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HISTÓRIA 7CIÊNCIAS HUMANAS e suas tecnologiasEduardo Antônio Dimas História para Vestibular Medicina 2ª edição • São Paulo • 2016 hexag S I S T E M A D E E N S I N O hexag S I S T E M A D E E N S I N O © Hexag Editora, 2016 Direitos desta edição: Hexag Editora Ltda. São Paulo, 2016 Todos os direitos reservados. Autor Eduardo Antônio Dimas Diretor geral Herlan Fellini Coordenador geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial Hexag Editora Diretor editorial Pedro Tadeu Batista Editores Alexandre Rocha Jabur Maluf Revisor Arthur Tahan Miguel Torres Pesquisa iconográfica Camila Dalafina Coelho Programação visual Hexag Editora Editoração eletrônica Bruno Alves Oliveira Cruz Camila Dalafina Coelho Eder Carlos Bastos de Lima Raphael Campos Silva Raphael de Souza Motta Capa Hexag Editora Fotos da capa (de cima para baixo) http://www.fcm.unicamp.br Acervo digital da USP (versão beta) http://www.baia-turismo.com Impressão e acabamento Imagem Digital ISBN: 978-85-68999-50-9 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo usado apenas para fins didáticos, não represen- tando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2016 Todos os direitos reservados por Hexag Editora Ltda. Rua da Consolação, 954 – Higienópolis – São Paulo – SP CEP: 01302-000 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br CARO ALUNO, O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo e em todo Brasil. Ao atualizar sua coleção de livros para 2016, o Hexag considerou o principal diferencial em relação aos concorrentes: a sua exclusiva metodologia fundamentada em três pontos – período integral, estudo orientado (E.O.) e salas reduzidas. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos principais vestibulares 2016. Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens e também na utilização de cores. No total, são 80 livros, distribuídos da seguinte forma: § 21 livros de Ciências da Natureza e suas tecnologias (Biologia, Física e Química); § 14 livros de Ciências Humanas e suas tecnologias (História e Geografia); § 07 livros de Linguagens, Códigos e suas tecnologias (Gramática, Literatura e Inglês); § 07 livros de Matemática e suas tecnologias; § 04 livros de Sociologia e Filosofia; § 04 livros “Entre Aspas” (Obras Literárias da Fuvest e Unicamp); § 02 livros “Entre Frases” (Estudo da Escrita – Redação); § 06 livros “Entre Textos” (Interpretação de Texto). § 03 livros "Between English and Portuguese" (Inglês). § 12 livros de Revisão (U.T.I. "Unidade Técnica de Imersão"). O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva o que o aluno realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Os capítulos foram finalizados com cinco categorias de exercícios, trabalhadas nas sessões de Estudo Orien- tado (E.O.), como segue: § E.O. Teste I: exercícios introdutórios de múltipla escolha, para iniciar o processo de fixação da matéria estudada em aula; § E.O. Teste II: exercícios de múltipla escolha, que apresentam grau médio de dificuldade, buscando a con- solidação do aprendizado; § E.O. Teste III: exercícios de múltipla escolha com alto grau de dificuldade; § E.O. Dissertativo: exercícios dissertativos nos moldes da segunda fase da Fuvest, Unifesp, Unicamp e outros importantes vestibulares; § E.O. Enem: exercícios que abordam a aplicação de conhecimentos em situações do cotidiano, preparando o aluno para esse tipo de exame. A edição 2016 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina. Herlan Fellini Aulas 47 e 48: Segunda Guerra Mundial 6 Aulas 49 e 50: Guerra Fria 34 Aulas 51 e 52: Descolonização afro-asiática e Revolução Chinesa 68 HISTÓRIA GERAL Segunda Guerra Mundial Aulas 47 e 48 7 Soldados alemães invadem a Polônia, em 1º de setembro de 1939: começava a Segunda Guerra Mundial. Introdução Entre os anos de 1939 e 1945, o mundo foi envolvido por um conflito de grandes proporções que ultrapassou as fronteira da Europa, tendo como pano de fundo a concorrência imperialista entre o capitalismo industrial mo- nopolista inglês e francês em contraposição ao alemão, japonês e italiano, acrescido da óbvia divergência entre o capitalismo e o socialismo da recém-criada URSS. É possível afirmar que a Segunda Guerra Mundial é uma continuação da Primeira, pois as disputas por mercado consumidor entre a burguesia da antiga Entente contra a burguesia do extinto II Reich alemão não foram solucionadas com o término do conflito militar em 1918. Em 1939, os blocos militares eram os Aliados, formados pela Inglaterra e a França, acrescidos pelos Estados Unidos e pela União Soviética, em 1941; e o outro bloco bélico era o Eixo, formado pela Alemanha, Itália e Japão. A Inglaterra e a França representavam ideologicamente a democracia burguesa ocidental, que valorizava a política pela via parlamentar e o exercício da cidadania, seja por intermédio da Monarquia Constitucional, no curso inglês, ou da República, no francês. O Eixo se orientava pelo fascismo de Estados totalitários, pois a Alemanha era comandada por Hitler com o III Reich, a Itália era dirigida por Benito Mussolini e o Japão pelo imperador divinizado Hirohito. No início da guerra, o governo estadunidense adotou uma política de distanciamento dos problemas europeus. Apesar de ser próximo da Inglaterra, relutou até 1941 em participar diretamente do conflito; a União Soviética stalinista e socialista estava isolada da conjuntura internacional e inimiga dos capitalistas, tanto dos Aliados, como do Eixo, embora uma exceção desse “cordão sanitário” tenha ocorrido quando a diplomacia aproximou Berlim de Moscou para firmar um singular pacto de paz que vigorou até 1941. Antecedentes Hitler se aproveitava das questões internacionais para ampliar seu sistema de alianças. Aproximou-se da Itália em 1935, prestando-lhe ajuda econômica durante o embargo econômico aplicado pela Liga das Nações por causa da invasão da Etiópia. Juntamente com Mussolini, apoiou Francisco Franco na Guerra Civil Espanhola, de 1936 a 1939, aproveitando para testar a eficiência de seus tanques e aviões. Assinou com o Japão o Pacto Anti-Komintern, em novembro de 1936, destinado a conter a União Soviética e a ação da Internacional Comunista. A Itália, a Hungria e a Espanha aderiram ao pacto. Ao mesmo tempo, Hitler se aproximava da Itália e Mussolini proclamava o Eixo Roma– Berlim, uma manifestação de solidariedade, que o Duce lembraria durante a visita do Führer a Roma, em 1938. 8 Benito Mussolini e Adolf Hitler, em 28 de setembro de 1938. O III Reich germânico não aceitava as imposições do Tratado de Versalhes e passou a ambicionar um cresci- mento bélico e territorial, principalmente sobre o corredor polonês, embora o próprio Tratado de Versalhes proibisse o militarismo alemão. Foi nesse contexto que o parlamento britânico elaborou um plano diplomático chamado de Política de Apa- ziguamento, quese caracterizava pela “permissão” de um relativo crescimento bélico alemão, que teria o intuito de barrar um possível avanço do socialismo soviético, ou seja, o Estado inglês queria que o nazismo defendesse a civilização ocidental da “barbárie” comunista. Como resultado, Hitler conseguiu fortalecer-se e passou a buscar o controle territorial de parte da Europa central, que ele chamava de “espaço vital”, apoiado veladamente pela Inglaterra e pela França na formação do III Reich. Antes da Segunda Guerra Mundial começar, a Alemanha já tinha anexado a Áustria e a Tchecoslováquia, cuja invasão foi legalizada pela Conferência de Munique, em setembro de 1938. Da esquerda para direita: Chamberlain (Inglaterra), Daladier (França), Hitler (Alemanha), Mussolini (Itália) e Ciano (ministro de Assuntos Exteriores da Itália), quando da assinatura do Acordo de Munique. O potencial de guerra alemão cresceu enormemente com a integração da indústria tcheca. Mussolini apro- veitou para invadir e conquistar a Albânia. A aproximação entre os dois Estados totalitários foi consagrada na aliança ofensiva entre Itália e Alemanha, o Pacto de Aço, firmado em maio de 1939. 9 Para posterior desespero dos Aliados, Hitler e Stalin resolveram criar o Pacto de não agressão germano- -soviético. Esse acordo permitiria que, no futuro, a Alemanha pudesse invadir seus inimigos europeus ocidentais (a oeste) sem dividir seu exército, pois estaria em “harmonia” com sua inimiga URSS (a leste). Também conhecido como Ribbentrop-Molotov, esse pacto ajudaria o governo de Stalin, pois a União Soviética não tinha estrutura mi- litar que pudesse protegê-la de um ataque nazista. Com isso, a URSS ganharia tempo para implantar uma política armamentista. Havia, também, outros acordos firmados entre as duas potências, como o da invasão e divisão da Polônia por tropas alemãs e soviéticas. Além disso, os soviéticos receberam secretamente o controle sobre a Finlân- dia, a Letônia, a Estônia e a Bessarábia.1 Os alemães ficaram com a Lituânia. Cerimônia de assinatura do Pacto de não agressão Germano-Soviético. Molotov está assinando. Atrás, Ribbentrop (com os olhos fechados) ao lado de Stalin. FAtores dA guerrA A esperança de uma paz duradoura, após o fim da Primeira Guerra Mundial, foi mera ilusão. Vários fatores criaram as condições para que um novo conflito surgisse, envolvendo as nações europeias e a maior parte dos países do mundo, no período de 1939 a 1945. § O comportamento revanchista das nações perdedoras da Primeira Guerra Mundial, especialmente da Ale- manha em relação à França, contou com vencidos desgastados pela guerra e sobrecarregados com seus compromissos financeiros para com os vencedores (indenizações e reparações). Cresciam seus problemas econômicos e sociais. Na Itália e na Alemanha, o descontentamento da população deu oportunidade ao surgimento de partidos totalitários – fascista e nazista –, culminando com a implantação de Estados milita- ristas e expansionistas, com forte apelo nacionalista. 1 A Bessarábia é o nome de uma região histórica da Europa oriental, cujo território se divide entre a Moldávia e a Ucrânia. 10 § A crise de 1929 e suas graves consequências políticas e sociais em quase todos os países da Europa. Em razão de sua amplitude internacional, reduziu o mercado consumidor de todas as nações capitalistas. Os países atingidos pela grande depressão procuraram defender seus mercados internos da concorrência es- trangeira através da elevação das tarifas alfandegárias. Esse nacionalismo econômico intensificou as lutas pelo domínio dos mercados entre as várias potências imperialistas. § O surgimento de governos totalitários, militaristas e expansionistas. A partir de 1930, quando os efeitos da recessão econômica repercutiram em todo o mundo, iniciou-se o expansionismo de alguns países imperia- listas. A Itália ocupou a Etiópia, em 1935, situada no Nordeste da África. A Alemanha, desrespeitando o Tratado de Versalhes, remilitarizou a região da Renânia, em 1936, e anexou a Áustria e a Tchecoslováquia, em 1938. O Japão, no segundo semestre de 1931, partiu para a conquista da Manchúria – que pertencia à China –, começando, assim, a penetração naquele país dominado pelo governo de Chiang Kai-shek. § O fracasso da Liga das Nações. Ao longo da década de 1930, o mundo contava com a Liga das Nações, órgão internacional que tinha por objetivo manter a paz e a ordem entre os diversos países. No entanto, In- glaterra e França dominaram o organismo, direcionando as decisões de acordo com seus interesses. Quando algum país menos importante era agredido, as decisões da Liga das Nações eram quase sempre brandas em relação aos agressores. França e Inglaterra temiam gerar conflitos com as potências expansionistas. Dessa forma, em inúmeras vezes, as pequenas nações foram sacrificadas. As FAses dA guerrA Avanço do Eixo (1939–1941) Nesse contexto, o cenário da guerra já estava criado e, em 1º de setembro de 1939, as forças bélicas de Hitler invadiram o corredor polonês da cidade de Danzig, hoje Gdánsk. Em resposta, o governo inglês, mais bem pre- parado, decretou guerra à Alemanha; em 1940, com a blitzkrieg (guerra relâmpago), as tropas nazistas invadiram a Dinamarca, a Noruega, a Holanda, a Bélgica e a França. Diante dessa inusitada realidade, os exércitos francês e inglês foram obrigados à Retirada de Dunquerque e a fugirem para a Grã-Bretanha. Tropas nazistas invadem Paris, durante a Segunda Guerra Mundial. A França foi dividida em duas áreas. O Sul continuou supostamente independente, nomeada de República de Vichy e liderada pelo general francês Pétain, que não demonstrou resistência à ascensão de Hitler, por isso mesmo foi considerado seu colaborador; já o Norte foi completamente ocupado pelas tropas nazistas, que passaram a admi- nistrá-lo. Vale salientar que o acervo arquitetônico de Paris foi deliberadamente protegido por Hitler, pois ele queria, numa suposta vitória alemã, no pós-guerra, embelezar Berlim e superar o a cidade das luzes. Parte considerável da po- pulação francesa humilhada, sem poder lutar abertamente contra o poderoso exército germânico, criou o Movimento 11 da Resistência, que, mediante atos de sabotagem, espionagem e atentados, ajudou a minar a ocupação hitlerista. As tropas francesas fixadas em solo inglês foram lideradas pelo general Charles de Gaulle, que as manteve unidas e com a chama da esperança acesa de que era viável, num futuro não muito remoto, voltar para sua pátria e libertá-la do jugo nazista. É importante salientar que de Gaulle também utilizava emissoras inglesas de rádio de ondas curtas para ser ouvido, reservadamente, por membros da Resistência e, com isso, articular ações contra o domínio germânico. Ao final da Segunda Guerra Mundial, a população francesa elegeu de Gaulle presidente da República. General Charles de Gaulle discursa na BBC, em Londres, em 30 de outubro de 1941. Vencida a França, a Alemanha preparou-se para invadir a Inglaterra pelo canal da Mancha. Contudo, a força naval britânica mostrou-se eficiente e conseguiu afundar o encouraçado Bismarck, evitando, assim, ser invadida por mar. Em vista disso, Hitler fustigou a marinha de guerra e comercial britânica com seus submarinos, denominados “lobos do mar”, e lançou mão da tática de derrotar o reino britânico pelo ar, com gigantescos ataques aéreos da Luftwaffe (Força Aérea Alemã), dando início, em setembro de 1940, à Batalha da Inglaterra. Essa tática alemã arruinou a economia britânica. Contudo, a Inglaterra não se rendeu graças à valentia dos pilotos da RAF (Força Aérea Real), do apoio moral da coroa inglesa, na pessoa da rainha-mãe, e à magnífica ajuda econômica dos EUA. A derrota da Alemanha nessa batalha obrigou Hitler a adiar indefinidamente a Operação Leão do Mar, cujo objetivo era invadir a Inglaterra. Referindo-se ao heroico desempenho dos pilotos da RAF nessa batalha, o primeiro-ministro inglês Winston Churchillafirmou: “Nunca na história dos grandes conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos”. Londres, após oito semanas de violentos bombardeios alemães, em 1940, quando foram despejadas mais de 20 mil toneladas de bombas sobre a cidade. 12 Em fevereiro de 1941, após o fracasso da ofensiva italiana no Norte da África, a Alemanha desembarcou na Líbia, com o Afrikakorps, comandado pelo general Rommel. Seu objetivo era conquistar o canal de Suez, cortando, assim, as rotas vitais da Inglaterra e isolando-a de seu império colonial. Ao mesmo tempo, ocorreu a adesão da Hungria, da Romênia e da Bulgária às forças do Eixo. Em maio de 1941, a ocupação da Iugoslávia e da Grécia completou o isolamento da Inglaterra. Com o fracasso na Batalha da Inglaterra, a Alemanha colocou-se diante da perspectiva de uma guerra de longa duração na Europa. Com a finalidade de assegurar suprimentos vitais à continuação da guerra, Hitler rasgou o Pacto de não agressão germano-soviético, ordenou a invasão da União Soviética e deu início à Operação Barba- rossa. A invasão estendeu-se por uma frente de quase três mil quilômetros com vistas às conquistas simultâneas de Leningrado, ao norte, Moscou, ao centro, e Ucrânia e Cáucaso, ao sul. Paralelamente, agravavam-se as tensões entre os Estados Unidos e o Japão, na Ásia e no Pacífico. Em 1941, prosseguia a Guerra Sino-japonesa. Com a queda da França, o Japão promoveu a ocupação da Indochina Francesa. Em novembro, o governo estadunidense decretou o embargo comercial ao Japão e exigiu a imediata evacuação da China e da Indochina. Em 7 de dezembro de 1941, enquanto prosseguiam as negociações diplomáticas entre os dois países, o Japão atacou sem prévia declaração de guerra a base naval estadunidense de Pearl Harbor, no Havaí. Logo depois, a Alemanha e a Itália declaravam guerra aos Estados Unidos. O encouraçado USS West Virginia (BB-48) em chamas, atingido por um bombardeio japonês durante o ataque a Pearl Harbor. 13 O bombardeio a Pearl Harbor foi seguido de uma ofensiva japonesa na Ásia meridional e no Pacífico. A Ma- lásia Britânica, o porto de Cingapura, a Birmânia, a Indonésia e as Filipinas sucumbiram aos ataques japoneses. No litoral da China, foi ocupado o porto de Hong Kong. No Pacífico, foram conquistadas ilhas pertencentes aos EUA e à Inglaterra. A ocupação japonesa dessas áreas foi recheada de atitudes de genocídio, semelhantes às dos nazistas nos campos de concentração na Europa. Área sob domínio japonês, durante a Segunda Guerra Mundial. Ascensão dos Aliados (1941–1945) O ano de 1941 marcou a mudança do curso da guerra. O Eixo, até então imbatível, tomou duas decisões nefastas para a continuidade do seu domínio: invadir a União Soviética e atacar a base estadunidense de Pearl Harbor, no Pacífico, pelo Japão. Após o fracasso na Batalha da Inglaterra, a Alemanha resolveu ocupar a URSS em busca de reservas de matéria-prima e de petróleo, no Cáucaso, e aniquilar o que os nazistas consideravam a suposta raça inferior dos eslavos. Em razão disso, a invasão foi chamada de Operação Barbarossa (Barba Ruiva). Pretendia também destruir o comunismo representado pelo governo de Stalin. Apesar de socialista, a URSS foi recebida de braços abertos pelas combalidas forças capitalistas inglesas e francesas, cujos exércitos tinham sido divididos para penetrar o Leste europeu. Hitler acreditava que venceria a União Soviética em semanas ou meses, mas experientes generais ale- mães, como Rommel, sabiam que seu exército possivelmente seria derrotado. Hitler estava cometendo os mesmos erros de Napoleão Bonaparte. Foi o que realmente ocorreu, uma vez que, utilizando a tática da terra arrasada e do extremo frio, o Exército Vermelho aniquilou as forças alemãs, em 1943, e passou a atacar a Alemanha. Por isso, considera-se a Batalha de Stalingrado “o começo do fim da Alemanha”. Ataque do Exército Vermelho em Stalingrado, em fevereiro de 1943, que deteve a ofensiva alemã e obrigou o exército nazista a se render, pondo fim ao mito da invencibilidade alemã. 14 Quando o Japão atacou os EUA em Pearl Harbor, avaliou que não teria dificuldade em controlar definitiva- mente o Pacífico e o extremo Oriente. Contudo, o governo Roosevelt passou a fortalecer os Aliados e a economia estadunidense mostrou sua pujança. Em pouquíssimo tempo, construiu navios, aviões e fuzis, oxigenando os Alia- dos e, paulatinamente, enviando armamentos e tropas para a Europa ocidental e para o Pacífico. Também paula- tinamente, o Japão teve suas forças armadas, notadamente a marinha, arrasada em batalhas como a de Midway e Iwojima. Apesar de os ditadores Franco, na Espanha, e Salazar, em Portugal, pertencerem à área de influência de Hitler, eles não entraram diretamente na guerra, o que rendeu-lhes a não perseguição por parte dos Aliados. Hitler sofreu derrotas na Iugoslávia pelos guerrilheiros partisans, liderados por Tito. Mesmo com o socorro alemão às tropas de Mussolini, os partisans atacaram o belicismo nazista e se refugiaram eficazmente nas montanhas. No Norte da África, o Afrikakorps alemão, com seus tanques panzers, liderados pelo general Rommel, foi derrotado fragorosamente pelas forças anglo-francesas do general britânico Montgomery e pelos blindados esta- dunidenses do general Patton, que aniquilou os alemães, em maio de 1943, e partiu para derrotar as tropas de Mussolini, na Itália. Em julho de 1943, as forças aliadas desembarcaram na Sicília. Logo depois, Mussolini foi destituído pelo rei Vitor Emanuel III. Foi nesse momento que o Brasil entrou na guerra ao lado dos Aliados e o governo ditatorial do Estado Novo de Vargas criou a Força Expedicionária Brasileira, FEB. Ao lado da Força Aérea Brasileira, FAB, os pracinhas brasileiros conseguiram grandes vitórias em Monte Castelo e Montese. Soldado brasileiro estampado no jornal Cruzeiro do Sul. Apesar da expressão popular, “é mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra”, não foi bem o que ocorreu. Em setembro de 1943, o novo governo italiano firmou um armistício com os Aliados, retirando a Itália da guerra. Libertado por um comando nazista, Mussolini fundou, ao norte do país, a efêmera República Social Italiana. Em outubro, a Itália uniu-se aos Aliados e declarou guerra à Alemanha e, em abril de 1945, ocorreu a capitulação das forças nazistas na Itália. Mussolini foi detido ao tentar fugir para a Suíça e, em seguida, foi fuzilado por um comando da Resistência Italiana Antifascista. Derrota do Eixo Com a derrota da Itália, fechou-se o cerco à Alemanha. A leste, a ofensiva soviética culminou, em 1944, com a libertação da Romênia, da Bulgária, da Tchecoslováquia e da Hungria pelo Exército Vermelho. 15 Após a Batalha de Stalingrado, a Alemanha foi perdendo grande contingente de tropas no Leste em razão do incisivo avanço soviético, que fez diminuir o poder germânico no canal da Mancha. Como consequência, o alto comando aliado europeu ocidental, nas mãos do general estadunidense Eisenhower, reuniu tropas dos EUA, ingle- sas e francesas e penetrou no território europeu, libertando a França no episódio que se tornou conhecido como o Dia D, 6 de junho de 1944, quando as tropas aliadas desembarcaram na Normandia. Desembarque das forças aliadas na Normandia, França: o Dia D. Enquanto isso, em janeiro de 1945, a Polônia fora libertada pelos russos, que logo depois realizaram a jun- ção de suas tropas com as estadunidenses às margens do rio Elba. Com o suicídio de Hitler, a conquista de Berlim pelo Exército Vermelho e a queda do III Reich, em maio de 1945, terminava a guerra na Europa. O Exército Vermelho conquista Berlim. Era o fim da Segunda Guerra na Europa. No Pacífico, apesar do inequívoco recuo, o Japão relutava em render-se, pois acreditava que a derrota seria um martírio religioso, já que o imperador Hirohito era considerado Deus. Em razão disso, muitos pilotos japoneses trans- formaram-se em kamikazes e praticaramo suicídio bélico, utilizando seus aviões como mísseis para melhor se chocar contra os navios dos EUA. Foi nesse contexto que o presidente estadunidenses Harry Truman autorizou o bombardeio atômico em Hiroshima (6 de agosto de 1945), cuja bomba foi intitulada de Little boy, e em Nagazaki (9 de agosto de 1945). É curioso notar que a bomba atômica chamada de Fat man, composta por plutônio-239, foi detonada em Na- gazaki, mas tinha como principal alvo a antiga cidade de Kokura, que deixou de ser bombardeada porque a tripulação do bombardeiro B-29 não conseguiu localizar o centro dela e, por isso, rumou para Nagazaki. As bombas nucleares foram concebidas pelo dispendioso Projeto Manhattan, liderado pelo físico Oppenheimer, no deserto do Novo México. No seu início, esse projeto teve o apoio do físico pacifista Albert Einstein, que, apesar de não participar diretamente da confecção dos artefatos, acreditava que sua concepção teria o propósito de 16 aniquilar a expansão do nazismo, ou seja, seria uma bomba da “cidadania”. Por isso, muitos cientistas, inclusive Einstein, criticaram o bombardeio sobre o Japão, pois tinham medo de que o uso de armas nucleares em guerras ficasse sem controle. Ressalte-se que o uso das bombas nucleares teve como pretexto oficial a aceleração da rendição japonesa; contudo, muitos historiadores acreditam que a real causa das detonações esteja relacionada à antecipação da Guerra Fria, já que os EUA queriam anular a ascensão das forças socialistas soviéticas. Com a rendição japonesa, em 2 de setembro de 1945, a Segunda Guerra Mundial terminava e, com ela, a hegemonia europeia sobre o mundo, que assistiu ao surgimento de uma nova ordem mundial dominada pela Guerra Fria. Destruição de Hiroshima causada pela bomba atômica, em 6 de agosto de 1945. Explosão nuclear em Nagasaki, Império do Japão, em 9 de agosto de 1945. As conferências Ao longo do conflito, as potências aliadas realizaram inúmeras conferências, cujas decisões diplomáticas refletiram- -se política e militarmente no mundo do pós-guerra. Conferência do Cairo (novembro de 1943) Após o início da contraofensiva estadunidenses na guerra do Pacífico e a capitulação da Itália, realizou-se no Cai- ro, capital do Egito, a primeira conferência dos Aliados. Dela participaram Roosevelt, Churchill e Chiang Kai-shek, presidente da China, com o objetivo de discutir o destino político da Ásia oriental, após a derrota do Japão. Nela, os Aliados decidiram devolver à China todos os territórios tomados pelo Japão, durante a Guerra Sino-japonesa. Foi decidido ainda o restabelecimento da independência da Coreia e de todos os países conquistados pelo Japão. 17 Conferência de Teerã (dezembro de 1943) Os “três grandes” – Roosevelt, Churchill e Stalin – reuniram-se pela primeira vez em Teerã, capital do Irã. A ofensiva soviética no Leste europeu e a capitulação da Itália haviam alterado de forma irreversível o curso da guerra a favor dos Aliados e selado definitivamente o destino da Alemanha nazista. Nessa conferência decidiu-se a abertura de uma segunda frente de guerra na Europa ocidental e foi escolhida a costa francesa como local de desembarque das forças aliadas. Os Estados Unidos e a Inglaterra também reconheceram oficialmente a anexação pela União Soviética dos países bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia – e o Leste da Polônia. Conferência de Ialta (fevereiro de 1945) Churchill, Roosevelt e Stalin: os “três grandes” reunidos em Ialta, 1945. Quando já era iminente a derrota do III Reich, os “três grandes” voltaram a se reunir em Ialta, na Crimeia, às mar- gens do mar Negro. Nesse encontro, foi fixada oficialmente a Linha Curzon como fronteira entre a União soviética e a Polônia, e foram cedidas aos soviéticos as regiões ocupadas quando da partilha, em 1939; em compensação, a Polônia receberia, a leste, os territórios alemães até as margens do rio Oder. Decidiu-se também que os Estados Unidos, a União Soviética e a Inglaterra manteriam controle sobre os países libertados da Europa oriental e que a Alemanha seria dividida em zonas de ocupação sob a direção de um Conselho Aliado. Outra decisão importante, com a anuência do presidente Roosevelt, foi transformar os países da Europa oriental em área de influência da União Soviética. Finalmente, estabeleceu-se a intervenção da União Soviética na guerra contra o Japão em troca de Port Arthur, ao sul de Sacalina e das ilhas Kurilas. Pela relevância de suas deci- sões e pelas consequências que produziu no pós-guerra, a Conferência de Ialta foi considerada a mais importante da Segunda Guerra Mundial. Conferência de Potsdam (julho de 1945) Após a derrota alemã, os Aliados se reuniram para uma nova conferência em Potsdam, subúrbio de Berlim. Dos “três grandes”, apenas Stalin participou dessa conferência, uma vez que Churchill havia perdido as eleições na Inglaterra e fora substituído por Clement Attlee, e Roosevelt falecera pouco antes do fim da guerra e fora substitu- ído por Harry Truman. Em Potsdam, foi fixado em 20 bilhões de dólares o montante que a Alemanha pagaria como reparações de guerra. Dessa importância, caberiam 50% à União soviética, 14% à Inglaterra, 12,5% aos Estados Unidos e 10% à França. Foi decidido ainda suprimir a indústria de guerra alemã, reduzir sua produção de aço, transferir a maior parte de suas fábricas para os países aliados e promover o julgamento dos líderes do regime nazista. Esse julga- mento foi realizado pelo Tribunal de Nuremberg, do qual resultou a condenação à morte de 12 líderes nazistas. Finalmente, a Conferência de Potsdam confirmou a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação dos países aliados – Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética. 