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Conteudista Prof. Me. Pascoal Ferrari Prof.ª Dra. Rosana Tosi Costa Revisão Textual Camila Yuraki Ferrari Revisão Técnica Prof. Me. Bruno Pinheiro Ribeiro Identidades Pedagógicas Sumário Objetivos da Unidade ............................................................................................................3 Introdução .............................................................................................................................. 4 O Professor em Construção: Construindo Identidades ............................................... 5 Identidade Docente: Alguns Elementos Construtivos .................................................. 8 Identidades Coletiva e Individual .......................................................................................................9 As Distintas Identidades: As Opções Educativas Individuais .............................................10 A História de Vida e a Construção da Identidade Docente ................................................10 Ser Professor do Século XXI: Implicações para a Formação de Identidade ...........12 A Definição de Funções e Papéis ......................................................................................13 O Compromisso Social da Educação Segundo Paulo Freire ......................................15 Material Complementar .....................................................................................................19 Referências ...........................................................................................................................20 3 Objetivos da Unidade Atenção, estudante! Aqui, reforçamos o acesso ao conteúdo on-line para que você assista à videoaula. Será muito importante para o entendimento do conteúdo. Este arquivo PDF contém o mesmo conteúdo visto on-line. Sua disponibili- zação é para consulta off-line e possibilidade de impressão. No entanto, re- comendamos que acesse o conteúdo on-line para melhor aproveitamento. • Estudar os processos de construção das identidades pedagógicas; • Refletir sobre os múltiplos elementos que agem sobre as identidades pedagógicas; • Perceber a relação dinâmica entre as instâncias individuais e coletivas; • Observar os processos sociopedagógicos e seus potenciais de transformação. 4 VOCÊ SABE RESPONDER? Como os processos de construção das identidades pedagógicas são influenciados pelos múltiplos elementos presentes, considerando a relação dinâmica entre as ins- tâncias individuais e coletivas, e como os processos sociopedagógicos podem atuar como agentes de transformação nesse contexto? Introdução Os processos de formação das identidades acompanham os trabalhadores da edu- cação em todas as instâncias de sua vida profissional. É por meio da construção de suas identidades que os profissionais são identificados e é também por meio dessas identidades que seus trabalhos podem ser potencializados e gerar transformações significativas na dinâmica pedagógica. De modo geral, costuma-se atribuir à identidade uma noção fixa, na qual os su- jeitos se equiparam a partir de traços específicos, unitários e rígidos. Contudo, muitos estudos têm partido da perspectiva de que os sujeitos são constituídos por traços nos quais se manifestam características identitárias que estão em constante transformação. Sendo assim, falar em identidades, no plural, pode ser um modo mais interes- sante e profícuo para a reflexão pedagógica. Nesse sentido, são avaliadas as múltiplas influências, referências, determinações e agências que constituem os processos de formação das identidades pedagógicas, nas quais a docência é um elemento primordial. 5 Figura 1 – Lookout, de Boris Margo Fonte: Wikimedia Commons O Professor em Construção: Construindo Identidades Tendo como base o clássico livro de Glória Pimentel (1996), cujo título é “O Pro- fessor em Construção”, vamos pensar em como nos tornamos professores. Mais especificamente, no que é ser professor. Ter uma identidade não representa algo simples para a existência de uma pessoa, tem a ver com a sua própria organização em tempo e espaço, com a consciência do que faz e pensa, dentro de uma lógica que justifique suas proposições tanto em âmbito pessoal quanto coletivo. Trocando Ideias Ser não é o mesmo que estar… Óbvio? Não tanto como pensa- mos. Ser é assumir posições e atitudes que nos identificam pe- rante o mundo e, mais especialmente, perante nós mesmos. É possuir um referencial que nos permita a consciência do real em tudo que nos cerca e nos dá a condição de saber do nosso existir. 