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Gestão empresarial comunicação e expressão Visão geral da noção de texto: narração 2 ObjetivOs da Unidade de aprendizagem Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de compreen- der o que é narração, as diferenças práticas entre narra- ção e descrição e ser capaz de elaborar uma narração. COmpetênCias Compreensão do conceito de narração e ampliação do repertório. Habilidades Associação dos conceitos de descrição e narração. Reco- nhecimento dos gêneros narração, descrição, disserta- ção. Elaboração de uma narração. comunicação e expressão Visão geral da noção de texto: narração ApresentAção Descrever é basicamente estático: descreve-se um mo- mento, uma situação, um objeto ou um sistema. Narrar é dinâmico: narra-se uma sequência de eventos. Ainda que haja essas diferenças, é comum que se confunda descrição e narração. Esta aula se ocupa das técnicas de narração, úteis ao se apresentar ações sequenciais (como o desenvolvimento de um sistema) muito comuns na prática empresarial. pArA ComeçAr Agora que você já aprendeu o que é texto e sobre as diferenças entre os gêneros: descritivo, narrativo e dissertativo; agora que já sabe como identificar uma descrição, está na hora de conhecer o que é narração e como elaborar uma. O ato de escrever é prazer, diversão. É a sensação de poder, de domínio. Criar gente, fabricar fantasias, inventar cidades, dar vida e dar morte, criar um terremoto ou furacão, fazer o que eu quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar, pren- der uma pessoa, mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: sua sensação divina). — Ignácio de Loyola Brandão As histórias apareceram junto com a linguagem e com a capacidade de simbolizar — a Antropologia utiliza as histórias como ferramenta importante para o estudo de qualquer cultura. As pinturas rupestres nas cavernas pré-históricas, primeira manifestação artística conheci- da, eram formas primitivas de narração existentes de- zenas de milhares de anos antes da invenção da escrita. Escrituras sagradas, como os Vedas da Índia e a própria Bíblia judaico-cristã apresentam grande quantidade de narrativas. As histórias da mitologia greco-romana, os contos de fadas da Europa medieval recolhidos pelos Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 4 Irmãos Grimm, a mitologia brasileira (saci, caipora, negrinho do pastoreio) são exemplos de narrativas. De maneiras diversas, contam histórias e dão forma a fantasias. Atenção Narrar é um ato inerente à natureza do homem. Desde que descobriu o poder de encantamento da palavra, ele deu asas ao pensamento e passou a criar mundos, divindades, crenças. Descrever e narrar são experiências muito próximas, que se misturam e se complementam. Às vezes precisamos introduzir descrições para escla- recer uma história. Outras, contamos histórias para ilustrar uma descri- ção. Lugar, tempo e personagem são elementos típicos da narração, po- rém é relativamente comum utilizarmos a descrição desses dados dentro de uma narração. As narrações se apresentam de diversos estilos, mas alguns elementos presentes em todos eles são: narrador, personagens, ação, tempo e lugar. Leia os textos a seguir: Sopa de Pedras Pedro ia andando por um caminho e sentiu muita fome. Catou umas pedras brancas, de cristal, lavou bem e levou para uma velha cozinhar. É para fazer uma sopa. E como é que se faz? Coisa fácil demais, Sá dona! Refoga as pedras com tempero e sal com alho, cebolinha verde, Tomate. Garra um punhado de macarrão, umas batatas, meia dúzia de ovos, uns pedaços de toicinho e de pele de porco, mistura tudo, deixa ferver, deixa cozinhar. E pronto. A mulher fez. Tudo em ordem, Pedro, só o que tem é que as pedrinhas estão duras. Não tem nada não, Sá dona! Eu como assim mesmo. Bateu bem pra dentro dois pratarros da sopa de pedra, largou as pedrinhas na panela e foi embora, que já estava na hora do homem dela voltar da roça. Quando o marido chegou, que ela contou tudo, tintim por tintim, ele falou: “Mulher burra! Já foi na onda do Pedro”. — Ruth Guimarães, A Saga de Malazarte Tragédia Brasileira Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria Elvira na Lapa, — prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Está- cio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 5 Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa. Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos... Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inte- ligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. — Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira Chapeuzinho Vermelho Uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho foi visitar sua avó que morava distante e estava doente. Sua mãe queria notícias da velha senhora e mandou a filha fazer-lhe uma visita, levando alguns doces. O caminho era longo e passava por uma floresta. Matreiro o Lobo-Mau, dizendo ser o guarda da floresta abordou a menina no caminho, fingindo ser amigo, pois sua intenção era comer a neta e a avó. Ao chegar à casa da avó Chapeuzinho Vermelho foi tomada de surpresa, pois achou-a um tanto diferente de como a conhecia. O Lobo-Mau já tinha comido a velhinha e vestido sua roupa, metendo-se em sua cama esperava para dar o bote final na menina. — Irmãos Grimm — adaptação Como podem verificar, os três exemplos apresentam os elementos bási- cos da narração: narrador, personagens, ação, tempo e espaço. DicAs Quase sempre a narração se baseia em um conflito de in- teresses ou desejos entre as personagens que se dividem em protagonistas e antagonistas. Há também histórias com personagens-auxiliares. Agora vamos nos aprofundar nas características da Narração. FundAmentos Narrar é fundamentalmente contar uma história ou mostrar uma se- quência de eventos encadeados. Essa sequência de ações apresenta Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 6 personagens em tempos e espaços determinados. Os exemplos são mui- tos, da Bíblia às novelas de TV, passando pelas histórias em quadrinhos, notícias na mídia e tantos outros. Na organização, um exemplo de narra- tiva é a ata de reunião, que apresenta todas as características citadas. É possível criar uma narrativa a partir de uma única frase, como “o ôni- bus chegou atrasado” ou “minha sogra ficou avó” (Oswald de Andrade). Existe uma narrativa moderna, a chamada twitteratura, que consiste de microcontos com exatamente 140 caracteres, como: Acordou com gosto de cabo de guarda-chuva na boca. O sonho, de lembrança muito vaga, tinha a ver com alguma situação aborrecida e prosaica. — Twitter bruno_andreoni. É de se notar que há ações, personagens e um narrador, que, ainda que possa não aparecer, sempre existe — as frases têm de ser enunciadas por alguém. No caso da frase de Oswald de Andrade, o narrador é o genro, os per- sonagens, além do próprio genro, são a sogra e o neto, a ação é a passa- gem da situação de não avó para a de avó e o tempo é o passado, marca- do pelo verbo ficarno pretérito perfeito (ficou). Atenção Perguntas respondidas durante a narração: quem, o quê, quando, onde, como, por quê. Alguns itens podem ser verificados na narração: 1. tipOs de disCUrsO Como você já sabe, existe um narrador que conta a história. Ele pode contá-la de duas maneiras: de modo direto ou indireto. No modo direto, o narrador descreve a personagem, apresenta diretamente suas carac- terísticas físicas, psicológicas, ideológicas. No modo indireto, a história é percebida por meio do diálogo; ela é construída. Observe os textos narrativos e perceba a diferença. No 1 Frederico Paciência era aquela solidariedade escandalosa. Trazia nos olhos grandes bem pretos, na boca larga, na musculatura quadrada da peitaria, em principal nas mãos enormes, uma franqueza, uma saúde, uma ausência ruja de segundas intenções. Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 7 E aquela cabelaça pesada, quase azul, numa desordem crespa. Filho de português e de carioca. Não era beleza, era vitória. Ficava impossível a gente não querer bem ele, não concordar com o que ele falava. — Mário de Andrade, Contos Novos No 2 Relicário No baile da Corte Foi o Conde D’Eu quem disse Pra Dona Bemvinda Que farinha de Sururu Pinga de parati Fumo de Baependi É comê bebè pitá e caí — Oswald de Andrade, Poesias Reunidas O texto 1 utiliza a apresentação direta: o narrador diz o que pensa a res- peito da personagem. O texto 2 apresenta as personagens por meio do diálogo (indiretamente) e é necessário construí-las. 2. FOCO narrativO O ato de narrar pressupõe que o narrador tome uma posição em relação ao acontecimento. Ele pode assumir três pontos de vista: a. O narrador participante ou personagem faz parte da história como principal ou secundário. É como se estivesse “dentro” do evento e “vê” as ocorrências de dentro para fora. A narrativa é elaborada em 1a pessoa do singular ou plural. b. O narrador observador apenas efetua um relato dos fatos, registra as ações e o que dizem as personagens. Ocupa o lugar de espectador em uma história vivida por outros. A narrativa, neste caso, é escrita em 3a pessoa. c. O narrador onisciente ou onipresente, uma testemunha invisível que conhece toda a ação e tudo o que os personagens pensam e sentem. 