de umidade atinja a faixa de 42 a 47%, permitindo, assim, que comece a germina- ção, ou seja, o crescimento de radículas e brotos (MACLEOD; EVANS, 2016). A maceração, além de estimular a germinação, também possibilita que o grão seja limpo, fazendo a remoção de quaisquer resíduos soltos e poei- ras que não tenham sido eliminados na limpeza ou, ainda, que o grão seja desinfetado, para isso, adicionando-se hipoclorito à água (MACLEOD; EVANS, 2016; REINOLD, 1997). Cada série de imersão do grão na água é se- guida por um período de descanso ou aeração; neste processo, a água é toda drenada. Esse ciclo de estágios alternados, úmido e seco, é repetido de 2 a 4 vezes, sempre com a temperatura controlada. Como vimos na unidade anterior, o embrião é a maior parte viva do grão, ele é capaz de absorver a água rapidamente, enquanto que o endosperma é hidratado por osmose. Maceração 41UNIDADE 2 A osmose é o movimento de água que ocorre dentro das células através de uma membrana do meio menos para mais concentrado. No período de imersão, o embrião absorve a água, enquanto que no estágio de descanso ou aeração a água é difundida no endosper- ma, propiciando sua hidratação (MACLEOD; EVANS, 2016). A água utilizada na maceração deve atender os padrões de qualidade de água potável, livre de impurezas, sejam elas físicas, químicas ou bioló- gicas, enquanto a sua dureza não interfere neste processo produtivo (REINOLD, 1997). De acordo com Pascari et al. (2018), o ob- jetivo da maceração é estabelecer condições de umidade favoráveis dentro do grão, capazes de ativar as enzimas envolvidas na germinação. Reinold (1997) adverte que diferentes espécies de cevada ou de trigo possuem diferentes capa- cidades de hidratação. Dessa forma, a indústria produtora de mal- te deve se atentar ao tempo de maceração, não sendo esta nem curta demais, tampouco longa, a fim de não prejudicar a qualidade e a homo- geneidade da germinação, pois ao final do pro- cesso de maceração, o grão deve ser uniforme e apresentar um grau de maceração considerável. Agora você deve estar se questionando: o que é grau de maceração? Grau de maceração nada mais é que o teorde umidade após o processo de maceração. O grau de maceração ajuda a determinar o produto final, ou seja, o tipo de malte que se pretende obter. Quando o objetivo é produzir malte claro, o grau de maceração deve ser de 42% a 44%, enquanto que, para maltes escuros, o grau de maceração deve ficar entre 47% a 48%. Isso se explica pelo fato de que, quanto maior for o grau de maceração, maior será a degradação da parede celular; além disso, o alto teor de umidade, juntamente com a tempera- tura, tem como resultado uma coloração mais escura no malte (PASCARI et al., 2018). Um elevado grau de maceração tem como consequência uma boa degradação da parede celular e uma maior degradação proteica; baixa viscosidade; incremento da cor do malte; maior poder diastático, bem como um número de Kol- bach maior (REINOLD, 1997). Número de Kolbach ou índice de Kolbach, como também é encontrado, é o percentual de parti- cipação do nitrogênio solúvel no mosto, sobre o nitrogênio total do malte. Para determinar o grau de maceração, deve-se se- car, em papel filtro, 100 gramas do grão macerado e pesar. Após secar em estufa a 50 °C, determinar a umidade até que ela tenha peso constante. Fonte: adaptado de EBC (2007). 42 Processo de Malteação dos Cereais Além disso, o grau de mace- ração influencia na formação de enzimas, pois quanto mais alto o teor de umidade, maior será a formação destas, até que elas atinjam determinado limite (REINOLD, 1997). Dessa forma, os objetivos ge- rais desta etapa do processo de malteação consistem em (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014): I. Higienizar o grão e des- cartar a água suja. II. Eliminar todo o material flutuante, ou seja, a sujeira. III. Propiciar o aumento da umidade de 12% (teor da cevada) até, aproximada- mente, 44%, para come- çar a germinação. IV. Fornecer oxigênio sufi- ciente para o embrião. V. Remover inibidores de crescimento, os quais são parte dos mecanismos de dormência. Ao final da maceração, em tor- no de 48 horas após o início, os grãos começam a apresentar pequenos brotos, sinal de que a germinação já começou. O tópico seguinte abordará a segunda etapa da malteação, a germinação, na qual ocorre o crescimento de brotos e radí- culas, assim como a ativação e formação de algumas enzimas extremamente importantes para a malteação e, consequentemen- te, para a produção da cerveja. 43UNIDADE 2 Segundo Macleod e Evans (2016), é por meio do processo de germinação que são estimuladas as sínteses e liberação das enzimas, a quebra da pa- rede celular no endosperma, bem como a solubi- lização do nitrogênio armazenado, enquanto para Pascari et al. (2018), o papel principal vai além de enriquecer o malte com enzimas, mas sim formar compostos aromáticos nele. Dessa forma, o processo de germinação é cons- tituído por três grupos (REINOLD, 1997): I. Processo de crescimento. II. Formação de enzimas. III. Transformação de substâncias. Poucas horas após a imersão do grão na água, quando o grão atinge entre 35 a 38% de teor de umidade, começa a germinação e esta se dá pelo transporte do ácido giberélico, o qual tem a fun- ção de promover o crescimento para a camada de aleurona, onde ocorrerá tanto a produção quanto a ativação das enzimas (PASCARI et al., 2018; REINOLD, 1997). Germinação 44 Processo de Malteação dos Cereais A aeração ou descanso mais intenso do grão durante a maceração propicia rápido início da germinação e, além disso, o grau de maceração, a temperatura, o tempo e o ar durante a germinação são parâmetros que possuem grandes influências no processo dele (MALLETT, 2014). A temperatura utilizada no processo de ger- minação também é diferente quando se deseja obter maltes diferentes. Para maltes claros, a in- dústria utiliza temperaturas mais amenas, de 17 a 18 °C e, para maltes mais escuros, trabalha-se com uma temperatura um pouco mais quente, de 23 a 25 °C (PASCARI et al., 2018). Além do controle da temperatura, o fluxo de ar e as aspersões de água são usados a fim de manter a umidade, a temperatura e os níveis de oxigênio nos grãos, que respiram à medida que desenvolvem suas radículas e brotos (MA- CLEOD; EVANS, 2016). Ao longo da germinação, os grãos devem ser revolvidos periodicamente, pois, dessa forma, evi- ta-se a formação de massas de grãos, o entupimen- to das raízes, bem como facilita a passagem do fluxo de ar e a distribuição da água, contribuindo para que os grãos germinem homogeneamente (MACLEOD; EVANS, 2016). Você pode perceber que um parâmetro muito importante nessa etapa do processo de malteação é a temperatura, pois se esta for alta demais, em- bora acarrete uma germinação mais rápida, pode ocasionar uma menor degradação proteica. Em contrapartida, se este parâmetro for mais baixo, obtêm-se maltes ricos em enzimas, maior teor de extrato, melhor degradação proteica, assim como, consequentemente, um tempo de germinação mais longo. Durante o processo, a umidade do grão tende a aumentar e chegar em torno de 45% no segundo dia de germinação, propiciando, dessa forma, o crescimento das raízes e brotos e, simultaneamen- te, a produção das enzimas, como a beta-amilase, 45UNIDADE 2 que já existe no grão e está inativa (MACLEOD; EVANS, 2016). A única amilase que existe na cevada antes do malte é a beta (β) amilase, que está presente em todos os tecidos da planta de cevada. A beta ami- lase existe na forma livre e só é liberado durante a germinação (MALLETT, 2014). Esse desenvolvimento é acompanhado pelo tamanho de radículas. Não é vantajoso radículas muito grandes, pois, para seu desenvolvimento, é necessário um consumo de amido excessivo e isto pode ocasionar a presença de substâncias que darão origem ao off-flavours (sabores indesejá- veis), como ácidos graxos que apresentam sabor semelhante a ranço (BARROS; GHESTI, 2016). Por sua vez, no quarto dia, o teor de umidade cai e fica entre 38 a 40%. Todo o processo de ger- minação dura, em média, cinco dias e uma vez que o grão tenha germinado, este recebe a designação de “malte verde” (MACLEOD; EVANS, 2016; REI- NOLD, 1997). Com o decorrer da germinação, alguns grãos não se desenvolvem muito e são classificados como malte curto ou spitz, como também são chamados (REINOLD, 1997). Outro fator que pode ocorrer é a perda de eficiência por meio das raízes, a qual é ocasiona- da pelo tempo de germinação muito longo, pela temperatura muito elevada ou, até mesmo, pelo grande teor de umidade no malte verde. No final deste processo, devem ter sido solubi- lizadas de 40 a 50% das proteínas e serem grandes os níveis de enzimas, como a α-amilase e β-amila- se (MACLEOD; EVANS, 2016). Dessa forma, os grãos germinados seguem para a última etapa, a secagem, com o intuito de interromper a germi- nação e manter alguns compostos constituídos no grão durante esse processo. Agora que aprendemos como o grão germina, veremos a última, mas não menos importante, etapa da malteação: a secagem. 46 Processo de Malteação dos Cereais O processo de secagem tem como objetivo inter- romper a germinação, impedindo que as radículas continuem a crescer. O grão começa o processo de secagem com aproximadamente 38 a 40% de umidade e, no final deste processo, apresenta entre 4 a 5% de umidade (MACLEOD; EVANS, 2016). Este processo limita a modificação do amido, estabiliza o produto, preserva atividades enzimá- ticas, define a cor, o aroma e o sabor do malte, além de remover sabores e compostos químicos indesejáveis (MACLEOD; EVANS, 2016). Mediante controle de temperatura, é feita a remoção gradual da água no grão utilizando-se ar quente, o que aumenta a temperatura do grão, a qual é absorvida e removida pela corrente de ar quente (MACLEOD; EVANS, 2016). Esse aquecimento pode ser direto ou indireto e tem como meios de propagação o vapor, o ar quente ou de combustão, como o carvão, a ma- deira, o óleo e o gás. De acordo com Macleod e Evans (2016) e Pas- cari et al. (2018), a secagem se dá emvárias escalas de temperatura, inicialmente com 50 ºC, fazendo com que os grãos atinjam de 10 a 12% de umidade e, então, com o aumento gradual até 80-90 ºC, quando o grão atinge 4% de umidade. Secagem 47UNIDADE 2 A temperatura e o tempo são parâmetros im- portantes para garantir que, à medida que o grão for seco, ocorra uma mínima desnaturação de enzimas. Temperaturas inapropriadas podem acarretar na perda, por exemplo, da enzima β-a- milase (MACLEOD; EVANS, 2016). Você sabia que a temperatura e o tempo de secagem influenciam diretamente no nível de secagem? E que o processo de secagem dá ori- gem a diversos tipos de maltes que encontramos no mercado? A secagem é a etapa que define o caráter fi- nal do malte, desta forma, um controle rigoroso nesta etapa permite a produção de vários tipos especiais de malte. O malte, geralmente, é classificado como: malte base, o qual mantém a cor original do endosperma do grão durante a sua produção; e o malte especial, que é todo aquele que não seja malte base (BRASIL, 2014). Entretanto, isso é assunto para uma próxima unidade da nossa matéria. Apesar de proporcionar a obtenção de um malte mais claro, temperaturas mais amenas de secagem podem trazer uma sensível perda na estabilidade da espuma (REINOLD, 1997). Embora, ao final do processo produtivo, o malte fique muito parecido com o grão original, este apresenta algumas alterações quando ambos são comparados, vejamos na Tabela 1. Tabela 1 - Alterações da cevada para o malte Cevada Malte Amido 60% 55% Proteína 11% 10,7% Umidade 12% 4,5% Lipídios 3,5% 3,5% Beta-glucanos 3,5% 0,5% Aminoácidos, peptídeos 0,5% 1,5% Açúcares livres 2,7% 7,5% Fonte: Boan, Collini e Perez (2014). Durante a malteação, também é comum o grão sofrer perdas de massa. Essa perda é atribuída à lavagem e respiração dos grãos durante o processo de maceração, a remoção das radículas após a secagem, entre outros, como está melhor exemplificado na Tabela 2. Tabela 2 - Etapas do processo e suas respectivas perdas Perdas Percentual Limpeza, grãos finos e matérias estranhas 1% Perdas por respiração, CO2 e calor 6% Radículas 4% Variação de Umidade (13% na cevada e 4% no malte) 9% Total 20% Fonte: Boan, Collini e Perez (2014, p. 65). 