6 É interessante perceber como a identidade não é algo restrito ao indivíduo; sua formação dá-se na medida do trânsito entre a agência individual e as estruturas sociais. Nesse sentido, a construção da identidade se coloca como um processo, como alguma coisa que é estabelecida por uma relação, pela troca entre as instâncias individuais e coleti- vas. Sendo assim, para refletir sobre a identidade, é necessário que se leve em conta essa dinâmica complexa que abrange sujeito e sociedade. Variadas pesquisas buscam compreender como a identidade se organiza e, princi- palmente, nos tempos atuais, entender a construção da identidade profissional, para nós, especialmente, a do professor (Adão, Martins, Lopes, Teodoro, Tardif, Nóvoa e outros). A dificuldade que a escola enfrenta na resposta às mudanças sociais que se registram tem conduzido ao que alguns autores designam por crise da escola, inserida naturalmente numa crise mais global, que atinge outras estruturas com res- ponsabilidades educativas. As profundas alterações na sociedade atual têm provocado efeitos profundos nas políticas de educação e criado contextos novos de grande complexidade para o tra- balho docente, com implicação na (des)motivação dos professores, nomeadamen- te, no que diz respeito ao seu desempenho profissional. Figura 2 – Homem com a mão na cabeça Fonte: Freepik A construção da identi- dade se coloca como um processo. 7 O ensino é agora a chave para novas formas de aprendizagem, para o incremento de indicadores e níveis de sucesso educativo, para o aumento da receptividade por parte dos alunos, para os novos e flexíveis procedimentos de trabalho, para outra atenção aos problemas de formação e desenvolvimento profissionais. Com essa mudança do sentido da educação escolar, estão necessariamente a emergir novas identidades do professor, relacionadas com seus papéis e a identificação do traba- lho na escola (ADÃO; MARTINS 2004). Percebemos que, além da grande dificuldade de se construir uma identidade pró- pria, a identidade enquanto profissional – e da educação –, o ser professor tem uma ligação estreita com a consciência do mundo e suas transformações, que exigem tomadas de decisões e ações rápidas, seguras, lógicas e que promovam o bem-estar próprio e dos outros. Podcast Pensando nos desafios e nos diversos fatores que moldam a atuação do professor, recomendamos que você escute o podcast Folha na Sala sobre o que é ser um “bom professor”: Paixão Netto (2001) lembra-nos de que professor é uma palavra que vem do latim e significa aquele que fala (fateor) aberta e francamente diante de um público (pro) aquilo que pensa, acredita e defende como a própria condição de ser. Defende ele: Um professor é sobretudo um indivíduo íntegro, autêntico, confiável. Um ponto de referência para seus discípulos. É o que fala com convicção, sem rodeios. Professor não é ventríloquo nem porta-voz ou porta-menti- ra. Não é aquele que “dá a matéria”. É aquele que incentiva a pensar. Fonte: PAIXÃO NETTO, 2001, p. 19 Ser professor, então, exige esforços ligados ao propósito de mostrar-se, colocar-se, de assumir posições perante si e o mundo. Obriga a agir na urgência e decidir na incerteza (PERRENOUD, 2001). Portanto, a consciência se faz como condição ideal em uma performance de consciência absoluta do ser – identidade; de modo con- trário, não há afirmação de posições etampouco convicções do pensar e do fazer – morre-se como pessoa e como profissional. https://open.spotify.com/episode/1lVGRezShTCqpdqUusMXIP?si=6d803e4765834459 8 O importante é ser e defender o que se é, isso é melhor do que ser coisa nenhuma e não ter existência própria e definida, vivendo por viver, como mero “zumbi”, por forças alheias e