18 consequêncIAs dA segundA guerrA MundIAl Perdas humanas Os números relativos às perdas humanas são dificilmente calculáveis. No mínimo, chegaram a 50 milhões, dentre os quais 20 milhões de russos, que sacrificaram, em população e recursos materiais, mais do que os outros participan- tes. Morreram, proporcionalmente, muito mais civis que militares. A guerra mecanizada, de movimentos rápidos, fez mais mortos do que prisioneiros. Bombardeios aéreos dizimaram populações inteiras de civis. Em Berlim, fizeram 50 mil vítimas; em Dresden, 200 mil. Genocídio Com a penetração de soldados aliados em territórios anteriormente controlados pelas forças do Eixo, como a Polô- nia, constatou-se a nefasta política nazista de extermínio de minorias e de pessoas que se distanciassem do padrão de raça “pura” proposto pelos nazistas. As tropas aliadas encontraram campos de concentração, o mais conhecido deles foi o de Auschwitz. Judeus, ciganos, eslavos, homossexuais, germânicos com deficiências mentais sucumbiram numa dor atroz que ainda repercute entre os homens e as ideias de liberdade e tolerância. Os judeus chamaram-na de Holocausto; Hitler, de “solução final”. Campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Para apressar a “solução final”, os campos de concentração, que originalmente se destinavam a presos políticos, foram transformados em centros de execução, e novos campos foram construídos com esse objetivo. Ju- deus de toda Europa eram presos, amontoados em vagões fechados de transportar gado e enviados para Treblinka, Auschwitz, Dachau, Buchenwald e outros campos de extermínio. Utilizando a tecnologia e a burocracia de um Estado moderno, os nazistas mataram cerca de seis milhões de judeus, dois terços da população judaica da Europa. Cerca de 1,5 milhão dos assassinados eram crianças; quase 90% das crianças judias em terras ocupadas pelos na- zistas morreram. Dezenas de milhares de famílias inteiras desapareceram sem deixar traço. Comunidades judaicas com centenas de anos desapareceram para jamais serem restabelecidas. Muitos dos criminosos de guerra alemães foram julgados pelo Tribunal de Nuremberg e alguns deles condenados à morte. Com o avanço da discussão sobre as garantias dos direitoshumanos, o Tribunal de Nuremberg tornou-se a semente para o surgimento do Tribunal Internacional de Haia, na Holanda, que tem a finalidade de julgar os atuais criminosos de guerra. 19 Os líderes nazistas Hermann Goering (de óculos escuros) e Rudolph Hess, no Tribunal de Nuremberg. A defesa clássica de ambos foi que “só estavam seguindo ordens”. A guerra provocou uma enorme migração de povos sem paralelo na história humana. A União Soviética anexou o Leste da Prússia e as terras bálticas da Letônia, Lituânia e Estônia, deportando pela força muitos habitan- tes para a Rússia central. A maior parte da Prússia oriental foi ocupada pela Polônia. Milhões de alemães fugiram ou foram expulsos da Prússia, da Tchecoslováquia, da Romênia, da Iugoslávia e da Hungria, onde seus ancestrais haviam vivido durante séculos. Os custos materiais foram espantosos. Por toda parte, cidades estavam em ruínas: pontes, sistemas ferroviários, vias fluviais e portos destruídos; terras agrícolas devastadas, gado morto e minas de carvão desabadas. Pessoas sem lar e famintas vagavam pelas ruas e estradas. A Europa enfrentou uma gigantesca tarefa de reconstrução. A guerra provocou alterações nas estruturas de poder. Os Estados Unidos e a União Soviética surgiram como os dois mais poderosos Estados do mundo. As grandes potências tradicionais – Inglaterra, França e Alemanha – foram obscurecidas por essas superpotências. Os Estados Unidos tinham a bomba atômica e um imenso poderio industrial; a União Soviética tinha o maior exército do mundo e estendia seu domínio à Europa oriental, além de dominar também a tecnologia da energia atômica. Com a Alemanha derrotada, o principal incentivo para a coope- ração soviético-americana desaparecera. A Segunda Guerra Mundial acelerou a desintegração dos impérios europeus de além-mar. Os Estados eu- ropeus não puderam mais justificar o domínio de africanos e asiáticos, depois de terem lutado para libertar terras europeias do imperialismo alemão. A Grã-Bretanha abriu mão da Índia; a França, do Líbano e da Síria; e os ho- landeses, da Indonésia. Nas décadas de 1950 e 1960, praticamente todos os territórios coloniais conquistaram a independência – a descolonização afro-asiática. Nos casos em que a potência colonial resistiu à independência desejada pela colônia, o preço foi o derramamento de sangue. Sob o ponto de vista econômico, os grandes beneficiários foram os Estados Unidos, que perderam no confli- to em torno de 400 mil homens, mas dobraram sua produção industrial entre 1939 e 1945. A aeronáutica passou a liderar a indústria estadunidense; os setores têxtil e químico livraram-se da concorrência europeia. Com o gasto de 300 milhões de dólares, os estadunidenses viram crescer sua produção industrial em 75%; no setor agrícola, a produção de trigo cresceu 25%. No final da guerra, os Estados Unidos contavam com superávit na balança comer- cial de 11 bilhões de dólares, concentrando 80% das reservas mundiais de ouro. 20 d) à estratégia soviética frente à invasão ale- mã, conhecida como tática da ‘terra arrasa- da’, a mesma utilizada pelos russos contra Napoleão, no início do século XIX. e) à Batalha de Stalingrado, uma das mais san- grentas e memoráveis de todo o conflito, de- cisiva para a vitória nazista. 3. (Uema) Atente para as informações da re- portagem abaixo. França inicia celebração dos 70 anos do ”Dia D” com homenagem às vítimas. Presidente francês lembrou as 20 mil víti- mas civis da batalha da Normandia. Foi o primeiro reconhecimento oficial aos mortos civis na região. O presidente da França, François Hollande, e o presidente dos EUA, Barack Obama, são vistos durante cerimônia de homenagem às vítimas do desembarque na Normandia nes- ta sexta-feira da France Presse (Foto: Da- mien Meyer/AFP). O presidente francês, François Hollande, iniciou, nesta sexta-feira (6/6/2014), as ce- rimônias que marcam o 70º aniversário do desembarque aliado com uma homenagem em Caen às 20 mil vítimas civis da batalha da Normandia, noroeste da França. “Hoje gostaria, neste 70º aniversário, que a home- nagem da nação se dirigisse a todos, civis e militares [...] que o papel dos normandos seja reconhecido por todos”, declarou o che- fe de Estado em um discurso no Memorial da cidade. Fonte: Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/ noticia/2014/06/franca-inicia-celebracao-dos-70-anos-do- dia-d-com-homenagem-vitimas.html>. Acesso em: 11 jun. 2014. O conjunto de operações militares durante a Segunda Guerra Mundial, que abalou o po- derio do exército alemão na Europa, ficou conhecido como o ”Dia D”. Na celebração do 70º aniversário do “Dia D”, o presidente francês discursou, destacando o/a a) supremacia francesa diante das tropas ini- migas. b) resistência francesa organizada em território inglês. c) importância da população civil para a vitória francesa. e.o. teste I 1. (UERJ) Os mapas constituem uma repre- sentação da realidade. Observe, na imagem abaixo, dois mapas presentes na reportagem intitulada Um estudo sobre impérios, publi- cada em 1940. O uso da cartografia nessa reportagem evi- dencia uma interpretação acerca da Segunda Guerra Mundial. Naquele contexto é possível reconhecer que essa representação cartográfica tinha como finalidade: a) criticar o nacionalismo alemão. b) justificar o expansionismo alemão. c) enfraquecer o colonialismo britânico. d) destacar o multiculturalismo britânico. 2. (Mackenzie) “O inimigo é cruel e implacável. Pretende tomar nossas terras regadas com o suor de nossos rostos, tomar nosso cereal, nosso petróleo, obtidos com o trabalho de nos- sas mãos. Pretende restaurar o domínio dos latifundiários, restaurar o czarismo... germa- nizar os povos da União Soviética e torná-los escravos de príncipes e barões alemães... (...) em caso de retirada forçada... todo o material rodante tem que ser evacuado. Ao inimigo não se deve deixar um único mo- tor, um único vagão de trem, um único quilo de cereal ou galão de combustível. Todos os artigos de valor (...) que não puderem ser retirados, devem ser destruídos sem falta.” Após 70 anos da 2ª Guerra Mundial, o dis- curso acima, de Joseph Stálin, nos remete: a) à invasão soviética ao território alemão, marco na derrocada nazista frente à ofensiva Aliada nos fronts Ocidental e Oriental. b) à Operação Barbarosa, decorrente da assina- tura do Pacto Ribbentrop-Molotov, estopim para a 2ª Guerra Mundial. c) ao Anschluss, quando a anexação da Áustria pelo Terceiro Reich provocou a reação sovié- tica contra os alemães. 21 d) apoio decisivo dos Estados Unidos para o desfecho do conflito. e) vitória das tropas dos “Aliados” contra as forças nazifascistas. 4. (Ufsm) De acordo com a partilha estabeleci- da pela ONU, em 1947, o Estado judeu, que incluirá a cidade de Tel Aviv, terá cerca de 550 mil habitantes de origem judaica e 500 mil árabes. Já o Estado árabe, envolvendo a cidade de Gaza, contará com 750 mil árabes e 10 mil judeus. Jerusalém, a capital reivin- dicada pelos dois grupos, será uma cidade internacional. Fonte: BRENER, Jayme. Jornal do Século XX. São Paulo: Moderna, 1998. p. 171. A partir dessas informações, assinale a al- ternativa que apresenta corretamente os acontecimentos históricos que conduzem à partilha da Palestina. a) 1ª Guerra Mundial – Gueto de Varsóvia – Es- tado de Israel b) Sionismo – 2ª Guerra Mundial – Holocausto c) Nazismo – Macartismo – Capitalismo d) Comunismo – Antissemitismo – Globalização e) 2ª Guerra Mundial – Pacto de Varsóvia – Pri- mavera de Praga 5. (UEG) “Os olhos do mundo estão sobre vocês” (Dwight Eisenhower) A frase acima foi dita pelo comandante das tropas aliadas durante o chamado “Dia D”. No dia 6 de junho de 2014, comemoraram- -se os 70 anos do Desembarque da Norman- dia, um dos episódios mais conhecidos da II Guerra Mundial. A importância desse acon- tecimento se deve ao fato de que ele: a) possibilitouque os exércitos britânico e americano apressadamente evitassem a con- quista da Europa ocidental pelo exército so- viético. b) permitiu a abertura de uma nova frente de batalha pelo exército aliado e iniciou a liber- tação da Europa do jugo nazista. c) demonstrou a superioridade técnica do exér- cito nazista, que, liderado por Romell, an- tecipou o local do desembarque e infligiu pesadas baixas aos aliados. d) viabilizou a libertação de Paris pelo exército da resistência francesa, liderado pelo expe- riente herói de guerra, Charles de Gaule. 6. (FGV) A respeito da situação da França, durante a Segunda Guerra Mundial, é correto afirmar: a) A chamada República de Vichy englobava a parte da França cujo governo resistiu aos in- teresses alemães até o final da guerra. b) Na República de Vichy, o marechal Phillippe Petáin liderou a resistência contra as forças militares nazistas. c) Vichy tornou-se a capital de toda a França governada por um colegiado formado por alemães e franceses. d) Na República de Vichy, o slogan Liberdade, Igualdade e Fraternidade foi substituído por Trabalho, Família e Pátria. e) A esquerda francesa colaborou com o gover- no de Phillippe Petáin, adotando a tática da frente ampla contra o nazismo. 7. (UPF) A imagem mostra os resultados de um combate da Segunda Guerra Mundial. Dentre as afirmativas abaixo, assinale aque- la que indica a razão pela qual o ataque à base naval de Pearl Harbor tornou-se um dos acontecimentos decisivos para o desfecho da Segunda Guerra Mundial. a) Fortaleceu o nazifascismo, tendo em vista a vitória esmagadora das forças alemãs sobre o exército soviético e de outros países do leste europeu. b) Representou a primeira grande derrota dos aliados, uma vez que os japoneses passaram a utilizar armas atômicas contra cidades asiáti- cas, porque estas atacavam o nazifascismo. c) Foi um fato histórico decisivo para a entrada dos Estados Unidos da América na guerra, o que criou condições favoráveis para os alia- dos na luta contra as forças nazifascistas. d) Contribuiu para o significativo aumento do poderio estratégico e militar alemão, devido ao aniquilamento quase total das forças norte- -americanas e de seus aliados no leste europeu. e) Marcou a derrota final dos países que faziam parte do bloco nazifascista, tornando-se o símbolo da restauração da democracia e do liberalismo em toda a Europa. 22 8. (UPF) Em poucas semanas, o mundo estará rememorando o primeiro centenário do as- sassinato, em Sarajevo (Bósnia), do arquidu- que Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro. Esse episódio desencadearia o grande conflito chamado de Primeira Guerra Mundial, o qual terminaria em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial. Essa interpretação somente é verdadeira se considerado o fato de que: a) as duas guerras mundiais envolveram todos os países da Europa, além de suas colônias de ultramar. b) prevaleceu, antes da Segunda Guerra Mun- dial, o equilíbrio europeu, tal como havia ocorrido no período que precedeu a Primeira Guerra. c) em ambas as guerras mundiais, o conflito foi travado por motivos ideológicos, muito mais do que imperialistas. d) ocorreram, entre as duas guerras mundiais, rebeliões e revoluções, como as da década de 1910, que colocaram em risco o frágil equilí- brio europeu. e) apesar da paz do período entreguerras, a Segunda Guerra foi causada pelos tratados excessivamente rigorosos impostos ao final da Primeira Guerra, decorrentes da Paz de Versalhes de 1919. 9. (Mackenzie) Com relação aos dois gran- des conflitos mundiais, de 1914–1918 e de 1939–1945, considere as afirmativas. I. O imperialismo e o nacionalismo encon- tram-se nas origens dos dois conflitos mundiais, uma vez que o primeiro inten- sificou as tensões mundiais devido à dis- puta por áreas de influência e o segundo favoreceu a formação dos regimes totali- tários fascistas. II. As duas guerras mundiais, envolvendo povos extraeuropeus, desenvolveram a consciência nacional deles, influencian- do decisivamente no processo de descolo- nização afro-asiática. III. O questionamento dos postulados liberais do capitalismo foi intensificado a partir dos dois conflitos, o que criou as condi- ções favoráveis para a expansão dos ide- ais anarquistas em todo o mundo. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente a afirmativa II está correta. c) Somente a afirmativa III está correta. d) Somente as afirmativas I e II estão corretas. e) Somente as afirmativas II e III estão corretas. 10. (FGV) Observe os dois cartuns. Sobre as imagens, é correto afirmar que: a) a assinatura do acordo de não agressão entre Hitler e Stalin, em 1939, é o último movi- mento alemão para trazer a União Soviéti- ca para o seu lado, uma vez que os planos anteriores foram neutralizados pelo imenso poderio militar dos Aliados, temerosos do avanço germânico que, em 1941, invade a União Soviética e a Inglaterra. b) a aproximação entre Berlim e Moscou, em 1939, não resultou em um acordo de prote- ção às intenções expansionistas de ambos os lados, pois continuaram em lados opostos, monitorando-se reciprocamente até que, em 1941, com as vitórias sucessivas dos Aliados, o Terceiro Reich, de forma apressada, garan- te o precioso apoio da União Soviética. c) o Terceiro Reich alemão faz dois movimen- tos no sentido de conseguir o apoio sovié- tico: inicialmente, um acordo de não agres- são com Stalin em 1939, para evitar a sua aproximação com os Aliados e, em 1941, outro que consegue sua integração ao Eixo, antecipando-se à diplomacia britânica que, imobilizada, não esboça resistência. d) após a ocupação da Renânia, da anexação da Áustria, da Tchecoslováquia, a Alemanha as- sina um acordo de não agressão mútua com a União Soviética para neutralizá-la, uma vez que conta com o imobilismo da Inglaterra em relação ao seu expansionismo, que culmina, em 1941, na invasão da União Soviética. 23 e) em 1939, depois de invadir a Polônia, Hi- tler se aproxima da União Soviética de forma cuidadosa, pois teme os planos expansionis- tas de Stalin, até então apoiados pelos Alia- dos que, a partir de 1941, com as sucessivas vitórias, retiram essa ajuda, obrigando o Estado Soviético a aceitar a parceria com o Terceiro Reich. e.o. teste II 1. (Unesp) A viagem levou uns vinte minutos. O caminhão parou; via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase bem ilu- minada (cuja lembrança ainda hoje me ator- menta nos sonhos): ARBEIT MACHT FREI – o trabalho liberta. Descemos, fazem-nos entrar numa sala am- pla, nua e fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias que não be- bemos nada. Há uma torneira e, acima, um cartaz: proibido beber, água poluída. Bestei- ra: é óbvio que o aviso é um deboche. “Eles” sabem que estamos morrendo de sede [...]. Bebo, e convido os companheiros a beber também, mas logo cuspo fora a água: está morna, adocicada, com cheiro de pântano. Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim: uma sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma torneira gote- jante, mas que não tem água potável, esperan- do algo certamente terrível acontecer, e nada acontece, e continua não acontecendo nada. (Primo Levi. É isto um homem?, 1988.) A descrição, por Primo Levi, de sua chegada a Auschwitz em 1944 revela: a) o reconhecimento da própria culpa, por um prisioneiro recolhido a um campo de con- centração nazista. b) o alívio com o fim da viagem em direção à prisão e a aceitação das condições de vida existentes no campo de concentração. c) a expectativa de que, apesar dos problemas na chegada, houvesse tratamento digno aos prisioneiros dos campos de concentração. d) a falta de entendimento do funcionamento do campo de concentração e a disposição de colaborarcom as autoridades nazistas. e) a sensação de horror, angústia e submissão que caracterizavam a condição dos prisionei- ros nos campos de concentração nazistas. 2. (Ufrgs) Leia o texto abaixo. Em plena Europa, em pleno século XX, os re- gimes nazista e soviético assassinaram cer- ca de 14 milhões de pessoas. O lugar onde todas essas vítimas morreram, essa terra de sangue, se estende do centro da Polônia até o oeste da Rússia, passando pela Ucrânia, Bielorrúsia e os Estados bálticos. Durante a consolidação do nacional-socialismo e do stalinismo (1933-1938), a ocupação conjun- ta da Polônia pelas forças alemãs e soviéti- cas (1939-1941) e, em seguida, durante a guerra entre Alemanha e a União Soviética (1941-1945), a violência em massa de um modo jamais visto na história se abateu so- bre essa região. SNYDER, Timothy. Terras de sangue. A Europa entre Hitler e Stalin. Rio de Janeiro: Record, 2013. p. 10. Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes a esse período. ( ) Em 1939, os governos da Alemanha e da URSS assinaram um acordo de não agressão que ficou conhecido como Pac- to Molotov-Ribbentrop, respeitado até o final da guerra. ( ) As principais lideranças desse extermí- nio foram Adolf Hitler e Joseph Stalin. ( ) O nacional-socialismo era a ideologia do regime stalinista. ( ) A “terra de sangue” não se limitou à cronologia da Segunda Grande Guerra Mundial. A sequência correta de preenchimentos dos parênteses, de cima para baixo, é: a) F – V – F – V. b) V – F – F – F. c) F – V – V – F. d) V – F – V – V. e) F – F – F – V. 3. (UFSM) No extremo da guerra [...] estão as no- vas armas. Mais ainda do que em 1914-1918, elas tiveram um papel determinante duran- te o segundo conflito mundial. Desse ponto de vista, os ingleses foram os mais criativos, com seus radares que os alertavam sobre os ataques aéreos da Luftwaffe [...]. Os alemães aperfeiçoaram seus foguetes V1 e V2, mas, como sabemos, foi a bomba atômica america- na que pôs fim à guerra contra o Japão. A partir do texto, pode-se afirmar que a guerra moderna, no século XX: a) devido ao seu caráter de produção de víti- mas em escala industrial, sofreu um ponto de inflexão com o término da Guerra Fria, provocando o recuo da indústria bélica e a diminuição dos efetivos militares. b) apesar de mais sofisticada do ponto de vista bélico, manteve, em seus conflitos, o mesmo padrão desde a Guerra dos Cem Anos, no fi- nal da idade média, até as Guerras Napoleô- nicas, no início da idade contemporânea. c) encontra cada vez mais a oposição da opi- nião pública e, por isso, tem sido excluída da pauta política dos novos dirigentes dos Estados democráticos do Ocidente. 24 d) ganhou um novo contorno, produzindo ví- timas em escala industrial, como bem de- monstram os ataques a alvos civis, em Lon- dres, Dresden e Hiroxima, e, atualmente, em Bagdá e na Faixa de Gaza. e) revelou-se uma permanência do mundo ar- caico, uma ação incompatível com a moder- nidade, e, por isso, vem se tornando uma prática em extinção para a resolução de con- flitos entre populações ou grupos sociais. 4. (UFG) Leia o fragmento a seguir. Desde o primeiro conflito mundial, a “tré- gua dos padioleiros” se apaga e não reapa- rece mais, salvo de maneira excepcional; os feridos agonizam no local dos combates e, na maioria dos casos, o inimigo atira sobre os que lhes prestam socorro. Está livre o ca- minho para as atrocidades que têm o corpo como alvo. AUDOIN-ROUZEAU, Stéphane. Massacres: o corpo e a guerra. In: COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. História do corpo: as mutações do olhar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009, p. 396. (Adaptado). Ocorridas na primeira metade do século XX, as guerras mundiais causaram impacto na imagem civilizada que a Europa construíra de si. Esse impacto decorre de uma mudança na concepção de guerra, explorada no frag- mento, que se associa: a) à precariedade técnica do trabalho médico nas ambiências de conflito, indicando as di- ficuldades de atendimento aos soldados. b) à ampliação da ideia de inimigo, demarcando a proteção física como um problema para os beligerantes, em meio à escalada da violência. c) à disseminação de imagens dos corpos dila- cerados, traduzindo a morte como uma cir- cunstância natural no cenário da guerra. d) à disciplina militar exigida dos socorristas, re- sultando em cursos de treinamento sobre mé- todos de sobrevivência em campo de batalha. e) ao desrespeito aos tratados assinados para a guerra, considerando a proibição de maus- -tratos direcionados ao inimigo aprisionado. 5. (Ufrgs) Entre 1939 e 1945, o mundo este- ve envolvido na Segunda Guerra Mundial. A respeito dessa guerra, considere as seguin- tes afirmações. I. Caracterizou-se pela perseguição de vá- rios grupos populacionais, sendo alguns deles vítimas de práticas sistemáticas de extermínio. II. Trouxe o enfraquecimento geral dos pa- íses europeus e o avanço do processo de descolonização, principalmente na Ásia e na África. III. Teve como consequência o fim da divisão ideológica mundial entre os países com sistemas políticos inspirados no liberalis- mo e aqueles baseados no marxismo. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) Apenas II e III. 6. (Fuvest) Quando a guerra mundial de 1914- -1918 se iniciou, a ciência médica tinha feito progressos tão grandes que se esperava uma conflagração sem a interferência de grandes epidemias. Isso sucedeu na frente ocidental, mas à leste o tifo precisou de apenas três meses para aparecer e se estabelecer como o principal estrategista na região (...). No mo- mento em que a Segunda Guerra Mundial está acontecendo, em territórios em que o tifo é endêmico, o espectro de uma grande epide- mia constitui ameaça constante. Enquanto estas linhas estão sendo escritas (primavera de 1942) já foram recebidas notificações de surtos locais, e pequenos, mas a doença pa- rece continuar sob controle e muito provavel- mente permanecerá assim por algum tempo. Henry E. Sigerist, Civilização e doença. São Paulo: Hucitec, 2010, p. 130-132. O correto entendimento do texto acima per- mite afirmar que: a) o tifo, quando a humanidade enfrentou as duas grandes guerras mundiais do século XX, era uma ameaça porque ainda não tinha se desenvolvido a biologia microscópica, que anos depois permitiria identificar a existên- cia da doença. b) parte significativa da pesquisa biológica foi abandonada em prol do atendimento de de- mandas militares advindas dessas duas guer- ras, o que causou um generalizado abandono dos recursos necessários ao controle de do- enças como o tifo. c) as epidemias, nas duas guerras mundiais, não afetaram os combatentes dos países ricos, já que estes, ao contrário dos combatentes dos países pobres, encontravam-se imunizados contra doenças causadas por vírus. d) a ameaça constante de epidemia de tifo re- sultava da precariedade das condições de hi- giene e saneamento decorrentes do enfren- tamento de populações humanas submetidas a uma escala de destruição incomum promo- vida pelas duas guerras mundiais. e) o tifo, principalmente na Primeira Guerra Mundial, foi utilizado como arma letal con- tra exércitos inimigos no leste europeu, que eram propositadamente contaminados com o vírus da doença. 7. (UFSJ) Dos países citados abaixo, aquele que, logo após a Segunda Guerra Mundial, foi dividido em duas repúblicas independen- tes foi a: 25 a) União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. b) Alemanha. c) Iugoslávia. d) Polônia. 8. (ESPM) Em julho de 1944 ocorreu a Con- ferência de Bretton Woods, no Mount Washington Hotel, em New Hampshire, nos EUA. Nela partici param 730 delegados de 44 nações que de liberaram sobre: a) a criação da Organização das Nações Unidas, a ONU. b) a criação da Organização Mundial de Co- mércio, a OMC.c) a criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN. d) a confirmação do padrão ouro como refe rência para o Sistema Monetário Interna cional. e) a criação do Banco Internacional para a Re- construção e Desenvolvimento, o (BIRD), e o Fundo Monetário Internacional, o (FMI). 9. (UEG) Leia o fragmento a seguir. Mas ele olhou, rápido, quando a por- ta se abriu de repente. Era um americano que vinha pedir-lhe dinheiro para voltar para os Estados Unidos. Estava fugindo de Mitterrand. Rick o ignorou. VERISSIMO, Luís Fernando. As time goes by. In: O melhor das comédias da vida privada. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 71. O trecho citado foi extraído da crônica “As time goes by”, em que o autor relata um su- posto encontro em Paris com Rick Blaine, o protagonista do filme clássico Casablanca. Nessa crônica, é possível identificar referên- cias tanto ao clássico cinematográfico cele- brado pelo autor quanto à história contem- porânea, quando é sugerido que: a) a França foi ocupada pelo exército nazista durante a Segunda Guerra Mundial, tendo sido formada uma resistência para combater os invasores. b) a relação entre Rick Blaine e as autoridades franceses nunca se estabilizou, uma vez que ele queria fugir para os Estados Unidos. c) o americano que tentava fugir do presidente francês representava os refugiados que al- mejavam vistos para escapar do nazismo a partir de Marrocos. d) o presidente francês François Mitterrand participou da Resistência Francesa durante os combates da Segunda Guerra Mundial. 10. (UPE) Entre os fatores que desencadearam a Segunda Guerra Mundial, podemos destacar o desejo de consolidação de zonas de influ- ência internacional, bem como a busca por matéria-prima para fomentar a indústria das nações beligerantes. Com base nesses fa- tores, analise as seguintes proposições: I. O Leste Europeu foi uma zona de influ- ência requerida tanto pela União Soviética quanto pela Alemanha ao longo da Guerra. II. Os EUA declararam guerra ao Japão, entre outras razões, por acreditarem que esse país estava comprometendo a influência estadunidense sobre o pacífico. III. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) teve papel decisivo nos conflitos ocorri- dos no Norte da África. IV. O general francês Charles de Gaulle apoiou a ação nazista para o domínio da França. V. Apesar das proporções inimagináveis que a guerra alcançou, alguns países euro- peus conseguiram se manter neutros ao longo de todo o conflito. Estão CORRETAS: a) I, II e V. b) II, III e IV. c) I, II e IV. d) I, III e V. e) III, IV e V. e.o. teste III 1. (UFU) As pretensões expansionistas japo- nesas na Ásia, a construção da Grande Ásia Oriental, colidiam com os interesses norte- -americanos para a região. Os imperialistas seguiam as estratégias siberiana e colonial. A primeira encarregou o Exército de expan- dir o domínio Japonês para a China do Norte, Mongólia e Sibéria, rivalizando com a União Soviética. A estratégia colonial, delegada à Marinha, visava a conquista de colônias in- glesas, francesas e holandesas na Ásia. O obstáculo para esse projeto era a força dos Estados Unidos no Pacífico (Alaska, Ilhas Aleutas, Filipinas e Havaí). O projeto imperialista japonês: a) buscava contemporizar seus interesses com as forças chinesas, vistas como um impor- tante apoio na luta contra o imperialismo norte-americano. b) ganhou força com o bombardeamento de Pe- arl Harbor e a entrada dos EUA na guerra, forçando o recuo dos movimentos anti-im- perialistas nipônicos. c) manteve, com o fim da Segunda Guerra, suas anexações territoriais, o que lhe permitiu continuar como uma grande potência. d) previa a mobilização de recursos das áre- as ocupadas para realimentar o complexo industrial-militar que se fortalecia interna- mente. 26 2. (PUC-SP) A charge acima, de autoria desconhecida, foi publicada em 1939. Ela se refere ao trata- do assinado naquele ano pela Alemanha e a União Soviética, que: a) assegurou a aliança militar entre os dois pa- íses durante a Segunda Guerra Mundial e a partição da Polônia. b) consagrou o apoio bélico dos dois países aos fascistas na Guerra Civil Espanhola e am- pliou a influência política alemã no leste europeu. c) impediu a eclosão de guerra aberta entre os dois países e freou o avanço militar nazi-fas- cista na Europa. d) determinou a nova divisão política do les- te europeu, no período posterior à Segunda Guerra Mundial, e consolidou a hegemonia soviética na região. e) estabeleceu a intensificação dos laços co- merciais e o compromisso de não agressão mútua entre os dois países. 3. (UERJ) A charge de J. Carlos na capa da revista Ca- reta representa a ofensiva dos aliados, em julho de 1944, que delineou os rumos da Se- gunda Guerra Mundial. No que se refere às relações internacionais, a vitória dos aliados provocou mudanças que tiveram como um dos seus efeitos: a) extinção dos regimes totalitários. b) redefinição da ordem geopolítica. c) controle do expansionismo tecnológico. d) multipolaridade das relações diplomáticas. 4. (Mackenzie) “Morrer pela Pátria, pela Ideia! [...] Não, isso é fugir da verdade. Mesmo no front, matar é que é importan- te [...] Morrer não é nada, isso não existe. Ninguém pode imaginar sua própria morte. Matar é o importante. Essa é a fronteira a ser cruzada. Sim, esse é um ato concreto de vontade. Porque aí você torna sua vontade viva na de outro homem.” Da carta de um jovem voluntário da República Social Fascista, de 1943 A respeito do contexto em que se inserem as Grandes Guerras Mundiais do século XX, considere I, II e III a seguir. I. Os conflitos econômicos, sociais e ide- ológicos entre as principais potências capitalistas, tanto no período anterior a 1914, quanto naquele que antecede à Segunda Guerra, levaram à disputa impe- rialista e à corrida armamentista. II. Nas origens dos dois grandes conflitos mundiais, podemos identificar a inten- sificação da propaganda nacionalista e a formação de um sistema de alianças político-militares entre as nações impe- rialistas. III. Nas duas guerras, o conflito armado en- tre as potências imperialistas, apesar do pesado custo em termos de vítimas, con- seguiu solucionar os problemas econômi- cos, as divergências e os ressentimentos entre as nações beligerantes. Desse modo: a) somente I está correta. b) somente II está correta. c) somente III está correta. d) somente II e III estão corretas. e) somente I e II estão corretas. 5. (UPE) As grandes guerras mundiais provo- caram dificuldades nas relações interna- cionais, gerando ressentimentos e disputas diplomáticas. Os Estados Unidos procuraram fazer valer sua influência no mundo e con- firmar suas conquistas políticas. Na Confe- rência de Potsdam, as divergências eram evi- dentes entre os aliados. Nessa perspectiva, as relações entre as nações: a) permaneceram tensas, destacando-se o en- fraquecimento do poder da Inglaterra e as perdas europeias provenientes da 2ª Guerra Mundial. b) tiveram um momento de paz, com acordos que fortaleceram a economia mundial e a democracia nos países do Ocidente. c) ajudaram a debilitar o poder político da União Soviética, liderada por Stálin e o Partido Co- munista, com um socialismo totalitário. d) facilitaram o soerguimento imediato da Alemanha com o auxílio de empréstimos norte-americanos e a vitória da democracia parlamentar. e) modificaram-se, trazendo o fim dos governos totalitários com suas ideias imperialistas e sua violência política contra seus opositores. 27 e.o. dIssertAtIvo 1. (Fuvest) Observe o mapa. a) Explique uma razão do expansionismo japonês nas décadas de 1930 e 1940. b) Aponte um país atual da região da antiga Indochina Francesa, destacada no mapa, e caracterize sua posição no contexto industrial mundial do século XXI. 2. (UERJ) Um novo memorial foi inaugurado nocampo de concentração nazista de Mauthausen, na Áustria, com a presença de três chefes de Estado: o austríaco Heinz Fischer, o húngaro Janos Ader e o polonês Bronislaw Komorowski, além da ministra israelense da Justiça, Tzipi Livni. O novo memorial – “Mauthausen, lugar de um crime” – inclui duas exposições que revelam o dia a dia do campo de concentração através de entrevistas com 48 sobreviventes. No total, duzentas mil pes- soas, procedentes de quarenta países, incluindo cerca de cinquenta mil judeus, foram detidas até 1945 em Mauthausen. Ao menos noventa mil morreram devido ao extenuante trabalho nas minas de granito, à má nutrição, às doenças e às execuções. Ex-prisioneiro caminha em direção ao memorial de Mauthausen Adaptado de notícias.r7.com, 05/05/2013. O Holocausto vem sendo cada vez mais associado à memória histórica de sociedades europeias. In- dique duas repercussões do Holocausto para o contexto internacional posterior ao fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Indique, também, a importância simbólica da criação de memoriais como o citado na reportagem. 28 3. (Fuvest) As duas imagens acima foram divulgadas durante a Segunda Guerra Mundial, respecti- vamente, na União Soviética e na Alemanha. a) Indique semelhanças e diferenças de maior relevância entre elas, no tocante à relação forma-conteúdo. b) Qual era a situação político-militar vivida por esses países, no momento em que os cartazes foram produzidos? 4. (UERJ) O personagem Capitão América, criado em 1941, é um cidadão norte-americano, volun- tário na experiência para criar supersolda- dos que defendam o mundo de ameaças. Identifique o conflito internacional em cur- so na época da criação do personagem. Em seguida, aponte duas medidas adotadas, nos anos de 1941 e 1942, pelo governo dos E.U.A. com relação ao conflito. 5. (Fuvest) Observe a foto abaixo, tirada no Gueto de Varsóvia, em 1943, durante a ocu- pação nazista da Polônia. a) Por que o menino porta uma estrela nas cos- tas e o que essa estrela representava nas zo- nas de domínio nazista? b) Explique a dinâmica de funcionamento do Gueto de Varsóvia e o que ele representou na dominação nazista da Polônia. 6. (UERJ) Cartaz de propaganda da Westinghouse (E.U.A., 1942-1943), em que uma operária diz: “Nós podemos fazer isso!”. wdl.org O cartaz acima, divulgado pelo Comitê de Co- ordenação e Produção de Guerra norte-ame- ricana durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tornou-se um dos símbolos dos esforços patrióticos frente ao conflito armado. Nele, retratava-se também um novo ideal para a condição feminina. Explicite duas repercussões da Segunda Guerra Mundial para o mundo do trabalho na sociedade norte-americana. 29 7. (Unicamp) Os animais humanizados de Walt Disney serviam à glorificação do estilo de vida americano. Quando os desenhos de Disney já eram famosos no Brasil, o criador de Mickey chegou aqui como um dos embai- xadores da Política da Boa Vizinhança. Em 1942, no filme Alô, amigos, um símbolo das piadas brasileiras, o papagaio, vestido de malandro, se transformou no Zé Carioca. A primeira cópia do filme foi apresentada a Getúlio Vargas e sua família, e por eles as- sistida diversas vezes. Os Estados Unidos es- peravam, com a Política da Boa Vizinhança, melhorar o nível de vida dos países da Amé- rica Latina, dentro do espírito de defesa do livre mercado. O mercado era a melhor arma para combater os riscos do nacionalismo, do fascismo e do comunismo. (Adaptado de Antonio Pedro Tota, “O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra”. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, pp. 133-138, 185-186.) www.museu.ufrgs.br/programacao/index. php?messelec=10&&anoselec=2006 a) De acordo com o texto, de que maneiras os personagens de Walt Disney serviam à po- lítica externa norte-americana na época da Segunda Guerra Mundial? b) Como o governo Vargas se posicionou em re- lação à Segunda Guerra Mundial? 8. (UFMG) Leia este texto: “A guerra estava no fim e Hiroshima perma- necia intacta. A população acreditava que a cidade não seria bombardeada. Mas infe- lizmente no dia 6 de agosto, às 8 horas e 15 minutos, um enorme cogumelo de fogo tomou conta da cidade destruindo a vida de milhões de pessoas inocentes... A cidade acabara e, com ela, toda a referência de uma vida normal.” http://www.nisseychallenger.com/ hiroshima.html. Acesso: 4 jun. 2007. A partir dessa leitura e considerando outros conhecimentos sobre o assunto: a) INDIQUE e ANALISE duas razões para a esco- lha do Japão como alvo das bombas atômicas. b) ANALISE os desdobramentos do lançamento das bombas atômicas sobre o Japão no con- texto da Guerra Fria. 9. (UFG) Leia o fragmento a seguir. Em janeiro de 1941, a sorte da Europa e do mundo parecia selada. Só um cego e um sur- do voluntário podia duvidar do destino re- servado aos judeus numa Europa alemã. LEVI, Primo. “A tabela periódica”. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1994. p. 55. [Adaptado]. O texto acima se reporta a um acontecimen- to decisivo ligado à Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Com base nessas informações, responda qual era o destino a que o autor se refere no texto e explique o princípio que legitimava esse destino. 10. (UFRJ) HIROSHIMA RELEMBRA 60 ANOS DO HORROR Hiroshima, Japão. No exato momento em que 60 anos antes a primeira bomba atômica da história devastava a cidade de Hiroshima no Japão, mais de 50 mil pessoas fizeram um minuto de silêncio em homenagem às víti- mas do ataque. Às 8:15 min [...] o mundo re- lembrou a detonação da arma mais poderosa já vista no planeta até então, que matou cer- ca de cem mil pessoas diretamente e outras milhares nos anos seguintes. Fonte: Adaptado de O GLOBO de 06 de agosto de 2005, p.36. a) Apresente um argumento do governo norte- -americano em defesa da ação que devastou Hiroshima, no dia 06 de agosto de 1945, e Nagasaki, três dias depois. b) Considerando a situação militar da Ásia Oriental em meados de 1945, mencione uma crítica aos bombardeios dessas duas cidades japonesas. 30 e.o. eneM 1. Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Furer só pode- ria ganhar destaque, e o sucesso não demo- raria muito a chegar. COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em: www.revistastart.com. br. Acesso em: 27 jan. 2012 (adaptado). A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão América demonstra sua associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra: a) a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial. b) os regimes totalitários, na Segunda Guerra Mundial. c) o poder soviético, durante a Guerra Fria. d) o movimento comunista, na Segunda Guerra do Vietnã. e) o terrorismo internacional, após 11 de se- tembro de 2001. 2. O ataque japonês a Pearl Harbor e a conse- quente guerra entre americanos e japoneses no Pacífico foi resultado de um processo de desgaste das relações entre ambos. Depois de 1934, os japoneses passaram a falar mais desinibidamente da “Esfera de coprosperi- dade da Grande Ásia Oriental”, considerada como a “Doutrina Monroe Japonesa”. A expansão japonesa havia começado em 1895, quando venceu a China, impôs-lhe o Tratado de Shimonoseki passando a exercer tutela sobre a Corea. Definida sua área de projeção, o Japão passou a ter atritos cons- tantes com a China e a Rússia. A área de atri- to passou a incluir os Estados Unidos quan- do os japoneses ocuparam a Manchúria, em 1931, e a seguir, a China, em 1937. REIS FILHO, D. A. (Org.). O século XX, o tempo das crises. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. Sobre a expansão japonesa, infere-se que: a) o Japão tinha uma política expansionista, na Ásia, de natureza bélica, diferente da doutrina Monroe.b) o Japão buscou promover a prosperidade da Coreia, tutelando-a à semelhança do que os EUA faziam. c) o povo japonês propôs cooperação aos Esta- dos Unidos ao copiarem a Doutrina Monroe e proporem o desenvolvimento da Ásia. d) a China aliou-se à Rússia contra o Japão, sendo que a doutrina Monroe previa a parce- ria entre os dois. e) a Manchúria era território norte-americano e foi ocupado pelo Japão, originando a guerra entre os dois países. gAbArIto E.O. Teste I 1. B 2. D 3. C 4. B 5. B 6. D 7. C 8. E 9. D 10. D E.O. Teste II 1. E 2. A 3. D 4. B 5. C 6. D 7. B 8. E 9. C 10. A E.O. Teste III 1. D 2. E 3. B 4. E 5. A E.O. Dissertativo 1. a) O expansionismo japonês nas décadas de 1930 e 1940 associa-se às demandas ge- radas pela moderrnização e o crescimen- to industrial, o militarismo do governo japonês que procurava criar uma grande área de influência no Pacífico e os proble- mas gerados pela crise de 1929. b) Poderíamos apontar a posição ocupada por países como o Vietnã, Camboja e Laos que, de modo geral, associam-se ao mo- delo de plataformas de exportação. A de- nominado sistema caracteriza-se por uma industrialização majoritária no setor de bens de consumo com ofertas de mão de obra barata, incentivos fiscais, leis am- bientais flexíveis e localização estratégi- ca. A produção em grande medida atende a demanda do mercado externo. 2. Dentre as repercussões do Holocausto após a Segunda Guerra Mundial podemos apontar a criminalização internacional do Nazismo,o horror da sociedade civil diante das 31 turnos de trabalho em face das necessidades de guerra, maior emprego da mão de obra feminina na indústria fabril e na indústria bélica, necessidade de ampliar o emprego da mão de obra feminina como parte do esforço de guerra e diminuição do contingente de mão de obra masculina disponível em função do recrutamento militar. 7. a) A partir da leitura do texto, o candida- to poderia mencionar a importância dos personagens de Walt Disney para: glori- ficar o estilo de vida americano, fazer a propaganda da Política de Boa Vizinhan- ça e defender o livre mercado como uma forma de combater o nacionalismo, o fas- cismo e o comunismo. b) O governo Vargas tentou manter uma po- lítica de neutralidade até 1942, quando o Brasil entrou na guerra contra o Eixo, após navios brasileiros terem sido torpe- deados por submarinos alemães. Além de enviar tropas da FEB para combaterem na Europa, o governo Vargas também cedeu bases militares localizadas no Nordeste para uso dos aliados. 8. a) Dentre as razões para a escolha do Japão como alvo das bombas atômicas dos Esta- dos Unidos, ao final da Segunda Guerra Mundial, pode-se destacar a intenção dos Estados Unidos de enfraquecer seu prin- cipal opositor na frente do Pacífico, fa- zer prevalecer seus interesses na região e abreviar o fim do conflito. b) Podemos apontar como desdobramento do lançamento das bombas atômicas ao final da Segunda Guerra Mundial a di- mensão do potencial bélico dos países que detinham a tecnologia de fabricação da bomba e o caráter ideológico da Guer- ra Fria entre Estados Unidos e União So- viética, já que, um conflito direto entre os dois países poderia levar à eliminação da humanidade. 9. O destino reservado aos judeus, segundo o autor, em uma Europa Alemã seria o ex- termínio devido as políticas racistas e antis- semitas do Estado nazista. O princípio que procurava legitimar esse destino dado aos judeus era o da superioridade de raça alemã e a necessidade de eliminar as raças degene- radas, como era o caso dos judeus, os ditos responsáveis pela crise econômica alemã dos anos 20. 10. a) Alguns argumentos utilizados pelo gover- no dos Estados Unidos foram o de que era preciso empregar todos os recursos mili- tares disponíveis para garantir a rendição consequências da guerra, a criação do Estado de Israel em 1947 e a Declaração Universal dos Direitos do Homem pela ONU. A importância de centros de memória como o de Mauthau- sen associam-se a necessidade de preservar a lembrança histórica desses acontecimentos trágicos em relação às futuras gerações e para o impedimento de que novas tragédias como essa ocorram, além do conhecimento sobre a sociedade europeia do século XX e as crenças e ideologias que circulavam nesse período. 3. a) Dentre as semelhanças podemos destacar que as duas imagens tratam da questão da liberdade/libertação, procuram por meio de um cartaz passar uma mensagem à população e fazem referência ao milita- rismo. Como diferenças é possível desta- car que um é uma montagem fotográfica enquanto o outro é uma caricatura e um alude à “mãe-Rússia” enquanto o outro ridiculariza os símbolos nacionais. b) Em termos políticos os dois países viviam sob a vigência de um regime autoritário (stalinismo e nazismo) e em termos mili- tares é possível apontar que, envolvidos na Segunda Guerra Mundial, os russos avança- vam pelo Leste Europeu e os alemães come- çavam a sofrer derrotas em várias frentes. 4. O personagem foi criado durante a Segun- da Guerra Mundial. Entre os anos de 1941 e 1942 o Estados Unidos passaram a intervir diretamente no conflito ao lado dos países Aliados, assim como estabeleceu uma apro- ximação com países da América Latina, pro- curando obter apoio e manter o controle he- gemônico do Oceano Atlântico nessa região. 5. a) O menino porta uma estrela de Davi nas costas pelo fato de ser judeu. Nas áreas de domínio nazista essa estrela represen- tava uma forma de controle e discrimina- ção dos adeptos dessa religião. b) Durante a Segunda Guerra Mundial e o con- trole de vastas regiões na Europa Oriental pelos nazistas, milhares de judeus dessas áreas eram confinados em guetos cerca- dos e vigiados por tropas alemãs. Nesses guetos, os judeus se amontoavam devido a superlotação de muitos deles e realizavam trabalhos forçados. Na medida em que os alemães sofriam derrotas militares em di- ferentes frentes, procuraram eliminar a população dos guetos pondo em prática o plano da “solução final”. Por conta dessa política, milhões de judeus foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial. 6. Podemos apontar como repercussões da Segunda Guerra Mundial para o mundo do trabalho nos Estados Unidos a ampliação dos 32 japonesa e abreviar o fim conflito bélico, poupar vidas de soldados estaduniden- ses, intimidar o inimigo e aos demais Estados por meio da demonstração do po- der destrutivo da nova arma, de que não se deveria depender do apoio militar da União Soviética para derrotar o Japão. b) O fato de as forças aliadas, às vésperas das duas explosões, encontrarem-se em esmagadora vantagem militar sobre as tropas japonesas na Ásia oriental. E.O. Enem 1. B 2. A Guerra Fria Aulas 49 e 50 35 Em 1946, os Estados Unidos executaram a chamada Operação Crossroads, que consistiu em testes nucleares no atol de Bikini, na Micronésia. Se de um lado ela fez ferver os ânimos do mundo em plena Guerra Fria, também rendeu fotografias belíssimas e até influenciou a moda. Introdução Com o término da Segunda Guerra Mundial, a Europa ocidental perdeu o poder hegemônico sobre as relações internacionais. Sua política imperialista entrou em decadência e o mundo foi submetido a uma nova ordem mundial baseada na expansão e na disputa pela hegemonia econômica, militar e política das novas superpotências: Estados Unidos e União Soviética, chamada Guerra Fria. Contudo, esse novo modelo de relacionamento internacional se di- ferenciava dos anteriores, porque o embate não se dava somente por controle de territórios e riqueza, mas também pela confrontação ideológica entre capitalismo e socialismo, acrescida por uma monstruosa construção de arsenais nucleares que colocaria em risco a existência da humanidade. Os Estados Unidos tornaram-se o Estado líder do capitalismo. Por intermédio de uma eficaz política externa, interferiramdecisivamente para expandir seus domínios, seja por métodos “pacíficos”, como o Plano Marshall, ou violentos, como a Guerra da Coreia. organIzação das nações unIdas – onu Bandeira das Nações Unidas 36 A ONU (Organização das Nações Unidas) foi criada em 1945 com o objetivo de reorganizar as relações interna- cionais, de modo a superar os acordos militares secretos entre os países e instaurar reuniões que abrangessem os interesses das nações, onde fossem discutidos livremente entre todos os Estados membros. Com isso, as soluções de caráter pacífico nasceriam democraticamente e com mais viabilidade. Já em 1941, ainda durante a Segunda Guerra, o presidente Roosevelt e o primeiro-ministro inglês Winston Churchill idealizaram um trabalho conjunto de países através da Carta do Atlântico, que destruísse as forças do Eixo, mas que possuísse o ideal de manter a união dos países no pós-guerra para evitar novos conflitos internacionais. Em abril de 1945, vários representantes de países se reuniram na cidade estadunidense de São Francisco e, evitando os erros da antiga Liga das Nações, resolveram criar uma instituição que viabilizasse a paz mundial e, ao mesmo tempo, se preocupasse com os proble- mas sociais e de cidadania. A partir dessa conferência, a ONU passou a contar com 192 países membros, da qual o Vaticano participaria apenas como observador. Apesar do suposto aspecto democrático da ONU, uma vez que ela representa quase todos os países do mundo, transmitindo a impressão de que é comandada segundo os interesses dessas nações, na realidade o poder de decisão está concentrado nas mãos dos cinco Estados fixos do Conselho de Segurança. Esse conselho constitui- -se como autoridade máxima, pois, ao ter o poder de veto, possibilita que a decisão de um único país tenha o poder de anular as decisões da Assembleia Geral. Os cinco países fixos do Conselho são EUA, Rússia (antiga URSS), Inglaterra, França e China. Reunião do Conselho de Segurança da ONU A ONU também é constituída por importantes agências especializadas. As principais são: Unesco (Organi- zação das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a FAO (Organização de Alimentação e Agricultura), a OMS (Organização Mundial da Saúde), a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a Iaea (Agência Inter- nacional de Energia Atômica), o Bird (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento), o FMI (Fundo Monetário Internacional), entre outras. A sede principal da ONU fica na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e o prédio administrativo foi projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer, com colaboração de Corbusier. No processo de descolonização do pós-guerra quando nações da África e da Ásia lutaram pela indepen- dência, a ONU se mostrou solidária às suas lutas e consolidou seu apoio ao reconhecer a soberania desses países. Contudo, a ONU mantém-se atrelada aos interesses dos Estados Unidos e da Rússia, como pode ser observado com a invasão estadunidense, no governo de George W. Bush, ao Iraque e à intromissão militar russa na Ossétia do Sul (Geórgia) sem a permissão da ONU. Atualmente, existe uma significativa discussão acerca da influência e do papel da ONU nas relações interna- cionais. Com o fim da Guerra Fria e o surgimento de uma nova ordem num mundo globalizado, as fronteiras entre os países estão sendo rediscutidas, bem como a ascensão de países emergentes como o Brasil e a Índia. A ONU também tem sido criticada por sua submissão aos interesses dos EUA e da Rússia e por não oferecer uma resposta concreta, profunda e viável aos problemas sociais do Planeta. 37 guerra FrIa (1945–1991) A charge mostra o Premiê da União Soviética, Nikita Khrushchev, e o presidente John F. Kennedy, dos Estados Unidos, durante a Guerra Fria. Ambos estão sentados em mísseis e têm seus dedos junto ao botão de detonação, que levaria a uma guerra nuclear. 1962. Definição Guerra Fria é a designação atribuída ao período histórico de disputas políticas, econômicas, ideológicas, tecno- lógicas, estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União Soviética, compreendido entre o final da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Antecedentes Antes da Segunda Guerra Mundial eclodir, as divergências ideológicas entre o socialismo soviético e o capitalismo já eram visíveis, razão pela qual a URSS era isolada da diplomacia internacional pelo chamado “cordão sanitário”1; contudo, a invasão pela Alemanha governada por Hitler sobre o território eslavo fez com que a URSS ingressasse nas fileiras dos aliados, quando passou a ser “bem-vista” e a ocupar papel crucial na bancarrota do Eixo; entretan- to, ainda no transcurso final da guerra, já se percebia que os Estados Unidos (“Tio Sam”) e a Rússia (“Tio Joe”) se distanciariam radicalmente e se tornariam inimigos mortais. Na Conferência de Ialta, apoiou-se a política de que o território europeu ficaria orientado pelas forças mili- tares que o tivesse libertado, o que foi positivo para Stalin, pois a URSS, antes isolada, agora interferiria diretamente no Leste europeu, criando condições para o que Winston Churchill a chamasse de “Cortina de Ferro”.2 1 Essa expressão foi supostamente utilizada pelo ex-primeiro ministro francês Georges Clemenceau para descrever o isolamento da Rússia a ser promovido por uma aliança dos países fronteiriços a ela, os quais se haviam tornado independentes após a Guerra Civil Russa. Em março de 1919, ele exortou os Estados fronteiriços recém-independentes (também chamados de Estados limítrofes) que tinham se separado do Império Russo e da Rússia Soviética, para formar uma união defensiva e, assim, barrar o avanço do comunismo na Europa ocidental, chamando essa aliança de cordon sanitaire. Essa denominação tem um claro sentido pejorativo e discriminatório, pois sugere isolar uma região “doente” ou “suja”. 2 Expressão usada para designar a divisão da Europa em duas partes, a Europa oriental e a Europa ocidental como áreas de influência político-econômica distintas, no pós-Segunda Guerra, conhecido como Guerra Fria. A designação “Cortina de Ferro” também tem o sentido de estigmatizar a Rússia e o Leste europeu. 38 A Europa após a segunda Guerra Mundial A divisão da Alemanha A Conferência de Potsdam dividiu a Alemanha em quatro zonas de administração, das quais três ficariam sob o controle do capitalismo representado pelos EUA, Inglaterra e França; a quarta seria dominada pela URSS (comunis- ta). Na prática, em 1949, a Alemanha foi dividida em duas: República Federal Alemã (Alemanha Ocidental, RFA), subordinada aos três países capitalistas, e a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental, RDA), socialista, subordinada aos interesses de Moscou. Ressalte-se que o símbolo da Guerra Fria surgiu nesse contexto, já que a cidade de Berlim se situava no território da Alemanha socialista (oriental); contudo, segundo a Conferência de Potsdam, ela também seria dividida entre capitalistas e socialistas. Devido ao acirramento da Guerra Fria, nota- damente o Plano Marshall e a espionagem da CIA e da KGB, a União Soviética resolveu isolar totalmente Berlim Oriental da Alemanha Ocidental, quando, em 1961, construiu o criticado Muro de Berlim. Os berlinenses ocidentais passaram a receber mantimento por intermédio de uma gigantesca ponte aérea que durou vários meses. 