48 Processo de Malteação dos Cereais Dessa forma, para obter 100 to- neladas de maltes limpos, são ne- cessárias cerca de 120 toneladas de cevada (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014). Terminada a secagem, o malte é resfriado para não haver mais perdas enzimáticas, aumento da cor e alteração no paladar da cer- veja, as radículas são removidas dos maltes, uma vez que estas podem causar um sabor amargo, e o malte pode ser armazenado por até 12 meses, sem perder sua qualidade (MACLEOD; EVANS, 2016; REINOLD, 1997). Dessa forma, as principais al- terações que ocorrem durante a secagem são (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014): I. Redução da atividade da enzima. II. Aumento da cor. III. Diminuição do pH. IV. Diminuição de nitrogê- nio solúvel. V. Diminuição do extrato, no qual parte é consumido pela respiração do grão. VI. Aumento de polifenóis extraíveis. Findada as etapas do processo de malteação, temos o malte pronto e este deverá ser armazenado de forma correta e em locais indica- dos para assegurar sua qualidade. E será exatamente isso que estudaremos no tópico seguinte. 49UNIDADE 2 Ao final do processo, o malte deve apresentar alguns atributos que são requeridos pelas cer- vejarias. Esses requisitos serão listados a seguir (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014): I. Alto teor de extrato e rendimento elevado de álcool. II. Facilidade de moagem. III. Boa separação do mosto. IV. Baixo potencial de Dimetil Sulfeto - DMS. V. Boa atenuação. VI. Boa filtrabilidade. VII. Bom potencial de formação de espuma. VIII. Possuir boa claridade e estabilidade de sabor. Como foi descrito no tópico anterior, o malte é limpo, removendo-se todas as raízes dos grãos, mas também são retirados os grãos pequenos e os quais não germinaram; tudo isso é feito antes do malte seguir para o armazenamento, a fim de evitar alterações em seu sabor, assim como dimi- nuir o volume (MACLEOD; EVANS, 2016). Malte Pronto 50 Processo de Malteação dos Cereais O grão, após o processo de maltagem, torna-se frágil, pois facilmente pode ser quebrado ou da- nificado, acarretando alterações no processo de fermentação da cerveja e aumentando as perdas de produção. Dessa forma, recomenda-se que seu transporte seja cauteloso, não gerando danos (MA- CLEOD; EVANS, 2016). Os lotes de maltes são analisados individualmen- te, para checagem das características de qualidade, utilizando-se métodos padrões de análises e seguin- do também as especificações de cada cliente. Geralmente, são determinados os níveis de umi- dade, os quais devem ter cerca de 4%, pois acima disso o armazenamento será por tempo limitado, podendo acarretar no desenvolvimento de mofos, afetando a qualidade e o preço do malte (MA- CLEOD; EVANS, 2016; REINOLD, 1997). Além da umidade, é averiguada também a pro- teína, a cor, o extrato de rendimento, o poder diastá- tico, o índice de Kolbach, o potencial de fermentabi- lidade do mosto, o pH e a viscosidade (MACLEOD; EVANS, 2016; REINOLD, 1997). Além das análises realizadas no malte, são ava- liados o tamanho e a homogeneidade do grão, se há presença de fungos e se o malte está livre de impure- zas, pois é aceitável um máximo de 2% de variação (REINOLD, 1997). Antes de o malte deixar a malteria e dali seguir para uma cervejaria, ele deve ficar armazenado de 15 a 30 dias, sendo que esse armazenamento leva o nome de “Pousio”. É fundamental, também, que se evite manter a superfície de contato do malte com o ar ambiente o mínimo possível, com o intuito de não ocorrer um excesso de hidratação, com a umidade do ar (REINOLD, 1997). Para normalizar as características do malte e en- tregar um produto homogêneo e que atinja as es- pecificações, pode ser realizada a blendagem, a qual consiste na mistura ou combinação de diferentes lotes, como misturar um lote com alta proteína com outro que esteja com baixa proteína, de modo que a mistura atenda as especificações (BOAN; COLLINI; PEREZ, 2014). Agora, sim, o malte está pronto para ser destina- do a uma cervejaria e tornar-se cerveja! Dessa forma, encerramos nossa segunda uni- dade, em que aprendemos como o grão, seja ele de trigo, de cevada ou outros, vira malte e de como o processo é simples. Espero que tenham aprendido bastante. Não deixe de assistir ao vídeo que deixei como material complementar, pois este irá ajudá-lo(a) a entender melhor o processo produtivo, bem como visualizá-lo. Poder diastático é a medida da quantidade de enzimas contidas no malte capazes de converter amido em açúcares. 51 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Aprendemos que, ao final do processo de malteação, o grão fica visivelmente muito parecido ao grão original, mas que durante o processo produtivo ele perde massa. Até o final do processo, quantos por cento de massa geralmente o grão perde? a) 3,8%. b) 10%. c) 1%. d) 15%. e) 20%. 2. Além de estudarmos sobre as três etapas do processo de malteação, também vimos sobre o malte pronto e seu armazenamento. Baseando-se nisso, analise as afirmativas a seguir: I) Maltes podem ser armazenados até 12 meses. II) Assim que acabados, os maltes já podem ser utilizados na produção da cerveja. III) Maltes com umidades maiores que 4% podem ser armazenados até 12 meses. IV) Os maltes sofrem perdas durante o processo e ficam com a massa menor que do grão inicial. V) É permitido que se façam blendagem, a fim de entregar um produto homogêneo e que atenda as especificações. Está correto o que se afirma em: a) I e III. b) III e IV. c) II. d) I e IV. e) I, IV e V. 52 3. Nesta unidade, estudamos e aprendemos sobre a chegada do grão, sobre as três etapas do processo de produção do malte e, por fim, sobre o malte já pronto e seu armazenamento.Baseando-se nesta unidade, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Assim que recepcionado, o grão passa por algumas análises. ) ( O processo de maceração, além de estimular a germinação, propicia a limpeza e desinfecção do grão. ) ( No processo de germinação, juntamente com as raízes e brotos, desenvol- vem-se também as enzimas. ) ( Temperaturas muito altas e tempo longo na secagem podem desnaturar algumas enzimas. ) ( Temperaturas mais amenas na secagem podem trazer uma sensível perda na estabilidade da espuma Assinale a alternativa correta: a) V-V-V-V-V. b) V-F-V-F-V. c) F-F-F-F-F. d) F-F-V-V-V. e) F-V-F-V-F. 4. Com o auxílio do fluxograma do processo produtivo do malte, escreva com suas palavras o que você entendeu de cada etapa do processo. 5352 Neste primeiro vídeo, é possível ver, de forma prática, a transformação do grão de cevada em malte, sendo brevemente explicada e fornecidas informações sobre as etapas de maceração, germinação e secagem. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB Neste vídeo, são explicados sucintamente desde a cevada até a utilização do malte na cervejaria. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB 54 BARROS, C. R.; GHESTI, G. F. Malte: essência da cerveja; edição e redação Chiara Rêgo Barros e Grace Ferreira Ghesti. Brasília: Universidade de Brasília, 2016. BOAN, M.; COLLINI, D.; PEREZ, C. Tecnologia Cervejeira. Rio de Janeiro: Senai, 2014. BRASIL. Instrução Normativa n° 54, de 05 de novembro de 2001. Regulamento técnico Mercosul de produtos de cervejaria. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/inspecao/produtos-vegetal/legislacao-1/ biblioteca-de-normas-vinhos-e-bebidas/instrucao-normativa-no-54-de-5-de-novembro-de-2001.pdf/view. Acesso em: 10 jan. 2020. BRASIL. Portaria nº 8, de 17 de janeiro de 2014. Diário Oficial da União. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Brasília, 2014. BRASIL. Portaria nº 691, de 22 de novembro de 1996. Norma de identidade e qualidade da cevada. Paraná: Ministério do Estado da Agricultura e do Abastecimento, 1996. EBC. European Brewery Convention. European Brewery Convention Analytica – EBC. 5 ed., Fachverlag Hans Carl, Nurnberg, Germany, 2007. MACLEOD, L.; EVANS, E. Barley: Malting. Encyclopedia of Food Grains. 2 ed. v. 3, p. 423-433, 2016. MALLETT, J. Malt: a practical guide from field to brewhouse. Colorado. Brewers Association, 2014. PASCARI, X.; RAMOS, A. J.; MARÍN, S.; SANCHÍS, V. Mycotoxins and beer. Impact of beer production process on mycotoxin contamination. A review. Food Research International, v. 103, p. 121-129, 2018. REINOLD, M. R. Manual prático de cervejaria. 1. ed. São Paulo: Ed. ADEN, 1997. 55 1. E. 2. D. 3. A. 4. • Recepção do Grão: chegada dos grãos na indústria de malte. • Análises preliminares: são realizadas análises sensoriais, como verificação da cor, odor, tamanho dos grãos, grau de impureza e de materiais estranhos e fungos. Também são feitas análises para a determi- nação da umidade, do poder e da energia germinativa, proteínas, entre outras, ou seja, verificar se os grãos estão ou não em conformidades com os padrões de qualidade. • Maceração: é um processo onde o grão fica imerso em água e em aeração, com o intuito de se hidratar, estimulando o início da germinação. • Germinação: processo onde as raízes e brotos começam a crescer. • Secagem: interrompe o crescimento das raízes, conserva atributos adquiridos no processo e torna o malte claro ou escuro. • Resfriamento: o malte é resfriado para não alterar a cor, não ter perdas enzimática ou alterar o paladar da cerveja. • Remoção das Raízes: são removidas dos maltes, pois podem causar um sabor amargo e diminuir o vo- lume no armazenamento. • Armazenamento: devem ficar armazenado, no mínimo, de 15 a 30 dias, pois maltes recém-processados fornecem mosto turvo, dificultando a filtração e a fermentação, influenciando o aspecto, o paladar e a estabilidade da espuma na cerveja. • Análises e Checagens: verifica se o malte está atendendo os parâmetros de qualidade e dos clientes. • Expedição: transporte para as cervejarias. 56 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Lorena Saviani Trentin • Apresentar os principais componentes dos grãos e abor- dá-los. • Elucidar as principais reações químicas que ocorrem nas duas primeiras etapas da produção do malte, bem como as alterações químicas da proteína e do teor lipídico. • Explicar a degradação de polímeros presentes na parede celular. • Demonstrar como acontece a degradação do amido e definir o que são e as funções das enzimas alfa-amilase e beta-amilase. • Explanar sobre as principais reações que ocorrem no malte no processo de secagem, principalmente a reação de Maillard e conceituar o poder diastático. Composição do Grão Reações Químicas Durante o Processo de Maceração e Germinação Degradação do Amido Reações Químicas Durante o Processo de Secagem Degradação de Polímeros da Parede Celular Malteação de Cereais e as Enzimas Composição do Grão Saudações, aluno(a)! Estamos na terceira unidade do nosso livro “Malte e Malteação”, muita coisa já aprendemos até aqui, não é mesmo? Nesta unidade, veremos do que o grão é consti- tuído, as principais reações químicas que ocorrem quando ele está sendo transformado em malte, as degradações ocorridas e porque dizemos que alguns maltes não possuem enzimas ou como é encontrado na literatura, sem poder diastático. Na Unidade 1, estudamos a constituição dos grãos, lembra? Embrião, endosperma, escutelo, aleurona e casca. Agora, nesta unidade, veremos a composição do grão: amido, proteínas, hemice- lulose e substâncias gomosas, graxas e minerais, bem como as celuloses e as enzimas. Vamos lá? 59UNIDADE 3 Açúcar para Álcool e CO2 Dentre todas as substâncias, o amido é o mais abundante no grão de cevada, cerca de 55 a 65%. O amido é um polissacarídeo composto por dois tipos de moléculas: a amilose e a amilopectina (BARROS; GHESTI, 2016). As moléculas de amilose são pequenas e solúveis, formadas por moléculas de glicose com ligações alfa 1,4 e têm sua estrutura linear (BARROS; GHESTI, 2016). ... . ... . H H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2OH H OH n OH H H O O O Figura 2 - Moléculas de amilose Fonte: Barros e Ghesti (2016, p. 20). As moléculas de amilopectina são ramificadas, insolúveis, viscosas em meio aquoso e apresentam outros tipos de ligação, como alfa-1,6 (BARROS; GHESTI, 2016). ... . ... . H H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2 H OH OH HO O HH H CH2OH H OH y OH H H O O O ... . H H CH2OH H OH x OH H H O O O Figura 3 - Molécula de amilopectina Fonte: Barros e Ghesti (2016, p. 21). Sendo assim, o amido é um carboidrato formado por açúcares simples, como a glicose; por açúcares duplos, como a maltose; e por açúcares múltiplos, também chamados de polissacarídeos, como a dex- trina (BARROS; GHESTI, 2016). CH2OH OH OH OH OHH H O HH H 23 14 5 6 Figura 1 - Moléculas de glicose que compõem o amido Fonte: Barros e Ghesti (2016, p. 20). 