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ANEMIA FERROPRIVA EM CRIANÇAS: REVISÃO INTEGRATIVA IRON DEFICIENCY ANEMIA IN CHILDREN: INTEGRATIVE REVIEW Luciana Nogueira Rebouças1, July Mayene Rebouças1, Francisco Edson Ferreira Paz1, Willer Malta de Sousa2 1Bacharéis em Biomedicina – Faculdade de Tecnologia Intensiva 2Professor de Hematologia – Faculdade de Tecnologia Intensiva Endereço Correspondência Rua Marquês de Caravelas, 665, Vicente Pinzon (85) 3234.4999 / (85) 99922.9457 Luciana.reb@hotmail.com Anemia Ferropriva em Crianças RESUMO A anemia ferropriva é a desordem nutricional de maior prevalência no mundo, acometendo, principalmente, crianças menores de 5 anos e mulheres em idade fértil. Na infância, a carência de ferro, pode provocar dificuldades na aprendizagem da linguagem, distúrbios psicológicos e comportamentais, além de debilitar as defesas imunológicas, facilitando a ocorrência e/ou o agravamento de doenças infecciosas. O estudo tem como objetivo analisar as evidências científicas sobre anemia ferropriva em crianças. Para este, foi realizada uma revisão integrativa com base em artigos científicos, encontrados nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde e LILACS, no período de 2005 a 2015, utilizando as palavras-chave, de forma integrada: “anemia ferropriva em crianças” e, de forma individual: anemia ferropriva, carência de ferro infantil e análise laboratorial das anemias. Foram considerados critérios de inclusão artigos publicados nos últimos 10 anos, no idioma português; e, como critérios de exclusão, artigos sem contribuições à temática do estudo e que não possuíam resumo e/ou texto completo disponibilizados nas bases de dados acima citadas. Para complementação do estudo, as informações encontradas foram organizadas, avaliadas, interpretadas e sintetizadas, resultando na utilização de apenas 20 artigos inerentes à problemática, os quais delatam acerca da anemia ferropriva em seus aspectos gerais, métodos de diagnóstico e tratamento, para, assim, baseado nesses resultados, ajudar no desenvolvimento de planejamentos estratégicos para controle, prevenção e cura da doença, melhorando e contribuindo para o desenvolvimento do país. Palavras-chave: Anemia ferropriva. Carência de ferro infantil. Análise laboratorial das anemias. Anemia Ferropriva em Crianças ABSTRACT Iron deficiency anemia is the most prevalent nutritional disorder in the world, affecting mainly children under five years and women of childbearing age. In childhood, iron deficiency, can cause difficulties in learning the language, psychological and behavioral disorders, as well as weakening immune defenses, facilitating the occurrence and/or aggravation of infectious diseases. The study aims to analyze the scientific evidence of iron deficiency anemia in children. For this, an integrative review was carried out on the basis of scientific articles found in the Virtual Library Databases Health and LILACs, from 2005 to 2015, using the key words in an integrated way, "iron deficiency anemia in children" and individually: iron deficiency anemia, Lack of child iron and laboratory analysis of anemia. They considered inclusion criteria published articles in the last 10 years in the portuguese language; and exclusion criteria, articles without contributions to the theme of the study and who had no abstract and/or full text available on the above mentioned databases. To complement the study, the information found were organized, evaluated, interpreted and summarized, resulting in the use of only 20 articles related to the problem, which denounce the fence of iron deficiency anemia in its general aspects, diagnostic methods and treatment for as well based on these results, assist in developing strategic plans for control, prevention and cure of the disease, improving and contributing to the country's development. Keywords: Iron deficiency anemia in children. Lack of child iron. Iron deficiency. Laboratory analysis of anemia. 