Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA CURSO DE ODONTOLOGIA Maria Eduarda Correa Silveira Uso de mini-implantes ortodônticos extra-alveolares na região da crista infrazigomática e região buccal shelf Florianópolis 2023 Maria Eduarda Correa Silveira Uso de mini-implantes ortodônticos extra-alveolares na região da crista infrazigomática e região buccal shelf Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Curso de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção de título de cirurgiã-dentista. Orientador: Prof. Daltro Enéas Ritter Florianópolis 2023 Maria Eduarda Correa Silveira Uso de mini-implantes ortodônticos extra-alveolares na região da crista infrazigomática e região buccal shelf Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Cirurgiã Dentista” e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Odontologia da UFSC. Florianópolis, 11 de maio de 2023 _______________________ Profª. Drª. Glaucia Santos Zimmermann Coordenadora do Curso Banca Examinadora: _______________________ Prof. Dr. Daltro Enéas Ritter Orientador Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Profª. Drª. Carolina da Luz Baratieri Avaliadora Universidade Federal de Santa Catarina ________________________ Prof. Dr. Gerson Luiz Ulema Ribeiro Avaliador Universidade Federal de Santa Catarina RESUMO A ortodontia é uma especialidade odontológica que está em constante avanço, este cenário positivo se deve à necessidade de solucionar problemas dentais e ósseos de maneira mais simples, conservadora e menos onerosa. Um dos grandes avanços da ortodontia foi a criação dos mini-implantes, que vêm evoluindo e permitindo ancoragens e movimentos dentoalveolares antes considerados impossíveis de forma não cirúrgica. Este trabalho tem a pretensão de apresentar uma revisão de literatura sobre o uso dos mini-implantes com ênfase nas regiões extra-alveolares conhecidas como crista infrazigomática, na maxila e região buccal shelf, na mandíbula. Além de abrir espaço para um comparativo, baseado na literatura, entre os mini-implantes alveolares e os extra-alveolares, suas taxas de sucesso, dimensões favoráveis, técnicas de inserção, possíveis angulações e fatores que interferem no sucesso do tratamento, sendo estes fatores dependentes do material utilizado, da técnica aplicada pelo profissional e da cooperação do paciente. Palavras-chave: Mini-implante. Buccal shelf. Crista Infrazigomática. Mini-implante extra-alveolar ABSTRACT Orthodontics is a dental specialty that is constantly advancing, this positive scenario is due to the need to solve dental and bone problems in a simpler, more conservative and less expensive way. One of the greatest advances in orthodontics was the creation of mini-implants, which have been evolving and allowing anchorage and dentoalveolar movements previously considered impossible in a non-surgical way. This paper aims to present a literature review on the use of miniscrews with emphasis on the extra-alveolar regions known as infrazygomatic ridge in the maxilla and buccal shelf region in the mandible. Besides opening space for a literature-based comparison between interradicular and extra-alveolar mini-implants, their success rates, favorable dimensions, insertion techniques, possible angulations, and factors that interfere with treatment success, these factors being dependent on the material used, the technique applied by the professional, and the patient's cooperation. Keywords: Mini-implant. Buccal shelf. Infrazygomatic crest. Extra-alveolar miniscrew LISTA DE FIGURAS Figura 1- Inserção de mini-implantes em diferentes angulações, em 30° e 60°……10 Figura 2- Eletromicrografia (MEV) de IO de aço F138 (A) e de Ti-6Al-4V (B) como recebidos (600x)…………………………………………………….12 Figura 3- Um desenho sobreposto a uma radiografia mostra que um parafuso corretamente posicionado é vestibular em relação às raízes dos molares. ………………………………………………………15 Figura 4- Área do "buccal shelf" e o círculo representa a área de eleição para instalação dos mini-implantes extra-alveolares…………………………………….17 Figura 5- A retração do arco inferior com um mini-implante “buccal shelf” geralmente resulta em rotação posterior de toda dentição inferior. Esse efeito ocorre devido à linha de força (linha pontilhada preta) ser mais oclusal que centro de resistência do arco (estrela vermelha). Este momento de força promove intrusão da região posterior e extrusão da região anterior………………………………………….18 Figura 6- O ponto de inserção do parafuso pode penetrar na GA ou MM, mas a cabeça do parafuso deve estar pelo menos 5 mm acima do nível do tecido mole…20 Figura 7- Mini-implantes em IZC colocados na mucosa móvel (esquerda) e na gengiva inserida (direita). A linha pontilhada branca é a junção mucogengival…….22 Figura 8- Cortes longitudinais de parafusos de (a) 1,6 mm, (b) 2,0 mm, (c) 3,0 mm e (d) 3,75 mm de diâmetro e osso de suporte sob luz fluorescente. O osso nestas seções foi examinado para avaliar várias medidas histométricas……………………26 Figura 9- Mini-implante ICZ e mini-implante pelo palato e elástico em corrente para realizar a intrusão dente 16……………………………………………………………….27 Figura 10- MARPE com mini-implantes instalados…………………………………….28 Figura 11- Radiografia panorâmica inicial.………………………………………………29 Figura 12- Radiografia panorâmica final com o mini-implante………………………..29 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS MM- milímetro Ncm- Newton por centímetro ET.AL- e colaboradores MBS- mini-implante buccal shelf IR- interradicular EA- extra-alveolar CIZ- crista infrazigomática MI- mini-implante °- graus SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………..9 2. OBJETIVO………………………………………………………………………………12 3. MATERIAL E MÉTODOS……………………………………………………………….13 4. REVISÃO DE LITERATURA……………………………………………………………14 2.1 Características dos mini implantes…………………………………………..14 2.2 Aplicações clínicas…………………………………………………………….15 2.3 Mini-implantes na região buccal shelf……………………………………….16 2.4 Mini-implantes na região de crista infrazigomática………………………...20 2.5 Limitações e fatores de sucesso dos mini implantes extra-alveolares e alveolares…….……………………………………………………………………..22 2.6 Novos sítios extra-alveolares………………………………………………...26 5. DISCUSSÃO……………………………………………………………………………...32 6. CONCLUSÃO…………………………………………………………………………….36 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………...37 10 1. INTRODUÇÃO A ancoragem na ortodontia, foi, durante muito tempo, uma questão limitante para o tratamento ortodôntico, muitos dispositivos foram utilizados para este fim e estão descritos na literatura, como “a barra-lingual e transpalatina, botão de Nance, elásticos intermaxilares e aparelho extrabucal, apesar de eficientes em muitos casos, permitem certo grau de movimentação da unidade de ancoragem ou são dependentes da colaboração do paciente.” (Araújo, Nascimento, Bezerra e Sobral, 2006), e ainda sofrem interferência estética e social, o que acabou levando ao desuso dos mesmos. Além destes, ainda tentou-se utilizar implantes com finalidade protética para ancoragem, mas segundo Araújo (2006), apesar de bastante eficientes nesta função, possuem restrições à sua utilização, devido ao seu tamanho e complexidade cirúrgica para inserção e remoção, quando estes não são utilizados como parte de uma reabilitação protética. Até que no início deste século surgiram os mini-implantes ortodônticos que possibilitaram essa prática, denominada ancoragem esquelética, de maneira segura e com bons resultados, através de forças contínuas que podem ser aplicadas logo após a instalação do mini-implante, podendo essa força ser aplicada na bateria anterior ou em toda a arcada. Além ainda, de evitar movimentos indesejados de dentes, que anteriormente serviam como âncoras. Estes dispositivos de ancoragem podem ocupar posições alveolares, entre as raízes dos dentes, ou mesmo regiões extra-alveolares. Os mini-implantesalveolares oferecem algumas limitações, que espera-se superar com os dispositivos extra-alveolares infrazigomáticos e buccal shelf. Trabalhos como o de Chang (2015) ou Wilmes (2006), mostram que a taxa de falha dos mini-implantes interradiculares está muito associada a falta de estabilidade primária, e esta estabilidade pode ser melhorada quando se tem uma maior quantidade de osso cortical na região da perfuração, podendo-se utilizar um dispositivo de maior diâmetro e comprimento, e ainda fazendo-se orifícios de menor diâmetro e com miniparafusos autoperfurantes para que haja melhor travamento no osso. Dessa forma, por se encontrarem fora do alvéolo, dispondo de maior quantidade de osso cortical, e maiores dimensões, os mini-implantes extra-alveolares são promissores para a redução da taxa de insucesso. 