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Transformações Históricas

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Prévia do material em texto

Conteudista
Prof. Me. Pascoal Ferrari
Prof.ª Dra. Rosana Tosi Costa
Revisão Textual
Camila Yuraki Ferrari
Revisão Técnica
Prof. Me. Bruno Pinheiro Ribeiro 
Psicologia como Ciência: 
Transformações Históricas
Sumário
Objetivos da Unidade ............................................................................................................3
Introdução .............................................................................................................................. 4
O Que é Psicologia? .............................................................................................................. 4
Filósofos Antigos .................................................................................................................. 8
Período Patrístico ............................................................................................................... 10
Ciência Moderna ou Contemporânea ..............................................................................12
A Psicologia e a Ciência ..................................................................................................... 14
Material Complementar .................................................................................................... 22
Referências ........................................................................................................................... 23
3
Objetivos da Unidade
• Estudar algumas observações a respeito da conceituação da Psicologia; 
• Observar as formulações dos filósofos antigos;
• Compreender as formulações do período Patrístico; 
• Entender as relações entre a Ciência Moderna e a Contemporânea com a con-
solidação da Psicologia como uma área do saber e da prática clínica.
Atenção, estudante! Aqui, reforçamos o acesso ao conteúdo on-line para 
que você assista à videoaula. Será muito importante para o entendimento 
do conteúdo.
Este arquivo PDF contém o mesmo conteúdo visto on-line. Sua disponibili-
zação é para consulta off-line e possibilidade de impressão. No entanto, re-
comendamos que acesse o conteúdo on-line para melhor aproveitamento.
4
VOCÊ SABE RESPONDER?
Como as formulações dos filósofos antigos e do período patrístico influenciaram a 
conceituação da Psicologia e como essas influências se relacionam com a consoli-
dação da Psicologia como uma área do saber e da prática clínica na Ciência Moderna 
e Contemporânea?
Introdução 
O filósofo Aristóteles afirma que “Nada melhor para compreendermos um tema em 
sua extensão do que historicizá-lo”. Compartilhando esse pensamento, vamos iniciar 
nosso estudo sobre Psicologia, analisando a evolução histórica dessa ciência. Essa 
é uma boa maneira de entender um pouco mais da Psicologia. Então, vamos agora 
percorrer essa história.
O Que é Psicologia?
Longe de esgotarmos essa pergunta com uma ou algumas respostas definitivas, 
nesse primeiro momento, apresentaremos uma reflexão importante do teórico 
George Canguilhem a respeito do assunto. 
Etimologicamente, a palavra “psicologia” quer dizer ciência da alma, e isso já nos 
coloca diante de uma questão importante, que será fruto de muitos debates: é pos-
sível produzir ciência a partir da alma, ou sobre a alma? Segundo Canguilhem (1958), 
na Antiguidade grega, a alma era entendida como um ser natural. Nesse sentido, os 
sistemas filosóficos compreendiam a alma em instâncias biológicas e físicas.
Para Aristóteles, por exemplo, em seu tratado “Da alma”, a organização da alma não 
está dissociada da matéria; sendo assim, é tratada como física, como forma do cor-
po vivo. Essa categorização organiza a alma como um objeto de estudo da teoria 
da natureza, em que suas formas e manifestações não se distinguem das formas 
biológicas e físicas, como, por exemplo, o desempenho dos sentidos humanos ou 
mesmo de elementos internos de nossa constituição, como memória e fantasia.
5
Figura 1 – Busto do filósofo grego Aristóteles
Fonte: Freepik 
#ParaTodosVerem: a imagem retrata um busto grego antigo, em que se vê um homem de túnica, barba, com a 
cabeça levemente elevada, representando o filósofo Aristóteles. Fim da descrição.
De acordo com Canguilhem (1958), essa concepção aristotélica, embora não con-
siderasse a Psicologia como área de saber independente, ganha ressonância em 
experiências modernas do conhecimento psicológico, como a Psicofisiologia e a 
Psicopatologia, ambas compreendidas como disciplinas médicas.
Ainda segundo Canguilhem (1958), no final do século XVII, a Psicologia entendida 
como parte das ciências naturais pede força e emerge uma Psicologia como ciência 
da subjetividade. Esse tipo de Psicologia tem estreita relação com os físicos meca-
nicistas do século XVIII. Para esses pensadores, a razão matemática e a mecânica 
são os instrumentos da verdade, são esses os paradigmas que balizam o conheci-
mento e suas consequentes epistemologias.
