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CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) NO BAIRRO GETÚLIO VARGAS EM IJUÍRS

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1 
 
 
UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO SUL 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURIDICAS E SOCIAIS 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
GRACIELA DA SILVA LINASSI 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA 
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) NO BAIRRO GETÚLIO VARGAS 
EM IJUÍ/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ijuí 
2014 
 
 
2 
 
 
 
 
GRACIELA DA SILVA LINASSI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL NA 
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) NO BAIRRO GETÚLIO VARGAS 
EM IJUÍ/RS 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao 
Curso de Graduação em Serviço Social do 
Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais – 
DCJS da Universidade Regional do Noroeste do 
Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como 
requisito para a obtenção do título de Bacharel em 
Serviço Social. 
 
Profª.Drª Solange dos Santos Silva 
 
 
Ijuí 
2014 
 
 
3 
 
 
GRACIELA DA SILVA LINASSI 
 
 
 
 
 
CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO 
SOCIAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) NO 
BAIRRO GETÚLIO VARGAS EM IJUÍ/RS 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação 
em Serviço Social apresentado para a obtenção do título de 
Bacharel em Serviço Social. 
COMISSÃO EXAMINADORA: 
 
 
 
_________________________________________ 
Profa.Drª. Solange dos Santos Silva (Orientadora) 
UNIJUÍ 
 
 
 
_________________________________________ 
Profa.Drª. Maristela Busnello 
 
 
UNIJUÍ 
 
Ijuí/RS, ______ de dezembro de 2014. 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
[...] O respeito e a humanização não se dão pela 
solidariedade humana, pela ajuda, pela pena, pelo tratamento dispensado, mas pelo direito 
de usufruir daquilo que a humanidade vem conquistando e produzindo, não pelas mãos de 
quem possui capital, mas pelas mãos de quem realiza trabalho. 
(Vasconcelos,2000.) 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao meu marido, Carlos Augusto Severo Lerina, iniciar esta 
trajetória e hoje concluí-la. Com seu apoio, companheirismo e paciência. 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Em primeiro lugar a Deus, que me concedeu a vida e me conduz com o seu amor 
infinito. 
Ao meu marido Carlos, meu companheiro, meu amor, meu eterno amigo, 
obrigada por me aguentar nos momentos difíceis e por fazer parte da minha vida, pelo carinho 
e incentivo e por tudo que representa pra mim sou eternamente grata! Obrigada! 
Agradeço a toda minha família, que de uma forma ou outra estiveram comigo, me 
apoiando com palavras de carinho e incentivo. 
À minha orientadora, professora Solange da Silva Santos, pela transmissão de 
seus conhecimentos e por me fazer acreditar que sempre podemos fazer melhor; 
À Supervisora de campo Daiana de Souza Quadros, pelos seus ensinamentos e por 
ter incentivado a enfrentar de forma corajosa as situações mais adversas; 
Às amigas e colegas que, de uma forma ou outra, contribuíram para a minha 
formação, e pela parceria nesta trajetória; 
 
A todos, muito obrigado! 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) trata sobre contribuições do Estágio 
Supervisionado em Serviço Social, tendo como objetivo identificar as intervenções da 
estagiária em Estágios Supervisionados em Serviço Social, II e III dos trabalhos realizados 
pelo Assistente Social na área da atenção básica, mais precisamente na Estratégia de Saúde da 
Família (ESF) no Bairro Getúlio Vargas em Ijuí/RS. Para tanto, fez-se um estudo descritivo 
com revisão bibliográfica e documental, com abordagem e descrição qualitativa, 
fundamentada na Teoria Social Crítica e no Método Dialético Crítico, bem como nas 
categorias do método historicidade, totalidade e contradição. Para tanto apresenta-se o Serviço 
Social e pressupostos da profissão, comtemplando os aspectos conceituais e legais do estágio 
supervisionado em Serviço Social, regimentos e as normatizações da UNIJUI, e o seu 
significado para o Serviço Social, evidencia-se a Política Pública no Brasil desde o século XX 
até a institucionalização do Sistema Único de Saúde, desde a sua criação e reprodução, além 
dos levantamentos de ações que devem existir para que a saúde no Brasil. Discorre-se sobre a 
Estratégia de Saúde da Família (ESF), apresenta-se o projeto de intervenção. E por fim, fala-
se da visita domiciliar como técnica de intervenção e instrumento do cuidado, explicitando a 
educação em saúde e os resultados encontrados quanto às suas contribuições para as famílias 
participantes e a equipe multiprofissional. 
 
Palavras-chaves: Estágio Supervisionado. Serviço Social. Saúde. ESF. 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This Work Course Conclusion (TCC) deals with contributions from the Supervised Internship 
in Social Work, aiming to identify the interventions of the trainee in Supervised Internship in 
Social Work, II and III of the work of the social worker in the area o f primary care, more 
precisely in the Family Health Strategy (FHS) in the neighborhood Getúlio Vargas in Ijuí / 
RS. Therefore, we carried out a descriptive study of bibliographical and documentary review, 
approach and qualitative description, based on the Critical Social Theory and Dialectical 
Method Critical as well as in the categories of historicity method, completeness and 
contradiction. Therefore we present the Social Work and assumptions of the profession, 
comtemplando the conceptual and legal aspects of supervised training in Social Work, 
regulations and norms of UNIJUI, and its meaning for Social Work, highlights the Public 
Policy in Brazil from the twentieth century to the institutionalization of the National Health 
System since its creation and playback, in addition to the stock surveys that must exist for 
health in Brazil. It talks about the Family Health Strategy (FHS), shows the intervention 
project. Finally, there is talk of home visits as an intervention technique and care of the 
instrument, explaining the health education and the results as to their contributions to the 
participating families and the multidisciplinary team. 
 
Keywords: Supervised Internship. Social Service. Health. ESF 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10 
CAPÍTULO 2- O ESTÁGIO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SERVIÇO 
SOCIAL ................................................................................................................................... 13 
2.1 O SERVIÇO SOCIAL: PRESSUPOSTOS DA PROFISSÃO ........................................... 13 
2.2 O PROCESSO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL 
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS UM...................................................................................... 19 
2.3 O ESTÁGIO LEIS E REGULAMENTAÇÕES ................................................................. 23 
CAPÍTULO 3 - A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL ................................................... 32 
3.1 A ORGANIZAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL ...................................... 32 
3.2 REFORMA SANITÁRIA .................................................................................................. 39 
3.3 A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA ESF) ......................................................... 44 
CAPÍTULO 4 - O SERVIÇO SOCIAL NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA 
(ESF) ........................................................................................................................................ 52 
4.1 A ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) COMO ESPAÇO DE ESTÁGIO EM 
SERVIÇO SOCIAL APROXIMAÇÕES COM O TRABALHO DO/A ASSISTENTE 
SOCIAL. ...................................................................................................................................52 
4.2 O PROJETO DE INTERVENÇÃO.................................................................................... 57 
4.3 A VISITA DOMICILIAR COMO TÉCNICA DE INTERVENÇÃO E INSTRUMENTO 
DO CUIDADO. ........................................................................................................................ 58 
4.4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE: RESULTADOS REFLEXÕES E CONTRIBUIÇÕES......... 63 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 70 
REFERENCIAS...................................................................................................................... 72 
 
 
10 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
No decorrer dos componentes curriculares Estágio Supervisionado em Serviço Social 
II e III ao acompanhar o trabalho do/a Assistente Social na Estratégia de Saúde da Família 
(ESF) do Bairro Getúlio Vargas, nessa experiência vivenciada, sentiu-se a necessidade de 
compreender o trabalho profissional e elaborar um estudo descritivo que proporcionasse 
maior visualização do Serviço Social. 
A realização deste estudo tem importância acadêmica, profissional e social, 
principalmente para aqueles que atuam ou que são atendidos na Estratégia de Saúde da 
Família, pois procura contribuir para a reflexão de umas pratica de acordo com os 
compromissos ético-políticos da profissão, possibilitando a compreensão dos problemas e 
desafios com os quais o Assistente Social está situado no conjunto da produção e reprodução 
da vida social. A princípio, busca produzir respostas para a identificação, apreensão da 
realidade e objetivações concretas das mediações a que os profissionais Assistentes Sociais 
estão desafiados no mundo do trabalho. Ainda pretende discutir o acesso e direitos e de um 
projeto profissional comprometido com os interesses e necessidades dos usuários, a fim de 
contribuir com o trabalho do assistente social, dando clareza às possíveis contribuições do 
Serviço Social. 
Assim, o presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Serviço Social está 
estruturado em quatro (4) capítulos. 
No primeiro capítulo resgata-se a pesquisa que subsidiou o presente Trabalho de 
Conclusão de Curso (TCC), abordando o percurso metodológico utilizado para desenvolvê- la. 
Trata-se de um estudo descritivo que, incluiu a descrição, registro, análise e interpretação de 
fenômenos atuais (LAKATOS e MARCONI, 1999), com revisão bibliográfica que refere-se a 
fundamentação teórica e dará sustentação ao desenvolvimento do trabalho, é elaborada a 
partir de materiais já publicados, constituído a partir de livros, artigos de periódicos e 
atualmente, de material já disponibilizado na internet ( SILVA & MENEZES, 2001), e a 
documental, que vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou 
que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa (GIL, 2002). 
 Como instrumento de pesquisa utilizou-se o diário de campo de própria autoria, 
para embasar a descrição de visitas domiciliares, observações e entrevistas observadas no 
estágio. O diário de campo consiste em um instrumento de anotações, como forma de 
11 
 
