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LEDOUX (1998) 1. A palavra “emoção” não se refere a algo que a mente ou o cérebro realmente possua ou faça. Para entender o que são as “emoções”, é necessário usar o termo no plural. Não existe algo que possa ser chamado de “emoção”, mas o que existe são muitas “emoções”. 2. Os sistemas cerebrais geradores de emoções mantêm-se fundamentalmente preservados ao longo dos vários níveis de história evolutiva. A organização neural de determinados sistemas comportamentais e emocionais parece ser bastante semelhante nas diferentes espécies. Para entendermos o que é ser humano, precisamos entender em que somos semelhantes aos outros animais e em que somos diferentes. 3. Quando esses sistemas neurais estão em funcionamento num animal que possui capacidade de percepção consciente, manifestam-se reações emocionais conscientes. O cérebro cumpre suas metas comportamentais na ausência de uma consciência robusta, e a ausência de consciência é regra, não exceção, na vida mental de todo reino animal. Via de regra, as reações emocionais são produzidas de maneira inconsciente. 4. Em decorrência do tópico anterior, os sentimentos conscientes, através dos quais apreciamos ou abominamos nossas emoções, são tanto pistas como desvios no estudo científico das emoções. Para entender os sentimentos (conscientes) é necessário entender as emoções (inconscientes). Emoções estão muito ligadas aos sentimentos a ela agregados SISTEMA QUE PRODUZ REAÇÕES DIANTE DO PERIGO => MEDO (SENTIMENTO DE SEGURANÇA) 5. O estudo de animais de laboratório é útil e necessário se quisermos entender as emoções no cérebro humano. Esse entendimento é muito importante, pois a maioria das doenças mentais são emocionais. Utilizar reações emocionais e sentimentos (VI) para entender o sistema neural comum subjacente (VD). Lembrando que existem diferentes sistemas neurais para diferentes emoções (multiplicidade). 6. Os sentimentos conscientes (ex.: medo, raiva, felicidade, amor ou aversão) de certa forma não são diferentes dos estados de consciência (ex.: a percepção de que o objeto avermelhado e arredondado à sua frente é uma maçã). Existe um único mecanismo da consciência, o qual pode ser preenchido por situações cotidianas ou emoções intensas. 7. As emoções acontecem, não adianta querer que elas aconteçam. O controle direto que temos sobre nossas emoções é pequeno. Em vista do controle limitado que exercemos sobre as emoções, elas podem invadir a consciência. As emoções influenciam mais as cognições do que as cognições são capazes de influenciar as emoções. 8. Emoções em ação se tornam poderosos fatores de motivação para futuras atitudes. São elas que definem o rumo de cada ação e dão partida nas realizações de longo prazo. Mas nossas emoções também podem nos trazer problemas. As emoções começam a voltar-se contra nós, quando por exemplo: Medo => ansiedade; Desejo => ganância; Contrariedade => raiva => ira; Amizade => inveja; Amor => obsessão; Prazer => vício. A saúde mental depende da “higiene emocional”, e na sua maioria, os problemas mentais refletem o colapso da organização emocional. As emoções podem ter conseqüências tanto úteis quanto patológicas. I Vaidade (orgulho/soberba) II Inveja III Ira IV Preguiça (melancolia) V Avareza VI Gula VII Luxúria I Castidade X Luxúria II Generosidade X Avareza III Temperança X Gula IV Diligência X Preguiça V Paciência X Ira VI Caridade X Inveja VII Humildade X Vaidade (Damásio, 1996) A emoção é parte integrante do processo de raciocínio, e pode auxiliá-lo ao invés de perturbá-lo. Emoção e razão estão fundamentalmente relacionadas. Quando a emoção não figura no quadro de raciocínio, como ocorre em certas doenças neurológicas, a razão mostra-se ainda mais falha do que quando a emoção nos prega peças na hora de decidir. Hipótese do marcador somático e intuição: “ A intuição favorece a mente preparada”. Intuição = cognição rápida com o conhecimento necessário parcialmente varrido para debaixo