39 Foto do Muro de Berlim Doutrina Truman Harry Truman Temendo a penetração soviética no Mediterrâneo oriental e ciente da fragilidade da Inglaterra nessa região, em março de 1947 o presidente Harry Truman promulgou a Doutrina Truman: “Os Estados Unidos devem ter como política apoiar os povos livres que estejam resistindo às tentativas de subjugação por parte de minorias armadas ou de pressões externas”. Essa doutrina foi a peça central da nova política de contenção – de manter o poder soviético dentro de suas fronteiras. Os Estados Unidos logo forneceram apoio militar e econômico à Gréciae à Turquia, e a política externa estadunidense sofreu uma profunda inversão: o isolamento anterior à grande guerra deu lugar a uma vigilância mundial contra qualquer esforço soviético de expansão. Guerra da Coreia (1950–1953) A Doutrina Truman tornou-se real quando, em junho de 1950, eclodiu uma guerra entre as duas Coreias. O Norte, socialista e governado por Kim II Sung, apoiado pela URSS e pela China maoísta, não aceitou a divisão da penín- sula e atacou a Coreia do Sul, que foi defendida pelas tropas dos EUA lideradas pelo general Douglas McArthur. Para evitar que o conflito desembocasse numa Terceira Guerra Mundial, em 1953, foi declarado o cessar-fogo de Panmunjon, mantendo o paralelo 38 como linha divisória dos dois países. Seul tornou-se, anos depois, capital de 40 um Tigre Asiático, e Pyongyang tornou-se uma ditadura de economia pobre governada por Kim Jong-un, colocando em risco a frágil paz da região através de um belicismo atômico no início do século XXI. Evolução da Guerra da Coreia 1950/1953: 05/1950 09/1950 11/1950 01/1951 07/1953 Em verde: Nações Unidas e Coreia do Sul; em vermelho: Coreia do Norte e China. Imagem: Wikipédia Com o decorrer da Guerra Fria, surgiram nitidamente dois blocos díspares, que simbolicamente tiveram início em 1949, quando os Estados Unidos criaram a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), reunindo militarmente os países capitalistas, ou seja, uma gigantesca força militar que a União Soviética isoladamente não teria como enfrentar. Em contrapartida, em 1955, a URSS criou o Pacto de Varsóvia. Coordenando os exércitos dos países satélites com o Exército Vermelho, essa aliança tinha como objetivo servir de instrumento militar para preservar a unidade político-ideológica do bloco socialista e contrabalançar a força da Otan. OTAN Outros aliados do E.E.U.U Pacto de Varsovia Países Socialistas aliados com a URSS Outros países socialistas ou aliados a URSS Nações não-alinhadas Guerrilheiros comunistas Guerrilheiros anti-comunistas O Plano Marshall e o Comecon Em junho de 1947, os Estados Unidos deram um importante passo rumo ao fortalecimento de seu poder sobre o Ocidente. O secretário de Estado George Marshall anunciou um formidável programa de auxílio econômico à Europa, cujo nome formal era Programa de Recuperação Europeia, mundialmente conhecido como Plano Marshall. Entre 1947 e 1951, a Europa recebeu uma ajuda de mais de 12 bilhões de dólares – um modesto inves- timento, se comparado com o índice subsequente de aumento da prosperidade dos EUA e do ocidente europeu. O Plano Marshall surgiu para proteger os interesses do capitalismo, principalmente na Europa ocidental e no Japão, pois essas áreas estavam com seus parques produtivos destruídos devido à Segunda Guerra Mundial; conse- quentemente, o desemprego era muito grande ao lado de todos os problemas gerados por essa situação, criando, assim, condições para que movimentos dissidentes surgissem, particularmente para a difusão dos de esquerda. 41 Com o Plano Marshall financiado pelos EUA, a entrada de capitais nessas regiões, a revitalização econômica, o programa do Estado de bem-estar social3 e criação pelos EUA de um mercado para os seus insumos e máquinas enfraqueceram naturalmente os movimentos da esquerda. A rápida reconstrução do Japão, após a Segunda Guerra Mundial Logo após a Segunda Guerra Mundial, as relações entre os Estados Unidos e o Japão foram norteadas pelo Plano Colombo, cuja intenção era manter o Extremo Oriente sob a esfera de influência estadunidense e que se baseou em empréstimos voltados para a reconstrução do capitalismo japonês. Naquela época, os Estados Unidos impuseram ao Japão condições bastante duras, como a proibição de militarizar-se. Mas as imposições não transformaram o país numa economia periférica do capitalismo mundial. Pelo contrário, permitiram uma política de desenvolvimento eco- nômico muito bem-sucedida. Entre os princípios dessa política, podem ser destacados: § elevada qualificação profissional da mão de obra; § rigorosos programas de controle de qualidade dos produtos industrializados, baseados em cálculos esta- tísticos; § direcionamento de grande parte da produção industrial para o mercado externo, estimulado por uma forte desvalorização da moeda japonesa, o iene; § construção de grandes e modernos navios, que baratearam o frete para os distantes mercados consumido- res do Ocidente; § maciços investimentos em pesquisa e desenvolvimento, que resultaram na robotização e na miniaturização de suas mercadorias altamente sofisticadas, como os microeletrônicos e a nanotecnologia. Em poucas décadas, uma notável expansão industrial conduziu o Japão à terceira posição entre as maiores economias do mundo. Comecon (Council for Mutual Economic Assistance) Para revitalizar os países socialistas, a URSS criou o Comecon, que se estruturou através de planos estatais quin- quenais, foi integrado à economia dos Estados socialistas e serviu como máquina política para perseguir oposicio- nistas dentro do Leste europeu; entretanto, como a Segunda Guerra Mundial destruiu a infraestrutura soviética, o Comecon não suplantou o dinamismo do Plano Marshall. KGB, CIA e a “caça às bruxas” Para encontrar parceiros estratégicos, as duas superpotências promoviam alianças sem nenhum escrúpulo ideoló- gico. Os Estados Unidos aproximaram-se das ditaduras fascistas de Franco, na Espanha, e de Salazar, em Portugal, ambas anticomunistas; a União Soviética, por sua vez, defendeu a ditadura de Ceausescu, na Romênia. Nos aspec- tos relacionados à inteligência, à espionagem, os Estados Unidos e a União Soviética dinamizaram, respectivamente, a CIA (Agência de Inteligência dos EUA) e a KGB (Comitê de Segurança do Estado Soviético) a ponto de se criar um clima de “caça às bruxas” tanto nos assuntos externos como internos. Nos Estados Unidos, essa caça às bruxas deu origem ao macarthismo, cujo autor, o senador Joseph McCarthy, disseminou perseguições sem provas de supostos inimigos internos dos EUA. Inúmeros cidadãos pas- saram a ser considerados espiões, principalmente artistas de Hollywood, como Charles Chaplin, entre outros. Na 3 O Estado de bem-estar social também é conhecido por sua denominação em inglês Welfare State. Os termos servem basicamente para desig- nar o Estado assistencial que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos. 42 União Soviética, a “caça às bruxas” consolidou o stalinismo, a estrutura estatal burocrática e policialesca através dos gulags, campos de trabalho forçado criados após a Revolução Bolchevique de 1917 para abrigar criminosos e “inimigos” do Estado. O casal Etbel e Julius Rosemberg foi preso e condenado pelo macartismo. Foram executados e, alguns meses depois, constatou-se que a acusação contra eles, de venda de segredos militares para a União Soviética, era infundada. A criação da CIA para os estadunidenses foi uma necessidade estratégica devido ao início da Guerra Fria e ao avanço do comunismo. A espionagem foi um dos aspectos da Guerra Fria mais explorados pelo cinema. O espião mais famoso das telas, James Bond, criado por um ex-agente do serviço secreto britânico, Ian Fleming, vivia aventuras glamorosas e bem distantes da realidade. No mundo real, as duas grandes agências de espionagem, a KGB soviética e a CIA estadunidenses, treinavam agentes para atos de sabotagem, assassinatos, chantagens e coleta de informações. Nos dois lados se criou um clima de histeria coletiva, em que qualquer cidadão poderia ser acusado de espionagem a serviço do inimigo. Na União Soviética, Stalin contribuiu para esse clima, confinando muitos de seus adversários em campos de concentração na Sibéria. Nos Estados Unidos, o senador anticomunista Joseph McCarthy promoveu uma verdadeira “caça às bruxas”, levando ao desespero inúmeros intelectuais e artistas de Hollywood, acusados de colaborar com Moscou.Um dos momentos dramáticos da história da espionagem na Guerra Fria aconteceu em 1962. O presidente dos EUA John Kennedy reagiu duramente contra a iniciativa soviética de instalar uma plataforma de mísseis em Cuba. Chegou a advertir o líder soviético Nikita Khruschev de que usaria armas nucleares se fosse necessário. Depois de três semanas, a União Soviética recuou. Durante esse tempo, o mundo viveu o pavor de um confronto nuclear entre as superpotências. A CIA, Central Intelligence Agency (em português, Agência Central da Inteligência) é um serviço de inteligên- cia dos Estados Unidos da América. Está proibida por lei de coletar informações sobre as atividades domésticas de cidadãos do seu país, o que é feito pelo FBI. No momento, a CIA perdeu muito da importância que teve no passado, pois a relevância das informações obtidas através de fontes humanas é muito menor que as obtidas por meio da captura de sinais de comunicação (Sigint), que é tarefa da NSA. A corrida espacial Esse foi um capítulo especial, porque a propaganda oficial estava imbuída de amor à aventura e à glamorização do desbravamento das fronteiras do universo. No entanto, os projetos de viagem ao cosmo representavam a real dis- puta ideológica de que a tecnologia de uma superpotência era superior a da outra, além do fato de que o foguete que se desloca ao espaço aperfeiçoa a tecnologia usada nos mísseis balísticos que transportam ogivas nucleares de um continente a outro. 43 No primeiro momento, a corrida espacial foi vencida pela URSS, pioneira ao lançar com sucesso o primeiro satélite artificial chamado Sputnik, em 1957, enviar a cadela Laika como primeiro ser vivo a viajar pelo espaço e, principalmente, por promover a primeira viagem sideral de um cosmonauta, Yuri Gagarin, em 1961, na nave Vostok I. Em 1963, levou ao espaço a primeira mulher, a cosmonauta Valentina Tereshkova. Yuri Gagarin Neil Armstrong, em solo lunar Os Estados Unidos somente conseguiram melhorar sua performance quando a Nasa passou a ser assesso- rada por Wernher Von Braun, ex-chefe do órgão militar alemão criador de bombas voadoras V-2, que destruíram grande parte de Londres na Segunda Guerra Mundial. Von Braun liderou a criação dos foguetes Saturno e, em 1969, à frente da Apollo 11, o astronauta estadunidense Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na Lua. A China é a terceira força na conquista espacial. Inicialmente apoiada pela ex-aliada URSS, conseguiu re- ceber tecnologia e bem desenvolvê-la com a nave Shenzhou 5, que, em 2003, levou o primeiro taikonauta, Yang Liwei, ao espaço, com tecnologia chinesa. estados unIdos Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tiveram um surto de desenvolvimento em várias áreas, como o baby boom populacional; entretanto, vários problemas afloraram e foram exaustivamente discutidos, principal- mente na década de 1960. Os presidentes continuavam a ser livremente eleitos, sejam do partido Democrata ou do Republicano, mas todos sempre administravam numa óptica imperialista de confirmação do poderio estaduniden- se, como grande nação capitalista do mundo. Ainda no final da guerra e após a morte de causas naturais de Roosevelt, o vice-presidente Harry Truman (1945-1953) assumiu a faixa presidencial e ofereceu um esboço do que seria a Guerra Fria, ao autorizar o bombar- deio atômico sobre o Japão e a aumentar o militarismo ao formular a Doutrina Truman. O próximo presidente eleito foi o republicano general Dwight Eisenhower (1953-1961), que manteve o conservadorismo de Truman, a Guerra Fria; entretanto, iniciou timidamente o questionamento acerca da severa segregação racial nos estados do Sul, se bem que existisse em todo os EUA, ao autorizar o estudo de negros ao lado dos brancos em algumas escolas, o que revoltou agremiações racistas como a Ku Klux Klan. Truman e Eisenhower 44 De Kennedy a Reagan (presidentes dos EUA) O próximo presidente eleito foi o democrata John Kennedy (1961-1963), que derrotou o republicano Nixon e iniciou um governo marcado pelo propagandismo da figura presidencial e da nação estadunidense. Aperfeiçoou o marketing político, promoveu um personalismo festivo em torno do casal presidencial, particularmente em torno da primeira-dama, Jacqueline Kennedy, incentivou a corrida espacial, enfim, investiu no nacionalismo. Entretanto, foi figura central de fatos que mostram sua prepotência e autoritarismo, como a tentativa fracassada de invadir a baía dos Porcos, em Cuba, em 1961, provocando um dos momentos mais tensos da Guerra Fria: a crise dos mísseis atômicos. O mundo ficou muito próximo de uma guerra nuclear. Também pesa sobre os ombros desse governo o início do acirramento dos atritos que geraram a Guerra do Vietnã. John Kennedy Em 1961, após o fracasso da invasão de Cuba por uma força de exilados cubanos apoiados pela CIA, o governo Kennedy formulou as bases de uma nova política para a América latina, conhecida como Aliança para o Progresso. Segundo essa política, os Estados Unidos forneceriam uma substancial ajuda econômica e financeira aos países latino-americanos, que, em contrapartida, deveriam realizar reformas internas com vistas à superação de seu crônico subdesenvolvimento. Essa política de reformas fracassou em consequência da obstinada resistência impos- ta pelas oligarquias locais. Kennedy não chegou a completar o mandato, pois foi morto em um atentado, em 1963, na cidade de Dallas, Texas. Com essa política sobressaem os pontos iniciais do seu intervencionismo na América latina e sua posterior participação nos governos ditatoriais aqui instalados, comprovada por farta documentação, que tem sido liberada pelo governo dos EUA e pelos governos latino-americanos. O vice-presidente Lyndon Johnson (1963-1969) assumiu o governo após o assassinato de Kennedy. Durante seu governo, o envolvimento estadunidense na Guerra do Vietnã atingiu o ponto culminante: dos 55 mil soldados no campo de luta, em 1965, passou a 550 mil em, 1968. Mesmo assim, tornou-se evidente a impossibilidade de uma vitória militar decisiva dos EUA no conflito do sudeste asiático. Richard Nixon 45 O próximo presidente da República foi o republicano Richard Nixon (1969-1974), que manteve a inimizade política com a URSS. Entretanto, iniciou uma série de conversações, promovendo então uma distensão militar que foi amenizando as relações da Guerra Fria e gerou um tímido sinal verde à busca pela paz. Em seu governo, teve início a retirada gradual das tropas estadunidenses do Vietnã, houve o reconhecimento diplomático da China e a busca de um entendimento global com a União Soviética. Contudo, a trajetória do presidente Nixon ficou irre- mediavelmente manchada devido ao escândalo Watergate, que provocou sua renúncia, em 1974. O escândalo, investigado por jornalistas do Washigton Post consistiu numa operação secreta e ilegal promovida pelo presidente, que usou a máquina de inteligência governamental para espionar as reuniões do Partido Democrata, durante a campanha para a Presidência da República. Após a renúncia de Nixon, a Presidência foi entregue ao parlamentar republicano Gerald Ford (1974-1977) numa espécie de mandato tampão, pois Ford foi derrotado na eleição presi- dencial seguinte pelo democrata Jimmy Carter (1977-1981), que praticou uma política externa voltada para o não financiamento de algumas ditaduras na América latina, como a de Somoza, na Nicarágua, anteriormente apoiada pelos Estados Unidos. Carter também buscou a paz no Oriente Médio, conseguindo aproximar, na memorável reunião de Camp David, o israelense Begin e o egípcio Sadat. Esse acordo de paz perdura na atualidade. Outro fato importante, mas criticado, foi o boicote estadunidense à Olimpíada de Moscou, em 1980, pois a URSS tinha invadido o Afeganistão no ano anterior, sendo que os EUA apoiaram o guerrilheiro Mujahedin Osama Bin Laden na guerra para expulsar a URSS do Afeganistão. Porém, o fato que desgastou excessivamenteo governo Carter foi sua política ineficaz em solucionar a crise dos reféns. Em 1979, o Irã tinha promovido uma revolução liderada pelo sectário aiatolá Khomeini e havia destruído o governo pró-Estados Unidos do xá Reza Pahlev, além de ter feito o embaixador dos EUA refém. As decisões de Carter foram consideradas lentas pelo eleitorado; somadas à crise econômica interna, Carter perdeu a reeleição. Carter e Reagan O ex-ator de Hollywood Ronald Reagan foi eleito para o mandato de 1981 a 1989. Anticomunista feroz, Reagan ocupou a Casa Branca com intenção de acelerar a contenção do comunismo mundial e posicionou-se con- trário à política de desarmamento nuclear, que governos anteriores haviam negociado nos anos 1970. Propôs um ambicioso programa chamado “Guerra nas Estrelas” – uso de lasers e satélites para proteger os Estados Unidos de mísseis soviéticos. A oposição massiva de europeus e estadunidenses ao acirramento das relações entre os dois superpoderes resultou na retomada de negociações, em 1983. Reagan administrou os Estados Unidos no momento em que a Guerra Fria chegava ao fim, com a desagregação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Na política interna, Reagan introduziu o neoliberalismo. Impostos foram cortados em 25% e regulamen- tações da economia, do meio ambiente e do direito do consumidor foram desmanteladas. Cortes sucessivos nos programas sociais voltados à população carente caminharam ao lado de acordos de livre comércio negociados em nível internacional para abolir restrições à expansão de mercados internacionais. 46 Movimentos sociais e culturais na década de 1960 Na década de 1960, a sociedade estadunidense, oriunda do conservadorismo puritano anglo-saxão, foi sacudida pelo movimento Black Power, que passou a reivindicar direitos de cidadania para a população afrodescendente, ou seja, para os negros. Na música, surgiram grupos de artistas na gravadora Motown, como The Supremes e Stevie Wonder. Na estética, o penteado afro, intitulado black, fez sucesso. Mas foi na luta pela cidadania, liderada, entre outros, pelo pacifista Martin Luther King, que o movimento negro amadureceu e exigiu que os direitos constitu- cionais à cidadania fossem estendidos a todos. No Sul, ainda havia a segregação racial em diversas instituições públicas. Diante disso, uma parcela do movimento negro defendia o recurso à violência, se necessário, na defesa das suas reivindicações, como os Panteras Negras liderados por Malcom X. Martin Luther King e Malcolm X Ainda nos chamados anos rebeldes, surgiu nos EUA o movimento hippie, formado na sua maioria por jo- vens. Ficou mundialmente conhecido por suas reivindicações de caráter social, pela luta contra a Guerra do Vietnã, suas manifestações culturais, principalmente na música, e pela sua maior expressão no festival de Woodstock. Ape- sar da sua importância ao reivindicar uma sociedade alternativa, fraternal e comunitária, com mais liberdade sexual e de pregar a descriminalização do uso de drogas etc., o movimento hippie sucumbiu às suas próprias contradições e foi “engolido” pelo capitalismo. Jimi Hendrix e Janis Joplin, alguns dos seus ídolos, morreram prematuramente de overdose de drogas. Entretanto, o rock’n roll idealizou canções de protesto belíssimas, como Blowin’ in the wind, de Bob Dylan, embora haja a tentativa de despolitizá-las na atualidade. unIão sovIétIca e o bloco socIalIsta União Soviética O socialismo implantado na União Soviética consolidou-se no pós-guerra e conseguiu polarizar com os Estados Unidos o poder sobre as relações internacionais na chamada Guerra Fria. É importante observar que o socialismo russo possui um viés político autoritário, mas melhorou o padrão de vida de grande parte da população russa, in- fluenciando a Europa ocidental através da socialdemocracia, uma espécie de capitalismo humanizado, e alimentou as reivindicações trabalhistas ocidentais. A estrutura do socialismo real ruiu entre as décadas de 1980 e 1990, com o sepultamento da URSS, na era Gorbachev, iniciando sua adesão ao neoliberalismo. 47 O socialismo foi implantado na Rússia, em outubro de 1917, por meio da Revolução Bolchevique liderada por Lênin, Stalin e Trotsky, que implantou uma vasta estatização da economia. Contudo, os países capitalistas isolaram a Rússia no cenário internacional e financiaram uma contrarrevolução dos “brancos” burgueses contra os vermelhos socialistas, que a venceram. Após a guerra civil, Lênin instaurou a NEP, que ainda continha traços da economia capitalista para revitalizar a combalida estrutura produtiva soviética. Contudo, após a morte de Lênin, Stalin aniquilou a influência de Trotsky, que foi assassinado no México pelo agente stalinista Ramón Mercader, em 1940, e implantou um sistema político que acelerou o autoritarismo do Partido Comunista da União Soviética. A figura principal da política soviética tornou-se a do secretário-geral do partido, que rivalizou com o poder autocrá- tico dos antigos czares. Joseph Stalin Na economia, a gosplan4 instituiu uma intervenção exagerada do Estado voltada para alavancar a indústria de base, desmerecendo a produção de consumo e implantando uma fome desenfreada, mas sem repercutir decisi- vamente no crescimento da oposição, pois Stalin tinha aumentado o poder da polícia secreta NKVD, Comissariado do Povo para Assuntos Internos, que era liderada pelo famigerado Béria. Ela prendeu, torturou e expurgou supostos opositores para os campos de concentração, os gulags. O clima de paranoia foi tão elevado entre os apadrinhados de Stalin, que grandes nomes do movimento socialista, que lutaram em 1917, foram expurgados do comitê central e mortos. Como consequência, surgiu um pequeno grupo que controlou a máquina estatal, não por suas qualidades, mas porque era formado por pessoas de confiança de Stalin. Essa elite, chamada de nomenklatura, instituiu um regime que a oposição chamou de “ca- pitalismo de Estado” ou “socialismo burocrático”. Nas áreas rurais, o stalinismo implantou fazendas dirigidas pelo governo, as sovkhozes, totalmente estatais, e kolkhozes, cooperativas. Durante a Segunda Guerra Mundial, toda a força produtiva soviética foi atrelada ao esforço de guerra para poder enfrentar o III Reich. Já os territórios mais a oeste foram devastados pelos próprios soviéticos na campanha da terra devastada contra os alemães. Após a Se- gunda Guerra, a economia estatizante conseguiu o desenvolvimento das indústrias de base e a produção de bens de consumo aumentou, melhorando a situação do homem comum soviético. Contudo, grande parte da riqueza era drenada para a indústria bélica, devido à Guerra Fria e para beneficiar os privilégios da nomenklatura. Stalin morreu, em 1953, e foi sucedido por Nikita Kruschev (1953-1964), que obteve a confiança do partido ao liderar a batalha de Stalingrado. Contudo, o novo governo, apesar da manutenção da ditadura, criticou a figura de Stalin no XX Congresso do PCUS, em 1956. Kruschev buscou implantar a desestalinização através de tímidas reformas políticas e do aumento na produção de bens de consumo, o que prejudicava os interesses da nomenkla- tura e dos altos militares. É importante ressaltar que o governo de Kruschev não sedimentou os direitos humanos, pois, para manter o domínio da União Soviética sobre o leste europeu, Krushev ordenou a invasão da Hungria, destruindo o levante reformista, em 1956. 4 Gosplan era o nome coloquial da política de economia planejada na União Soviética. A palavra gosplan é uma aglutinação de Gossudarstvênnîi Komitet póPlanirovâniu (Comitê Estatal de Planejamento), órgão cuja principal função era estabelecer os planos quinque- nais soviéticos. 48 Kruschev (à esquerda) ao lado do presidente dos EUA John Kennedy Um problema externo que afligiu a diplomacia da URSS foi o início de profundos atritos com a China, de Mao Tse-Tung, que de aliada tornou-se sua inimiga, provocando uma divisão no bloco socialista. Apesarde incen- tivar a coexistência pacífica, Kruschev teve papel marcante na crise dos mísseis atômicos, em Cuba, que colocou o governo de Kennedy em dificuldades. É interessante notar que essa crise foi solucionada com a retirada dos mísseis soviéticos da ilha cubana e, em contrapartida, com a retirada, pelos Estados Unidos, de seus mísseis nucleares da Turquia. Essa solução foi vista pelo Politburo5 soviético como um fracasso, que, somado à oposição da nomenklatura e dos militares, provocou a queda de Kruschev, num golpe branco, em 1964. O secretário-geral escolhido foi Leonid Brejnev (1964-1982), que revitalizou muitos aspectos do stalinismo, manteve a coexistência pacífica implantando a détente, que abriu caminho para a salutar negociação sobre armas nucleares com a criação do plano Salt6 com o governo dos EUA. É bom frisar que a oposição gerada pela Guerra Fria se manteve. Para consolidar o poder soviético no leste europeu, Brejnev instituiu na teoria da soberania limitada, inspirada na ideologia ufanista e nacionalista stalinista do “socialismo num só país”, por força da qual reprimiu inúmeros movimentos reformistas, como o da Primavera de Praga, liderada por Dubcek, na Tchecoslováquia, com tanques de guerra do Pacto de Varsóvia, em 1968. Ain- da no plano externo, a União Soviética invadiu o Afeganistão, em 1979, provocando o boicote estadunidense à Olimpíada de Moscou, em 1980. Em retaliação, Brejnev liderou o boicote à Olimpíada de 1984, em Los Angeles (EUA). Essas atitudes foram duramente criticadas pelo Comitê Olímpico Internacional, pois as Olimpíadas foram ressuscitadas para unir, integrar e harmonizar as nações, e não como instrumento de domínio de algum Estado. Misha, o ursinho mascote dos Jogos de Moscou, tornou-se muito popular. Na cerimônia de encerramento do evento, ele aparece derramando uma lágrima, numa das mais ternas e emocionantes imagens daqueles Jogos. 5 Comitê central do Partido Comunista da antiga URSS. 6 O Tratado de Limitação de Armas Estratégicas (Salt I), assinado entre o presidente dos EUA Richard Nixon e o líder soviético Leonid Bre- zhnev, em Moscou, em 26 de maio de 1972, foi o primeiro tratado de controle de armas que limitou expressamente a construção de novas armas nucleares. 