 
registrar, caracterizar demandas, fenômenos sociais, comentários, dúvidas e reflexões acerca 
do trabalho do Assistente Social. Com abordagem qualitativa, o estudo fundamenta-se na 
Teoria Social Crítica e no Método Dialético Crítico e em suas categorias: contradição, 
totalidade e historicidade, no qual se caracterizam por buscar superar a aparência dos 
fenômenos, desvendando sua essência a partir da articulação entre elas. A contradição que nos 
mostra a resistência; a totalidade que vai articular no dia-a-dia do usuário com os processos 
sociais que são vindos da relação capital e trabalho; e a historicidade que vai passar na 
história de vida do usuário. 
 Tendo como tema: "O Trabalho da Assistente Social na Estratégia de Saúde da 
Família (ESF) no Bairro Getúlio Vargas no município de Ijuí no Estado do Rio Grande do Sul 
(RS) no período de agosto de 2013 a junho de 2014”, com as contradições e indagações 
surgidas no decorrer da formação e do estágio desenvolvidos naquele contexto contribuíram 
para a elaboração do seguinte problema de pesquisa: "Como o estágio em Serviço Social 
contribuiu na Estratégia de Saúde da Família (ESF) no Bairro Getúlio Vargas no município de 
Ijuí no Estado do Rio Grande do Sul (RS) no período de agosto de 2013 à junho de 2014"?. 
Na busca de formulação de respostas para esta problemática, estabeleceram-se seguintes 
questões norteadoras: 1. Quais os aspectos conceituais do estágio supervisionado em Serviço 
Social?; 2. Qual a importância das intervenções da estagiária na Estratégia de Saúde da 
Família (ESF) ?; 3. Qual as técnicas e instrumentais utilizados no processo de estágio 
supervisionado em Serviço Social?; 4. Quais os desafios e contribuições para implementação 
das atividades no estágio supervisionado em Serviço Social? Abordam-se ainda o objetivo 
geral: "Refletir como o estágio em Serviço Social contribuiu na Estratégia de Saúde da 
Família (ESF) no município de Ijuí (RS), para qualificação da formação profissional no 
período de agosto de 2013 à junho de 2014", objetivos específicos: a) Investigar os aspectos 
conceituais do estágio supervisionado em Serviço Social; b) Evidenciar a importância das 
intervenções da estagiária na Estratégia de Saúde da Família (ESF); c) Identificar as técnicas e 
instrumentais utilizados no processo de estágio supervisionado em Serviço Social; d) 
Identificar os desafios e contribuições para implementação das atividades no estágio 
supervisionado em Serviço Social. 
No segundo capítulo, apresenta-se o Serviço Social e pressupostos da profissão, bem 
como, o objeto, as dimensões, a instrumentalidade e o projeto-ético-político profissional, 
comtemplando também um resgate histórico sobre o estágio os aspectos conceituais do estágio 
12 
 
 
supervisionado em Serviço Social, resgatando os seus aspectos legais, regimentos e as 
normatizações da UNIJUI, e o seu significado para o Serviço Social. 
O terceiro capítulo vai esboçar a Política Pública no Brasil desde o século XX até a 
institucionalização do Sistema Único de Saúde, desde a sua criação e reprodução, além dos 
levantamentos de ações que devem existir para que a saúde no Brasil, não seja apenas um 
sonho. Também se aborda sobre implementação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) 
contextualizada e destacando o seu papel como unidade pública, de Saúde. 
No quarto capítulo discorre-se sobre a visita domiciliar como técnica de intervenção 
e instrumento do cuidado, explicitando a educação em saúde e os resultados encontrados 
quanto às suas contribuições para as famílias participantes e a equipe multiprofissional, 
evidenciando a importância das intervenções da estagiária na Estratégia de Saúde da Família. 
 
13 
 
 
2 O ESTÁGIO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM SERVIÇO SOCIAL 
 
Este segundo capítulo está dividido em dois subitens. Primeiramente, apresenta-se o 
Serviço Social e pressupostos da profissão, bem como, o objeto, as dimensões, a 
instrumentalidade e o projeto-ético-político profissional. No segundo item, aborda-se o processo 
de Estágio Supervisionado em Serviço Social, apresentando os conceitos de estágio, um breve 
resgate histórico e a legislação que rege o Estágio Supervisionado em Serviço Social, 
revelando seu significado e importância para a formação profissional. 
 
2.1 O SERVIÇO SOCIAL: PRESSUPOSTOS DA PROFISSÃO 
 
O Serviço Social é uma profissão de caráter investigativo, a atitude investigativa é o 
que fomenta a ação do assistente social, em um movimento constante de busca, 
questionamentos, debruçamentos, planejamento para atuar na profissão, a ação profissional é 
consequência e, ao mesmo tempo, subsídio para essa investigação. Do mesmo modo é preciso 
pensar a profissão como fruto dos profissionais que a vivenciame a constroem, profissionais 
esses que acumulam saberes, sistematizam sua prática e contribuem na criação de uma cultura 
profissional historicamente limitada. 
 
[...] Logo, analisar a profissão supõe abordar, simultaneamente, os modos de atuar e 
de pesar que foram por seus agentes incorporados, atribuindo visibilidade ás bases 
teóricas assumidas pelo Serviço social na leitura da sociedade e na construção de 
respostas a questão social (IAMAMOTO, 2004, pg. 58). 
 
Um dos grandes desafios do Assistente Social é articular a profissão e a realidade, 
pois compreende-se que o Serviço Social não tem sua ação apenas sobre a realidade, mas 
exerce sua ação na realidade. O desafio é entender a origem da questão social, os processos e 
fenômenos sociais, decifrando e analisando a realidade com uma competência crítica, sendo 
um profissional, 
[...] capaz de potencializar as ações nos níveis de assessoria, planejamento, 
negociação, pesquisa e ação direta, estimuladora de participação dos sujeitos sociais 
nas decisões que lhes dizem respeito, na defesa de seus direitos e no acesso aos 
meios de exercê-los” (IAMAMOTO, 2006, p. 193). 
 
14 
 
 
 Aliás, o Assistente Social precisa estar capacitado para propor, negociar sua inserção 
nos diferentes espaços de trabalho, frente as demandas que se apresentam e dele exigem uma 
postura que deve ir além do exercício profissional burocrático e rotineiro. 
 
[...] É uma ação de um sujeito profissional que tem competência para propor, para 
negociar com instituições os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, 
suas qualificações e funções profissionais. Requer, pois, ir além das rotinas 
institucionais e buscar apreender o movimento da realidade para detectar tendências 
e possibilidades nela presentes passiveis de serem impulsionadas pelo profissional 
(IAMAMOTO, 2006, p.21). 
 
Apesar de ser uma profissão liberal, o Assistente Social, para poder exercer sua ação, 
depende da venda de sua força de trabalho por não possuir todos os meios para a efetivação de 
seu trabalho, sejam financeiros, técnicos ou humanos, visto que para um exercício profissional 
autônomo, depende de instituições que demandam ou solicitam e organizam o seu trabalho. 
 
[...] Ainda que dispondo de relativa autonomia na efetivação de seu trabalho, o 
assistente social depende na organização da atividade, do estado, da empresa, 
entidades não governamentais que viabilizam aos usuários o acesso aos seus 
serviços, fornecem meios e recursos para sua realização, estabelecem prioridades a 
serem cumpridas, interferem na definição de papeis e funções que compõem o 
cotidiano do trabalho institucional (IAMAMOTO, 2004, pg. 63). 
 
Mesmo tendo relativa autonomia, o maior desafio continua sendo o de conseguir 
superar o olhar rápido da matéria prima do trabalho (objeto) desvendando-o e superando-o a 
partir do método dialético-crítico. Esse entendimento é construído através das categorias: 
contradição que nos mostra a resistência; a totalidade que vai articular no dia-a-dia do usuário 
com os processos sociais que são vindos da relação capital e trabalho; e a historicidade que 
vai passar na história de vida do usuário. O desafio é identificar a aparência do fenômeno, 
mas, sobretudo, alcançar sua essência. É neste momento que o profissional se apropria das 
categorias teóricas do método: reificação, fetichização, mais valia, alienação e luta de classes. 
Para então poder interpretar as contradições e assim desconstruir e construir a identidade 
profissional e o objeto de intervenção profissional. Assim, 
 
 [...] forma de aparência que oculta ou mascara a essência do fenômeno. O 
fetichis mo da mercadoria mascara a relação social que está implícita na sua 
constituição e que é reificada pela sociedade capitalista. Em síntese é uma forma de 
aparição que se mostra diversa ou oculta a verdadeira essência do fenômeno em 
questão. As diversas formas de fetichis mo contribuem para o processo de alienação. 
A reificação é uma forma de fetichismo" (PRATES, 2005, p. 1). 
[...] ou coisificação, é o ato ou o resultado de transformação das propriedades, 
relações e ações humanas em coisas independentes, que não se comportam de forma 
humana, mas de acordo com as leis do mundo das coisas. A reificação é uma forma 
15 
 
 
de alienação característica da sociedade capitalista. Em síntese significa tratar o 
homem e as suas objetivações como coisas ou mercadorias" (PRATES, 2005, p. 1). 
 