desconhecidas. Figura 3 – Study for Philosophy, de Gustav Klimt Fonte: Wikimedia Commons Identidade Docente: Alguns Elementos Construtivos De acordo com Abreu e Landini (2004), identidade docente é um conceito comple- xo, problemático, múltiplo e abarca uma enorme gama de fatores tanto no âmbito da própria profissão como nos âmbitos social e político. Defendem: O construto identidade docente é, acima de tudo, um conceito poliédri- co. Os aspectos que deve incluir essa identificação são numerosos e di- versos e não só se referem às funções incluídas na atividade docente mas também às condições sociais em que se produzem e ao plano jurídico e regulamentar que as condiciona. Mas, para além disso, é um conceito pro- blemático, porque os múltiplos aspectos que convergem na sua definição apresentam-se normalmente de forma contrária. Sua complexidade ex- terna impede de abordar todos os seus aspectos. Fonte: ABREU; LANDINI, 2004, p. 356 9 Dessa forma, ao tocarmos em aspectos relacionados aos elementos que compõem a construção da identidade do professor, precisamos eleger, prioritariamente, as- pectos considerados como basilares para contribuir com a reflexão e a elaboração de modo explicativo desse fato. Assim, priorizamos os seguintes pontos. Identidades Coletiva e Individual Coletivamente, há modelos sociais considerados válidos, que fornecem elementos de interpretação e que facilitam a incorporação de papéis que, supostamente, respondem ao esperado como perfil docente. Há o corpo- rativismo, que garante a construção de um protótipo da população docente e assegura a aceitação e o sentido de pertencimento no contexto em que milita. É a tentativa de se obter uma autoimagem satisfatória de si (TAJFEL; TURNER, 1979); Identidade coletiva Consiste na significação e na percepção que o sujeito tem do seu próprio trabalho e está relacionada com a maneira peculiar como o sujeito inter- preta os retornos de suas ações no coletivo. O sujeito observa os efeitos de sua ação docente e constrói, em seu imaginário, hipóteses, teorias, ele- mentos de julgamento e valorização para o seu processo de ensinar, sobre a escola, alunos e todos os elementos implicados no autorreconhecimento e, principalmente, na sua diferenciação quanto aos demais professores. É firmar-se enquanto alguém que, mesmo pertencendo a um grupo corpora- tivo, não se perde mais na massa profissional. Tenta-se buscar a consciên- cia de si e sentir-se real. Identidade individual 10 As Distintas Identidades: as Opções Educativas Individuais Não existe uma identidade pedagógica universal; mesmo que tenhamos leis ou re- gulamentação do Estado para o ensino em teorias específicas, sempre haverá a ca- pacidade de o sujeito fazer interpretações. É a participação e o envolvimento com o que existe no contexto educativo que vão orientando o sujeito para rumos que supostamente dão a ele maior conforto em encontrar-se e sentir-se como alguém que produz e aplica te- orias e métodos que garantem sucesso e aliviam a tensão. Agir conforme o que acredita dá ao sujeito retornos que o fazem firmar-se enquanto liderança, além da sensação de ser senhor do seu próprio espaço. Porém, há o risco de, em se afastando do contexto coletivo, cair em ações isoladas e solitárias, a pon- to de esgotar-se por ausência de renovação e espelho para o feedback necessário ao fortalecimento de sua existência real. Para fortalecimento da identidade, cabe o balanço entre semelhanças e diferenças do contexto. A História de Vida e a Construção da Identidade Docente Não há professor que se forme por normas rígidas preestabelecidas ou por apa- rição episódica. Ele se constrói paulatinamente em um movimento constante e contínuo ao longo de sua existência, primeiro, como pessoa e, depois, na própria prática profissional. 