6
Nesse sentido, a Psicologia é uma espécie de ciência da explicação do engano, na qual 
seus parâmetros estão atrelados aos parâmetros físicos para a explicação da realidade. 
Desse modo, sua validação epistemológica se dá na medida interna da validação da 
própria Física e na sua capacidade científica de validar suas proposições de verdade. 
Para Canguilhem (1958), essa Psicologia é uma Psicofísica por dois motivos: 
primeiro porque ela não se desvincula da Física para ser aceita como ciên-
cia; e segundo porque os seus critérios de validação científica estão na na-
tureza; nesse caso, no corpo humano, que é a sede de resíduos que devem 
ser detectados para o acesso ao conhecimento da realidade.
 
Pode parecer que essa concepção psicológica se oriente pelos princípios aristotélicos, 
pelo fato de ainda se vincular à Física, contudo essa Psicologia subjetiva tende a proce-
der como a Nova Física, na qual os padrões de conhecimento são balizados por cálculos. 
Esses elementos são aprofundados, sobretudo, com René Descartes, e a capacidade 
da Psicologia se perfaz como a de estabelecer as diferenças qualitativas entre dados 
sensoriais a partir de figuras geométricas. O procedimento de atribuição de sentido 
para esses dados sensoriais é feito por analogia, em que sua manifestação é conven-
cionada num corpo figurado alheio. Desse modo, o seu sentido está sempre fora de 
si, o sentido dessa Psicologia subjetiva está sempre fora dela, em algum corpo ou em 
alguma referência já conhecida.
É claro que, conhecer a gramática 
normativa da língua e obedecer às 
suas regras, é muito importante para 
usá-la adequadamente, principalmen-
te em situações comunicativas que 
exigem maior formalidade, como na 
faculdade e no trabalho. No entanto, 
não podemos restringir a sua concep-
ção apenas a essas situações de uso. 
Há muito o que entender sobre os 
aspectos e os processos que determi-
nam a concepção de língua, inclusive 
para poder adequar o seu uso, como 
veremos a seguir. 
7
Assim como determinadas características aristotélicas se espraiaram, mesmo com 
diferenças, pelo tempo, essa perspectiva epistemológica da Psicologia como ciên-
cia subjetiva com seu sentido externo também será desenvolvida posteriormente, 
sobretudo por Wilhem Wundt na estruturação de uma Psicologia experimental na 
qual os “fatos da consciência” apareceriam como leis semelhantes àquelas da Mecâ-
nica e da Física para a validação de sua verdade.
Figura 2 – Wilhem Wundt
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: fotografia em preto e branco. Wilhem aparece sentado até a altura do peito. Ele veste terno 
preto e camisa branca. Olha para o lado. Ele possui barba, cabelos grisalhos e usa óculos arredondados. Fim da 
descrição.
Embora a Psicologia como ciência subjetiva tenha tido um importante referencial nes-
sa linha do sentido externo, segundo Canguilhem (1958), ela não se reduziu a essa 
perspectiva. Houve também outro tipo de desenvolvimento; nele, a Psicologia subje-
tiva se apresenta como a ciência da consciência de si ou a ciência do sentido interno.
Importante
É no século XVIII que essa perspectivaganha força e que o pró-
prio termo Psicologia passa a aparecer como sendo a ciência do 
eu. Essa ciência tinha como influência, em tensão e oposição, o 
trabalho “As meditações”, de René Descartes.
A meditação tem um sentido fundamental para Descartes, porque é por meio dela 
que o sujeito consegue se concentrar para acessar o interior. E é nesse processo 
de interiorização que se pode conectar com a alma, porque o interior cartesiano é a 
condição para o pensamento e o conhecimento que a alma tem dela mesma.
8
Esse conhecimento da alma é importante, e ele se dá por reflexão. A epistemologia 
cartesiana faz alusão ao olho e ao espelho para explicar seus paradigmas: a alma, 
assim como olho, pode ver tudo; contudo, só pode ver a si mesma através do espe-
lho. Desse modo, a alma, para Descartes, só consegue se conhecer por meio de seu 
reflexo e pelo reconhecimento de seus efeitos.