3. OrganizaçãO Você já sabe que as histórias se baseiam em um ou mais conflitos, mas relatá-los não é difícil, afinal fazemos isso o tempo inteiro. Desde mui- to pequenos reproduzimos eventos que nos acontecem. São narrações. Se pensarmos assim, somos grandes contadores de histórias. Ao narrar, exercitamos o relacionamento entre situações e indivíduos que participam Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 8 das nossas vidas. Os elementos fundamentais das nossas narrativas são as personagens e os acontecimentos (as ações). É preciso lembrar que não “contamos” de forma desordenada tudo o que nos acontece: estabelecemos uma ordem, para que nos compreendam. Essa organização do enredo ou tessitura da narrativa pode ser traduzi- da em respostas a perguntas essenciais: o que aconteceu, quem ou com quem, como, onde, quando, por quê. Releia o texto “Tragédia Brasileira”, de Manuel Bandeira. Perceba se res- ponde às perguntas colocadas no parágrafo anterior. Escreva as respostas. O ato de narrar implica em passar de um estado inicial de equilíbrio para um estado de desequilíbrio, que normalmente está representado pelo(s) conflito(s) e, por fim, o equilíbrio é restabelecido, embora de forma diferente daquele inicial. Reveja a “Tragédia Brasileira”: há um equilíbrio inicial representado pelo encontro de Misael e Maria Elvira e pelas ações positivas ou eufóricas resultantes desse encontro. Em seguida, estabelece-se um desequilíbrio, mostrado nas ações negativas ou disfóricas de Maria Elvira para com Mi- sael. Depois de várias tentativas de resolução, o equilíbrio é restabelecido, mas não como o início: as disforias cessam, mas Maria Elvira morre. PAPo técnico A narração está marcada por um estado inicial de equilíbrio que se rompe com a existência de um ou mais conflitos. Após a resolução dos conflitos, o equilíbrio é restabelecido, embora a situação seja diferente da inicial. 4. a estrUtUra dO textO narrativO Normalmente a narração segue uma estrutura formada por apresentação ou introdução, desenvolvimento (também chamado de enredo, entrecho, intriga, complicação, urdidura), clímax e desfecho (conclusão ou desenlace). A introdução é o momento em que se apresentam os personagens e são expostas algumas circunstâncias da história, como tempo e lugar. Evidentemente existem narrativas que não possuem a introdução — são aquelas que começam pela ação, pelo conflito, em pleno desenvolvimen- to. Neste caso, as personagens serão mostradas no decorrer da história. O desenvolvimento é marcado pelo estabelecimento de um ou mais conflitos — o momento da ação, que dá origem às transformações do estado inicial. Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 9 Após essa observação, podemos dizer que os enunciados ocorrem na narrativa de duas maneiras: os de estado e os de ação. Os enunciados de estado são os que estabelecem uma relação de posse ou privação entre um sujeito e um objeto qualquer. a. O agronegócio é exportador [um sujeito (agronegócio) está de posse de um objeto (exportação)]; b. A indústria eletroeletrônica não consegue competir [o sujeito está privado do objeto]. Os enunciados de ação mostram a passagem de um estado inicial para um estado final — há vários exemplos no texto “Tragédia Brasileira”. A frase a seguir é um exemplo interessante que utiliza o mesmo contexto de um dos exemplos de enunciado de estado: A Rússia passou a comprar carne bovina do Brasil. Nessa frase, você deduz que havia uma situação inicial (não exportação) que foi modificada por um sujeito (Rússia) para nova situação (exporta- ção). No caso foi necessária uma ação, representada pelo verbo (comprar). Embora pareça que a narração está associada aos textos ficcionais, não se restringe a eles, como se vê nos exemplos dos parágrafos anteriores. Quando você comunica que a empresa obteve um contrato ou colocará um produto no mercado, utiliza o formato narrativo. Quase tudo é “con- tado”. Evidentemente nem tudo será ação, mas sempre haverá narrador, personagem, tempo e ação/estado. conceito Fazem parte do texto narrativo: uma situação inicial eufó- rica, um ou mais conflitos, o clímax e o desfecho, em que o conflito é resolvido. A resolução do conflito restabelece a calma inicial, porém trata-se de situação nova. O clímax é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento críti- co, tornando inevitável seu desfecho. O desfecho ou desenlace é a solução do conflito produzido pelas ações dos personagens. O equilíbrio é restabelecido e pode haver espaço para uma avaliação de tudo o que foi narrado. Às vezes é inesperado, como aconteceem textos de humor como o da charge mostrada a seguir. Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 10 Não quero fazer como nossas mães, que aprendiam costura e tricô. Somos a geração da liberação, da tecnologia! Também acho! Quando crescer, vou querer uma máquina de tricô eletrônica! 