60 Malteação de Cereais e as Enzimas Durante o processo cervejeiro, as enzimas amilases degradarão o amido e o converterão em açúca- res fermentescíveis e não fermen- tescíveis, influenciando, dessa for- ma, a nutrição das leveduras e o corpo da cerveja, quando pronta (BARROS; GHESTI, 2016). Essa degradação será melhor abordada no tópico “Degrada- ção do Amido”. As proteínas de alto peso molecular causam uma boa e estável formação de espuma, bem como promovem um melhor corpo para a cerveja. As de médio peso molecular fixam o gás carbô- nico, atribuindo frescor à bebida. Em contrapartida, as de baixo peso molecular contribuem para a nutrição da levedura (BARROS; GHESTI, 2016). O excesso de proteína pode trazer à cerveja turbidez e perda significativa de rendimento. A maior parte das proteínas presentes no grão são eliminadasno bagaço do malte, na etapa de filtragem do mosto cervejeiro (BARROS; GHESTI, 2016). Nos próximos tópicos, veremos melhor sobre as proteínas. Hemicelulose e Substâncias Gomosas As hemiceluloses são carboidratos não fermentescíveis, que cons- tituem cerca de 10% do grão, possuem peso molecular maior em relação às substâncias gomosas e são insolúveis (BARROS; GHESTI, 2016). As substâncias gomosas são solúveis e somente são degradadas durante o processo de malteação, podendo essa degradação chegar a cerca de 92%; em contrapartida, se esta não for adequada, a visco- sidade do mosto pode aumentar e não há mais o que ser feito, se a cervejaria respeita a Lei da pureza Alemã, Lei a qual já estudamos, que se refere à não utilização de adjuntos no processo cervejeiro (BARROS; GHESTI, 2016). Substâncias Minerais e Graxas O grão possui de 2,5 a 3,5% de minerais, e a maior parte é for- mada por fosfato de potássio. O zinco, o manganês e o cobre são minerais de extrema importância para as leveduras, que serão adicionadas na cerveja, durante seu processo (BARROS; GHESTI, 2016). As graxas são constituídas por ácidos graxos e glicerina e estas podem acarretar à cerveja aromas de ranço, quando presentes em grande quantidade (BARROS; GHESTI, 2016). Proteínas As proteínas compõem cerca de 10% do grão, são compostas por aminoácidos e tem um papel fundamental na cerveja. Tal qual os açúcares, as proteínas também serão degradadas por enzimas durante o processo cervejeiro (BARROS; GHESTI, 2016). Molécula de Glicose, Amilose e Amilopectina 61UNIDADE 3 Celulose A celulose representa de 3,5 a 7% do grão. Presente na casca, não sofre qualquer alteração durante o processo de malteação e de bras- sagem, sendo eliminada após o processo de filtragem do mosto cervejeiro (BARROS; GHESTI, 2016). Enzimas As enzimas atuam na formação e na decomposição, são formadas em células vivas por proteínas e ajudam a catalisar reações biológicas para degradação e síntese e são muito utilizadas pelas indústrias de alimentos, podendo ser naturais ou produzidas artificialmente. Alguns parâmetros, como a temperatura, o pH, o tempo e a concentração, podem influenciar a atuação das enzimas (BARROS; GHESTI, 2016). Dentre elas estão a beta-glucanase, que hidrolisa as beta-gluca- nas, e as amilases, que desdobram o amido. A enzima alfa-amilase fragmenta a molécula de amilopectina entre suas ramificações, desdobrando, dessa forma, em dextrinas. Contudo, a beta-amilase somente consegue atacar as cadeias retilíneas da amilose e as extre- midades não redutoras da ramificação da amilopectina, formando a maltose (BARROS; GHESTI, 2016). Entretanto, o que são as ex- tremidades não redutoras? A extremidade não redutora é a extremidade da cadeia principal, que, como o próprio nome já diz, é a parte final das ramificações. É composta por um carbono 4 e uma hidroxila livre. As enzimas proteolíticas, que são as peptidases e proteases, des- dobram proteínas até os aminoácidos. As peptidases são, na sua maioria, inativadas na secagem do malte e não possuem ação al- guma na fabricação do mosto. As proteases têm atividade ótima na faixa de 45 °C a 50 °C; até mesmo em 60 °C elas ainda são ativas, mas dão origem a uma proporção maior de matérias nitrogenadas mais complexas (BARROS; GHESTI, 2016). No tópico “Degradação do Amido”, você poderá estudar mais a fundo sobre essas e outras importantes enzimas. 62 Malteação de Cereais e as Enzimas No princípio da germinação, o embrião se uti- liza de proteínas, lipídios, açúcares e minerais que estão reservados para conseguir iniciar os desenvolvimentos das raízes e brotos. Enzimas hidrolíticas são liberadas do epitélio escutelar para o endosperma (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Os hormônios giberelinas (GA) são responsá- veis pelo crescimento das raízes, são formados no escutelo e se transportam para a aleurona, onde comandam a formação ou liberação de algumas enzimas, como a alfa-amilase, a dextrinase limi- te e a endopeptidase. Não se sabe ao certo quais giberelinas estão presentes no malte, mas a sua produção e liberação tem relação com a concen- tração de açúcares no embrião (REINOLD, 1997; IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Algumas enzimas são geradas no escutelo, como exemplo a alfa-amilase, a carboxipeptida- se e a beta-glucanase. Estudos recentes mostram que o escutelo é responsável por 1 a 10% da pro- dução da alfa-amilase. Na camada aleurona, são liberadas as enzimas proteases, peroxidase, além da alfa-amilase e da beta-glucanase, assim como vários dissacarídeos, glicosídeos, fosfato e peptí- deos (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Reações Químicas Durante o Processo de Maceração e Germinação 63UNIDADE 3 Durante o processo de maceração e germinação, tem-se a dissolução do endosperma, a qual começa na região do escutelo e segue em direção à extremidade do grão. As enzimas são produzidas e liberadas na sequência; por meio do endosperma hidratado são difundidas, degradando as paredes celulares e a matriz proteica, onde os grânulos de amidos são incorporados, este processo é chamado de modificação do grão (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003; MACLEOD; EVANS, 2016). AA AG AG Açúcares Endosperma Enzimas Enzimas Enzimas Embrião Enzimas Figura 4 - Grão na germinação Fonte: Weckl e Schwarz (2019, on-line)1. GAsGAs 2. As giberelinas difundem-se para a camada de aleurona. 1. As giberelinas são sintetizadas pelo embrião e liberadas no endosperma amiláceo por meio do escutelo. 5. Os solutos do endosperma são absorvidos pelo escutelo e transportados para o embrião em crescimento. 3. As células da camada de aleurona são induzidas a sintetizar e a secretar a amilase e outras hidrolases no endosperma. 4. O amido e outras macromoléculas são degradados a moléculas menores. Testa-pericarpo Camada de aleurona Células de aleurona Endosperma amiláceo Enzimas hidrolíticas Solutos do endosperma Escutelo Raiz Primórdio foliar Coleóptilo Meristema apicial da parte aérea Figura 5 - Representação esquemática da semente de cevada em germinação Fonte: Fernanda, Marcelino e Gonçalves (2014, on-line)2. 64 Malteação de Cereais e as Enzimas Outra propriedade que se modifica com o pro- cesso de malteação é a proteína que, ao final, com o malte já pronto, representa 10,7% do peso do grão. Após a hidratação, as reservas que estão no escutelo – assim como na camada de aleurona – são degra- dadas e alguns dos aminoácidos liberados sinteti- zam as enzimas hidrolíticas, as quais são liberadas do endosperma. Durante o processo de maceração e de germinação, os níveis de enzimas hidrolíticas tendem a subir, havendo um declínio durante a secagem (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). As proteínas de reservas, situadas no endos- perma, são degradadas para peptídeos solúveis e aminoácidos pela ação das enzimas proteolíticas. Os peptídeos simples, a amidase e os aminoáci- dos vão para o embrião, onde são degradados por completo, interconvertidos e utilizados pelo pró- prio embrião que está em estado de crescimento para formar novas proteínas nas radículas. No malte, 40 a 45% das proteínas totais são solúveis em água (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Além de proteínas, o grão de malte também possui lipídios. Os lipídios totais variam de 2 a 4,4%, dentre esses, 67 a 78% são lipídios não po- lares, 8 a 13% de glicolipídios e 14 a 21% de fosfo- lípidos (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). No estágio da germinação, os lipídios de armazenamento são utilizados como fonte de energia metabólica e como ácidos graxos para a síntese de novos lipídios de membranas estru- turais, havendo, com isso, uma queda dos lipí- dios totais durante todo o processo de maltagem (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Agora que já compreendemos as reações quí- micas que ocorrem durante as etapas de macera- ção e germinação do grão que está sendo maltado, vejamos, no próximo tópico, como ocorre a degra- dação dos polímeros na parede celular. Água (1) EXTREMIDADE PROXIMAL EXTREMIDADE DISTAL CÉLULADO ENDOSPERMA EndospermaEndospermaEndosperma Grânulos de Amido (pequenos e grandes) Escutelo (3) (síntese de enzimas) Parede Celular 70% β-glucanos 20% pentosanos 5% proteínas 2% celulose Casca Camada de Aleurona (síntese de enzimas) polifenóis celulose sujidades contaminantesCamada de Aleurona (3) Embrião (2) (produz giberelinas) Figura 6 - Grão de cevada em germinação Fonte: Weckl e Schwarz (2019, on-line)1. 65UNIDADE 3 A parede celular do endosperma é formada, basi- camente, por hemiceluloses e proteínas. Para que o endosperma possa ser exposto, essa parede celu- lar precisa ser degradada (WECKL; SCHWARZ, 2019, on-line)1. A hemicelulose é formada, basicamente, por beta-glucanas e pentosanas, também conhecidas como arabinoxilanas. Durante o processo de mal- teação, as beta-glucanas são degradadas em até 4% do seu valor inicial, enquanto que as pentosa- nas, por sua vez, são pouco degradadas (WECKL; SCHWARZ, 2019, on-line)1. A solubilização parcial e quebra da beta-gluca- na ocorre a partir das paredes celulares e algumas enzimas estão envolvidas nesse processo, como a carboxipeptidase, protease, fosfolipase e a celulase (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). A parede celular vegetal é fina e resistente, formada, principalmente, por polissacarídeos. É possível distinguir dois tipos de parede celular vegetal: a parede celular primária e a secundária (TAIZ; ZIEGER, 2002). A parede primária se forma durante o cresci- mento celular e deve ser mecanicamente estável e suficientemente flexível, a fim de permitir a expansão das células, mas, ao mesmo tempo, evitar sua ruptura. Degradação de Polímeros da Parede Celular 66 Malteação de Cereais e as Enzimas Parede Celular Interna (β-glucana) Parede Celular Externa Matriz Proteica Grânulos de Amido Figura 7 - Célula do endosperma Fonte: Weckl e Schwarz (2019, on-line)1. Esta consiste, principalmente, de polissacarídeos, como celulose, hemiceluloses e pectinas (TAIZ; ZIEGER, 2002). A parede celular secundária é depositada após cessar o cres- cimento celular e deve propor- cionar estabilidade mecânica à planta. Assim como a parede primária, a secundária apresenta compostos de celulose e hemi- celulose, mas estes são, muitas vezes, impregnados de lignina. Além dos polissacarídeos, a pa- rede das células vegetais contém centenas de diferentes proteínas (TAIZ; ZIEGER, 2002). ... . ... . H H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2 H OH OH HO O HH H CH2OH H OH y OH H H O O O ... . H H CH2OH H OH x OH H H O O O ... . ... . H H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2OH H OH OH HO O HH H CH2 H OH OH HO O HH H CH2OH H OH y OH H H O O O C CH3 H NH2 grupo amina grupo amina C C C12 OH CH CH3 CH3 O Ala Leu Ser Cys COOH + grupo ácido carboxilico C CH3 H NH2 C N O C C C12 OH CH CH3 CH3 O O H + H2O H2N O amido é um polissacarídeo composto por unidades de glicose ligadas entre si. Duas estruturas compõem o amido: a amilose e a amilopectina. Na amilopectina os moléculas de glicose podem estar unidas por dois tipos de ligação glicosídica: α-1,4 e a rami�cação α-1,6. Já a amilose possui ligações glicosídicas, entre as moléculas da glicose, do tipo α-1,4. Na matriz protéica os aminoácidos são unidos por ligação por uma ligação peptídica entre o grupo carboxílico de uma molécula com o grupo amino da outra molécula. 