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COM002 UA02 Visão geral da noção de texto - Narração - Apostila

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Prévia do material em texto

Gestão empresarial
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: narração
2
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de compreen-
der o que é narração, as diferenças práticas entre narra-
ção e descrição e ser capaz de elaborar uma narração.
COmpetênCias 
Compreensão do conceito de narração e ampliação do 
repertório.
Habilidades 
Associação dos conceitos de descrição e narração. Reco-
nhecimento dos gêneros narração, descrição, disserta-
ção. Elaboração de uma narração.
comunicação e expressão
Visão geral da noção 
de texto: narração
ApresentAção
Descrever é basicamente estático: descreve-se um mo-
mento, uma situação, um objeto ou um sistema. Narrar 
é dinâmico: narra-se uma sequência de eventos. Ainda 
que haja essas diferenças, é comum que se confunda 
descrição e narração. Esta aula se ocupa das técnicas 
de narração, úteis ao se apresentar ações sequenciais 
(como o desenvolvimento de um sistema) muito comuns 
na prática empresarial.
pArA ComeçAr
Agora que você já aprendeu o que é texto e sobre as 
diferenças entre os gêneros: descritivo, narrativo e 
dissertativo; agora que já sabe como identificar uma 
descrição, está na hora de conhecer o que é narração 
e como elaborar uma.
O ato de escrever é prazer, diversão. É a sensação de poder, de 
domínio. Criar gente, fabricar fantasias, inventar cidades, dar 
vida e dar morte, criar um terremoto ou furacão, fazer o que eu 
quiser. Escrever é um jogo, brincadeira. Conseguir segurar, pren-
der uma pessoa, mantê-la atrelada a si (é o leitor diante do livro: 
sua sensação divina).
— Ignácio de Loyola Brandão
As histórias apareceram junto com a linguagem e com 
a capacidade de simbolizar — a Antropologia utiliza as 
histórias como ferramenta importante para o estudo 
de qualquer cultura. As pinturas rupestres nas cavernas 
pré-históricas, primeira manifestação artística conheci-
da, eram formas primitivas de narração existentes de-
zenas de milhares de anos antes da invenção da escrita. 
Escrituras sagradas, como os Vedas da Índia e a própria 
Bíblia judaico-cristã apresentam grande quantidade de 
narrativas. As histórias da mitologia greco-romana, os 
contos de fadas da Europa medieval recolhidos pelos 
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Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 4
Irmãos Grimm, a mitologia brasileira (saci, caipora, negrinho do pastoreio) 
são exemplos de narrativas. De maneiras diversas, contam histórias e dão 
forma a fantasias.
Atenção
Narrar é um ato inerente à natureza do homem. Desde que 
descobriu o poder de encantamento da palavra, ele deu 
asas ao pensamento e passou a criar mundos, divindades, 
crenças.
Descrever e narrar são experiências muito próximas, que se misturam e 
se complementam. Às vezes precisamos introduzir descrições para escla-
recer uma história. Outras, contamos histórias para ilustrar uma descri-
ção. Lugar, tempo e personagem são elementos típicos da narração, po-
rém é relativamente comum utilizarmos a descrição desses dados dentro 
de uma narração.
As narrações se apresentam de diversos estilos, mas alguns elementos 
presentes em todos eles são: narrador, personagens, ação, tempo e lugar.
Leia os textos a seguir:
Sopa de Pedras
Pedro ia andando por um caminho e sentiu muita fome. Catou umas pedras brancas, 
de cristal, lavou bem e levou para uma velha cozinhar. É para fazer uma sopa. E como 
é que se faz? Coisa fácil demais, Sá dona! Refoga as pedras com tempero e sal com 
alho, cebolinha verde, Tomate. Garra um punhado de macarrão, umas batatas, meia 
dúzia de ovos, uns pedaços de toicinho e de pele de porco, mistura tudo, deixa ferver, 
deixa cozinhar. E pronto. A mulher fez. Tudo em ordem, Pedro, só o que tem é que as 
pedrinhas estão duras. Não tem nada não, Sá dona! Eu como assim mesmo. Bateu 
bem pra dentro dois pratarros da sopa de pedra, largou as pedrinhas na panela e 
foi embora, que já estava na hora do homem dela voltar da roça. Quando o marido 
chegou, que ela contou tudo, tintim por tintim, ele falou: “Mulher burra! Já foi na onda 
do Pedro”.