11 Quanto às suas características, poucas coisas variaram desde sua criação até os dias atuais, segundo Araújo, T. M.; Nascimento, M. H. A.; Bezerra, F.e Sobral, M. C (2006), os mini-implantes são feitos de titânio com diferentes níveis de pureza e diferentes tratamentos de superfície, e seu tamanho pode variar de 4 a 12 mm de comprimento por 1,2 a 2 mm de diâmetro. Com o passar dos anos, levando-se em conta que o trabalho anteriormente citado é do ano de 2006, manteve-se o padrão dos mini-implantes de forma geral, algumas alterações de tamanho foram possíveis graças à descoberta de novos sítios de ancoragem que permitiram maiores tamanhos e diâmetros, e quanto ao material, algumas marcas começaram a produzir mini-implantes de aço inoxidável, que tem apresentado ótimos resultados. 12 2. OBJETIVO 2.1 Objetivo geral: Revisar a literatura atual a respeito da utilização dos mini-implantes na ortodontia de forma geral, dando ênfase aos extra-alveolares em região de buccal shelf e crista infrazigomática. 2.2 Objetivos específicos: Detalhar as possibilidades de uso dos mini-implantes, os fatores que levam a uma maior/menor taxa de sucesso, as dimensões possíveis para cada região, as variações que podem haver em relação a anatomia e as razões para se escolher sítios extra-alveolares. Tudo isso baseado na literatura atual e visando auxiliar profissionais que buscam um guia para a inserção de mini-implantes para ancoragem esquelética em ortodontia. 13 3. MATERIAL E MÉTODOS Os artigos utilizados para a construção do trabalho foram encontrados nas bases de dados Scielo, Google Acadêmico e PubMed, publicados a partir de 2006. Foram utilizados os descritores, mini-implantes, mini-implantes extra-alveolares e mini-implantes interradiculares como estratégia de busca, com isto selecionou-se os primeiros artigos. Após, fez-se uma nova busca, mais específica com os descritores buccal shelf e crista infrazigomática, selecionando-se mais artigos para o trabalho. E por último ainda foram realizadas duas buscas com as palavras chave mini-implante e palato; e mini-implante e trígono retromolar. Foram incluídos estudos nos idiomas português e inglês, com diferentes vertentes, sendo alguns pesquisas com inúmeras amostras e outros, revisões de literatura a partir das conclusões de grandes escritores. Os estudos abordaram, em sua maioria, técnicas de instalação, taxa de falha e possibilidades de mecânicas com mini-implantes, além de regiões mais favoráveis para a instalação. 14 4. REVISÃO DE LITERATURA Desde que a ancoragem esquelética passou a fazer parte do plano de tratamento dos ortodontistas, mais especificamente com os mini-implantes ortodônticos, resultados animadores estão sendo alcançados. Mini-implantes, ou miniparafusos, figuram como um sistema de ancoragem absoluto de grande utilidade na prática ortodôntica. Embora seja comum instalá-los em áreas do processo alveolar localizadas entre as raízes de dentes contíguos, novos sítios, referidos como extra-alveolares, foram sugeridos. Inúmeros autores recomendam a crista infrazigomática e a área conhecida como buccal shelf na mandíbula como locais adequados para um grande número de terapias ortodônticas que requerem um sistema de ancoragem eficiente e seguro, ampliando os limites de tratamento [...] (Almeida; 2019). 4.1 Características dos mini-implantes “Atualmente existe uma grande variedade de miniparafusos que variam em diâmetro de 1,0 mm a 2,3 mm e comprimento de 4 mm a 21 mm. Miniparafusos interradiculares (IR) são a aplicação mais comum, mas muitas vezes são problemáticos na região posterior da mandíbula. Miniparafusos na prateleira bucal mandibular (MBS) são propostos como uma fonte confiável de ancoragem extra-alveolar (EA) para retrair todo o arco mandibular, para corrigir apinhamento grave, protrusão e má oclusão esquelética, sem extrações ou cirurgia ortognática.” (CHANG C, LIU SS, ROBERTS E, 2015). No trabalho feito por Araújo, T, M e colaboradores (2006), destaca-se a estrutura dos mini-implantes, que apesar do tempo transcorrido, permanece a mesma. Esta estrutura é dividida em 3 partes, sendo elas a cabeça (parte que fica visível em boca e onde serão acoplados os dispositivos ortodônticos), o perfil transmucoso (área compreendida entre a porção intra-óssea e a cabeça do mini-implante) e a ponta ativa (onde ficam as roscas do implante). Ainda quanto às características, estes podem ser autorosqueantes ou autoperfurantes, sendo que os autoperfurantes apresentam maior estabilidade primária e resistência a carga imediata. Isso se deve ao fato de que os mini-implantes autoperfurantes não necessitam de uma ponta lança para iniciar a perfuração na cortical óssea, portanto há uma maior justaposição entre mini-implante e osso. “Os mini-implantes perfurantes têm o ápice extremamente fino e afiado, dispensando, na maioria dos casos, a utilização de qualquer procedimento adicional para perfuração óssea, enquanto os de ápice arredondado necessitam de perfuração com broca, no sítio 15 onde serão posicionados, sendo estes denominados implantes auto-rosqueantes” (SQUEFF; SIMONSON; ELIAS; NOJIMA, 2008). Mas não há um consenso entre os autores de que os mini-implantes autoperfurantes tenham desempenho superior aos auto-rosqueantes, “quanto à utilização de mini-implantes autoperfurantes ou auto-rosqueantes (sem e com procedimento de perfuração prévia, respectivamente), há controvérsias. Alguns autores acreditam que os mini-implantes autoperfurantes são os mais traumáticos, uma vez que este procedimento produz pressão física e microfraturas na região óssea adjacente, podendo ocorrer lesão no periósteo e no endósteo e necrose nas células ósseas. Entretanto, outros profissionais acreditam que o sistema de mini-implante auto-rosqueante causa maior trauma ósseo, devido ao calor friccional produzido pela fresa no ato de perfuração prévia.” (SQUEFF; SIMONSON; ELIAS; NOJIMA, 2008) De acordo com Almeida (2019), os benefícios do uso de mini-implantes extra-alveolares em relação aos convencionais, conhecidos como interradiculares ou alveolares em geral são, o menor risco de danificar as raízes, levando-se em consideração que mesmo que sejam tracionadas, não terão contato com o mini-implante, consequentemente não interfere no movimento mesio-distal dos dentes; maior quantidade de osso cortical no local da instalação, o que permite que o dispositivo tenha maior diâmetro (2mm) e maior comprimento (12 a 14mm); a ancoragem alcançada é suficiente para a movimentação de todo o arco dental; possui baixa taxa de falhas e mesmo em casos complexos, utiliza-se um menor número de mini-implantes. Ainda segundo Almeida (2019) a magnitude da força recomendada para a distalização de todo arco dental varia de 220 a 340 gramas para mecânica com mini-implantes na área infrazigomática, e de 340 a 450 gramas nos mini-implantes na região buccal shelf. Já para uma retração parcial, a força deve variar de 150 a 200 gramas. Vieira et al. (2021), em seu trabalho para determinar a resistência estrutural de mini-implantes para ancoragem extra-alveolar, utilizaram mandíbulas de porcos (região buccalshelf) e aplicaram dois tipos de materiais sendo eles o aço inoxidável e o titânio, e ainda compararam diferentes marcas, nacionais e internacionais. Durante os testes, os mini-implantes foram inseridos de diferentes formas, sendo alguns com inserção direta, com a angulação de 30 graus em relação ao longo eixo do dente, do início ao fim do procedimento, e outros mini-implantes tiveram inserção 16 indireta, iniciando a uma angulação de 60 graus em relação ao longo eixo do dente, até penetrar cerca de 2 milímetros no osso, e finalizando com uma angulação de 30 graus. Todas as marcas e todos os materiais (aço inoxidável e titânio) foram testados com as duas formas de inserção. Os resultados obtidos com essa pesquisa, foram de que os mini-implantes de aço inoxidável sofreram menos deformação e distensão quando comparados aos mini-implantes de titânio, principalmente na inserção direta, onde o aço inoxidável apresentou o melhor desempenho. Na inserção indireta ambos os materiais apresentaram deformações. Em relação ao tamanho dos dispositivos, os miniparafusos de maior comprimento e maior diâmetro sofreram menos alterações do que os de menor comprimento e menor diâmetro, em ambos os procedimentos de inserção. Figura 1- Inserção dos mini-parafusos utilizando um processo direto (A) e um processo indireto (B). VIEIRA, Carlos A.M et al.; Resistência estrutural de miniparafusos ortodônticos inseridos para ancoragem extraalveolar; 2021 