Figura 2 – Visão, de Odilon Redon
Fonte: Wikimedia Commons 
#ParaTodosVerem: a imagem mostra um olho enquadrado em uma espécie de moldura circular. O olhar é vago 
e parece perdido. Há cabelos em franja e caindo ao redor da moldura circular. É uma imagem composta em tons 
escuros. Fim da descrição.
Os preceitos cartesianos ajudaram a construir, quer seja pelo seu desenvolvimento, 
quer seja por sua refutação, as bases da Epistemologia Moderna, sendo fundamentais 
para a afirmação da Ciência Moderna e também da Psicologia como campo de saber.
Filósofos Antigos
São considerados filósofos antigos os pensadores desde o período pré-socrático, 
mas, neste texto, nosso foco será o período socrático, uma vez que, conforme elu-
cidam Andery, Micheleto e Sério (1988):
Sócrates, Platão e Aristóteles contrapunham-se aos pensadores jônicos 
porque traziam para o centro de suas preocupações o homem, em lugar 
da natureza física dos jônicos, e porque viam este homem como capaz de 
produzir conhecimento por possuir uma alma – absolutamente diferen-
ciada do corpo, mas essencial.
Fonte: ANDERY; MICHELETO; SÉRIO, 1988, p. 63,64. 
9
E essa preocupação em entender o homem é que faz com que tais pensadores se-
jam importantes para o desenvolvimento de uma Psicologia na Antiguidade.
Contribui para a Psicologia ao voltar seu interesse ao homem, mais especi-
ficamente ao que esse homem abriga: a alma. Ele propôs a distinção entre 
o conhecimento da natureza e o conhecimento do homem, valorizando a 
razão. Para Sócrates, só por meio do pensamento é que se podia chegar ao 
conhecimento de si próprio.
Sócrates (469-399 a.C., aproximadamente)
Discípulo de Sócrates, mantém a busca do mestre pelo conhecimento ver-
dadeiro, procurando pela essência das coisas, o conhecimento provindo 
da alma do homem. Platão acreditava que o homem era formado por um 
corpo mortal, mas também por uma alma que não morre e da qual provém 
todo o conhecimento. Define o mundo das ideias e instaura a preocupação 
com a localização da alma no corpo do homem, estabelecendo esse lugar 
como sendo a cabeça. Para ele, a medula era o componente de ligação da 
alma com o corpo.
Platão (426-348 a.C., aproximadamente)
Discípulo de Platão, é considerado o verdadeiro pai da Psicologia. Chegou a 
estudar as diferenças entre a razão, percepção e sensação. Diverge de Pla-
tão, seu mestre, ao postular que corpo e alma são elementos indissociáveis.
Aristóteles (384-322 a.C.)
No pensamento aristotélico, tudo o que vive possui alma ou psyché. Assim, ao con-
siderar tudo o que vive, considera-se que tanto os homens como os animais e as 
plantas possuem alma.
10
No homem, como em todo o ser vivo, corpo e alma compunham uma 
unidade. A alma garantia a vida, a realização das funções vitais; a alma 
era a forma, enquanto o corpo a matéria que precisava dessa forma para 
tornar-se em ato. Era a forma, a alma, que dava vida, que emprestava fi-
nalidade aos corpos animados. E assim como não se podia pensar em 
matéria destituída de forma, também o contrário era sem sentido.
Fonte: ARISTÓTELES apud ANDERY; MICHELETO; SÉRIO, 1988, p. 90-9.
Fica claro, nessa breve análise acerca dos filósofos antigos, o início de um pensamen-
to psicológico. Sócrates, Platão e Aristóteles, ainda que evidentemente influencia-
dos por questões de sua época, apresentam, em seus pensamentos, a preocupação 
com o homem e com sua psyché, quer estabelecendo a imortalidade da alma, quer 
postulando a mortalidade desta e sua relação ativa com o corpo. 
Seguindo a evolução do pensamento acerca do homem, passamos à análise do pe-
ríodo Patrístico, que se inicia com o Cristianismo e segue até o século VIII d.C.