4 Anemia Ferropriva em Crianças 1. INTRODUÇÃO De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a anemia é definida como um processo patológico no qual a concentração de hemoglobina, contida nos glóbulos vermelhos, encontra-se anormalmente baixa, em consequência de várias situações como infecções crônicas, problemas hereditários sanguíneos e/ou carência de um ou mais nutrientes essenciais para o amadurecimento da hemoglobina1. A anemia ferropriva ou ferropênica é a desordem nutricional de maior prevalência no mundo e, embora possa ocorrer em pessoas de qualquer idade e sexo, acomete, principalmente, crianças menores de cinco anos e mulheres em idade fértil, em decorrência do desmame precoce e a introdução de alimentos pobres em ferro e dos sangramentos da menstruação. A anemia na infância pode provocar dificuldades na aprendizagem da linguagem, distúrbios psicológicos e comportamentais e desenvolvimento do retardo psicomotor, além de debilitar as defesas imunológicas, facilitando a ocorrência e/ou o agravamento de doenças infecciosas1,2. Este tipo de anemia é decorrente de uma dieta com carência em ferro, e exige a realização de medidas preventivas como incentivo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e orientação adequada para uma dieta complementar de qualidade, devendo ser prioridade na política nacional com ações voltadas para melhoria da nutrição, alimentação e assistência à criança, principalmente na área da atenção primária em saúde, podendo trazer repercussões no desenvolvimento do país3. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) da Criança e da Mulher realizada pelo Ministério da Saúde, constatou que a prevalência de anemia em crianças menores de cinco anos foi de 20,9%, sendo de 24,1% em crianças de 6 meses a menores de dois anos. A prevalência de crianças com anemia de gravidade moderada foi 8,7% e a prevalência de crianças e mulheres com valores considerados marginais foi de 59,5%. Das 5 Anemia Ferropriva em Crianças regiões do país, o Nordeste foi a que apresentou maiores prevalências de anemia entre crianças (25,5%), e as crianças moradoras de áreas rurais do país apresentaram menor prevalência de anemia quando comparadas com as crianças nas áreas urbanas, em decorrência da alimentação destes ser mais rica em carnes de criação própria, verduras e vegetais sem adição de agrotóxicos e/ou conservantes3. O ferro é uma substância essencial para a formação das hemácias, que, por sua vez, são responsáveis pela oxigenação de todo o organismo. A ausência dessa substancia na medula óssea, causa distúrbios da atividade hematopoética, justificando-se a necessidade de controle da concentração férrica orgânica12. Os sinais clínicos da deficiência de ferro não são facilmente identificáveis e, por isso, muitas vezes, a anemia não é diagnosticada. Portanto, uma análise laboratorial é imprescindível para um diagnóstico preciso da doença1. O diagnóstico primário da anemia ferropriva pode ser dado através da leitura de um hemograma, pois ele fornece, de forma qualitativa e quantitativa, dados importantes para a investigação da maioria das doenças hematológicas, através dos seus índices hematimétricos5. Porém, para um diagnóstico mais completo e mais preciso da doença, existem outros exames mais complexos e específicos que ajudam na identificação do tipo de anemia e indicam a terapêutica mais adequada ao caso, dentre eles: dosagem de ferro sérico, ferritina sérica, transferrina e capacidade total de ligação do ferro (CTLF)6,7. A anemia ferropriva se apresenta com células microcíticas e hipocrômicas, sendo caracterizada pela diminuição do volume corpuscular médio (VCM), geralmente acompanhada pela diminuição da hemoglobina corpuscular média (HCM) e da concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM)7,14. Entretanto,esse tipo de anemia pode ser causada, também, por outras doenças hematológicas, como as Beta-talassemias, anemias de 6 Anemia Ferropriva em Crianças doenças crônicas e anemias sideroblásticas, sendo diferenciadas pela elevação ou diminuição do índice de anisocitose eritrocitária (RDW)6,7 Diante da gravidade do problema e com vista na prevenção e controle da anemia em todo o país, o Ministério da Saúde (MS) estabeleceu algumas ações com a finalidade de diminuir a frequência de acometimentos da “doença”, principalmente entre a população com menores condições sociais. O Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF), o fornecimento de micronutrientes em pó para fortificação dos alimentos preparados para as crianças e a promoção da alimentação adequada e saudável para aumento do consumo de alimentos fontes de ferro, são algumas das ações empregadas pelo MS8. Baseado nas informações acima citadas, o presente estudo tem como principal objetivo analisar as evidências científicas sobre anemia ferropriva em crianças e ajudar no planejamento de estratégias relacionadas à deficiência de ferro e modificação dietética. 