49 Sobre o Afeganistão, é importante ressaltar que o domínio soviético não foi eficaz, pois a oposição afegã foi incentivada pela entrada dos mujahedins, guerrilheiros do islã fundamentalista, que, apoiados pela CIA e liderados pelo saudita Osama Bin Laden, entrincheiraram-se nas montanhas e passaram a atacar os comboios soviéticos. Em 1982, Brejnev faleceu e foi sucedido por Yuri Andropov (1982-1984), dirigente da KGB. Naquele mo- mento, a economia soviética estava em declínio devido à burocratização dos planos quinquenais, aos privilégios da nomenklatura e ao militarismo exagerado da Guerra Fria, à defasagem na criação de novas tecnologias do parque industrial e do campo. Andropov não resolveu esses problemas estruturais, nem seu sucessor Konstantin Cher- nenko (1984-1985). Mikhail Gorbachev (1985-1991) governou a União Soviética tentando revitalizar sua estrutura econômica através da Perestroika (reconstrução), utilizando-se de elementos de caráter liberal com a gradativa diminuição do poder estatal sobre a economia, permitindo a implantação de empresas privadas, e da Glasnost (transparência), aceitando uma relativa liberdade de imprensa e partidária. Gorbachev passou a sofrer a oposição da nomenklatura e dos altos oficiais das Forças Armadas, que tentaram promover um golpe branco, mantendo-o numa prisão domiciliar; entretanto, a população russa reagiu a essa tentativa de golpe. Mikhail Gorbachev Bóris Yeltsin não apoiou a queda de Gorbachev, pois tinha interesses pessoais de poder, usando a solida- riedade à parcela da população que era contrária à queda de Gorbachev em seu próprio benefício. Com sucesso, isolou politicamente a nomenklatura e os generais. Yeltsin considerava a Perestroika e a Glasnost muito lentas e não aceitou a autoridade do secretário-geral Gorbachev, passando a tomar decisões governamentais na Rússia, tornando-a independente da URSS e aproximando-se do ideal de separação das repúblicas bálticas da Letônia, Estônia e Lituânia. Quando Gorbachev percebeu que não possuía mais nenhum poder, restou somente a tarefa de assinar o documento que selou o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 8 de dezembro de 1991. Após a morte da URSS, tentou-se manter uma integração entre as nações com a criação da CEI (Comunida- de dos Estados Independentes). Contudo, divergências étnicas, econômicas, territoriais e históricas dificultaram a manutenção da integração e alguns Estados tornaram-se inimigos. Mesmo antes, com a queda do muro de Berlim, em 1989, já era claro que o modelo econômico e político do bloco socialista estava em decadência. Boris Yeltsin 50 Bóris Yeltsin (1991-1999) procurou governar a Rússia segundo os paradigmas do capitalismo neoliberal. Contudo, o parque produtivo não possuía suporte para concorrer com os produtos importados do mundo capita- lista e a economia estava arrasada. Viu-se obrigado a pedir socorro ao FMI (praticante da teoria neoliberal), que promoveu uma vasta desestatização. Parte da antiga nomenklatura adquiriu parcela do parque fabril. Atualmente, a Rússia mantém um gigantesco poder nuclear, por isso quando os grandes países capitalistas (G-7) reúnem-se, convocam a Rússia, criando o G-8, com o objetivo de não desencadear com suas decisões uma crise e uma instabili- dade política ou prejudicar os interesses estratégicos do G-7. Um grande problema que aflige a Rússia é a guerrilha fundamentalista e nacionalista na Chechênia, que busca a independência dessa região do Cáucaso. Alemanha Oriental A República Democrática Alemã (RDA) tinha como capital a cidade de Berlim Oriental. Cerca de 75% da cidade situava-se na parte ocidental e era capitalista, ou seja, a área era um enclave capitalista num país socialista. No intuito de impedir o grande fluxo de pessoas para o lado ocidental (capitalista), em 1961 foi levantado um muro que dividia a cidade, isolando os dois blocos: ocidental e oriental. A construção do Muro de Berlim recebeu duras críticas de todo o mundo ocidental, pois era um assombroso desrespeito aos direitos humanos. Ele representou a Guerra Fria, por isso sua queda, em 1989, simbolizou o fim da Guerra Fria e do mundo “comunista”. O Muro de Berlim, que dividia a Alemanha em Ocidental e Oriental, foi derrubado em 9 de novembro de 1989. A queda foi um dos marcos do fim da Guerra Fria e reunificou a Alemanha. Iugoslávia Mapa da extinta Iugoslávia 51 As Repúblicas da Sérvia, Croácia, Eslovênia, Macedônia, Bósnia-Herzegovina (capital Sarajevo) e Montene- gro mantiveram uma união que foi fundamental na luta contra os exércitos nazifascistas. Quando Hitler e Mussolini invadiram os Bálcãs, na Segunda Guerra Mundial, através da guerrilha socialista dos Partisans, liderada por Tito, a Iugoslávia conseguiu sua libertação sem a ajuda direta da União Soviética. Devido a esse fato, a Iugoslávia não se sentia obrigada a ser subalterna aos interesses do Kremlin, por isso manteve sua estrutura socialista, mas ligada nos assuntos internacionais aos não alinhados. Apesar dessa autonomia diplomática, a Iugoslávia representava uma grande quantidade de etnias que a enfraquecia. Para evitar que uma etnia se sentisse prejudicada ou mar- ginalizada por outra e para evitar que surgisse alguma liderança que pudesse rivalizar com seu poder, o marechal Tito implantou uma ditadura pessoal em que o cargo de primeiro-ministro, subordinado ao seu de presidente, seria preenchido numa espécie de rodízio entre as etnias. Contudo, após a morte de Tito, a Sérvia, liderada por Slobodan Milosevic, pretendeu implantar sua hegemonia, mas foi contestada pelos outros povos, gerando uma guerra civil que chegou somente ao fim com a intervenção da ONU, na décadade 1990, com a desagregação do país em vários Estados. A região que representou a maior intensidade de genocídio foi a Bósnia-Herzegovina. Devido a esse fato, Slobodan Milosevic foi preso pela ONU no Tribunal Internacional em Haia, com a acusação de crimes de guerra. Essa acusação foi acrescida também quando forças sérvias massacraram a população de Kosovo, de origem mu- çulmana, que desejava sua separação. Guerra da Bósnia Conflito internacional na região da antiga Iugoslávia (abril/1992 a dezembro/1995) No período em que os Bálcãs estiveram unidos em uma federação socialista, o país manteve coesão e as disputas nacionalistas permaneceram sob controle. A coesão começou a se desgastar na década de 1980, com o surgimento de partidos múltiplos, a morte do presidente Tito e a maior autonomia das províncias dentro da Federação. A Iugos- lávia dissolveu-se gradativamente. Seguindo uma tendência existente entre os países comunistas após o colapso da União Soviética, a Eslovênia e a Croácia garantiram a autonomia em 1991. Como consequência, as minorias de origem sérvia nesses países organizaram movimentos de resistência contrários à separação, o que culminou com a “Guerra dos Dez Dias” e a “Guerra Croata de Independência”. Em fevereiro de 1992, a República Socialista da Bósnia e Herzegovina (habitada por bósnios muçulmanos e minorias de sérvios ortodoxos e croatas católicos) aprovou em plebiscito uma declaração de independência, ratificada mais tarde pela União Europeia e pelas Nações Unidas. Oficiais bósnios de origem sérvia, apoiados pelo governo sérvio de Slobodan Milosevic, ordenaram um ataque militar contra a província da Bósnia com o objetivo de garantir a integridade de seu território. O episódio logo degenerou em um conflito sangrento de caráter genocida. Os sérvios cercaram a capital da Bósnia, Sarajevo, e perseguiram muçulmanos e croatas. Apesar de representar apenas 33% da população da Bósnia, os bósnios de origem sérvia passaram a controlar 70% do território da Bósnia-Herzegovina. Milhares de bósnios muçulmanos foram assassinados pelas forças sérvias na província, enquanto dezenas de milhares foram obrigados a deixar o país. As campanhas militares contaram com crimes contra a população civil, como estupro, tortura e espancamentos. As Forças de Proteção das Nações Unidas, criadas durante a guerra da independência croata, passaram a atuar em “zonas de segurança” para ajuda humanitária, mas obtiveram pouco sucesso. No começo da guerra, a República da Croácia, que almejava territórios da Bósnia-Herzegovina, entrou em guerra contra os bósnios e assinou um acordo de repartição das terras da província com os líderes sérvios. Esse conflito, conhe- cido como “a guerra dentro da guerra”, foi encerrado com o Acordo de Washington, em 1994. Seguiu-se a formação da Federação da Bósnia-Herzegovina, uma aliança entre bósnios e croatas contra os sérvios e bósnios de origem sérvia. Nesse mesmo ano, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), após as fracassadas tentativas de mediar o conflito por parte da grandes potências, investiu contra tropas bósnias de origem sérvia. A presença da Otan e a aliança bósnio-croata enfraqueceu os sérvios e foi essencial para o encerramento do conflito em 1995. 52 No dia 14 de dezembro de 1995, em Paris, foi assinado um acordo geral de paz. Negociações de paz foram conduzidas em Dayton, Ohio. No dia 21 de dezembro, foram assinados acordos que definiam os limites da sobera- nia sérvia. Os crimes de guerra foram julgados pelo Tribunal Internacional Penal da antiga Iugoslávia, que conde- nou 45 sérvios, 12 croatas e 4 bósnios. A guerra foi descrita como o evento mais devastador da história da Europa, desde a Segunda Guerra Mundial, tendo resultado na morte de cerca de 100 mil pessoas. (Disponível em: <acervo.estadao.com.br>. Acesso em: 30 ago. 2015). Tchecoslováquia Tanques soviéticos invadem a Tchecoslováquia, durante a Primavera de Praga, em 1968. Em 1968, o Estado tchecoslovaco iniciou a implantação de um tipo de socialismo que possuía elementos liberais, sob a orientação de Alexander Dubcek, secretário-geral do Partido Comunista da Tchecoslováquia, em um processo político chamado de Primavera de Praga. Dubcek estimulou a discussão dos problemas econômicos e sociais na imprensa e recebeu reivindicações de agricultores. Em março, nomeou para presidente o general Svoboda, conhecido por suas ideias reformistas. Em abril de 1968, adotou um programa de reformas que incluiu a descentralização das decisões, a criação de conse- lhos de trabalhadores nas indústrias, a ampliação de direitos sindicais, a criação de cooperativas independentes e a garantia dos direitos políticos individuais e da liberdade de reunião e de expressão. Entretanto, a URSS, liderada por Brejnev, temeu perder o controle sobre o leste europeu e determinou a invasão da Tchecoslováquia pelas forças do Pacto de Varsóvia, pondo fim ao movimento reformista, em agosto de 1968. Em 1989, a Tchecoslováquia distanciou-se da União Soviética e com a liderança de Havel e Dubcek implan- tou, pacificamente, reformas democráticas, a Revolução de Veludo. Já em 1993, também pacificamente, a Tchecos- lováquia foi desmembrada em dois Estados irmãos: a Eslováquia e a República Tcheca, numa aula de cidadania para o mundo, pois não houve derramamento de sangue, em contraposição ao ocorrido na Iugoslávia. 53 Polônia Lech Walesa Após a Segunda Guerra Mundial, a Polônia, liderada por Gomulka e Jaruzeslki, ficou atrelada aos interesses sovié- ticos, por isso o debate a respeito do genocídio de Katyn (março de 1940), em que cerca de 20 mil poloneses foram executados pelos alemães com o consentimento de Stalin e parte do aparato político russo, foi censurado. No final da década de 1980, em busca de melhorias salariais e de liberdade política, os trabalhadores dos estaleiros de Gdansk (antiga Dantzig), liderados pelo proletário Lech Walesa e apoiados pelo papa João Paulo II, antigo cardeal Karol Wojtyla, criou o sindicato Solidarnosc (Solidariedade), que capitaneou o processo de democratização polonês. É importante notar que a trajetória política de Walesa é parecida com a do líder metalúrgico brasileiro Lula, pois ambos eram trabalhadores metalúrgicos sindicalizados, que lutaram contra a ditadura em seus países e chegaram à Presidência da República. a revolução cubana (1959) No século XIX, a ilha de Cuba foi uma área extremamente explorada pelo imperialismo estadunidense, seja através de invasões militares patrocinadas pelo Big Stick ou por pressões diplomáticas, como a Emenda Platt. Outro fato que prejudicou a população pobre cubana foi a manutenção dos latifúndios, que se estruturavam na monocultura do açúcar e do fumo. Em 1952, Cuba conheceu a ditadura de Fulgêncio Batista, que simbolizou os interesses da aristocracia dos Estados Unidos, bem como da máfia italiana, ao disseminar a prostituição ao lado da exploração dos cassinos em Havana. Na busca de destruir a ditadura de Fulgêncio, um pequeno grupo de estudantes, liderados pelos irmãos Castro, Raúl e Fidel, tentaram invadir o palácio La Moncada, amadoristicamente, num completo fracasso e foram exilados. No México, Fidel Castro, Raul e Camilo Cienfuegos uniram-se ao argentino Che Guevara e fundaram o MR- 26 (Movimento Revolucionário 26 de Julho), com o objetivo de derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista. Voltaram à Cuba para liderar uma guerrilha rural em Sierra Maestra inspirados na revolução chinesa de Mao. Che Guevara e Fidel Castro 54 Em 1959, a revolução foi vitoriosa e os guerrilheiros, agora no governo, implantaram uma estrutura baseada na reforma agrária em toda a ilha e no distanciamento em relação ao imperialismo estadunidense. Além disso, o governo de Fidel Castro promoveu a nacionalização das empresas estrangeiras e, em 1961, oficialmente instaurou um regime socialista em Cuba. Por meio do estreitamento das relações com a UniãoSoviética, Cuba obteve os re- cursos necessários para realizar melhorias significativas em áreas como a saúde e a educação. Após a chegada dos socialistas ao poder com a revolução de 1959, os índices de melhoria social atingiram patamares espetaculares, pois o serviço de medicina foi expandido para toda a população, num padrão que nenhum país da América latina sonhou em atingir; o analfabetismo foi praticamente erradicado e a distribuição de alimentos bem planejada. Con- tudo, a ilha implantou uma ditadura política, inspirada no modelo stalinista, centralizada em Fidel Castro e tendo como heróis as figuras emblemáticas dos guerrilheiros Che Guevara e Camilo Cienfuegos. As forças conservadoras, sob o auspício do governo de John Kennedy, tentaram invadir Cuba, mas foram derrotadas na baía dos Porcos, em 1961; a partir desse momento, os EUA determinaram o bloqueio econômico à ilha, o que selou a aproximação entre Cuba e a URSS, dando início a uma das maiores crises da Guerra Fria, quando Nikita Kruschev, da União Soviética, a pedido de Fidel Castro, colocou mísseis atômicos em Cuba. Após as negociações de paz, a URSS retirou seus mísseis e os EUA deixariam de realizar incursões militares na ilha, apesar de manter o bloqueio econômico. Enquanto a União Soviética foi um grande Estado, a economia cubana mantinha um grande relacionamento econômico com os eslavos; contudo, com o governo de Gorbachev, a economia cubana ruiu e, atualmente, passa por dificuldades. Fotos aéreas mostram instalações militares e soviéticas em Cuba. Tudo estava pronto para o ataque atômico. Che Guevara merece uma análise especial, uma vez que, após se consolidar no grupo dirigente cubano, resolveu abandonar os privilégios pessoais adquiridos na ilha e penetrou na selva africana no intuito de fortalecer a guerrilha socialista no Congo e destruir o governo entreguista de Mobutu. Posteriormente, rumou para o meio rural da América do Sul, onde foi derrotado pelo exército da Bolívia, que tinha o apoio logístico da CIA, e tornou-se seu prisioneiro, em 1967, para logo depois ser fuzilado. Essa trajetória pelo mundo nos países do Terceiro Mundo trans- formou Che Guevara em um mito, a ponto de sua foto, tirada em 1960 por Alberto Korda, ter se tornado um ícone. 55 3. (Cesgranrio) Com o desenvolvimento da po- lítica de Glasnost, a história da URSS apa- rentemente está dividida entre a era de Gorbachev e a era Stalin. Entretanto, a de- sestalinização iniciou-se em 1956, com o XX o Congresso do Partido Comunista da União Soviética, no qual Nikita Kruchev: a) apresentou um relatório que, denunciando as arbitrariedades dos seguidores de Stalin acabou por provocar a reação dos setores militares so- viéticos e o fechamento da URSS ao Ocidente. b) apoiando as realizações econômicas de Sta- lin, apresentou um relatório em que as jus- tificava em nome da manutenção da vitória da revolução. c) apresentou um relatório em que analisava as relações de Stalin com o Kuomitang de Chiang Kai Shek e propunha a união política da URSS com a China para barrar o avanço do capitalismo americano na Ásia. d) apoiando as propostas americanas de “de- gelo”, organizou um programa político que determinava o princípio da coexistência po- lítica com o Ocidente e uma aliança com os EUA para troca de tecnologia. e) apresentou um relatório denunciando as ar- bitrariedades e os erros de Stalin e abriu a URSS ao Ocidente, estabelecendo o princípio da coexistência pacífica. 4. (Cesgranrio) O Acordo de Paris, que marcou o início do fim da Guerra do Vietnã, negocia- do por Henry Kissinger e Le Duc Tho, estabe- lecia, além do cessar fogo imediato: a) a criação de uma área neutra entre o Vietnã do Sul e o do Norte, onde seriam iniciadas as trocas de prisioneiros. b) a retirada das tropas americanas, a liberta- ção dos prisioneiros de guerra e eleições li- vres no Vietnã do Sul. c) a entrega do governo do Vietnã do Sul aos vietcongs, a libertação dos prisioneiros de guerra e a retirada das tropas americanas. d) a manutenção da divisão entre o Vietnã do Sul e do Norte com o estabelecimento da ad- ministração soviética no Norte. e) a retirada das tropas americanas, a fixação de um calendário de democratização para o Vietnã do Norte e a eleição da China como árbitro da região. 5. (UERJ) A Europa passou por grande núme- ro de reconfigurações territoriais, em virtu- de das disputas seculares entre os povos do continente. No mapa abaixo, elaborado em 2014, estão assinalados, para cada país eu- ropeu, o nome da última potência estrangei- ra a desocupar aquele espaço nacional e o ano em que isso ocorreu. e.o. teste I 1. (UERJ) Na década de 1960, muitas expressões ar- tísticas representaram uma postura crítica frente a problemas da época, em especial os conflitos da Guerra Fria. Um exemplo é o Festival de Woodstock, ocorrido em 1969 nos E.U.A., em cujo cartaz se lê “Três dias de paz e música”. Nesse contexto da década de 1960, destaca- va-se a denúncia sobre: a) presença soviética na China. b) intervenção militar no Vietnã. c) dominação europeia na África do Sul. d) exploração econômica no Oriente Médio. 2. (UERJ) Em 25 de junho de 1950, tropas da Coreia do Norte ultrapassaram o Paralelo 38, que delimitava a fronteira com a Coreia do Sul. Com a aprovação do Conselho de Segu- rança da ONU, quinze países enviaram tro- pas em defesa da Coreia do Sul, comanda- das pelo general norte-americano Douglas MacArthur. Após três anos de combate, foi assinado um armistício em 27 de julho de 1953, mantendo a divisão entre as Coreias. Adaptado de cpdoc.fgv.br. O governo norte-coreano anunciou recente- mente que não mais reconheceria o armistí- cio assinado em 1953, o que trouxe novamen- te ao debate o episódio da Guerra da Coreia. O fator que explica a dimensão assumida por essa guerra na década de 1950 está apresen- tado em: a) mundialização do acesso a fontes de energia. b) bipolaridade das relações políticas interna- cionais. c) hegemonia soviética em países do Terceiro Mundo. d) criação de multinacionais japonesas no ex- tremo Oriente. 56 A desocupação estrangeira na Europa Oriental, após a Segunda Guerra Mundial, está associada ao seguinte contexto geopolítico: a) Fim da Guerra Fria b) Fundação da União Europeia c) Término da Crise dos Mísseis d) Início da Coexistência Pacífica 6. (Uern) A eclosão da guerra entre os blocos era improvável, mas a paz era impossível, sintetizava o cientista político francês Raymond Aron. A paz era impossível porque não havia maneira de conciliar os interesses em disputa. Um sistema só poderia sobreviver à custa da destruição total do outro. E a guerra era improvável porque os dois blocos tinham acumulado tamanho poder de destruição que, se acontecesse um conflito generalizado, seria, com certeza, o último. [...] (José Arbex Júnior. Guerra Fria: o Estado terrorista. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2005. p. 10. Coleção Polêmica.) De acordo com o contexto da Guerra Fria descrito anteriormente, analise as afirmativas. I. “Foi o oferecimento aos países da Europa ocidental de matérias-primas, produtos e capital, na forma de créditos e doações. Um verdadeiro programa de ajuda econômica e militar dos EUA aos países destruídos pela Guerra.” II. “A resposta do bloco socialista veio a partir da formação de uma aliança entre a URSS e alguns países da Europa Oriental.” As afirmativas I e II se referem às estratégias distintas adotadas, respectivamente, pelos EUA e URSS durante a Guerra Fria. Trata-se de: a) macarthismo e sionismo. b) Plano Marshall e Pacto de Varsóvia. c) Doutrina Truman e Política do Big Stick. d) Destino Manifesto e Estado de Bem-estar Social. 7. (PUCRS) Com a ordem internacional marcada pela Guerra Fria, o presidente estadunidense John Kennedy (1961-1963) orientou sua política externa, denominada Nova Fronteira, no sentido de conter a URSS por meio do aumentodo potencial militar norte-americano e do fortalecimento dos laços com os países aliados, particularmente com o Terceiro Mundo, para onde seriam enviados recursos técnicos e econômicos com o objetivo de fortalecer o anticomunismo. Um exemplo desse aspecto da política norte-americana no período foi __________, voltado(a) para __________, visando, fundamentalmente, __________. a) o Plano Marshall – o Oriente Médio – à defesa externa b) o fair deal – a África ocidental – à questão sanitária c) a Doutrina Truman – o sudeste asiático – à infraestrutura urbana d) a Aliança para o Progresso – a América latina – ao desenvolvimento econômico e) a unidade pela democracia – o extremo oriente – à descolonização 57 8. (UPF) Observe a imagem a seguir. (Disponível em: http://lastregga.blogspot. com.br/2013/02/tudo-se-divide-todos-se- separam.html. Acesso em 27 set. 2014) A charge representa o fenômeno chamado Guerra Fria, que, a partir de 1948, promoveu a divisão do mundo em dois blocos antagô- nicos: o Bloco Ocidental capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o Bloco Oriental so- cialista, sob a influência da União Soviética. Sobre esse contexto, considere que as afirma- ções a seguir listam fatores que contribuíram com o processo de acirramento da rivalidade. I. A criação do Comecon (1948), em oposi- ção ao plano Marshall (1947). II. A assinatura do pacto de Varsóvia (1955) como contrapartida ao seu equivalente ocidental, a Otan (1949). III. A eclosão de grandes conflitos interna- cionais (Coreia, Vietnã, Oriente Médio) que levaram ao afastamento do bloco co- munista da ONU. IV. A tentativa de desarmamento mundial, a partir dos Acordos de Camp David, firma- dos entre os Estados Unidos e a República Popular da China. Está correto apenas o que se afirma em: a) I e II. b) II e III. c) III e IV. d) I e IV. e) II e IV. 9. (FGV) Alguma coisa está acontecendo aqui. O que isto é, não está claro. Ali tem um homem com uma arma. Me dizendo que tenho de ficar alerta. Eu acho que é hora de pararmos. Crianças, que som é aquele? Todos olham o que está acontecendo. A linha de batalha está desenhada. Ninguém está certo se todos estiverem er- rados. Jovens falando em suas mentes. Eu tenho muita resistência atrás. Stephen Stills, For What It’s Worth, 1967. Essa é uma das muitas canções compostas nos EUA com críticas à Guerra do Vietnã. As críticas a essa guerra: a) combinaram-se com o chamado Poder Jo- vem, uma das intensas movimentações cul- turais desse período. b) restringiram-se a um pequeno grupo de ati- vistas e intelectuais estadunidenses. c) levaram à derrota eleitoral do então pre- sidente estadunidense Richard Nixon em 1975. d) levaram diversos países latino-americanos, liderados pelo Brasil, a romper relações di- plomáticas com os Estados Unidos. e) permitiram a criação de partidos políticos nos Estados Unidos, que superaram a polari- zação entre republicanos e democratas. 10. (Espcex (Aman) ) Após cerca de 3 (três) anos de intensos combates e milhões de bai- xas, em julho de 1953, foi assinado o Armis- tício de Pan-munjom, que confirmou a divi- são da Coreia. Leia as afirmações abaixo. I. O Armistício de Pan-munjom, selou a paz definitiva entre as duas Coreias e os Esta- dos Unidos. II. O conflito iniciou-se com um ataque sur- presa de tropas da República Popular da Coreia, ao vizinho do sul, em junho de 1950. III. O Armistício de Pan-munjom acirrou as diferenças ideológicas entre os Estados Unidos (capitalista) e a União Soviética (socialista), dando início à Guerra Fria. IV. Durante o conflito, o Conselho de Segu- rança da ONU autorizou o envio de tropas internacionais para a região, sob o co- mando do general estadunidense Douglas MacArthur. Estão corretas: a) as afirmativas I, II, III e IV. b) apenas as afirmativas I e II. c) apenas as afirmativas II e III. d) apenas as afirmativas II e IV. e) apenas as afirmativas I e III. e.o. teste II 1. (UECE) Nikita Kruchov, chefe do Partido Co- munista da URSS, em 1954 ordenou que o controle administrativo da Crimeia pas- sasse da Rússia para a Ucrânia. Após a in- dependência da Ucrânia em 1991, estabe- leceu-se o impasse entre ambas as nações sobre qual seria o status da península. Em março de 2014, a Rússia anexou a Crimeia ao seu território, provocando inúmeras re- ações locais, regionais e mundiais. Assina- le a opção que corresponde ao interesse de Moscou na Crimeia. 58 a) Legitimar a aproximação comercial com a China e a Alemanha para reequilibrar o anti- go lobby empresarial ocidental. b) Evitar a expansão de grupos radicais islâmi- cos do Oriente Médio e do Norte da África naquela localidade estratégica. c) Manter o controle no Mar Negro e o acesso ao Mar Mediterrâneo por meio da base loca- lizada em Sebastopol, ao sul da península. d) Forçar a unificação entre os dois povos que foram separados com a desintegração do Im- pério Russo após a Revolução Russa. 2. (UERN) Em 1955, os países africanos e asi- áticos recém-independentes reuniram-se em Bandung, na Indonésia, para lançar os prin- cípios do “não alinhamento”. A Conferência de Bandung teve a importância de destacar que havia um conflito entre países ricos e países pobres, entre outros conflitos da épo- ca. O “não alinhamento”, a que se refere o enunciado, é a: a) tentativa de manutenção da neutralidade em relação aos EUA e URSS, em plena Guerra Fria. b) não aceitação por parte de povos recém- -independentes das parcerias oferecidas por suas antigas metrópoles. c) equiparação dos novos países, mantendo-se no mesmo nível econômico, para evitar o de- sequilíbrio entre as novas nações. d) proposta de proceder consultas populares nos territórios anteriormente dominados, na busca de implantar democracias livres. 3. (UFU) O período posterior à Segunda Guerra Mundial foi de enorme crescimento produ- tivo nos países desenvolvidos. Denominados de anos gloriosos ou de idade do ouro, o fato é que os primeiros trinta anos do pós-guerra constituíram uma era única na história con- temporânea. A espantosa recuperação do mundo capitalista, quanto ao crescimento econômico e avanços tecnológicos, revolucio- nou as pautas de consumo e comportamento até então existentes. PADRÓS, Enrique Serra. Capitalismo, prosperidade e estado de bem-estar social. In: FILHO, Daniel Aarão Reis. FERREIRA, Jorge e ZENHA, Celeste (orgs.). O século XX. O tempo das crises: revoluções, fascismos e guerras. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 229. (Adaptado). A euforia econômica que caracterizou o mun- do capitalista nos trinta anos seguintes ao fim da II Guerra estava fortemente relacionada: a) ao crescimento dos níveis de desemprego, for- mando um exército de mão de obra de reserva que estimulou a acumulação capitalista. b) ao desenvolvimento de outras formas de energia, com a consequente redução da de- pendência em relação ao petróleo. c) à recuperação da economia europeia, que, através do estado de bem-estar social, con- seguiu assegurar a acumulação capitalista em níveis elevados. d) à desindustrialização do Terceiro Mundo, tornando esta região especializada no forne- cimento de matérias-primas para os países do centro do capitalismo. 4. (UCS) Em 1991, ocorreu um dos mais signi- ficativos fatos da história recente: a extinção da União Soviética. Sobre esse fato histórico, é correto afirmar que: I. o estadista Mikhail Gorbatchev, em 1985, assumiu o controle do Partido Comunis- ta Soviético com ideias inovadoras. En- tre suas maiores metas governamentais, Gorbatchev empreendeu duas medidas: a perestroika e a glasnost. II. a perestroika visava modernizar a econo- mia russa com a adoção de medidas que diminuía a participação do Estado na economia. A glasnost (transparência) es- tabelecia algumas liberdades políticas e direitos individuais. III. a implantação dessas medidas trouxe uma sériede consequências, como, por exem- plo, a declaração da independência de pa- íses que compunham a antiga URSS, tais como a Letônia, a Estônia e a Lituânia. Das proposições acima: a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas I e II estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 5. (UERJ) Big Science (Grande Ciência) é um tipo de pesquisa científica realizado por gru- pos numerosos de cientistas e técnicos, com instrumentos e insumos em larga escala, fi- nanciados por fundos governamentais e por agências internacionais. No momento de seu surgimento, durante a Segunda Guerra Mun- dial e nos anos da Guerra Fria, a Big Science integrou esforços econômicos e políticos do governo dos E.U.A. visando à segurança na- cional. Adaptado de global.britannica.com. O apoio a projetos de Big Science pelo gover- no dos E.U.A., no contexto da Guerra Fria, esteve diretamente relacionado ao desenvol- vimento do seguinte aspecto: a) globalização dos mercados financeiros e de trabalho. b) cooperação tecnológica entre países perifé- ricos e centrais. c) integração entre conhecimentos científicos e mudanças demográficas. d) modernização dos sistemas de informação e comunicação aeroespacial. 59 6. No fim da década de 1980, profundas altera- ções começaram a ocorrer na União Soviética e no seu bloco de aliados. Sobre esse fato, é correto afirmar que, na: a) Tchecoslováquia, as mudanças foram impul- sionadas pela criação do sindicato livre Soli- dariedade. b) Romênia, o ditador Nicolau Ceausescu e sua esposa foram executados após julgamento sumário. c) Alemanha Ocidental, pressões populares le- varam à substituição de Erich Honecker. d) Polônia, ocorreu, em janeiro de 1993, um desmembramento, surgindo as três Repúbli- cas Bálticas. e) Iugoslávia, a Revolução do Veludo realizada por Slobodan Milosevic acarretou a fragmen- tação pacífica do Estado. 