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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO AULA 1 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL A presente aula tem por objetivo apresentar as principais matrizes teóricas da psicologia do desenvolvimento, correlacionando-as com a teoria da personalidade e o exercício da profissão de assistente social. Para isso, apresentaremos um panorama teórico sobre psicologia do desenvolvimento, seus conceitos e história, bem como uma conceitualização sobre o indivíduo como ser biopsicossocial. Ademais, possibilitaremos uma reflexão aprofundada sobre o conceito de personalidade conforme as teorias analítica e psicanalítica, e também segundo o teórico Jean Piaget. TEMA 1 – PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: CONCEITOS Segundo Piletti, Rossato e Rossato (2014), a psicologia é um braço das ciências humanas cujo objeto de pesquisa é o ser humano. Essa ciência enfrentou transformações significativa ao longo dos anos, ampliando sua área de conhecimento a fim de buscar esclarecer os processos que causam esse “fazer-se” humano. Ela busca estudar variáveis afetivas, cognitivas, sociais e biológicas em todo o ciclo da vida. Conecta-se com várias áreas do conhecimento, como biologia, sociologia, pedagogia, campos da saúde física e mental. De acordo com Mota (2005), o “interesse pelos anos iniciais de vida dos indivíduos tem origem na história do estudo científico do desenvolvimento humano”, que culmina na preocupação e no zelo com a educação das crianças, em especial com o olhar lançado para a infância em período de desenvolvimento. 1.1 Histórico da psicologia do desenvolvimento Segundo Mota (2005), em pesquisa sobre a evolução histórica da psicologia do desenvolvimento humano, é possível sistematizar tal trajetória em fases, cada qual englobando um período de mais ou menos dez anos. 3 Quadro 1 – Evolução histórica Primeira fase (1920-1939) Nesta época, o estudo tratava do desenvolvimento intelectual, da maturação e do crescimento. Segunda fase (1940 – 1959) Esta fase foi influenciada pela depressão de 30 e pelas guerras, que levam a uma escassez de investimentos em pesquisa. Terceira fase (1960-1989) Até meados da década de 60, a psicologia do desenvolvimento sofre grande influência da Teoria Behaviorista e dos conceitos de Aprendizagem Social. A Revolução Cognitiva atinge a psicologia do desenvolvimento. Quarta fase (1990- dias atuais) Cada vez mais o desenvolvimento é estudado ao longo do ciclo vital, ao invés da tradicional ênfase na infância e adolescência. Fonte: Elaborado com base em Mota, 2005, p. 108. TEMA 2 – PERSONALIDADE: CONCEITOS De acordo com D´Andrea (2001), personalidade é um tema complexo, pois embora não haja personalidades idênticas, existem pessoas que apresentam traços em comum, razão pela qual é difícil traçar uma conceituação de forma útil e compreensível. Para o autor, deve-se considerar os dados “biopsicológicos herdados, isto é, as condições ambientais, sociais e culturais nas quais o indivíduo se desenvolve” (D’Andrea, 2001, p. 9). Cabe observar que esses aspectos são desenvolvidos através da interação entre contexto social e hereditariedade, e tais atributos da personalidade são manifestados por meio do comportamento, lembrando que as características são peculiares a cada indivíduo. Existem ainda outras teorias sobre a constituição da personalidade, sendo as mais conhecidas as de Sigmund Freud e Carl Gustav Jung, que serão apresentadas neste conteúdo. TEMA 3 – TEORIA DA PERSONALIDADE FREUDIANA De acordo com D’Andrea (2001) a personalidade para a psicanálise freudiana é composta por três grandes sistemas psíquicos: o id, o ego e o superego , de cuja interação dinâmica resulta o comportamento do indivíduo. Segundo o autor, o processo de desenvolvimento da personalidade, para Freud, seria contínuo. A primeira fase da vida (0 a 5 anos) seria a mais importante para a estruturação da psique. Tal teoria é considerada desenvolvimentista, uma vez que vincula a formação da personalidade com o 4 desenvolvimento do instinto sexual, que tem início nos primórdios da infância do indivíduo. De acordo com Friedman e Shustack, (2004, p. 73-75), a psicanálise defende que há cinco estágios psicossexuais, a partir dos quais entende-se a maneira específica como cada um vive e lida com conflitos, pois eles seriam despertados nessas fases, conforme descrito abaixo: • Fase oral (0 a 12 meses): Ocorre no primeiro ano de vida, quando a atenção da criança está concentrada basicamente nas zonas erógenas da boca, por meio da qual obtém prazer pela sucção, no ato de mamar. • Fase anal (2 a 3 anos): O interesse na atividade anal passa a ser importante para a criança, principalmente quando os pais estabelecem o controle de fezes e de urina. • Fase fálica (3 a 5 anos): Nesta fase, a criança se interessa pelos órgãos sexuais e pelos prazeres ligados ao seu manejo. O menino e a menina se colocam nos papéis imaginários de pai e mãe. Desenvolvimento do Complexo de Édipo. • Fase da latência (5 a 12 anos): Idade escolar, quando há uma incompatibilidade entre meninos e meninas. Ocorre supressão dos impulsos sexuais, construção do pensamento lógico e influência da vida psíquica pelo princípio da realidade. • Fase genital. É nesta fase que o adolescente passa a se interessar por outras pessoas e coisas como objetos importantes, deixando de lado o interesse por si mesmo como objeto primário. É despertado por atividades da vida madura. TEMA 4 – TEORIA DA PERSONALIDADE JUNGUIANA De acordo com Friedman e Shustack (2004), em Jung o ego é centro da consciência e não o centro da personalidade . Trata-se de uma estrutura psíquica que gerencia os aspectos conscientes da mente. “Os aspectos conscientes nesta teoria são as informações e os processos mentais para os quais direcionamos nossa atenção de forma deliberada. Um exemplo: tudo que você está pensando, vendo, ouvindo e sentindo neste momento objetivamente, são aspectos conscientes” (Friedman; Shustack, 2004, p. 116). 5 Friedman e Shustack (2004) relatam que, para Carl Gustav Jung, a mente tem dois níveis – consciente e inconsciente . Diferentemente de Freud, Jung defende que a parte mais importante do inconsciente vem do passado coletivo da humanidade, chamado inconsciente coletivo, e não das nossas experiencias individuais. Para Fadiman e Frager (1986), a tipologia de Jung é especialmente útil no relacionamento com os outros, ajudando-nos a compreender os relacionamentos sociais. Ela descreve como as pessoas percebem o mundo de maneiras diferentes na hora de agir e julgar: Inconsciente Pessoal : Abrange toda as experiências individuais que foram reprimidas, ou esquecidas como traumas e frustrações. Também guarda informações – como propagandas de carros e bebidas que mostram mulheres maravilhosas, dando a entender que essas mulheres “caíram” em cima dos homens. Inconsciente ´coletivo : Tem suas raízes no passado coletivo do sujeito; seus conteúdos psíquicos são passados para as futuras gerações, e são os mesmos em todas as culturas. Conceitos universais relacionados com deuses, maternidade, água, terra etc. Segundo Fadiman e Frager (1986), para Jung há outras características estruturante da psique, sendo elas as atitudes e funções . As atitudes são duas (introversão e extroversão) e as funções são quatro (pensamento, sentimento, sensação e intuição). Atitude introvertida : Quando voltamos nossa energia psíquica para nossas fantasias, desejos e tendências, nossa forma individual de perceber a realidade; gostamos de observar e conviver com as próprias ideias. Atitude extrovertida : É o direcionamento da psique para mundo externo. Pessoas extrovertidas são influenciadas pelo mundo que as cerca, e não tanto pelo mundo interno. São práticas e centradas na realidade do dia a dia. Ao falarsobre as funções psíquicas, Jung afirma que, para cada indivíduo, algumas funções são mais predominantes do que outras. Vejamos: 6 Pensamento : É atividade intelectual que produz um encadeamento de ideias, algumas pessoas consideradas pensadoras apresentam a função pensamento como sendo a mais preponderante. Pode ter caráter extrovertido, voltado ao pensamento concreto, ou introvertido, quando o indivíduo tende a confiar nas próprias ideias e nas suas interpretações sobre fatos, mais do que nos fatos em si. Sentimento : Descreve o processo de avaliar um acontecimento ou ideia. Para Jung, é importante não confundir essa função com emoção. Ela se refere a uma avaliação de um pensamento visando entender o valor das coisas. Sensação : É a função psíquica responsável por receber estímulos do meio externo e transmiti-lo à consciência; ou seja, trata-se da percepção individual dos estímulos captados pela visão, tato, audição, olfato e paladar. A sensação constata o que realmente está presente. Intuição: para o autor, é uma função psíquica que está além da consciência. São pessoas que observam o mundo externo e conseguem perceber detalhes subliminares que passam despercebidas a outros sujeitos. Para Jung, a maior parte das pessoas cultiva apenas uma das funções descritas acima. Algumas conseguem desenvolver duas, poucas desenvolvem três; as que conseguem desenvolver as quatro funções são aquelas que atingem a individuação . Também conhecida como autorrealização, a individuação é o processo de tornar o indivíduo uma pessoa inteira, quando são integrados os polos opostos da personalidade em uma única e homogênea individualidade. Aqui se atinge o equilíbrio entre todos os arquétipos. (Fadiman; Frager, 1986, p. 47-48) TEMA 5 – A TEORIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO DE JEAN PIAGET O pesquisador Jean Piaget, ao