Período Patrístico
O pensamento no período Patrístico, um pensamento tido como filosófico, é for-
mado por tratados de padres, teólogos, apologetas, exegetas, os quais procuravam 
compreender as questões do universo com base em sua doutrina religiosa. Mere-
cem destaque aqui Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Santo Agostinho (354-430), considerado um dos poucos a analisar com profundida-
de a Psicologia, corrobora a visão de Platão da existência de alma e corpo dissocia-
dos. Todavia, complementa a compreensão de que a alma é a manifestação de Deus 
no homem e que ela se sobrepõe ao corpo. A divisão entre corpo e alma, na visão de 
Santo Agostinho, contempla, ainda, a ideia de que a alma é o elemento mortal que 
liga o homem a Deus e o corpo é a matéria, fonte de todos os males. O homem que 
submete a alma ao corpo, ao material, afasta-se de Deus. 
O homem deve, portanto, desvencilhar-se das coisas mundanas e car-
nais, voltando-se às espirituais, as quais lhe vão propiciar-se a aproxi-
mação de Deus, o sumo Bem. Embora a degradação humana ocorra por 
livre arbítrio, voltar-se novamente para o Bem e para Deus não é mais 
opção do homem: ao contrário, é necessária a graça divina para tirar o 
homem do pecado.
Fonte: RUBANO; MOROZ, 1988, p. 140
11
Visto que a alma toma lugar tão importante na ação humana, compreender a alma, 
a psique humana, passa a ser preocupação da Igreja.
São Tomás de Aquino (1225-1274), pensador Patrístico posterior a Santo Agosti-
nho, tem como influenciadores o próprio Santo Agostinho, mas também Platão, 
Aristóteles e Alberto Magno, esse último seu professor; além da própria Escritura 
Sagrada. O período em que Aquino viveu anuncia a ruptura da Igreja Católica pelo 
aparecimento do Protestantismo, o que provoca questionamento acerca do co-
nhecimento proferido pela Igreja. Aquino defende a posição da Igreja ao postular 
um sistema coerente e conciso, considerando que o governo é de origem divina e, 
portanto, o homem deve se submeter a ele. 
Para Aquino:
[…] a legislação do Estado é para o bem do povo e que o governo deve 
submeter-se à Igreja. Santo Tomás de Aquino defende uma postura de 
passividade e obediência da sociedade frente à situação vigente. 
Fonte: RUBANO; MOROZ, 1988, p. 140. 
Aquino também endossa que a Igreja é a verdadeira produtora de conhecimento 
acerca do psiquismo. Ele separa fé e razão, ou ainda Filosofia e Teologia, afirmando 
que a primeira deve cuidar das coisas da natureza; e a segunda, do sobrenatural. 
E, ao estudar o sobrenatural e a fé divina, São Tomás de Aquino afirma que alguns 
conhecimentos só podem ser obtidos pela revelação divina e que o homem – a mais 
perfeita criação de Deus, distinta dos outros seres, uma vez que é racional – só pode 
alcançar a perfeição por meio da busca em Deus.
Num período conturbado por questionamentos à Igreja Católica, Aquino busca a or-
dem pública, com o objetivo de estabelecer a convivência pacífica entre os homens.
O fim do período Patrístico fica marcado quando a soberania da Igreja na busca de 
compreensão da existência humana dá lugar a novas formas de pensamento, a partir 
do crescente questionamento de seus dogmas, advindos da Reforma Protestante. 
A partir da segunda metade do século XV e durante os séculos XVI e XVII, 
ocorrem marcantes mudanças religiosas, políticas, econômicas, sociais e 
culturais, provocando outras formas de concepção da ciência e do homem, 
dando inícioa um novo período do pensamento filosófico, o período da 
chamada Ciência Moderna.
12
Ciência Moderna ou 
Contemporânea
Nesse período, a razão, a preocupação com elementos precisos e a experiência con-
trapõem-se à fé, transferindo as preocupações da relação entre Deus e humanidade 
para as preocupações da relação entre natureza e humanidade. Pesquisas, experi-
mentações e formulações marcam esse período.
Galileu Galilei (1564-1642)
Físico, matemático, astrônomo e filósofo ita-
liano, estuda a queda dos objetos em famosos 
ensaios na Torre de Pisa.
Isaac Newton (1642-1727)
Físico e matemático, também estuda fenô-
menos da natureza e o movimento dos obje-
tos tanto na Terra como no céu.
René Descartes (1596-1650)
Filósofo e matemático, analisa as leis do movi-
mento, tanto da natureza quanto dos homens. 