do tapete uma cortesia da emoção e de muita prática no passado. Emoção e cognição não se opõem: a emoção transmite informações cognitivas, tanto diretamente quanto por intermédio dos sentimentos. “No cérebro subjacente à mente, emoção e razão não se misturam tanto quanto água e azeite.” “Decisões sensatas provêm de uma cabeça fria.” “Os mecanismos da razão existem numa região separada da mente onde as emoções não estão autorizadas a entrar.” Será??? http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.contosdeterror.com.br/images/phineasgage.jpg&imgrefurl=http://www.contosdeterror.com.br/listadematerias.html&usg=__ZjX38uKBwjzX10j8whUJFNgyDGI=&h=156&w=204&sz=11&hl=pt-BR&start=33&tbnid=UhcQ3pl5Q8-ZfM:&tbnh=80&tbnw=105&prev=/images?q=phineas+gage&gbv=2&ndsp=20&hl=pt-BR&sa=N&start=20 http://www.cerebromente.org.br/n02/historia/phineas5.gif http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.hms.harvard.edu/countway_tour/phineas.jpg&imgrefurl=http://www.sentinelas.org/reinada/?m=200505&usg=__ulSwO6KI9awhWj99nJ9qOzbFKrg=&h=225&w=250&sz=24&hl=pt-BR&start=2&tbnid=U9pxebcm7MZ4QM:&tbnh=100&tbnw=111&prev=/images?q=localiza%C3%A7%C3%A3o+do+cr%C3%A2nio+de+phineas+gage&gbv=2&hl=pt-BR&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://blog.wired.com/photos/uncategorized/2007/05/29/phineas_large.png&imgrefurl=http://padrebiologico.blogspot.com/2008/01/el-asombroso-caso-de-phineas-cage.html&usg=__xO2zWS-jjg0kVWHs6JPjn3EQ5SE=&h=640&w=396&sz=290&hl=pt-BR&start=6&um=1&tbnid=o4onIKlK-h3W_M:&tbnh=137&tbnw=85&prev=/images?q=phineas+cage&hl=pt-BR&sa=X&um=1 http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://wpcontent.answers.com/wikipedia/commons/thumb/b/b0/Phineas_Gage_CGI.jpg/180px-Phineas_Gage_CGI.jpg&imgrefurl=http://www.answers.com/topic/personality&usg=__IRrHUcucrYQYtkAf-fippm3knS8=&h=261&w=180&sz=10&hl=pt-BR&start=18&um=1&tbnid=qKdRLa8pqc7-bM:&tbnh=112&tbnw=77&prev=/images?q=phineas+cage&hl=pt-BR&sa=X&um=1 http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://scienceblogs.com/neurophilosophy/GageSkulls.jpg&imgrefurl=http://scienceblogs.com/neurophilosophy/2008/05/unresponsive_bystanders_feral_child_phineas_gage.php&usg=__soIIbTX_efe035dqlssXzAuz61E=&h=480&w=325&sz=60&hl=pt-BR&start=2&tbnid=MEdsnKq9GFrvPM:&tbnh=129&tbnw=87&prev=/images?q=phineas+gage&gbv=2&hl=pt-BR Síndrome clínica: perturbações da personalidade com desinibição, impulsividade e perda da capacidade de planejamento (síndrome frontal). Se tornou o exato contrário do antigo Gage, amável e eficiente. Transformou-se em um homem grosseiro, desrespeitoso para com os colegas e incapaz de aceitar conselhos. Planos futuros foram abandonados e passou a agir sem pensar nas consequências. Deixou de conviver com os amigos. Sua transformação foi tão grande que todos diziam que "Gage deixou de ser Gage". Morreu em 1861, treze anos depois deste acidente, sem dinheiro e epiléptico. Cavendish, Vermont. Warren Medical Museum, Harvard University http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://rlv.zcache.com/phineas_gage_tshirt-p235722719655047518qixv_400.jpg&imgrefurl=http://www.zazzle.com/phineas_gage_tshirt-235722719655047518&usg=__k20buGO7A4lg2fCjQHyJEcv_hzw=&h=400&w=400&sz=24&hl=pt-BR&start=27&tbnid=Yhyev-WPYON4zM:&tbnh=124&tbnw=124&prev=/images?q=phineas+gage&gbv=2&ndsp=20&hl=pt-BR&sa=N&start=20 Caso Gage: possuía instrumentos necessários para um comportamento racional, quais sejam, conhecimento, atenção, memória, linguagem, lidava com cálculos e lógica de problemas abstratos. Alteração na sua capacidade de sentir emoções: Profunda deficiência em sua capacidade de decisão; Razão repleta de sentimentos deficientes. A ausência de emoções não é menos incapacitadora nem menos suscetível de comprometer a racionalidade que nos torna distintamente humanos e nos permite decidir em conformidade com um sentido de futuro pessoal, convenção social e princípio moral. As emoções e os sentimentos, junto aos seus mecanismos fisiológicos subjacentes, ajudam na tarefa