realizar o “estudo do desenvolvimento qualitativo das estruturas psicológicas, apresenta a evolução do pensamento da criança delineada na de forma de estágios, numa sucessão crescente e constante de aquisições” (Piletti; Rossato; Rossato, 2014, p. 43). O fator preponderante aqui não é a cronologia, mas a ordem de sucessão, conforme descrito abaixo: 7 Estágio Sensório-motor (0 a 2 anos) : Estágio da inteligência prática, durante o qual a criança percebe o mundo pelos órgãos do sentido, descobrindo-o através do deslocamento de seu corpo. Há neste estágio uma relação de interdependência entre a forma como percebe o mundo e o modo como atua na realidade. Estágio pré-operatório (2 a 7 anos) : Este período caracteriza-se pelo egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista de outros). A criança desenvolve a fala, mas ainda não apresenta plena interação com o meio; representa o mundo através de símbolos. Estágio das operações concretas (7 a 11 anos) : Este estágio refere-se ao aparecimento da capacidade da criança de interiorizar as ações; ou seja, ela começa a realizar operações mentalmente e não mais apenas através de ações físicas típicas da inteligência sensório-motor. Nesta fase, ela percebe os efeitos das ações-resultados, ou seja, aprende na pratica. Estágio das operações formais (12 anos em diante) : Neste estágio, a criança adquire a capacidade de pensamento lógicos-dedutivo. Adquire também a capacidade de criticar os sistemas sociais; começa a discutir os valores morais de seus pais e constrói os seus próprios, tornando-se cada vez mais autônoma. De acordo com Macedo (2004, p. 153, citado por Piletti; Rossato; Rossato, 2014, p. 45), Piaget se reporta a um sujeito epistêmico determinado “pela classe social, pelo gênero e pelas relações com seus pares ou adultos, pela condição física, neurológica, e pelo conhecimento lógico-matemático (que é fundamental em qualquer cultura e sociedade)”. NA PRÁTICA Este estudo evidencia que as principais diferenças entre Freud e Jung podem ser vistas na ideia do inconsciente e sexualidade, no que tange ao desenvolvimento do indivíduo. Vimos também que Jean Piaget observou as estruturas do desenvolvimento psicológico do indivíduo e sua evolução. Tais conhecimentos respaldam as ações dos profissionais assistentes sociais na direção de um projeto em defesa dos indivíduos em desigualdade social. Seus 8 encargos envolvem o planejamento e a execução de políticas públicas e de programas sociais que proporcionem o bem-estar e a integração do indivíduo na sociedade. Este estudo evidencia que as principais diferenças entre Freud e Jung podem ser vistas na ideia do inconsciente e sexualidade, no que tange ao desenvolvimento do indivíduo. Vimos também que Jean Piaget observou as estruturas do desenvolvimento psicológico do indivíduo e sua evolução. Tais conhecimentos respaldam as ações dos profissionais assistentes sociais na direção de um projeto em defesa dos indivíduos em desigualdade social. Seus encargos envolvem o planejamento e a execução de políticas públicas e de programas sociais que proporcionem o bem-estar e a integração do indivíduo na sociedade. FINALIZANDO Nesta aula, apresentamos um panorama teórico sobre psicologia do desenvolvimento, com conceitos e histórico. Também discorremos sobre os conceitos de personalidade, viabilizando uma reflexão aprofundada sobre a personalidade segundo as teorias analíticas e psicanalíticas. Por fim, possibilitamos uma reflexão sobre a personalidade segundo Piaget. 9 REFERÊNCIAS D’ANDREA, F. F. Desenvolvimento da personalidade : enfoque psicodinâmico. 15. ed. Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 2001. FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade . São Paulo: Habra, 1986. MOTA, M. E. da. Psicologia do desenvolvimento: uma perspectiva histórica. Temas psicol ., Ribeirão Preto, v. 13, n. 2, p. 105-111, dez. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X2005000200003&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 20 jul. 2018. PILETTI, N.; ROSSATO, S. M.; ROSSATO, G. Psicologia do desenvolvimento . São Paulo: Contexto, 2014. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO AULA 2 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL A presente aula tratará da Psicologia Social e de suas implicações para a profissão de assistente social. Iniciaremos pelos conceitos e origem da Psicologia Social, depois a contextualizaremos no Brasil. Depois, vamos abordar os seguintes tópicos: indivíduo, cultura e sociedade, para, na sequência, tratarmos de consciência e alienação. Concluindo nossa aula, apresentamos o panorama da área e suas implicações para o desenvolvimento do assistente social no Brasil. TEMA 1 – CONCEITOS E ORIGEM DA PSICOLOGIA SOCIAL A psicologia social iniciou seu desenvolvimento como estudo científico e sistemático após a Primeira Guerra Mundial, em busca de compreender as crises que afetavam o mundo naquele momento. A teoria de Vygotsky fundamentou-se no desenvolvimento do indivíduo, decorrente de um processo sócio-histórico, com destaque para o papel da linguagem e da aprendizagem contínua e crescente, o que fez com que essa teoria fosse reconhecida como histórico- social. Sua temática central gira em torno da ideia de que o indivíduo adquire conhecimentos em sua inter-relação com o meio em que está inserido. Entende-se psicologia social como a ciência que estuda as relações humanas por um viés individual, mas abrangendo uma perspectiva ampla, social. Assim, a abordagem da psicologia social estuda o comportamento de indivíduos considerando a influência do meio. Vejamos alguns conceitos importantes: Comportamento x relação social : de acordo com Lane (1994), as leis gerais da psicologia determinam que um comportamento reforçado será aprendido, mas que é na relação social que se revelaráo que é reforçador ou punitivo. Para ela, o sorriso ou o desdém, o dinheiro ou o doce, podem ou não ser significativos para a aprendizagem, tudo dependerá do valor atribuído em dada sociedade a esses comportamentos. Da mesma forma, o que “deve ser apreendido” é determinado socialmente. (Lane, 1994) Psicologia Social x teoria da personalidade : diferentemente da Psicologia da Personalidade, que estuda traços individuais, características e pensamentos, a Psicologia Social estuda situações cotidianas. Seu interesse reside no impacto que o ambiente social apresenta sobre as ações e comportamentos do sujeito. 3 TEMA 2 – PSICOLOGIA SOCIAL EM CONTEXTO Os estudos sobre psicologia social tiveram início no século XIX, entre 1830 e 1834. O filósofo francês Augusto Comte é considerado pai dessa ciência. Para Comte, a psicologia social seria subproduto da sociologia e da moral, e nortearia, assim, o comportamento do indivíduo socialmente. De acordo com Lane, “um desafio era formulado aos cientistas sociais: como é possível preservar os valores de liberdade e os direitos humanos em condições de crescente tensão social e de arregimentação? Poderá a ciência dar uma resposta?" (Lane, 1994, p. 75). Na América Latina, entre as décadas de 1950 e 1960 na América Latina, a Psicologia Social seguiu reproduzindo os conhecimentos desenvolvidos nos Estados Unidos. Lane (1994, p. 78) afirma que os pesquisadores latino- americanos seguem: “aplicando-se os conceitos e adaptando-se técnicas de estudo e de intervenção às condições próprias de cada país, enquanto as pesquisas ditas ‘puras’ continuavam à procura de ‘leis universais’, que devem reger o comportamento social de indivíduos”. No Brasil não foi diferente. A Psicologia segue sendo influenciada pelo modelo norte-americano, local para onde professores e pesquisadores iam adquirir conhecimentos e de onde vinham docentes, para ministrar cursos em universidade brasileiras, como foi o caso do professor Otto Klineberg, sendo o responsável por introduzir a psicologia social na Universidade de São Paulo, ainda na década de 1950, segundo nos informa Lane (1994). Cabe ainda ressaltar que a psicologia social se faz necessária não apenas como área que desenvolve conhecimentos a respeito dos indivíduos e suas interações, mas também como agente determinante na própria sociedade, revelando-se em uma atuação que auxilia os indivíduos, diminuindo os conflitos relacionados a desigualdades e também as próprias desigualdades sociais. TEMA 3 – TORNANDO-SE HUMANO: INDIVÍDUO, CULTURA E SOCIEDADE Sobre a questão do “tornar-se humano”, Newton Duarte, docente do departamento de Psicologia da UNESP, propôs em 2004 uma análise, na perspectiva marxista, das diferenças entre a atividade humana e a atividade animal. A ideia é questionar: 4 O que é próprio ao mundo construído historicamente pelos seres humanos. Indagar-se sobre o que diferencia o gênero humano das espécies animais é indagar-se sobre o processo histórico de construção da cultura, pois é por meio dessa construção que o gênero humano vai humanizando o seu mundo e humanizando a si próprio. (Markus, 1978, citado por Duarte 2004, p. 46) O que está aí implícito é a dialética entre o que é necessário e a liberdade, seja em sociedade, seja na dimensão individual. Duarte (2004, p. 47) critica as visões romantizadas de natureza, pois nela não há liberdade de fato. Para ele, há apenas necessidades que são nomeadas como “processos causais, espontâneos, imanentes, dos quais está ausente a ação movida por objetivos conscientes”. O indivíduo, nessa perspectiva, é um ser imbuído de necessidades, desde o nascimento, pois já estreia no mundo necessitando de outras pessoas para sobreviver, o que já o torna participante de um grupo – no caso, uma díade, com ao menos dois indivíduos. E toda a sua vida será permeada por “participações em grupos, necessários para a sua sobrevivência, além de outros, circunstanciais ou esporádicos, como os de lazer ou aqueles que se formam em função de um objetivo imediato”, ressalta Silvia Lane (Lane,1994, p. 12). Outro conceito essencial é o de cultura. Lane (1994) observou, em suas pesquisas, o desenvolvimento o humano em prisma histórico. Podemos compreender sua visão por meio do seguinte exemplo: Existem relatos de crianças que foram criadas por animais, como lobos, macacos etc., adquirindo comportamentos da espécie que as criou, necessários para a sua sobrevivência. Quando trazidas para o convívio humano, as suas adaptações, quando ocorreram, foram extremamente difíceis e sofridas. (Lane, 1994, p. 12) Figura 1 – Homem e lobos Crédito: Thyago Macson Maria. 