Merece maior atenção, uma vez que é conside-
rado por muitos o pai da Psicologia Moderna. Foi 
o primeiro a fazer distinção nítida entre corpo e 
mente, questionamento que inquietava os filó-
sofos desde a Antiguidade. Propõe a distinção 
entre mente (alma e espírito) e corpo, mas, ao 
mesmo tempo, declara que há interação entre 
eles. A mente podia interferir no corpo, sendo 
assim considerado um “interacionista”. Outro 
aspecto importante de seu trabalho é que, a 
partir da separação mente (alma e espírito) 
e corpo, inicia-se o estudo do corpo humano 
morto, pois este deixa de ser sagrado.
13
Tais pensadores marcam o período de transição: a Era Mecanicista. Pereira e Gioia 
(1988) descrevem essa nova fase do pensamento:
Seguindo os novos caminhos traçados pelos pensadores que se destaca-
ram neste período de transição, foi-se firmando um novo conhecimen-
to, uma nova ciência, que buscava leis, e leis naturais, que permitissem a 
compreensão do universo. Esta nova ciência – a ciência moderna – surgiu 
com o surgimento do capitalismo e a ascensão da burguesia […] estava 
aberto o caminho para o acelerado desenvolvimento que a ciência viria a 
ter nos períodos seguintes.
Fonte: PEREIRA; GIOIA 1998, p. 173, 174
A ascensão da burguesia e o surgimento do capitalismo, junto à Revolução Industrial 
e à criação da máquina, resultaram em fortes mudanças na maneira de se conceber 
as relações humanas e o próprio homem. Para Alvin Toffler (1980), a Revolução In-
dustrial, a qual ele designa como a Segunda Onda, resultou em mudanças em todas 
as esferas, desde a constituição familiar, que passa a ser nuclear, passando pela pro-
dução cultural, que se torna produção em massa, até a própria educação, que segue 
o modelo das fábricas.
Os estudos acerca do homem também são influenciados por essas mudanças no 
sistema socioeconômico-cultural. Eram necessários métodos mais rigorosos, medi-
das, instrumentos de controle, todos buscando mais precisão no estudo do funcio-
namento da mente.
Figura 4 – Study for a head, de Francis Bacon
Fonte: Wikimedia Commons 
#ParaTodosVerem: a imagem mostra uma pintura de homem, que parece usar óculos. Seus contornos estão 
distorcidos, sem precisão, com a sobreposição desencontrada de planos ao redor da cabeça e da face. A paleta 
de cores da imagem é predominantemente escura. Fim da descrição.
14
A Psicologia e a Ciência
As alterações na forma de compreensão do homem e do funcionamento do uni-
verso abrem espaço para novas indagações e formas de estudo. Os avanços da 
Anatomia, da Fisiologia e da Neurologia propiciaram a constituição de uma ciência 
distinta da Filosofia.
A Psicologia, que nasce estudando a alma, a partir dos estudos de grandes filósofos, 
passa a ser uma ciência “sem alma” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2005, p. 43), no 
sentido de que seu conhecimento passa a ser produzido em laboratórios por meio 
de experimentos de observação e medição.
Wilhem Wundt viveu entre os anos de 1832 e 1920, atravessando, portanto, o século 
XIX e adentrando o início do século XX, e é considerado um dos pioneiros da Nova 
Psicologia européia. Wundt se inspirou nos campos da Fisiologia e da Filosofia de 
seu tempo para desenvolver seus métodos de investigação e tentar conceber seus 
objetos de estudo.
O estudioso acredita que ela seja formada por 
elementos diferentes entre si, os quais precisam 
ser investigados por análise ou redução. Em sua 
concepção, segundo Schultz e Schultz (1981), a 
consciência não se constitui de elementos está-
ticos, passíveis de algum processo mecânico de 
associação, como acreditavam muitos empiristas 
e associacionistas.
Para Wundt, a consciência tinha uma capacidade de se auto-organizar, que ele 
chamava de voluntarismo, em que a vontade poderia ter o poder de organizar es-
ses elementos distintos que estruturavam a mente. Desse modo, para compre-
ender melhor o funcionamento da mente, da consciência, era preciso estudar os 
elementos em ação conjunta, e não separada, investigá-los no processo organiza-
tivo da consciência.