2. METODOLOGIA Para esse estudo foi utilizada a Revisão Integrativa (RI), que é um método de pesquisa que busca reunir, analisar de forma crítica e proporcionar síntese de determinado tema, proporcionando melhorias aos cuidados prestados aos pacientes e um saber crítico para as condutas e tomadas de decisões9. Para construção da RI, foram seguidas seis etapas, sendo a primeira a identificação do tema e questão-norteadora; a segunda o estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão dos estudos; a terceira especificar as informações a serem retiradas dos estudos selecionados; a quarta etapa elaboração de uma análise criteriosa dos estudos selecionados; a quinta é a discussão de resultados e a sexta conclui-se os achados da RI, apresentando-a9. 7 Anemia Ferropriva em Crianças A pesquisa foi realizada mediante busca aos estudos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e LILACS. Durante a busca foram utilizadas palavras-chave de forma integrada: “anemia ferropriva e criança” e de forma individual: anemia ferropriva, carência de ferro e análise laboratorial das anemias. Como critérios de inclusão foram considerados artigos publicados nos últimos 10 anos (2005 a 2015), no idioma português; e como critérios de exclusão artigos sem contribuições à temática do estudo, e que não possuíam resumo e/ou texto completo disponibilizados na BVS. As informações encontradas foram organizadas em categorias, sendo, em seguida, avaliadas, interpretadas e sintetizadas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A anemia ferropriva, é a desordem nutricional mais prevalente em todo o mundo, sendo considerada um importante problema de saúde pública, pois está diretamente ligada aos processos de organização social, atingindo cerca de 80% da população que vive em comunidades de baixa renda e precária cobertura de esgotamento sanitário10. Embora possa ocorrer em qualquer idade e sexo, acomete principalmente crianças menores de 5 anos e mulheres em idade fértil, em decorrência do desmame precoce e dietas pobres em ferro e das perdas sanguíneas da menstruação, respectivamente1. Esse tipo de distúrbio na infância pode ocasionar diversas sequelas, entre elas: dificuldades na aprendizagem da linguagem, distúrbios psicológicos e comportamentais e debilidade das defesas imunológicas, facilitando a ocorrência e/ou o agravamento de doenças infecciosas11. Como relatado anteriormente, a anemia ferropriva se dá em decorrência da carência de ferro no organismo. O ferro desempenha funções importantes no organismo e pode ser encontrado sob duas formas: ferrosa (Fe++) ou Heme, encontrado nas células sanguíneas e alimentos de origem animal, e férrica (Fe+++) ou Não-Heme, encontrado em 8 Anemia Ferropriva em Crianças alimentos de origem vegetal e ovos, sendo o seu conteúdo corpóreo de 3 a 5g. Grande parte desse conteúdo (70 a 80%) desempenha funções metabólicas e oxidativas, enquanto o restante (20 a 30%) encontra-se em forma de armazenamento como ferritina e hemossiderina no fígado, baço e medula óssea. Cerca de 65% do ferro existente no nosso organismo, encontra- se na hemoglobina, cuja principal função é o transporte de oxigênio, por isso, o ferro torna-se indispensável na produção eritrocitária4. O passo inicial para o diagnóstico das anemias ferroprivas se dá através do hemograma e da análise microscópica do esfregaço sanguíneo, dois exames simples, porém de suma importância para esse diagnóstico, pois fornecem, de forma qualitativa e quantitativa, dados importantes para a investigação da maioria das doenças hematológicas, através dos seus índices hematimétricos, principalmente para excluir outras causas não decorrentes da deficiência