— Ruth Guimarães, A Saga de Malazarte
Tragédia Brasileira
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria Elvira na Lapa, 
— prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em 
petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Está-
cio, pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria 
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Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não queria 
escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de 
casa. Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael 
mudava de casa. Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, 
Olaria, Ramos, Bonsucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, 
Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, 
Inválidos... Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inte-
ligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, 
vestida de organdi azul.
— Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira
Chapeuzinho Vermelho
Uma menina chamada Chapeuzinho Vermelho foi visitar sua avó que morava distante 
e estava doente. Sua mãe queria notícias da velha senhora e mandou a filha fazer-lhe 
uma visita, levando alguns doces. O caminho era longo e passava por uma floresta. 
Matreiro o Lobo-Mau, dizendo ser o guarda da floresta abordou a menina no caminho, 
fingindo ser amigo, pois sua intenção era comer a neta e a avó. Ao chegar à casa da 
avó Chapeuzinho Vermelho foi tomada de surpresa, pois achou-a um tanto diferente 
de como a conhecia. O Lobo-Mau já tinha comido a velhinha e vestido sua roupa, 
metendo-se em sua cama esperava para dar o bote final na menina.
— Irmãos Grimm — adaptação
Como podem verificar, os três exemplos apresentam os elementos bási-
cos da narração: narrador, personagens, ação, tempo e espaço.
DicAs
Quase sempre a narração se baseia em um conflito de in-
teresses ou desejos entre as personagens que se dividem 
em protagonistas e antagonistas. Há também histórias com 
personagens-auxiliares.
Agora vamos nos aprofundar nas características da Narração.
FundAmentos
Narrar é fundamentalmente contar uma história ou mostrar uma se-
quência de eventos encadeados. Essa sequência de ações apresenta 
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Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 6
personagens em tempos e espaços determinados. Os exemplos são mui-
tos, da Bíblia às novelas de TV, passando pelas histórias em quadrinhos, 
notícias na mídia e tantos outros. Na organização, um exemplo de narra-
tiva é a ata de reunião, que apresenta todas as características citadas.
É possível criar uma narrativa a partir de uma única frase, como “o ôni-
bus chegou atrasado” ou “minha sogra ficou avó” (Oswald de Andrade). 
Existe uma narrativa moderna, a chamada twitteratura, que consiste de 
microcontos com exatamente 140 caracteres, como:
Acordou com gosto de cabo de guarda-chuva na boca. O sonho, de lembrança muito 
vaga, tinha a ver com alguma situação aborrecida e prosaica.
— Twitter bruno_andreoni.
É de se notar que há ações, personagens e um narrador, que, ainda que 
possa não aparecer, sempre existe — as frases têm de ser enunciadas 
por alguém.
No caso da frase de Oswald de Andrade, o narrador é o genro, os per-
sonagens, além do próprio genro, são a sogra e o neto, a ação é a passa-
gem da situação de não avó para a de avó e o tempo é o passado, marca-
do pelo verbo ficarno pretérito perfeito (ficou).
Atenção
Perguntas respondidas durante a narração: quem, o quê, 
quando, onde, como, por quê.
Alguns itens podem ser verificados na narração:
1. tipOs de disCUrsO
Como você já sabe, existe um narrador que conta a história. Ele pode 
contá-la de duas maneiras: de modo direto ou indireto. No modo direto, 
o narrador descreve a personagem, apresenta diretamente suas carac-
terísticas físicas, psicológicas, ideológicas. No modo indireto, a história é 
percebida por meio do diálogo; ela é construída.
Observe os textos narrativos e perceba a diferença.