Em relação a utilização do aço inoxidável ou liga de titânio em mini implantes, ambos apresentam características necessárias como biocompatibilidade e resistência a corrosão para a utilização, sendo que o titânio não deve ser usado na forma pura, pois por ser bioativo induz a osseointegração. No artigo “Implantes ortodônticos de aço inoxidável”, tem-se a comparação dos materiais e das diferentes ligas de titânio utilizadas na odontologia, sendo os de maior pureza 17 utilizados em implantes para reabilitação oral, e as ligas utilizadas para a ancoragem ortodôntica. Como é o caso da liga Ti-6Al-4V que contém 6% de alumínio e 4% de vanádio. Por possuir um processo de produção difícil e portanto mais caro, o titânio vem perdendo espaço para o aço inoxidável, este não é bioativo, portanto não induz a osseointegração, além de possuir um processo de produção mais barato, maior módulo de elasticidade em relação a liga de titânio e maior resistência mecânica permitindo a produção de peças menores. Ainda neste trabalho de Dalvi (2015), foram realizados testes in vitro de inserção e remoção de mini implantes em osso artificial, sendo estes com 1,5mm de diâmetro e 6mm de comprimento, alguns em aço inoxidável e outros em liga de titânio, e ainda para complementar o teste, foi testada a torção até a fratura para avaliação da resistência mecânica de ambos os materiais. Com os resultados chegou-se à conclusão de que os torques de inserção e de remoção foram maiores para mini implantes da liga de titânio (Ti-Al6-V4), a explicação encontrada para isso, foi seu menor módulo de elasticidade e pelo acabamento de sua superfície que apresenta maior rugosidade. Concluiu-se ainda que quanto mais espessa a cortical óssea na qual o mini implante foi inserido, maior o torque; e a instalação do dispositivo em aço é mais segura, pois este possui maior torque de fratura e menor torque de inserção, reduzindo as falhas. Figura 2 - Eletromicrografia (MEV) de IO de aço F138 (A) e de Ti-6Al-4V (B) como recebidos (600x) DALVI, Angela Cardoso; ELIAS, Carlos Nelson; Implantes ortodônticos de aço inoxidável, 2015. Sabendo-se que a ancoragem esquelética depende de múltiplos fatores, além dos já citados, é importante que se tenham estudos capazes de quantificar quais destes fatores são mais importantes para o sucesso da ancoragem com 18 mini-implantes. No estudo feito por Tatli (2019), buscou-se descobrir o quanto o tamanho do miniparafuso e o ângulo de inserção interferem na ancoragem esquelética. Para isso, foram comparados os torques de inserção e a força de ancoragem de 4 tamanhos diferentes de mini-implantes, com duas angulações, resultando em 160 dispositivos divididos por tamanhos, sendo eles de 1,6 × 8 mm, 1,6 × 10 mm, 2,0 × 8 mm e 2,0 × 10 mm; e as angulações de 70° e 90°. Como resultado obteve-se que mini-implantes com maiores diâmetros e comprimentos possuem maior torque de inserção e maior força de ancoragem, e que estes valores foram maiores também quando o ângulo de inserção foi de 70°. Concluiu-se ainda que o diâmetro do mini-implante e o ângulo de inserção, são mais importantes do que o comprimento do mesmo para o sucesso da ancoragem esquelética. 4.2 Aplicações clínicas No estudo de Araújo, T.M e colaboradores (2006), são apontadas e detalhadas inúmeras aplicações clínicas para os mini-implantes. “O tamanho reduzido do mini-implante ortodôntico diminui consideravelmente as limitações quanto aos locais de sua possível inserção. Esta grande variabilidade no que diz respeito às possibilidades de localização para os mini-implantes permite sua utilização, como recurso de ancoragem, nos mais variados tipos de movimentação dentária.” (Araújo, et al, 2006). Dentre tantas possibilidades, há na literatura relatos de uso de mini-implantes principalmente para os seguintes fins: retração dos dentes anteriores, mesialização dos dentes posteriores, intrusão tanto de incisivos como de dentes posteriores, correção do plano oclusal, distalização de molares, verticalização de molares, correção de mordida cruzada posterior, correção de linha média e tracionamento de dentes inclusos. Em relação às suas possíveis localizações, tanto na maxila quanto na mandíbula, há muitas opções de sítios para serem implantados: Os locais potenciais para a colocação de mini-implantes na maxila incluem a área abaixo da espinha nasal anterior, o palato (no palato médio ou no palato paramediano), a crista infrazigomática, os tubérculos maxilares e o processo alveolar (vestibular e palatino entre os raízes dos dentes). Possíveis locais para colocação de mini-implantes na mandíbula incluem a sínfise ou parassínfise, o processo alveolar (entre as raízes dos dentes) e a área retromolar. (CHANG, 2013, p.112) 4.3 Mini-implantes na região buccal shelf Atualmente usa-se comumente duas regiões, uma na mandíbula e uma na maxila, para a colocação de mini-implantes extra-alveolares. Quanto ao local de eleição na mandíbula quando se utiliza os dispositivos extra-alveolares, tem-se https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/maxilla https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/palate 19 como escolha a região posterior da mesma, denominada buccal shelf, que é uma área vestibular às raízes dos molares inferiores, localizada ao longo da linha oblíqua externa, buscando-se ao máximo espessura em osso cortical. “Colocar os dispositivos em um local extra-alveolar como o mini-implante buccal shelf permite o uso de parafusos de maior diâmetro que podem ser inseridos paralelamente à inclinação axial dos molares e não interferem nas raízes dos dentes. (CHANG C, LIU SS, ROBERTS E, 2015)”. FIGURA 3 - Um desenho sobreposto a uma radiografia mostra que um parafuso corretamente posicionado é vestibular em relação às raízes dos molares. CHANG C, LIU SS, ROBERTS E; Primary failure rate for 1680 extra-alveolar mandibular buccal shelf mini-screws placed in movable mucosa or attached gingiva; 2015 “O “buccal shelf” é uma fossa óssea na mandíbula posterior que é lateral à área do molar. Seus limites anatômicos estão entre o freio vestibular anterior e os anexos dos músculos masseter e temporal posteriormente. Nesse local, há uma placa cortical espessa na vestibular dos molares, que é adequada para a colocação dos mini-implantes.” (BARBERIO, 2018) Figura 4- Área do "buccal shelf" e o círculo representa a área de eleição para instalação dos mini-implantes extra-alveolares. 20 BARBERIO, Gabriel Salles. TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DE CLASSE III COM MORDIDA ABERTAUTILIZANDO MINI-IMPLANTE NO “BUCCAL SHELF” COMO ANCORAGEM. 2018. Em seu relato de caso, Barberio; 2018, se utiliza do mini implante no buccal shelf para um tratamento de má oclusão de classe III, obtendo sucesso. O tratamento foi feito inicialmente com a ortodontia fixa convencional até que fosse possível chegar ao fio 0,019x0,025” de aço inoxidável, nesse momento fez-se a instalação do mini implante de 1,5x10mm e 2mm de perfil transmucoso na região buccal shelf dos dois lados da mandíbula. A mecânica utilizada para a retração da arcada inferior e intrusão de molares foi o uso de molas helicoidais de NiTi e elásticos em cadeia desde o mini implante até o gancho localizado na mesial do canino inferior. Com 8 meses de tratamento com o mini implante obteve-se sucesso com a correção da mordida aberta, mas não com a correção de classe dos molares. Nesse momento o mini implante foi perdido e o resto da correção da classe III e intercuspidação dos molares, foi realizada com elásticos de classe III. Figura 5- A retração do arco inferior com um mini-implante “buccal shelf” geralmente resulta em rotação posterior de toda dentição inferior. Esse efeito ocorre devido à linha de força (linha pontilhada preta) ser mais oclusal que centro de resistência do arco (estrela vermelha). Este momento de força promove intrusão da região posterior e extrusão da região anterior. 21 BARBERIO, Gabriel Salles. TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DE CLASSE III COM MORDIDA ABERTA UTILIZANDO MINI-IMPLANTE NO “BUCCAL SHELF” COMO ANCORAGEM. 