67UNIDADE 3 Figura 8 - Microscopia da parede celular degradada Fonte: Weckl e Schwarz (, 2019, on-line)1. Antes da Modificação Após a Modificação As beta-glucanas são polímeros que possuem alto peso mole- cular e são parcialmente solúveis em água; aqueles que são menos solúveis são encapsulados com proteínas insolúveis, arabinoxilanos ou celulose (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). O grão de cevada, por exemplo, contém de 3 a 6% de beta-glu- cana. É certo que, ao decorrer do processo de maltagem, as quanti- dades do grão de cevada caiam significativamente, podendo chegar de 0,2 a 1% ao final do processo. Se os níveis de beta-glucanas no malte pronto estiverem altos, isso significa que houve degradação incompleta da parede celular (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Elevados níveis de beta-glucana afetam o rendimento do extrato de malte e os deixam viscosos, dificultando, dessa forma, a filtragem da cerveja e contribuindo para a formação de neblina e precipitação na bebida (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). 68 Malteação de Cereais e as Enzimas Nas células do endosperma amiláceo, ficam ar- mazenados os grânulos de amido insolúvel, que contêm dois polímeros: a amilose com cerca de 20 a 30% e a amilopectina de 70 a 80%. Apesar destes polímeros serem construídos das mesmas unida- des de glicopiranose, eles necessitam de enzimas diferentes para a sua degradação (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). As suas diferenças não param por aí: a amilose está significativamente associada aos lipídios e o complexo amilose-lipídios pode ser menos susce- tível à degradação enzimática, enquanto a amilo- pectina consiste em um alto peso molecular e se difere da amilose por possuir uma estrutura longa de ramificação (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Ao decorrer do processo de maltagem, o amido é degradado somente de 15 a 18% e a composição do amido residual sofre alteração. A amilose au- menta e o peso molecular de ambos os polímeros caem. Pequenos grânulos de amido são mais aptos à degradação do que os grandes grânulos, bem como os grânulos próximos ao embrião são pra- ticamente todos degradados; em contrapartida, aqueles mais distantes têm a sua degradação mais limitada (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Degradação do Amido 69UNIDADE 3 Todas as enzimas necessárias para a degradação do amido, durante a produção da cerveja, são ativadas durante a maltagem, sendo elas: a alfa-amilase; a beta-amilase; a dextrinase-limite e a alfa-glucosidase. Veremos todas estas na sequência (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). β-amilase α-amilase Dextrinase limite α-glucosidase Figura 9 - Degradação amilolítica Fonte: Schussler (2018, p. 23). Alfa-amilase As enzimas chamadas de alfa-amilases têm o poder de hidrolisar o grânulo de amido e são responsáveis pela sua degradação inicial durante a maltagem. Estas enzimas possuem ação hidrolítica mais devagar em cadeias curtas e variam sua capacidade de hidroli- sar as ligações em estreita proximidade com os pontos de ramificação (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Estas enzimas ainda podem agir isoladamente e degradar a amilose e fragmentar a amilopectina. Duas isoenzimas de alfa-amilase são sintetizadas durante a etapa de germinação, a alfa-amilase I e a alfa-amilase II, as quais possuem as mesmas especificações de substrato aparente e de pa- drões de ação, mas se diferem nas propriedades (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Estas diferentes propriedades são apresentadas na Tabela 1. Tabela 1 - Diferentes propriedades da alfa-amilase I e II Propriedades alfa-amilase I alfa- amilase II Peso molecular 45 342 45 005 pH ótimo 3.0 – 5.5 5.0 – 5.4 Estabilidade em pH 3.6 Estável Instável Proporção na germinação de grãos Menor – até 10% Maior – até 90% Fonte: adaptada de Briggs (1992 apud IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). 70 Malteação de Cereais e as Enzimas Beta-amilase As beta-amilases são exoenzimas que clivam, ou seja, fragmentam a penúltima ligação da extremidade não redutora das cadeias polimé- ricas e liberam a maltose. Esta enzima pode agir sozinha e degradar toda a amilose em maltose e degrada somente a cadeia externa da amilopectina (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Estas enzimas não são sintetizadas durante a etapa de germina- ção, como é a alfa-amilase, e ocorrem no endosperma amiláceos, podendo estas serem em formas livres ou ligadas a proteínas. O nível de beta-amilase livre cai no início do processo de maltagem, mas durante o processo, a quantidade tende a aumentar (IZYDORC- ZYK; EDNEY, 2003). Dextrinase-limite A enzima dextrinase-limite, durante a germinação, hidrolisa as liga- ções das dextrinas ramificadas com maior facilidade do quea das grandes moléculas de amilopectina (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). A cevada, por exemplo, antes do processo de maltagem, contém baixas quantidades de enzimas, mas ao decorrer da germinação, de- vido à síntese da aleurona, estas quantidades aumentam. Contudo, o Figura 10 - Degradação amilolítica Fonte: Schussler (2018, p. 22). Enzimas Fermento Amido Açúcares fermentescíveis Açúcares não fermentescíveis Álcool + CO2 grão de cevada contém proteína a qual é estável à alta tempera- tura e acaba inibindo a enzima, mas ao decorrer de todo o pro- cesso, este inibidor diminui, só não o suficiente, pois o que resta inibe a maior parte da dextri- nase-limite (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Alfa-glucosidase A alfa-glucosidase participa da conversão final da malto- se e de outras pequenas dex- trinas em glicose, assim que se inicia a germinação, na ca- mada aleurona e no embrião, ocorre uma síntese rápida de algumas isoenzimas da alfa- -glucosidase (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). 71UNIDADE 3 Vimos, na unidade anterior, que a etapa de seca- gem tem a função de interromper o crescimento de raízes e brotos, lembra? Pois bem, a etapa de secagem também é iniciada quando os níveis de enzimas e a modificação do endosperma deseja- dos ocorreram, fazendo com que não haja mais al- terações no grão (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Durante a secagem, é essencial que se tome cuidado com os parâmetros de tempo e de tempe- ratura, pois algumas enzimas são termossensíveis, como é o caso da beta-amilase. Estas enzimas, por sua vez, têm grande papel na produção da cerveja, principalmente na etapa de fermentação (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Aprendemos, também, que é na etapa de seca- gem que se formam a cor, aroma e sabor do malte; esses compostos são formados pela reação que chamamos de Maillard, vejamos mais sobre isso (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Durante a secagem, o embrião perde sua via- bilidade, as quantidades de sacarose aumentam e o açúcar é caramelizado. As melanoidinas têm seu nível aumentado por meio das reações de Maillard, as quais são reações não enzimáticas Reações Químicas Durante o Processo de Secagem 72 Malteação de Cereais e as Enzimas complexas entre proteínas e açúcares simples, assim como substâncias aromatizantes de baixo peso molecular, como aldeídos, cetonas, ésteres, ácidos e álcoois são formados, o que leva à forma- ção de aromas e sabores característicos do malte (MACLEOD; EVANS, 2016). É claro que não somente a reação de Mail- lard é responsável pelas características do mal- te, mas outras reações também estão envolvidas (IZYDORCZYK; EDNEY, 2003). Como já vimos, a temperatura e o tempo são parâmetros importantes, pois, na medida em que o grão for seco, deve-se ocorrer uma míni- ma desnaturação de enzimas; temperaturas ina- propriadas podem acarretar a perda de enzimas (MACLEOD; EVANS, 2016). Algumas enzimas são termossensíveis, isto é, em temperaturas muito altas, perdem seu poder enzimático, o qual também é chamado de poder diastático. Geralmente, os maltes especiais não possuem esse poder, pois não convertem amido em açú- cares fermentescíveis devido à desnaturação das enzimas que ocorre durante o processo de cara- melização ou de torra, por causa das altas tempe- raturas, geralmente acima de 78 °C. Dessa forma, finalizamos a Unidade 3 do nosso livro “Malte e Malteação”. Espero que tenha sido de grande conhecimento e aprendizagem tudo o que estudamos nesses cinco tópicos. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 73 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. O escutelo é um dos componentes que constituem o grão, sendo também responsável por uma parte da produção de alfa-amilase. Portanto, por quais quantidades de produção da alfa-amilase o escutelo é responsável? a) 1 a 10% b) 5 a 15% c) 1 a 5% d) 10 a 15% e) 15 a 20% 2. Nesta unidade, estudamos sobre algumas enzimas, dentre elas a alfa-amilase e a beta-amilase. Sobre elas, analise as afirmativas a seguir: I) Tanto a alfa quanto a beta-amilase são sintetizadas durante a germinação. II) O nível de beta-amilase livre cai no início do processo de maltagem, mas durante o processo, a quantidade tende a aumentar. III) A beta-amilase somente consegue atacar as cadeias retilíneas da amilose e as extremidades da ramificação da amilopectina. IV) A enzima beta-amilase fragmenta a molécula de amilopectina entre suas ramificações. V) A enzima alfa-amilase possui ação hidrolítica rápida em cadeias curtas e varia sua capacidade de hidrolisar as ligações em estreita proximidade com os pontos de ramificação. Está correto o que se afirma em: a) I e III, apenas. b) II e III, apenas. c) II, apenas. d) I e IV, apenas. e) II, III e V, apenas. 74 3. Durante toda esta unidade, estudamos sobre os processos químicos e bio- químicos que ocorrem com o grão que está sendo submetido ao processo de maltagem. Baseando-se nesta unidade, assinale verdadeiro (V) ou falso (F): ) ( Durante o processo de maceração e germinação, tem-se a dissolução do endosperma. ) ( Temperaturas baixas fazem com que os grãos percam seu poder enzimático. ) ( O amido é um carboidrato, formado somente por açúcares simples. ) ( Nas células do endosperma amiláceo, ficam armazenados os grânulos de amido insolúvel, os quais contêm dois polímeros: a amilose com cerca de 10 a 30% e a amilopectina de 70 a 80%. ) ( No estágio da germinação, os lipídios de armazenamento são utilizados como fonte de energia metabólica e como ácidos graxos para a síntese de novos lipídios de membranas estruturais. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V-V-V. b) V-V-F-F-V. c) F-F-F-F-F. d) V-F-F-V-V. e) V-F-F-F-V. 4. Nos grânulos de amido insolúvel existem dois polímeros, a amilose e a amilo- pectina. De acordo com essa informação e baseando-se no que foi estudado, descreva quais as principais diferenças dessas duas moléculas, a amilose e a amilopectina. 75 O artigo deixando como material complementar será de suma importância para que você consiga compreender melhor esta unidade. Aconselho que leia, pois tem um conteúdo enriquecedor de conhecimentos. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2330 76 BARROS, C. R.; GHESTI, G. F. Malte: essência da cerveja. Brasília: Universidade de Brasília, 2016. IZYDORCZYK, M. S.; EDNEY, M. J. Malt – Chemistry of Malting. In: Encyclopedia of Food Sciences and Nutrition. 2. ed. Academic Press, 2003. p. 3677-3685. MACLEOD, L.; EVANS, E. Barley: Malting. Encyclopedia of Food Grains. In: Encyclopedia of Food Sciences and Nutrition. 2. ed. Academic Press, 2016. p. 423-433 (Volume 3). REINOLD, M. R. Manual prático de cervejaria. São Paulo: Ed. ADEN, 1997. SCHUSSLER, V. Laudo de malte: Leitura dos parâmetros. 2018. Disponível em: http://www.agraria.com.br/ extranet/arquivos/agromalte_arquivo/b1880876efc73028fdc813229323e177.pdf. Acesso em: 18 nov. 2019. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. 3. ed. Sunderland: Sinauer Associates, 2002. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: https://engarrafadormoderno.com.br/ingredientes/tipos-de-malte-como-utiliza-los. Acesso em: 14 nov. 2019. 2Em: https://pt.slideshare.net/ivetecampos90/giberelinas-38640874. Acesso em: 14 nov. 2019. 