de fazer previsões relativamentea um futuro incerto e planejar ações de acordo com essas previsões. CONCORDÂNCIA COM LEDOUX: a razão humana não depende de um único núcleo cerebral, mas de vários sistemas cerebrais que funcionam de forma concertada ao longo de muitos níveis de organização neuronal. Todos esses aspectos, emoção, sentimento e regulação biológica, desempenham um papel na razão humana. As ordens de nível inferior do nosso organismo fazem parte do mesmo circuito que assegura o nível superior da razão. A essência de um sentimento não é uma qualidade mental ilusória associada a um objeto, mas sim a percepção direta de uma paisagem específica: a paisagem do corpo. O sentimento é a “vista” momentânea de uma parte dessa paisagem corporal. Os sentimentos permitem-nos entrever o organismo em plena agitação biológica, vislumbrar alguns mecanismos da própria vida no desempenho das suas tarefas. Se não fosse a possibilidade de sentir as necessidades do corpo, que estão inerentemente destinados a ser dolorosos ou aprazíveis, não haveria sofrimento ou felicidade, desejo ou misericórdia, tragédia ou glória na condição humana. “A mente teve de primeiro se ocupar do corpo, do contrário, nunca teria existido”. Afirmações que fundamentam essa ideia: 1) O cérebro humano e o resto do corpo constituem um organismo indissociável; 2) O organismo interage com o ambiente como um conjunto: corpo e cérebro; 3) As operações fisiológicas que denominamos por mente derivam desse conjunto estrutural e funcional (corpo e cérebro) e não apenas do cérebro. Gama de motivação e emoção: fome, sexo, medo, curiosidade e capacidade de realização. A motivação determina os usos que que uma pessoa dará às suas capacidades humanas. Ela determina também seus sentimentos (desejos, carências, necessidades, apetites, ambições, amores, ódios, medos). Exemplo dos três estudantes: a) família de imigrantes pobres, recompensas desde a infância, estabelecimento de padrões elevados para si próprio; b) família rica, despreocupação quanto ao futuro, estabelecimento de padrão médio para si próprio; c) pai pobre que subiu às próprias custas, sendo agora um grande e ocupado advogado. Expectativa de que faça o mesmo, comparação “assustadora” com o pai, resultando em ansiedade que interferia em seu desempenho, consequente fracasso. O processo de percepção, memória e raciocínio são adequados à tarefa, mas o desempenho concreto depende de motivos e emoções. Principais concepções de Motivação: Teorias cognitivas (filósofos medievais, tais como Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino): a vontade é uma faculdade mental, como o pensamento e o sentimento. Teorias hedonistas (origem na filosofia, proeminência nos séc. XVIII e XIX, com Young e McClelland): vontade voltada para abordar o prazer e evitar a dor Teorias do instinto (Darvin): vontades herdadas Teorias do impulso (Cannon, 1932): um estado de desequilíbrio instala-se no corpo sempre que as condições internas se desviam de um estado constante normal. O corpo procura recuperar o equilíbrio por meio dos impulsos psicológicos. Um motivo é um fator interno que dá início, dirige e integra o comportamento de uma pessoa. Ele divide-se em dois componentes: impulso e recompensa. A pessoa é motivada o tempo todo por fatores internos e externos. A força de cada motivo e o padrão de motivos influem na maneira como vemos o mundo, nas coisas em que pensamos e nas ações em que nos empenhamos. Exemplo do estudante e da garçonete: ação dos motivos de curiosidade, agressão, fome, sexo, fadiga, dor, realização e afeição, agindo sobre a percepção, o pensamento, a atuação ou desempenho, a conversação, a aprendizagem e o sonho. DAMÁSIO, A. R. O Erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Companhia das letras, 1996. LEDOUX, J. O Cérebro Emocional: os misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. MURRAY, E. J. Motivação e Emoção. São Paulo: Zahar, 1983.
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