2018. No trabalho realizado por Nuccera (2017), com tomografias computadorizadas de feixe cônico de 30 indivíduos na região buccal shelf, com o objetivo de avaliar quantitativa e qualitativamente as características ósseas, estimou-se uma espessura mínima de osso para vestibular necessária para a inserção segura do miniparafuso, sendo esta de 5 milímetros, destes, 1,7 mm de distância de segurança da raiz, 1,6 mm de diâmetro do parafuso e 1,7 mm de cortical vestibular. Essa espessura óssea na região buccal shelf pode variar de acordo com o padrão de crescimento craniofacial observado, como mostrado no trabalho de Santini (2019), analisando-se 60 tomografias computadorizadas de pacientes com diferentes padrões, dentre eles, 22 dolicofaciais, 22 mesofaciais e 16 braquifaciais. O resultado obtido foi de que a espessura óssea da região buccal shelf é maior em pacientes do biotipo braquifacial e menor em pacientes do biotipo dolicofacial, e ainda, nos três padrões, a região do segundo molar inferior apresentou maior espessura óssea em relação a região do primeiro molar inferior. Ainda levando-se em consideração as diferentes alturas faciais verticais, o trabalho feito por Vargas (2020), confirma a ideia do trabalho anteriormente citado. Utilizando tomografias computadorizadas de 100 pacientes com diferentes tipos de crescimentos faciais, com ângulo goníaco variando entre 102,4° a 143,2°, concluiu-se que indivíduos de face curta apresentam maiores valores de espessura óssea na região de buccal shelf quando comparados aos indivíduos de face longa, 22 mas esta associação não pode ser feita para a região da crista infrazigomática, onde a diferença não foi significativa entre os diferentes perfis. Concluiu-se também que o melhor local de inserção para mini-implante na região buccal shelf é à vestibular da raiz distal do segundo molar, enquanto que na crista infrazigomática, é à vestibular da raiz mesiovestibular do primeiro molar. Esta espessura óssea da região buccal shelf varia também de acordo com a etnia observada. É o que aponta o estudo de Sreenivasagan e Sivakumar (2021), em que foram analisadas 30 tomografias computadorizadas de feixe cônico de indivíduos da população dravidiana, em idade entre 16 e 25 anos. As espessuras ósseas foram avaliadas em três regiões diferentes, sendo elas, a região vestibular da cúspide distovestibular do primeiro molar, cúspide mésiovestibular do primeiro molar e cúspide distovestibular do segundo molar, nas profundidades de 4mm, 8mm e 12mm da junção cemento-esmalte; e as angulações utilizadas foram de 30°, 45° e 60°. Como resultado, observou-se que o local com quantidade óssea ideal seria na região vestibular da cúspide distovestibular do segundo molar, em uma profundidade de 8mm ou mais, com uma angulação de 30° a 45°, para se ter uma espessura de osso cortical de no mínimo 2mm. Em seu trabalho para analisar a taxa de falha dos mini-implantes buccal shelf verificando o local onde foram inseridos e utilizando-se 1680 exemplares, Chang C (2015), tentou padronizar a região de perfuração, colocando-os o mais paralelamente possível às raízes do primeiro e segundo molar inferior e o mais próximo possível da junção mucogengival. “O procedimento cirúrgico começou com um explorador dentário afiado sondando o tecido mole até o osso no local do esqueleto desejado.” (CHANG C, LIU SS, ROBERTS E, 2015). Ainda neste trabalho, avaliou-se a taxa de falha quando o dispositivo perfura o tecido mole em região de mucosa móvel e quando perfura a região de gengiva aderida, e a diferença obtida foi insignificante. FIGURA 6- O ponto de inserção do parafuso pode penetrar na GA ou MM, mas a cabeça do parafuso deve estar pelo menos 5 mm acima do nível do tecido mole. 23 CHANG C, LIU SS, ROBERTS E; Primary failure rate for 1680 extra-alveolar mandibular buccal shelf mini-screws placed in movable mucosa or attached gingiva; 2015 Muitos autores em seus trabalhos relacionam a espessura da cortical óssea a uma maior estabilidade primária do mini-implante. “A prateleira vestibular mandibular tem maior espessura cortical comparado a outro sítio presente na mandíbula. Desta forma, a colocação na prateleira vestibular mandibular proporcionará maior estabilidade primária e sucesso do implante.” (PATHAK, p.60, 2019) 4.4 Mini-implantes na região de crista infrazigomática Quando se fala na outra região que vem sendo alvo das terapias ortodônticas com mini-implantes extra-alveolares, tem-se também alguns relatos de casos clínicos onde utilizou-se a crista infrazigomática para ancoragem com mini implantes para correção de inúmeros problemas, dentre eles, a correção de classe II uni ou bilateral. Em seu relato de caso clínico “Biomecânica dos mini-implantes inseridos na região de crista infrazigomática para correção da má oclusão de Classe II subdivisão”, Almeida MR, Almeida RR e Nanda R (2015), definem: “A região da CIZ é uma área de osso cortical localizada no processo zigomático da maxila. Essa é uma área de protuberância óssea palpável ao longo da curvatura entre o processo alveolar e o zigomático da maxila. Em jovens, essa área localiza-se entre o segundo pré-molar e o primeiro molar superior, enquanto em adultos fica na região do primeiro molar.” (ALMEIDA, 2015) Há divergências em alguns trabalhos em relação ao local de inserção do mini-implante, podendo variar da raiz mesiovestibular do primeiro molar superior, à raiz mesiovestibular do segundo molar superior. Ainda neste trabalho, a inserção do 24 miniparafuso foi feita a uma angulação de 70 graus, iniciando a perfuração com uma ponta lança e seguindo com uma chave hegaxonal longa até ter a adaptação do dispositivo que possui medidas de 10mm x 1,5mm. Lee et al. (2013) avaliaram a espessura do osso cortical da crista infrazigomática por tomografia computadorizada, para identificar a região mais apropriada para a colocação de mini-implantes em pacientes Classe III esquelética. A amostra foi feita com 16 pessoas de 10 a 13 anos, medindo a espessura óssea em diferentes pontos. Os resultados demonstraram que na crista infrazigomática, a área superior e lateral do processo zigomático da maxila é mais apropriada para a colocação de mini-implantes. Houve uma tendência do osso a ser mais espesso na área superior e lateral do processo zigomático da maxila. Em outro estudo realizado por Liu et.al (2017), para medir a espessura da crista infrazigomática acima do primeiromolar superior também através de tomografias computadorizadas, cortes sagitais, coronais e axiais foram realizados para haver a exposição da crista infrazigomática e da raiz mesio-vestibular do primeiro molar superior com maior precisão. Ao comparar-se a espessura da crista infrazigomática com a espessura da parede lateral do seio maxilar, observou-se uma espessura significativamente maior da crista infrazigomática em região de raiz mesio-vestibular do primeiro molar em relação a parede lateral do seio maxilar. Castanha (2018), em seu trabalho teve o objetivo de avaliar a espessura óssea da região da crista infrazigomática por meio de tomografias computadorizadas de feixe cônico, de 60 pacientes com uma média de idade de 42,4 anos. Os resultados obtidos foram de que a espessura na região não teve grandes variações nas diferentes idades, já quando comparados o gênero masculino e o feminino, o gênero masculino obteve uma espessura óssea total significativamente maior, de 2,53 mm, do ápice da raiz mésio-vestibular do segundo molar superior até o final do osso cortical, quando comparado ao sexo feminino, cuja média foi de 1,76 mm. E nas diferentes regiões e alturas radiculares do primeiro e do segundo molar, este apresentou estatisticamente maior espessura óssea quando comparado àquele. Ainda avaliando-se a espessura óssea na região da crista infrazigomática, o trabalho realizado por Santos (2017), mostra através de tomografias computadorizadas de feixe cônico de 40 pacientes, a diferença da espessura em duas alturas diferentes, a primeira, 2mm acima da raiz distovestibular do primeiro 25 molar superior, e a segunda medida, 2mm acima da primeira (ou seja, 4mm acima da raiz distovestibular do primeiro molar superior). Neste trabalho que visa a implantação de miniplacas, mas que também serve para o estudo da implantação de mini-implantes na região de crista infrazigomática, os resultados obtidos foram de 2,49mm de média geral da medida 1, e de 2,29mm na medida 2, sem grandes diferenças entre os sexos. Portanto, quanto mais longe cranialmente do ápice radicular, menor a espessura óssea e maiores as chances de perfuração do seio maxilar, e menor deve ser o diâmetro do miniparafuso. FIGURA 7 - Mini-implantes em IZC colocados na mucosa móvel (esquerda) e na gengiva inserida (direita). A linha pontilhada branca é a junção mucogengival GOBBO, EC; Revisão de literatura: mini-implantes extra-alveolares em crista infrazigomática; 2018 Em seu trabalho, que visa detalhar o porquê da crista infrazigomática e a região buccal shelf serem regiões seguras para a inserção de mini-implantes, Pathak et al. afirmam que há espessura óssea cortical na crista infrazigomática suficiente para a inserção de mini parafusos de 6mm, isso porque quando colocados a uma angulação de 40° a 75° em relação ao plano oclusal e de 15 a 17mm acima do plano, a espessura de osso encontrada é de 5 a 9mm nesta região. 