A consciência é o objeto 
de estudo central para 
Wundt.
15
 
Figura 5 – Work, de Akira 
Fonte: Wikimedia Common 
E. B. Titchener, apesar de trabalhar em referência a Wundt, modificou substancial-
mente seu sistema e ajudou a desenvolver uma abordagem própria, que ficou co-
nhecida como estruturalismo, que, para Schultz e Schultz (1981), é a primeira escola 
americana de pensamento no campo da Psicologia.
O interesse de Titchener, segundo Schultz e Schultz (1981), é na experiência cons-
ciente, que é, para ele, o objeto de estudo da Psicologia. Para Titchener, todas as 
ciências têm esse objeto em comum; contudo, cada qual se concentra em um de 
seus aspectos. No caso da Psicologia, o enfoque é na experiência e na sua depen-
dência para com as pessoas que passam por ela.
Nesse processo de definição da consciência, Titchener avança num ponto 
importante, porque, para ele, há uma diferença conceitual entre mente e 
consciência. Embora parecidas, para Titchener, a mente seria o somatório 
de nossas experiências acumuladas ao longo da vida, enquanto a consciên-
cia seria o somatório de nossas experiências num determinado momento.
Nos Estados Unidos, na virada do século XIX para o século XX, a Psicologia desen-
volveu-se em contraposição fundamental às teses de Wundt e do estruturalismo 
protagonizado por Titchener. Esse novo modelo epistemológico ganhou o nome de 
funcionalismo, e teve a influência decisiva de autores de outras áreas, especialmen-
te de Darwin e Galton. 
16
Como o nome funcionalismo pode sugerir, uma das principais reivindicações dessa 
corrente de pensamento era a de que a Psicologia deveria ser útil aos problemas re-
ais das pessoas. É nesse sentido que os psicólogos funcionais focaram seus estudos 
nas atividades mentais para o organismo vivo e em suas tentativas permanentes de 
adaptação aos meios a que eram submetidas. 
Importante
O funcionalismo, portanto, enveredou-se cientificamente pelo 
interesse das consequências da dinâmica da consciência, em 
como ela se manifestava na vida prática e quais as implicações 
desse movimento. 
O comportamentalismo ou behaviorismo surge como corrente de estudos do cam-
po da Psicologia, derivando do funcionalismo e de outras influências epistemológi-
cas, e tem em John B. Watson um de seus principais teóricos. 
Com o interesse explícito no comportamento, Watson, mais do que os autores pre-
gressos, estreitou e aprofundou a relação da Psicologia com as ciências naturais. O 
comportamentalismo, assim como as ciências naturais, tinha interesse e foco na-
quilo que podia ser observado. Desse modo a pesquisa deveria se pautar na maior 
objetividade possível. 
Figura 6 – John B. Watson
Fonte: Wikimedia Commons
#ParaTodosVerem: a imagem mostra a fotografia em preto e branco de John B. Watson, um homem branco, 
trajando terno e gravata, que usa óculos redondos e está posicionado e olhando para a direita.
17
Para o comportamentalismo, a Psicologia como ciência do comportamento deveria 
se deter nos “atos passíveis de descrição objetiva em termos de estímulo e res-
posta, formação de hábito ou integração de hábito” (SCHULTZ; SCHULTZ, 1981,p. 
247). Para Watson, todo comportamento humano pode ser descrito a partir dessas 
características, sem a necessidade de acesso aos conceitos e às terminologias que 
descrevem os processos e as dinâmicas da mente.
Essa redução do comportamento aos seus elementos básicos, que seriam 
os estímulos e as respostas, tinha como intenção a possibilidade de previ-
são e controle. E, apesar de ser redutiva, para Watson, essa metodologia era 
capaz de dar respostas sobre o comportamento geral do organismo total.
As bases da psicologia da Gestalt tiveram seu nascedouro na Alemanha, e, em gran-
de medida, se contrapunham às ideias de Wundt. Um dos principais pontos dos ges-
taltistas em relação aos propósitos wundtianos era a crítica ao elementarismo ou 
atomismo. 
Essa crítica também, como vimos anteriormente, se fez presente pelo compor-
tamentalismo americano, mas com uma diferença importante: ao contrário dos 
comportamentalistas, os gestaltistas não descartavam a consciência, porém discor-
davam da análise em elementos realizada por Wundt.