Reconhecendo que nestas, a atenção deve estar voltada ao movimento posto pela 
articulação interacional dos usuários e de sua identidade coletiva nos espaços sociais. Tendo 
em vista, relativizar a demanda, ter distanciamento ideal dos casos para então perceber a 
totalidade, não personalizando as dificuldades encontradas. Buscando sempre a 
particularidade que é a mediação do que este expresso com o que foi descoberto. O objeto de 
trabalho aqui considerado, é a questão social, 
 
[...] É ela, em suas múltip las expressões, que provoca a necessidade da ação 
profissional junto à criança e ao adolescente, ao idoso, a situação de violência contra 
mulher, a luta pela terra etc. Essas expressões da questão social são a matéria -prima 
ou o objeto do trabalho profissional. Pesquisar e conhecer a realidade é conhecer o 
próprio objeto de trabalho, junto ao qual se pretende induzir ou impulsionar um 
processo de mudança (IAMAMOTO, 2003, p. 62). 
 
Contudo para conseguir credibilidade e defender os pressupostos profissionais, o 
assistente social necessita ir ao encontro aos princípios do código de ética profissional e ao 
projeto profissional que é então compreendido por, 
 
 [...] o apresentar a auto-imagem de uma profissão, elegem os valores que a 
legitimam socialmente, delimitam e prio rizam os seus objetivos e funções, formulam 
os requisitos (teóricos, institucionais e práticos) para o seu exercício, prescrevem 
normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem balizas da sua relação 
com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e 
instituições sociais, privadas e públicas (NETTO, 1999, p. 95). 
 
Compreender o projeto ético-político exige do assistente social o entendimento da 
teoria do Serviço Social, e, “uma indicação ética só adquire efetividade histórico-concreta 
quando se combina com uma direção político profissional”. NETTO (2000, p. 99). Dentre os 
princípios éticos fundamentais que marcam concretamente as funções do Assistente Social e o 
projeto ético-político profissional podemos destacar alguns princípios: 
 
Defesa intransigente dos direitos humanos [...]; Ampliação e consolidação 
da cidadania [...]; Posicionamento em favor da equidade de justiça social [...]; 
Empenho na eliminação de todas as formas de preconceitos [...] e Exercício do 
Serviço Social sem discriminar, nem d iscriminar por questões de inserção de classe 
social, gênero, etnia, relig ião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física 
(CFESS, 1993). 
 
Para tornar-se efetiva essa complementariedade, partindo de seu projeto ético-
político, o profissional deve buscar em seu arcabouço teórico-metodológico e técnico-
16 
 
 
operativo os elementos necessários a sua intervenção nos diferentes espaços sócio 
ocupacionais. A capacidade do profissional atuante nesses espaços de trabalho, está 
diretamente ligada à como ele entende o processo de trabalho, em que se insere, criando a 
partir das relações que estabelece com o seu meio e a maneira como efetua as mediações com 
objetivo de transformar a realidade, po is “ o resultado desse processo é sempre uma 
transformação na natureza e no próprio homem, uma vez que ao final ele já não é mais o 
mesmo homem” (GUERRA, 2000, p.8). Um dos mais importantes desafios do Serviço Social 
hoje é a construção de estratégias profissionais que contribuam com o projeto ético-político, 
ou seja, “traduzir o projeto ético-políticoem realização efetiva no âmbito das condições em 
que se realiza o trabalho do assistente social” (IAMAMOTO, 2002, p. 15). 
Porém, para o profissional desenvolver essas ações é preciso pensar a 
instrumentalidade do Serviço Social e, pensar além da especificidade da profissão é pensar 
que são ilimitadas as possibilidades de intervenção profissional, e que isso exige, nas palavras 
de IAMAMOTO (2004), "Tomar um banho de realidade". E, como nos diz Guerra: 
 
[...] A clara definição do ‘Para quê’ da profissão, possível desde que iluminada por 
uma racionalidade (como forma de ser e pensar) que seja dialética e crít ica, 
conectada à capacidade de responder eficazmente às demandas sociais, se 
constituirão na condição necessária, talvez não suficiente, à manutenção da 
profissão. Aqui se coloca a necessidade de dominar um repertório de técnicas, 
legada do desenvolvimento das ciências sociais, fruto das pesquisas e do avanço 
tecnológico e patrimônio das profissões sociais (e não exclusividade de uma 
categoria profissional), mas também um conjunto de estratégias e táticas 
desenvolvidas, criadas e recriadas no processo histórico, no movimento da realidade 
(GUERRA: 2004; p. 115-6). 
 
Portanto é fundamental a capacidade criativa, o que inclui os instrumentos da 
profissão, mas também criar outros que possam produzir mudanças na realidade social, 
utilizando o seu conhecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo para 
pensar formas eficazes de intervenção. É na articulação de todos os recursos disponíveis ao 
profissional em instrumentos de trabalho que se torna possível o alcance de resultados na 
intervenção profissional, tendo em vista que “ao se objetivarem pelo trabalho, ao 
transformarem os objetos em instrumentos e meio para a satisfação de suas necessidades, 
plasmando neles as suas finalidades, os homens desenvolvem uma forma de práxis, que é a 
práxis produtiva”. (GUERRA, 2000, p.11). 
A dimensão ético-política orienta o trabalho profissional a exercer um papel no 
sentido de orientar os usuários discutindo com eles seus direitos, e posicionando-se a favor da 
luta por políticas que venham a auxiliar nas necessidades dos usuários. Iamamoto (1998) 
17 
 
 
refere a dimensão ético-política como um desafio no cotidiano do trabalho profissional, 
fazendo-se necessário que o assistente social tenha um posicionamento ético e político 
mediante as demandas a ele apresentadas, bem como da realidade social que o cerca. 
A dimensão teórico-metodológica tem como objetivo esclarecer o trabalho 
profissional, à medida que contribui com o profissional na criação de estratégias para o 
enfrentamento das demandas que surgem nesta área. Segundo IAMAMOTO (2000, p.53), “a 
apropriação da fundamentação teórico-metodológica é caminho necessário para a construção 
de novas alternativas no exercício profissional”. O Assistente Social necessita das bases 
teóricas e metodológicas para o exercício de seu trabalho, as quais “contribuem para iluminar 
a leitura da realidade e imprimir rumos a ação, ao mesmo tempo em que a moldam” 
(IAMAMOTO, 2004, p. 63). 
A dimensão técnico-operativa instrumentaliza o assistente social para a atuação e 
intervenção nas demandas postas. Pressupõe, 
 
[...] reconhecer a sua complexidade dada pela diversidade de espaços sócio 
ocupacionais nos quais os profissionais transitam e pela própria natureza das suas 
ações nos diferentes âmbitos de exercício profissional (MIOTO; LIMA, 2009, p. 
27). 
Entre os instrumentos técnicos-operativos, que o profissional poderá utilizar no seu 
trabalho no atendimento aos usuários são: orientação, entrevista, visita domiciliar, reuniões 
em grupo, equipe multiprofissional, documentação, relatórios, parecer social, planejamento de 
programas, projetos, construção de indicadores, pesquisa, articulação em rede. Fazendo com 
que a reflexão, a investigação e a criticidade sejam alguns dos principais elementos utilizados 
para articular essas dimensões, tendo em vista a ética profissional e o posicionamento ético 
político produzindo, através destes, o conhecimento necessário para dar conta de seus 
atendimentos, visando um processo interventivo eficaz. A articulação teórico-prática é 
fundamental para que se materialize a práxis1 no Serviço Social. Assim, 
 
[...] A instrumentalidade é uma propriedade e/ou capacidade que a profissão vai 
adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita que os 
profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. É por meio 
desta capacidade, adquirida no exe rcício profissional, que os assistentes sociais 
modificam, transformam, alteram as condições objetiva-se subjetivas e as relações 
interpessoais e sociais existentes num determinado nível da realidade social: no 
nível do cotidiano (GUERRA, 2007, p.02). 
 
 
1 Para Barroco (1999, p. 122): A esta ação transformadora se denomina práxis: atividade específica do ser social cujo modelo é dado pelo trabalho [...] o 
trabalho, como práxis, é o componente desencadeador do processo de (re) produção do ser social como ser histó rico capaz de ser consciente e livre base de sua 
capacidade de instituir-se como sujeito ético. (BARROCO, 1999). 
18 
 
 
Para então fazer um bom uso desses instrumentos técnico-operativos, faz-se 
necessário que o assistente social tenha clareza das três dimensões abordadas para então ter 
competência profissional, não assumindo uma condição reducionista, levado pela 
imediaticidade. Requer analisar, interpretar, utilizar-se do conhecimento e ter habilidade no 
uso do instrumental para ter uma prática profissional qualificada e coerente. O assistente 
social deve entender para que fazer, para quem, onde e quando fazer, e também analisar as 
consequências que as ações irão produzir. 
 
[...] Com isso pode-se perceber que a cultura profissional incorpora conteúdos 
teórico-críticos projetivos. Pela mediação da cultura profissional o assistente social 
pode negar a ação puramente instrumental, imediata, espontânea e reelaborá-la em 
nível de respostas sócio profissionais. Na elaboração de respostas mais qualificadas, 
na construção de novas legitimidades, a razão instrumental não dá conta. Há que se 
investir numa instrumentalidade inspirada pela razão d ialét ica (GUERRA, 2000, 
p.14). 
 
Assim, o instrumental do assistente social em seu trabalho não compreende apenas o 
arsenal de técnicas usadas para o serviço ser efetivado, mas também o arsenal teórico-
metodológico de conhecimento, valores, herança cultural, habilidades, para então se ter uma 
prática concretizada. 
 