11 Temos, ao longo de nossa vida, uma gama enorme de experiências com supostos professores (mãe, tias, irmãos, vizinhos) e com os efetivamente ditos em nossa es- colarização. Todos com algum tipo de exemplo que influencia a ma- neira de significar o que seja edu- car e ensinar. Assim, a construção da identidade do professor se faz por elementos estabelecidos na relação dialética da pessoa com a sociedade, em momentos da história e da cul- tura. Há uma projeção, ao mesmo tempo, quantitativa e qualitativa que impulsiona para que a identidade não seja fixada, e sim em permanente aperfeiçoamento. De certo modo, a identidade deixa de ser o que permanece, o intrínseco ou o estrutural, para incluir também o conjuntural ou a capacidade para destruir, como sejam neces- sárias, as certezas do estrutural. Importante A identidade requer, assim, uma atualização constan- te que contradiz sua imanência e a sua permanência. SANTANA, 2004, p. 363 Nóvoa, Hubermam e Tardif são teóricos que defendem e acreditam que discutir a identidade profissional dos professores e suas identidades pedagógicas representa um grande avanço no sentido de superar escolas e professores ativistas que fingem que possuem ações efetivas, no entanto não assumem qualquer posição no cenário educativo, deixando que tudo aconteça como obra do acaso. A responsabilidade e o compromisso com o ato de ensinar requer pessoas despojadas, corajosas, íntegras e autênticas, que assumam posições firmes e conscientes, entendendo que, em suas mãos, pode estar o futuro dos seus aprendizes e, principalmente, a sobrevivência harmônica e equilibrada no contexto do qual também faz parte. 12 Figura 4 – Peces Coloridos y Bichos de Comfer, de Léon Ferrari Fonte: Allpainters.org Ser Professor do Século XXI: Implicações para a Formação de Identidade Considerando o que defende Sacristán (2007) em A Educação que ainda é possível, cabe-nos considerar que, na sociedade atual, ligada aos processos de globalização e tecnologias de informação, um primeiro passo é possibilitar ao professor (ou futuro professor) ter a consciência do estado da coisa, ou seja, o conhecimento da reali- dade em todos os setores da existência humana em sociedade, incluindo saber das crises ideológica e mercadológica da educação e da escola. Leitura Para saber mais sobre a relação entre escola, professores e as demandas do século XXI, reco- mendamos a leitura deste artigo no QR Code. Não podemos mais sustentar uma educação alheia às necessidades do sujeito e das suas condições de existir. Conscientizá-lo, inclusive, sobre a sua posição neste universo e como está sendo treinado para responder aos interesses que não lhe são significativos enquanto pessoa que tem capacidade de ser e pensar, participando ativamente das decisões de seu contexto na real concepção de cidadania. https://rieoei.org/historico/deloslectores/6990.pdf https://rieoei.org/historico/deloslectores/6990.pdf 13 Também, na conscientização, que haja discussão dos conflitos das dissonâncias per- cebidas nos setores social, político, econômico, cultural e as condições implicadas na educação. Dialogicamente, despertar a vontade da participação como referência para ser; é na ação motivada que será possível encontrar saídas para a crise do siste- ma global (principalmente escolar/educacional) (FREIRE, 1977). Importante Concretamente, é afirmar a relação indivíduo e sociedade, po- rém em uma sociedade que é possível: não utópica e não nega- da. Trata-se de utilizar reflexões para ações pautadas em proje- tos que visam a negociações e aproveitamento do que é posto como realidade imediata. Somos e nos reconhecem como tal pela maneira de nos apresentarmos diante do mundo e dos outros, autenticamente, convictos e íntegros. A Definição de Funções e Papéis Sacristán (2007)sustenta que as funções dos professores são conhecidas e possí- veis na teoria, porém, na prática, o seu papel, muitas vezes, é restrito ao mero exer- cício de ensinar (e olhe lá!). Para ele, esse empobrecimento está diretamente ligado a concepções idealistas e a um reducionismo de ações como mecanismo de defesa para responder às necessidades de uma adaptação ao sistema de forma geral. Assim sendo, papéis e funções do professor (identidade) são confusos e pouco compreendidos enquanto projeto de desempenho. Reflita Temos que seguir a teoria ou improvisar em face do que temos como real? Qual é a condição de poder ter certeza da boa atu- ação profissional? São perguntas cujas respostas não são sim- ples e fáceis. 