5 Afirmamos, assim, que o contexto histórico e a relação entre o modelo de cuidador e a criança vem a padronizar um padrão de comportamento a ser desenvolvido pelo indivíduo, dependendo do que ele considerar correto. É ainda pertinente considerar a noção de sociedade. Nesse contexto, de caráter intervencionista, trata-se da padronização de normas e leis institucionalizadas que estabelecem o comportamento a ser seguido socialmente, garantindo assim a sustentação de determinados grupos sociais. Cabe aqui esclarecer que essas normas estabelecem os papeis desempenhados em sociedade, como os de pai e mãe – neste caso, que a possibilidade de exercer tais papeis só será viável se há filhos. Outro exemplo é o papel de líder ou chefe, que só existira se há liderados. Numa análise mais detalhada, percebemos a dicotomia liberdade versus necessidade, na sua forma real, nas situações do cotidiano, quando certas ações são determinadas ou normatizadas e outras são caracteristicamente mais livres. De acordo com Lorena (2014, p. 22), o homem é naturalmente um ser social. Pode-se corroborar tal declaração a partir das seguintes afirmações: Ao pertencer a uma sociedade, o indivíduo torna-se produto de um sistema complexo de interações que, de um modo ou de outro, ocorrem com toda a humanidade, e caracteristicamente com a sociedade da qual cada um faz parte. Enquanto se relaciona com outros, no processo que chamamos de socialização, o indivíduo adquire hábitos e costumes que são aos poucos agregados à sua personalidade individual, e o tornam mais identificado com uma personalidade social. Os contornos dessa personalidade social ficam menos definidos conforme aumentam as interações. As possibilidades de interação são praticamente infinitas durante a vida, abrindo margem para que cada indivíduo contribua para a formação de numerosas estruturas sociais no decorrer de sua existência. TEMA 4 – CONSCIÊNCIA E ALIENAÇÃO Quem é você? Vamos pensar juntos! Quando essa pergunta é lançada, quais respostas vêm rapidamente à sua mente? Consegue diferenciar sua identidade social da sua identidade pessoal? 6 Segundo Silvia Lane (1994), os papéis são naturais e necessários, sendo a identidade uma consequência de opções livres que fazemos no nosso conviver social. Essas condições sociais produzem o material que acaba por definir os papéis de nossa identidade social. Nesse sentido, importa entender o que é consciência. Segundo Lane (1994), existem duas formas de compreendermos como nossos papeis se desenvolvem e se reproduzem sem provocar mudanças no meio em que estamos inseridos. A primeira pela via ideológica , quando há um “eu valorizado”, e esse eu se torna modelo, que por sua vez é valorizado dentro de um certo contexto. A segunda encontra-se no campo das relações de dominação para a reprodução de condições materiais consideradas necessárias para a vida. Nesse contexto, as classes dominantes se sustentam através da exploração da força de trabalho. Entende-se assim que a consciência de si poderá alterar a identidade social a medida que, dentro dos grupos que nos definem, questionamosnossos papéis quanto à sua determinação e funções históricas, reconhecendo que haverá relações de poder nas diversas interrelações, conduzindo a mudanças também dentro desse contexto. Outro termo essencial é alienação . Nós não somos apenas pensadores que falam e escrevem: somos também fazedores, construindo coisas, como instrumentos que resultam em materiais bélicos, ou direcionados para sustento, combate e beleza. Pensar é idealizar o objeto a ser criado ou o alvo a ser conquistado, desenvolvendo ações que conduzam à realização do objetivo final. Somos sempre transformados no decorrer desse pensar/fazer. É na distinção entre a palavra (pensada) e o objeto (ordem dada) que podemos perceber que a dominação é uma arma, feita de linguagem. A palavra se torna inquestionável quando alguém considerado "autoridade" social atribui um significado único que determina uma ação autômata do indivíduo. Um exemplo trazido por Lane (1994) é o comando militar, contexto dentro do qual uma ordem dada é lei para os soldados subordinados. Outro é o de violência psicológica, quando há lavagem cerebral, e a vítima passa a eliminar significados conhecidos por significados outros, o que, quando alcançado, impede que o cativo se comunique com pessoas que poderiam auxiliá-lo, mantendo ainda a lucidez e os significados originais na maneira de pensar. 7 TEMA 5 – PSICOLOGIA SOCIAL E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ASSISTENTE SOCIAL O objetivo desta aula é pensar sobre as interfaces entre a Psicologia e o Serviço Social nos âmbitos teórico e profissional. Segundo Lorena (2014), “os psicólogos sociais se interessam em saber como as pessoas influenciam umas às outras no contexto da sociedade”. Busca-se, assim, entender suas atitudes, como o preconceito se estabelece e como as pessoas se comportam no individual e no coletivo. A pesquisadora Karen Eidelwein (2007, p. 3) aponta: ao considerar como objeto de estudo da psicologia social a natureza social do fenômeno psíquico, isto é, a construção do mundo interno a partir das relações sociais vividas pelo homem, surge a necessidade de se aproximar de outras áreas do conhecimento, uma vez que historicamente a Psicologia se ocupou em estudar o indivíduo descontextualizado de suas relações sociais, culturais, econômicas e políticas. Busca-se, dessa forma, contribuir para a produção de conhecimento dentro do Serviço Social, uma vez que o Assistente Social interfere diretamente em situações cotidianas dos indivíduos. Procura-se assim extrair recursos em outras áreas do conhecimento científico para pautar seu campo teórico e prático, considerando que a Psicologia, através das disciplinas ministradas nos cursos de graduação em Serviço Social, muitas vezes fundamenta-se em concepções de indivíduo e sociedade. De acordo com Santos e Silva (2015), no Brasil o surgimento do Serviço Social se institucionalizou entre as décadas de 1930 e 1940, podendo ser percebido como um acontecimento isolado ou natural. Além disso, deve ser considerado o resultado de dois processos que, correlacionados, geraram as condições sócio-históricas indispensáveis para que a profissão do Assistente Social se constituísse e traçasse seu percurso histórico. O primeiro processo, o redimensionamento do Estado, vem em decorrência da fase monopólica do capital. Assim, de acordo com os autores, a práxis profissional percorre algumas dimensões, por exemplo “ao dirigir sua ação com uma finalidade específica, requer do assistente social um entendimento de sua dimensão política e interventiva” (Santos; Silva, 2015). 8 Eidelwein (2007) ressalta que, historicamente, o Serviço Social vinculou- se a práticas religiosas da Igreja Católica, com um viés assistencialista para com os desamparados, dentro de uma perspectiva voluntarista e filantrópica. Mais tarde, ganha visibilidade com o advento das relações entre capital e trabalho, durante o movimento Taylorista-fordista de produção (Eidelwein, 2007, p. 9). Destarte, se entendermos o mecanismo de construção do pensamento humano nas relações psicossociais do trabalho, poderemos, através da junção de conhecimentos das áreas em estudo, motivar nesses profissionais um comportamento que opera mudanças significativas na estrutura social. NA PRÁTICA Nesta aula, evidenciamos que a prática profissional do assistente social encontra, no campo das políticas públicas sociais, um vasto espaço para sua aplicação. Trata-se de área abrangente, pelos diversos programas de políticas sociais oferecidos pelo Estado e pelas possibilidades que cada projeto social tem para a ampliação do acesso aos direitos sociais. FINALIZANDO Através da articulação entre os saberes aqui expostos, discorremos sobre a constituição de indivíduo, cultura e sociedade; voltando o foco para tratarmos sobre consciência e alienação. Concluímos nossa aula apresentando o panorama da Psicologia Social e suas implicações para a atuação do profissional de Assistência Social. 9 REFERÊNCIAS DUARTE, N. Formação do indivíduo, consciência e alienação: o ser humano na psicologia de A. N. Leontiev. Cad. CEDES, v. 24, n. 62, p.44-63, 2004. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32622004000100004>. Acesso em: 30 jul. 2018. EIDELWEIN, K. Psicologia social e serviço social: uma relação interdisciplinar na direção da produção de conhecimento. Revista Textos & Contextos , Porto Alegre, v. 6, n. 2, p. 298-313, 2007. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/viewFile/2320/324> . Acesso em: 30 jul. 2018. LANE, S. T. M. O que é psicologia social . São Paulo: Brasiliense, 1994. LORENA, A. B. de. Psicologia geral e social . São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. SANTOS, D. J.; SILVA, D. T. Fundamentos Históricos do Serviço Social Brasileiro e o Projeto Ético-Político Profissional: uma história em construção na UNIGRANRIO. Moitará , v. 1, n. 1, p. 1-27. Disponível em: <http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/mrss/article/view/3021>. Acesso em: 30 jul. 2018. PSICOLOGIA E DESENVOLVIMENTO HUMANO AULA 3 Prof. Ademir Bueno 2 CONVERSA INICIAL Esta aula pretende apresentar o conceito de processo grupal, para depois discorrermos sobre ele na perspectiva histórica e dialética dos grupos. Na sequência, vamos abordar a forma como se compreende a formação dos grupos e qual a sua função na sociedade. Vamos também apresentar a classificação e formação dos subgrupos, e concluir a nossa aula trazendo o entendimento do processo grupal de comunicação e seus conflitos para a atuação do assistente social. TEMA 1 – PSICOLOGIA DE GRUPO: CONCEITO De uma forma geral, os autores da área descrevem o processo grupal como um acontecimento social, sendo a reunião de duas ou mais pessoas com determinados objetivos comuns entre elas. Segundo Antônio Carlos (2013), o cotidiano do indivíduo é norteado pela sua participação direta ou indireta em grupos. É uma experiência que todo indivíduo vivenciou em algum momento, podendo ser mais intensa para alguns do que para outros. Segundo Lorena (2013, p. 46), a inserção do indivíduo no grupo acontece desde o seu nascimento, de forma natural. A autora afirma: Quando nasce, o homem é naturalmente inserido na cultura e ao longo da vida deverá interagir e associar-se à inúmeros grupos sociais. De modo geral, o primeiro grupo de que fazemos parte é a família, que tem o papel, entre outros, de nos transmitir a língua, os valores e a cultura da sociedade, a qual pertencemos. A inserção do indivíduo no grupo se realiza de forma consciente ou inconsciente, pois algumas participações em grupos frequentemente são habituais e automáticas, feitas como rotina, sem que o sujeito se dê conta. Afinal, muitas vezes o indivíduo pode ser conduzidopelo grupo. TEMA 2 – A PERSPECTIVA HISTÓRICA E DIALÉTICA DOS GRUPOS Silvia Lane (citada por Ferreira, 2007) constatou, em seus estudos e observações do indivíduo em sociedade, duas amplas posições sobre a função do grupo. A primeira posição , mais habitual, traz a ideia de que a função do grupo seria exclusivamente a de determinar papéis, o que implica garantir a 3 produtividade dos indivíduos em grupos, buscando a manutenção e a harmonia das relações sociais. Já a segunda posição enfatiza o caráter de mediação do grupo, que afeta a relação entre os indivíduos e a sociedade. De acordo com Martins (2007), prevalece a preocupação com o processo pelo qual o grupo se produz, considerando as determinações sociais presentes nas relações grupais. Sílvia Lane (1984, p. 81-82, citada por Martins, 2007): todo e qualquer grupo exerce uma função histórica de manter ou transformar as relações sociais desenvolvidas em decorrência das relações de produção e, sob este aspecto, o grupo, tanto na sua forma de organização como nas suas ações, reproduz ideologia, que, sem um enfoque histórico, não é captada. Neste sentido, segundo Lane, é insuficiente afirmar que um grupo se resume apenas na reunião de pessoas que compartilham normas e objetivos comuns. Afinal, o grupo é compreendido como a partir de relações e vínculos entre pessoas com necessidades individuais e/ou interesses coletivos, que se expressam no cotidiano da prática social. Segundo Antônio Carlos (2013), historicamente o vocábulo grupo surgiu no século XVII, e referia-se ao ato de retratar artisticamente um conjunto de pessoas. A partir do século XVIII, o termo passa a significar uma reunião de pessoas. Cabe salientar que tanto a psicologia quanto a sociologia têm profundo interesse no estudo da formação de pequenos grupos sociais, porque se pensa o grupo como mediador entre o indivíduo e a sociedade. Para a psicologia, a sistematização dos estudos de grupos sociais tem o interesse de compreender a sua dinâmica. Estudos importantes foram desenvolvidos nas décadas de 1930 e 1940, com Jacob Levy Moreno (1889- 1974), psiquiatra americano que ficou conhecido pela criação do Psicodrama, e Kurt Lewin (1890-1947), psicólogo alemão que estudou a dinâmica dos grupos. De acordo com Minicucci (2015), Moreno inicia seu trabalho com o teatro da espontaneidade, que vai levar ao psicodrama. Em sua definição, o psicodrama é a ciência que explora a verdade por métodos dramáticos, por meio de papéis desempenhados socialmente. Cria-se, na sequência, a sociometria, ferramenta que relata o feixe de interações e de comunicações de todas as pessoas com as quais o indivíduo se relaciona. Por meio desses estudos, o 4 estudioso descobriu fatores que geram afastamento ou aproximação dos grupos sociais formados na comunidade como um todo. Já Lewin inaugura o termo dinâmica de grupo pela primeira vez em 1944. Conforme Antônio Carlos (2013, citado por Barros, 1994): não podemos esquecer que a preocupação com grupos, tanto de Moreno, quanto de Lewin, aparece em seguida às inovações Taylorista e Fordista, que levam a elevação dos lucros, mas também à deterioração das relações, tanto dos operários entre si, quanto em relação a chefias e patrões. Neste contexto, a instituição utiliza-se do controle que exerce sobre o indivíduo como ferramenta para descaracterizar a formação do grupo, privilegiando apenas o treinamento, em busca da produtividade, aplicando técnicas grupais que desenvolvem somente a cooperação dos participantes, para que não ocorra a coesão grupal. TEMA 3 – FORMAÇÃO DE GRUPOS E SUA FUNÇÃO SOCIAL Para compreendermos o ser humano, é necessário encontrar seus objetos de identificação – alguma coisa ou pessoa, tendo em vista que, quando o indivíduo se identifica com outro, criando vínculo, ocorre o que é chamado de associação. É pelo estabelecimento de muitas associações humanas que os verdadeiros grupos sociais passam a existir. De acordo com Lorena (2014), não há interação social sem a formação de algum tipo de grupo, e não há grupo social se não houver interação entre indivíduos. Assim, podemos definir que um grupo social é o espaço onde as pessoas são vistas como um todo, como um agrupamento de pessoas, com tradições, valores e normas morais comuns. A autora ainda discorre que o fato de uma pessoa deixar de frequentar um grupo não fará com que a formação do grupo seja abolida, devido a essa vivência ter caráter coletivo. O “nós”, no grupo, é uma prioridade; há uma consciência coletiva, e assim os valores, os princípios e os objetivos são comuns entre os participantes. O nascimento do sujeito é o evento que inaugura sua existência como participante de grupos sociais. Segundo Lorena, ao nascer, o indivíduo é naturalmente inserido na cultura. Ao longo de toda sua vida, deverá interagir e se associar com inúmeros grupos sociais. Universalmente, o primeiro grupo de 5 que fazemos parte é a família, cujo papel principal é nos transmitir a língua, os valores e a cultura da sociedade a qual pertencemos. Lorena (2014, p. 47), discorre que, à medida que vai se desenvolvendo, o sujeito passa a frequentar outros grupos, transformando-se cada vez mais em um ser social. O processo que o tornara um indivíduo único e integrado na sociedade ocorrerá a partir de grupos como família e a classe social, por exemplo. Ao longo da vida, que quando passar a ter preferências e, de fato entender seus valores, o sujeito talvez se insira em clubes, grupos de amigos, a turma do bairro e assim por diante. Portanto, a humanidade consiste de infinitas personalidades individuais, e ao mesmo tempo apresenta uma diversidade ilimitada de grupos diferentes. As relações são infinitas e fluidas. Assim, o sentimento de “pertencimento” ao grupo é a principal característica integradora dos grupos sociais, sendo de extrema importância, mesmo que essa experiência seja mais difícil de ser vivenciada para o sujeito de hoje. Segundo Antônio Carlos (2013), o grupo também é um lugar onde as pessoas revelam suas diferenças. Nele, as relações de poder se fazem presentes, perpassando as decisões do cotidiano. Nesse contexto, o conflito é essencial para o processo e para as relações de caráter grupal. TEMA 4 – CLASSIFICAÇÃO E FORMAÇÃO DOS SUBGRUPOS De acordo com Lorena (2013), cada grupo social apresenta determinadas características que lhes são peculiares. As condutas dos integrantes dos grupos são parecidas; eles possuem objetivos e se submetem a normas, símbolos e valores que os tornam parte do grupo, apesar da sua subjetividade. Cabe aqui citar alguns exemplos de grupos: família, escola, faculdade e empresa. A autora ressalta que é possível distinguir quais grupos exercem influência direta no desenvolvimento comportamental e na personalidade do indivíduo. Vejamos a classificação e como cada grupo interfere na função social e na forma como o indivíduo interage em sociedade: Grupo pessoal – é um conjunto de pessoas com as quais o indivíduo se sente bem e fica à vontade. De acordo com Lorena (2014), as identificações com outros integrantes podem se dar com base em uniformes, carteiras de associado e distintivos. Os encontros intragrupos acabam por gerar conflitos e desconfortos. 