77 1. A. 2. E. 3. E. 4. As moléculas de amilose são pequenas e solúveis. São formadas por moléculas de glicose com ligações alfa 1,4 e têm a estrutura linear. Já as moléculas de amilopectina são ramificadas, insolúveis, viscosas em meio aquoso, podendo apresentar outros tipos de ligação, como a alfa 1,4 e alfa 1,6. Necessitam de enzimas diferentes para a sua degradação. A amilose está significativamente associada aos lipídios, e o complexo amilose-lipídeos pode ser menos suscetível à degradação enzimática, enquanto a amilopectina consiste em um alto peso molecular e se difere da amilose por possuir uma estrutura longa de ramificação. 78 79 80 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOSDE APRENDIZAGEM Me. Lorena Saviani Trentin • Introduzir os tipos de maltes que são possíveis obter por meio do processo de malteação. • Apresentar, definir e caracterizar o malte base. • Apresentar, definir e caracterizar os maltes caramelos. • Apresentar, definir e caracterizar os maltes torrados. • Apresentar e explicar as características que cada tipo de malte atribui à cerveja. Tipos de Malte Malte Base Malte Torrado Características Atribuídas à CervejaMalte Caramelo Variedades de Malte, suas Denominações e suas Características Sensoriais Atribuídas às Cervejas Produzidas Tipos de Malte Olá, aluno(a)! Quantas coisas já aprendemos até aqui, não é mesmo? Vamos recapitular: aprendemos o que é malte e o que são adjuntos e os tipos de adjuntos usados pela indústria cervejeira; depois, vimos todo o processo de modificação do grão em malte e, na unidade anterior, todo o processo quí- mico e bioquímico que ocorre durante a malteação. Nesta unidade, veremos os tipos de maltes que existem, conhecer e compreender cada classificação e, por último, estudar as características sensoriais destes. Tenho certeza que será uma unidade enri- quecedora de conhecimentos. O sabor do malte é proporcionado pela com- posição química do grão utilizado como matéria- -prima e da forma como ele é processado durante a maltagem. A composição química é peculiar aos fatores do processo de maltagem, por exemplo, o tempo de germinação, mas é o processo de secagem e/ou torrefação que repercute impacto maior na cor, aroma e sabor do produto (EDNEY; IZYDORC- ZYK, 2003). Além de influenciar na cor, aroma e sabor, os ti- pos de maltes escolhidos para fabricação da cerveja irão determinar, também, a sensação na boca ao ingerir a bebida e o corpo dela (REINOLD, [2019], on-line)1. 83UNIDADE 4 Durante o processo de secagem, dois tipos de malte podem ser obtidos: o malte base, que mantém a cor original do endosperma do grão durante a sua produção, e o malte especial, que é todo aquele que não seja malte base (BRASIL, 2014). Para ter cor e aroma, os maltes especiais são sub- metidos a processos envolvendo altas temperaturas, que causam desnaturação das enzimas. Por esta razão, faz-se o blend, ou seja, uma mistura de maltes base e maltes especiais, trazendo à bebida: aroma, sabor, corpo, proteína de médio peso molecular para melhorar a estabilidade da espuma e, sobretu- do, açúcares para as leveduras, assim como outras características que aguçam a percepção do consu- midor pela cerveja (REINOLD, [2019], on-line)¹. Maltes especiais são usados em quantidades relativamente pequenas quando comparados ao malte base. O cervejeiro pode chegar a usar até mesmo oito tipos diferentes de maltes especiais, dependendo do estilo da cerveja que deseja fabricar (REINOLD, [2019], on-line)¹. Os maltes especiais, em sua maioria, não precisam ser adicionados no início da mosturação – processo cervejeiro em que se mistura o malte com a água –, mas somente no final. Por não converterem amido em açúcares fermentáveis, devido à desnaturação das enzimas que ocorre durante o processo de carameli- zação ou de torra, por causa das altas temperaturas, os maltes especiais não possuem poder enzimático (diastático) (PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Os maltes especiais podem ser classificados como: Malte Cristal – também chamado de Cara- melo – e Malte Torrado, por exemplo. Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. https://www.lamasbrewshop.com.br/blog/author/fernanda-lamas O malte base, após a germinação, é apenas seco em uma temperatura mais branda, não acarretando ao malte coloração escura, nem aromas e sabores marcantes. É fonte de enzimas, responsáveis pela quebra do amido em açúcares fermentescíveis, e estes, por sua vez, transformados em álcool du- rante o processo de fermentação (PUCCINELLI, 2018, on-line)². A este grupo, inclui-se o malte Pilsen, Pale Ale, Vienna, Mild, Munich, assim como os maltes que não são de cevada, como os de trigo e centeio. Malte Pilsen O Pilsen é um malte base e um dos mais utilizados, usado para todos os estilos de cervejas, possuindo uma cor clara (PUCCINELLI, 2018, on-line)². O malte é altamente modificado com níveis fa- voráveis de proteína e glucanos. Possui excelentes propriedades de clarificação, é utilizado em cervejas Pilsen, sem álcool e como base para os demais estilos; fornece à cerveja um corpo considerável, assim como uma boa formação e retenção de espuma (AGRÁ- RIA, 2019). Malte Base https://www.lamasbrewshop.com.br/blog/author/fernanda-lamas 85UNIDADE 4 Malte Pale Ale Com o crescimento de microcervejarias, esse malte ganhou mais espaço no mercado. A principal diferen- ça desse malte é a sua cor, pois possui uma coloração em torno de 5 a 7 EBC, enquanto um malte pilsen fica em torno de 3,8 EBC (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Pale Ale é um malte base de cor clara, sendo seco entre 90 e 95 °C. Geralmente, é usado como malte base ou em combinação com malte Pilsen, a fim de produzir um sabor de malte mais forte e cor adi- cional. Este malte pode adicionar um tom dourado ao mosto (CASTLE MALTING, [2019], on-line)3. O malte Pale Ale proporciona um sabor mais pro- nunciado que o do Pilsen. As enzimas do malte Pale Ale podem comportar o uso de maltes especiais não enzimáticos (CASTLE MALTING, [2019], on-line)3. Malte Vienna O malte Vienna é produzido igual ao malte Pale Ale, mas com uma temperatura de secagem superior. É caracterizado pela sua cor dourada que fica em torno de 8 a 10 EBC, seu poder de conversão é um pouco mais baixo que o Pale Ale (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Este malte é comumente empregado na fabri- cação de cervejas mais coloridas, mas também é utiliza para corrigir a cor de cervejas produzidas à base de maltes muito claros, só que, nesta últi- ma hipótese, utiliza-se em quantidade menores (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). Malte Mild O malte Mild é produzido igualmente ao malte Pale Ale, mas sua secagem é feita em uma tem- peratura um pouco mais elevada, sua coloração vai em torno de 5,5 a 8 EBC. Embora necessite de temperaturas mais altas para sua secagem, ele segue com poder diastático suficiente para con- verter a maioria das receitas. Este malte geral- mente é utilizado na fabricação de cerejas escuras (PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Malte Munique Caracterizado pelo aroma rico e cor escura, o malte Munique é seco em altas temperaturas e chega a ter 60 EBC em coloração. É muito utilizado para fazer cervejas escuras, aromáticas e encorpadas; raramente ele é usado sozinho como malte base (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Este malte é seco entre 100 e 105 °C. Propor- ciona um aumento modesto na cor, próxima de um laranja agradável e dourado. Adiciona um sabor pronunciado de grãos maltados a vários estilos de cerveja sem afetar a estabilidade da espuma e corpo. Também é usado em peque- nas quantidades em combinação com Pilsen para produzir cervejas de cor clara, melhoran- do o sabor maltado e proporcionando uma cor mais rica. Aprimora o sabor de algumas cervejas características (CASTLE MALTING, [2019], on-line)3. Atualmente, grande parte dos malteiros não fazem distinção entre maltes caramelos e cristal e utili- zam o termo “malte Caramelo” para se referirem a estes maltes (REINOLD, [2019], on-line)1. Esses maltes frequentemente são utilizados para dar dulçor e cor nas cervejas feitas com grãos e com extrato de malte (PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Malte Caramelo A mosturação ou brassagem, como também é conhecida, é a mistura do malte moído com a água, sob temperaturas controladas, a fim de ativar as enzimas presentes e converter amido em açúcares fermentescíveis. O primeiro pro- cesso para a produção do mosto é a moagem dos grãos, em que a parte interna (endosperma) é exposta, com o intuito de liberar as enzimas capazes de promovera hidrólise do amido. Fonte: adaptado de Pascari et al. (2018). 87UNIDADE 4 É possível encontrar esse tipo de malte especial em várias cores e torras. Dentre os maltes carame- los, estão os Carapils, o Caramunich e o Special B. Malte Cristal O malte Cristal é similar aos maltes mencionados anteriormente, sua temperatura de torra varia de 150 a 180 °C, desenvolvendo, por meio destes, sabores e cores. A coloração do malte Cristal é de 150 EBC e os parâmetros de tempo e tempe- raturas são controlados, justamente para que o malte obtenha a cor desejada pelo cliente. Quanto mais claro o malte Cristal for, menos aroma de caramelo ele terá; em contrapartida quanto mais escuro, mais aroma de tostado, nozes, entre outros (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Além disso, esse malte atribui à cerveja uma cor dourada e com boa retenção de espuma (ED- NEY; IZYDORCZYK, 2003). Malte Carapils No âmbito de maltes especiais, o Carapils, tam- bém conhecido como malte Dextrina por alguns malteiros, é considerado um malte Caramelo, em- bora sua cor seja mais clara, em uma escala de 8 a 16 EBC; isso porque sua secagem final é em tem- peraturas mais brandas (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Este malte geralmente é adicionado em peque- nas frações a cervejas do tipo lager, com o intuito de melhorar a retenção de espuma, do corpo e do sabor, sem que a cor sofra qualquer tipo de mudança, além de proporcionar uma sensação mais aveludada na boca (EDNEY; IZYDORC- ZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. O Carapils, ainda, pode ser utilizado em cer- vejas sem álcool ou cervejas consideradas mais leves, contudo, nestas, sua concentração é mais alta e contribui em aumentar o corpo dessas be- bidas sem aumentar a fermentabilidade. Este mal- te também não apresenta mais poder diastático (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). Malte Caramunich Este malte tem a coloração média, variando de 100 a 120 EBC. Proporciona corpo e sensação redonda na boca (PUCCINELLI, 2018, on-line)2, incremento do corpo e intensificação do aroma de malte. Proporciona cores de cerveja mais es- cura e avermelhada (AGRÁRIA, 2019). O malte Caramunich é ideal para cervejas estilos Oktoberfest, bem como em bocks, doppelbocks e maibocks. Fonte: Puccinelli (2018, on-line)2. Malte Special B Malte caramelizado bastante escuro, com colo- ração que se inicia em 200 e chega a 280 EBC (PUCCINELLI, 2018, on-line)². Usado para pro- duzir uma cor de vermelho a castanho escuro e corpo mais encorpado, sabor e aroma singulares. Proporciona muita cor e sabor que lembra uva passa (CASTLE MALTING, [2019], on-line)3. Dentre os maltes especiais, temos os maltes tor- rados. Você deve estar se perguntando, mas o que são os maltes torrados? Pois bem, eles são maltes que passaram pelo processo de secagem e torrefa- ção em altas temperaturas, o que resulta em uma coloração escura e notas de café e chocolate, por exemplo. Maltes torrados oferecem uma gama enorme de sabores à cerveja desde notas de torra- do, de pão, biscoito, café, chocolate amargo, entre outras (PUCCINELLI, 2018, on-line)2. Nesta categoria de malte, os mais comuns são: o malte Biscuit, Chocolate, Black, Marrom e Âmbar e a cevada torrada (que não é malte). Os maltes torrados podem ser utilizados na forma de infusão no final da mostura, adicionando bastante complexidade e cor na cerveja (PUCCINELLI, 2018, on-line)2. A seguir, veremos, individualmente, cada tipo de malte que constitui o grupo de maltes torrados. Maltes Torrados 89UNIDADE 4 Malte Biscuit Este malte é seco e depois torrado a até 160 °C. Produz um final “tostado” pronunciado na cerveja e transmite um aroma e sabor de pão e biscoitos. O malte Biscuit promove uma cor castanha de leve a médio à mistura. É usado para melhorar o sabor e o aroma torrado que caracteriza as Ales e Lagers, proporcionando