4.5 Limitações e fatores de insucesso dos mini-implantes extra-alveolares e alveolares Nas mecânicas extra-alveolares, quando deseja-se distalização, seja ela mandibular ou maxilar, algumas considerações sobre as limitações das técnicas devem ser levadas em conta segundo a literatura para que se tenha melhor resultado, portanto são necessários a ausência ou extração prévia do terceiro molar, o uso de parafusos tão longos quanto seja possível, e no caso da maxila o seio maxilar não deve estar rebaixado na região de primeiro e segundo molar. 26 Almeida et al. (2017) afirmaram que o maior problema da mecânica de distalização com mini-implantes instalados na região alveolar, é que geralmente as distalizações devem ser feitas em duas fases, levando-se em conta que há interferência das raízes com o mini-implante. Após a distalização dos molares, os mini-implantes são inseridos em outra área para a retração dos pré-molares e da bateria anterior. O uso de mini-implantes instalados na crista infrazigomática, permite a distalização de toda a arcada superior sem a necessidade de realocação do parafuso, uma vez que as raízes não interferem na movimentação de nenhum elemento dentário. Mini-implantes instalados na crista infrazigomática devem ser instalados na gengiva inserida, não sendo recomendada a instalação em mucosa alveolar. A inserção deve ser preferencialmente na linha mucogengival. Inúmeros são os fatores que levam ao insucesso dos mini-implantes, como já visto, dentre eles, fatores que levam a fraturas e deformações, como a mudança de angulação durante a inserção do mini-implante, conhecida como inserção indireta e também o torque excessivo, que pode levar a fratura ou a falta de torque que pode levar a soltura do dispositivo. Em seu trabalho, “Avaliação do torque para inserção, remoção e fratura de diferentes mini-implantes ortodônticos”, Nova et al. (2008), utilizaram tíbias bovinas para a inserção de mini-implantes de duas marcas brasileiras, sendo elas Sin e Neodent, utilizando dispositivos com e sem perfil transmucoso de ambas as marcas. O maior torque de inserção foi encontrado com o dispositivo da Neodent com perfil transmucoso, sendo de 30,6+-1,8Ncm, e dois destes fraturaram. Em todos os grupos, o torque de inserção foi maior que o torque de remoção. A menor média de torque para fratura foi 27,4+-1,1 Ncm, no produto da Neodent sem perfil transmucoso. Espera-se que quanto maior o diâmetro do mini-implante, maior seja seu torque de inserção. Em relação a presença ou ausência do perfil transmucoso, este parece não influenciar no torque de inserção ou de remoção, sua função principal é manter a saúde dos tecidos periodontais, evitando inflamações, que é um dos principais fatores de insucesso e perda de estabilidade de mini-implantes. Ainda neste contexto, outro trabalho chegou a conclusões parecidas sobre os fatores envolvidos no sucesso e falha dos mini-implantes, segundo Gurdan (2018), na aplicação de 59 dispositivos em diferentes sítios, obteve-se sucesso em 89,8% das aplicações, sendo que as falhas ocorreram por 3 razões, sendo principalmente por inflamação peri-implantar (10,2%). Outra razão foi o afrouxamento do mini-implante que ocorreu em apenas 6 27 casos, sendo mais prevalentes na região vestibular do que no palato, e também sendo mais prevalente em movimentos de intrusão do que de extrusão. Levando-se em conta essas limitações e fatores causadores de insucesso, em algumas situações específicas, é contraindicado o uso dos mini-implantes: As contra-indicações para o uso de implantes de mini-implantes incluem cicatrização problemática, defesa imunológica comprometida, distúrbios hemorrágicos, qualidade óssea patológica ou higiene bucal inadequada. Os implantes de miniparafusos também podem ser contraindicados em crianças com dentição decídua ou mista precoce. Fumar pesado afeta negativamente as taxas de sucesso dos miniparafusos ortodônticos. O papel contribuinte da cessação temporária do tabagismo no sucesso dos implantes dentários deve ser considerado no prognóstico da colocação de miniparafusos ortodônticos, mas requer mais investigação. (CHANG, 2013, p. 112) Em seu trabalho sobre as aplicações dos miniparafusos na ortodontia contemporânea, Chang e Tseng (2013), apontaram que a taxa de sucesso dos mini-implantes já era superior a 80%, o que dava segurança em relação ao seu uso na ortodontia, mas ainda era baixa quando comparada a taxa de sucesso dos implantes dentários, que era superior a 90%. Ainda neste trabalho, relata-se que a taxa de falha não sofre significativa diferença quando comparados os sexos, local de inserção ou lado de inserção. Já ao comparar-se idades, a taxa de falha em pessoas jovens tende a ser maior do que em pessoas com mais de 20 anos, sendo a causa atribuída ao metabolismo ósseo ativo e a baixa maturação dos ossos maxilares em crianças/adolescentes. Ainda ao comparar-se a taxa de falha entre os ossos maxilares, esta tende a ser maior na mandíbula do que na maxila, isso se deve a suamaior densidade óssea, que exige um maior torque, deixando o dispositivo mais suscetível a falhas. Uma das grandes vantagens das terapias com mini-implantes, é que o sucesso destes não depende muito da cooperação do paciente. Porém, segundo Pathak et al., há ainda o fator da higiene, que quando não realizada, ou realizada de forma inadequada e insuficiente leva a inflamação gengival e peri-implantar, sendo esse um dos fatores que afeta a estabilidade e longevidade do dispositivo. Quando avaliada a percepção dos pacientes em relação do uso de dispositivos de ancoragem temporários, esta tem sido positiva, como relatado no artigo de Kaaouara (2018), “Percepção de dispositivos de ancoragem de mini-parafusos pelos https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/orthodontics https://www.sciencedirect.com/topics/medicine-and-dentistry/nicotine-withdrawal 28 pacientes”, em que chegou-se à conclusão de que para os pacientes, a dor provocada pelo alinhamento ortodôntico é significativamente maior do que a dor do pós operatório da colocação do mini-implante, e o índice de satisfação dos pacientes submetidos a tratamento ortodôntico com ancoragem temporária foi de 72,4%. Estes fatores unidos à alta taxa de estabilidade do dispositivo tornam o tratamento com mini-implantes seguro e previsível. A taxa de remodelação óssea também é um indicativo de sucesso do mini-implante, pois influencia na sua estabilidade secundária e segundo Francis (2017), essa taxa varia de acordo com o diâmetro do dispositivo implantado. Neste estudo foram colocados mini implantes de diferentes diâmetros em cães, alguns com carga de 2N e outros sem carga. Ao longo do tempo observou-se que o mini-implante com menor diâmetro, sendo este de 1,6mm, quando carregado, foi o que teve menor taxa de remodelação óssea (menos de 10% ao ano), enquanto os mini-implantes de maior diâmetro, 2mm, 3mm e 3,75mm tiveram taxas superiores e similares, 32,7%, 33,6% e 35,2% ao ano, respectivamente. A remodelação óssea cortical foi analisada tanto dentro de 1 mm (região adjacente) quanto de 1 mm a 3 mm (região distante) da interface osso-dispositivo. A taxa de formação óssea (BFR, % por ano) foi calculada a partir da renovação óssea osteonal secundária marcada com calceína. Os valores de BFR também foram calculados para as regiões combinadas (0–3 mm da interface do dispositivo). (FRANCIS, 2017) Figura 8- Cortes longitudinais de parafusos de (a) 1,6 mm, (b) 2,0 mm, (c) 3,0 mm e (d) 3,75 mm de diâmetro e osso de suporte sob luz fluorescente. O osso nestas seções foi examinado para avaliar várias medidas histométricas. 29 . FRANCIS, JC et al. O diâmetro do dispositivo tipo parafuso e a carga ortodôntica influenciam a remodelação óssea adjacente; 2017 4.6 Novos sítios extra-alveolares Além dos dois sítios extra-alveolares já explorados, buccal shelf e crista infrazigomática, o palato é a terceira possibilidade de implantação de mini-implantes para ancoragem esquelética extra-alveolar e vem ganhando cada vez mais espaço e possibilidades de tratamento, como na intrusão e na distalização de molares superiores e na fixação do aparelho marpe para expansão da maxila. Em seu relato de caso, Carvalho (2022), objetivou mostrar o tratamento da intrusão de um molar superior para recuperação do espaço protético. Dentre outros problemas, a paciente possuía o dente 16 extrusionado, roubando espaço para reabilitação protética do dente 46. Como tratamento para a intrusão do dente 16 escolheu-se a opção com dois mini-implantes, sendo um deles na crista infrazigomática e outro em região de palato duro. Após a instalação destes, colocou-se elástico em corrente ligando os dois dispositivos, e um botão na oclusal do dente 16 para manter o elástico estável. 