6 Grupo externo – são os grupos aos quais não pertencemos. São outras famílias, religiões, clubes, partidos ou países. Um ponto importante na análise dos grupos pessoais e dos grupos externos é o conceito de distância social. Ele é o termômetro que mensura o sentimento de aceitação do sujeito no grupo em relação aos membros do outro grupo. Por exemplo, pense em um índio xavante caminhando na grande metrópole. Ele pode estar próximo geograficamente de muitos homens brancos; no entanto, a distância social muitas vezes é enorme. Grupos primários – predominam os contatosprimários, mais pessoais, diretos, como a família, os vizinhos etc. Caracteriza-se pelas motivações afetivas. Não há dúvida de que o modo como os pais tratam os filhos afeta seus comportamentos em outros grupos. Grupos secundários – são mais complexos, como as igrejas e o Estado. É caracterizado por contatos sociais impessoais, limitados e não permanentes. Os indivíduos atingem a realização de forma pessoal e direta, porém sem intimidade, o que pode se dar de maneira indireta, como por meio de cartas, telegramas, telefonemas, entre outras formas. A conduta predominante é a formalidade. Assim, para todo profissional, a compreensão sobre o indivíduo e o modelo de grupo ao qual está inserido torna-se também um exercício para o profissional da assistência social, o que requer um aprendizado, de forma mais rica, das determinações possíveis da realidade. Diante disso, serão pensadas as estratégias de intervenção de trabalho no contexto grupal. TEMA 5 – O PROCESSO GRUPAL, A COMUNICAÇÃO E SEUS CONFLITOS Há diversos aspectos a serem pensados sobre a comunicação dentro do contexto social. Na dinâmica das relações humanas, a comunicação representa uma importante ferramenta no processo de formação dos grupos sociais. De acordo com Silvia Lane (2007), sua função é imprescindível na estruturação grupal, pois é pela comunicação que os indivíduos desenvolvem relações sociais efetivas, o que cria uma cooperação entre os sujeitos, para que não surjam relações de dominação. Para a autora, é importante pensar na linguagem ou no quesito comunicação enquanto elo fundamental entre o indivíduo e a sociedade, tendo 7 em vista que, ao mesmo tempo em que ela é um produto social, a comunicação é também o elemento determinante para a ação do sujeito em sociedade. Martins (2007, p. 79), sobre a questão da comunicação em grupo, afirma: Isoladamente, a pessoa identifica o seu problema como exclusivo, como necessidade individual. No entanto, ao se reunirem, os indivíduos percebem que os problemas, muitas vezes semelhantes, são decorrentes das próprias condições sociais de vida e que a organização coletiva. Dessa forma, diferentemente da ação individual isolada, a comunicação em grupo pode propiciar a resolução de problemas ou a satisfação de necessidades comuns. Nesse sentido, cabe a cada grupo criar seu próprio processo, respeitando as condições reais de vida e as características peculiares dos indivíduos envolvidos em cada contexto. NA PRÁTICA Espera-se, com esse conteúdo, trazer um entendimento que dará sustentação para a escolha de técnicas adequadas para a intervenção grupal. Essa intervenção traz perspectivas para a transformação da atuação do assistente social, dirimindo as dificuldades de compreensão da formação dos grupos sociais, bem como do processo grupal, sua forma de comunicação e os conflitos característicos. FINALIZANDO Na presente aula, apresentamos conceitos de processo grupal, e depois falamos sobre o processo grupal e a perspectiva histórica e dialética dos grupos. Na sequência, tratamos da formação dos grupos e qual sua função na sociedade. Por fim, apresentamos a classificação e a formação dos subgrupos. Concluímos nossa aula trazendo o entendimento do processo grupal, tratando da comunicação e seus conflitos. 8 REFERÊNCIAS MINICUCCI, A. Dinâmica de grupos : teorias e sistemas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. MARTINS, S. T. F. Psicologia social e processo grupal: a coerência entre fazer, pensar sentir em Sílvia Lane. Psicol. Soc ., Porto Alegre, v. 19, n. 2, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 71822007000500022&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 jul. 2018. PSICOLOGIA E DESENVOLVIMENTO HUMANO AULA 4 Prof. Ademir Bueno 2 ESTUDO DOS FENÔMENOS DE INTERAÇÃO CONVERSA INICIAL Esta aula pretende apresentar o conceito de fenômeno de interação e discorrer sobre a questão do indivíduo e sua interação social. Iniciaremos expondo o conceito de Fenômenos de Interação, seguido da dualidade indivíduo x interação social, trazendo a compreensão da interação e a identidade social do indivíduo, a partir da cultura e integração social apresentada. Entendendo o indivíduo e sua adaptação na sociedade. TEMA 1 – FENÔMENO DE INTERAÇÃO SOCIAL – CONCEITO No capitulo Interação Social e vida cotidiana, Anthony Giddens (2005), conceitua Interação Social como sendo “o processo pelo qual agimos e reagimos em relação àqueles que estão ao nosso redor”. Desta forma, o homem é, por natureza, um ser social. De acordo com Lorena (2013), o indivíduo é produto de um sistema complexo de interações que, de uma forma ou de outra, se sinta pertencendo a uma sociedade, e inserido nesse contexto se relaciona com outros indivíduos, assimilando ali, seus hábitos e costumes que acabam por contribuir para o desenvolvimento da sua personalidade individual, sendo reconhecido mais tarde como sua personalidade social. No entanto, as características dessa personalidade social se tornam menos marcantes a medida que seus relacionamentos interpessoais e interações com o meio vão se ampliando e intensificando. Crédito: Rawpixel.com / Shutterstock 3 TEMA 2 – O INDIVÍDUO X INTERAÇÃO SOCIAL De acordo com Fabio Aranha (1993), as questões das relações sociais interpessoais despertaram o interesse dos estudiosos do comportamento nos primórdios do século XIX, iniciando uma época de questionamento e reflexão sobre os efeitos dos grupos sociais no comportamento humano. Entre 1830 e 1930, verificou-se uma abastada produção de ideias, que, segundo Fabio Aranha (1993), os pontos comuns eram a pressuposição de que as experiências de grupo se encontram entre os mais importantes determinantes da natureza humana, e, a de que os fenômenos sociais são passíveis de investigação científica. O autor afirma que nessa época passou-se a compreender que a experiência social - não somente com adultos, mas também com semelhantes - é de importância central para a ontogênese em muitas espécies (Fabio Aranha apud Hartup, 1983, p. 104). Cabe ressaltar que caso você esteja em um shopping lotado e/ou em um ônibus abarrotado de outras pessoas, esse contato não provocará nenhuma influência entre você e qualquer indivíduo que estiver ao seu lado. Pois, segundo Lorena (2013), para que uma interação social exerça alguma interferência, deverá ocorrer mais que um contato involuntário, necessita haver um diálogo entre os indivíduos. Lorena (2013) afirma que de uma forma mais eficaz, as interações formam o alicerce de toda organização e estrutura social, consistindo em duas, as formas como isso pode ocorrer, sendo elas: • Física – como a proximidade de dois ou mais indivíduos • Meios de comunicação – neste caso sofre influência da televisão, rádio e livros etc.; no presente contexto, tanto quem produz a informação quanto quem recebe sofre influências. • A despeito da internet, a autora diz que esse veículo é diferente, pois consente que mais indivíduos sofram influência momentaneamente. Lorena (2013) ainda diz que as redes sociais e os e-mails compõem novas maneiras de interação. Elas geram fenômenos significativos a ponto de causar alteração no cotidiano dos indivíduos. Giddens chama esse fenômeno de globalização, que culminou por alterar a natureza dos contatos, proporcionando que ocorra uma gama cada vez maior de interações, envolvendo pessoas direta ou indiretamente. 4 Assim, segundo Lorena (2013): O mundo social de cada indivíduo é filtrado de acordo com a posição social e com as peculiaridades de outros. A presença do outro torna-se fundamental para introdução da língua, da cultura, das normas sociais pela criança [...]. A linguagem amplia as possibilidades de comunicação e enriquece as relaçõessociais e a capacidade de controle entre os seres humanos e deles sobre a natureza (Lorena, 2013, p. 23). Desta forma, é por meio da linguagem que o indivíduo recebe a sociedade, a identidade e a realidade, uma vez que estas estão intimamente relacionadas. TEMA 3 – INTERAÇÃO E IDENTIDADE SOCIAL Sobre interação e identidade Nizet & Rigaux (2014), buscam trazer a compreensão do eu (self) por meio da visão do sociólogo Erving Goffman, partindo da metáfora teatral, seguida pela metáfora das regras e dos ritos. Esses diferentes aportes podem ser sistematizados, afirmando-se que o “eu” é fruto de um processo social, no qual três componentes podem ser identificados. São eles: • O Jogo (na forma lúdica com suas interpretações) – a produção ou desenvolvimento do eu ocorre por meio do envolvimento dos indivíduos na interação. Sendo produzido por ações verbais e não verbais, realizado pelo sujeito e pela interpretação que ele faz do outro. • A sacralidade da face – para Goffman, ao constituir uma ordem social, as regras da interação ocupam a função de construir uma identidade individual sagrada. E é sacralizando (sacrificando) a face individual que a ordem social é respeitada, de acordo com esse autor, sem a ordem social, o indivíduo ficaria sem valor, e até, sem existência. • Os fundamentos cerimoniais do eu – de acordo com Goffman, somente indivíduos com recursos materiais e simbólicos (controle da informação pessoal etc.), são permitidos passar por esse processo. Aqui, o contexto do indivíduo é de extrema importância, pois isso resulta na limitação ou facilitação do acesso aos meios indispensáveis à produção de um eu humano. Desta forma, para o autor, esses três elementos sociais, pelo qual o eu é constituído, dando a 5 ideia de que a identidade não pode resultar unicamente dos atores [...], mas sim, que ela requer uma ordem social estruturada por regras – essencialmente, a da sacralidade da face (a face que representará aos outros) (Nizet & Rigaux, 2014). Falar sobre identidade social e sua interação com o