[...] O compromisso com a competência, que só pode ter como base o 
aperfeiçoamento intelectual do assistente social. Daí a ênfase numa formação 
acadêmica qualificada, fundada em concepções teórico metodológicas críticas e 
sólidas, capazes de viabilizar uma análise concreta da realidade social – formação 
que deve abrir a via à preocupação com a (auto) formação permanente e estimular 
uma constante preocupação investigativa (NETTO, 2006, p. 155). 
 
A apropriação da teoria marxista como seu objeto, o /a Assistente Social passa a 
analisar fenômenos de forma crítica e propositiva a partir da apropriação de como se constitui 
a sociedade. Portanto é pertinente o assistente social ver as demandas do d ia a dia que não 
devem ser consideradas isoladamente, como se apresentam. É fundamental que o assistente 
social desvende a realidade porque nem sempre o que se apresenta realmente é. De acordo 
com Souza (2008), o Assistente Social deve desenvolver um conhecimento teórico 
aprofundado sobre as relações sociais numa determinada sociedade (universalidade), como ela 
se organiza naquele momento histórico para superar o que o senso comum prega, e que, em 
muitas vezes esconde as reais causas e determinações dos fatos acontecidos. Visto que é 
fundamentalsuperar a divisão entre teoria e prática. É o que Iamamoto (1992) denomina de 
“falsos dilemas” e Guerra (1998) de “pseudos-problemas”. O trabalho profissional com uma 
19 
 
 
síntese entre teoria e prática, pode contribuir para a ruptura com a tradicional crítica no 
Serviço Social de divisão entre teoria e prática. 
Porque as relações entre a universalidade e a singularidade torna possível apreender 
as particularidades de uma determinada situação. Assim, operacionalizar as ações requer 
aproximar o conhecimento dos processos sociais e dos processos particulares, da essência e da 
aparência trazidas nas demandas. Para que a partir dessas, sejam elas particulares ou coletivas, 
o profissional possa formular os objetivos e definir as técnicas e os instrumentos necessários 
para alcançá- los. O/A assistente social deve refletir sobre a instrumentalidade porque a 
capacidade do profissional vai se construindo e reconstruindo, para assim o profissional 
transformar o instrumental de trabalho, dando resposta às demandas apresentadas, com 
objetivo de intervir, modificar e adaptá-las de acordo com as necessidades e as mudanças 
desejadas, visando concretizar os seus objetivos e atingir o fim proposto, deve desenvolver a 
capacidade criativa e desempenhar suas atribuições privativas e competências. 
 
[...] A capacidade de o profissional atuar está diretamente ligada à como ele 
compreende seu processo de trabalho, e forma -se a partir das relações que o mesmo 
estabelece com o seu meio e a maneira como realiza as mediações com um o lhar 
para transformação da realidade, pois , “o resultado desse processo é sempre uma 
transformação na natureza e no próprio homem, uma vez que ao final ele já não é 
mais o mesmo homem” (GUERRA, 2000, p.8). 
 
Mas não se pode esquecer que o instrumental não está isolado, nessa direção, de 
acordo com Santos (apud Martinelli,1994), “o instrumental é percebido como um conjunto 
articulado de instrumentos e técnicas, não podendo serem vistos isoladamente, por si sós, de 
maneira autonomizada, mas como uma unidade dialética”. Assim a instrumentalidade pode 
ser considerada como a capacidade de articulação e mobilização dos instrumentos orientados 
pela técnica não podendo ser vistos como algo isolado e sim inserido e inter-relacionado. 
 
 
2.2 O PROCESSO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL 
PERSPECTIVAS HISTÓRICAS 
 
O estágio é um momento especial de aprendizado prático devido ao acúmulo de 
experiências, reflexões e apreensões do conhecimento da realidade institucional, em meio a 
vários conhecimentos teóricos adquiridos na formação profissional. 
20 
 
 
 
 [...] no serviço social o estágio é concebido como um campo de treinamento, um 
espaço de aprendizagem do fazer concreto do Serviço Social, onde um leque de 
situações, de atividades de aprendizagem profissional se manifesta para o estagiário, 
tendo em vista sua formação (BURIOLLA,2001, p.13). 
Visto como marco no início do processo de formação profissional em Serviço Social, 
o estágio supervisionado é de extrema importância para a formação dos estagiários de 
Ciências Sociais, porque nesse momento se faz claro o porquê dos estudos e pesquisa teórica, 
é o momento de repensar a formação profissional, a própria profissão e as responsabilidades 
dos profissionais frente às transformações societárias atuais. 
O estágio supervisionado põe em prática um papel essencial no processo de 
formação profissional do/a estagiário/a, visto que oferece o contato direto com o exercício 
profissional, com a essência interventiva do Serviço Social, e, resulta, na apropriação da 
profissão. Deste modo o estágio é o “[...] processo de qualificação e treinamento teórico-
metodológico, técnico-operativo e ético político do aluno [...] sob a supervisão direta de um 
assistente social, que assume função de supervisor de campo” (IAMAMOTO, 1998, p. 290), 
visando o aprendizado de competências próprias da atividade profissional e a 
contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do aluno para o trabalho. 
Pois é por meio do processo de vivência do estágio, que o aluno vai tomando posse 
da profissão, vivenciando a complexidade das expressões da questão social, se envolvendo 
nas atividades de aprendizagem social, profissional, cultural, de tal maneira que dá lugar para 
identificar-se como parte real da profissão, desenvolvendo a capacidade criativa e a atitude 
investigativa, problematizando a realidade de intervenção profissional e assim identificando-
se com o mundo profissional possibilitando a absorção dos papéis e atitudes dos profissionais 
que o cercam, e, com isso, absorvendo a realidade específica do Serviço Social, enquanto 
profissão inserida na dinâmica social. 
O Estágio Supervisionado na qualidade de espaço do fazer, onde se materializam-se 
as ações profissionais, que tem como objeto as várias expressões da questão social. Ao modo 
que nesse espaço se descobre as particularidades sócio institucionais, o que tem em conta a 
capacitação teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política para a elaboração de 
estratégias e de ações criativas. 
O estágio supervisionado subsiste como elemento do processo de formação 
profissional iniciado a partir da fundação das primeiras escolas de Serviço Social em 1936 em 
São Paulo e um ano depois no Rio de Janeiro, o estágio é definido como, 
21 
 
 
 
 [...] uma atividade curricular obrigatória que se estabelece a partir da inserção do 
aluno no espaço sócio ocupacional, com o objetivo de sua capacitação para o 
exercício profissional (OLIVEIRA, 2004, p. 59). 
 
Foi por volta de 1940, que começam as organizações de estágio. Identificada a 
demanda, preocupa-se também com uma formação qualificada que foi debatida durante a 
realização do I Congresso Brasileiro de Serviço Social em 1947, tornando-se o início de uma 
influência muito valorizada no debate dos encontros nacionais. A partir do segundo pós-
guerra, há uma forte influência norte-americana na América Latina e no Brasil, que estabelece 
na profissão, a incorporação das teorias estrutural- funcionalistas e as metodologias de 
intervenção, especialmente o Serviço Social de Caso e o Serviço Social de Grupo. Com a 
influência de técnicas instrumentais Franco-Belga e norte-americanas, começa-se a esboçar 
mudanças nas práticas profissionais, mas ainda continuava-se a reproduzir a força do 
capitalismo e a identidade atribuída manifestada na alienação dos agentes sociais 
(MARTINELLI, 2009). Por isso, com a expansão econômica e sociocultura l norte-americana 
pelo mundo, a profissão também foi influenciada. Nota-se a realidade desta preocupação 
quanto à organização do estágio, e as metodologias de intervenção em consequência do atual 
contexto histórico em que se atravessava. 
 
[...] Em v irtude do contexto socioeconômico e político, emergiu tanto a necessidade 
quanto a demanda de uma formação qualificada ao ensino em Serviço Social no 
Brasil, o que delineou um novo contorno à supervisão na década de 1940. Esse 
período demarcou a criação e o desenvolvimento das grandes instituições 
assistenciais estatais [...] Fo i o momento em que se ampliou o mercado de trabalho 
para a profissão [...] (LEWGOY, 2010, p. 71). 
 
De modo que o estágio enquanto processo de formação, se dispõem atender a 
demanda de profissionais especializados, munidos de novos meios e formas de execução do 
trabalho, exigido pela ampliação do mercado de trabalho. Ao Serviço Social, a partir de então, 
é permitido romper “[...] com suas origens confessionais e transformar-se numa atividade 
institucionalizada [...]” (SILVA, 1995 apud LEWGOY, 2010, p.71). 
Com a regulamentação do ensino em Serviço Social (1953) emergem as legislações 
específicas, tendo em vista regulamentar a prática de estágio, procurando garantir a qualidade 
desse processo, e como consequência, uma formação profissional qualificada. A primeiralegislação específica do Serviço Social referida ao estágio foi a Lei N.º 1.889/53, 
22 
 
 
regulamentada pelo Decreto N.º 35.311/54 que dispõe sobre a normatização do ensino, 
organização dos cursos e oferta de componentes. Os cursos de Serviço Social, que na época 
tinham a duração era de três anos, deveriam dividir o ensino em três etapas, correspondendo o 
primeiro ano a parte teórica, o segundo ano possibilitar o equilíbrio entre a teoria e a prática e 
por fim no terceiro e último ano, o predomínio da prática (BURIOLLA, 2001). 
Em 1957, é aprovada a Lei de Regulamentação da Profissão, Lei N.º 3.252/57, a 
partir dessa lei foi definida as atribuições do assistente social, no Art. 5º da Lei N.º 3.252/57, 
consiste à supervisão de alunos estagiários, garantindo que somente profissionais do Serviço 
Social podem desempenhar a função de supervisor. Conforme explicitado no art. 2º da 
Resolução CFESS 533/2008: 
 
[...] A supervisão direta de estágio em Serviço Social é atividade privativa do 
assistente social, em p leno gozo dos seus direitos profissionais, devidamente inscrito 
no CRESS de sua área de ação, sendo denominado supervisor de campo o assistente 
social da instituição campo de estágio e supervisor acadêmico o assistente social 
professor da instituição de ensino (CFESS, 2008). 
 