No 1
Frederico Paciência era aquela solidariedade escandalosa. Trazia nos olhos grandes 
bem pretos, na boca larga, na musculatura quadrada da peitaria, em principal nas 
mãos enormes, uma franqueza, uma saúde, uma ausência ruja de segundas intenções. 
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Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 7
E aquela cabelaça pesada, quase azul, numa desordem crespa. Filho de português e 
de carioca. Não era beleza, era vitória. Ficava impossível a gente não querer bem ele, 
não concordar com o que ele falava.
— Mário de Andrade, Contos Novos
No 2
Relicário
No baile da Corte
Foi o Conde D’Eu quem disse
Pra Dona Bemvinda
Que farinha de Sururu
Pinga de parati
Fumo de Baependi
É comê bebè pitá e caí
— Oswald de Andrade, Poesias Reunidas
O texto 1 utiliza a apresentação direta: o narrador diz o que pensa a res-
peito da personagem. O texto 2 apresenta as personagens por meio do 
diálogo (indiretamente) e é necessário construí-las.
2. FOCO narrativO
O ato de narrar pressupõe que o narrador tome uma posição em relação 
ao acontecimento. Ele pode assumir três pontos de vista:
a. O narrador participante ou personagem faz parte da história como 
principal ou secundário. É como se estivesse “dentro” do evento e 
“vê” as ocorrências de dentro para fora. A narrativa é elaborada em 
1a pessoa do singular ou plural.
b. O narrador observador apenas efetua um relato dos fatos, registra as 
ações e o que dizem as personagens. Ocupa o lugar de espectador 
em uma história vivida por outros. A narrativa, neste caso, é escrita 
em 3a pessoa.
c. O narrador onisciente ou onipresente, uma testemunha invisível que 
conhece toda a ação e tudo o que os personagens pensam e sentem.
3. OrganizaçãO
Você já sabe que as histórias se baseiam em um ou mais conflitos, mas 
relatá-los não é difícil, afinal fazemos isso o tempo inteiro. Desde mui-
to pequenos reproduzimos eventos que nos acontecem. São narrações. 
Se pensarmos assim, somos grandes contadores de histórias. Ao narrar, 
exercitamos o relacionamento entre situações e indivíduos que participam 
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das nossas vidas. Os elementos fundamentais das nossas narrativas são 
as personagens e os acontecimentos (as ações).
É preciso lembrar que não “contamos” de forma desordenada tudo o que 
nos acontece: estabelecemos uma ordem, para que nos compreendam.
Essa organização do enredo ou tessitura da narrativa pode ser traduzi-
da em respostas a perguntas essenciais: o que aconteceu, quem ou com 
quem, como, onde, quando, por quê.
Releia o texto “Tragédia Brasileira”, de Manuel Bandeira. Perceba se res-
ponde às perguntas colocadas no parágrafo anterior. Escreva as respostas.
O ato de narrar implica em passar de um estado inicial de equilíbrio 
para um estado de desequilíbrio, que normalmente está representado 
pelo(s) conflito(s) e, por fim, o equilíbrio é restabelecido, embora de forma 
diferente daquele inicial.
Reveja a “Tragédia Brasileira”: há um equilíbrio inicial representado 
pelo encontro de Misael e Maria Elvira e pelas ações positivas ou eufóricas 
resultantes desse encontro. Em seguida, estabelece-se um desequilíbrio, 
mostrado nas ações negativas ou disfóricas de Maria Elvira para com Mi-
sael. Depois de várias tentativas de resolução, o equilíbrio é restabelecido, 
mas não como o início: as disforias cessam, mas Maria Elvira morre.
PAPo técnico
A narração está marcada por um estado inicial de equilíbrio 
que se rompe com a existência de um ou mais conflitos. 
Após a resolução dos conflitos, o equilíbrio é restabelecido, 
embora a situação seja diferente da inicial.
4. a estrUtUra dO textO narrativO
Normalmente a narração segue uma estrutura formada por apresentação 
ou introdução, desenvolvimento (também chamado de enredo, entrecho, 
intriga, complicação, urdidura), clímax e desfecho (conclusão ou desenlace).