Ao movimento gestaltista foi atribuído um caráter revolucionário pelo confronto 
com as bases americanas pregressas, mas também pelo enfrentamento com a tra-
dicional escola alemã de Psicologia, e teve nos nomes de Max Wertheimer, Kurt Koia 
e Wolfgang Kohler os intelectuais importantes para o desenvolvimento da psicologia 
da Gestalt.
Importante
A Gestalt criticava o elementarismo ou atomismo de Wundt, 
mas, diferentemente dos comportamentalistas, não descartava 
a consciência. 
18
A psicanálise tem seu nascimento no final do século XIX, assim como outras escolas 
de pensamento no ramo da Psicologia; contudo, suas semelhanças se dão mais em 
aspectos temporais do que propriamente epistemológicos. 
A psicanálise, que se confunde, em seus primeiros passos, com a história de Sigmund 
Freud, se difere da Psicologia acadêmica contemporânea a ela e se consolida 
como uma reflexão e prática clínicas. Os dois principais e mais difundidos métodos 
freudianos são o da livre associação e o do trabalho com os sonhos.
Figura 7 – Galatea das Esferas, de Salvador Dalí
Fonte: Wikimedia Commons 
#ParaTodosVerem: imagem de pintura de uma mulher, até o busto, de olhos fechados e cabeça inclinada à 
esquerda. Sua imagem se dilui em esferas transparentes. O fundo é azul. Fim da descrição.
Na prática clínica, Freud percebeu um aspecto importante sobre o método da livre 
associação: quando algum assunto era por demais embaraçoso, vergonhoso, repul-
sivo para ser falado, o paciente resistia. Desse modo, a resistência aparecia como 
um sintoma importante, porque detectava alguma fonte problemática que deveria 
ser tratada. Sendo assim, a percepção da resistência era fundamental para o analista, 
pois ela provava que o caminho do tratamento estava sendo coerente.
Outro aspecto fundamental do método psicanalítico freudiano é a lida com os so-
nhos. Freud acreditava que o mundo onírico era provido de desejos e anseios incon-
fessos, reprimidos pelos indivíduos e que, portanto, esse material era fundamental 
para o processo analítico. Para Freud, os sonhos têm natureza dupla, uma manifesta 
e outra latente. Os conteúdos manifestos são aqueles que o paciente é capaz de 
narrar, já os conteúdos latentes são aqueles ocultos, aqueles que residem nas entre-
linhas do material narrado. O trabalho do analista é o de partir do material manifesto 
pelo paciente e atingir o material latente, procedendo por meio de interpretações 
desse material oculto. 
19
Trabalho com os sonhos 
O mundo dos sonhos era, para 
Freud, fonte de desejos reprimidos 
pelos indivíduos, de forma que ex-
plorar e interpretar seu conteúdo 
constituía uma estratégia impor-
tante para o tratamento. 
Livre associação 
A resistência a um assunto de-
monstrava o desconforto do 
paciente em lidar com certos 
assuntos, indicando que o trata-
mento estava no caminho certo. 
Na dinâmica relacional do consciente com o inconsciente, Freud formulou os ele-
mentos que constituem a estrutura da personalidade, que são: id, ego e superego.
Para Freud, o id é a parte mais primitiva e de mais difícil acesso da personalidade 
humana; nele, estão manifestados instintos sexuais e agressivos. O id busca a satis-
fação completa, sem se preocupar com as normas e as regras que regulamentam 
as dinâmicas sociais, ou seja, o id está sempre em conflito com as posições morais 
estruturadas pela sociedade.
Sobre o id, Freud escreveu: “Chamamo-lo de caos, um caldeirão repleto de fervi-
lhantes excitações” e acrescentou que o id “não conhece juízos de valor, nem o bem 
eo mal, nenhuma moralidade” (FREUD apud SCHULTZ; SCHULTZ, 1991, p. 343). 
No processo de redução da tensão, o id precisa necessariamente se relacionar com 
o mundo real, com as regras e normas para poder atender à sua energia libidinal. 
Essa dinâmica de relação entre o id e a realidade é mediada por outro elemento, que 
Freud chamou de ego. O ego, portanto, tem uma relação de dependência com o id; 
é um elemento que emprega sua força a partir dessa derivação. Para Freud, nessa 
relação de dependência, o ego se submete ao id, tentando proporcionar-lhe prazer, 
ou seja, tentando reduzir a tensão da energia libidinal.