7. (UECE) Após o fim do conflito da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), emergiram como superpotências antagônicas os Esta- dos Unidos da América – EUA – e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS –, ambas vitoriosas sobre o eixo. A disputa entre os EUA, representante do mundo capi- talista e a URSS, líder do bloco socialista, ia desde aspectos ideológicos, políticos e eco- nômicos, até conflitos regionais em que cada superpotência apoiava um dos lados envolvi- dos como forma de afirmar sua superiorida- de. Essa época de enfrentamento durou até o início da década de 1990 quando a URSS passou por profundas transformações de or- dem política e econômica. No que diz respeito à disputa entre os EUA e a URSS, neste período da História do século XX, assinale a afirmação verdadeira. a) A disputa entre as duas superpotências foi chamada de guerra fria, pelo fato de não ter ocorrido nenhum conflito em que ambas tenham-se envolvido, mesmo isoladamente. b) Dentre as principais manifestações de dispu- ta entre as potências capitalista e socialista, estavam a corrida armamentista nuclear e a corrida espacial. c) Na Guerra da Coreia (1950-1953), os EUA deram apoio ao governo marxista-leninista norte-coreano, liderado por Kim Il-Sung; hoje a Coreia do Norte e governada por seu filho, Kim Jong-il. d) O apoio soviético aos insurgentes muçulmanos, chamados de mujahidin, no Afeganistão, levou- -os a derrubar o regime comunista no país. 8. (PUCRS) Considere as afirmativas abaixo sobre a chamada Guerra Fria entre os EUA e a URSS. I. A explosão das bombas atômicas sobre o Ja- pão, antes da Conferência de Potsdam, reve- lou a superioridade bélica norte-americana, o que levou a URSS a adotar uma diplomacia mais agressiva, forçando e obtendo o con- trole dos estreitos de Bósforo e Dardanelos, na Conferência de Paris, em 1946. II. O chamado Plano Marshall levou os EUA a aplicarem cerca de 17 bilhões de dóla- res em países capitalistas europeus, tais como França, Grã-Bretanha, Itália, Holan- da, Noruega, Portugal e Suíça, sendo que alguns países do bloco socialista, como a Polônia e a Hungria, igualmente aceita- ram, de forma imediata, parte desse in- vestimento, devido à extrema gravidade da crise econômica que enfrentavam. III. Ao final da Segunda Guerra, na região dos Bálcãs, de significativa relevância estraté- gica, apenas a Grécia e a Turquia escapa- vam ao controle da URSS, em que pese o forte empenho dos Partidos Comunistas desses países na disputa interna pelo po- der. Está/Estão correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 9. (UFSM) Fonte: Disponível em: <www.infoescola.com/sem-categoria/ queda-do-muro-de-berlim>. Acesso em: 16 ago. 2013. Em 9 de novembro é derrubado o Muro de Berlim. O governo [da Alemanha Oriental] não tinha condições de mantê-lo, a menos que partisse para uma repressão sangrenta. [...] Em apenas 3 dias, pelo menos 2 milhões de alemães-orientais passaram para Ber- lim Ocidental. [...] Já no lado ocidental, os alemães-orientais formavam filas enormes diante das discotecas e de lojas pornôs [...]. Embora não tivessem dinheiro suficiente para comprar, as pessoas olhavam tudo como se fosse um grande parque de diversões. ARBEX JR., José. Revolução em 3 tempos: URSS, Alemanha, China. SP: Moderna, 1993. p. 54-56. A partir do texto, pode-se afirmar que a que- da do Muro de Berlim, em 1989, indica: 60 a) a falência do modelo socialista soviético em atender às demandas da população quan- to à liberdade individual e ao consumo de bens e serviços. b) as grandes realizações do modelo socialista na saúde e educação, capazes de manter as massas distantes dos apelos do mundo do consumo de bens privados, próprios da eco- nomia capitalista. c) o resultado do cerco militar das potências capitalistas e, consequentemente, o esgota- mento do sistema socialista de atender às demandas das populações dos países do les- te europeu. d) o vigor do modelo socialista adotado pela Alemanha Oriental, o qual repetia o padrão soviético, porém era mais brando quanto à livre organização da sociedade e à liberdade de imprensa. e) a crise do capitalismo dos países da Europa ocidental e dos Estados Unidos, com o esgo- tamento do Estado do Bem-estar Social e a retração da sociedade de consumo. 10. (UCS) A partir de 1945, e por mais de qua- renta anos, o mundo esteve dividido em dois grandes blocos: o dos países capitalistas e o dos países comunistas, liderados, respectiva- mente, pelos Estados Unidos e pela União So- viética. Esse conflito ficou conhecido como: a) Doutrina Truman. b) Guerra Fria. c) Plano Marshall. d) Coexistência Pacífica. e) Pacto de Varsóvia. e.o. teste III 1. (Ufpr) O filme Argo (EUA, 2012) ganhou o Oscar de melhor filme de 2013, e teve como pano de fundo a Revolução Iraniana, ocorri- da em 1979. Esse evento histórico: a) foi uma reação da esquerda comunista irania- na contra o governo de Reza Pahlevi, que era aliado ao bloco capitalista na Guerra Fria, e que impôs uma teocracia islâmica xiita, cau- sando concentração de renda e perseguição política a opositores e líderes sunitas. b) foi um golpe militar de direita contra o gover- no do Aiatolá Khomeini, que era aliado ao blo- co capitalista na Guerra Fria, e que promoveu uma modernização islâmica, causando concen- tração de renda e perseguição política a oposi- tores políticos e líderes religiosos cristãos. c) foi uma reação de diversos setores da po- pulação iraniana contra o governo de Reza Pahlevi, que era aliado ao bloco capitalista na Guerra Fria, e que impôs uma moderniza- ção ocidentalizante, causando concentração de renda e perseguição política a opositores e líderes religiosos. d) foi um golpe militar de esquerda dado con- tra o governo do Aiatolá Khomeini, que era aliado ao bloco soviético na Guerra Fria, e que promoveu uma modernização forçada, causando concentraçãode renda e perse- guição política a opositores e líderes reli- giosos xiitas. e) foi um golpe militar de direita apoiado pelos Estados Unidos contra o governo de Moham- med Mosaddegh, que detinha postura de não alinhamento durante a Guerra Fria, e que promoveu a nacionalização das companhias de petróleo e a aproximação com as esquer- das e os líderes religiosos islâmicos. 2. (ESPM) No momento em que Israel e pales- tinos re tomaram negociações de paz, após quase três anos de interrupção, cabe lembrar um momento referencial para essa questão. En cerrada a Segunda Guerra Mundial e sob o impacto da revelação dos horrores dos cam- pos de concentração nazistas na Europa, na sessão da Assembleia Geral das Nações Uni- das de 1947 foi aprovada a resolução nº. 181 que recomendava: a) a confirmação mandato de ocupação bri- tânica em toda a Palestina, onde deveriam viver como súditos britânicos tanto judeus como palestinos. b) a partilha da Palestina em dois Estados, um árabe e um judeu. c) a concessão de todo o território da Pales tina para a criação de um Estado judeu. d) o reconhecimento do direito dos árabes muçulmanos ao território da Palestina, ne- gando qualquer direito aos judeus. e) o estabelecimento de um mandato da ONU sobre o território da Palestina a par tir da- quela data. 3. (Cefet-MG) “A revolução cubana era tudo: ro- mance, heroísmo nas montanhas, ex-líderes estudantis com a desprendida generosidade de sua juventude – os mais velhos mal ti- nham passado dos trinta -, um povo exultan- te, num paraíso turístico tropical pulsando com os ritmos da rumba”. HOBSBAWM, Eric. Era Dos Extremos – O breve século XX – 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. A revolução cubana NÃO pode ser conside- rada uma: a) forma política que possibilitou a transforma- ção da estrutura produtiva rural do país. b) luta política que inspirou intelectuais militan- tes em várias partes do continente americano. c) estratégia de luta anti-imperialista que foi deflagrada contra o regime ditatorial cubano. d) guerra de guerrilha que foi percebida pela maioria do povo como um movimento de li- bertação. e) insurreição popular que foi conduzida pelos principais partidos comunistas latino-ameri- canos. 61 d) estratégia desenvolvida pelos Estados Uni- dos objetivando conter a expansão imperia- lista da União Soviética, nação que emergiu da Segunda Guerra Mundial como a maior potência econômica e militar do mundo. e) choque ocorrido entre as potências indus- trializadas europeias, entre o final do século XIX e o início do século XX, decorrente da disputa pelas colônias na África e na Ásia. e.o. dIssertatIvo 1. (Unicamp) O cartaz abaixo foi usado pela propaganda soviética contra o capitalismo ocidental, durante o período da Guerra Fria. O texto diz: “Duas infâncias. Na URSS (parte superior) crianças são apoiadas pelo amor da nação! Nos países capitalistas (figura in- ferior), milhões de crianças vivem sem co- mida ou abrigo.” a) Como o cartaz descreve a sociedade capita- lista ocidental? b) Cite dois conflitos bélicos do período da Guerra Fria. 2. (UEL) As universidades da Europa, EUA e América Latina foram tomadas por movi- mentos estudantis na década de 1960. A fi- gura a seguir mostra um desses movimentos. 4. (FGV) Em 1964, o pugilista Cassius Clay, aos 22 anos, conquistou o título mundial de pe- sos-pesados. Nesse mesmo ano, alterou seu nome para Muhammad Ali e converteu-se à religião muçulmana. Em 1967, foi condenado à pri- são por ter se recusado a lutar na Guerra do Vietnã. Com isso, foi destituído do título mundial que voltaria a ganhar novamente em 1974 e em 1978. O momento da História dos Estados Uni- dos, com o qual se entrelaça a biografia de Muhammad Ali, caracterizou-se por: a) fortes contestações contra a política externa nor- te-americana e de afirmação dos direitos civis. b) intensas movimentações políticas em torno do impeachment do presidente Kennedy. c) graves conflitos entre os sindicatos e os ór- gãos de repressão política norte-americanos. d) aguda repressão às ações da Máfia e de ou- tras facções do crime organizado. e) perseguições a grupos de extrema direita infil- trados entre os ativistas dos movimentos negros. 5. (UPF) Observe a charge: A charge mostra Harry Trumann e Josef Sta- lin jogando futebol com uma bola que repre- senta o Planeta Terra. Trata-se de uma repre- sentação da chamada Guerra Fria, que pode ser definida como: a) política da “paz armada”, desenvolvida pelas grandes potências no final do século XIX, da qual resultaram tratados de alianças como a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança e que levou à Primeira Guerra Mundial. b) estado de tensão permanente entre o bloco capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o bloco socialista, liderado pela União Sovi- ética, resultante da disputa entre essas duas potências por uma posição hegemônica no contexto internacional no período posterior à Segunda Guerra Mundial. c) tensão militar ocorrida entre Inglaterra e Ale- manha, no final do século XIX, motivada pela disputa, entre os dois Estados Nacionais, pelo controle do comércio internacional. 62 a) Considerando as informações fornecidas, identifique e descreva um elemento da ima- gem que caracterize os movimentos estu- dantis naquele período. b) Discorra sobre um exemplo de movimento de contestação estudantil ocorrido no Brasil. 3. (PUCRJ) Em pronunciamento ao Congresso Americano, em 12 de março de 1947, o Presi- dente Harry Truman afirmou: “a política deve apoiar povos livres que estão resistindo à ten- tativa de submissão a minorias armadas ou a pressões externas (...) devemos ajudar os povos livres a buscar eles mesmos seus pró- prios destinos”. Esse discurso é considerado o fundador da chamada Doutrina Truman. Em 5 de junho do mesmo ano, o Secretá- rio de Estado americano, George Marshall, em discurso na Universidade de Harvard, apresentando o Plano Marshall disse: “É lógico que os Estados Unidos façam o pos- sível para ajudar a recuperação da saúde econômica do mundo, sem a qual não pode haver estabilidade política nem paz asse- gurada. Nossa política não se dirige contra nenhum país, mas contra a fome, a pobre- za, o desespero e o caos. Qualquer governo que esteja desejando se recuperar encon- trará total cooperação por parte dos Esta- dos Unidos da América”. Essas citações são indicadores das preocu- pações da política externa dos EUA após a Segunda Grande Guerra. A partir dessas in- formações: a) explique a relação ente a Doutrina Truman e o Plano Marshall com relação à política ex- terna norte-americana no pós-guerra. b) cite uma ação do Plano Marshall para o pro- cesso de reconstrução da Europa após a Se- gunda Grande Guerra. 4. (PUCRJ) No dia 17 de dezembro de 2014, os presidentes Barack Obama, dos EUA, e Raúl Castro, de Cuba, anunciaram o restabele- cimento das relações entre os dois países, rompidas desde o início da década de 1960. a) Caracterize o contexto político internacional do início dos anos 1960 em que ocorreu o rompimento das relações entre EUA e Cuba. b) Cite dois acontecimentos ocorridos nos últi- mos 50 anos que expressem as tensas rela- ções entre os dois países. 5. (PUCRJ) Considerando a imagem: a) identifique a causa da tensão entre as duas superpotências da época e explique suas consequências para o sistema político mun- dial do período. b) cite uma ação tomada pelo governo ameri- cano ou soviético que levou à crise em Cuba em 1962. 6. (Uema) O texto abaixo se refere a um fato, dentro de um conjunto mais amplo de ten- sões, que opuseram Estados Unidos e União Soviética, após a Segunda Guerra Mundial. Em 1962, a Crise dos Mísseis em Cuba quase ocasionou o enfrentamento direto entre as superpotências, sinalizando o risco de des- truição mútua. Deflagrada pela União Sovi- ética, com a intenção de instalar uma base de mísseis defensivosem Cuba, tal crise invade uma esfera tradicional do interesse norte-americano, provocando uma escalada de tensões entre Estados Unidos e União So- viética até antes nunca vista. PECEQUILO, Cristina Soreanu. A política externa dos Estados Unidos. Porto Alegre: UFRGS, 2003, p. 182. (adaptado) a) Cite o nome pelo qual esse período ficou co- nhecido. b) Explique o “risco de destruição mútua” apontado pela autora. 63 7. (UFMG) Analise estes mapas: Mapa 1 Mapa 2 Nos Mapas 1 e 2 estão representados dois contextos históricos que envolvem a produção de energia nuclear no século XX. a) Cite esses dois contextos. b) Explique a produção de energia nuclear em cada um desses dois contextos históricos. 8. (UNB) Julgue o item a seguir, a respeito do processo de integração de espaços no mundo. Ao fim da Segunda Guerra, a Europa perdeu a posição de supremacia: o Leste do continente sub- meteu-se à liderança soviética e a Europa Ocidental precisou do apoio norte-americano para se soerguer economicamente. 64 devastadora do bem contra o mal e trazendo à baila a perturbadora metáfora do selvagem que há dentro de todos nós”. (LOPES, José de Sousa Miguel. O senhor das Moscas: os labirintos do poder. In: A diversidade cultural vai ao cinema. TEIXEIRA, Ines Castro; LOPES, José de Sousa Miguel (orgs.). Belo Horizonte: Atlântica, 2006, p. 65). Explique: a) o que foi a Guerra Fria. b) o que é civilização e o que é barbárie. e.o. enem 1. Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o Maio de 1968 ou a campa- nha contra a Guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de parti- cipação política. Seus slogans, tais como ”Quan- do penso em revolução quero fazer amor“, se tornaram símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se: a) à contestação da crise econômica europeia, que fora provocada pela manutenção das guerras coloniais. b) à organização partidária da juventude comu- nista, visando o estabelecimento da ditadu- ra do proletariado. c) à unificação das noções de libertação social e libertação individual, fornecendo um sig- nificado político ao uso do corpo. d) à defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, que era tomado como so- lução para os conflitos sociais. e) ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos costumes. 9. (UERJ) O destino da menina que foi a cara de uma guerra Ela se transformou no símbolo da Guerra do Vietnã (1959-1975). Hoje, Phan Thi Kim Phuc ainda carrega as marcas do bombardeio, mas se esforça para superar o trauma. A bomba foi lançada sobre seu vilarejo, quando tinha 9 anos, por soldados do Vietnã do Sul contra tropas norte-vietnamitas. A operação foi co- ordenada por militares americanos. No regime comunista, Phan obteve a au- torização para estudar medicina em Cuba, onde conheceu seu marido. Na viagem de lua de mel, o avião fez uma escala no Ca- nadá, de onde o casal nunca mais saiu. Nos anos 1990, a vietnamita passou a atuar como ativista de direitos humanos, tornou-se em- baixadora da Unesco e criou uma fundação. Até hoje, Phan se lembra dos comentários do então presidente americano Richard Nixon, que duvidava da autenticidade da foto que correu o mundo, na qual ela foge nua após o ataque com bomba de napalm. Adaptado de www.estadao.com.br, 13/12/2009 A Guerra do Vietnã, no sudeste asiático, foi um dos conflitos mais sangrentos do século XX, estando diretamente relacionado às ten- sões do contexto internacional, nas décadas de 1960 e 1970. Identifique um fator que caracteriza a Guer- ra do Vietnã como um conflito típico da Guerra Fria. Apresente, também, duas con- sequências desse conflito para esse país. 10. (UFES) “Nos anos oitenta do século passado, em plena Guerra Fria, após a queda de um avião no mar, um grupo de cadetes militares americanos se vê isolado em uma ilha deser- ta. Percebendo que as chances de resgate são mínimas, os jovens se aproximam pelo medo e desespero. À medida que vão tomando con- ta da ilha, a competição pelo poder começa a dividi-los em dois grupos. Ralph lidera um grupo e prega a engenhosidade civilizada e cooperação, mas Jack não quer saber nada disso e constrói uma facção de caçadores im- piedosos. Essa poderosa mudança de cons- ciência transforma garotos normais em as- sassinos primitivos, iniciando uma batalha 65 2. Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética, não foram um período homogêneo único na história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS. (HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras, 1996) O período citado no texto e conhecido por “ Guerra Fria” pode ser definido como aquele momento histórico em que houve: a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira Guerra Mun- dial. b) domínio dos países socialistas do sul do globo pelos países capitalistas do Norte. c) choque ideológico entre a Alemanha Nazista/União Soviética Stalinista, durante os anos 30. d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China e Japão. e) constante confronto das duas superpotências que emergiam da Segunda Guerra Mundial. 3. Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única europeia. Leia a notícia destacada a seguir. O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1 de janeiro, é possivelmente a mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das Alemanha, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade europeia. A “Euroland”, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica. (Gazeta Mercantil, 30/12/1998) A matéria refere-se ‘a “ desmontagem das estruturas do passado” que pode ser entendida como: a) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos opostos. b) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico no mundo. c) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização ideológica da antiga URSS. d) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o processo de unificação das duas Ale- manhas. e) a prosperidade as economias capitalistas e socialistas, com o consequente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS. 4. QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1995 (adaptado). Nos quadrinhos, faz-se referência a um evento que correspondia a um dos grandes medos da po- pulação mundial no período da Guerra Fria. Durante esse período, a possibilidade de ocorrência desse evento era grande em função do(a): a) acirramento da rivalidade Norte-Sul. b) intensificação da corrida armamentista. c) ocorrência de crises econômicas globais. d) emergência de novas potências mundiais. e) aprofundamento de desigualdades sociais. 66 gabarIto E.O. Teste I 1. B 2. B 3. E 4. B 5. A 6. B 7. D 8. A 9. A 10. D E.O. Teste II 1. C 2. A 3. C 4. E 5. D 6. B 7. B 8. C 9. A 10. B E.O. Teste III1. C 2. B 3. E 4. A 5. B E.O. Dissertativo 1. a) O cartaz descreve a sociedade capitalista ocidental como produtora de desigualda- de social devido à concentração de renda e, como pode ser visto no cartaz, até os seres humanos mais frágeis podem so- frer com esses problemas em oposição a criança soviética que aparenta um ar sau- dável e feliz em contraposição a vida no sociedade ocidental capitalista. b) Entre os conflitos ocorridos durante a Guerra Fria podemos citar a Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã. 2. a) Os movimentos estudantis da década de 1960 caracterizavam-se por grandes mo- bilizações com o objetivo de atender as demandas por direitos civis e liberdade, como pode ser observado na imagem com a faixa que clama por liberdade de expres- são. Neste período, os movimentos negro, feminista e de homossexuais também pas- saram a lutar por seus direitos e liberdade. b) A década de 1960 no Brasil contou com dezenas de mobilizações contra o Regime Militar na qual podemos destacar a Mar- cha dos Cem Mil, que além de estudantes reuniu trabalhadores e artistas contra as violações dos direitos civis por parte do Regime Militar. 3. a) A política externa estadunidense após a Segunda Guerra Mundial volta-se para o combate a expansão do socialismo na Eu- ropa ocidental. Nesse sentido, a Doutrina Truman procura conter essa expansão e o Plano Marshall, por meio de empréstimos aos países destruídos pelo conflito mun- dial procura afastar os países da Europa ocidental da ideologia socialista. b) O Plano Marshall ajudou a estabilizar as moedas europeias, além de facilitar a compra de produtos norte-americanos, como comida e combustível. 4. a) O contexto internacional em que ocorre o rompimento de relações entre Estados Unidos e Cuba é o da Guerra Fria, momen- to em que Estados Unidos e União Sovié- tica disputavam um conflito ideológico e procuravam estender suas áreas de influ- ência pelo mundo. A eclosão da Revolução Cubana em 1959 e a posterior aproxima- ção da Ilha com a União Soviética repre- sentou um grande golpe à política externa estadunidense que perdera uma área de influência importantíssima e a partir de então, passou a temer um avanço da influ- ência soviética pela América latina. b) A invasão da baía dos Porcos pelos Esta- dos Unidos, o embargo econômico à ilha Cubana, o episódio da Crise dos Mísseis, a nacionalização de empresas estaduni- denses pelo governo cubano após a Re- volução Cubana e a manutenção da base de Guantanamo pelos Estados Unidos em território cubano. 5. a) Após a Segunda Grande Guerra começou a “Guerra Fria”. A tensão entre EUA e URSS estava relacionada ao crescente ar- senal atômico mantido pelas duas potên- cias. Como mostra a charge, americanos e soviéticos ameaçavam-se com ataques maciços de bombas de hidrogênio que po- deriam ser acionadas em escala global e levariam a destruição de ambos os países. A principal consequência desse sistema seria o equilíbrio precário e sem vencedo- res que caracterizou o período da Guerra Fria. Durante a “Guerra Fria” não ocorreu um confronto direto entre os dois países, ocorreram conflitos localizados que envol- veram as duas “ideologias” (capitalista e comunista). Entre os diversos conflitos re- gionais que ocorreram no período, podem ser citados: a crise de Berlim, a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã, a independên- cia de diversos países africanos (Angola e Moçambique, especialmente) e a própria crise dos mísseis em Cuba. b) O presidente dos EUA, J.F. Kennedy, ten- tou derrubar o governo de Fidel Castro com o fracassado desembarque de opo- sicionistas na baía dos Porcos. Também podemos citar a instalação de mísseis na Turquia e na Itália. A URSS se aproximou de Cuba comprando seus produtos e de- pois construiu plataformas para lança- mento de mísseis que poderiam atingir o território dos Estados unidos. 67 6. a) Esse período ficou conhecido como Crise dos Mísseis e ocorreu no início dos anos 60 durante a Guerra Fria. b) O risco de destruição mútua se deve ao poderoso arsenal bélico de destruição em massa reunido por Estados Unidos e União Soviética durante esse período. Por conta do poder de destruição das armas desses países o mundo viveu entre os anos da Guerra Fria o temor de um confli- to que poderia ocasionar uma destruição sem precedentes. 7. a) No mapa 1 o contexto de produção de energia nuclear se associa ao período da Guerra Fria e a disputa ideológica entre capitalismo e socialismo. Já no segundo mapa, é possível observar a produção de energia nuclear como forma de energia alternativa no período pós-guerra fria. b) Durante a Guerra Fria, a produção de ener- gia nuclear esteve associada à produção de armamentos de destruição em massa, deter- minando uma condição de certo equilíbrio nas disputas envolvendo as duas superpo- tências. No pós Guerra Fria, destaca-se a produção de energia nuclear como principal alternativa aos derivados de petróleo (ape- sar do uso militar não desaparecer). 8. A afirmativa está correta, pois a Europa oci- dental precisou dos maciços investimentos e recursos concebidos pelo Plano Marshall para se reerguer da destruição promovida pela Segunda Guerra Mundial, enquanto que o leste europeu orbitou na zona de influência soviética. 9. A Guerra do Vietnã caracterizou-se por uma disputa típica dos tempos da Guerra Fria, pois opôs os dois modelos típicos de organização capitalista e socialista, representados pelos territórios do Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. Apesar do apoio logístico e financeiro da União Soviética não houve um enfrentamento direto entre Estados Unidos e União Soviéti- ca, evidenciando o caráter indireto dos con- flitos que ocorreram durante esse período. Como marcas do conflito, é possível indicar a destruição do país, a unificação do Vietnã e a adoção do modelo socialista. 10. a) A Guerra Fria caracterizou-se pela tensão entre o mundo capitalista e o socialista, iniciada logo após a Segunda Guerra Mun- dial (1939-1945) e que não se limitou ao confronto ideológico e às ações de caráter bélico. O confronto denominado Guerra Fria manifestou-se de diversas formas: na corrida espacial, nos modelos de desenvol- vimento econômico e social e no acesso da população a bens de consumo. b) De fato, se no passado a tradição cientifi- cista europeia e anglo-saxã embasada em um discurso da razão, civilidade e urba- nização como elementos julgadores e hie- rarquizados do real designava civilização como o conjunto de caracteres em oposi- ção à barbárie – rudeza, ferocidade, sel- vageria dos estranhos e inferiores povos latino-americanos, africanos, asiáticos – hoje após as invasões e bombardeios no Iraque e Afeganistão e também os ata- ques terroristas é necessário relativizar a condição de civilizado e ponderar que o equilíbrio entre a civilização e a barbárie é tão frágil, que por vezes, esses dois ex- tremos trocam de lugar. E.O. Enem 1. C 2. E 3. A 4. B Descolonização afro-asiática e Revolução Chinesa Aulas 51 e 52 69 Descolonização afro-asiática Desde o século XIX, o imperialismo, particularmente inglês e francês, fez dos continentes africano e asiático seu alvo, transformando seus vastos territórios em colônias. Contudo, após a Segunda Guerra Mundial, os povos africa- nos e asiáticos iniciaram um longo processo de descolonização com o objetivo de alcançarem as suas independên- cias. Contudo, em muitas regiões, a soberania não significou, necessariamente, uma melhoria no padrão de vida da população, pois a exploração, agora, estava nas mãos de uma elite regional e das duas novas superpotências: Estados Unidos e União Soviética. Fatores Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças militares nazistas destruíram a estrutura bélica e econômica da In- glaterra e da França; consequentemente, quando países da África e da Ásia iniciaram a luta pela independência, a repressão europeia já nãotinha o poder anterior. Outro fator importante no processo de descolonização é o fato de que tinha nascido uma nova ordem mun- dial, a Guerra Fria, e os EUA e a URSS precisavam penetrar no território do Terceiro Mundo em busca de aumentar suas influências; para tanto, era necessário minar a autoridade anglo-francesa. Também, no período da Segunda Guerra, Inglaterra e França militarizaram tropas nativas para incorporar aos seus efetivos bélicos no intuito de derrotar o Eixo, processo esse que fortaleceu belicamente os continentes nativos, que, após a guerra, voltaram-se contra suas opressivas metrópoles europeias. Por outro lado, a Carta de São Francisco que criou a ONU, ao proclamar o direito dos povos de se autogovernarem (princípio da autodeterminação dos povos), consagrou o anseio de independência dos povos africanos e asiáticos. Características gerais Os caminhos para conseguir a independência variaram bastante, mas podem ser agrupados em dois: o pacífico e o violento. No primeiro caso, a antiga colônia assumia progressivamente seus direitos de nação independente, através de uma série de concessões feitas de modo gradual pela metrópole até atingir a independência completa. Nesse caso, a antiga colônia continuava a manter boas relações com a metrópole, a fazer parte do seu círculo de influência e a receber sua ajuda econômica. Esse foi o caso da independência da Índia em relação à Inglaterra. 