Compreendendo que o estágio como processo de aprendizagem teórico-prática que 
manifesta uma dinâmica reflexiva, com uma matriz pedagógica de conteúdo crítico, é 
fundamental que o próprio Assistente Social realize a supervisão, porque só assim os 
componentes que fundamentam o Serviço Social serão repassados de maneira coerente que 
ofereça uma formação qualificada de acordo com os princípios éticos-políticos da profissão. 
Nos anos 60 e 70 aconteceu um processo de reconceitualização da profissão, que 
buscava romper com o conservadorismo. O Serviço Social estabelece uma interlocução com 
as Ciências Sociais e se aproxima dos movimentos de esquerda. Nesse período os 
profissionais se qualificam e ampliam sua atuação em diversas áreas. 
Em 1970, por meio da Resolução N.º 242/70, sucede a implementação da legislação 
para a regulação dos estágios através do Conselho Federal de Educação (CFE), instituindo um 
Currículo Mínimo para o Curso de Serviço Social, estabelecendo normas a acerca dos 
componentes curriculares práticos e teóricos a serem ofertados pelos cursos. No artigo 7º 
dispõe sobre a função da teoria no curso de Serviço Social, logo após, o artigo 9º regula o 
ensino prático e teórico, assim as atribuições da teoria do Serviço Social têm dupla função, 
oferece, uma visão completa observando a ação social, e articula a teoria com a prática. 
(BURIOLLA, 2003). 
23 
 
 
Na década de 80 com a expansão da democracia, é regulamentado o Novo Currículo 
Mínimo do Curso de Serviço Social, através do Parecer N.º 412/1982 do Conselho Federal da 
Educação (CFE) homologado pela Resolução N.º 06/1982. O Art. 1º estabelece que o estágio 
supervisionado obrigatório com a duração de, no mínimo 10% de duração do curso. No Art. 
2º, informa a duração mínima do curso de 2.700 horas e do estágio de 270 horas. Nesse 
mesmo período, é regulamentada a Lei N.º 6.494, através do Decreto N.º 87.497/80, nesse 
momento o estágio é visto com cautela e preocupação, decidindo-se que sejam realizados 
convênios e acordos entre as entidades de ensino, e os campos de estágio, assegurando o 
cumprimento de um termo de compromisso. (BURIOLLA, 2003). 
 
2.3 O ESTÁGIO LEIS E REGULAMENTAÇÕES 
 
Através das regulamentações a instituição de Serviço Social passa a responsabiliza-
se em firmar o convênio entre as partes, bem como, o termo de compromisso do estagiário, 
que prevê| o seguro de acidentes pessoais em favor do estagiário. O estágio não estabelece 
vínculo empregatício de qualquer natureza, para evitar vínculos empregatícios e possíveis 
explorações aos estagiários, e as instituições de ensino tem a obrigação de regulamentar sobre 
a programação, orientação, supervisão, avaliação, carga horária, duração e jornada de estágio 
curricular, condições, caracterização e definição dos campos de estágio. A lei 6.494/77, 
regulamentada pelo Decreto 87.497/82, ordena que: 
 
 
[...] Art. 1º O estágio curricular de estudantes regularmente matriculados e com 
frequência efetiva nos cursos vinculados ao ensino oficial e part icular, em nível 
superior e de 2º grau regular e supletivo, obedecerá às presentes normas. Art. 2º 
Considera-se estágio curricular, para os efeitos deste Decreto, as atividades de 
aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela 
participação em situações reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizada na 
comunidade em geral ou junto a pessoas juríd icas de direito público ou privado, sob 
responsabilidade e coordenação da instituição de ensino. Art. 3º O estágio curricular, 
como procedimento didático-pedagógico, é ativ idade de competência da instituição 
de ensino a quem cabe a decisão sobre a matéria, e dele participam pessoas juríd icas 
de direito público e privado, oferecendo oportunidade e campos de estágio, outras 
formas de ajuda, e colaborando no processo educativo (BRASIL, 1982, p 01). 
 
Em 1993, é aprovada a Lei N.º 8.662 de Regulamentação da Profissão e o novo 
Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais com a Resolução do Conselho Federal 
de Serviço Social (CFESS), Nº. 273. A Lei de Regulamentação Profissional também legisla a 
24 
 
 
respeito do estágio. O Art. 5º define as atribuições privativas do Assistente Social: “VI - 
treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social” (BRASIL, 1993). 
Com base na Lei dos Estágios, a Resolução Nº. 533/2008 do Conselho Federal de Serviço 
Social (CFESS) regulamenta a supervisão direta de Estágio supervisionado no Serviço Social, 
que é necessário se estabelecer na relação entre a unidade acadêmica e a instituição que 
recebe o acadêmico. Sua elaboração foi fundamentada, levando em consideração, entre outras 
particularidades: 
 
[...] - que a norma regulamentadora, acerca da supervisão direta de estágio em 
Serviço Social, deve estar em consonância com os princíp ios do Código de Ética dos 
Assistentes Sociais, com as bases legais da Lei de Regulamentação da Profissão e 
com as exigências teórico -metodológicas das Diretrizes Curriculares do Curso de 
Serviço Social aprovadas pela ABEPSS, bem como o disposto na Resolução 
CNE/CES 15/2002 e na lei 11.788, de 25 de setembro de 2008; -a necessidade de 
normatizar a relação direta, sistemática e contínua entre as Instituições de Ensino 
Superior, as instituições campos de estágio e os Conselhos Regionais de Serviço 
Social, na busca da indissociabilidade entre fo rmação e exercício profissional; -a 
importância de se garantir a qualidade do exercício profissional do assistente social 
que, para tanto, deve ter assegurada uma aprendizagem de qualidade, por meio da 
supervisão direta, além de outros requisitos necessários à formação profissional; -
que a atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social constitui momento 
ímpar no processo ensino-aprendizagem, pois se configura como elemento síntese 
na relação teoria-prática, na art iculação entre pesquisa e intervenção profissional e 
que se consubstancia como exercício teórico-prát ico, mediante a inserção do aluno 
nos diferentes espaços ocupacionais das esferas públicas e privadas, com v istas à 
formação profissional, conhecimento da realidade institucional, problematização 
teórico-metodológica (CFESS, 2008, s.n.). 
 
Essas legislações colocam várias questões que contextualizam o processo de 
formação profissional, convencendo-nos compreender a relevância do acompanhamento 
profissional para o aluno em formação, por meio das competências privativas do ass istente 
social, neste caso, como do profissional supervisor de campo, no processo deaprendizado. 
Em 1996, ocorre uma definição para o projeto da profissão, estabelecendo os 
Princípios e Diretrizes Curriculares para os cursos de formação em Serviço Social pela 
Associação Brasileira de Ensino de Serviço Social (ABESS) e pelo Centro de Documentação 
e Pesquisa em Políticas Sociais e Serviço Social (CEDEPSS). Conforme os pressupostos das 
Diretrizes Curriculares de Serviço Social, o estágio supervisionado: 
 
[...] É uma atividade curricular obrigatória que se configura a partir do aluno no 
espaço sócio institucional objetivando capacitá-lo para o exercício do trabalho 
profissional, que o pressupõe supervisão sistemática. Essa supervisão será feita pelo 
professor supervisor e pelo profissional de campo, através da reflexão, 
acompanhamento e sistematização com base em p lanos de estágio, elaboradas em 
conjunto entre unidade de ensino e unidade campo de estágio, tendo como referência 
25 
 
 
a Lei 8662/93 e o código de ética (1993). O estágio supervisionado é concomitante 
ao período letivo (ABESPSS, 1996, p.19). 
 
