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Teoria Geral do Direito Constitucional Direitos e garantias fundamentais Prof. Me. Alexandre Guimarães Melatti Unidade de Ensino: 03 Competência da Unidade: Adquirir uma visão holística sobre o conjunto de direitos e garantias fundamentais estabelecido pelo texto constitucional vigente, compreendendo suas características essenciais e desdobramentos práticos e jurídicos. Resumo: A partir da classificação dos direitos fundamentais, pela perspectiva geracional, analisaremos os principais direitos e garantias fundamentais, em espécie, bem como trataremos dos remédios constitucionais: habeas corpus, MS, habeas data, mandado de injunção e ação popular. Palavras-chave: Direitos fundamentais; remédios constitucionais; garantias fundamentais Título da Teleaula: Direitos e garantias fundamentais Teleaula nº: 03 Contextualização • O que é a perspectiva geracional dos direitos e garantias fundamentais? • Quais são os principais direitos e garantias fundamentais? • O que são remédios constitucionais? • Quais são os remédios constitucionais? Evolução dos Direitos Fundamentais Introdução Os direitos humanos são aqueles que pertencem ao homem universalmente considerado, independente do ordenamento jurídico em que se insere ou de qualquer delimitação geográfica. Os direitos fundamentais, por sua vez, são os reconhecidos como tais no ordenamento jurídico de determinado Estado. Introdução A CF/88, em seu título II, classifica o gênero direitos e garantias fundamentais em importantes grupos, a saber: • direitos e deveres individuais e coletivos; • direitos sociais; • direitos de nacionalidade; • direitos políticos; • partidos políticos. Dimensões 1ª dimensão: • surgiram no século XVIII; direitos negativos - “não fazer” por parte do Estado; direitos civis, especialmente aqueles ligados à propriedade, e aos direitos políticos, com ênfase na participação política. 2ª dimensão: • século XX; pressões decorrentes do processo de industrialização crescente; o agravamento das disparidades sociais e o surgimento do Estado Social; direitos correlatos à igualdade, tais como os direitos sociais, culturais e econômicos. Dimensões 3ª dimensão: • século XX; caráter difuso, ou seja, coletivo, quando o indivíduo deixa de ser considerado isoladamente para que a coletividade ganhe espaço; o ligados à fraternidade e à solidariedade; preservação do meio ambiente, à proteção do patrimônio histórico e cultural, à paz, ao progresso e ao desenvolvimento. 4ª dimensão: • século XX; ligados à democracia à informação e ao pluralismo jurídico; ligada à noção de máxima universalidade; Dimensões 5ª dimensão: • Congresso Ibero-americano de Direito Constitucional- 2006; • a paz foi consagrada como direito fundamental da 5ª dimensão; • instrumentos de direito internacional asseveram a importância e a necessidade do reconhecimento da paz; • Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 • Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos de 1966 Direitos Fundamentais Características Historicidade: • possuem caráter histórico, nascendo com o cristianismo, passando pelas diversas revoluções e chegando aos dias atuais; universalidade: • destinam-se, de modo indiscriminado, a todos os seres humanos. Características Limitabilidade: • os direitos fundamentais não são absolutos (relatividade), havendo, muitas vezes, no caso concreto, confronto, conflito de interesses. • A solução ou vem discriminada na própria Constituição (ex.: direito de propriedade versus desapropriação), ou caberá ao intérprete, ou magistrado, no caso concreto, decidir qual direito deverá prevalecer, levando em consideração a regra da máxima observância dos direitos fundamentais envolvidos, conjugando-a com a sua mínima restrição; Características concorrência: • podem ser exercidos cumulativamente, quando, por exemplo, o jornalista transmite uma notícia (direito de informação) e, ao mesmo tempo, emite uma opinião (direito de opinião); irrenunciabilidade: • o que pode ocorrer é o seu não exercício, mas nunca a sua renunciabilidade. Características inalienabilidade: • como são conferidos a todos, são indisponíveis; não se pode aliená-los por não terem conteúdo econômico-patrimonial; Imprescritibilidade: • os direitos fundamentais não prescrevem com o decurso do tempo. Eles são permanentes. Nunca deixarão de existir. • A prescrição somente compreende os direitos de caráter patrimonial, sem atingir a exigibilidade dos direitos personalíssimos, tais como os direitos fundamentais Dimensões dos direitos fundamentais Descrição da situação-problema Considerando os direitos fundamentais, especificamente o direito fundamental à SAÚDE, previsto pelo artigo 6º do texto constitucional. Considerando a evolução dos direitos fundamentais ao longo da história, questiona- se: ▪ Em qual dimensão dos direitos fundamentais inclui-se o direito à saúde previsto pela CF/88? Resolução da situação-problema O direito à SAÚDE (art. 6º CF/88-direito social), corresponde a uma prestação positiva, a um dever de adotar postura ativa por parte do Estado, para que possa ser implementado e efetivado na prática. Podemos compreendê-lo como: 2ª DIMENSÃO. Direitos e garantias fundamentais em espécie Direitos e Garantias fundamentais Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos através dos quais se assegura o exercício dos aludidos direitos (preventivamente) ou prontamente os repara, caso violados. • Já a diferença entre garantias fundamentais e remédios constitucionais é que estes últimos são espécie do gênero garantia. Abrangência (titularidade) dos direitos e garantias fundamentais O art. 5.º, caput, da CF/88 estabelece que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos dos seus 78 incisos e parágrafos. Abrangência (titularidade) dos direitos e garantias fundamentais O caput do art. 5.º faz referência expressa somente a brasileiros (natos ou naturalizados, já que não os diferencia) e a estrangeiros residentes no País. • Contudo, a esses destinatários expressos, a doutrina e o STF vêm acrescentando, mediante interpretação sistemática, os estrangeiros não residentes (por exemplo, turistas), os apátridas e as pessoas jurídicas (inclusive as de direito público). Direitos Fundamentais individuais e coletivos Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à VIDA, à LIBERDADE, à IGUALDADE, à SEGURANÇA e à PROPRIEDADE, nos termos seguintes: (+ 78 incisos) Direitos Fundamentais individuais e coletivos NÚCLEOS FUNDAMENTAIS: • VIDA • LIBERDADE • IGUALDADE • SEGURANÇA • PROPRIEDADE Desdobramentos e garantias (78 incisos) Direitos Sociais GERAIS (art. 6º): •educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados Direitos Sociais TRABALHADORES | COLETIVO (arts. 8º a 11): • greve, representação sindical, participação e representação nas empresas, etc. TRABALHADORES | INDIVIDUAL (art. 7º): • FGTS, seguro-desemprego, salário mínimo, 13º salário, adicional noturno, descanso semanal remunerado, etc. Remédios constitucionais Remédios Constitucionais “Meios postos à disposição dos indivíduos e cidadãos para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando sanar, corrigir, ilegalidade e abuso de poder em prejuízo de direitos e interesses individuais” (José A. da Silva) Remédios Constitucionais Art. 5º: • HABEAS CORPUS (LXVIII) • MANDADO DE SEGURANÇA (LXIX e LXX) • MANDADO DE INJUNÇÃO (LXXI) • HABEAS DATA (LXXII) • AÇÃOPOPULAR (LXXIII) Habeas Corpus Esse remédio visa proteger o direito de locomoção e é gratuito. A Constituição Federal, em seu artigo 5º, inciso LXVIII, prevê que “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Poderá ser impetrado por qualquer pessoa, nacional ou estrangeira, em benefício próprio ou de terceiros, devendo seguir os seguintes pressupostos: • Ilegalidade ou abuso de poder, seja por parte da autoridade pública, seja por parte de particular; • Violência, coação ou ameaça à liberdade de locomoção. Habeas Data Constitui inovação introduzida pelo artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição de 1988: “Conceder-se-á habeas data: para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo”. Habeas Data O habeas data está hoje disciplinado pela Lei nº 9.507, de 12-11-97, que acrescentou mais uma hipótese de cabimento da medida, além das duas previstas na Constituição; • O artigo 7º, inciso III, contempla a hipótese de habeas data “para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável”. Habeas Data Sujeito ativo do habeas data é a pessoa, brasileira ou estrangeira, a que se refere a informação. • Sujeito passivo é a entidade governamental ou de caráter público que tenha registro ou banco de dados sobre a pessoa Habeas Data Não se pode dizer que ele constitua garantia do direito à informação previsto no artigo 5º, inciso XXXIII. Embora o dispositivo assegure o direito à informação de interesse particular ou de interesse coletivo, ele não se confunde com a informação protegida pelo habeas data, que é sempre relativa à pessoa do impetrante, com a particularidade de constar de banco ou registro de dados. Habeas Data O objetivo do habeas data é o de conhecer e retificar as informações, quando errôneas, sobre a pessoa impetrante, visando evitar o seu uso indevido. • É importante destacar ainda, que no caso de ser negado o acesso aos documentos com base no direito à informação, o meio judicial correto seria o mandado de segurança ou a via judicial ordinária, não cabendo o habeas data. Mandado de Injunção Esse remédio constitucional está previsto no artigo 5º, inciso LXXI, da Constituição Federal, que prevê a concessão de “mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. Mandado