70 No segundo caso – a forma violenta –, a colônia rompia totalmente com a antiga metrópole, sem qualquer tentativa de abolição progressiva do estatuto colonial. Pelo contrário, a metrópole procurava evitar, pela violência, os movimentos de libertação, pressionando a colônia a procurar a solução armada para seus problemas. Esse foi o caso da independência das colônias francesas da Indochina (atual Vietnã) e da Argélia. A independência da Índia (1947) Gandhi “A não violência e a covardia não combinam. Posso imaginar um homem armado até os dentes que no fundo é um covarde. A posse de armas insinua um elemento de medo, se não mesmo de covardia. Mas a verdadeira não violência é uma impossibilidade sem a posse de um destemor inflexível.” Gandhi A independência da Índia representou um marco no processo de descolonização. Dominada pelos ingleses desde o século XVIII, somente no século XIX, por volta de 1885, teve início um movimento nacionalista, impulsionado por minorias intelectualizadas, cuja educação fora propiciada pelos ingleses. O grande líder do movimento de emancipação foi Mahatma Gandhi, um advogado de formação europeia, que tinha por princípio a não violência, a resistência pacífica aos dominadores e a desobediência civil. Após a Grande Guerra, o movimento intensificou-se e ganhou a adesão das massas, nem sempre respeitando os princípios pacifistas de Gandhi. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1947, a Inglaterra outorgou a independência ao país, mas, diante da cisão entre os hindus e os muçulmanos, repartiu o território, que foi dividido em Índia e Paquistão, ficando a Índia no centro e o Paquistão Oriental separado do Paquistão Ocidental por mais de 1,7 mil quilômetros. A divisão foi seguida por deslocamentos maciços de população e confrontos sangrentos entre hindus e muçulmanos. A ilha do Ceilão, atual Sri Lanka, formou um terceiro Estado, budista. 71 Em 1971, o Paquistão Oriental separou-se do Ocidental com o apoio da Índia e passou a se chamar Bangladesh. Atualmente, Índia e Paquistão, que possuem bombas atômicas, estão em estado de guerra por ques- tões territoriais na Caxemira, entre outros fatores. Vale salientar que a inspiração sobre a não violência defendida por Gandhi originou-se do hinduísmo, segundo o qual somente as ações nobres elevariam o espírito humano para as castas superiores depois da ressur- reição. Gandhi foi assassinado, em 1948, por um fanático hindu que não concordava com sua política de respeito aos interesses dos muçulmanos. A independência da Indonésia (1949) A Indonésia era controlada pela Holanda, desde o século XVIII. Com a ocupação japonesa durante a Segunda Guer- ra Mundial, surgiu o movimento de resistência organizado pelos nacionalistas islâmicos e socialistas. Quando o Japão capitulou, o exército da resistência, liderado por Sukarno, saiu das florestas e tomou o poder, proclamando a 72 República da Indonésia. A Holanda tentou restabelecer seu poder, mas a resistência nacionalista foi bastante forte. Chegou-se, então, a um acordo, que restabeleceu os Estados Unidos da Indonésia, ligados à Holanda. Em 1950, os laços com a Holanda foram desfeitos e Sukarno proclamou novamente a República. Essa República era nacionalista-progressista e esteve à frente do movimento pela descolonização. Organi- zou em seu território a Conferência de Bandung. Sukarno fez uma política de colaboração com o Partido Comunista da Indonésia, que nos anos 1960 era pró-chinês. Em 1966, o Partido Comunista tentou tomar o poder, o que resultou em verdadeiros massacres pelo exérci- to – mais de 300 mil indonésios foram mortos e dois milhões, presos. Em 1967, Sukarno foi deposto pelo general Suharto, que implantou uma ditadura pró-ocidental. Conferência de Bandung (1955) Conferência de Bandung A independência foi salutar para a África e Ásia; contudo, a economia não conseguia crescer efetivamente porque os Estados Unidos, em especial, implantaram uma grande exploração a partir das multinacionais, cujas dívida ex- terna e balança comercial eram deficitárias. No intuito de se livrar de qualquer exploração externa, muitos países participaram da Conferência de Bandung, em 1955. Essa conferência isolaria os agentes de exploração externos através de uma política de neutralidade diante da Guerra Fria, de certo modo até mesmo isolacionista, pois não seguiriam as regras do imperialismo de nenhum país. Essa política foi intitulada de não alinhamento e provocou a insatisfação das superpotências, principalmente dos Estados Unidos. Posteriormente, as grandes nações imperialis- tas intervieram nos países membros da Conferência de Bandung e conseguiram mudar os governos, retirando os nacionalistas do poder e implantando governos entreguistas, que paulatinamente foram desfalcando a conferência, que perdeu sua força e legitimidade. Grandes líderes do Terceiro Mundo, como Nehru, da Índia, Nasser, do Egito, Ho Chi Min, do Vietnã do Norte, e Sukarno, da Indonésia, onde ocorreu a reunião, incentivaram a Conferência de Bandung. A descolonização estruturou-se na autodeterminação dos povos e inspirou-se na Declaração de Direitos da ONU, apesar das críticas aos vetos do Conselho de Segurança aos interesses afro-asiáticos vitoriosos na As- sembleia Geral. No momento histórico da Guerra Fria, suas preocupações eram menosprezadas, uma vez que as divergências Leste versus Oeste lideravam os debates. 73 A independência da Indochina (1954) A Indochina, formada por povos distintos, foi ocupada pelo segundo império francês, que, na época, não tinha uma política colonial para a Ásia. Com a aplicação dos capitais excedentes, deram início à exploração das jazidas minerais, à produção de chá em grandes plantações, exportada para a França, e à construção da rede telegráfica. O Vietminh, Movimento de Libertação Nacional da Indochina, nasceu em 1914, na região fronteiriça entre a China e a Indochina, liderado por setores da burguesia e intelectuais. Em 1930, o Partido Comunista Indochinês foi criado por Ho Chi Minh, que havia militado na França, na Rússia e, depois, na China, onde, em 1925, fundou o Partido da Juventude Revolucionária. O Partido Comunista Indochinês fez alianças com a burguesia dentro do Movimento de Libertação Nacional. A crise de 1929 fez estragos também na Indochina, com a queda dos preços dos metais e do chá, deixando um saldo de operários desempregados, camponeses arruinados, artesãos e comerciantes falidos. A região, dominada pelos franceses, foi ocupada pelos japoneses durante a SegundaGuerra Mundial. Em 1945, depois da derrota japonesa, Ho Chi Minh, que em 1930 havia fundado o Partido Comunista da Indochina, tomou o poder no Norte do país, criando a República Democrática do Vietnã. Depois de uma breve ocupação por tropas inglesas e chinesas, a França tentou recuperar o controle da região, passando a negociar com o Vietminh, partido de Ho Chi Minh. Ho Chi Minh 74 Em 1946, eclodiu o conflito armado (Guerra da Indochina) e, após 1949, com a vitória da revolução co- munista na China, o partido de Ho Chi Minh pôde contar com o apoio chinês. Como a França não reconheceu a independência, atacou o Norte do país e o governo de Ho Chi Minh entrou para a clandestinidade, dando início à guerra de guerrilhas. Em 1954, os franceses foram derrotados na Batalha de Dien Bien Phu, dando fim ao período colonial da região. Acordo de Genebra (1954) Em Genebra, na Suíça, realizou-se uma conferência, da qual participaram EUA, França e República Popular da China, com a finalidade de pôr fim à Guerra da Indochina (1946-1954). Nessa conferência, decidiram-se a retirada das tropas francesas, a Independência do Laos e do Camboja e a divisão do Vietnã em duas partes, estabelecendo o paralelo 17 como linha divisória. Nasciam, assim, a República Democrática do Vietnã (Norte), socialista e governada por Ho Chi Minh, e o Vietnã do Sul, capitalista e sob o controle de Ngo Dinh Diem. Ainda segundo o Acordo de Genebra, a divisão do Vietnã era temporária e a reunificação do país deveria ocorrer em 1956, através da realização de um plebiscito. a Guerra Do Vietnã (1961–1975) Em 8 de junho de 1972, essa foto mostrou um pequeno grupo de crianças fugindo das explosões na vila de Trang Bang, no Vietnã. A imagem tornou-se símbolo da guerra. A Guerra do Vietnã foi um prolongamento da Guerra da Indochina. O Acordo de Genebra havia estabelecido que um plebiscito decidiria a reunificação do Vietnã. Como a maioria dos vietnamitas era favorável à reunificação e Ho Chi Minh, seu líder mais popular, o governo do Sul, incentivado pelos EUA, adiava esse plebiscito. O cancelamento do plebiscito por Ngo Dinh Diem, com o objetivo de perpetuar a divisão do país, desencadeou, no ano de 1961, a Guerra do Vietnã. A luta pela reunificação do país foi comandada pelo Vietcong, Frente de Libertação Nacional, de tendências comunistas, nascida no Vietnã do Sul e apoiada pelo Vietnã do Norte, enquanto a ditadura de Ngo Dinh Diem, por sua vez, era apoiada pelos Estados Unidos através de uma intervenção militar que, no auge da guerra, chegou a ter 550 mil estadunidenses combatendo no Vietnã do Sul. Uma nova escalada na guerra ocorreu em 1965, quando o governo dos EUA iniciou bombardeios aéreos sistemáticos sobre o Vietnã do Norte. Em 1970, com a invasão do Camboja e a intervenção no Laos pelas tropas estadunidenses, o conflito generalizou-se. Em 1973, com a convocação da Conferência de Paris para iniciar as negociações de paz, os Estados Unidos iniciaram a retirada gradual de suas tropas do Vietnã do Sul. Em 1975, a Guerra do Vietnã chegou ao fim com a conquista de Saigon (capital do Vietnã do Sul) pelas forças do Vietcong e a reunificação do país, sob a denominação 75 de República Socialista do Vietnã. Apesar do gritante desequilíbrio de forças, os Estados Unidos perderam a guerra, na qual morreram mais de 50 mil e foram feridos mais de 300 mil soldados estadunidenses. Ao menos 1,1 milhão de vietnamitas morreram no conflito – algumas estimativas falam em três milhões de mortos. Como os Estados Unidos perderam a Guerra do Vietnã? Roberto Navarro A “virada” que culminou com a derrota americana na Guerra do Vietnã (1954–1975) começou com uma série de ataques dos inimigos comunistas em 1968. É o episódio conhecido como “Ofensiva do Tet”. O nome é uma referência à data de início das batalhas, o feriado de ano novo lunar, chamado pelos vietnamitas de Tet Nguyen Dan. A partir da madrugada de 31 de janeiro de 1968, o governo comunista do Vietnã do Norte e seus aliados, os guerrilheiros da Frente de Libertação Nacional, mais conhecidos como vietcongues, iniciaram ataques simultâneos contra várias cidades do Vietnã do Sul – um país capitalista defendido pelo exército sul-vietnamita e por nações como Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e, principalmente, Estados Unidos. A ideia da invasão militar comu- nista era lutar para “libertar” o povo do Sul da “opressão capitalista”. Eles achavam que a invasão provocaria uma rebelião popular contra o governo do Vietnã do Sul, coisa que nunca aconteceu. No começo, o ataque surpresa deu certo, mas os americanos e sul-vietnamitas reagiram rapidamente. Como o poderio militar do lado capitalista era muito maior, os comunistas foram expulsos em poucos dias de quase todas as cidades que invadiram. Mas, apesar da vitória militar americana, as imagens da invasão frustrada provocaram um bruta estrago nos Estados Unidos. “A Ofensiva do Tet chocou a opinião pública americana. A cobertura dos combates feita pela TV deixou em muita gente a impressão de que os Estados Unidos e seus aliados estavam em situação desesperadora”, diz o historia- dor americano Ronald Spector, da Universidade George Washington. Dentro dos Estados Unidos, aumentaram os protestos contra a guerra. Com o filme queimado, o governo americano ainda segurou seus soldados no Vietnã por quatro anos, mas acabou retirando as tropas em 1972. Diante do abandono americano, o exército e os guerrilhei- ros do Norte ganharam terreno. Acabaram tomando a capital Saigon em 1975, vencendo a guerra e unificando o Vietnã sob o regime comunista. (Disponível em: <mundoestranho.abril.com.br>. Acesso em: 31 ago. 2015). Descolonização da África Em 1956, existiam na África negra apenas três Estados independentes: a Etiópia, a Libéria e a África do Sul, este governado pela minoria branca de origem europeia. A quase totalidade do continente – 20 milhões de quilômetros quadrados e 160 milhões de habitantes – estava dividida em colônias dos países europeus. Entretanto, entre 1957 e 1962, com o processo de descolonização, 29 países conquistaram sua independência. A independência da Argélia (1962) Localizada no Norte da África, a Argélia foi conquistada pela França em 1830, durante o governo de Luís Filipe I. A França manteve sobre esse território uma tutela colonial que se estendeu até o fim da Segunda Guerra Mundial. Em 1950, cerca de um milhão de colonizadores de origem francesa – os pieds noirs, ou pés pretos – controlavam um terço das melhores terras do país em detrimento dos oito milhões de argelinos. 76 A crise da França no pós-guerra e sua derrota na Guerra da Indochina contribuíram decisivamente para o fortalecimento do nacionalismo argelino. Em 1954, surgia a Frente de Libertação Nacional, FLN, incitadora da guerra de independência da Argélia, que foi o primeiro país africano a adotar táticas modernas de guerrilha (rural e urbana) na luta contra o colonialismo europeu. Na Batalha de Argel, em 1957, as forças francesas, que chegaram a contar com 500 mil soldados, consegui- ram desmantelar a organização clandestina da FLN na capital do país. Uma sangrenta repressão à população civil árabe, no entanto, consumou a divisão entre a minoria francesa e a maioria muçulmana. Em 1958, a crise do governo francês, em consequência da Guerra da Argélia, levou à queda da IV República e à ascensão ao poder do general Charles de Gaulle. Em 1961, um referendo popular concedeu a de Gaulle plenos poderes para negociar a paz com o governo provisório republicano da Argélia, formado pela FLN e com sede no Cairo. O setor mais reacionário do exército francês desfechou um golpe de Estado contra de Gaulle, cujo fracasso foi seguido de uma campanha terrorista de direita empreendida pela Organização do Exército Secreto, OAS, tanto na Argélia quanto na França. Em 1962, as negociações de paz culminaram na assinatura do Acordo de Evian, que pôs fim às hostilidades e reconheceua independência da Argélia. A guerra de libertação estendera-se por oito anos e provocara o êxodo de 900 mil colonos franceses, 500 mil refugiados e a morte de um milhão de argelinos. Independência da Argélia A independência de Moçambique (1975) Moçambique está situada na África oriental, nas costas do oceano Índico. Em 1962, Eduardo Mondlane fundou a Frelimo, Frente de Libertação de Moçambique, que, em 1964, desencadeou a resistência armada ao colonialismo português. Em 1969, após o assassinato de Mondlane num atentado promovido por agentes portugueses, a liderança da Frelimo passou a ser exercida por Samora Machel. Nessa época, as forças revolucionárias já controlavam um quinto do território moçambicano, principalmente as regiões situadas ao norte do país. No início da década de 1970, as forças portuguesas sofreram inúmeras derrotas, o que se transformou, inclusive, num dos fatores decisivos para a derrubada do regime fascista português pela Revolução dos Cravos, em 1974. No ano seguinte, o novo go- verno português reconhecia a independência da República Popular de Moçambique presidida por Samora Machel. 77 Revolução dos Cravos (1974) Foi o movimento que derrubou o regime salazarista em Portugal, em 1974, de forma a estabelecer as liberdades democráticas promoven- do transformações sociais no país. Após o golpe militar de 1926, foi estabelecida uma ditadura no país. No ano de 1932, Antônio de Oli- veira Salazar tornou-se primeiro-ministro das finanças e virtual di- tador. Salazar instalou um regime inspirado no fascismo italiano. As liberdades de reunião, de organização e de expressão foram suprimi- das com a Constituição de 1933. Portugal manteve-se neutro durante a Segunda Guerra Mundial. A recusa em conceder independência às colônias africanas estimu- lou movimentos guerrilheiros de libertação em Moçambique, Guiné- -Bissau e Angola. Em 1968, Salazar sofreu um derrame cerebral e foi substituído por seu ex-ministro Marcelo Caetano, que prosseguiu com sua política. A decadência econômica e o desgaste com a guerra co- lonial provocaram descontentamento na população e nas forças armadas. Isso favoreceu a aparição de um movi- mento contra a ditadura. No dia 25 de abril de 1974, eclodiu a revolução. A senha para o início do movimento foi dada à meia-noite por meio de uma emissora de rádio. Tratava-se da canção proibida pela censura, “Grândula Vila Morena”, de Zeca Afonso. Os militares fizeram com que Marcelo Caetano fosse deposto, o que resultou na sua fuga para o Brasil. A presidência de Portugal foi assumida pelo general António de Spínola. A população saiu às ruas para comemorar o fim da ditadura e distribuiu cravos, a flor nacional, aos soldados rebeldes em forma de agradecimento. (Disponível em: <historiadomundo.com.br>. Acesso em: 31 ago. 2015). A independência de Angola (1975) Angola, a maior e mais rica das províncias ultramarinas portuguesas, está situada na África ocidental, nas costas do oceano Atlântico. Em seu território há petróleo, diamantes, ferro, cobre, urânio e outros minerais. Em 1956, foi fundado o MPLA, Movimento Popular pela Libertação de Angola, que, em 1961, sob a lideran- ça de Agostinho Neto, deu início à guerrilha contra as forças colonialistas portuguesas. Surgiram, posteriormente, a FNLA, Frente Nacional de Libertação de Angola, e a Unita, União Nacional para a Independência total de Angola, movimentos de caráter regional e de base essencialmente tribais. Agostinho Neto 78 Após a queda do fascismo português em 1974, foi assinado o Acordo de Alvor, fixando a independência de Angola para o final de 1975 e criando um governo de transição formado por MPLA, FNLA e Unita. Pouco antes da independência, o Zaire, atual Congo, apoiado pela FNLA, invadiu Angola pelo Norte, enquanto a África do Sul, apoiada pela Unita, invadia Angola pelo Sul. Essa invasão de cunho neocolonialista foi apoiada pelos Estados Unidos. Em novembro de 1975, o MPLA assumiu o poder em Luanda, capital do país, e proclamou, unilateralmente, a independência de Angola, que mergulhou numa sangrenta guerra civil. O novo governo, presidido por Agostinho Neto, solicitou a ajuda de Cuba e do bloco socialista para fazer frente à invasão estrangeira. As forças do MPLA, apoiadas por tropas cubanas, iniciaram a “segunda guerra de libertação”, que culminou, em 1976, na vitória sobre a Unita e a FNLA e na expulsão dos mercenários sul-africanos e zairenses do território angolano. Em 1979, com a morte de Agostinho Neto, José Eduardo dos Santos assumiu a Presidência do país. reVolução chinesa País com mais de 10 milhões de quilômetros quadrados, a China teve seu território dividido em zonas de influência pelas potências europeias, pelos Estados Unidos e pelo Japão, após a derrota chinesa nas Guerras do Ópio (1840- 1842, 1856-1860) e na Guerra dos Boxers (1900). Em 1911, nacionalistas liderados por Sun Yat-sen promoveram uma rebelião, derrubaram a monarquia – di- nastia Manchu, que governava a China desde meados do século XVII – e criaram a República da China. No entanto, as divergências e rivalidades entre os “senhores da guerra”, chefes regionais influenciados pela herança feudal, impediram o surgimento de uma República autônoma e moderna. Além disso, foi um governo que quase nada pôde fazer contra as potências que dominavam o país. Sun Yat-sen Em 1921, foi fundado o Partido Comunista Chinês, inspirado na Revolução Russa de 1917, que lançou imediatamente uma campanha militar contra os “senhores da guerra”. Os comunistas aliaram-se ao Kuomintang, partido de cunho nacionalista, mas, em 1927, o líder desse partido, general Chiang Kai-shek, rompeu a aliança e massacrou milhares de comunistas em Xangai. Tinha início uma guerra civil que duraria 22 anos. Derrotados no Sul, os comunistas, sob a liderança de Mao Tsé-tung, realizam a chamada Longa Marcha em direção ao Norte. Lá organizaram a República Vermelha, resistindo aos ataques do Kuomintang e, ao mesmo tempo, lutando contra a ocupação japonesa desde 1937. Terminadas a Segunda Guerra Mundial e a aliança para expulsar os invasores japoneses, continuou a guerra civil. Os comunistas receberam a ajuda soviética e os nacionalistas foram auxiliados pelos Estados Unidos. Final- mente, em 1949, as forças lideradas por Mao Tsé-tung derrotam o Kuomintang e implantam a República Popular da China. Chiang Kai-shek fugiu para a ilha de Formosa, onde organizou um governo dissidente, recebendo pleno apoio dos EUA. 79 Mao Tsé-tung O novo governo chinês implantou uma radical reforma agrária. Aboliu os privilégios feudais, tornou a edu- cação obrigatória e criou as bases para uma rápida industrialização. Inicialmente, os chineses seguiram, em linhas gerais, as diretrizes adotadas pela União Soviética, consi- deradas adequadas, indiscriminadamente, a todos os países socialistas. Mas já no início da década de 1950, a Revolução Chinesa começou a seguir caminhos próprios, justificados no fato de a China ser de origem camponesa. Em 1958, Mao Tsé-tung lançou um ambicioso projeto denominado Grande Salto para a Frente. O plano pretendia “queimar etapas” na construção do socialismo, ou seja, formar um parque industrial amplo e diversifica- do. Em 1961, porém, os projetos de industrialização rápida entraram em colapso e, ainda nesse ano, em razão de atritos com a União Soviética, foram retirados do país os técnicos soviéticos, agravando-se a situação. Em 1966, teve início na China um período de grande turbulência política conhecido por Revolução Cultu- ral. Diante da paulatina perda de controle sobre o Partido Comunista, Mao Tsé-tung estimulou principalmente os jovens e o exército contra seus adversários internos. A Revolução Cultural foi, ao mesmo tempo, um extraordinário esforço de transformação ideológica e uma violenta e gigantesca depuração partidária, que afetou toda a estrutura política do país durante dez anos. Cartaz da Revolução Cultural com a imagemde Mao Tse-tung Em 1976, com a morte de Mao Tsé-tung, teve início um processo de “desmaoização”, em que as ideias e os adeptos da Revolução Cultural foram perdendo poder. A nova liderança do Partido Comunista e da nação, Deng Xiaoping, pôs em prática um novo plano de reorganização política e econômica da China e aprovou uma nova constituição, um novo plano decenal e um novo hino nacional. O desenvolvimento da economia chinesa acelerou-se quando o governo comunista decidiu abri-la às na- ções capitalistas. Esse processo de abertura econômica, todavia, não foi acompanhado de uma abertura política nos moldes da que se verificou na Europa. Em 1989, estudantes chineses que lutavam por mais liberdade foram violentamente reprimidos pelo exército na Praça da Paz Celestial. 80 c) desestabilização política e econômica dos países europeus. d) intervencionismo militar e messiânico dos estadunidenses. e) unificação religiosa e étnica dos povos nati- vos regionais. 3. (PUCRS) Considere as afirmativas abaixo, so- bre o processo de desco lonização na África, tal como este se apresentava nos anos 1950-1960. I. A divisão política determinada pelo reco- nhecimento formal de novas soberanias, que correspondiam às unidades territo- riais da África colonial, promovia a se- paração de etnias idênticas em diferen- tes Estados, dificultando o processo de cooperação continental preconizado pela Conferência dos Povos da África, de 1958. II. As independências formais outorgadas por algumas das principais potências me- tropolitanas no período não impediram estas de preservar muitos de seus inte- resses culturais, militares e econômicos nos novos países, reproduzindo laços de dependência por vezes expressos em pro- gramas de ajuda ao desenvolvimento. III. A fundação da Organização para a Uni- dade Africana, em 1963, foi uma inicia- tiva da África do Sul e buscava defender a soberania de seus membros, bem como contribuir para a completa erradicação do colonialismo no continente. Está/Estão correta(s) a(s) afirmativa(s): a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 4. (Fuvest) Examine a seguinte imagem, que foi inspirada pela situação da Índia de 1946. A leitura correta da imagem permite con- cluir que ela constitui uma crítica: a) à passividade da ONU e dos países do cha- mado Terceiro Mundo diante do avanço do fundamentalismo hindu no sudeste asiático. e.o. teste i 1. (Mackenzie) A foto acima, onde flores aparecem saindo dos orifícios das armas, flagrou o movimento de soldados portugueses durante a Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal, em 25 de abril de 1974. Esse momento revolucionário marcou: a) o fim do domínio colonial português sobre suas possessões na África: Moçambique, Gui- né-Bissau, Angola, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, poder exercido desde o período das Grandes Navegações. b) a revolta do Exército contra o fim da dita- dura militar, que perdurou até 1974, pois desejavam reivindicar a volta dos militares ao poder, assim como lutavam pelo prestígio das Forças Armadas. c) a luta armada, por parte das tropas portu- guesas, a favor da permanência do domínio “ultramar” ibérico sobre suas colônias afri- canas, apesar das lutas por emancipação tra- vadas no continente africano. d) o fim do regime ditatorial inaugurado por An- tónio Salazar (1932-1968), prolongado pelo governo de Marcelo Caetano, e o início do processo que viria a terminar com a implan- tação de um regime democrático em Portugal. e) o último momento de luta armada dentro do país, pois o processo de descolonização das colônias africanas sob o domínio português transcorreu de forma pacífica, apesar da re- sistência do Exército. 2. (Cefet-MG) Entre o final da Segunda Guer- ra Mundial e o final da década de 1960, o número de Estados internacionalmente re- conhecidos na Ásia quintuplicou. Na África, onde havia um país independente em 1939, agora eram cerca de cinquenta. O mapa do globo transformou- se de modo impressio- nante nesse período. O fenômeno descrito pode ser explicado pela(o): a) dependência cultural e social das regiões do terceiro mundo. b) crescimento industrial e populacional dos dois continentes. 81 b) à oficialização da religião muçulmana na Ín- dia, diante da qual seria preferível sua ma- nutenção como Estado cristão. c) ao colonialismo britânico, metaforicamente representado por animais ferozes prontos a destruir a liberdade do povo hindu. d) aos políticos que, distanciados da realidade da maioria da população, não seriam capa- zes de enfrentar os maiores desafios que se impunham à união do país. e) à desesperança do povo hindu, que deveria, não obstante as dificuldades pelas quais pas- sara durante anos de dominação britânica, ser mais otimista. 