Assim, essas mudanças nas Diretrizes Curriculares em 1996 influenciaram a 
supervisão de estágio de maneira fundamental [...] a supervisão passou a ter a visão de 
processualidade na formação do assistente social (LEWGOY, 2009, p.89). Visto que para que 
a processualidade de sua realização não seja mal interpretada daquilo que se compromete a 
fazer, o aluno deve conhecer as competências, instrumentos e atribuições exigidas ao 
Assistente Social. 
Atualmente, as garantias e regulamentações de estágio em todas as áreas do 
conhecimento, em nível federal, são regidas pela Lei N.º 11.788 de 25 de Setembro de 2008, 
essa lei revoga as leis anteriores e dispõe sobre o estágio de es tudantes, e sua relação, 
classificação e definição do estágio. Entretanto, o estágio é dividido em obrigatório: aquele 
determinado em razão ao projeto do curso, e não obrigatório: desenvolvido como atividade 
opcional. Conforme estabelece a legislação vigente, Lei n.º 11.788 de 25 de setembro de 
2008, o seu artigo 1º e parágrafo 1º define que “§ 1o O estágio faz parte do projeto 
pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando”. O artigo 3º 
complementa que: 
 
[...] Art. 3o O estágio, tanto na hipótese do § 1o do art. 2o desta Lei quanto na 
prevista no § 2o do mesmo dispositivo, não cria vínculo empregatício de qualquer 
natureza, observados os seguintes requisitos: I – matrícula e frequência regular do 
educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino 
médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade 
profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II 
– celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do 
estágio e a instituição de ensino; III – compatibilidade entre as atividades 
desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. § 1o O 
estágio, como ato educativo escolar supervisionado, deverá ter acompanhamento 
efetivo pelo professor orientador da instituição de ensino e por supervisor da parte 
concedente, comprovado por vistos nos relatórios referidos no inciso IV do caput do 
art. 7 (BRASIL, 2008, s.n.). 
Este artigo reúne todas as leis garantindo ao aluno estagiário, seu direito a educação e 
tornando-o apto para o futuro profissional. Adquirindo a experiência, para compreender 
melhor e realidade da ação profissional, suas dificuldades, suas deficiências e seus progressos. 
E com a teoria apreendida, é possível pensar saídas, estratégias de intervenção diante de toda 
a realidade constatada. Por isso o estágio supervisionado em serviço social não deve ser 
considerado como um momento de preparação, ou como espaço de simples execução. Longe 
disso, o estágio proporciona uma percepção de totalidade da realidade social, contribuindo 
para que o aluno estagiário tenha conhecimento para, fazer análise conjuntural, percebendo 
26 
 
 
seus reflexos no cotidiano do campo de estágio, atendendo as demandas do Serviço Social. 
Assim, a formação profissional deve garantir a apreensão e análise das situações concretas, as 
quais vão desde o significado sócio histórico do Serviço Social como as condições de trabalho 
dos assistentes sociais, as conjunturas, as instituições e o universo dos trabalhadores usuários 
dos diversos serviços e políticas institucionais públicas e privadas. Neste aspecto, exige 
conhecimentos teóricos e saberes prático-interventivos, além, é claro, dos fundamentos e da 
lógica tendencial que os constituem (GUERRA, 2006). 
Em 2010, é aprovada a Política Nacional de Estágio (PNE), resultado do debate 
coletivo em todo o País, que teve o início em maio de 2009, com base no documento 
elaborado em abril de 2009 pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço 
Social (ABEPSS) em sua primeira Reunião Ampliada da Diretoria eleita para a Gestão 2009-
2010, realizada entre os dias 16 e 18 de março de 2009, no Rio de Janeiro. O debate da 
Política Nacional de Estágio (PNE) foi nas oficinas regionais de graduação da Associação 
Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social que discutiram o referido documento e 
encaminharam propostas para a versão final da Política Nacional de Estágio (PNE). Isso 
implicou também um conjunto de influências internas que vem problematizando o processo 
de formação, os quais foram identificados na pesquisa sendo eles os fundamentos históricos e 
teóricos-metodológicos do serviço social; trabalho; questão social; pesquisa; além do perfil 
das unidades de ensino públicas e privadas que participaram do processo investigativo. 
A Política Nacional de Estágio (PNE) apresenta o estágio "[...] como fundamental 
para balizar os processos de mediação teórico-prática na integridade da formação profissional 
do assistente social" (ABEPSS, 2010, p.01), com um caráter mobilizador na defesa do projeto 
de formação profissional como instrumento de luta contra a precarização do ensino superior, 
assegurando um estágio qualificado. A Política Nacional de Estágio (PNE) dispõem em seu 
conteúdo: os princípios norteadores do estágio; as atribuições dos sujeitos e instâncias 
envolvidas; aborda construção de parâmetros quantitativos da relação professor/aluno na 
supervisão acadêmica do estágio supervisionado obrigatório; orienta também ao estágio não- 
obrigatório; e indica estratégias de operacionalização do estágio supervisionado. 
No que se refere a supervisão em Serviço Social, na década de 1990, esta aparece 
configurada como componente integrante da formação e do exercício profissional 
(BURIOLLA, 1994). A supervisão em Serviço Social constitui-se em atribuição privativa do 
assistente social, dando forma ao processo coletivo de ensino-aprendizagem, no qual se 
realiza a observação, registro, análise e atuação do aluno estagiário no campo de estágio, da 
27 
 
 
mesma forma a avaliação do processo de aprendizagem, visando a construção de 
conhecimentos e competências para o exercício da profissão. 
 
 [...] a supervisão em Serviço Social é vista como um processo educativo, de ensino-
aprendizagem, que se realiza na área do agir e ocorre em função da prática 
profissional, desenvolvendo o acompanhamento do trabalho prático cotidiano do 
aluno estagiário. A supervisão de estágio é essencial à formação do aluno de Serviço 
Social, enquanto lhe proporcione um momento específico de aprendizagem, de 
reflexão sobre a ação profissional. Supervisor e Supervisionado são sujeitos ativos 
do processo ensino-aprendizagem e da produção de um saber profissional, exig indo 
de ambos a convivência, ações proativas e corresponsabilidade, como sujeitos 
coparticipantes do processo educativo (MUNIZ, 1997, p. 30). 
 
A supervisão e o estágio são aspectos da formação profissional que estão 
particularmente ligados, e por isso, não podem ser estudados isoladamente. Asupervisão e o 
estágio organizam-se em elementos indissociáveis e espaços especiais de vivência e exercício 
que garantem a apropriação de elementos indispensáveis para a atuação profissional. De modo 
que a supervisão acadêmica e de campo determina: 
 
 [...] A indissociabilidade entre estágio e supervisão acadêmica e de campo, em que 
o estágio, enquanto atividade didático pedagógica, pressupõe a supervisão 
acadêmica e de campo, numa ação conjunta, integrando planejamento, 
acompanhamento e avaliação do processo de ensino-aprendizagem e do desempenho 
do (a) estudante, na perspectiva de desenvolvimento de sua capacidade de investigar, 
apreender criticamente, estabelecer proposições e intervir na realidade social 
(ABEPSS, 2010, p. 13). 
 
A indissociabilidade entre supervisão e estágio é um dos essenciais fundamentos da 
formação profissional em Serviço Social, porque entende o processo ensino-aprendizagem 
que é criado na relação do professor-supervisor com o aluno, a partir da atividade cotidiana do 
estágio, por meio do reconhecimento da união entre os conhecimentos do Serviço Social e a 
realidade da prática profissional na sua relação com a demanda, com a instituição e com a 
realidade social. Assim supervisão de estágio em Serviço Social inclui-se em duas dimensões: 
supervisão de campo e supervisão acadêmica. Esses distintos, mas complementares processos, 
tem a necessidade de acompanhamento e orientação profissional. Dessa maneira, faz-se 
necessário compreender que a supervisão acadêmica é a prática docente sob a 
responsabilidade do professor supervisor no contexto do curso. E a supervisão de campo 
refere-se ao acompanhamento das atividades práticas do acadêmico pelo assistente social no 
campo de estágio. 
Ao supervisor acadêmico, está atribuída a responsabilidade pelo encaminhamento 
metodológico do estágio supervisionado, orientando quanto ao referencial teórico, 
28 
 
 
acompanhando o desempenho do aluno de acordo com o plano de estágio estabelecido em 
comum de acordo com a instituição; identificando carências teórico-metodológicas e técnico 
operativas do aluno e contribuindo para a superação da prática profissional vivenciada no 
estágio. 
 
[...] E se a supervisão pode ser entendida como uma at ividade didático -pedagógica 
possibilitadora da apreensão e assimilação do ensino da prática, ela se constitui 
basicamente numa at ividade docente. O que não significa dizer que seja uma 
atribuição da única e exclusiva competência do professor, mas partilhada com o 
profissional do campo na medida das suas possibilidades e limitações e numa 
relação de complementariedade (SILVA, 1994, p. 153). 
 
O assistente social, supervisor de campo no campo de estágio tem comprometimento 
com o ensino da prática acompanhando o estagiário na dinâmica do cotidiano do campo de 
estágio, formando um elo entre a prática profissional e o processo de ensino acadêmico. 
 
[...] Em síntese, cabe ao supervisor contribuir com o aluno na particularização da 
problemát ica que envolve a ação profissional no tocante às especificidades dos 
organismos institucionais, o que exige uma apropriação ao projeto acadêmico-
pedagógico do curso e, em especial, às orientações adotadas no ensino da prática 
(IAMAMOTO, 1992, p. 206). 
 