30 Figura 9- Mini-implante ICZ e mini-implante pelo palato e elástico em corrente para realizar a intrusão dente 16 CARVALHO, Daniela Soares, et al, Intrusão do primeiro molar superior com mini-implantes para recuperação de espaço protético: relato de caso, 2022. Em 5 meses obteve-se o resultado esperado e foi possível planejar uma coroa protética para o dente 46. “Em estudos relacionados à intrusão de molares superiores usando mini-implantes, a quantidade de intrusão alcançada por mês foi de 0,5 a 1mm e a quantidade máxima de intrusão alcançada foi de 4,4mm em 6 meses” (CARVALHO, 2022). Aparelhos expansores de maxila como Hyrax (apoiado em dente) e Haas (apoiado em dente e mucosa), apesar de levarem à abertura da sutura palatina mediana, trazem efeitos adversos desagradáveis ao paciente, como “inclinação dentoalveolar, reabsorção radicular, efeitos periodontais prejudiciais, perda óssea vestibular no dente de ancoragem, desconforto pelo paciente, e estabilidade de longo prazo questionável” (DEVEZE, 2021). Esses efeitos adversos podem ser neutralizados ao utilizar-se um aparelho expansor de maxila ancorado em mini-implantes, o marpe (expansão rápida da maxila assistida por mini-implante). Em 2010, Lee et al, propuseram a criação do Marpe, apenas com algumas alterações do tradicional Hyrax. Sendo estas quatro bandas, duas nos primeiros pré-molares superiores e duas nos primeiros molares superiores e destas partiam quatro braços conectores de aço inoxidável até a base do aparelho no palato. Nessa base foram instalados quatro mini-implantes com dimensões de 1,8mm de diâmetro e 7mm de comprimento. A ativação do aparelho era feita uma vez ao dia, e após esse período foi constatada a abertura da sutura palatina, e o aparelho foi mantido estável por mais três meses em busca de neoformação óssea. 31 Em sua revisão sistemática comparando os métodos convencionais de expansão da maxila ao marpe, Deveze (2021) chegou às seguintes conclusões, abertura da sutura palatina mediana é mais paralela com o marpe, enquanto que com os aparelhos convencionais ela é mais triangular (a parte posterior se abre menos), os efeitos colaterais supracitados são reduzidos com o marpe, principalmente a inclinação vestibular dos dentes; e permite um ligeiro aumento do volume da cavidade nasal. Há ainda uma subdivisão do aparelho, entre o marpe que possui apenas ancoragem esquelética e o que possui ancoragem esquelética e dental, conhecido como marpe híbrido. Não há tantos estudos voltados para a implantação de mini-implantes no palato como há para a região buccal shelf e de crista infrazigomática, mas sua utilização já é de grande valia na ortodontia contemporânea e as pesquisas vêm mostrando resultados animadores. Figura 10- MARPE com mini-implantes instalados. OLIVEIRA el al., 2018 Outro sítio extra-alveolar que vem sendo usado na aplicação de mini-implantes ortodônticos, é a região retromolar, mais precisamente o trígono retromolar, isso se deve principalmente ao aumento da procura pela ortodontia prévia à reabilitação oral com implantes. Em seu relato de caso, Tagawa et al., obteve sucesso ao verticalizar um segundo molar inferior que havia mesializado com a perda precoce do primeiro molar. Para este caso utilizou-se um mini-implante na região de trígono retromolar e uma banda foi cimentada no dente 37, e nesse banda soldou-se um botão pela face mesial onde se encaixava um elástico corrente, 32 até o mini implante. O elástico era trocado a cada 15 dias e sua força era de 150g, levando três meses para se obter o resultado esperado de verticalização do molar. A mecânica utilizada neste caso induziu ainda uma intrusão junto com a verticalização, dispensando assim a necessidade de ajuste oclusal, ao contrário do que acontece na maioria dos casos de verticalização, onde acaba havendo extrusão do dente. No acompanhamento radiográfico feito seis meses após o tratamento foi possível observar neoformação óssea na região mesial ao dente, possibilitando a reabilitação com implante protético. Figura 11- Radiografia panorâmica inicial Figura 12- Radiografia panorâmica final com o mini-implante TAGAWA, Daniella Torres, et al., Verticalização do segundomolar inferior com mini-implante em paciente adulto - relato de caso clínico, 2015. 33 5. DISCUSSÃO Observando-se inúmeros trabalhos e relatos de caso, fica claro que a mecânica com mini-implantes extra-alveolares em região de crista infrazigomática e buccal shelf, são em sua maioria objetivando a distalização das arcadas superior e inferior, no caso da crista infrazigomática, comumente para a compensação de classe II esquelética, como relatado: “A correção da classe II foi obtida com 11 meses e com média de movimento distal do molar de 3mm, sem influência quanto ao tipo de braquete.”(AYUB, 2019). E no caso da região buccal shelf, para a compensação de classe III esquelética. “Em casos em que a queixa principal não é o perfil facial e a cirurgia ortognática não é aceita pelo paciente, o tratamento compensatório da má oclusão de classe III é viável, demonstrando ainda bons resultados clínico, estético e funcional. A biomecânica extra-alveolar permite a retração da arcada inferior sem segmentação do movimento, sendo um excelente recurso conservador e não extracionista, para o tratamento compensatório de Classe III.” ( MARQUES, 2019). Portanto, é válido ressaltar que o uso de mini-implantes extra-alveolares atua na compensação das classes II e III através da mudança do posicionamento dos dentes e mudança da oclusão, sendo capaz de resolver problemas onde o perfil e posicionamento ósseo seja adequado. Caso contrário, faz-se necessária uma cirurgia ortognática para a correção do problema. A retenção de um mini-implante se dá por um contato justo, e não por osseointegração, como nos implantes protéticos, por isso essa mecânica é sempre temporária e sua estabilidade depende de uma força de ancoragem agindo sobre o dispositivo, preferencialmente essa carga já deve ser imediata, aplicada logo após sua inserção. “A retenção é basicamente mecânica e temporária, pois sua função é a de servir apenas como unidade de ancoragem estável para forças de pequena intensidade. Diferentemente dos implantes dentários osseointegráveis que quando inseridos na mandíbula, maxila ou zigoma são submetidos a forças da ordem de 300 N e apresentam integração com o tecido ósseo de forma segura e eficaz.” (ELIAS, 2011). Ainda neste trabalho, Elias (2011), cita as principais aplicações dos mini-implantes, que ainda hoje seguem sendo similares, apenas com algumas evoluções, e a maioria delas já foram citadas neste trabalho; são elas, fechamento de espaço (retração de dentes anteriores), distalização de molares, verticalização 34 de molares, intrusão (dentes posteriores e anteriores), nivelamento de plano oclusal, tracionamento de dentes retidos e como implantes provisórios. Em seus trabalhos sobre resistência estrutural dos mini-implantes, e influência do tamanho e do ângulo de inserção do mini implante, Vieira et al. (2021) e Tatli (2019), chegaram a conclusões parecidas em relação aos seus tamanhos e diâmetros, ou seja, os mini-implantes de maior diâmetro e maior comprimento, sofreram menos deformação durante sua inserção e tiveram menos falhas e maior força de ancoragem. Este resultado se repete em inúmeros trabalhos científicos e na prática clínica diariamente, “Os MI autoperfurantes com 1,5 mm de diâmetro sem micro roscas apresentaram limite de resistência à fratura da ponta de 11,57 N.cm, enquanto os MI autoperfurantes com 1,8 mm de diâmetro apresentaram um pouco mais que o dobro desse torque de ruptura (23,5 N.cm). O mesmo comportamento foi observado para o MI autoperfurante com 1,5 mm de diâmetro e micro rosca e MI autoperfurante com 1,8 mm de diâmetro e micro rosca, apresentando limites de resistência à fratura em torção de 11,94 e 22,4 N.cm, respectivamente. Os MI autoperfurantes com 2,0 mm de diâmetro com micro rosca apresentaram o triplo do torque de ruptura da ponta dos mini-implantes de mesma geometria.” (ELIAS, 2011). Ressalta-se portanto, uma grande vantagem do uso de mini-implantes em regiões extra-alveolares, que permitem maiores diâmetros e comprimentos por não entrarem em contato com as raízes dos dentes e estarem em um local de maior espessura óssea. Alguns autores como Chang e Gurdan, citam os principais problemas que levam às falhas dos mini-implantes e até fatores que levam a contraindicação da inserção do mesmo. Dentre todos os fatores, a inflamação do tecido periodontal, principalmente por má higiene, é o mais recorrente e que mais gera perdas. Alguns dispositivos possuem um perfil transmucoso, que auxilia na função de manter o tecido periodontal saudável evitando acúmulo de placa. Este é um fato interessante, pois muitas vezes os mini-implantes foram e são citados como vantajosos para a ancoragem esquelética em relação aos métodos utilizados anteriormente pelo fato de não necessitar da colaboração do paciente. Em geral estes realmente precisam de pouca colaboração, mas ainda assim, é necessário que o paciente esteja comprometido com a higiene para que não se perca o dispositivo, em alguns casos a má higiene acaba sendo até um fator de contraindicação da instalação de mini-implantes. 