de ferro5,13. Inicialmente, o hemograma mostra uma leve diminuição leucocitária com granulocitopenia, podendo ser acompanhada de uma pequena quantidade de neutrófilos hipersegmentados e número de plaquetas aumentado, entre outras alterações hematimétricas13,14. A anemia ferropriva é o tipo mais comum de anemia microcítica, sendo caracterizada pela diminuição do volume corpuscular médio (VCM), geralmente acompanhada pela diminuição da hemoglobina corpuscular média (HCM) e da concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), o que, também, caracteriza a presença de hipocromia associada7,14. Entretanto, a anemia microcítica pode ser causada, também, por outras doenças hematológicas, tais como: Beta-talassemias, anemias de doenças crônicas e anemias sideroblásticas, sendo diferenciadas pela elevação ou diminuição do índice de anisocitose eritrocitária (RDW)6,7. 9 Anemia Ferropriva em Crianças A anemia ferropriva é caracterizada pela elevação do índice de amplitude de distribuição das hemácias, mas, para um diagnóstico mais completo e mais preciso desse tipo de anemia, existem outros exames mais complexos, específicos e importantes para a confirmação desses resultados, dentre os quais se incluem: Dosagem de ferro sérico, Ferritina sérica, Transferrina e Capacidade total de ligação do ferro (CTLF)6,7. Cabe ressaltar, que a deficiência de ferro no organismo ocorre de forma progressiva e as alterações laboratoriais têm uma dinâmica de ocorrência, sendo observadas da seguinte maneira: Na fase de depleção do estoque de ferro, os níveis de ferritina sérica estão em menores quantidades, enquanto que na fase de deficiência da eritropoese, há uma elevação dos níveis de Receptor solúvel da Transferrina (sTfR) e da Capacidade de ligação do ferro (TIBC), além da presença de anisocitose13. De modo geral, uma pessoa é considerada anêmica por deficiência de ferro, quando dois ou mais parâmetros, utilizados no diagnóstico laboratorial, se apresentam anormais15, conforme as alterações observadas na tabela 1. VCM: Volume Corpuscular Médio. HCM: Hemoglobina Corpuscular Média. RDW: Índice de anisocitose. TIBC: Capacidade Total de Ligação do Ferro. STfR: Receptor Solúvel de Transferrina Sérica. ZPP: Zinco Protoporfirina. Fonte: Adaptada de Grotto HZW. Diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro, 2010. Tabela 1 – Diagnóstico laboratorial da AF VCM, HCM Reduzidos RDW Elevado CHr/RetHe Reduzidos % de hemácias hipocrômicas Elevada Contagem de reticulócitos Reduzida em relação à anemia Ferro sérico Reduzido TIBC Elevado Saturação da transferrina Reduzida Ferritina sérica Reduzida sTfR Elevado sTfR/logFerritina Elevado ZPP Elevado 10 Anemia Ferropriva em Crianças As consequências da deficiência de ferro são particularmente muito graves, pois normalmente, essa carência está associada à privação de outros nutrientes, cujos efeitos são inter-relacionados. Por ser um problema muito comum entre as crianças, o diagnóstico e o tratamento adequado dadeficiência de ferro, é quase sempre ignorado, resultando em um maior agravamento da doença15. Além das sequelas já conhecidas da deficiência de ferro, tais como fraqueza, fadiga, inapetência e taquicardia, se não tratada precoce e adequadamente, a anemia ferropriva evolui a quadros mais graves, relacionados aos processos metabólicos do organismo, tais como: síntese de DNA, metabolismo enzimático e transporte de elétrons, causando sérias complicações à resposta imune e às funções cognitivas das crianças e lactentes afetados, além de aumentar os ricos de evolução a quadros leucêmicos, onde os tratamentos são muito mais rigorosos e mais agressivos, de acordo com o prognóstico de cada paciente4,15,16. Diante da relevância do problema e com vista em reforçar a prevenção e controle da anemia em todo o país, o Ministério da Saúde estabeleceu as seguintes ações: o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF), que consiste em fornecer suplementos de ferro em doses profiláticas, conforme mostra a tabela 2, abaixo; Tabela 2 – Suplementação de Ferro na infância. Indicação e doses, segundo a OMS GRUPO INDICAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO DOSE DE FERRO ELEMENTAR DURAÇÃO Baixo peso ao nascer Universal. 