propriedades sutis dos maltes Black e Chocolate. Sem enzimas. Deve ser misturado com outros maltes que possuem um poder diastático excedente (CASTLE MALTING, [2019], on-line)². Malte Chocolate Este malte é altamente escuro e proporciona cores e sabores marcantes, ricos e doces à cerveja, seu aroma varia entre queimado e chocolate amargo. É muito utilizado em cervejas Porters e Stouts (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line)2. O malte chocolate é seco em temperaturas muito altas, em torno de 215 °C, não possui po- der diastático e sua coloração é de 1.000 EBC (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINEL- LI, 2018, on-line²; CASTLE MALTING, [2019], on-line3). Malte Black O malte Black é um dos maltes mais escuros que podemos encontrar no mercado, sua cor é de 1300 EBC devido ao seu longo tempo de torra e pela temperatura em que este é submetido, cerca de 220 °C. É utilizado em cervejas Stouts e algumas outras também escuras. Este malte tem a capa- cidade de abaixar o pH do mosto. Devido à sua temperatura de torra, ele não possui poder diastá- tico, ou seja, não há enzimas ativas presentes nele (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; PUCCINELLI, 2018, on-line²). Malte Brown O malte Marrom é produzido a partir do malte verde com baixa umidade, são secos em tempera- turas que chegam a 130 ºC e com fluxo de ar. Sua cor é escura e possui pouca ou nenhuma atividade enzimática (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). Malte Âmbar Muito similar ao malte Marrom, o malte Âmbar também possui pouco ou nenhum poder diastá- tico, tem maior destaque no mercado que o Mar- rom. Este malte é torrado a partir do malte Pale Ale em temperaturas que variam de 100 a 150 °C (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). Cevada Torrada A cevada torrada não é um malte, mas é muito utilizada pelos cervejeiros. Ela tem sabor parecido com o malte Black, porém possui menos adstrin- gência e sua coloração fica em torno de 1000 a 1300 EBC. Utilizada, principalmente, em cervejas do tipo Stout, Imperial Stout e Porter (PUCCI- NELLI, 2018, on-line²; AGRÁRIA, 2019). Outros Maltes Aluno(a), entenda que, quando falamos em malte, existe uma gama enorme de variedades; até aqui estudamos alguns que se enquadram como base e como especial, mas há aqueles com características específicas e são esses que estudaremos agora. Um deles é o malte ácido, que recebe esse nome devido ao acréscimo de lactobacilos que, baixan- do o pH da mosturação e é utilizado em águas ricas em bicarbonato (maior alcalinidade). Este malte é a solução para água cervejeira de elevada alcalinidade. Melhora a performance das amila- ses, criando uma mosturação mais eficiente. Ela também intensifica a fermentação por ajustar o pH. O malte acidificado propicia um sabor mais arredondado na cerveja e incrementa a estabili- dade do seu sabor (CASTLE MALTING, [2019], on-line)². Outra opção é o Chit, uma fonte de açúcares fermentescíveis mais barata em lugares onde os adjuntos não são permitidos. Lembra dos ad- juntos? Estudamos eles na primeira unidade da nossa matéria. Durante sua malteação, as etapas de germinação e secagem são limitadas, a fim de produzir um malte mais em conta (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003). Os maltes Brumalts são empregados no pro- cesso cervejeiro para reforçar o aroma de malte nas cervejas Alemãs escuras, devido ao seu malte ter cor predominantemente escura. Por fim, temos os maltes defumados, que são utilizados nas cervejas defumadas Kellerbier, Scottish Ales, Porter e cervejas de trigo com aro- ma defumado (EDNEY; IZYDORCZYK, 2003; AGRÁRIA, 2019). Você deve estar se perguntan- do: como tornar um malte defumado? Eu vou explicar a você. 91UNIDADE 4 Aluno(a), até aqui vimos e estudamos as carac- terísticas de alguns maltes, mas quais atributos sensoriais eles podem oferecer à cerveja quando pronta? É sobre isso que estudaremos, neste últi- mo item da Unidade 4. Características Atribuídas à Cerveja 92 Variedades de Malte, suas Denominações e suas Características Sensoriais Atribuídas às Cervejas Produzidas Malte Base Na Tabela 1, podemos ver os atributos sensoriais que os maltesbases oferecem às cervejas. Tabela 1 - Atributos proporcionados à cerveja pelos maltes Maltes Atributos Sensorial Pilsen Aromas maltados e adocicados com sutis notas de mel Pale Ale Notas de pão, frutas secas e mel Vienna Notas adocicadas de malte, suave mel e nozes (amêndoas e avelã) Mild Sabor tostado, levemente adocicado Munique Notas intensas de malte, caramelo claro, mel e pão Fonte: Agrária (2019, on-line). Malte Caramelo Na Tabela 2, podemos verificar os atributos sen- soriais que os maltes Caramelos oferecem às cer- vejas. Tabela 2 - Atributos proporcionados à cerveja pelos maltes Maltes Atributos Sensoriais Cristal Fornece dulçor e sabor caramelo Carapils Notas doces de malte e suaves de caramelo Caramunich Notas de biscoito e sabor intenso de caramelo Special B. Sabor maltado rico e um toque de sabor de nozes, ameixa e uva passa Fonte: adaptada de Agrária (2019); Castle Malting ([2019], on-line)². Malte Torrado Na Tabela 3, podemos observar os atributos sen- soriais que os maltes Torrados oferecem às cer- vejas. Tabela 3 - Atributos proporcionados à cerveja pelos maltes Maltes Atributos Sensoriais Biscuit Aroma e sabor de pão quentinho e biscoitos Chocolate Aroma e sabor de café tostado e chocolate escuro Black Sabor levemente queimado ou defumado Brown Sabores torrados suaves Amber Sabor de biscoito Fonte: adaptada de Agrária (2019); Castle Malting ([2019], on-line)². Dessa forma, encerramos nossa quarta unidade em que estudamos sobre as variedades de malte, suas denominações e suas características senso- riais atribuídas às cervejas produzidas. Espero que tenha sido de grande proveito e que você tenha conseguido entender melhor os diferentes tipos de malte encontrados no mercado malteiro. 93 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Entre todos os maltes estudados nesta unidade, qual deles também é conhecido como malte Dextrina? a) Pilsen. b) Biscuit. c) Carapils. d) Chit. e) Chocolate. 2. Nesta unidade que acabamos de estudar, conhecemos um pouco mais acerca dos maltes bases e dos maltes especiais. Sobre o malte Base, é correto afirmar que: I) O malte Pilsen é um dos mais utilizados. II) O malte Pale Ale fica com sua coloração em torno de 8 a 10 EBC. III) O malte Amber é classificado como um malte base. IV) São utilizados em quantidades muito pequenas. V) São fonte de enzimas, responsáveis pela quebra do amido em açúcares fermentescíveis. Assinale a alternativa correta: a) I e III. b) III e IV. c) II e V. d) I e IV. e) I e V. 94 3. Dentre tudo que estudamos nesta unidade e baseando-se nela, leia atentamente as afirmações a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ) ( Quanto mais claro o malte Cristal for, menos aroma de caramelo ele terá; em contrapartida, quanto mais escuro, mais aroma de tostado, nozes, entre outros. ) ( Os maltes Chit são empregados no processo cervejeiro para reforçar o aroma de malte nas cervejas Alemãs escuras, devido ao seu malte ter cor predomi- nantemente escura. ) ( Os cervejeiros somente podem usar em uma receita de um a dois tipos de maltes. ) ( O malte ácido recebe esse nome devido ao acréscimo de lactobacilos que abaixa o pH da mosturação. ) ( O malte Black é um dos maltes mais escuros que podemos encontrar no mercado, sua cor é de 1200 EBC. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V-V-V. b) V-F-F-V-F. c) F-F-F-F-F. d) F-V-V-F-V. e) F-V-F-V-F. 4. Explique a diferença de malte base para os maltes especiais. 9594 O artigo sugerido como material complementar será de suma importância para que você consiga compreender melhor essa unidade que acabamos de estudar. Aconselho que leia, pois tem um conteúdo enriquecedor. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB 96 AGRÁRIA. Catálogo de Produtos. 2019. Disponível em: http://www.agraria.com.br/arquivos/catalago_pro- dutos_agraria_malte_2019.pdf. Acesso em: 11 nov. 2019. BRASIL. Portaria nº 8 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de 17 de janeiro de 2014. Diário Oficial União, Poder Executivo, Brasília, DF, 22 jan. 2014, Seção 1, p. 13. EDNEY, M J.; IZYDORCZYK, M. S. Malt – malt type and products. Encyclopedia of Food Sciences and Nutrition. 2th ed., p. 3671-3677, 2003. PASCARI, X.; RAMOS, A. J.; MARÍN, S.; SANCHÍS, V. Mycotoxins and beer. Impact of beer production process on mycotoxin contamination. A review. Food Research International, v. 103, p. 121-129, 2018. REFERÊNCIA ON-LINE 1Em: https://www.cervesia.com.br/artigos-tecnicos/tecnicos/materia-prima/malte/819-tipos-de-malte.html. Acesso em: 09 jul. 2019. 2Em: https://www.lamasbrewshop.com.br/blog/2018/04/especial-de-maltes-malte-base-x-malte-especial.html. Acesso em: 30 jul. 2019. 3Em: https://www.castlemalting.com/CastleMaltingMalts.asp?P=105&Language=Portuguese. Acesso em: 11 nov. 2019. 97 1. C. 2. E. 3. B. 4. O malte base mantém a cor original do endosperma do grão durante a sua produção, e o malte especial é todo aquele que não seja malte base. Para ter cor e aroma, os maltes especiais passam por altas temperaturas, que causam desnaturação das enzimas; por esta razão, faz-se o blend, ou seja, uma mistura de maltes base com o especial, trazendo à bebida: aroma, sabor, corpo, proteína de médio peso molecular para melhorar a estabilidade da espuma e, sobretudo, açúcares para as leveduras, assim como outras características que aguçam a percepção do consumidor pela cerveja. Maltes especiais são usados em quantidades relativamente pequenas quando comparados ao malte base. Por causa das altas temperaturas, eles não possuem poder enzimático (diastático). 98 PLANO DE ESTUDOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Me. Lorena Saviani Trentin • Apresentar as informações que devem conter em uma ficha técnica e explicá-la. • Elucidar sobre as especificações do malte. • Abordar como é realizada a classificação do malte. • Abordar a importância das análises quanto à classificação do malte, suas características e princípios. • Exemplificar uma ficha técnica. Informações Contidas na Ficha Técnica Especificações do Malte e da Rotulagem Análises Realizadas no Malte para Controle de Qualidade Exemplo de Ficha Técnica Procedimentos Operacionais para a Classificação do Malte Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros Informações Contidas na Ficha Técnica Estimado(a) aluno(a), por fim chegamos à última unidade da nossa disciplina Malte e Malteação. Não menos importante, nesta unidade, estuda- remos sobre as fichas técnicas e as especificações dos maltes, assim como aprenderemos sobre as análises empregadas no malte para controle de qualidade e para classificação. Esta unidade é de suma importância para o seu estudo e aprendizado. Espero que seja proveitoso e de grande enriquecimento. Você deve estar se questionando: o que é uma ficha técnica? A ficha técnica nada mais é que um documento no qual se encontra todas as ca- racterísticas, informações e especificações sobre um determinado produto, no nosso caso, o malte. A ficha técnica é importante, pois traz consigo conteúdos necessários para deixar o consumidor a par do que está comprando e/ou utilizando. A fim de elaborar uma ficha técnica completa, organizada e não muito extensa, a maioria delas é formada por tabelas. Outra questão que deve estar pairando na sua cabeça é: quais informa- ções devo fornecer na ficha técnica do insumo? 