A introdução é o momento em que se apresentam os personagens e 
são expostas algumas circunstâncias da história, como tempo e lugar. 
Evidentemente existem narrativas que não possuem a introdução — são 
aquelas que começam pela ação, pelo conflito, em pleno desenvolvimen-
to. Neste caso, as personagens serão mostradas no decorrer da história.
O desenvolvimento é marcado pelo estabelecimento de um ou mais 
conflitos — o momento da ação, que dá origem às transformações do 
estado inicial.
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Após essa observação, podemos dizer que os enunciados ocorrem na 
narrativa de duas maneiras: os de estado e os de ação. Os enunciados de 
estado são os que estabelecem uma relação de posse ou privação entre 
um sujeito e um objeto qualquer.
a. O agronegócio é exportador [um sujeito (agronegócio) está de posse 
de um objeto (exportação)];
b. A indústria eletroeletrônica não consegue competir [o sujeito está 
privado do objeto].
Os enunciados de ação mostram a passagem de um estado inicial para 
um estado final — há vários exemplos no texto “Tragédia Brasileira”. A 
frase a seguir é um exemplo interessante que utiliza o mesmo contexto 
de um dos exemplos de enunciado de estado:
A Rússia passou a comprar carne bovina do Brasil.
Nessa frase, você deduz que havia uma situação inicial (não exportação) 
que foi modificada por um sujeito (Rússia) para nova situação (exporta-
ção). No caso foi necessária uma ação, representada pelo verbo (comprar).
Embora pareça que a narração está associada aos textos ficcionais, não 
se restringe a eles, como se vê nos exemplos dos parágrafos anteriores. 
Quando você comunica que a empresa obteve um contrato ou colocará 
um produto no mercado, utiliza o formato narrativo. Quase tudo é “con-
tado”. Evidentemente nem tudo será ação, mas sempre haverá narrador, 
personagem, tempo e ação/estado.
conceito
Fazem parte do texto narrativo: uma situação inicial eufó-
rica, um ou mais conflitos, o clímax e o desfecho, em que 
o conflito é resolvido. A resolução do conflito restabelece a 
calma inicial, porém trata-se de situação nova.
O clímax é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento críti-
co, tornando inevitável seu desfecho.
O desfecho ou desenlace é a solução do conflito produzido pelas 
ações dos personagens. O equilíbrio é restabelecido e pode haver espaço 
para uma avaliação de tudo o que foi narrado. Às vezes é inesperado, 
como aconteceem textos de humor como o da charge mostrada a seguir.
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Não quero fazer como nossas mães, 
que aprendiam costura e tricô. 
Somos a geração da liberação, 
da tecnologia! Também acho! 
Quando crescer, vou querer uma 
máquina de tricô eletrônica!
4.1 Tipos de narração
Como narramos desde criança, é fácil imaginar que existam vários tipos de 
narração. Comentaremos os mais comuns, mas eles não se esgotam aqui.
Notícia de Jornal
No último domingo, sob a acusação de ter tentado furtar dinheiro da Igreja Nossa 
Senhora do Brasil, no Jardim América, foi detido e encaminhado ao 15o Distrito, o 
meliante Emílio Santino Alves, de 68 anos que alegou estar fazendo uma oferenda 
àquela instituição pia. Segundo os fiéis, o sexagenário, aparentemente embriagado, 
tentava pescar o dízimo arrecadado durante a missa, usando um arame para retirá-lo 
do cofre.
— E. Amaral, et al.
Como você pode notar, o texto inicia com uma breve exposição do fato 
(tentativa de roubo), seguido da prisão do acusado (ação). Alguns fatos 
podem ser deduzidos pelo leitor, mas estão presentes todas as caracte-
rísticas narrativas: há o narrador (repórter), que apresenta, por meio do 
discurso indireto:
 → As ações (tentativa de furto e detenção);
 → O tempo (no último domingo — para saber a que domingo se refere, 
basta verificar a data do jornal);
 → As personagens (Emílio Santino, aquele que o deteve, fiéis).