4.1 Tipos de narração Como narramos desde criança, é fácil imaginar que existam vários tipos de narração. Comentaremos os mais comuns, mas eles não se esgotam aqui. Notícia de Jornal No último domingo, sob a acusação de ter tentado furtar dinheiro da Igreja Nossa Senhora do Brasil, no Jardim América, foi detido e encaminhado ao 15o Distrito, o meliante Emílio Santino Alves, de 68 anos que alegou estar fazendo uma oferenda àquela instituição pia. Segundo os fiéis, o sexagenário, aparentemente embriagado, tentava pescar o dízimo arrecadado durante a missa, usando um arame para retirá-lo do cofre. — E. Amaral, et al. Como você pode notar, o texto inicia com uma breve exposição do fato (tentativa de roubo), seguido da prisão do acusado (ação). Alguns fatos podem ser deduzidos pelo leitor, mas estão presentes todas as caracte- rísticas narrativas: há o narrador (repórter), que apresenta, por meio do discurso indireto: → As ações (tentativa de furto e detenção); → O tempo (no último domingo — para saber a que domingo se refere, basta verificar a data do jornal); → As personagens (Emílio Santino, aquele que o deteve, fiéis). Existe aí uma estrutura narrativa: ainda que a notícia não apresente uma sequência de eventos, há aspectos descritivos. De um estado inicial de equilíbrio, acontecido quando Emílio tentava pescar o dinheiro, passou-se a um conflito, quando aquele estado foi modificado pelo aparecimento da Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 11 polícia. Emílio foi preso, e a detenção levou a outro estado de equilíbrio diferente do inicial. O cartum Veja o seguinte exemplo de cartum: http://www.allposters.com/-sp/I-ve- already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_ i9171783_.htm Cartum é uma história divertida contada em um quadro ou uma tira. As charges são cartuns que fazem um comentário ou crítica sobre algo atual. Esse quadro ou tira traz, ainda que muitas vezes de modo não totalmente claro, o processo narrativo em sua inteireza: personagens, ação, estado inicial de equilíbrio. Note que existe um narrador que estabelece dois tempos: o presente, representado no desenho da chegada do pai e do filho diante da TV; e o passado, representado pelos verbos (disse, foi). Está implícito um conflito entre a pergunta (subentendida) do pai e a resposta do filho. O desfecho está na resposta do filho. Poema/Canção Poemas e canções podem comportar narrativas quando ajustam a conci- são às informações necessárias a esse gênero: Valsinha Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar Olhou-a dum jeito mais quente do que comumente costumava olhar E não falou mal da poesia como mania sua de falar E nem deixou-a só num canto; pra seu grande espanto disse: vamos nos amar... Aí ela se recordou do tempo em que saíam para namorar E pôs seu vestido dourado cheirando a guardado de tanto esperar Depois os dois deram-se os braços como a gente antiga costumava dar E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a bailar... E logo toda a vizinhança ao som daquela dança foi e despertou E veio para a praça escura, e muita gente jura que se iluminou. E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouviam mais Que o mundo compreendeu E o dia amanheceu em paz. — Vinicius de Moraes, Chico Buarque Observe que todos os elementos narrativos estão aí presentes. Encontre- -os, escreva-os e comente. Procure outro poema e faça o mesmo. http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 12 DicA Experimente narrar uma história amorosa e uma de terror. Elabore conflitos. Observe personagens e tempo. Se pos- sível, descreva o local. Não se esqueça de que o clímax e o desfecho são muito importantes. Fábula Fábulas são narrações de caráter alegórico que possuem um preceito mo- ral. Caracterizam-se pela linguagem simples que, no entanto, articulam um universo complexo, embora fantasioso. A Raposa e as Uvas Uma raposa, morta de fome, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas grades de uma viçosa videira, alguns cachos de uvas negras e maduras. Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu. Por fim, deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada disse: “olhando com mais atenção, percebo agora que as uvas estão todas estragadas, e não maduras como eu imaginei a princípio”. Moral da História: é mais fácil desprezar o que não se pode obter. — Esopo Veja que todos os elementos da narração estão presentes. Assim como a fábula, os contos de fadas e as chamadas histórias da carochinha são narrativas. Narração organizacional Todos os dias as crianças da Creche-Escola tiveram aulas regidas pelas professoras cedidas através de convênio, com o apoio de duas dinamizadoras e uma orientado- ra psicopedagógica. Após o almoço as crianças faziam a sesta de uma hora e meia. À tarde, as crianças, ainda com as monitoras, receberam orientações socioeducati- vas, reforço escolar, lazer interno, muitos momentos lúdicos dirigidos à sociabilidade, orientação e exercício de higiene pessoal e ambiental, músicas e outros temas contidos no currículo escolar. — Relatório de atividades do Centro Comunitário São Lucas, DF. Embora de maneira diferente, pois não se trata de ficção, a narrativa orga- nizacional também conta um fato, um evento, um acontecimento. Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 13 Estrutura da Narração O esquema a seguir mostra que a narrativa envolve uma complexidade bem maior do que percebemos quando contamos nossas histórias. Tal estrutura é inerente à narrativa, qualquer que seja sua origem. a história Equilíbrio inicial Ação/ conflito Desfecho Novo equilíbrio Tempo Espaço Personagens narrador Discurso Direto Indireto Foco narrativo Participante ou Personagem Observador Onisciente O esquema difere a História do Narrador e explicita: → Toda história começa com um equilíbrio inicial, parte para a ação/ conflito até seu desfecho se instaurando então umnovo equilíbrio; → Ela envolve tempo, espaço e personagens; → O narrador pode utilizar o discurso direto ou indireto; → Seu foco narrativo pode ser participante ou personagem, um obser- vador ou ser onisciente. Figura 1. Estrutura de Narração. Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce Mah e Van Realce antena pArAbóliCA Até o final dos anos 50, as narrativas em jornais eram feitas em estilo rebuscado e não havia muito empenho em verificar as fontes e confirmar as histórias. Em um pequeno jornal do Rio, o Diário Carioca, uma equipe que incluía professores da Universidade do Brasil (que hoje é a UFRJ) efetuou uma verdadeira revolução e implantou a linguagem jornalística de hoje. Em alguns anos, aque- la equipe, capitaneada por Danton Jobim e Pompeu de Souza, mudou-se para o Jornal do Brasil. Só no início da década de 70 os outros grandes jornais do Rio de Janeiro (como O Globo) e de São Paulo (O Estado de S. Paulo, a Fo- lha de S. Paulo) — logo seguidos pela imprensa de todo o País — adotariam algumas das normas de redação e narrativa lançadas pelo Diário Carioca e fixadas no Jornal do Brasil. Curiosamente, o antigo estilo de narrativa subsiste em colunas sociais de jornais interioranos. Deve ser evitado com cuidado profissionais de qualquer área que escre- vam quando do exercício de suas funções. Lembre-se A narração está presente em situações co- tidianas e sua utilização é tão comum que não nos damos conta que a estamos pra- ticando. É empregada nas organizações para expor fatos, propor serviços, infor- mar sobre ocorrências, mostrar resultados após ações. e AgorA, José? Agora que você já sabe o que é texto e conhece o gêne- ro “narração”, é o momento de dar outro passo. Você aprenderá na próxima aula o que é uma dissertação e como elaborá-la. Boa sorte! Mah e Van Realce Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 15 glossário Antropológico: (do grego anthropos, “ho- mem”, e logos, “razão”/“pensamento”) é a ciência preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, que abrange todas as suas dimensões. A antropologia como ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de investigação extremamente vasto: abrange todas as po- pulações socialmente organizadas. Eufórico: termo que serve para designar situa- ções e sentimentos positivo. Disfórico: oposto de eufórico. Enunciado: tudo que se diz ou escreve ante- riormente a qualquer análise linguística ou lógica. reFerênCiAs AMARAL, E.; SEVERINO, A.; PATROCÍNIO, M. F. Português: Redação, gramática, litera- tura e Interpretação de Texto. São Paulo: Nova Cultural, Círculo do Livro, 1999. SCIPIONI, U. Do Texto ao Texto – Curso prá- tico de leitura e redação. São Paulo: Sci- pioni, 2006. FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para Entender o Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Áti- ca, 2009. Relatório de atividades do Centro Comu- nitário São Lucas. Distrito Federal, 2007. Disponível em: www.cecosal.org.br/site/ imagens/.../RELATORIO_ATIV_2007.doc. Acesso setembro de 2010. http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_grega http://pt.wiktionary.org/wiki/antropo http://pt.wikipedia.org/wiki/Raz%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Homem http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanidade http://www.cecosal.org.br/site/imagens/.../RELATORIO_ATIV_2007.doc http://www.cecosal.org.br/site/imagens/.../RELATORIO_ATIV_2007.doc
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