2mg/kg/dia Dos 2 aos 23 meses Crianças entre 6 meses e 2 anos de idade Sempre que a dieta não inclua alimentos fortificados ou se a prevalência da anemia ferropriva for maior que 40%. 2mg/kg/dia Dos 6 aos 23 meses Crianças entre 2 e 4 anos de idade Prevalência da anemia ferropriva for maior que 40%. 2 a 30mg/kg/dia 3 meses Crianças maiores de 5 anos de idade Prevalência da anemia ferropriva for maior que 40%. 30mg/dia 3 meses Fonte: Adaptada de Ferraz ST, 2012. 11 Anemia Ferropriva em Crianças o fornecimento de micronutrientes em pó para fortificação dos alimentos preparados para as crianças; exigência às indústrias em fortificar as farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico; e a promoção da alimentação adequada e saudável para aumento do consumo de alimentos fontes de ferro, como formas de diminuir a frequência de acometimentos e a quantidade de casos, principalmente entre a população mais carente8. O controle parasitário e o reforço alimentar das crianças nas escolas e creches, onde elas passam grande parte do dia, também são medidas importantes na prevenção da doença anêmica8,17. Nas últimas duas décadas, a importância da deficiência de ferro e da anemia como um problema de Saúde Pública vem sendo reconhecida pelas autoridades de Saúde e governantes18. Para o tratamento da doença ferropênica, a administração de sulfato ferroso é a medicação de primeira escolha, devido ao seu baixo custo, que o torna acessível a toda população, e sua alta biodisponibilidade. Deve ser ingerido antes das refeições para não ter sua ação prejudicada pelos alimentos presentes no estômago e, quando possível, essa administração deve ser conjunta com bebidas que contenham vitamina C, como o suco de laranja, por exemplo, que facilita sua absorção18. A partir de seis semanas de tratamento já é possível verificar melhora nos níveis sanguíneos do paciente afetado, porém, a medicação deve ser continuada, ainda, por um período de quatro a seis meses, para que os estoques de ferro sejam totalmente repostos, já que o ferro diminui sua absorção após a cura da anemia18,19. O acompanhamento da resposta desse tratamento deve ser realizado através da avaliação e contagem de reticulócitos, hematócrito e hemoglobina, sugeridos em um novo hemograma, onde os níveis desses índices devem aparecer elevados já a partir de 72h do inicio do tratamento20. 12 Anemia Ferropriva em Crianças Os resultados da PNDS 2006 alertam para uma preocupação com a situação nutricional das crianças brasileiras8. Assim, este estudo visa contribuir no planejamento de estratégias de controle da anemia ferropriva por profissionais da atenção básica em saúde, descrevendo aspectos relacionados aos grupos de risco, às consequências da deficiência de ferro em crianças e, também, as estratégias para modificação dietética e tratamento da doença. 4. CONCLUSÃO Embora as principais causas da anemia sejam as carências nutricionais de substâncias essenciais, como o ferro e o ácido fólico, elas também podem ser sintomas de outras doenças. No Brasil, a anemia é considerada um grande problema da saúde pública, por estar diretamente ligada aos processos de organização social. Este tipo de anemia, decorrente da carência de ferro, exige a realização de medidas preventivas, tais como: o incentivo ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida e a orientação adequada para uma dieta complementar de qualidade, além da promoção de campanhas para alertar a população sobre as causas e consequências desta doença, suas diferenças, importância do diagnóstico precoce e tratamento, devendo ser prioridade na política nacional, com ações voltadas para melhoria da nutrição, alimentação e assistência à criança, principalmente nas áreas de atenção primária em saúde. 13 Anemia Ferropriva em Crianças REFERÊNCIAS 1. Lacerda APF, Nazário ACM, Coelho SC, Lavinas FC. Anemia ferropriva em crianças. Rev Red Cuid Saúd. 2008; 1-13. 2. Vieira RCS, Ferreira HS. Prevalência de anemia em crianças brasileiras, segundo diferentes cenários epidemiológicos. Rev Nutr. 2010; 23(8): 433-444. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. 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