Existe aí uma estrutura narrativa: ainda que a notícia não apresente uma 
sequência de eventos, há aspectos descritivos. De um estado inicial de 
equilíbrio, acontecido quando Emílio tentava pescar o dinheiro, passou-se 
a um conflito, quando aquele estado foi modificado pelo aparecimento da 
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Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 11
polícia. Emílio foi preso, e a detenção levou a outro estado de equilíbrio 
diferente do inicial.
O cartum
Veja o seguinte exemplo de cartum: http://www.allposters.com/-sp/I-ve-
already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_
i9171783_.htm
Cartum é uma história divertida contada em um quadro ou uma tira. As 
charges são cartuns que fazem um comentário ou crítica sobre algo atual. 
Esse quadro ou tira traz, ainda que muitas vezes de modo não totalmente 
claro, o processo narrativo em sua inteireza: personagens, ação, estado 
inicial de equilíbrio.
Note que existe um narrador que estabelece dois tempos: o presente, 
representado no desenho da chegada do pai e do filho diante da TV; e o 
passado, representado pelos verbos (disse, foi). Está implícito um conflito 
entre a pergunta (subentendida) do pai e a resposta do filho. O desfecho 
está na resposta do filho.
Poema/Canção
Poemas e canções podem comportar narrativas quando ajustam a conci-
são às informações necessárias a esse gênero:
Valsinha
Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito mais quente do que comumente costumava olhar
E não falou mal da poesia como mania sua de falar
E nem deixou-a só num canto; pra seu grande espanto disse: vamos nos amar...
Aí ela se recordou do tempo em que saíam para namorar
E pôs seu vestido dourado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como a gente antiga costumava dar
E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a bailar...
E logo toda a vizinhança ao som daquela dança foi e despertou
E veio para a praça escura, e muita gente jura que se iluminou.
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouviam mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu em paz.
— Vinicius de Moraes, Chico Buarque
Observe que todos os elementos narrativos estão aí presentes. Encontre-
-os, escreva-os e comente. Procure outro poema e faça o mesmo.
http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm
http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm
http://www.allposters.com/-sp/I-ve-already-told-Mom-about-my-day-ask-her-New-Yorker-Cartoon-Posters_i9171783_.htm
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DicA
Experimente narrar uma história amorosa e uma de terror. 
Elabore conflitos. Observe personagens e tempo. Se pos-
sível, descreva o local. Não se esqueça de que o clímax e o 
desfecho são muito importantes.
Fábula
Fábulas são narrações de caráter alegórico que possuem um preceito mo-
ral. Caracterizam-se pela linguagem simples que, no entanto, articulam 
um universo complexo, embora fantasioso.
A Raposa e as Uvas
Uma raposa, morta de fome, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas 
grades de uma viçosa videira, alguns cachos de uvas negras e maduras.
Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam 
fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu.
Por fim, deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada 
disse: “olhando com mais atenção, percebo agora que as uvas estão todas estragadas, 
e não maduras como eu imaginei a princípio”.
Moral da História: é mais fácil desprezar o que não se pode obter.
— Esopo
Veja que todos os elementos da narração estão presentes. Assim como 
a fábula, os contos de fadas e as chamadas histórias da carochinha são 
narrativas.
Narração organizacional
Todos os dias as crianças da Creche-Escola tiveram aulas regidas pelas professoras 
cedidas através de convênio, com o apoio de duas dinamizadoras e uma orientado-
ra psicopedagógica. Após o almoço as crianças faziam a sesta de uma hora e meia. 
À tarde, as crianças, ainda com as monitoras, receberam orientações socioeducati-
vas, reforço escolar, lazer interno, muitos momentos lúdicos dirigidos à sociabilidade, 
orientação e exercício de higiene pessoal e ambiental, músicas e outros temas contidos 
no currículo escolar.
— Relatório de atividades do Centro Comunitário São Lucas, DF.