35 Dentre os inúmeros fatores que levam ao sucesso das mecânicas com mini-implantes, um fator pouco citado é o material de fabricação. Isso porque a maioria dos mini-implantes é produzida em titânio e são amplamente utilizados na ortodontia, porém outro material que também é utilizado na sua fabricação é o aço inoxidável. Alguns estudos buscam mostrar quais os fatores mais relevantes para o sucesso da mecânica com mini-implantes, e hoje sabe-se que esses fatores são o comprimento e o diâmetro. Ainda assim, há estudos que também comparam o sucesso entre os dispositivos de titânio e de aço inoxidável. Neste contexto Vieira et al. (2021), testou miniparafusos dos dois materiais e com diferentes ângulos de inserção, nesse caso o aço inoxidável, que é o material mais resistente em relação ao titânio, sofreu menor deformação e distorção no momento do torque de inserção. Este mesmo resultado foi obtido em outro estudo: “Os resultados do presente estudo indicam que as propriedades mecânicas dos mini-implantes de aço inoxidável são superiores aos de titânio alumínio-vanádio. Assim, a hipótese de que os mini-implantes de aço têm maior resistência mecânica do que os de titânio foi comprovada.” (LOPES, 2019). Apesar disso, inúmeros trabalho não mostram diferença significativa entre os dois materiais, ambos cumprem a função de forma desejada, porém, Meneses (2021), em sua dissertação de mestrado chegou a conclusão de que embora alguns estudos apontem uma maior taxa de sucesso para mini-implantes de titânio, essa taxa não é significativa, além disso, o dispositivo de aço inoxidável é realmente mais resistente e sofre menor efeito de torção e tem menores chances de fratura. Em contrapartida, os dispositivos de titânio provocam menos reações nos tecidos circundantes do que os de aço inoxidável. Pode-se dizer então, que ambos são seguros e cumprem seus papéis na ancoragem esquelética, e por mais que estejam relacionados ao sucesso da técnica, não são os fatores principais. Apesar de simples, a inserção de mini-implantes é bastante sensível à técnica e à habilidade do operador. Todo profissional deve estudar através de trabalhos científicos a melhor região, melhor material e melhor técnica para a colocação do mini-implante. Nos estudos utilizados na composição deste trabalho, foi possível perceber que há um padrão para regiões específicas favoráveis para a inserção do dispositivo, essas regiões contêm maior espessura óssea e oferecem maiores chances de sucesso ao procedimento. No caso da região buccal shelf os autores Santini (2019) e Vargas (2020), através da análise de inúmeras tomografias 36 computadorizadas de pacientes, chegaram à conclusão de que a região de maior espessura óssea e portanto com mais chances de sucesso, é a vestibular do segundo molar inferior. E ainda, estes dois trabalhos trouxeram outra referência, em relaçãoaos biotipos faciais, tendo como resultado que pacientes braquifaciais ou de face curta, possuem maior espessura óssea na região buccal shelf do que indivíduos dolicofaciais ou de face longa. Segundo Chang (2013), o mini-implante deve ser inserido sobre a junção mucogengival ou o mais próximo possível dela, e deve sobrar em torno de 5mm do dispositivo para fora da mucosa. Já em relação a crista infrazigomática Liu et.al (2017) e Castanha (2018) denotam regiões com certo grau de divergência como mais favoráveis, podendo esta ser desde a raiz mesiovestibular do primeiro molar, até a distal do segundo molar. E em relação a altura em que é inserido o dispositivo, quanto mais alto e distante do ápice da raiz, menor é a espessura óssea e maiores as chances de perfurar o seio maxilar. Estes dados servem como um guia e ajudam os ortodontistas a fazerem procedimentos com mais segurança e previsibilidade, aumentando as chances de sucesso da técnica. 37 6. CONCLUSÃO A ortodontia está em constante avanço, e o momento atual é de grande evolução. O desenvolvimento dos mini-implantes com foco na ancoragem esquelética, tornou possível a resolução de muitos casos que antes careciam de cirurgia ortognática ou de aparelhos de ancoragem parcial que dependiam totalmente da colaboração do paciente. Desde sua criação, as possibilidades de uso dos mini-implantes não pararam de evoluir, surgindo novas aplicações, novas mecânicas e novos sítios. Como é o caso dos mini-implantes extra-alveolares, que começaram a ser usados mais recentemente e graças ao seu desempenho e taxa de sucesso, vem sendo recomendado em artigos e tomando o espaço das técnicas alveolares. A região posterior da mandíbula conhecida como buccal shelf, e a região da maxila conhecida como crista infrazigomática, são zonas de maior espessura de osso cortical e que eliminam o contato entre o dispositivo e as raízes dos dentes, possibilitando o uso de mini-implantes maiores e mais resistentes, e por isso sendo tão recomendados. Mini-implantes são simples, não requerem procedimentos complicados para sua inserção, e é um método acessível que resolve grande parte dos problemas oclusais que precisam de ancoragem esquelética. Desde que executados por profissionais capacitados, uma boa técnica e pacientes colaboradores com a higiene oral, a taxa de sucesso dos mini-implantes é muito alta, e a tendência com o passar do tempo e evolução das técnicas, é de que seja ainda maior. 38 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Almeida MR. Biomechanics of extra-alveolar mini-implants. Dental Press J Orthod. 2019Jul-Aug;24(4):93-109. DOI: https://doi.org/10.1590/2177-6709.24.4.093-109.sar. 2. Almeida MR, Almeida RR, Nanda R. Biomecânica dos mini-implantes inseridos na região de crista infrazigomática para correção da má oclusão de Classe II subdivisão. Rev Clín Ortod Dental Press. 2016 Dez2017 Jan;15(6):90-105. 3. ARAÚJO, Telma Martins de et al. Ancoragem esquelética em Ortodontia com miniimplantes. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 11, n. 4, p. 126-156, jul. 2006. 4. AYUB, Priscila Vaz. Distalização da arcada dentária superior ancorada em mini implantes na crista infrazigomática: estudo clínico e análise de elementos finitos. 2019. 24 f. Tese (Doutorado) - Curso de Odontologia, Centro Odontológico, Unesp - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Odontologia de Araraquara, Araraquara, 2019. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/181747/ayub_pv_dr_arafor_par.p df?sequence=5&isAllowed=y. Acesso em: 09 jul. 2022. 5. BARBERIO, Gabriel Salles. TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DE CLASSE III COM MORDIDA ABERTA UTILIZANDO MINI-IMPLANTE NO “BUCCAL SHELF” COMO ANCORAGEM. 2018. 21 f. Monografia (Especialização) - Curso de Odontologia, Ortodontia, Faculdade Sete Lagoas, Botucatu, 2018. Disponível em: https://faculdadefacsete.edu.br/monografia/files/original/5978236d80e79b84d790 2a53f61c6618.pdf. Acesso em: 13 dez. 2022. 6. CARVALHO, Daniela Soares. Intrusão do primeiro molar superior com mini-implantes para recuperação de espaço protético: relato de caso. Brazilian Journal Of Health Review. Tocantins, p. 11595-11603. jun. 2022. Disponível em: file:///C:/Users/Pc/Downloads/49627-123908-1-PB.pdf. Acesso em: 10 jan. 2022. 7. CASTANHA, Daniela. Avaliação da espessura da cortical em região de crista infrazigomática por meio de tomografia computadorizada de feixe cônico em pacientes adultos. 2018. 63 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Odontologia, Ortodontia, Ilapeo, Curitiba, 2018. 8. CHANG, Chris; LIU, Sean S.y.; ROBERTS, W. Eugene. Primary failure rate for 1680 extra-alveolar mandibular buccal shelf mini-screws placed in movable mucosa or attached gingiva. The Angle Orthodontist, [S.L.], v. 85, n. 6, p. 905-910, 20 jan. 2015. The Angle Orthodontist (EH Angle Education & Research Foundation). http://dx.doi.org/10.2319/092714.695.1. 