meio, pelo olhar do sociólogo Erving Goffman, traz a luz uma observação do cotidiano dos indivíduos sob uma perspectiva psicodramatista, onde o indivíduo é visto como alguém que representa um papel social nos grupos ao qual encontra-se inserido, se adequando as regras estabelecidas e de algum modo sendo moldado por elas. Para Lorena (2013), todos nós em algum momento ou de alguma forma, nos identificamos com algum grupo social. Seja com o estilo de vida, o jeito de se vestir, lugares que frequentamos, entre outros, são determinantes para dar a identidade suas características. Assim, o que nominamos identidade social, é esse saber responder quem somos. Por fim a autora ressalta que – “a afirmação da identidade social acontece na comparação com os outros membros da sociedade” e que: Na verdade, a identidade social está sempre associada à identificação com um grupo particular e à diferenciação em relação a outros grupos. Esse processo fica evidente quando o adolescente assume determinado estilo de vestimenta, corte de cabelo [...] (Lorena, 2013, p. 23). Percebe-se com isso que este é um período importante pela busca da afirmação da identidade social, onde se procura por outros iguais com as mesma características e interesses. TEMA 4 – CULTURA E INTEGRAÇÃO SOCIAL De acordo com Giddens (2005), quando pensamos na palavra cultura, sempre nos remetemos a coisas mais altivas da mente – a arte, a literatura, a música e a pintura. Para o sociólogo, a cultura se refere às formas de vida dos indivíduos de uma sociedade ou de um grupo dentro da sociedade em seu cotidiano e isso inclui como “eles se vestem, seus costumes matrimoniais e vida familiar, seus padrões de trabalho, cerimonias religiosas e ocupações de lazer” (Giddens, 2005, pag. 38) Segundo o autor, há uma diferenciação conceitual que varia de uma sociedade para outra, mas as percepções sobre o que as conectam são muito 6 próximas e que uma sociedade é um sistema de interações e interrelações que atrelam os indivíduos uns com os outros. Outra afirmação de Giddens é que os aspectos culturais de uma sociedade é algo aprendido, muito mais do que simplesmente uma herança familiar. Assim, a cultura se torna o processo pelo qual as crianças e outros membros da sociedade aprendem a viver em grupo, sendo esse processo chamado de socialização . Desta forma, a socialização é o principal canal para a transmissão da cultura e integração do indivíduo na sociedade através do tempo e das gerações. Para Lorena (2013), a forma como pensamos, agimos e nos comunicamos são contornos que a cultura encontra para nos transmitir a razão do comportamento humano, suas crenças e ideias. Cabe lembrar que todas as sociedades modernas possuem subculturas – cada uma com seus valores, comportamentos e vocabulários que os diferenciam da cultura predominante. De acordo com ela, o processo de socialização do indivíduo facilita que este desenvolva sua própria personalidade, esta integrada ao seu grupo social, diferenciando-o ao mesmo tempo, dos integrantes dos outros grupos. Lorena traz o seguinte exemplo sobre esta questão: Um indivíduo que nasce no estado de São Paulo apresenta traços sociais relativos aos seguintes grupos sociais: paulista, brasileiro, latino-americano [...]. O modo de falar de alguém que nasceu em Sorocaba, por exemplo, é naturalmente diferente do de alguém que nasceu e mora na capital (Lorena, 2013, pag. 24). Assim, pode-se pensar que um indivíduo de determinado estado dentro de um mesmo país, poderá encontrar dificuldades individuais para se sentir integrado ou parte de um grupo em outro estado, levando em conta as diferenças culturais e comportamentais. TEMA 5 – O INDIVÍDUO E SUA ADAPTAÇÃO NA SOCIEDADE Fábio Aranha (1993), mais recentemente em seus estudos, cita Schaffer (1984), trazendo a luz que esse, ao investigar o processo do desenvolvimento infantil, tece considerações que vêm se somar sobre as questões das adequações do indivíduo ao meio, o mesmo afirma que o desenvolvimento da criança recém-nascida é um esforço conjunto entre a criança e seu cuidador. Consequentemente, à medida que ela vai crescendo, o número e a 7 heterogeneidade de pessoas as quais ela interage, aumentam significativamente. Por conseguinte, as pesquisas “sobre o progresso da criança devem se preocupar tanto com o papel do adulto, quanto com o da criança”. Para o autor o progresso do desenvolvimento da criança não é uma questão de acréscimos quantitativos, mas, sim, de adaptações sequenciais que regularmente ocorrem na vida mental da criança. Fábio Aranha, afirma que as reorganizações na criança determinam mudanças no comportamento do adulto interagente, favorecendo, assim, novas experiências interativas e consequentes novas reorganizações (Fábio Aranha, 1993, p. 24). E que tais transições iniciam pela determinação biológica de cada criança. Assim, cada nível alcançado estipula um conjunto de tarefas desenvolvimentais que devem ser realizadas pela criança e pelo adulto para que ela possa se adequar a essa fase e evoluir para a próxima transição. De acordo com Lorena (2013), o indivíduo passa por diversos processos de adaptações ao longo da vida, o que a autora chama de posições na hierarquia social. Esse processo de socialização e/ou adaptação é nomeado por Lorena, como sendo, posicionamento de status, e este pode ser utilizado para definir algumas características nos grupos. Verificaremos a seguir algumas características dessas posições: • Um indivíduo pode ocupar diversos status durante vida, ele pode ser pai, filho, profissional e cidadão – ao mesmo tempo. Seu status pode mudar de estudante universitário a médico, engenheiro, psicólogo etc. Para Lorena (2013), é importante compreender que as pessoas são o status. Assim, se umapessoa perde o emprego ou deixa de ocupar determinada posição social, perde o prestígio e o poder a ele atrelado. Ela traz o exemplo de dois tipos de status: 1) Os atribuídos pela sociedade, não importando a qualidade ou o esforço da pessoa. 2) Os que são obtidos pelo próprio esforço do indivíduo. As diferenças de grupos de status residem na possibilidade do consumo de bens, que representam estilos de vida específicos. Pode-se observar que o status principal do indivíduo pode variar, podendo na sociedade moderna estar ligado a profissão, mas no passado estava ligado a religião ou a idade. 8 De modo consequente, podemos entender que há inúmeras formas ao qual o indivíduo se adapta à sociedade, sendo, por meio desse processo que o mesmo desenvolve seu jeito de ser na interação com o meio. NA PRÁTICA Ansiamos com esse conteúdo trazer a compreensão necessária sobre a interação e adaptação do indivíduo na sociedade, levando em consideração que o processo de adaptação é algo mutável de permanente transformação; que a interação é um processo social que se dá por meio das relações sociais que mantemos com as outras pessoas e ocorre desde o nascimento do indivíduo até sua morte. Esse conhecimento pode dar sustentação para a escolha de técnicas adequadas para a intervenção na área da saúde individual ou coletiva na prática do fazer-se Assistente Social. FINALIZANDO Iniciamos a presente aula expondo o conceito de fenômenos de interação, seguido da dualidade – indivíduo x interação social, trazendo a compreensão da interação e a identidade social do indivíduo a partir da cultura e integração social apresentada, entendendo o indivíduo e sua adaptação na sociedade. 9 REFERÊNCIAS GIDDENS, A. Sociologia . Tradução de Sandra Regina Netz. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. PSICOLOGIA Geral e Social / Biblioteca Universitária Pearson – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. ARANHA, M. S. F. A interação social e o desenvolvimento humano. Temas psicol ., Ribeirão Preto, v. 1, n. 3, p. 19-28, dez. 1993. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 389X1993000300004&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 25 jun. 2018. PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO AULA 5 Prof. Ademir Moreira Bueno 2 CONVERSA INICIAL Esta aula pretende apresentar o conceito de aspectos psicológicos do desenvolvimento humano, bem como discorrer sobre a influência da hereditariedade e meio para o desenvolvimento humano e suas implicações na prática profissional do Assistente Social. Iniciaremos expondo o conceito de Crescimento e Desenvolvimento, seguido da visão sobre a Hereditariedade e Meio no Desenvolvimento Humano à luz da perspectiva ambientalista; apresentaremos os aspectos psicossociais na infância e adolescência, abordaremos a transição e os impactos da saída da adolescência e entrada na idade adulta – um ciclo da vida humana; por fim, discutiremos sobre o envelhecimento – percepções e vivências, em seu contexto social. Espera-se que a compreensão de cada fase do desenvolvimento humano e os enfrentamentos nas áreas cognitivas e sociais encontrados pelo indivíduo durante cada fase dê ao profissional Assistente Social uma forma de pensar, propor e atuar junto à sociedade. TEMA 1 – CONCEITO DE CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO Alguns teóricos defendem o crescimento como um processo de natureza concreta e mensurável que concebe a formação, havendo o aumento da massa corporal e a renovação dos tecidos, sendo iniciado na infância, a fase de aumento global do organismo. De acordo com Juan Delval (2011), o processo de desenvolvimento é um fenômeno puramente acumulativo durante o qual vão se formando novas condutas e se adquirem novos conhecimentos. Nesse sentido, o desenvolvimento seria um contínuo. Cabe aqui salientar que o desenvolvimento humano é uma evolução de crescimento e mudança a nível físico, comportamental, cognitivo e emocional ao longo da vida, e, em cada ciclo, emergem características próprias. Sabe-se também que cada criança é um indivíduo singular, podendo atingir determinados estágios do desenvolvimento mais cedo ou mais tarde do que outras crianças da mesma idade. 