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Doenças Diarréicas Agudas Profª. Maria Fernanda Hussid Material para estudo: DDA Introdução ➺ Diarreia: > 3 evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24h ou mais frequente do que o habitual. Sendo um desequilíbrio entre a absorção e secreção de líquidos e eletrólitos. ➺ Duração • Autolimitada: 7 dias • Persistente: cerca de 14 dias ➺ Cursa com vômitos, febre e dor abdominal ➺ Disenteria: evacuação com muco e/ou sangue ❤ Epidemiologia ➺ Datasus: óbitos por diarreia aguda em < 5 anos ↓de 10,8% em 1990 para 1,6% em 2011. ➺ No Brasil, em 1980: 24,3% dos óbitos. Em 2005: 4,1% de óbitos ➺ Unicef: ↓ 50% na taxa de mortalidade por diarreia aguda em crianças < 5 anos. ➺ 580.000 óbitos/ano, em < 2 anos em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento (Unicef). ❤ Classificação ➺ Diarreia aquosa: grande perda hídrica, até 14 dias (vírus, bactérias, protozoários) ➺ Diarreia aguda com sangue (disenteria): lesão de mucosa intestinal, causada por bactérias do gênero Shigella ➺ Diarreia persistente: >14 dias. Leva a desnutrição e desidratação com alto risco de complicações e elevada letalidade ❤ Etiologias ➺ Vírus: rotavírus, adenovírus entérico, calicivírus (norovírus) e astrovírus. ➺ Bactérias: E. coli enteropatogênica clássica, E.coli enterotoxigenica, E. coli enterohemorrágica, E. coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa, Aeromonas, Pleisiomonas, Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Vibrio cholerae, Yersinia ➺ Parasitas: Entamoeba histolytica, Giardia lamblia, Cryptosporidium, Isosopora ➺ Fungos: Candida albicans ➺ Causas não infecciosas: alergias, intolerâncias, erros alimentares e medicamentos Vírus ❤ Rotavírus ➺ Vírus com distribuição universal ➺ Necessário baixa carga viral para causar a doença ➺ Vacinação: recomendação da OMS • Tipos: · Monovalente (Rotarix®/GSK): 2 doses. Programa Nacional de Imunizações (PNI) desde 2006 · Pentavalente (RotaTeq®/Merck): 3 doses, disponível na rede privada. • Efeitos após introdução no PNI · Redução das formas graves e hospitalizações por doença diarreica aguda · Reduziu o risco de morte pela doença ❤ Norovírus ➺ RNAvírus altamente infeccioso, transmitido de pessoa a pessoa e via consumo de água e alimentos contaminados ➺ Causa surtos epidêmicos de gastroenterites virais ➺ Infectante em baixa dose, com alto nível de excreção viral e prolongada após a recuperação clínica Bactérias Parasitoses ❤ Ciclo de vida O ciclo de vida que o parasito se encontra e a localização dele no TGI determina a sintomatologia ➺ Helmintos: ovo > larva > adulto ➺ Protozoários: cistos > oocistos > trofozoítos ❤ Agentes x Conduta Mecanismos Fisiopatológicos O microorganismo adere à superfície celular, com produção de enterotoxina, citotoxina e lesão de mucosa ❤ Osmótico ➺ Dano na mucosa do intestino delgado proximal e redução na concentração da lactase no bordo em escova ➺ Aumento da lactose não digerida na luz intestinal, com aumento da osmolaridade luminal ➺ A lactose fermentada pela microbiota colônica gera ácidos graxos de cadeia curta e radicais ácidos ➺ Consequência: distensão abdominal, cólicas, aumento do peristaltismo e fezes ácidas (assaduras) e explosivas ➺ Ex: diarreia por rotavírus ❤ Secretor ➺ Ausência de ruptura ou invasão da mucosa intestinal ➺ Ação de enterotoxinas (toxina da cólera) ➺ Ativação da adenilciclase, ↑ de AMPc , abertura de canais de Cl- nos enterócitos, liberação de Cl-, Na+, H2 0 ➺ Diarréia aquosa, volumosa, sem sangue ou leucócitos ➺ Ex: cólera - e. coli enterotoxigênica ➺ Mesmo em jejum, o indivíduo continua no processo, pois depende do esgotamento da toxina ❤ Inflamatório: Disenteria ➺ Invasão da mucosa e submucosa, induzindo a processo inflamatório ➺ Inflamação leva a exsudação e produção de substâncias vasoativas e bacteriemia. ➺ O local do intestino mais acometido é o cólon distal do intestino grosso ➺ Resulta em: Diarreia muco-sanguinolenta, febre, calafrios e mal-estar ➺ Ex: Shigella ➺ Pode evoluir para sepse ❤ Alteração de motilidade ➺ Invasão e lesão da mucosa intestinal e suas vilosidades pelo agente invasor, com ruptura da barreira de mucosa intestinal ➺ Lesão das microvilosidades comprometendo a absorção de fluido, eletrólitos e nutrientes no intestino delgado ➺ Nutrientes parcialmente absorvidos nos cólons provoca diarréia osmótica, somando-se às perdas de eletrólitos ➺ A lesão na mucosa colônica acentua a não absorção de água e sódio e acelera o trânsito intestinal Diagnóstico ❤ Anamnese ➺ Sobre a diarreia: duração da diarreia, características das fezes, no de evacuações diarreicas/dia ➺ Vômitos (episódios/dia) ➺ Febre ➺ Diurese: volume, cor e tempo decorrido da ultima micção ➺ Uso de medicamentos ➺ Alimentação: sede, apetite, tipo e quantidade de líquidos e alimentos oferecidos após o início da diarreia ➺ Doenças prévias, ➺ Histórico: viagem recente, contato com pessoas com diarreia e ingestão de alimentos suspeitos, uso prévio recente de antibióticos ❤ Exame físico ➺ Avaliação de pele e mucosa: desidratação -> manutenção da hidratação ➺ Avaliação nutricional: desnutrição ou síndrome de má absorção -> manutenção da nutrição Desidratação O paciente diarreico deve ser avaliado conforme o estado e classificação da desidratação (Leve, moderada ou grave) e ser tratado conforme o plano adequado (A, B e C) ❤ Classificação ➺ Leve: <5% sem sinais de desidratação ➺ Moderada: 5 a 10% - sinais de desidratação leves ou moderados e é possível fazer a reidratação via oral ➺ Grave: > 10% - desidratação intensa acompanhada ou não de distúrbios eletrolíticos e requer terapia venosa ❤ Terapia de reidratação oral ➺ Soro de reidratação oral farmacêutico ➺ Soro caseiro: ideal quando há a colher de medidas correta ❤ Plano A ➺ Prevenção da desidratação ➺ Tratamento domiciliar ➺ Mecanismo de ação do zinco: reduz a duração da diarreia em 25% e diminui a incidência de novos episódios por cerca de 3 meses. Aumenta a integridade da mucosa por proliferação e diferenciação dos enterócitos e regula a secreção intestinal do íon cloreto e da água. ❤ Plano B ➺ Reparo da desidratação ➺ Deve ser realizado na unidade de saúde e só ter alta quando retornar ao estado de hidratação e nutrição ➺ Se vomitando, uso de antieméticos: ondansetrona ➺ Exemplo de distribuição da terapia de reidratação oral ❤ Plano C ➺ Desidratação grave e choque hipovolêmico ➺ Fase de expansão e fase de manutenção ➺ Exemplo de distribuição de soro Medidas para redução de danos ➺ Aleitamento materno exclusivo por no mínimo 6 meses e complementado até 3 anos: impacto na redução da incidência e gravidade da doença ➺ Melhoria das condições ambientais • Oferta de água • Tratamento adequado de dejetos humanos • Educação • Segurança alimentar Referências Bibliográficas Tratado de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria 5ª Edição, Diarreia Aguda Infecciosa - Guia Prático de Atualização - Departamento Científico de Gastroenterologia ( Gestão 2022-2024) - Sociedade Brasileira de Pediatria Ectoparasitoses - Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial (2019 - 2021) - Sociedade Brasileira de Pediatria Parasitoses intestinais: Diagnóstico e tratamento - - Guia Prático de Atualização - Departamento Científico de Gastroenterologia ( Gestão 2019-2021) - Sociedade Brasileira de Pediatria
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