101UNIDADE 5 Existem diversos modelos e formas de ficha téc- nica, mas algumas informações são primordiais. Vou exemplificar: o nome do malte, a sua origem, o nome do fabricante, entre outros, que aborda- remos a seguir. Fabricante O nome da indústria fabricante deve constar na ficha, assim, o consumidor sabe de onde vem o produto e a quem recorrer caso tenha alguma dúvida ou alguma reclamação. Origem A origem se remete à nacionalidade do malte, se este é fabricado no Brasil ou fora dele, ou seja, im- portado. Lembre-se que estudamos queo Brasil não consegue atender toda a demanda nacional de malte, principalmente os maltes especiais, pois aqui se é produzido majoritariamente o malte base. Tipo de Malte Alguns maltes são muito similares a olho nu, tanto em sua cor como em seu formato; dessa forma, é essencial que o nome e o tipo do malte estejam especificados na ficha técnica. Aplicação A aplicação nada mais é que em quais tipos de cervejas este malte pode ser utilizado, sua função e proporção. Como estudamos no capítulo ante- rior, cada malte tem seus atributos, como sabor, cor e aroma e é muito importante saber em quais cervejas podem ser adicionados. Quantidade A quantidade de malte que pode ser adicionado no processo cervejeiro, geralmente é fornecida pelo fabricante, de acordo com a aplicação. Na Tabela 1, pode ser observado exemplos de proporções indicadas por um fabricante para cada tipo de malte. Tabela 1 - Exemplos de quantidade de malte indicada pelo fornecedor Tipo de Malte Quantidade Pilsen Até 100% da mistura Defumado Até 10% da mistura Pale Ale Até 80% da mistura Vienna Até 100% da mistura Munich Até 60% da mistura Biscuit Até 25% da mistura Special B Até 10% da mistura Chocolate Até 7% da mistura Black De 3 a 6% da mistura Ácido Até 5% da mistura Fonte: adaptada de Castle Malting (2018). Atributos Ao decorrer de todas as nossas unidades, viemos estudando sobre os atributos que o malte pode oferecer à cerveja. Esses atributos são a cor, o sa- bor e o aroma que um determinado malte pode conferir à cerveja. Parâmetros Os parâmetros são as especificações que o malte deve atender. Geralmente, para cada parâmetro, existe um valor mínimo ou um valor máximo tole- rável, quando não, os dois. Estando os parâmetros dentro das especificações, o produto está atenden- do à qualidade e dentro do especificado. Sobre a especificação, veremos em um próximo tópico. 102 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros Transporte Nesta seção, é importante que seja informada a forma como será transportado o malte, em sacos, big bags ou se será a granel, assim como a forma que o produto será organizado dentro do veículo transportador. A integridade do veículo transportador tam- bém deve ser descrita, como: veículos limpos, protegidos de poeira, umidade e materiais que possam oferecer riscos de contaminação e em temperatura ambiente. Figura 1 - Big Bag utilizado para armazenamento e transporte de grãos Figura 2 - Bolsas para armazenamento e transporte de grãos 103UNIDADE 5 De acordo com a RDC 17, de 16 de abril de 2010, especificação é um documento que descreve em detalhes os requisitos que os materiais utilizados durante a fabricação, produtos intermediários ou produtos terminados devem cumprir. As especi- ficações servem como base para a avaliação da qualidade (BRASIL, 2010). As especificações devem ser estabelecidas de acordo com os padrões de aceitação e serem coe- rentes com o processo de fabricação; produtos que tenham especificações definidas por legislações deverão estar de acordo; os produtos que não atendam as especificações deverão ser reproces- sados ou reprovados, como veremos no próximo tópico desta unidade (GOMES, 2013). Na Tabela 2, serão apresentados alguns exem- plos de especificações e como estes geralmente são apresentados nas fichas técnicas. Especificações do Malte e da Rotulagem 104 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros104 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros Tabela 2 - Exemplos de especificações Parâmetro Unidade Máximo Mínimo Umidade % - 4,5 Extrato (base seca) % 81,0 - Cor do Mosto EBC (°L) - 3,5 (1,9) Proteína Total % 11,2 Proteínas Solúveis % 3,5 4,4 Índice de Kolbach % 35,0 45,0 Viscosidade cp 1,6 pH 5,6 6,0 Poder Diastático WK 250 Friabilidade % 81,0 Tempo de Sacarificação Minuto 15 Clarificação do Mosto Claro Fonte: Castle Malting (2018, p. 13). Lembrando que esta tabela é um exemplo, embasado de uma ficha técnica do Malte Pilsen. Nesta unidade, estudaremos o que signi- fica cada especificação dessas, quais análises que envolvem, seus princípios e importância. As especificações de qualidade do malte de cevada referentes à rotulagem devem estar em consonância com o Documento de Classificação. No caso do malte de cevada embalado, destinado diretamente à alimentação humana, a rotulagem deverá conter as seguintes informações (BRASIL, 2013, on-line): I - relativas à classificação do produto: tipo. II - relativas ao produto e ao seu responsável: a) denominação de ven- da do produto, ou seja, a expressão “malte de ce- vada” seguida da marca comercial do produto, quando houver; b) identificação do lote, que caberá ao responsá- vel pelo produto; e c) nome empresarial, re- gistro no Cadastro Na- cional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ou no Cadastro Nacional de Pessoa Física (CPF), o endereço da em- presa embaladora ou do responsável pelo produto. A rotulagem do produto embala- do deve ser de fácil visualização e de difícil remoção, suas informa- ções devem estar corretas, claras e precisas. A informação relativa ao tipo deve ser grafada com a expressão “Tipo Único”, sendo que o produto pode, ainda, ser rotulado como “Fora de Tipo”, se for o caso, como veremos no próximo tópico (BRASIL, 2013). 105UNIDADE 5 De acordo com a Instrução Normativa nº 11, de 13 de março de 2013, do Ministério da Agricultura Pecuário e Abastecimento – MAPA, a classificação do malte é constituída em função dos requisitos de identidade e de qualidade. O requisito de identidade do malte é definido pelo conceito do produto, enquanto que os re- quisitos de qualidade são definidos em função da matéria-prima da qual se originou, do processo de malteação e dos limites de tolerâncias, contidos na Tabela 3, a seguir: Tabela 3 - Limites de tolerância Parâmetros Unidade Malte Base Malte Especial Umidade - má- ximo % 8,0 6,0 Peso do hectoli- tro - mínimo Kg/hl 53,0 50,0 Máximo de im- purezas, maté- rias estranhas e avariados % 4,0 2,0 Fonte: adaptada de Brasil (2013). Procedimentos Operacionais para a Classificação do Malte 106 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros O malte pode ser classificado em grupos e tipos. De acordo com o processo de malteação emprega- do, o malte será classificado nos seguintes grupos: I - Malte Pilsen: produto que durante o processo de malteação mantém a cor ori- ginal do endosperma da cevada, cabendo ao responsável pelo produto prestar essa informação; e II - Malte Especial: qualquer malte que não seja do grupo “Malte Base”, independente- mente de sua denominação, cabendo ao responsável pelo produto prestar essa in- formação (BRASIL, 2013, on-line). O malte será classificado em “Tipo Único” de acor- do com os limites de tolerâncias estabelecidos, podendo, ainda, ser enquadrado como “Fora de Tipo” ou “Desclassificado” (BRASIL, 2013). Será considerado como Fora de Tipo o malte que não atender os limites de tolerâncias estabele- cidos para a umidade ou peso do hectolitro, e este poderá ser comercializado como se apresenta ou utilizado para processamento, quando for o caso, desde que identificado como “Fora de Tipo”; ou rebeneficiado, desdobrado ou recomposto para efeito de enquadramento em tipo (BRASIL, 2013). O malte enquadrado como Fora de Tipo por exceder o limite máximo para matéria estranhas, impurezas e avariados não poderá ser comercia- lizado como se apresenta, devendo ser rebenefi- ciado, desdobrado ou recomposto para efeito de enquadramento em tipo. Já o malte que apresentar insetos vivos ou outras pragas de grãos armazena- dos deverá ser expurgado ou submetido a outra forma eficaz de controle antes da sua comercia- lização (BRASIL, 2013). O produto será desclassificado se constatar a presença de substâncias em limites superiores ao máximo estabelecido ou, ainda, quando se cons- tatar a presença de substâncias não autorizadas para o produto (BRASIL, 2013). Segundo o MAPA, será desclassificado e proi- bidaa comercialização e a sua entrada no país o lote de malte que se enquadrar em uma ou mais das situações indicadas: mau estado de conserva- ção, incluindo aspecto generalizado de mofo ou fermentação; odor estranho, impróprio ao pro- duto, que inviabilize a sua utilização para o uso proposto; ou presença de sementes tratadas ou sementes tóxicas na carga ou no lote amostrado (BRASIL, 2013). Ao ser constatada uma das características que desclassifica o produto, a entidade credenciada para tal deverá emitir um Laudo de Classifica- ção enquadrando o produto como desclassificado (BRASIL, 2013). O MAPA poderá realizar análises de subs- tâncias nocivas à saúde, matérias macroscópicas, microscópicas e microbiológicas relacionadas ao risco à saúde humana e análise para detecção de Organismos Geneticamente Modificados - OGM, independentemente do resultado da classificação do produto (BRASIL, 2013). Para a classificação do malte, alguns pro- cedimentos operacionais são seguidos, assim como deve ser observado se a amostra apresenta qualquer situação desclassificante. Na hipótese de constatação, deve emitir o correspondente Laudo de Classificação, enquadrando o produto como Desclassificado e comunicar o fato à Su- perintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SFA, da Unidade da Federação 107UNIDADE 5 onde o produto se encontra estocado, para que sejam adotados os procedimentos de fiscalização (BRASIL, 2013). Se constatar a presença de insetos vivos, deverá ser realizado o expurgo do lote amostrado e, após esse procedimento, realizar nova coleta de amos- tra para classificação (BRASIL, 2013). Estando o produto em condições de ser clas- sificado, deve-se homogeneizar a amostra de, no mínimo, 1 kg, reduzi-la pelo processo de quartea- mento até a obtenção da amostra de trabalho de, no mínimo, 100 g. Do restante da amostra, deve-se obter, ainda, pelo processo de quarteamento, uma subamostra destinada à determinação da umida- de, da qual deverão ser retiradas manualmente as matérias estranhas e impurezas. Já o peso do hectolitro do malte deverá ser determinado em equipamento apropriado (BRASIL, 2013). Processo de quarteamento é a divisão em quatro partes iguais de uma amostra pré-homogeneiza- da, sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra. Fonte: adaptado de ABNT (2014). Da amostra de trabalho de 100 g, separar manual- mente as matérias estranhas, impurezas e avaria- dos, pesá-los conjuntamente, calcular o percen- tual. De posse dos resultados constantes no Laudo de Classificação, proceder o enquadramento do produto (BRASIL, 2013). 108 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros Após o malte pronto, este será submetido a al- gumas análises, a fim de averiguar se ele atende às especificações e o padrão de qualidade. Neste tópico, serão abordadas algumas das principais análises realizadas no malte. Essas análises estão na Analytica European Brewery Convention – EBC (EBC, 2007). Teor de Umidade A determinação do teor de umidade de todos os maltes se dá por perda de massa na secagem em condições especificadas. O método pode ser apli- cado em todos os maltes. A amostra é moída para formar uma fina granulação, então é seca em um forno previamente padronizado a 105 °C até que a amostra atinja peso constante. O teor de umidade do malte é calculado a par- tir da perda de massa durante a secagem. Análises Realizadas no Malte para Controle de Qualidade 109UNIDADE 5 Extrato de Malte O extrato do malte se dá pela determinação do potencial do malte na produção de solúveis de mosto. Este procedimento também é usado para a determinação da taxa de sacarificação, odor, velocidade de filtração, pH do mosto, cor, visco- sidade do mosto, teor de nitrogênio solúvel e teor de nitrogênio amino livre. O teor de extrato do malte, após trituração, ex- tração em água e filtração, é determinado a partir da gravidade específica, gerada pela dissolução dos compostos oriundos do malte. Cor do Malte A determinação da cor é realizada no mosto pro- duzido a partir de um extrato de malte de labora- tório por um método espectrofotométrico. O mé- todo pode ser aplicado a todos os tipos de maltes claros. Também pode ser usado para substituir o método visual na determinação da cor de maltes coloridos, produtos de malte coloridos e caramelo. Uma amostra de malte é triturada e filtrada. O mosto é clarificado por meio de um filtro de membrana de 0,45 mícron até ficar brilhante. A cor do mosto é determinada medindo-se a absor- bância a 430 nm. Viscosidade do Mosto Para a determinação da viscosidade do mosto produzido durante a análise de malte, é utilizado um viscosímetro. O método é adequado para a determinação da viscosidade de todos os mostos produzidos du- rante a análise de malte. A medição deve ocorrer dentro de 120 minutos após o início da filtração do mosto. A viscosidade a 20 °C é determinada usando um viscosímetro calibrado de tipo apropriado e sua unidade de medida é a centipoise (cP). Fermentabilidade A determinação da fermentabilidade do mosto se dá utilizando levedura Saccharomyces cerevisiae. Este método pode ser aplicado a todos os tipos. As enzimas amilolíticas no mosto são inati- vadas, mantendo-se em temperatura de 78 ºC por 10 minutos. O mosto, então, é fervido, res- friado e fermentado com levedura cervejeira. A fermentabilidade (atenuação aparente ou real) é calculada a partir dos valores específicos de gravidade inicial e final. Atenuação aparente: refere-se à quantidade de açúcares fermentescíveis utilizado pela levedura. Por exemplo, se a gravidade de partida for 1,060 e a gravidade de acabamento for 1,012, então a atenuação aparente é de 80 por cento. Chama- mos isso de atenuação aparente, porque o álcool é menos denso do que a água e a presença de álcool afeta a leitura após a fermentação. Atenuação real: refere-se ao percentual de redu- ção do extrato final real obtido na mosturação. Para obter esse nível, deve-se remover o álcool. Fonte: adaptado de Hornink e Galembeck (2019) e White e Zainasheff (2013). Para fornecer uma salvaguarda contra a variabi- lidade no desempenho da amostra de levedura utilizada, recomenda-se que um malte padrão de extrato fermentável conhecido seja usado para verificar a condição da levedura. 