Embora de maneira diferente, pois não se trata de ficção, a narrativa orga-
nizacional também conta um fato, um evento, um acontecimento.
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Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 13
Estrutura da Narração
O esquema a seguir mostra que a narrativa envolve uma complexidade 
bem maior do que percebemos quando contamos nossas histórias. Tal 
estrutura é inerente à narrativa, qualquer que seja sua origem.
a história
Equilíbrio 
inicial
Ação/ 
conflito Desfecho
Novo 
equilíbrio
Tempo
Espaço
Personagens
narrador
Discurso
Direto
Indireto
Foco narrativo
Participante ou Personagem
Observador
Onisciente
O esquema difere a História do Narrador e explicita:
 → Toda história começa com um equilíbrio inicial, parte para a ação/
conflito até seu desfecho se instaurando então umnovo equilíbrio;
 → Ela envolve tempo, espaço e personagens;
 → O narrador pode utilizar o discurso direto ou indireto;
 → Seu foco narrativo pode ser participante ou personagem, um obser-
vador ou ser onisciente.
Figura 1. Estrutura 
de Narração.
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
Mah e Van
Realce
antena 
pArAbóliCA
Até o final dos anos 50, as narrativas em jornais eram 
feitas em estilo rebuscado e não havia muito empenho 
em verificar as fontes e confirmar as histórias. Em um 
pequeno jornal do Rio, o Diário Carioca, uma equipe que 
incluía professores da Universidade do Brasil (que hoje 
é a UFRJ) efetuou uma verdadeira revolução e implantou 
a linguagem jornalística de hoje. Em alguns anos, aque-
la equipe, capitaneada por Danton Jobim e Pompeu de 
Souza, mudou-se para o Jornal do Brasil. Só no início da 
década de 70 os outros grandes jornais do Rio de Janeiro 
(como O Globo) e de São Paulo (O Estado de S. Paulo, a Fo-
lha de S. Paulo) — logo seguidos pela imprensa de todo 
o País — adotariam algumas das normas de redação e 
narrativa lançadas pelo Diário Carioca e fixadas no Jornal 
do Brasil.
Curiosamente, o antigo estilo de narrativa subsiste em 
colunas sociais de jornais interioranos. Deve ser evitado 
com cuidado profissionais de qualquer área que escre-
vam quando do exercício de suas funções.
Lembre-se
A narração está presente em situações co-
tidianas e sua utilização é tão comum que 
não nos damos conta que a estamos pra-
ticando. É empregada nas organizações 
para expor fatos, propor serviços, infor-
mar sobre ocorrências, mostrar resultados 
após ações.
e AgorA, José?
Agora que você já sabe o que é texto e conhece o gêne-
ro “narração”, é o momento de dar outro passo. Você 
aprenderá na próxima aula o que é uma dissertação e 
como elaborá-la. Boa sorte!
Mah e Van
Realce
Comunicação e Expressão / UA 02 Visão Geral da Noção de Texto: Narração 15
glossário
Antropológico: (do grego anthropos, “ho-
mem”, e logos, “razão”/“pensamento”) é a 
ciência preocupada em estudar o homem e 
a humanidade de maneira totalizante, ou 
seja, que abrange todas as suas dimensões. 
A antropologia como ciência da humanidade 
e da cultura, tem um campo de investigação 
extremamente vasto: abrange todas as po-
pulações socialmente organizadas.
Eufórico: termo que serve para designar situa-
ções e sentimentos positivo.
Disfórico: oposto de eufórico.
Enunciado: tudo que se diz ou escreve ante-
riormente a qualquer análise linguística ou 
lógica.
reFerênCiAs
AMARAL, E.; SEVERINO, A.; PATROCÍNIO, M. F. 
 Português: Redação, gramática, litera-
tura e Interpretação de Texto. São Paulo: 
Nova Cultural, Círculo do Livro, 1999.
SCIPIONI, U. Do Texto ao Texto – Curso prá-
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Texto: Leitura e Redação. São Paulo: Áti-
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Disponível em: www.cecosal.org.br/site/
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Acesso setembro de 2010.
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