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Figura 8 – The Veil, de Fernand Khnopff
Fonte: Wikimedia Commons 
#ParaTodosVerem: a imagem mostra, em sépia, uma mulher jovem de pé de perfil, com um longo véu que lhe 
cobre o rosto. Ela está de frente para o lado direito da fotografia e suas roupas são estilo século XIX. Fim da 
descrição.
O terceiro elemento que constitui a estrutura da personalidade freudiana é o supere-
go. Esse elemento se origina e se desenvolve na infância, quando a criança assimila 
as regras de conduta social passadas pelos pais mediante um sistema de recompen-
sas e punições. Nesse sistema, os comportamentos incorretos, que geram punições, 
moldam a consciência (uma parte do superego); e os comportamentos corretos, 
que geram recompensas, moldam o ego ideal (a outra parte do superego). O supere-
go se constitui, portanto, por meio das restrições morais determinadas pelos pais na 
infância; e depois, na fase adulta, por procedimentos de autocontrole. E nesse sen-
tido ele está, ao contrário do ego, em constante conflito com id e, por conseguinte, 
com a energia libidinal.
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ID
O id busca a satisfação completa, sem se 
preocupar com as normas e as regras que 
regulamentam as dinâmicas sociais, ou seja, o id 
está sempre em conflito com as posições morais 
estruturadas pela sociedade.
EGO
Elemento responsável por mediar a relação entre 
o id e a realidade. Nessa relação de dependência, 
o ego se submete ao id, tentando proporcionar-
lhe prazer, ou seja, tentando reduzir a tensão da 
energia libidinal.
SUPEREGO
O superego é formado pelas restrições morais 
determinadas pelos pais na infância; e depois, na 
fase adulta, por procedimentos de autocontrole. 
Dessa forma, ele está, ao contrário do ego, em 
constante conflito com o id e, por conseguinte, 
com a energia libidinal.
Material Complementar
22
Qual é a Diferença entre Psicologia, Psicanálise e Psiquiatria?
https://youtu.be/FjYvwYuCsDE
Maria Rita Kehl: A Mínima Diferença 
https://bit.ly/46ZRIyP
Vídeo
Leitura
https://youtu.be/FjYvwYuCsDE
https://bit.ly/46ZRIyP
Referências
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ANDERY, M. A. P. A.; MICHELETTO, N.; SÉRIO, T. M. A. P. O pensamento exige méto-
do, o conhecimento depende dele. In: ANDERY, M. A. P. A. et. al. Para compreender 
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BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao es-
tudo de psicologia. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. 
CANGUILHEM, G. O. Que é a Psicologia? In: CANGUILHEM, G. Estudos de Histó-
ria e de Filosofia das Ciências. Rio de Janeiro: GEn: Forense-Universitária, 2012. p. 
401-418.
KELLER, F. S. A definição da psicologia: uma introdução aos sistemas psicológicos. 
Tradução Rodolpho Azzi. São Paulo: EPU, 1974.
PEREIRA, M. E. M.; GIOIA, S. C. Do feudalismoao capitalismo: uma longa transição. 
In: ANDERY, M. A. P. A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva histórica. 
4. ed. Rio de Janeiro: Espaço e tempo, 1988. 
RUBANO, D. R.; MOROZ, M. O conhecimento como ato da iluminação divina: Santo 
Agostinho. In: ANDERY, M. A. P. A. et al. Para compreender a ciência: uma perspec-
tiva histórica. 4. ed. Rio de Janeiro: Espaço e tempo, 1988.
RUBANO, D. R.; MOROZ, M. Razão como apoio à verdade de fé: Santo Tomás de 
Aquino. In: ANDERY, M. A. P. A. et al. Para compreender a ciência: uma perspectiva 
histórica. 4. ed. Rio de Janeiro: Espaço e tempo, 1988.
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. Tradução Adail 
Ubirajara Sobral e Marta Stela Gonçalves. Revisão Técnica Maria silva Mourão. São 
Paulo: Editora Cultrix, 1981
TOFFLER, A. A terceira onda. Tradução João Távora. Rio de Janeiro: Record, 1980.

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