Desse modo, supervisor acadêmico e o supervisor de campo criar um momento de 
articulação entre a instituição de ensino e o campo de estágio criando um elo entre o 
supervisor de campo, aluno estagiário e supervisor acadêmico, intimamente envolvidos num 
projeto coletivo e interdisciplinar, assim o supervisor de campo, acadêmico e estagiário 
compõem a denominada tríade do processo de estágio (LEWGOY, 2009). Ao modo que o 
supervisor acadêmico e o supervisor de campo devem estar intimamente ligados com uma 
ação integrada, a partir da qual possam discutir as diretrizes e o percurso metodológico que 
orientam o processo de ensino, objetivando a qualificação profissional do aluno-estagiário, 
bem como a garantia de um estágio que transmita confiança ao estagiário, assegurando- lhe 
experiência prática de qualidade, e que suas ações possam ser matéria-prima para reflexão 
crítica e ética. Essa ligação é fundamental para a responsabilização dos processos de reflexão, 
acompanhamento e sistematização da prática profissional, garantindo a formação de 
qualidade, a produção de conhecimento e o comprometimento com o projeto ético político. 
O curso de graduação em Serviço Social do Departamento de Ciências Jurídicas e 
Sociais (DCJS) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul 
(UNIJUÍ) estabelece o processo de estágio. Quanto à estrutura e orga nização deste curso, o 
estágio supervisionado está dividido em três componentes curriculares, correspondentes ao 
29 
 
 
Estágio Supervisionado em Serviço Social I, II e III, respectivamente. De acordo com o 
Regimento de Estágio Supervisionado em Serviço Social, o componente curricular de estágio 
atende às condicionalidades: 
 
Art. 5º. O Estágio Supervisionado compreende a realização de 525 horas de 
atividades, subdivididas em três componentes curriculares, ofertados em três 
semestres letivos subsequentes, conforme PPC [Projeto Po lít ico-Pedagógico] [...]. § 
2º. Cada componente curricular p revê a realização de 175 horas, sendo 75 horas de 
atividade teórica, em sala de aula, e 100 horas de atividade prática, em campo de 
estágio. 
Art. 6º. Para matricular-se no componente curricular de Estágio Supervisionado em 
Serviço Social I e in iciar a realização do Estágio Supervisionado do Curso de 
Graduação em Serv iço Social o (a) acadêmico (a) deve ter integralizado uma carga 
horária mínima de 945 horas/aula (UNIJUÍ, 2011, p. 39). 
 
Assim o curso de graduação em Serviço Social da UNIJUÍ determina a realização de 
100 horas práticas no campo de estágio sob a supervisão direta de um profissional assistente 
social do quadro de recursos humanos da instituição campo de estágio e 75 horas teóricas sob 
a supervisão acadêmica de um profissional assistente social, docente da Unidade de Formação 
Acadêmica (UFA), para cada um dos três componentes curriculares. Esta determinação está 
conforme as Diretrizes Curriculares de 1996 para os cursos de formação em Serviço Social 
(ABESS/CEDEPSS, 1997), em nível nacional. Sabendo que antes de dirigir-se ao campo de 
estágio é essencial que o aluno estagiário, faça uma articulação do conhecimento através do 
conjunto de componentes curriculares. Os componentes curriculares vêm ao encontro do 
objetivo da formação teórica para apreensão do conjunto de características da profissão, para 
então, concretizá-las através da prática, no estágio curricular supervisionado (CRESS, 2009). 
O Estágio Supervisionado em Serviço Social I sucede a inserção do estagiário no 
espaço sócio ocupacional do assistente social, propondo à observação da operacionalização do 
instrumental do Serviço Social, realizando também o reconhecimento da instituição, estrutura 
organizacional, planos, programas e projetos desenvolvidos pelo espaço, recursos humanos 
financeiros e materiais, as políticas sociais que perpassam a instituição e a identificação das 
demandas e dos usuários. Mas para isso se tornar concreto é necessário que a instituição 
reconheça o aluno estagiário como um sujeito em processo de formação e torne plausível sua 
inserção de forma ética e totalizadora neste espaço, buscando desvendar este cenário 
contraditório, "a proposta é passar de um olhar simplificador para um olhar crítico”. 
(LEWGOY E SCAVONI, 2002, p. 6). Ao modo que este processo tem como centro a 
observação da ação profissional que é realizada pelo assistente social supervisor de campo, 
com supervisão de campo e acadêmica. 
30 
 
 
No Estágio Supervisionado em Serviço Social II, está previsto a apreensão, reflexão 
e operacionalização dos elementos constitutivos do processo de trabalho no qualse inclui o 
assistente social; buscando a atitude investigativa, propositiva e criativa no Serviço Social; a 
construção do objeto; a análise e reflexão do contexto social relacionando o com a realidade 
local-regional. Ao modo que é nesta ocasião que o aluno estagiário toma parte nos 
atendimentos, sendo plausível a realização de intervenções e argumentações, assim através do 
estágio o aluno "[...] desenvolve a capacidade de problematização, ou seja, propõe questões, 
levanta hipóteses, infere deduções sobre as questões sociais, participa do jogo dialético de 
argumentar e contra argumentar”. (LEWGOY E SCAVONI, 2002, p.7). Nesse momento 
também ocorre a elaboração do projeto de intervenção, onde são definidas as ações, 
metodologia, metas, assim como, o cronograma, avaliação, objetivos e justificativa, que são 
orientadores da ação no Estágio Supervisionado em Serviço Social III. 
No Estágio Supervisionado em Serviço Social III põe-se em prática o exercício 
profissional, com o privilégio dos conhecimentos construídos até então, por meio da 
articulação teoria-prática, é o momento que proporciona o contato direto com o exercício 
profissional, com natureza interventiva do Serviço Social, que resulta na conquista da 
profissão. Porque é através do processo vivencial do estágio, que o aluno vai-se apropriando 
da profissão, de tal modo que lhe permite identificar-se como membro efetivo da profissão. 
(PINTO, 1997, p. 65). Desse modo, o/a estagiário/a realiza intervenções considerando a 
execução, o monitoramento e a avaliação do projeto de intervenção de Estágio 
Supervisionado em Serviço Social construído no estágio anterior, com supervisão de campo e 
acadêmica, nesse momento, o estagiário tem maior autonomia, para escolher o tema e 
elaborar a proposta de intervenção, com o auxílio dos supervisores de campo e acadêmico. 
Portanto, o estágio supervisionado é considerado o lócus de construção da identidade 
profissional do aluno, buscando assim uma ação reflexiva, crítica, baseada nos conhecimentos 
teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-político do Serviço Social, e, por isso, 
devendo ser uma atividade planejada e sistematizada pela unidade de ensino e respectivo 
campo de estágio, reunindo todos os aspectos que lhes pertencem: 
 
 [...] o estágio, por ser o lócus propício para o treinamento prático -profissional, é 
também o espaço apropriado para o aluno traçar a sua matriz de ident idade 
profissional, por ser aí que ele desenvolve a sua aprendizagem, a sua 
responsabilidade, o seu compromisso e demais atitudes e habilidades profissionais. 
Neste sentido, as experiências dos alunos no estágio devem ser selecionadas, 
planejadas e afetas à sua formação profissional, pois “não são experiências 
quaisquer” (BURIOLLA, 1995, p. 24). 
31 
 
 
 
A participação do aluno no estágio cria o instrumento fundamental na formação da 
análise crítica e da capacidade interventiva, propositiva e investigativa do estagiário, que 
precisa apreender os elementos concretos que se organizam na realidade social capitalista e 
suas contradições, de forma a intervir, futuramente como profissional, nas diferentes 
expressões da questão social, que vem se agravando diante do modo de produção capitalista, 
da sociedade dividida em classes, e das consequências causadas na desregulamentação do 
trabalho e dos direitos sociais. 
 
32 
 
 
3 A POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL 
 
Este terceiro capítulo do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC está dividido em 
dois subitens: A organização da Política de Saúde no Brasil. No segundo subitem, aborda-se a 
implementação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) contextualizada e destacando o seu 
papel como unidade pública de Saúde. 
 
3.1 A ORGANIZAÇÃO DA POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL 
 
Para falar sobre Política de Saúde é relevante dar ênfase nas ações implementadas ao 
longo das décadas 30 e 80 no processo de institucionalização da Política de Saúde no Brasil. 
A área da saúde tem passado historicamente por contínuas mudanças em suas políticas, que 
decorreram das várias articulações entre sociedade Civil e o Estado e que explicam, em cada 
conjuntura, as respostas sociais frente aos problemas de saúde. Nesse sentido, contextualizar o 
processo de desenvolvimento da Política de Saúde no Brasil, expõe à explicação do contexto 
histórico, político social e econômico de seu surgimento. 
No Brasil a preocupação com a saúde teve início com o modo de produção capitalista 
que gerou o processo de industrialização no país, ocasionando mudanças na vida da 
população no começo do século XX. Até a década de 1920 não havia política organizada por 
parte do Estado em relação à saúde, de modo que os demais trabalhadores se sujeitavam aos 
serviços médicos de filantropia ou serviços públicos que eram bastante precários, “[...] ou 
ainda aos profissionais liberais ou às formas de medicina popular” (BRAVO, 1991, p.65). 
Com a consolidação do sistema capitalista 2 e das políticas neoliberais houve 
transformações econômicas e políticas, produzindo a "[...] aceleração da urbanização e da 
massa trabalhadora, em precárias condições de higiene, saúde e habitação" (BRAVO, 2008, p 
.91). Assim, a saúde passa a ser considerada como questão social e com isso cria-se a 
redefinição do papel do Estado e o surgimento das políticas sociais, entre outras 
reivindicações dos trabalhadores. Nesse sentido, 
 
2 Para Marx (2003[1867], p.828) O sistema capitalista pressupõe a dissociação entre os trabalhadores e a 
propriedade dos meios pelos quais realizam o trabalho. (...) O processo que cria o sistema capitalista consiste 
apenas no processo que retira ao trabalhador a propriedade de seus meio s de trabalho, um processo que 
transforma em capital os meios sociais de subsistência e os de produção e converte em assalariados os produtores 
diretos (MARX, 2003). 
 
33 
 
 
 
[...] a Saúde emerge como "questão social" no Brasil no início do século XX, no 
bojo da economia cap italista exportadora cafeeira, refletindo o avanço da div isão do 
trabalho, ou seja, a emergência do trabalho assalariado” (BRAVO, 2008, p.90). 
 