14 Em termos de indicação, cumpre dizer que a teoria é a base concreta, no entanto a ação deve ser construída de forma a responder ao que se projeta como o melhor e mais coerente para atender às demandas tanto de si (individual) quanto coletivas (alunos, escola, comunidade, legislações, currículo etc.). Trata-se da difícil prática de “agir na urgência, decidir na incerteza” (PERRENOUD, 2001). É a ação com competência e lógica que não está escrita em nenhum livro ou em qual- quer academia para formação de professores. Trata-se da posição tomada pelo pro- fessor no contexto de atuação considerando tudo e extrapolando mecanismos legais e códigos de ética, pois representa explicitamente o compromisso pessoal de cada um, dado o compromisso estabelecido consigo e que visa, também, aos outros. Figura 5 – Sem título, de Afro Basaldella Fonte: Wikimedia Commons Minha identidade como sustentáculo de ações sobre mim e o mundo, temos que SER professor não é uma profissão/trabalho para quem quer, mas para quem está integralmente preparado. Para ser respeitado, é preciso se fazer respeitar, para enfrentar situações novas é preciso primeiro conhecê-las, para atrair cultura é preciso ser atraente comunicando-a, para ser apreciado como alguém valioso deve mostrar a utilidade do serviço que presta. Tudo isso exige professores motivados por seu ofício, bom conhecedor do mundo em que vivemos, dos jovens, seguros de si mesmo, que saiba converter em cultura viva os conteúdos e, em procedimentos racionais, os métodos de ensino e as exigências dos estudantes. Ou seja, são necessários professores cultos, bem formados, com vocação e equilibrados. Fonte: SACRISTÁN, 2007, p. 171 15 O Compromisso Social da Educação Segundo Paulo Freire Paulo Freire segue a perspectiva marxista de que as ideias dominantes de um tempo se manifestam e se enraízam na sociedade de acordo com os interesses das classes dominantes. A base epistemológica dele parte do princípio de que há uma classe que oprime outra, e isso também se verifica nos processos pedagógicos e afeta fundamentalmente os processos de construção das identidades pedagógicas. Importante As diretrizes de Paulo Freire partem da não dissociação entre ação e reflexão. Esses dois elementos são considerados funda- mentais para que a crítica se estabeleça. Esses parâmetros, para Freire, podem contribuir para o esclarecimento das relações de opressão, fazendo com que, assim, se possa dar o passo seguinte, que seria o da emancipação humana da opressão. A prática docente, para o estudioso, tem bases e referências que incidem sobre a perspectiva da transformação social, tendo, por- tanto, papel fundamental nesse processo. Os princípios de Paulo Freire nos fazem pensar sobre as formas sociais e suas ações de opressão no sentido da não adaptação, tentando fazer ver que essas relações se constituem em critérios injustos. Esse processo desnaturaliza nossas percepções em relação às construções sociais, fazendo-nos perceber como a dinâmica sistêmica oculta as formas de dominação da classe dominante. Sendo assim, a produção de nossas identidades passa por um processo de reflexão sobre nossas constituições e relações sociais. 16 Figura 7 – Formas sociais e opressão Fonte: Freepik A Pedagogia, para Paulo Freire, tem um papel decisivo nesse processo de escla- recimento, transformando o oprimido em sujeito cognoscente e protagonista da transformação de sua própria história. Sendo assim, a Pedagogia se torna um ele- mento de luta, uma potência para um tipo de transformação social: a libertação dos oprimidos. A “Pedagogia da autonomia” é a última obra publicada em vida por Paulo Freire e procura destacar práticas docentes fundamentais para o desenvolvimento peda- gógico autônomo com vistas à emancipação humana de estudantes e professores. Os princípios descritos por Paulo Freire são: • Ensinar exige rigorosidade metódica; • Ensinar exige pesquisa; • Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos; • Ensinar exige criticidade; • Ensinar exige estética e ética; • Ensinar exige corporeificação das palavras pelo exemplo; • Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição à discriminação; 17 • Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática; • Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural; • Ensinar exige consciência do inacabado; • Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado; • Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando; • Ensinar exige bom senso; • Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores; • Ensinar exige apreensão da realidade; • Ensinar exige alegria e esperança; • Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível; • Ensinar exige curiosidade; • Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade; • Ensinar exige comprometimento; • Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de interven- ção no mundo; • Ensinar exige liberdade e autoridade; • Ensinar exige tomada consciente de decisões; • Ensinar exige saber escutar; • Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica; • Ensinar exige disponibilidade para o diálogo; • Ensinar exige querer bem aos educandos. Fonte: FREIRE, 1997, p. 5-6 18 Esses princípios de Paulo Freire apontam a docência como elemento fundamental e destacam vários aspectos importantes para a construção das múltiplas identida- des. Esses processos são complexos e combinam elementos que transitam entre as instâncias individuais e coletivas, projetando uma sociedade passível e desejosa de transformação em um sentido democrático, justo e igualitário, no qual a liberdade e a autonomia possam ser experimentadas por todos os indivíduos. E, para tanto, Freire acredita que a educação e os educadores têm papel fundamental e decisivo; logo, suas identidades são forjadas nos processos de reflexão e crítica. Figura 7 - Fulgor Oscuro (IV of VI), de Jürgen Partenheimer Fonte: Wikimedia Commons Material Complementar 19 Encontro com Paulo Freire https://youtu.be/5yRyAXPXHmA Pesquisa e Docência https://youtu.be/w3x8K0Nx0j0 Autonomia e Identidades Docentes em Tempos de Crise https://bit.ly/3Qesx5D Pedagogo: Delineando Identidade(s) https://bit.ly/3YbfTq6 Vídeos Leitura Referências 20 ABREU, C. B. M.; LANDINI, S. R. Proletarização e profissionalização: questões sobre a identidade docente. In: ADÃO, A.; MARTINS, E. (Org.). Os professores: identidades (re) construídas. Lisboa: Universitárias Lusófonas, 2004. p. 345-353. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei nº 9.394, de 20 de de- zembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. – 5. ed. – Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2010. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/estatisticas/analfabetismo/> . Acesso em 15/04/2012. BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa- cionais. Mapa do analfabetismo no Brasil. Brasília, DF: MEC/ INEP, 2003. Disponível em: <https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de-conteudo/acervo-linha-editorial/ publicacoes-institucionais/estatisticas-e-indicadores-educacionais/mapa-do-anal- fabetismo-no-brasil>. Acesso em: 08/08/2023. FREIRE, P. Educaçãoe mudança. São Paulo: Paz & Terra, 1983. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33. ed. São Paulo: Paz & Terra, 1997. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 36. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2003. PAIXÃO NETTO, J. Dia do Professor. In: CONTE, V. A.; PASCALE, R. (Org.) Crônicas ao professor. São Paulo: Paulus, 2001. p.18-25. PERRENOUD, P. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Porto Alegre: Artmed, 2001. PIMENTEL, M. G. O professor em construção. Campinas, SP: Papiris, 1996. SACRISTÁN, J. G. A educação que ainda é possível: ensaios sobre uma cultura para a educação. Porto Alegre: Artmed, 2007 SANTANA, M. R. Bem estar/mal estar na profissão docente: ambiguidade, incerte- za e outras patologias da identidade docente. In: ADÃO, A.; MARTINS, E. (Org.). Os professores: identidades (re)construídas. Lisboa: Universitárias Lusófonas, 2004. p. 355-356. Referências 21 SANTOS, M. M. V. Ser professor – hoje – a problemática da satisfação/insatisfação. In: ADÃO, A.; MARTINS, E. (Org.). Os professores: identidades (re) construídas. Lisboa: Universitárias Lusófonas, 2004. p. 379-386.
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