3 TEMA 2 – A HEREDITARIEDADE E O MEIO NO DESENVOLVIMENTO HUMANO Para reflexão acerca do tema, neste tópico iremos discorrer sobre quando grupos de pessoas são considerados à luz da simples observação, nos convence de que as diferenças na constituição física, como cor da pele, altura, peso etc., são biológicas. Mas há também outros traços que devemos nos ater, como os comportamentais, e estes acabam por confrontar o observador. Segundo Pinheiro (1994), fica uma interrogação: as diferenças comportamentais são determinadas cultural ou geneticamente? De acordo com Pinheiro (1994), grande parte dos debates sobre a gênese ou motivações do comportamento humano nos mostra a realidade de uma questão altamente controvérsia – “trata-se da questão inato-adquirido (nature- nurture), também conhecida como nativismo-empirismo, natureza-educação ou hereditariedade-ambiente” (Pinheiro, 1994, p. 53). Para a autora, o axioma da abordagem ambientalista é que o meio é o principal responsável pela constituição das características básicas do homem, em particular de sua habilidade cognitiva. Pinheiro (1994) ressalta que o filósofo John Locke (1632-1704) propôs o método mais extremo de ambientalismo, que, de acordo com ele: A mente do recém-nascido era uma tábula rasa (página, folha ou tela em branco) – a história a ser ali escrita tinha por autor o meio ambiente, isto é, as condições e experiências de vida do indivíduo. Um dos adeptos mais importantes dessa posição foi o psicólogo John B. Watson (1878-1958), fundador do behaviorismo nos Estados Unidos; em seus vários trabalhos insistia numa explicação "cultural" ou "ambiental" do desenvolvimento do comportamento humano, admitindo como premissa básica o fato de que os seres humanos são infinitamente maleáveis, quase totalmente a mercê de seu ambiente (Milhollan; Forisha, 1978, p. 61-65, citado por Pinheiro, 1994, p. 54). Destarte, o Nativismo descreve a herança biológica do indivíduo como sendo transferidas pelos pais. Esta afirmação, da existência de ideias inatas, surgiu com René Descartes (1596-1650), e se constituiu no ponto de partida do longo debate inato-adquirido, prosseguindo com a crença de que o comportamento humano é inato, no sentido de que nós nascemos com determinadas tendências e propensões que não podem ser alteradas por aprendizagem. 4 De acordo com a autora, há dois erros básicos nessa abordagem – o primeiro é que, o que passa por meio das células sexuais não são características físicas ou comportamentais, mas, sim, uma informação genética. Para Pinheiro (1994), os genes geram os alicerces para os traços culturais, porém, esses não forçam o desenvolvimento de nenhuma característica em particular. As individualidades adquiridas não são transmitidas biologicamente. O segundo erro se refere ao signo da palavra inato. Seja qual for a característica que o indivíduo apresenta ao nascer, é, por definição, inato ou congênito, mas não necessariamente hereditário, pois há particularidades provocadas por fatores ambientais. Como exemplo, podemos citar as alterações produzidas no feto em decorrência do abuso de álcool ou drogas pela mãe nos primeiros três meses de gestação. Sobre aspectos comportamentais, o autor também diferencia o comportamento instintivo do comportamento aprendido. Sendo o ato instintivo: Inato, porque o indivíduo é capaz de executá-lo com eficiência desde a primeira vez, mesmo sem ter visto o ato ser executado por outro; ele é também inconsciente, porque não há um ensaio mental prévio ou um planejamento conscienteque oriente a ação para a meta útil. (Pinheiro, 1994, p. 56) Por outro lado, o comportamento aprendido é resultado da interação do indivíduo com o meio, e estas experiências se registram na memória e contribuem para o aperfeiçoamento dos desempenhos futuros. TEMA 3 – ASPECTOS PSICOSSOCIAIS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Sabemos que a criança e o adolescente são seres em processo de formação, que ainda não atingiram a maturidade dos seus órgãos e nem das suas funções cognitivas. Assim, necessitam de tempo adequado e estimulação para concretizar determinadas tarefas. Frota (2007) levanta a questão para nossa reflexão sobre “o que é ser criança”? Segundo a autora, para os desavisados, ou mais ligeiros em responder – ser criança “é viver um mundo de sonhos e fantasias, gostar de comer bolo de chocolate, é o melhor momento da vida”. Mas basta olharmos ao redor para percebermos que esta não é a realidade vivida por todas as crianças e encontraremos outros modelos de vida na infância, como: meninos e meninas na rua, pedindo esmola, se prostituindo, sendo explorados no trabalho, sem tempo para brincar, sofrendo todo tipo de violência. 5 De acordo com a autora, existem concepções distintas de crianças e de adolescentes que diferem com base em perspectivas teóricas diferentes, contribuindo, assim, para formar múltiplos conceitos desses grupos referidos. Assim sendo, faz-se necessário que pensemos a melhor maneira de se construir as diferentes concepções de infância, e de adolescência na sociedade atual. Para Coelho (2014), ao escrever sobre os aspectos cognitivos, atentou para a necessidade de revisar os conceitos existentes e buscar novas explicações que fariam com que o campo da ciência avançasse, na sua visão e compreensão do indivíduo com base nas fases do desenvolvimento. Pensando desta forma, que alguns psicólogos se contrapuseram, na primeira metade do século XX, às teorias psicanalíticas e behavioristas, buscando uma outra possibilidade de compreensão do ser humano, e os resultados que eles concluíram ficaram intitulados como Psicologia Cognitiva. Coelho (2014), fazendo menção a Barros (2008), diz que o desenvolvimento cognitivo é o processo gradual de ampliação das habilidades do indivíduo de adquirir conhecimento e se desenvolver intelectualmente. Como já vimos anteriormente, foi o epistemólogo Jean Piaget um dos estudiosos que contribuíram para que essa teoria observasse as diferentes fases do desenvolvimento humano. Isso porque é de Piaget o entendimento de que não podemos ver as crianças como adultos em miniaturas, já que a sua capacidade de compreensão ainda não alcançou o nível do pensamento adulto. De acordo com Coelho (2014), as crianças não somente pensam, como decidem de forma diferente do adulto, e que entre elas mesmas pensam distintamente, se comparadas umas com as outras em diferentes fases do crescimento. Um outro teórico referenciado por Coelho (2014) é o psicólogo norte-americano Jerome Bruner. Este avançou um pouco mais em seus estudos cognitivos sobre crianças em desenvolvimento. Nesta linha de pensamento, a criança tem a tendência de representar o mundo ao qual ela está interagindo, por meio de três níveis de representação cognitiva – sendo classificada por Bruner das seguintes formas: Representação enativa – quando a criança tem um entendimento melhor do mundo com base em mecanismos que se traduzem em ação. Por exemplo, se perguntarmos para que serve uma bola, ela responderá 6 chutando-a. Desta forma, aprende melhor representando os personagens que deseja em determinado momento. Representação icônica – aqui, a criança consegue formar imagens dos objetos sem interação direta com eles. Com base no desenho de uma imagem, ela consegue entender seu significado. Representação simbólica – a criança consegue estabelecer uma representação abstrata para retratar a realidade por meio do domínio da linguagem e utilização dos signos linguísticos para construir sua representação. Philippe Ariès (1978), citado por Frota (2007), afirma que: A infância foi uma invenção da modernidade, e que, a infância que conhecemos hoje foi uma criação de um tempo histórico e de condições socioculturais determinadas, sendo um erro querer analisar todas as infâncias e todas as crianças com o mesmo referencial” (Ariès,1978, citado por Frota, 2007, p. 57). Desta forma, pode-se considerar que a infância modifica com o tempo e com os diferentes contextos sociais, econômicos, geográficos, e até mesmo com as particularidades individuais. Assim sendo, as crianças de hoje não são exatamente parecidas com as do século passado, nem serão semelhantes às que virão no futuro. Frota (2007) relata que a adolescência é o período da vida humana entre a puberdade e a vida a adulta. A palavra é derivada do latim pubertas-atis, e refere-se ao conjunto de transformações fisiológicas ligadas à maturação sexual, que traduzem a passagem progressiva da infância para a adolescência. Esta perspectiva prioriza o aspecto fisiológico, quando consideramos que o indivíduo não é maduro o suficiente para pensar sobre estar na adolescência. Portanto, a compreensão da adolescência não se dá simplesmente pondo-a em evidência. Faz-se necessário encontrar, não uma definição válida para todos os momentos históricos, mas, sim, tentar uma compreensão com base em sua historicidade. De acordo com Frota (2007), o século XX traz consigo uma nova forma de ver a adolescência, sendo revelada como uma fase de “tempestades e tormentas”, um tempo de transformações. Historicamente, as contribuições para formar um discurso sobre o que é ser adolescente iniciam com movimento hippie, da década de 60, e o juvenil, de 1968, seguido pelos movimentos juvenis na década de 80, quando grandes mudanças ocorrem no plano político brasileiro, como descreve Frota: “[...] Surge uma grande variedade 7 de figuras juvenis cuja identidade se