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Acidentes na Pediatria

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Acidentes na Pediatria
Prof. Alexandre Massashi
Epidemiologia
❤ Causas externas de morbimortalidade
• V01-V99: Acidentes de Transportes
• W00-X59: Outras Causas Externas de Lesões Acidentais
▫ Quedas
▫ Afogamentos
▫ Sufocações / Asfixias
▫ Queimaduras
▫ Envenenamentos / Intoxicações
• X60-X84: Lesões autoprovocadas voluntariamente
• X85-Y09: Agressões
❤ Dados
➺ Internações: 1 a 14 anos
➺ Internações: 15 a 19 anos
➺ Internação por causas externas
➺ Mortalidade geral
➺ Mortalidade por causas externas
➺ 51,9% dos acidentes na faixa etária de 0 a 14 anos aconteceram no lar.
➺ A idade da criança influencia no risco e no tipo de acidente.
➺ As características do ambiente doméstico podem facilitar a ocorrência de acidentes.
➺ Grande impacto sobre o desenvolvimento econômico e a capacidade de produção de um país.
➺ Erros e omissões são a maior causa de acidentes, sendo que acesso ao conhecimento sãos a melhores ferramentas para prevenção
Quedas
❤ Epidemiologia
• Acidente mais frequente na faixa etária pediátrica.
• Principal causa de internação de crianças e adolescentes no Brasil.
• Brasil (2017): 51,6% das internações por lesões acidentais. 
• As causas variam conforme a faixa etária.
❤ Prevenção de quedas
• Recolher brinquedos e objetos do piso.
• Fixar tapetes com fita adesiva dupla-face ou forro antiderrapante de borracha.
• Secar substâncias líquidas e pastosas, ao caírem do chão, imediatamente.
• Usar calçados que fiquem firmes nos pés e não escorreguem facilmente.
• Não deixar objetos ou tapetes nas escadas.
• Instalar portões de segurança no início e término de escadas.
• Fechar os vãos laterais das escadas.
• Verificar a presença de dispositivos de segurança (travas, grades e redes de proteção) em portas e janelas.
• Não colocar móveis perto de janelas.
• Não permitir que crianças e adolescentes permaneçam sobre lajes.
❤ Traumatismo cranioencefálico
➺ Acidente mais prevalente em menores de 5 anos.
➺ Classificação (Escala de Coma de Glasgow):
▫ Leve: 14 ou 15
▫ Moderado: 9 e 13
▫ Grave: igual ou menor que 8
Obs: moderado e grave, necessitam de assistência em UTI e vigilância constante
➺ TC leve: critérios de gravidade
· Crianças com menos de 2 anos de idade
· Crianças com 2 anos de idade ou mais
Queimadura
A maior ocorrência de queimaduras em crianças é na cozinha, por escaldadura com bebidas, alimentos, óleo e outros líquidos quentes
➺ Lugares mais frequentes: tronco; ombro; braço; antebraço; quadril; coxa e perna
➺ Podem ocorrer também, queimaduras térmicas
	▫ Líquidos inflamáveis (álcool, querosene, gasolina e produtos de limpeza);
▫ Secador de cabelo, chapinhas, ferro de passar roupa.
❤ Prevenção de queimaduras
➺ Na cozinha
• Não deixar crianças pequenas entrarem na cozinha, principalmente no horário de preparo das refeições.
• Cuidado com o calor da porta do forno aceso;
• As panelas precisam estar sempre nos queimadores posteriores do fogão, com os cabos voltados para dentro.
• As crianças pequenas não devem cozinhar ou transportar líquidos quentes.
• As travessas dos alimentos devem ser colocadas no centro da mesa.
• Não cozinhar e nem lidar com líquidos ou outros alimentos quentes com bebês no colo;
• Testar a temperatura do leite e de outros líquidos antes de serem oferecidos pelo bebê.
• Fósforos e isqueiros devem ser manipulados somente por adultos;
➺ Elétrica
• Colocar protetores de tomadas;
• Verifique sempre o estados das instalações elétricas;
• Evite ligar vários aparelhos em uma mesma tomada.
➺ Solar
• Banho de sol somente antes das 10 ou depois das 16 horas.
• Não expor bebês menores de 6 meses ao sol, usar protetor solar físico dos 6 meses aos 2 anos e protetor solar químico infantil a partir dos 2 anos
• Antes da exposição solar, passar protetor solar, usar chapéu e evitar ficar expostos entre 10 e 16 horas.
➺ Testar a temperatura da água do banho antes de introduzir o bebê na banheira;
❤ Classificação
➺ 1o grau: limita-se ao epitélio. 
· Eritema, calor e dor. 
· Não há bolhas. 
· Cura espontânea em cerca de 5 dias.