Nesse período os Assistentes Sociais são chamados para trabalhar com a questão 
social que surgia em decorrência da relação capital/trabalho. Com o crescimento da 
industrialização e das populações das áreas urbanas, surge a necessidade de controlar os 
trabalhadores, e, o Serviço Social coloca-se a serviço do Capital, inserindo-se em estruturas 
institucionais, cooperando no exercício do controle social e na reprodução da ideologia da 
classe dominante entre a classe trabalhadora. 
Somente no ano de 1921 com a reforma Carlos Chagas é que se deu início a uma 
política de saúde mais estruturada (BORBA, 1998). Essa reforma tenta ampliar o atendimento 
a saúde por parte do poder central, formando uma das estratégias da União de ampliação do 
poder nacional. Com a necessidade de garantir a reprodução da força de trabalho e o aumento 
das doenças, em função do processo de industrialização, os trabalhadores organizaram-se e 
mobilizaram-se, para pressionar o poder público pela sua atenção, exigindo melhores 
condições de trabalho, saúde e segurança social dos trabalhadores. Assim as políticas de 
proteção social são consideradas, produto histórico das lutas do trabalho, dado que respondem 
pelo atendimento de necessidades sugeridas em princípios e valores socializados pelos 
trabalhadores e reconhecidos pelo Estado e pelo patronato (MOTA, 2004). 
A primeira grande intervenção do Estado na área do seguro social acontece em 1919, 
com a criação do seguro de acidentes de trabalho, apenas para os trabalhadores urbanos. 
(COHN, 2002). 
No início do século XX a saúde pública no Brasil, esteve voltada para ações coletivas 
que tinham à sua disposição instrumentos de intervenção mais eficientes que a assistênciamédica individual. O sanitarismo campanhista era a principal característica da política de 
saúde, com seu modelo campanhista sanitário e a medicina previdenciária, de cunho 
privatista, curativista e restritivo àquelas profissões reconhecidas em lei, em que os 
trabalhadores pertencem ao mercado de trabalho formal. Assim, a organização da seguridade 
social brasileira esteve apoiada na "cidadania regulada" através da estruturação do seguro 
social e, nessa conjuntura, os trabalhadores eram considerados cidadãos inseridos no mercado 
formal, vinculando-se o direito social à saúde ao registro formal de trabalho no âmbito da 
34 
 
 
previdência social, representado pela união da medicina e do trabalho formal. Aqueles que 
não estavam empregados não tinham direito a assistência medica individual e seu acesso à 
saúde restringia-se a ações desenvolvidas pela filantropia. Neste período, no Brasil, este 
modelo expandiu-se no que se relaciona à previdência médica individual apoiada na 
"cidadania regulada". Ou seja, é um sistema de proteção social de caráter meritocrático, de 
caráter contributivo e compulsório (SANTOS, 1979). 
Esse tipo de Saúde Pública "[...] separava, artificialmente, a prevenção e a cura 
(tratamento), a assistência individual e a atenção coletiva, a promoção e a proteção em relação 
à recuperação e a reabilitação da saúde". (PAIM 2009, p. 31). Assim a separação entre a 
atenção médica curativa e as medidas preventivas de caráter coletivo se dava da seguinte 
forma: 
 
 [...] de um lado, as ações voltadas pra a prevenção, o ambiente e a co letividade, 
conhecidas como saúde pública; de outro, a saúde do trabalhador, inserida no 
Ministério do Trabalho; e, ainda, as ações curativas e individuais, integrando a 
medicina previdenciária e as modalidades de assistência médica liberal, filantrópica 
e, progressivamente, empresarial (PAIM 2009, p. 31). 
 
Aquilo que conhecemos atualmente como saúde do trabalhador, desenvolveu-se só a 
partir de 1930, com a criação do Ministério do Trabalho. Portanto, há estudos que 
reconhecem, desde o início do século XX, a formação de três subsistemas de saúde no Brasil 
vinculados ao poder público: saúde pública, medicina do trabalho e medicina previdenciária 
(PAIM 2009). 
A medicina previdenciária, que surgiu na década de 30, com a criação dos Institutos 
de Aposentadorias e Pensões - IAPs, pretendeu estender para um número maior de categorias 
de assalariados urbanos os seus benefícios como forma de “antecipar” as reivindicações 
destas categorias e não proceder uma cobertura mais ampla (BRAVO, 2001). Ela teve como 
marco histórico a unificação e absorção das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs) 
pelos serviços do Instituto de Aposentadorias e Pensões (IAPs). A implantação da primeira 
CAP (Caixa de Aposentadoria e Pensões) em 1923, se deu através da Lei Eloy Chaves, 
considerada o ponto de partida da Previdência Social, que, instituindo o sistema de Caixas de 
Aposentadorias e Pensão (CAPS), atende, num primeiro momento, aos trabalhadores 
ferroviários e, posteriormente, é estendida aos marítimos e estivadores. (BRAVO, 2006). 
 
[...] Data de 1923 a instituição no Brasil, por iniciativa do poder central, das Caixas 
de Aposentadorias e Pensões (CAPS), primeira modalidade de seguro para 
35 
 
 
trabalhadores do setor privado. (...) As CAPS, organizadas por empresas, por meio 
de um contrato compulsório e sob a forma contributiva, t inham como função a 
prestação de benefícios (pensões e aposentadorias) e a assistência médica a seus 
afilhados e dependentes (COHN, 2005, p. 14). 
 
Além da aposentadoria, os serviços oferecidos aos segurados das Caixas de 
Aposentadoria e Pensões (CAPS), estavam, também, a assistência médica e o fornecimento de 
medicações. Durante a Era Vargas em 1930, no que se refere ao âmbito social, o foco estava 
nas questões trabalhistas e na tentativa de harmonizar empregados e empregadores. Nesse 
sentido, foram criados o Ministério do Trabalho, a Justiça do Trabalho e a Consolidação das 
Leis Trabalhistas. Além disso, em 1933, nasceu uma nova organização previdenciária, os 
Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs). 
Segundo NOGUEIRA (2002, p. 145) foi "consolidado um ideário favorável à relação 
pacífica entre trabalhador e empregador, na construção da ordem capitalista meritocrática 
brasileira". De 1933 a 1938, as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPS) são unificadas e 
absorvidas pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que vão sendo sucessivamente 
criados, agora congregando os trabalhadores por categorias profissionais e que, por causa do 
modelo sindicalista de Vargas, passam a ser dirigidos por entidades sindicais, e não mais por 
empresas como as antigas caixas. (COHN, 2005). Destaca-se também a criação do Ministério 
da Educação e Saúde. 
Nesta mesma década, a política sanitária nacional era organizada em dois subsetores: 
o de saúde pública e o de medicina previdenciária, havendo maior destaque e ampliação dos 
serviços de assistência médica na Previdência Social. 
 
[...] O subsetor de Saúde pública será predominante até meados de 60 e se 
centralizará na criação de condições sanitárias mín imas para as populações urbanas 
e, restritamente, para as do campo. O subsetor de medicina previdenciária só virá 
sobrepujar o de Saúde pública a partir de 1966 (BRAVO, 2006, p.91). 
 
A estrutura de atendimento hospitalar de natureza privada, com fins lucrativos, já 
estava montada a partir dos anos 1950 e apontava na direção da formação das empresas 
médicas, essa corporação médica estava ligada aos interesses dos capitalistas do setor e 
pressionava o financiamento por meio do Estado. Houve um relativo crescimento dos gastos 
da previdência social com a assistência médico-hospitalar, porém, a situação da saúde da 
população não conseguiu eliminar o quadro de doenças infecciosas e parasitárias e as elevadas 
taxas de morbidade e mortalidade infantil, assim como também a mortalidade geral. 
36 
 
 
Na América Latina, na segunda metade de 1950, a emergência de um campo 
nomeado como saúde coletiva está unida aos movimentos de renovação da saúde pública 
estabelecida, na condição de campo científico, espaço de práticas ou mesmo como atividade 
profissional. O campo da saúde coletiva organizou-se no Brasil a partir da década de 80 do 
século XX, e, pode ser entendida como uma ciência histórico-social, um conjunto de saberes e 
práticas relacionadas a um contexto amplo de ordem político social, ideológico e técnico 
científica (PAIM, 1998). 
A saúde coletiva enquanto campo específico de produção caracterizado por posturas 
de enfrentamento ao modelo de atenção à saúde em vigência amparada pelo Estado. Mostrava 
caráter de denúncia à lógica perversa que o capitalismo havia atingido a medicina. Possuía 
também caráter de militância política assumida por parte significativa dos profissionais desta 
área. No plano teórico confrontava-se com a medicina clínica de enfoque biologicista. 
Oferecia a integralidade sujeito/ator social, ao modo que as necessidades sociais de saúde são 
necessidades de reprodução social. Ou seja, estabelecem necessidades de classes que se 
singularizam nos diferentes grupos sociais determinados pela sua inserção na divisão social 
do trabalho que decide os variados modos de viver. 
Em 1953, com o apoio do ideário da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 
ampliação das responsabilidades do Estado na proteção da saúde da população, foi instituído 
o Ministério da Saúde, o que se confirmou foi a transformação de muitas campanhas 
sanitárias em órgãos ou serviços responsáveis pela febre amarela, tuberculose, lepra, saúde da 
criança e fiscalização sanitária, além da criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), 
resultado de um convênio entre os governos brasileiro e norte-americano no período da II 
Guerra Mundial, segundo alguns, para a exploração da

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