de Injunção Só é cabível o mandado quando a omissão tornar inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais. • O mandado de injunção, como é interposto pelo próprio titular do direito, exige uma solução para o caso concreto, e não uma decisão com efeitos erga omnes. • O Poder Judiciário, ao decidir o mandado de injunção, não se substitui ao legislador, editando a norma legal faltante. Ele dá um prazo para que o impetrado edite a norma regulamentadora. Mandado de Injunção O Judiciário estabelece, desde logo, as condições em que o direito poderá ser exercido, para a hipótese de não ser editada a norma regulamentadora no prazo estabelecido. • Se for o caso, o impetrante deverá pleitear em ação própria a observância das condições estabelecidas no mandado de injunção. Mandado de Segurança Mandado de segurança é a ação civil de rito sumaríssimo pela qual qualquer pessoa física ou jurídica pode provocar o controle jurisdicional quando sofrer lesão ou ameaça de lesão a direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus nem habeas data, em decorrência de ato de autoridade, praticado com ilegalidade ou abuso de poder. • Se trata de um remédio constitucional subsidiário, ou seja, só será cabível nos casos não amparados por habeas corpus e habeas data. Mandado de Segurança Além dos pressupostos processuais e das condições da ação exigíveis em qualquer procedimento, são pressupostos específicos do mandado de segurança: • a) ato de autoridade; • b) ilegalidade ou abuso de poder; • c) lesão ou ameaça de lesão; • d) direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data. Mandado de Segurança O último pressuposto é o direito líquido e certo. Para tal, além da certeza quanto aos fatos, deve se ter certeza jurídica, devendo decorrer de norma legal expressa; um direito determinado, ou seja, quando o objeto é um só e determinado, não cabendo o MS quando se pleiteia prestações genéricas e indeterminadas. • O processo é semelhante ao do habeas data. • O prazo para requerer o mandado de segurança é de 120 dias contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Mandado de Segurança coletivo O artigo 5º, inciso LXX, da Constituição Federal estabelece que o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: • a) partido político com representação no Congresso Nacional; • b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados Mandado de Segurança coletivo O mandado de segurança coletivo se diferencia do mandado de segurança individual em dois aspectos: • Seus legitimados ativos estão previstos na Constituição Federal, conforme já destacado. • A outra diferença é a natureza do direito líquido e certo, pois no caso do coletivo, são protegidos os direitos transindividuais, que são direitos individuais que pertencem a uma coletividade. Exemplo: servidores públicos municipais tendo um desconto indevido na sua folha, cada um tem o seu direito individual a buscar o fim desse desconto, mas pode haver o mandado de segurança coletivo pelos legitimados para isso. Ação Popular O artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal estabelece que “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”. • O primeiro aspecto sobre a Ação Popular diz respeito aos legitimados ativos. A Constituição fala que qualquer cidadão é parte legítima. É importante compreender que cidadão são todos os brasileiros, natos ou naturalizados, em pleno gozo dos seus direitos políticos, ou seja, com capacidade de votar e ser votado. Ação Popular Sendo assim, podemos destacar os pressupostos da Ação popular: • a) Cidadão como sujeito ativo; • b) Ilegalidade ou imoralidade praticada pelo Poder Público ou entidade de que ele participe; • Lesão ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Intervenção Federal Apresentação da SP Caso o texto constitucional exigisse regulamentação infraconstitucional para exercício do direito fundamental à saúde, e se essa regulamentação não tivesse sido criada pelo Poder Legislativo, e essa omissão está impedindo o exercício desse direito fundamental. ▪ Qual seria o remédio constitucional cabível para garantir o exercício deste direito aos indivíduos, na inexistência de regulamentação legal? Resolução da SP • Caso o direito fundamental à saúde dependesse de regulamentação infraconstitucional para o seu exercício pleno (norma de eficácia LIMITADA), a eventual ausência de norma regulamentadora e consequente obstáculo ao exercício do direito, poderia ser discutida por meio de MANDADO DE INJUNÇÃO, a ser julgado pelo STF, que em sua decisão, estabeleceria os mecanismos práticos paragarantir a eficácia imediata e plena do direito fundamental em questão. Recapitulando... Recapitulando • Evolução dos direitos fundamentais • Direitos Fundamentais em espécie • Remédios constitucionais