expressa, principalmente, através de sinais impressos sobre sua imagem e pelo consumo de determinados bens culturais oferecidos pelo mercado” (Abramo, 1994, p. 55, citado por Frota, 2007, p. 58). De acordo com a autora, percebe-se uma grande diferença entre a juventude da década de 50 e a atual, apontando a falta de sentido e inatividade que considera ser o mais notável na juventude de então. Bem como assinala as contradições e incertezas e vulnerabilidade dos adolescentes de baixa renda. E, por fim, afirma: As representações sociais que se formam a partir das inúmeras informações, mediadas, sobretudo pela mídia, não fornecem condições para que o adolescente planeje e articule ações como uma forma de superação da condição ou situação vivida, uma vez que estas informações se destinam muito mais à construção de modelos estereotipados de comportamentos para atender as demandas de consumo (Frota, 2007, p. 153) Para o pesquisador Calligares, citado por Frota (2007), que também tem refletido sobre a influência da pós-modernidade e do neoliberalismo sobre a emergência da adolescência, traz a ideia de que os adolescentes têm sido acometidos de um imenso valor de consumo, e este vem sendo eleito como modelo ideal de vida. Desta forma, a indústria de consumo não só absorve como investe em valores e estilos adolescentes, esticando mais e mais esta fase, e tornando cada vez mais difícil se afastar do desejo adulto da adolescência. Como diz o autor, “a adolescência, por ser um ideal dos adultos, se torna um fantástico argumento promocional” (Calligares, 2000, p. 59, citado por Frota, 2007, p. 153). Assim, a adolescência assume o ideal social, tornando cômodo para o adolescente permanecer nesta fase, dificultando o envelhecer, quando a aspiração social é habitar a adolescência. TEMA 4 – A IDADE ADULTA – UM CICLO DA VIDA HUMANA No passado, a transição para a vida adulta correspondia aomomento em que os jovens, simultaneamente, partiam das casas da família de origem para se casar, constituindo, assim, uma nova família. Já no contexto atual, a ideia dos ciclos de vida nos remete aos ciclos de formação educacional ou profissional; eles também optam por morar sozinho ou dividir despesas com outros, bem como unir-se de forma estável com seus pares, diversificando assim, na atualidade, as formas de transições. 8 Para a psicologia da educação, a ideia de vida adulta remete aos estágios de desenvolvimento humano, um modo de organização das etapas da vida humana, sendo dessa teoria que Oliveira (2004) empresta o conceito de “ciclo da vida”, por esse ser mais promissor para uma explicação clara sobre o fenômeno do desenvolvimento do que a ideia, normalmente utilizada em psicologia – de estágios. Esses estágios são processos de transformação que ocorrem ao longo de toda a vida do sujeito e estão relacionados a um conjunto complexo de fatores. Assim sendo, a adultez constitui-se na fase mais dinâmica e duradoura dentro da sociedade. Para Santos e Antunes (2007), o indivíduo adulto vivencia, em sua história de vida, características que lhe são específicas. Boa parte desses adultos vivem ou sobrevivem do trabalho, dentro de qualquer realidade social, econômica e cultural. Para as autoras, “estudar e entender a adultez é conhecer e perceber o que a sociedade busca em termos de futuro, e qual ideário social está construindo” (Santos; Antunes, 2007, p. 150). Para as autoras, os aspectos fisiológicos e psicológicos são os que estimulam a conduta do ser humano. Ao tentarmos entender as necessidades básicas e individuais do ser humano, e como elas são saciadas, devemos no ater que estas fazem parte da interação complexa de mecanismos fisiológicos e processos psicológicos em cada indivíduo. Santos e Antunes (2007) ressaltam que a questão cronológica, que divide cada fase na vida adulta, está intrinsicamente ligada ao período vivenciado historicamente pelo indivíduo até a contemporaneidade, ou seja, as divisões de faixa etária podem ser distribuídas de acordo com o contexto social em que a pessoa estiver inserida. Santos e Antunes (2007) trazem a divisão da adultez pela perspectiva de Mosquera (1982), sendo subdividida da seguinte forma: Adultez jovem – aproximadamente entre 20 e 25 anos – período no qual o jovem deseja recompensas rápidas e externas, buscando uma valoração pessoal, objetivando um desejo intrínseco da avaliação positiva de sua pessoa pelos conhecimentos até então adquiridos. Adultez jovem plena – que compreende dos 25 a 35 anos – período no qual o indivíduo toma consciência da chegada à idade adulta e procura dar um significando pessoal à sua existência. Adultez jovem final – abrangendo dos 35 aos 40 anos de idade – o indivíduo vivencia situações que lhe atribuem o verdadeiro valor de sua 9 existência e compreende, ou pelo menos idealiza, o que constituirá sua realização. Destarte, o crescimento em busca da autorrealização não está apenas incutido nos poderes econômicos adquiridos na vida adulta, sendo que o fundamental é que “a pessoa dá conta da importância que ela tem como ser humano” (Mosquera, 1982, p. 100, citado por Santos; Antunes, 2007, p. 153). TEMA 5 – ENVELHECIMENTO – PERCEPÇÕES E VIVÊNCIAS Nas últimas décadas, houve uma notável elevação da população idosa em todo o mundo. Segundo Quadros (2017), os avanços nos processos de industrialização, urbanização e as melhorias tecnológicas e médicas foram fatores preponderantes para o aumento da expectativa de vida, por estarem atrelados ao processo evolutivo da qualidade de vida, como saneamento, melhorias nutricionais e higiene individual. Tudo isso favoreceu para um despertar para produção de pesquisas e estudos voltados para o envelhecimento. Quadros (2017) relata que o enfoque sobre a velhice muda – de uma visão de derrocada física e invalidez, momento este dominado pelo isolamento afetivo –, passa a significar momento de lazer, no qual há a possibilidade de encontrar a realização pessoal que ficou incompleta na juventude. Aponta também para o vislumbre de novas habilidades não desenvolvidas anteriormente, e a reconstrução de novos laços afetivos e amorosos optativo à família. Santos e Antunes (2007) subdividem essa fase em: Adultez velha inicial – de 65 a 70 anos; nesta fase, ainda perpassam os desejos de realizações pessoais. Adultez velha plena – de 70 a 75 anos; nesta etapa da vida, o indivíduo sente o desejo de demonstrar do que ainda é capaz, do seu controle pessoal, evidenciando o desejo de ser autônomo e não depender de outras pessoas. Nesta fase, também o idoso tem o desejo de ser aceito como ele é, de contar histórias e de ser ouvido com atenção. Adultez velha final – aproximadamente dos 75 anos até a morte. Para o idoso, cada ano vivido traz um sentimento único, um percurso existencial de intensa expressão individual, possivelmente devido ao declínio 10 biológico e proximidade do fim da vida humana. Um ímpeto de grandiosas atuações e lembranças inexoráveis. Por fim, Santos e Antunes (2007) ressaltam sobre a importância de cada etapa da vida adulta, pois, em suas subdivisões, revelam-se características e processos de crescimento, que envolvem momentos de transições, de crises, de passagens de um estado emocional psicológico para outro, no que se refere ao desenvolvimento e amadurecimento pessoal e aceitação própria. NA PRÁTICA Aspiramos, com esse conteúdo, trazer a compreensão necessária sobre as mudanças no ciclo da vida do indivíduo na sociedade, percebendo que cada etapa tem as suas idiossincrasias. Assim, compreender os processos de mudanças nos aspectos mais relevantes da vida humana trará ao profissional o entendimento do indivíduo na sua integralidade e singularidade, podendo o profissional Assistente Social contribuir e propor políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida dos usuários no campo individual e coletivo. FINALIZANDO Iniciamos a presente aula apresentando o conceito de aspectos psicológicos do desenvolvimento humano. Na sequência, discorreu-se sobre a influência da hereditariedade e meio, para o desenvolvimento humano e suas implicações na prática profissional do Assistente Social. 11 REFERÊNCIAS COELHO, W. F. Psicologia do desenvolvimento . São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. DEVAL, J. O desenvolvimento psicológico humano . Tradução de Ricardo A. Rosenbusch. Petrópolis: Vozes, 2013. FROTA, A. M. M. C. Diferentes concepções da infância e adolescência: a importância da historicidade para sua construção. Estud. Pesqui. Psicol. , Rio de Janeiro, 7, n. 1, jun. 2007. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 42812007000100013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 15 ago. 2018. PINHEIRO, M. Comportamento humano: interação entre genes e ambiente. Educ ação em Revista , Curitiba, n. 10, p. 53-57, dez. 1994. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 40601994000100007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 ago. 2018. QUADROS, E. de. Psicologia e desenvolvimento humano . Petrópolis: Vozes, 2017. SANTOS, B. S.; ANTUNES, D. D. Vida adulta, processos motivacionais e diversidade. Estud. Pesqui. Psicol ., Porto Alegre, ano XXX, n. 1 (61), p. 149- 164, jan./abr. 2007. Disponível em: <http://meriva.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/8579/2/Vida_Adulta_processos _motivacionais_e_diversidade.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2018. http://meriva.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/8579/2/Vida_Adulta_processos_motivacionais_e_diversidade.pdf http://meriva.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/8579/2/Vida_Adulta_processos_motivacionais_e_diversidade.pdf DISCIPLINA: LINGUAGEM E PRODUÇÃO DE TEXTO AULA 3