➺ 2o grau: destruição da epiderme e parte da derme. Anexos cutâneos são poupados, associada a dor exacerbada
· Há formação de bolhas. 
· Cicatrizam-se em até 21 dias.
➺ 3o grau: destruição de toda derme, incluindo folículos pilosos e terminações nervosas. São indolores.
➺ 4º: estende-se a gordura subcutânea
❤ Tratamento
➺ Analgesia
➺ Reposição Volêmica
➺ Tratamento da Lesões
➺ Não há indicação de antibióticos sistêmicos em queimados não infectados
➺ Cálculo de área queimada
➺ Indicação de hospitalização
• Queimaduras de 2o grau acometendo mais de 10% da superfície corpórea.
• Queimaduras de 3o grau acometendo mais de 5% da superfície corpórea.
• Queimaduras de 2 ou 3o graus em face, genitais e períneo.
• Queimaduras circunferenciais.
• Lesão inalatória.
• Queimaduras elétricas ou químicas.
➺ Tratamento das lesões
• Até 48 horas: preservar todas as bolhas intactas e debridar todas as rotas.
• 48 a 72 horas: debridar as bolhas intactas maiores que 5 cm de diâmetro e todas as rotas.
• Bolhas grandes e firmes das palmas e plantas podem ser mantidas até 5 a 7 dias.
• 5 a 7 dias: todas as bolhas devem ser debridadas completamente.
Afogamento
❤ Epidemiologia
• 90% das mortes por afogamento em crianças entre de 1 a 3 anos ocorrem em piscinas residenciais.
• Segunda maior causa de morte e sétima de hospitalizações entre crianças e adolescentes.
• Entre as crianças menores de 1 ano, os afogamentos ocorrem em piscinas domiciliares e pequenas portáteis, e banheiras.
• Menores de 4 anos (2H:1M): baldes, banheiras, privadas e piscinas.
• Adolescentes (de 15 a 19 anos) (10H:1M):
▫ Rios, lagos e represas.
▫ Superestimação das habilidades pessoais, subestimação dos perigos, comportamentos impulsivos e de alto risco.
• Uso de álcool: 30 a 70% das mortes em adolescentes e adultos.
❤ Prevenção
➺ Instalação de grades e cercas de proteção
• Ideal: 1,5 m de altura com portão com fechamento e travamento automático
➺ Coberturas: coberturas solares, finas de plástico não devem ser usados.
➺ Sistema de sucção com no mínimo 2 drenos de fundo equipados com grelha anti-aprisionamento interligados entre si (impede que o cabelo ou vestuário seja sugado).
➺ Supervisão: o responsável pela supervisão não deve estar envolvido em outra distração ou atividades que podem comprometer a atenção (uso de celular, socialização, beber álcool).
➺ Aulas de natação
• Os pais devem ser lembrados de que aulas de natação não vão colocar “à prova de afogamento”.
• Conhecimento e consciência dos perigos e/ou riscos locais e de suas próprias limitações; uso do colete; e habilidade para reconhecer e responder a um nadador em perigo.
• As crianças precisam ser ensinadas nunca nadar sozinhas, sem supervisão de um adulto.
➺ Coletes de salva-vidas no lugar de bóias de ar
➺ Noções básicas de ressuscitação cardiopulmonar
➺ Afogamento doméstico
• Impedir o acesso não supervisionado ao banheiro.
• Não deixar crianças pequenas sozinhas na banheira.
• Manter a tampa do vaso sanitário baixada, se possível, lacrada.
• Cuidado com os recipientes domésticos que contenham água, como baldes e bacias.
• Esvaziar as piscinas portáteis, banheiras e baldes após o uso.
➺ Afogamento em praia
• Pais e filhos deve saber a profundidade da água e a localização do perigos subaquáticos antes de pular ou mergulhar.
• Os pais devem selecionar locais com salva-vidas e designado áreas para natação.
• Considerar o clima, marés, ondas e correntes de água na seleção de um local seguro para natação recreativa.
❤ Causas de morte
➺ Hidrocussão: morte súbita
➺ Hipotermia
➺ Aspiração de líquido pulmonar
➺ Hipóxia
❤ Pior prognóstico
• Necessidade RCP no hospital ou mais de 25 minutos.
• Pupilas dilatadas e fixas.
• Convulsões.
• Flacidez
• Glasgow inferior a 5.
Intoxicações
❤ Epidemiologia
• 98,7% casos de intoxicações em crianças com idades de 0 e 14 anos ocorrem em casa.
• Crianças são atraídas pelas cores das embalagens (vermelho, rosa, azul, laranja, amarelo e branco).
• Medicamentos é o principal agente causal das intoxicações (automedicação,uso domiciliar, embalagens).
• Aumento das intoxicações autoinflingidas na adolescência.
❤ Prevenção
➺ Medicamentos
• Utilize o medicamento somente sob orientação do médico.
• Verifique o prazo de validade e a integridade da embalagem.
• Mantenha o medicamento no recipiente original.
• Após o uso, feche bem a embalagem e guarde-a num armário trancado a chave.
• Nenhum medicamento deve ficar ao alcance das crianças.
➺ Domissanitários (produtos de limpeza)
• Mantenha o produto no recipiente original, bem fechado e longe do alcance das crianças.
• Nunca transfira o produto químico para recipientes usados de alimentos.
• Dê preferência por produtos cujas embalagens possuam tampas de segurança.
• Tenha cuidado redobrado com produtos muito perigosos, como soda cáustica, desentupidores de pia ou limpadores de forno.
• Nunca armazene inseticidas junto com alimentos ou medicamentos.
• É contraindicado a lavagem ou o esvaziamento gástrico (vômitos) em caso de ingestão de derivados de petróleo ou produtos cáusticos.
❤ Tratamento
• Reconhecer a toxíndrome e identificar o agente causal.
• Realizar manobras de descontaminação (carvão ativado, lavagem gástrica).
• Realizar manobras de eliminação (diurese forçada, alcalinização da urina, métodos dialíticos).
• Utilizar antídotos quando a substância tóxica permitir.
· Ligar para o Ceatox para saber do antídoto (0800-0148110)
Aspiração de Corpo Estranho
❤ Epidemiologia
• No Brasil, representa a 3a causa de morte em crianças de 0 e 9 anos (1 a 3 anos).
• Fragmentos de brinquedos, tampinhas de caneta, esferas metálicas e objetos de estética. Materiais sintéticos (bexiga) estão mais relacionadas à morte.
• Milho, feijão e amendoim (obstrução parcial → total) são os alimentos mais aspirados por crianças.
• Tosse persistente, chiado no peito, falta de ar súbita, lábios e unhas arroxeadas são sinais sugestivos de aspiração.
• Obstrução completa pode ser letal em 45% do casos.
• Manifestações radiológicas indiretas (hiperinsulflação, atelectasias, infiltrados e consolidações).
• Radiografia normal → broncoscopia.
• Indicações de retirada cirúrgica:
▫ Objetos grandes e ásperos na região subglótica ou traquéia.
▫ Objetos alojados na periferia do pulmão, sem acesso endoscópico.
▫ Risco de retirada endoscópica exceda o risco da abordagem cirúrgica.
❤ Ingestão de corpo estranho
• Conduta depende do tamanho e das características do objeto ingerido.
• Principais riscos: obstrução e perfuração do trato gastrointestinal.
• Tempo médio de trânsito de corpo estranho: 3,6 dias.
• Tempo médio de ingestão de um objeto pontiagudo até a perfuração: 10,4 dias.
• Radiografias anteroposterior e de perfil do pescoço, tórax e abdome: na suspeita de ingestão de corpo estranho.
• Endoscopia digestiva: pacientes sintomáticos em que o corpo estranho não foi identificado.
➺ Primeiros socorros: Manobras de Heimlich
Aspiração de corpo estranho é total, a criança não consegue esboçar qualquer som, está com asfixia, falta de ar importante e cianose.
• Compressões abaixo das costelas, no sentido para cima, abraçando a criança por trás, até que o corpo estranho seja deslocado da via aérea para boca e expelida.
• Em menores de 1 ano:
Realizar 5 golpes com a mão na região das costas, com a criança virada para baixo, seguida de 5 compressões na frente, até que o corpo estranho seja expelido.
➺ Conduta
➺ Alguns objetos exigem retiradas emergenciais e condutas específicas
• Bateria: se no esôfago, retirada em 2h; se em estômago, acompanhamento
• Ingestão de imã
· Única: acompanhamento
· Múltiplos ímãs: remoção
• Ingestão suspeita ou confirmada de objeto pontiagudo: remoção
❤ Prevenção de sufucação
• Não utilizar protetores, travesseiros, cobertores, edredons e brinquedos soltos no berço.
• Atenção com os cordões de roupas infantis, correntinhas e fitas para chupetas.
• Evitar adereços como pulseiras, berloques e medalhas nos braços.
• Cuidado com grãos, caroços de frutas, balas ou pequenos objetos.
Transporte no trânsito
❤ Código Brasileiro de Trânsito
• As crianças com idade inferior a 10 (dez) anos que não tenham atingido 1,45 m (um metro e quarenta e cinco centímetros) de altura devem ser transportadas nos bancos traseiros, em dispositivo de retenção adequado para cada idade, peso e altura (Artigo 64).
• Transportar crianças em veículo automotor sem observar as normas de segurança representa uma infração gravíssima, tendo como penalidade multa (Artigo 168).
• §1o. Dispositivo de retenção:
▫ Combinação de tiras com fechos de travamento, dispositivo de ajuste e partes de fixação;
▫ Berço portátil porta-bebê, cadeirinha auxiliar ou proteção anti-choque fixados ao veículo, mediante a utilização dos cintos de segurança ou outro equipamento apropriado.
• § 2o. ... reduzir o risco ao usuário em casos de colisão ou de desaceleração repentina do veículo, limitando o deslocamento do corpo da criança...
• Se a quantidade de crianças menores de 10 anos exceder a capacidade de lotação de banco traseiro, será admitido o transporte da criança de maior estatura no banco dianteiro (Artigo 2o).
• Nos veículos dotados exclusivamente de banco dianteiro, o transporte de menores de 10 anos poderá ser realizado neste banco (Parágrafo único).
• Transportar crianças menores de 10 anos ou que não tenham condições de cuidar da sua própria segurança, em motocicletas, também é uma infração gravíssima e a penalidade é multa com suspensão do direito de dirigir (Artigo 244-V).
❤ Regras de Segurança no Transporte da Crianças
• Sempre usar o assento infantil, iniciando com o transporte do bebê da maternidade para casa.
• O lugar mais seguro para qualquer criança de até 10 anos (estatura inferior a 1,45m) é o banco traseiro do automóvel.
• Nunca transportar a criança no colo (mesmo no banco traseiro).
• Nunca transportar crianças no compartimento de bagagem (área de absorção de impactos).
• Cada passageiro deve utilizar um cinto.
• A faixa transversal sempre deve estar cruzando o ombro do passageiro.
• Cada passageiro deve utilizar um cinto.
• A faixa transversal sempre deve estar cruzando o ombro do passageiro.
• Os vidros traseiros devem ficar abaixados apenas o suficiente para permitir a ventilação.
• As portas devem ser mantidas travadas (Atenção ao fechar as portas!)
• As crianças devem sempre entrar ou sair do automóvel pelo lado da calçada.
❤ Assento de Segurança
• Devem ser certificados pelo Inmetro (NBR 14.400).
• Não existe marca de assento que seja a mais segura ou a melhor. 
• O ideal é o assento adequado ao tamanho e peso da criança, que melhor se adapta ao banco do automóvel e que será usado corretamente em cada transporte.
• As instruções do fabricante devem ser obedecidas rigorosamente ao se instalar o assento no automóvel (selos explicativos na cadeira são obrigatórios!)
• Antes da aquisição, o assento deve ser experimentado no veículo, para se ter certeza de que se adapta corretamente.
• Antes de sair, sempre verificar:
▫ se o assento está instalado no veículo de acordo com o manual de instruções;
▫ se a criança está acomodada de maneira correta.
➺ Bebê conforto: 
· Idade: nascimento aos 2 anos
· Banco traseiro, de costas para painel, preso ao banco pelo cinto de segurança de 3 pontos (ou presilhas) e com inclinação de 45°
· Sistema de contenção de 3 ou 5 pontos
· Não deve estar envolto em mantas; Deve usar roupas que permitam a passagem do cinto entre as pernas
· Manter até atingir o limite máximo de peso ou que a nunca ultrapasse o limite superior do encosto
➺ Cadeirinha
· Idade: 3 a 7 anos ou 18 a 22 kg
· Banco traseiro, de frente ao painel, na posição sentada
· Sistema de contenção de 5 pontos
· Manter até que a nuca ultrapasse o limite superior do encosto
➺ Assento elevatório ou “Booster”
· Idade: 6 a 13 anos ou até 1,45m
· Banco traseiro usado sempre em conjunto com o cinto de segurança de 3 pontos
➺ Cinto de segurança
· Acima de 1,45m
· Previne expulsão
· Fica em contato com as partes fortes do corpo
· Distribui a força da colisão por toda área do corpo
· Ajuda o corpo a desacelerar no momento da colisão· Protege a cabeça e a coluna cervical
· 
Referências Bibliográficas
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM
Fonte: MS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)
Waisman I. Núñez JM, Sánchez J. Ver Chil Pediatr. 2002; 73: 404-14
Paes CE, Gaspar VL. J Pediatr. 2005; 81 (Supl 5): S146-154
Belluomini F, Baracat ECE. Tratado de Pediatria, 2017.
Rangel AM et al. Ver Cubana Pediatr. 2004; 76
Cody BE, Quraishi AY, Dastur MC, Mickalide AD. Washington (DC):
National Safe Kids Campaign; April 2004.
Gikas RMC. Crianças e Adolescentes em Segurança, 2014.

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