110 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros110 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros Poder Diastático O poder diastático é a determinação da atividade combinada de alfa e beta-amilase do malte em condições de reação padronizadas. O método pode ser aplicado a todos os tipos de malte. As enzimas do malte são extraídas com água a 40 °C. A solução padrão de amido (20 g/litro) é hidrolisada a 20 °C pelo extrato da enzima de malte. A quantidade de açúcares redutores, formado por ação amilolítica é estimada iodometricamente que, por sua vez, consiste na titulação do iodo gerado em uma reação. O resultado é calculado em gramas de maltose, que é produzido nas condições especificadas por 100 g de malte. Friabilidade O teor de umidade do malte fora da faixa de 3,5 a 5,0% pode afetar os resultados. Os maltes que absorvem a umidade na camada de casca apenas durante o armazenamento podem apresentar resul- tados diferentes dos esperados. Os grãos inteiros de malte são fragmentados pela ação mecânica do tambor do friabilímetro. Pequenos fragmentos de material fisi- camente modificado passam através da malha do tambor, enquanto fragmentos maiores, não modificados, são retidos. A massa de frag- mentos não modificados restantes, após 8 minutos, é determinada e, a partir disso, a friabilidade é calculada. Proteína A determinação da proteína se dá do teor total de nitrogênio do malte pelo método Kjeldahl. O mesmo pode ser aplicado a todos os maltes. Os compostos nitrogenados no malte são digeridos com ácido sulfúrico quente na presença de catalisadores para dar sulfato de amônio. O digerido é alcalinizado comsolução de hidróxido de sódio e a amônia liberada em excesso pela solução de ácido bórico é titulada com solução de ácido clorídrico. pH A determinação do pH se dá por meio do pHmetro. Mergu- lha-se o eletrodo do pHmetro no mosto cervejeiro e faz-se a leitura. O ideal é que o pH da mosturação para todas as cer- vejas seja entre 5,2 a 5,5. Free Amino Nitrogen - FAN Esta análise determina o teor de Amino Nitrogênio Livre (FAN) do mosto utilizando colorime- tria com ninidrina. O méto- do fornece uma estimativa de aminoácidos, amônia e grupos terminais de nitrogênio alfa-a- mino de peptídeos e proteínas. O método de análise para determinar o FAN não é especí- fico para o nitrogênio alfa-ami- no, uma vez que o ácido butírico presente no mosto produz uma reação colorida com ninidrina. Esta análise pode ser aplicada a todos os tipos de malte. A amostra e a solução pa- drão são aquecidas na presen- ça de ninidrina. O pH 6,7 e as absorvâncias a 570 nm são me- didas contra um branco. Para ti- pos de cor escura (acima de 100 unidades EBC), é aplicada uma correção para a cor da amostra. 111UNIDADE 5 Neste último tópico, mostrarei um exemplo de fi- cha técnica, mas lembre-se: existem infinidades de modelos para este fim. Em alguns, encontramos informações que em outros não se encontra, pois, como já dito, é muito peculiar de cada empresa de malte a sua ficha técnica. O modelo de ficha técnica, para descrição do malte, pode variar de acordo com o fabricante, o qual também pode ajustar, conforme o cliente, as informações necessárias (ou relevantes) para cada tipo de malte. Exemplo de Ficha Técnica Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use seu leitor de QR Code. 112 Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros Fabricante Unicesumar Ltda Origem Brasil Malte Pilsen Aplicação Cervejas claras e base para todos os tipos de cervejas. Quantidade Até 100% da mistura. Atributos Malte de alta qualidade, produzido a partir de variedades de cevada refinadas. Pro- porciona um sabor forte e adocicado, além de ter grande poder enzimático suficiente o que o faz ser usado como malte base. MALTE PILSEN Parâmetro Unidade Máximo Mínimo Umidade % 4,5 Extrato (base seca) % 81,0 Cor do Mosto EBC (°L) 3,5 (1,9) Proteína Total % 11,2 Proteínas Solúvel % 3,5 4,4 Índice de Kolbach % 35,0 45,0 Viscosidade cp 1,6 pH 5,6 6,0 Poder Diastático WK 250 Friabilidade % 81,0 Tempo de Sacarização Minuto 15 Clarificação do Mosto Claro O transporte é realizado em sacos de 25 kg sobre paletes 110x110 cm, podendo ser até 1500 kg cada, por caminhão. Ou em Big Bags 1300 kg sobre palete 110x110 cm por caminhão. A quantidade por caminhão pode variar de acordo com os tipos de maltes. 113 Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução. 1. Como vimos, o malte pode ser desclassificado se for constatado a presença de substâncias em limites superiores ao máximo estabelecido ou, ainda, quando constatado a presença de substâncias não autorizadas para o produto. Em caso de desclassificação do malte, para quem deve ser enviado o Laudo de Classificação? a) SIF – Serviço de Inspeção Federal. b) MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. c) SFA – Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. d) Vigilância Sanitária. e) SENAI – Serviço Nacional da Indústria. 2. Estudamos sobre procedimentos operacionais para a classificação do malte. Sobre isso, é correto afirmar que: I) O malte pode ser classificado em grupos, subgrupos e tipos. II) O malte é classificado como Tipo Único quando os limites de tolerância estão dentro do estabelecido. III) A classificação do malte é constituída em função dos requisitos de identidade, qualidade e conformidade. IV) Será considerado Fora de Tipo o malte que não atender os limites de tole- rância estabelecidos para a umidade ou peso hectolitro. V) O malte pode ser classificado como Tipo I e Tipo II. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e III estão corretas. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas II e V estão corretas. d) Apenas II e IV estão corretas. e) Apenas IV e V estão corretas. 114 3. Após o malte pronto, este é submetido a algumas análises. Baseando-se nas análises realizadas no malte para controle de qualidade, assinale verdadeiro (V) ou falso (F). ) ( É aconselhável usar o método visual para determinar a cor. ) ( Para a análise de viscosidade existe um tempo limite para a medição. ) ( O poder diastático é uma análise de extrema importância. ) ( Atenuação Real é o percentual de redução do extrato final real obtido na mos- turação. Para obter esse nível, não se deve remover o álcool. ) ( A determinação da fermentabilidade do mosto se dá utilizando levedura Sac- charomyces cerevisiae. Assinale a alternativa correta: a) V-V-V-V-V. b) V-V-F-F-V. c) F-V-V-F-V. d) F-F-V-V-F. e) F-V-F-V-F. 4. Vamos imaginar que você tem uma grande indústria de malte e que precisa enviar a um novo cliente a ficha técnica de um dos seus maltes, como ela seria? 115 A sugestão que deixo para você são outros exemplos de fichas técnicas dos maltes que estão disponíveis no site de um fabricante. Nele, você pode ver todos os tipos de maltes que eles fabricam, bem como a ficha técnica de cada um. É muito importante que dê uma olhada para que, assim, você consiga compreender melhor. Para acessar, use seu leitor de QR Code. WEB https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2332 116 ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Amostragem de resíduos sólidos. 2. ed. Rio de Janeiro, 2004. BRASIL. Instrução Normativa n° 11, de 13 de março de 2013. Regulamento técnico do Malte de cevada. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 2013. Disponível em: http://sistemasweb.agricultura.gov.br/ sislegis/action/detalhaAto.do?method=visualizarAtoPortalMapa&chave=1050721743. Acesso em: 18 nov. 2019. BRASIL. RDC n° 17, de 16 de abril de 2010. Dispõe sobre as Boas Práticas de Fabricação de Me- dicamentos. Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ anvisa/2010/res0017_16_04_2010.html. Acesso em: 18 nov. 2019. CASTLE MALTING. Maltes belgas que fazem a sua cerveja muito especial. Castle Malting, 2018. Disponível em: http://www.castlemalting.com/Presentations/CastleMaltingBrochurePT.pdf. Acesso em: 18 nov. 2019. EBC. European Brewery Convention. European Brewery Convention Analytica – EBC. 5. ed. Germany, Nurnberg: Fachverlag Hans Carl, 2007. GOMES, M. A. Boas Práticas de Fabricação de Cosméticos, Produtos de Higiene e Saneantes. Controle e garantia de qualidade. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2013. 105 slides. Dispo- nível em: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/DiogoPracz/Vigilancia_Sanitaria/capacitacoes/ controle_qualidade.pdf. Acesso em: 18 nov. 2019. HORNINK, G. G.; GALEMBECK, G. Glossário cervejeiro: da cultura à ciência. 1. ed. Minas Gerais: Editora Universidade Federal de Alfenas, 2019. WHITE, C.; ZAINASHEFF, J. Yeast: The Practical Guide to Beer Fermentation. Ed. Brewers, 2013. 117 1. C. 2. D. 3. C. 4. É interessante que seja feita uma ficha técnica, similar à do exemplo explorado na unidade. Nela, devem constar as informações que foram estudadas. 118 119 CONCLUSÃO Querido(a) aluno(a), foi de imenso prazer poder enriquecer um pouco mais o seu conhecimento com a nossa matéria Malte e Malteação. Espero que tenham sido de grande proveito as cinco unidades deste livro. Desejo que tenha aprendido a diferença entre malte e adjuntos, bem como a utilização de cada um no processo cervejeiro, os grãos que podem servir de adjunto e/ou de malte, a utilização do malte fora das cervejarias, assim como a Portaria que aborda sobre a cevada para malte. Na segunda unidade, percorremos todo o processo de malteação, cons- tituído pelas etapas de maceração, germinação e secagem, bem como os pa- râmetros de qualidade que devem ser atendidos quando esteestiver pronto. Vimos que o malte, quando pronto, fica muito parecido com o grão de origem, mas que ele reflete muitas mudanças quando este é empre- gado no processo produtivo da cerveja. Dessa forma, espero que tenha compreendido todas as reações químicas e bioquímicas que envolvem cada etapa do processo de malteação, dentre elas a degradação do amido e dos polímeros da parede celular. Aprendemos que, ao final do processo de malteação, podemos ter vários tipos de maltes e que estes são agrupados em malte base ou malte especial. Estudamos as características de cada um e o que eles podem atribuir à cerveja. Por fim, conhecemos os elementos que compõem uma ficha técnica, quais informações são interessantes e importante conter nela e para que serve. Além disso, foi abordado como é feita a classificação do malte e descrito algumas das principais análises que são realizadas no malte quando pronto. Dessa forma, despeço-me de você e até uma próxima! Capa AVA_Malte e Malteação Características dos Grãos Aplicados na Fabricação de Maltes e Adjuntos Processo de Malteação dos Cereais Malteação de Cereais e as Enzimas Variedades de Malte, suas Denominações e suas Características Sensoriais Atribuídas às Cervejas Produzidas Ficha Técnica dos Maltes e Adjuntos Cervejeiros Estrutura e componentes do grão de cevada Molécula de Glicose, Amilose e Amilopctina _GoBack _GoBack _GoBack _GoBack Button 9: Botão 1: Botão 2: Button 6: Button 2: