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Atendimento do Adolescente Prof. Alexandre Massashi Material anterior: Consulta do Adolescente.docx Introdução A especialidade responsável pelo cuidado médico do adolescente é a Hebiatria ❤ Conceitos ➺ Adolescência: período de crescimento e desenvolvimento biológico, psicológico e social. • OMS: 10 a 20 anos incompletos • ECA: 12 aos 18 anos incompletos • Sawyer SM (Lancet, 2018): 10 aos 24 anos incompletos ➺ Puberdade: conjunto de manifestações biológicas da adolescência • Feminino: 8 a 13 anos • Masculino: 9 a 14 anos Aspectos Éticos ❤ Adolescente desacompanhado “O adolescente, desde que identificado como capaz de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, tem o direito de ser atendido sem a presença dos pais ou responsáveis no ambiente de consulta, garantindo-se a confidencialidade e a execução dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos necessários.A ausência dos pais ou responsáveis não deve impedir o atendimento do jovem.” • Conceitos: · Menor maduro: menores que são capazes de entender a natureza e as consequências (riscos e benefícios) do tratamento oferecido e de responsabilizar-se pela assistência recebida. · Idade de discrição: os adolescentes, após receberem informações apropriadas sobre opções de tratamento, teriam suas preferências incluídas no processo de tomada de decisão e validas pela concordância dos pais. • De acordo com a idade · Antes dos 12 anos de idade: a maioria não possui desenvolvimento suficiente para tomar decisões autônomas e devem ser considerados incapazes. · 12 – 17/18 anos: avaliar cada situação cuidadosamente, presumindo-se a existência de uma capacidade parcial. · Após os 17/18 anos: preenchem todos os requisitos necessários para o consentimento informado. ➺ Ministério da Saúde: “É fundamental que fique claro que, garantir direitos a adolescentes (10 a 19 anos) nos serviços de saúde independente na anuência de seus responsáveis, vem se revelando como elemento indispensável para a melhoria da qualidade de prevenção, assistência e promoção de sua saúde. ➺ FEBRASGO - SBP - ECA - ONU - CEM: • “O adolescente tem direito à privacidade, ou seja, de ser atendido sozinho, em espaço privado de consulta...” • “... as informações discutidas durante e depois da consulta ou entrevista, não podem ser passadas a seus pais ou responsáveis sem a permissão expressa do adolescente...” ❤ Sexualidade em adolescentes ➺ Estupro de vulnerável: “Art. 217-A – Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos. Pena: 8 a 15 anos. § 1 Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.” ➺ Súmula 593/STJ – 06/11/2017: “O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.” ➺ CFM: “A relação sexual com menores de 14 anos é crime de estupro, conforme estabelecido no Código Penal Brasileiro. No entanto, o médico, ao consultar menores nessa faixa etária com sexual ativa, tem a obrigação ética de acolhê-los e orientá-los, estando dentro de sua autonomia profissional a decisão de prescrever anticoncepcional, devendo obrigatoriamente comunicar o fato aos pais ou representante legais.” ➺ Departamentos de Adolescência e Bioética da SPSP: “Os pais ou responsáveis somente serão informados sobre o conteúdo da consulta, como por exemplo nas questões relacionadas à sexualidade e prescrição de métodos contraceptivos, com expresso consentimento do adolescente.” ➺ FEBRASGO - SBP - ECA - ONU - CEM: • “Os adolescentes de ambos os sexos tem direito a educação sexual, ao sigilo sobre sua atividade sexual, ao acesso e disponibilidade gratuita dos métodos.” • “A prescrição de métodos anticoncepcionais a adolescente menor de 14 anos... não constitui ato ilícito por parte do médico.” • “Na atenção a menor de 14 anos sexualmente ativa, a presunção de estupro deixa de existir, frente a informação que o profissional possui de sua não-ocorrência, a partir da informação da adolescente e da avaliação criteriosa do caso, que deve estar devidamente registrada no prontuário médico.” • “O médico pode prescrever contracepção de emergência... às adolescentes expostas a risco iminente de gravidez...” ➺ Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturas das Nações Unidas, 2016 “A responsabilidade do Estado em assegurar aos adolescentes o acesso a informações sobre saúde sexual e reprodutiva, planejamento familiar e contracepção, riscos de gestação precoce e prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, independentemente de seu estado civil e do consentimento dos seus pais ou responsáveis, resguardando a sua privacidade e confidencialidade.” ❤ Sigilo médico ➺ Código de Ética Médica: Capítulo IX – Segredo Médico “Art. 73 – É vedado ao médico revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.” “Art. 74 – É vedado ao médico revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente.” ➺ Violação do segredo profissional: “Art. 251 – Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tenha ciência em razão da função, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem. Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano ou multa.” ➺ FEBRASGO - SBP - ECA - ONU - CEM: • “Os adolescentes de ambos os sexos tem direito a educação sexual, ao sigilo sobre sua atividade sexual, ao acesso e disponibilidade gratuita dos métodos.” ➺ FEBRASGO - SBP - SOGIABRA Atendimento de Adolescentes abaixo de 14 anos de idade - Alerta de Esclarecimento: “A participação da família no processo de atendimento de adolescentes é altamente desejável, no entanto, os limites desse envolvimento devem ficar claros para a família e para os jovens já na primeira consulta.” • A contracepção pode e deve ser indicada para adolescentes, respeitando-se os critérios de elegibilidade médica da OMS... Inclusive para menores de 14 anos de idade. • Indagar se a relação foi consentida e afastar situações de vulnerabilidade. • Indagar se há conhecimento dos pais sobre o relacionamento. No caso de desconhecimento, qual o motivo pelo qual não deseja que os pais tomem conhecimento para afastar possíveis casos de violência familiar. ❤ Risco ao adolescente ➺ Departamento Científico de Adolescência - SBP ➺ Recomendações dos Departamentos de Adolescência e Bioética da SPSP: • “Em situações consideradas de risco e frente à realização de procedimentos de maior complexidade torna-se necessário a participação e consentimento dos pais ou responsáveis.” • “Em todas as situações em que se caracterizar a necessidade da quebra de sigilo médico, o adolescente deve ser informado, justificando-se os motivos para esta atitude.” Consulta ❤ Tempos ➺ Anamnese com o adolescente • Situações de exceção: · Déficit intelectual relevante · Distúrbios psiquiátricos graves · Desejo do adolescente de não ser atendido sozinho ➺ Anamnese com a família ➺ Exame físico ➺ Hipóteses diagnósticas e conduta ❤ Anamnese com o familiar ➺ Motivo da consulta: QD e HPMA ➺ Estado vacinal ➺ Dados de gestação, parto e condições de nascimento ➺ Hábitos alimentares ➺ Rotina e condições familiares e escolares ➺ História familiar ❤ Anamnese com o adolescente • A percepção corporal e autoestima; • Relacionamento com a família e ocorrência de conflitos; • A utilização das horas de lazer, as relações sociais, grupo de iguais, desenvolvimento afetivo, emocional e sexual; • Conhecer os espaços poronde o adolescente transita e mantém relacionamentos interpessoais · Trabalho: avaliar se normas adequadas, salubridade e nível de interferência na escola • Crenças e atividades religiosas; • Investigar situações de risco e vulnerabilidade a que os adolescentes se expõem: contato com drogas lícitas e ilícitas • Aspectos relacionados aos comportamentos sexuais, gênero e orientação sexual saúde reprodutiva, gestações não planejadas, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs); • Ocorrência de acidentes, submissão a violências; • Tempo de exposição às telas digitais ❤ Método HEEADSSS Métodos de questões estruturadas e abertas, maximizando a comunicação e diminuindo o estresse para o adolescente. É considerado um método indireto excelente para avaliar comportamentos e complementar a anamnese do adolescente, podendo ser incorporada na prática cotidiana. ❤ Exame físico Recomendado que haja uma terceira pessoa na sala, sendo necessário perguntar ao paciente se ele prefere o acompanhante ou outro profissional de saúde. ➺ Exame Físico Geral: Peso, Estatura, Pressão Arterial, Circunferência Abdominal, Estágio da Maturação Sexual (Tanner) ➺ Exame Físico Específico · Acuidade visual com escala de Snellen · Tireóide · Cavidade oral · Otoscopia · Coluna vertebral e postura · Exame neurológico e mental ➺ Exame Ginecológico e Andrológico ➺ Avaliação do Estado Nutricional ❤ Hipóteses Diagnósticas 1) Queixa principal ou motivo da consulta e os sintomas relatados na HPMA 2) Sintomas relatados no ISDA e alterações ou achados no exame físico 3) Diagnósticos em acompanhamento ou tratamento 4) Aspectos Alimentares 5) Diagnóstico Nutricional e Antropométrico 6) Desenvolvimento Puberal 7) Desenvolvimento Neuropsicomotor 8) Social 9) Imunizações ❤ Conduta 1) Instituição de Tratamento 2) Solicitação de Exames Subsidiários 3) Encaminhamento para Avaliação e Acompanhamento Especializado 4) Exames de Rotina: HMG, ferro sérico, ferritina, saturação de transferrina, Glicemia de Jejum, Colesterol total e frações, Triglicérides. Obs - Obesidade: insulina basal, TSH, T4L, TGO, TGP 5) Retorno · Início da puberdade: de 3 em 3 meses · Aceleração: de 4 em 4 meses · Desaceleração: 1x ao ano Puberdade ❤ Manifestações • Crescimento rápido • Desenvolvimento das gônadas • Desenvolvimento dos órgãos reprodutivos e aparecimento dos caracteres sexuais secundários • Mudanças da composição corporal • Desenvolvimento dos sistemas circulatório e respiratório ❤ Velocidade de crescimento 1. Fase de Crescimento Estável: velocidade de crescimento constante em ambos os sexos (5- 6cm/ano) 2. Fase de Aceleração: velocidade de crescimento aumenta gradualmente até atingir um pico máximo • Feminino (11-12 anos): 8-9 cm/ano • Masculino (13-14 anos): 10-11 cm/ano 3. Fase de Desaceleração: lenta e gradual até parada total do crescimento, com ganho médio de 6-7cm em ambos os sexos. • Ganho de altura: 20% altura final. Obs: crescimento distal-proximal ❤ Mudanças corporais ➺ Ganho ponderal: 50% do peso final • Masculino: a velocidade máxima de ganho de peso coincide com o pico de velocidade estatural. • Feminino: pico de velocidade estatural precede geralmente em 6 meses o período de ganho de peso. ➺ Mudança da composição corporal 1. Tecido Muscular: • mais evidente no sexo masculino (andrógenos); • desenvolvimento paralelo ao estirão de crescimento; • posterior aumento da força muscular. 2. Tecido Adiposo: • diminuição da deposição no estirão; • mais evidente no sexo feminino. ❤ Puberdade em Homens ➺ Desenvolvimento Genital G1 – pênis, testículos e escroto de aparência e tamanho infantis G2 – Início de aumento de testículos e escroto com pele escrotal mais fina e avermelhada. G3 – continua o crescimento do escroto e o pênis aumenta principalmente em comprimento. G4 – Continua o crescimento de testículos e escroto (pele mais enrugada e escurecida). · Aumento do pênis em comprimento e diâmetro. · Glande evidente. G5 – Genitais adultos em tamanho e forma. ➺ Volume testicular • A partir de 3 ml prenuncia a puberdade • G2: 3 a 4 ml • G3: 5 a 9 ml • G4: 10 a 16 ml • G5: > 17 ml ➺ Maturação sexual • Primeira manifestação da puberdade: aumento do volume testicular (G2 – 4 ml / 2,5 cm); • Aceleração do crescimento: um ano após o início do desenvolvimento puberal, coincidindo com G3; • Pico de velocidade de crescimento em G4 • Ejaculação e espermatogênese em G3-4 • Pelo facial e mudança da voz em G4 ➺ Desenvolvimento de pilosidade pubiana P1 – Ausência de pêlos pubianos. P2 – Crescimento esparso de pêlos finos, curtos, discretamente pigmentados, lisos ou discretamente encaracolados (base do pênis, grandes lábios) P3 – Pêlos mais pigmentados, mais espessos e mais encaracolados, distribuindo-se na região pubiana P4 – Pêlos do tipo adulto, porém em menor quantidade, NÃO atingindo a superfície interna das coxas. P5 – Pêlos adultos em tipo e distribuição, atingindo a superfície interna das coxas. ❤ Puberdade em Mulheres ➺ Desenvolvimento mamário M1 – Mamas infantis. Somente elevação da papila. M2 – Broto mamário. Elevação da mama, aréola e da papila, com aumento do diâmetro da aréola. M3 – Crescimento da mama e aréola. Não há separação dos contornos das mamas e da aréola. M4 – Crescimento e projeção da aréola e da papila formando uma elevação acima do nível da mama. M5 – Mamas adultas. Projeção apenas da papila. A aréola retorna para o nível da mama. ➺ Maturação sexual • Primeira manifestação da puberdade: aparecimento do broto mamário (M2); • Aceleração do crescimento: inicia-se juntamente com o desenvolvimento puberal • Pico de velocidade de crescimento em M3 • Menarca: • 2-3 anos após o início da puberdade • 2-3 anos pós-menarca: anovulatórios e irregulares • Brasil: 12,2 anos / EUA: 12,1 – 12,9 anos ➺ Desenvolvimento de pilosidade pubiana P1 – Ausência de pêlos pubianos. P2 – Crescimento esparso de pêlos finos, curtos, discretamente pigmentados, lisos ou discretamente encaracolados (base do pênis, grandes lábios) P3 – Pêlos mais pigmentados, mais espessos e mais encaracolados, distribuindo-se na região pubiana P4 – Pêlos do tipo adulto, porém em menor quantidade, NÃO atingindo a superfície interna das coxas. P5 – Pêlos adultos em tipo e distribuição, atingindo a superfície interna das coxas. Referências Bibliográficas Consulta do Adolescente: abordagem clínica, orientações éticas e legais como instrumentos ao pediatra - Manual de Orientação - SBP Recomendações dos Departamentos de Adolescência e Bioética da SPSP Ministério da Saúde - Secretaria de atenção à saúde - Departamento de ações programáticas estratégicas - Coordenação-geral de saúde do adolescente e do jovem - Nota técnica Nº 04 Código Penal (Lei no 12.015, 7 de agosto de 2009)- Título VI – Crimes Contra a Dignidade Sexual - Capítulo I – Crimes Contra a Liberdade Sexual Código Penal (Lei no 2.848, 7 de dezembro 1940) - Capítulo VI – Crimes contra a Liberdade Individual: Seção IV – Crimes Contra a Inviolabilidade dos Segredos https://3.bp.blogspot.com/-KG8_DBI8wrE/WNsL2TBlEtI/AAAAAAAAK5s/i3Z5hP_9IaEfAFhlzyrI8wHQ8R-RqjDYQCLcB/s1600/Capa%2BTanner.jpg https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/295795/mod_resource/content/1/port.pdf
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