9. CHANG, Hong-Po. Aplicações de implantes de miniparafusos na ortodontia contemporânea. O Jornal Kaohsiung de Ciências Médicas. Taiwan, p. 111-115. 31 maio 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2177-6709.24.4.093-109.sar http://dx.doi.org/10.2319/092714.695.1 39 https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1607551X13002738. Acesso em: 22 jun. 2022. 10. DALVI, Ângela Cardoso. IMPLANTES ORTODÔNTICOS DE AÇO INOXIDÁVEL. 2015. Disponível em: https://rmct.ime.eb.br/arquivos/RMCT_2_tri_2015/RMCT_240_E4B_14.pdf. Acesso em: 10 jan. 2023. 11. DEVEZE, Juliette Cécile. Avaliação da expansão rápida da maxila com mini-implantes (MARPE) versus aparelhos convencionais, nos adolescentes e jovens adultos: uma revisão sistémica integrativa. 2021. 32 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Odontologia, Centro de Ciências da Saúde, Instituto Universitário de Ciências da Saúde, Granda, 2021. Disponível em: https://repositorio.cespu.pt/bitstream/handle/20.500.11816/3679/MIMD_DISSERT_2 4506_JulietteDeveze.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 10 jan. 2022. 12. ELIAS, Carlos Nelson. Resistência mecânica e aplicações clínicas de mini-implantes ortodônticos. Revista Brasileira de Odontologia, Rio de Janeiro, v. 68, n. 1, p. 95-100, jun. 2011. Disponívelem:http://revista.aborj.org.br/index.php/rbo/article/view/259/239#. Acesso em: 12 jul. 2022. 13. Francis JC, Oz U, Cunningham LL, Emecen Huja P, Kryscio RJ, Huja SS. Screw-type device diameter and orthodontic loading influence adjacent bone remodeling. Angle Orthod. 2017 May;87(3):466-472. doi: 10.2319/041316-302.1. Epub 2016 Dec 8. PMID: 27824255; PMCID: PMC8381998. 14. GURDAN, Z. Avaliação das taxas de sucesso e complicações de mini-implantes ortodônticos. Nigerian Journal Of Clinical Practice. Pécs, p. 546-552. 04 maio 2018. Disponível em: https://www.njcponline.com/article.asp?issn=1119-3077;year=2018;volume=21;issue =5;spage=546;epage=552;aulast=Gurdan. Acesso em: 28 jun. 2022. 15. KAAOUARA Yassine, SARA El Amrani, RERHRHAYE Wiam. Perception of mini-screw anchorage devices by patients. International Orthodontics. [S.I.], p. 676-683. dez. 2018. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1761722718301384?via%3Di hub. Acesso em: 27 jun. 2022. 16. KANOMI R. Mini-implant for orthodontc anchorage. J Clin Orthod. 1997;31(11):763-7. 17. KHARADI, Lalit. Applications of mini-implants in orthodontics. International Journal OfApplied Dental Sciences. Kingdomof Bahrain, p. 2-3. 06 mar. 2021. Disponível em:https://www.researchgate.net/publication/353720223_Applications_of_mini-impla nts_in_orthodontics. Acesso em: 06 out. 2021. 40 18. LEE, H. S. et al. Bone thickness of the infrazygomatic crest area in skeletal Class III growing patients: A computed tomographic study. Imaging Science in Dentistry, v. 43, n. 4, p. 261– 266, 2013. 19. LEE, K. J.; PARK, Y.C.; PARK, J. Y.; HWANG, W. S. Miniscrew- assisted nonsurgical palatal expansion before orthognathic surgery for a patient with severe mandibular prognathism. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v.137, n.6, p.830-839, 2010. 20. Lima DV, Freitas KMS, Gaspar VA, YamanoiT, Lima NCJ. Tratamento compensatório da má oclusão de Classe III com retração da arcada inferior utilizando mini-implantes. Rev Clín Ortod Dental Press. 2017 Dez-2018 Jan;16(6):77-86. 21. LIU, H. et al. Safe zones for miniscrews in maxillary dentition distalization assessed with cone-beam computed tomography. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, v. 151, n. 3, p. 500-506, 2017. 22. Liou EJ, Chen PH, Wang YC, Lin JC. A computed tomographic image study on the thickness of the infrazygomatic crest of the maxilla and its clinical implications for miniscrew insertion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(3):352-6. 23. LOPES, Gabriela Barros. PROPRIEDADES MECÂNICAS DE MINI-IMPLANTES UTILIZADOS NA ANCORAGEM EXTRARRADICULAR. 2019. 38 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Odontologia, Departamento de Odontologia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019. 24. MARQUES, Vânia Azevêdo Barreto. A UTILIZAÇÃO DO MINI-IMPLANTE EXTRA-ALVEOLAR NO TRATAMENTO ORTODÔNTICO DA CLASSE III: revisão de literatura. 2021. 39 f. TCC (Graduação) - Curso de Odontologia, Centro Universitário Unidade de Ensino Superior Dom Bosco, São Luís, 2021. Disponível em:http://repositorio.undb.edu.br/bitstream/areas/683/1/VANIA%20AZEVEDO%20B ARRETO%20MARQUES.pdf. Acesso em: 11 jul. 2022. 25. MENESES, Ana Filipa da Silva. AVALIAÇÃO DA TAXA DE SUCESSO DOS MINI-IMPLANTES DE LIGA DE TITÂNIO VS MINI-IMPLANTES DE AÇO: uma revisão sistemática. 2021. 46 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Odontologia, Centro Odontológico, Instituto Universitário de Ciências da Saúde, Gandra, 2021. Disponível em:https://repositorio.cespu.pt/bitstream/handle/20.500.11816/3624/ORT_D_1550_a nameneses_DEFIN-A.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 13 jul. 2022. 26. Nova, Maria Fernanda Prates da et al. Avaliação do torque para inserção, remoção e fratura de diferentes mini-implantes ortodônticos. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial [online]. 2008, v. 13, n. 5 [Acessado 21 Junho 2022] , pp. 76-87. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1415-54192008000500008>. Epub 22 Set 2008. ISSN 1980-5500. https://doi.org/10.1590/S1415-54192008000500008 41 27. NUCERA, Riccardo. Bone and cortical bone thickness of mandibular buccal shelf for mini-screw insertion in adults. The Angle Orthodontist. Si, p. 745-751. set. 2017. 28. Pathak S, Patil T, Mahamuni A, Jaju K, Rai R. Mandibular buccal shelf and infra zygomatic crest – A safe zone for miniscrew insertion. Indian J Orthod Dentofacial Res 2019;5(2):60-62 29. SANTINI, Karoliny Rodrigues. AVALIAÇÃO TOMOGRÁFICA DA ESPESSURA DA CORTICAL ÓSSEA NA REGIÃO DE BUCCAL SHELF PARA ANCORAGEM ORTODÔNTICA EXTRA-ALVEOLAR EM DIFERENTES PADRÕES DE CRESCIMENTO CRANIOFACIAL. 2019. 44 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Odontologia, Ortodontia, São Leopoldo Mandic, Campinas, 2019. 30. Santos AR, Castellucci M, Crusoé-Rebello IM, Sobral MC. Avaliação da espessura óssea na região da crista infrazigomática visando o posicionamento das miniplacas ortodônticas: um estudo tomográfico. Dental Press J Orthod. 2017 julho-agosto;22(4):70-6. 31. SQUEFF, Luciana Rougemont; SIMONSON, Michel Bernard de Araújo; ELIAS, Carlos Nelson; NOJIMA, Lincoln Issamu. Caracterização de mini-implantes utilizados na ancoragem ortodôntica. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 13, n. 5, p. 49-56, out. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/dpress/a/knJHdzP3JjDK3S6R4rfWYJF/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 18 nov. 2022. 32. SREENIVASAGAN, Swapna. CBCT comparison of buccal shelf bone thickness in adult Dravidian population at various sites, depths and angulation – A retrospective study. International Orthodontics. Índia, p. 471-479. set. 2021. Disponívelem:https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S176172272100 0802. Acesso em: 23 jun. 2022. 33. TAGAWA, Daniella Torres et al. Verticalização do segundo molar inferior com mini-implante em paciente adulto - relato de caso clínico. Rev Assoc Paul Cir Dent, Santos, v. 1, n. 69, p. 50-54, 27 fev. 2015. Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/apcd/v69n1/a08v69n1.pdf. Acesso em: 25 jan. 2023. 34. TATLI, Ufuk. Effects of size and insertion angle of orthodontic mini-implants on skeletal anchorage. American Journal Of Orthodontics And Dentofacial Orthopedics. Turkey, p. 220-228. 01 ago. 2019. Disponível em: https://www.ajodo.org/article/S0889-5406(19)30353-1/fulltext#%20. Acesso em: 28 jun. 2022. 35. VARGAS, Eduardo Otero Amaral. Espessuras da prateleira bucal mandibular e crista infrazigomática em pacientes com diferentes alturas faciais verticais. American Journal Of Orthodontics And Dentofacial Orthopedics. [S.L.], p. 349-356. 01 set. 2020. Disponível em: https://www.ajodo.org/article/S0889-5406(20)30225-0/fulltext. Acesso em: 23 jun. 2022. 42 36. VIEIRA, Carlos AM et al. Resistência estrutural de mini-parafusos ortodônticos inseridos para ancoragem extraalveolar. Acta Odontol. latinoam. , Buenos Aires, v. 34, n. 1, pág. 27-34, abril 2021. Disponível em <http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1852-48342021000100 027&lng=en&nrm=iso>. acesso em 21 de junho 2022. Epub 01-Abr-2021. 43 ANEXO 1: ATA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO ASSINADA
Compartilhar