5. (ESPM) “Em 21 de dezembro de 1961, a Bél- gica concedeu autonomia interna a Ruanda e, em 28 de junho de 1962, a Assembleia Geral da ONU fixou para 1º de junho a su- pressão da tutela e a concessão da indepen- dência à Re pública Democrática de Ruanda, ressaltan do que o governo independente não seria monoétnico. Tal cuidado não foi sufi- ciente, pois os acontecimentos posteriores acaba ram culminando em um dos mais vio- lentos genocídios do século XX, estimando- -se o número de mortos em 1.074.017, ou seja, um sétimo da população de Ruanda.” (Leila Hernandez. A África na sala de aula) Em abril de 2014, completaram-se 20 anos do que ficou conhecido como genocídio de Ruanda. Diferenças, desigualdades, discri- minações raciais, econômicas, sociais e po- líticas alimentaram o ódio. O assassinato do presidente Juvenal Habyarimana, em atenta do ao avião em que viajava, foi o esto- pim do genocídio. Sobre o genocídio em Ruanda assinale a al- ternativa correta: a) foi praticado por mercenários belgas in- teressados na recolonização de Ruanda e ex- ploração de suas riquezas. b) foi praticado por ruandeses contra cida dãos europeus e norte-americanos acu sados de responsabilidade pela miséria em Ruanda. c) refletiu o ódio religioso entre cristãos e mu- çulmanos. d) refletiu o ódio dos ruandeses contra as Forças de Paz enviadas pela ONU para apaziguar as disputas entre diferentes grupos políticos. e) foi praticado pelo grupo étnico hutu con- tra a etnia tútsi e hutus moderados que for- mavam a oposição política no país, sendo que entre os mortos 93,7% eram tútsis. 6. (UFU) A partir de 1948, o Partido Nacio- nal, no poder na África do Sul, entregou-se à tarefa de transformar a separação em ba- ses raciais – já existente na sociedade sul- -africana – num complexo sistema legal e no fundamento real do Estado. Essencialmente preocupado em frear e impedir a vinda dos negros para as cidades, o governo branco ini- ciou a montagem do apartheid (apart-heid, “desenvolvimento separado”). LOPES, Marta Maria. O apartheid. São Paulo: Atual, 1990, p. 41. (Adaptado). O apartheid, cujo desmantelamento contou com a histórica liderança de Nelson Mande- la, estava originalmente relacionado: a) à política expansionista da África do Sul, no início do século XX, o que levou as potências estrangeiras a intervirem no país, instauran- do o apartheid. b) à luta dos escravos contra os senhores ingle- ses, que formavam a maioria da população sul-africana. c) à divisão territorial da África do Sul, no pós- -guerra, que foi apoiada pelas maiores po- tências capitalistas, interessadas nos lucros da atividade mineradora. d) às disputas imperialistas entre holandeses e ingleses, culminando na chamada Guerra dos Bôeres no final do século XIX. 7. (UECE) Os movimentos nacionalistas da Ar- gélia nasceram no final da Primeira Guerra Mundial e apresentaram diversas soluções. Divididos entre extremistas defensores de um país muçulmano: aqueles a favor da total colaboração com os franceses e aqueles que aprovavam a ajuda da França desde que fos- semreconhecidos plenos direitos políticos para os muçulmanos. Após anos de conflitos: a) a Argélia é proclamada independente em 1962, tornando-se um país que nasceu sob a marca de fortes contrastes entre os diferen- tes grupos de libertação. b) no ano de 1940, a França é derrotada pela Força de Libertação Nacional Argelina. c) em 1958, De Gaulle, defensor de uma “Argé- lia francesa”, concedeu autonomia e inde- pendência para aquele país. d) a França, para defender os seus interesses eco- nômicos, sobretudo em relação ao Sahara, em 1961, fez um acordo de colaboração mútua. 8. (PUCRJ) O Apartheid foi uma política de se- gregação racial adotada pela República da África do Sul na segunda metade do século XX (1948-1994). Sobre esse período, analise as afirmativas a seguir: 82 I. Nas cidades a população negra era proibi- da de manter negócios em áreas destina- das aos brancos, assim como era impedi- da de circular livremente. II. Os negros eram excluídos do governo nacional e não podiam votar, exceto em eleições para instituições voltadas para a população negra, que não tinham qual- quer poder de fato. III. A política de segregação isolava a popula- ção negra em guetos e realizava uma polí- tica de miscigenação da população negra como forma de garantir a dominação bran- ca. IV. A maioria das terras produtivas foi des- tinada à população branca o que resultou no confisco da propriedade e na remoção forçada de milhões de negros. Assinale: a) se somente as afirmativas I e II e III estive- rem corretas. b) se somente as afirmativas III e IV estiverem corretas. c) se somente as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. d) se somente as afirmativas II, III e IV estive- rem corretas. e) se todas as afirmativas estiverem corretas. 9. (UECE) Há muito tempo o continente afri- cano tem sido palco de conflitos violentos. Em Angola, o confronto envolveu organiza- ções armadas que disputavam o poder desde a independência daquele país. Na República Democrática do Congo, as disputas envol- veram o Estado e grupos armados; na Serra Leoa, a guerra civil durou de 1991 a 2002. Intermediários interessados na guerra, em alguns casos, a estimulam fornecendo armas e soldados; em outros casos, apoiam gover- nos ou a guerrilha de oposição. Os produtos disputados pelo Estado e por grupos arma- dos nesses três países Africanos são: a) diamante e petróleo. b) defensivos agrícolas e gás natural. c) metais e produtos farmacêuticos. d) alimentos industrializados e tecidos. 10. (Fuvest) Entre os fatores que permitem as- sociar o contexto histórico de Portugal, na década de 1970, às independências de suas colônias na África, encontram-se: a) o Salazarismo, que dominou Portugal des- de a década de 1930, e a intensificação dos laços coloniais com Cabo Verde e Guiné-Bis- sau, 40 anos depois. b) a influência política e militar do Pacto de Varsóvia, no norte do continente africano, e o surgimento de movimentos contra o apar- theid nas colônias portuguesas. c) o não cumprimento, por Portugal, da exigên- cia internacional de que libertasse suas colô- nias africanas e sua exclusão da Comunidade Europeia, no princípio da década de 1970. d) a Revolução dos Cravos, de 1974, que encer- rou o longo período ditatorial português, e a ampliação dos movimentos de libertação nacional, como os de Angola e Moçambique. e) o imediato cessar-fogo estabelecido pelo regime democrático português, implantado em 1974, e o fim dos conflitos internos nas colônias portuguesas da África. e.o. teste ii 1. (Acafe) Durante o período da Guerra Fria as ideias do pan-africanismo e o pan-arabismo foram relevantes na afirmação de diversos movimentos de libertação e de independên- cia na África e Oriente Médio. Acerca desses movimentos e de suas proposi- ções e correlações é correto afirmar, exceto: a) No Oriente Médio, o pan-arabismo teve no presidente egípcio Gamal Abdel Nasser uma de suas principais lideranças. Nasser defen- dia a união dos povos árabes contra a forte presença dos EUA e de Israel. b) Das potências europeias coloniais, França e Reino Unido apoiaram a agenda dos dois movimentos, já que viam os mesmos como forma de impedir a expansão dos interesses soviéticos na África e no Oriente Médio. c) O pan-africanismo inspirou vários movimen- tos de libertação nesse continente. A inten- ção de criar “uma identidade africana” era instrumento ideológico de aproximação dos povos na luta contra as metrópoles. d) Outro alvo do movimento pan-africanista era o racista regime sul-africano que se per- petuou no poder através do Apartheid, por décadas. 2. (Fgv) Não é absurdo pensar que o único tipo de transgressão que o governo nunca previu foi a negação deliberada e prática de sua au- toridade [...]. Sob um governo que prende qualquer ho- mem injustamente, o único lugar digno para um homem justo é também a prisão. THOREAU, H. “Desobedecendo”. A desobediência civil e outros ensaios. Trad., Rio de Janeiro: Rocco, 1984, p. 36 e 38. Henry Thoreau foi um ativista estaduniden- se do século XIX que influenciou, com suas ideias, diversos movimentos políticos poste- riores. Entre eles, podemos identificar: a) o nazismo, exemplificado pela prisão de Hi- tler, quando escreveu o livro Mein Kampf. b) a revolução cubana, marcada pela intensa movimentação da sociedade civil. 83 c) o peronismo e a sua proposta de organização social e política, baseada nos sindicatos. d) o franquismo e sua perspectiva de separação entre Igreja e Estado na Espanha. e) a resistência pacífica liderada por Mahatma Gandhi, pela independência da Índia. 3. (Fuvest) Fosse com militares ou civis, a África esteve por vários anos entregue a ditadores. Em alguns países, vigorava uma espécie de semide- mocracia, com uma oposição consentida e con- trolada, um regime que era, em última análise, um governo autoritário. A única saída para os insatisfeitos e também para aqueles que tinham ambições de poder passou a ser a luta arma- da. Alguns países foram castigados por ferozes guerras civis, que, em certos casos, foram alon- gadas por interesses extracontinentais. Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008, p. 139. Entre os exemplos do alongamento dos con- flitos internos nos países africanos em fun- ção de “interesses extracontinentais”, a que se refere o texto, pode-se citar a participação: a) da Holanda e da Itália na guerra civil do Zai- re, na década de 1960, motivada pelo con- trole sobre a mineração de cobre na região. b) dos Estados Unidos na implantação do apar- theid na África do Sul, na década de 1970, devido às tensões decorrentes do movimento pelos direitos civis. c) da França no apoio à luta de independên- cia na Argélia e no Marrocos, na década de 1950, motivada pelo interesse em controlar as reservas de gás natural desses países. d) da China na luta pela estabilização política no Sudão e na Etiópia, na década de 1960, motivada pelas necessidades do governo Mao Tse-Tung em obter fornecedores de petróleo. e) da União Soviética e Cuba nas guerras civis de Angola e Moçambique, na década de 1970, motivada pelas rivalidades e interesses geo- políticos característicos da Guerra Fria. 4. (UEPB) Foi a partir de 1945, com o fim da 2ª Guerra Mundial, que o processo de desco- lonização na Ásia e na África ganhou força. Até o início da década de 70 do século XX, cerca de 40 países reafirmaram suas inde- pendências, se opondo à dominação efeti- vada pelas potências capitalistas do mundo ocidental. Assinale a alternativa que possui três fatores que influenciaram na descolonização afro- -asiática. a) Transferência tecnológica e cultural do colo- nizador para o colonizado, que possibilitou o desenvolvimento \ Confronto das condições materiais de vida entre colonizados e colo- nizadores \ Influência das ideias socialistas nascolônias afro-asiáticas. b) Constatação das potências capitalistas de que os países afro-asiáticos nada tinham a ofe- recer \ Surgimento de ideias libertárias nas colônias \ Confronto das condições materiais de vida entre colonizados e colonizadores. c) Reorientação das atenções geopolíticas das potências para a América Latina \ Confronto das condições materiais de vida entre colo- nizados e colonizadores \ Pressão exercida pelo Bloco Socialista para que EUA e Ingla- terra abandonassem suas colônias. d) Influência das ideias socialistas nas colônias afro-asiáticas \ Sucessão de tragédias natu- rais nos países afro-asiáticos, que escasseou o fornecimento de matérias-primas \ Grave crise econômica na Europa e nos Estados Unidos entre as décadas de 40 e 50. e) Transferência tecnológica e cultural do co- lonizador para o colonizado, que possibili- tou o desenvolvimento \ Reorientação das atenções geopolíticas das potências para a América Latina \ Forte pressão diplomática, exercida pela ONU, para que o processo de descolonização realmente fosse iniciado. 5. (Ufrgs) O processo de descolonização das pos- sessões portuguesas, ocorrido no último quar- tel do século XX, teve início com a chamada Revolução dos Cravos, que marcou a retirada lusitana da África. A esse respeito, considere as seguintes afir- mações. I. Na Guiné-Bissau, em Angola e em Mo- çambique, os movimentos nacionalistas que chegaram ao poder tiveram apoio so- viético e cubano. II. Na maioria dos novos países, houve guer- ras civis pela disputa do poder, com ex- ceção de Angola, onde os diferentes mo- vimentos nacionalistas implantaram um governo de coalizão, marcado pela conci- liação política. III. A descolonização provocou o retorno a Por- tugal de cerca de meio milhão de pesso- as, agravando a situação de crise no país. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas ll. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 6. (FGVRJ) Até que a filosofia que sustenta uma raça Superior e outra inferior Seja finalmente e permanentemente desa- creditada e abandonada, Haverá guerra, eu digo, guerra. (...) Até que os regimes ignóbeis e infelizes, 84 Que aprisionam nossos irmãos em Angola, em Moçambique, África do Sul, em condições subumanas, Sejam derrubados e inteiramente destruídos, haverá Guerra, eu disse, guerra. (...) Até esse dia, o continente africano Não conhecerá a paz, nós, africanos, lutaremos, Se necessário, e sabemos que vamos vencer, Porque estamos confiantes na vitória Do bem sobre o mal, Do bem sobre o mal... A canção War foi composta por Bob Marley, em 1976, a partir do discurso pronunciado pelo impe- rador da Etiópia, Hailé Selassié (1892-1975) em 1936, na Liga das Nações. As ideias do discurso, presentes na letra da canção acima, estão associadas: a) ao darwinismo social, que propunha a superioridade africana sobre as demais raças humanas. b) ao futurismo, que consagrava a ideia da guerra como a higiene e renovação do mundo. c) ao pan-africanismo, que defendia a existência de uma identidade comum aos negros africanos e a seus descendentes. d) ao sionismo, que defendia que o imperador Selassié era descendente do rei Salomão e da rainha de Sabá e deveria assumir o governo de Israel. e) ao apartheid, que defendia a superioridade branca e a política de segregação racial na África do Sul. 7. (UPF) Analise a charge abaixo que apresenta alguns elementos dos processos de descolonização ou libertação da África negra durante o século XX. Aponte a assertiva correta com base na imagem e na história do processo de independência das colônias africanas. Fonte: http://www.cantacantos.com.br/blog/wpconternt/gallery/alves-nacao-zumbi.jpg a) A descolonização foi uma iniciativa dos colonizadores, que, conscientes da importância do princípio de autodeterminação dos povos, afastam-se para deixar que cada nação africana ainda regida por eu- ropeus seja independente. b) Muitas lideranças africanas implementaram ditaduras pautadas na força quando da sua independência em relação aos europeus. c) A luta anticolonial foi estimulada pela Segunda Guerra Mundial, quando soldados das colônias foram incorporados aos exércitos nas batalhas da Europa e obtiveram direitos políticos para suas nações em função de sua participação na derrocada do nazifascismo. d) Apesar de alguns líderes africanos terem se destacado na luta pela independência, o processo foi so- lucionado de forma pacífica, evidenciando a conscientização de todos os envolvidos. e) O Pan-Africanismo visava congregar as nações independentes em entidades desportivas que auxilias- sem na sua afirmação identitária nacional, fazendo uso da Copa da África, Copa do Mundo e Olimpíadas para reforçar a união de suas populações. 8. (UFSM) “A primeira coisa, portanto, é dizer-vos a vós mesmos: Não aceitarei mais o papel de es- cravo. Não obedecerei às ordens como tais, mas desobedecerei quando estiverem em conflito com a minha consciência. O assim chamado patrão poderá sussurrar-vos e tentar forçar-vos a servi-lo. Direis: Não, não vos servirei por vosso dinheiro ou sob ameaça. Isso poderá implicar sofrimentos. 85 Vossa prontidão em sofrer acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apaga- da.” (Mahatma Gandhi) In: MOTA, Myriam; BRAICK, Patrícia. História das cavernas ao Terceiro Milênio. São Paulo: Moderna, 2005. p.119. “Acenderá a tocha da liberdade que não pode jamais ser apagada” são palavras de Mahat- ma Gandhi (1869-1948) que, no contexto da Guerra Fria, inspiraram movimentos como: a) o acirramento da disputa por armamentos nucleares entre os EUA e a URSS, objeti- vando a utilização do arsenal nuclear como instrumento de dissuasão e amenização das disputas. b) a reação dos países colonialistas europeus visando a diminuir o poder da Assembleia Geral da ONU e reforçar o poder do Secretá- rio Geral e do Conselho de Segurança. c) as concessões unilaterais de independência às colônias que concordassem em formar alianças econômicas, políticas e estratégicas com suas antigas metrópoles, como a Comu- nidade Britânica de Nações e a União Fran- cófona. d) o reforço do regime de “apartheid” na África do Sul que, após prender o líder Nelson Man- dela e condená-lo à prisão perpétua, pro- curou expandir a segregação racial para os países vizinhos, como a Rodésia e a Namíbia. e) o não alinhamento político, econômico e militar aos EUA ou à URSS, decisão tomada pelos países do Terceiro Mundo reunidos na Conferência de Bandung, na Indonésia. 9. (UFF) Ao se referir à sociedade da então co- lônia portuguesa Guiné Bissau, o historiador Armando Castro afirmou: “As autoridades coloniais utilizam, para os castigos corporais, a palmatória, o chicote e a vergasta. Nas transações, os brancos prati- cam correntemente o roubo: roubo nos pre- ços, nas quantidades, nas qualidades. Vai-se, nesta sociedade colonialista, até o despre- zo total pela vida dos africanos. Morrem no trabalho de abate das árvores, na reco- lha do coconote e nos trabalhos públicos ou afogam-se nos pântanos, quando se fazem as secagens, etc. Há alguns anos, dezenas de trabalhadores africanos encontraram a mor- te nos trabalhos dos pântanos de Bissau. A mulher africana é vítima de numerosos cri- mes: violações, prostituição etc.” CASTRO, A. O Sistema Colonial Português em África (meados do século XX). 2ª ed. Lisboa:Caminho, 1980, p. 366. O texto acima mostra as consequências do processo de colonização. Ao se juntarem as duas pontas, colonização e descolonização, pode-se afirmar sobre a descolonização que: a) o processo de independência dos países afri- canos foi iniciado no imediato pós segunda guerra mundial. No entanto, a instabilidade política e econômica de muitas das nações é ainda uma realidade, já que os estados na- cionais africanos herdaram a diferenciação étnica e cultural e a estrutura de poder de suas antigas metrópoles. b) a descolonizaçãoconstitui-se num processo histórico marcado por intensa mobilização internacional a favor da libertação das áreas coloniais. Os debates em prol da indepen- dência dos países africanos tiveram como protagonistas os representantes do governo francês que, desde os anos 1940, defende- ram a libertação pacífica do povo africano. c) apesar do caráter marcadamente violento da colonização portuguesa na Argélia, sua independência ocorreu de forma pacífica. O novo país foi beneficiado pelos embates políticos entre os Estados Unidos e a União Soviética no contexto geral da Guerra Fria. d) os países africanos são um mosaico muito diferenciado de culturas e de desigualdades sociais. Alguns países, como a Somália, po- dem ser considerados em vias de desenvol- vimento, outros, como Angola, não têm o seu governo reconhecido pelos organismos internacionais. e) as migrações africanas são o resultado das dificuldades de adaptação de algumas etnias às normas democráticas de representação das minorias nos parlamentos. Por isso, a análise do fenômeno migratório deve levar em conta que há legítimos valores culturais que sustentam e legitimam a supremacia de uma etnia sobre a outra. 10. (UFU) Leia atentamente o texto a seguir. O imperialismo não acabou, não virou de repente “passado” ao se iniciar, com a descolonização, a desmontagem dos impé- rios clássicos. Toda uma herança de víncu- los ainda liga países como Argélia e Índia à França e Inglaterra, respectivamente. Um novo e imenso continente de mulçumanos, africanos e centro-americanos dos antigos territórios coloniais agora reside na Europa metropolitana; mesmo a Itália, Alemanha e Escandinávia têm, hoje, de enfrentar esses movimentos populacionais, que em larga medida resultam do imperialismo e da des- colonização, bem como da expansão da po- pulação europeia. Ademais, o fim da Guerra Fria e da União Soviética alterou definitiva- mente o mapa mundial. SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 349. Sobre o processo de descolonização, marque a alternativa correta. a) O processo de descolonização se deu de for- ma pacífica e de modo homogêneo a partir da queda da União Soviética, reconhecendo- -se a soberania política de inúmeros povos. 86 b) O processo de descolonização afro-asiática possibilitou a independência política dos Estados, dando início ao que se denominou neocolonialismo, tendo sido mantidas a dependência e os vínculos econô- micos. c) A descolonização na África e na Ásia significou a oportunidade de os povos se colocarem em movimen- to, uma vez que sua soberania havia sido reconhecida e sua cultura respeitada. d) Os processos de descolonização ocorreram com o fim da Guerra Fria, pois foi necessário que os membros dos dois antigos blocos negociassem a independência com suas colônias. e.o. teste iii 1. (Fuvest) África vive (...) prisioneira de um passado inventado por outros. Mia Couto, Um retrato sem moldura, In: HERNANDEZ, Leila, A África na sala de aula. São Paulo: Selo Negro, p.11, 2005. A frase acima se justifica porque: a) os movimentos de independência na África foram patrocinados pelos países imperialistas, com o obje- tivo de garantir a exploração econômica do continente. b) os distintos povos da África preferem negar suas origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural africana. c) a colonização britânica do litoral atlântico da África provocou a definitiva associação do continente à escravidão e sua submissão aos projetos de hegemonia europeia no Ocidente. d) os atuais conflitos dentro do continente são comandados por potências estrangeiras, interessadas em dividir a África para explorar mais facilmente suas riquezas. e) a maioria das divisões políticas da África definidas pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais, mesmo após os movimentos de independência. 2. (Unesp) No início dos anos 1990, o presidente Frederik de Klerk declarou oficialmente o fim do apartheid na África do Sul. Esta política racista: a) prevaleceu durante toda a história independente do país e assegurou o convívio harmonioso de bran- cos e negros sul-africanos. b) foi implantada após o final da Segunda Guerra Mundial e prolongou o domínio britânico sobre o país por mais cinquenta anos. c) vigorou por mais de quarenta anos e foi um dos instrumentos da minoria branca sul-africana para se impor à maioria negra. d) foi encerrada apesar do amplo apoio internacional e revelou a dificuldade dos africanos de solidifica- rem suas instituições políticas. e) determinou o prevalecimento socioeconômico de uma elite mestiça e aprofundou as relações interra- ciais no país. 3. (UECE) Vários fatores contribuíram para o processo de descolonização afro-asiática que culminou, de fato, na quebra dos elos coloniais há muito tempo presentes no continente africano e no con- tinente asiático. Assinale a alternativa que melhor sinaliza os principais fatores desse processo. a) Perda da hegemonia europeia, graças ao desgaste material e humano provocado pelas duas grandes guerras, e o desenvolvimento do sentimento nacionalista nos povos colonizados. b) Os acordos pactuados entre os EUA e a União Soviética, após a Primeira Guerra Mundial, comprome- tendo-se em não interferir em ambos os continentes. c) Várias insurreições e movimentos emancipatórios dos vários países afro-asiáticos que se organizaram livremente e lutaram por sua independência após o final da Primeira Guerra Mundial. d) Ausência de princípios de autodeterminação entre os diferentes povos afro-asiáticos que os impulsionasse a se libertar do domínio europeu. 87 4. (PUCRJ) A partir da observação dos mapas a seguir sobre a Descolonização no Sudeste Asiático e na África, entre 1945 e 1990, é CORRETO afirmar que: a) na década de 1960, observou-se um declínio dos processos de independência na África e na Ásia pro- vocado pelo acirramento da Guerra Fria envolvendo as potências colonizadoras. b) a Ásia precedeu a África no processo de descolonização, devido ao fato de os grandes impérios ali existentes terem mantido suas tradições políticas e culturais e resistido ao processo de modernização capitalista iniciado com o Imperialismo. c) o processo de descolonização da maior parte dos territórios da África e do Sudeste Asiático ocorreu na década de 1950 devido à influência das resoluções tomadas na Conferência de Bandung, em 1955. d) na década de 1970, ocorreram na África os últimos movimentos de independência nas regiões coloni- zadas pelos portugueses, fato relacionado à ascensão da ditadura de Salazar em Portugal. e) o processo de descolonização da África e da Ásia ganhou força a partir do final da 2ª Guerra Mundial, momento de declínio político da Europa e de crescimento das aspirações de independência dos povos dominados. 5. (Ufv) O vasto império colonial português na África, cujas origens se encontram na expansão ultra- marina no século XV, começou a ruir a partir da década de 50 do século XX, quando suas colônias iniciam as lutas pela independência. Esse processo estava associado ao fim do Imperialismo e do Colonialismo, com a emancipação das colônias europeias na África e na Ásia. Dentre as opções abaixo, assinale aquela que NÃO está diretamente associada ao fim do Imperialismo e do Colonia- lismo afro-asiático. a) A ampliação do poder econômico e político dos Estados Unidos e da União Soviética. b) As transformações políticas, econômicas, sociais e ideológicas causadas pela Segunda Grande Guerra. c) A ampliação dos movimentos de caráter nacionalista. d) O declínio da hegemonia europeia iniciado na Primeira Guerra Mundial. e) As pressões da China comunista pela ampliação de sua área de influência na Ásia e na África ocidental. e.o. DissertatiVo 1. (Unicamp) Na origem do pitoresco há a guerra e a repulsa em compreender o inimigo: na verdadenossas luzes sobre a Ásia vieram, inicialmente, de missionários irritados e de soldados. Mais tarde chegaram os viajantes - comerciantes e turistas - que são militares frios: o saque se denomina shopping e as violações são praticadas honrosamente nas casas especializadas. (...) Criança, eu era vítima do pitoresco: tinham feito tudo para tornar os chineses apavorantes (...). (Adaptado de Jean-Paul Sartre, Colonialimos e Neocolonialismo) 88 a) Retire do texto dois personagens da coloni- zação europeia da Ásia e da África do século XVI ao século XX e explique qual o seu papel na exploração e dominação colonial. b) Explique como a Revolução Cultural Chine- sa de 1968 se posicionou frente aos valores econômicos e culturais do Ocidente. 2. (Unicamp) Na formação do pensamento nacionalista de países como Angola, Cabo Verde e Moçambique, a cultura brasileira de- sempenhou um forte papel no processo de conscientização de muitos setores da inte- lectualidade africana, fornecendo parâme- tros, em imagens diferenciadas, que se con- trapunham ao modelo lusitano. (Adaptado de Rita Chaves, em Victor Andrade de Mello, “O esporte e a construção da nação: apontamentos sobre Angola.” http://www.afroasia.ufba.br/pdf/ AA_40_VAMelo.pdf. Acessado em 08/08/2013.) a) Explique como Angola, Moçambique e Cabo Verde assimilaram a cultura brasileira. b) Estabeleça conexões entre a Revolução dos Cravos e a África Portuguesa na década de 1970. 3. (Ufpr) “A descolonização, essa ‘troca de so- berania’, não teve como causa exclusiva a luta dos povos por sua libertação.” (FERRO, Marc. História das colonizações: das conquistas à independência – séculos XIII a XX. SP: Cia das Letras, 1996, p. 346) Comente essa frase, dissertando sobre os fa- tores que influenciaram de forma geral os movimentos de emancipação nacional das colônias europeias na Ásia e na África dos anos 1940 a 1970. Em seguida, explique por que o autor referiu-se à descolonização como “troca de soberania”. 4. (PUCRJ) A foto acima registra os representantes da China (Zhou Enlai) e da Índia (J. Nehru) na conferência de países “não alinhados”, rea- lizada em Bandung, na Indonésia, em abril de 1955. Considerando a importância desse encontro político, faça o que se pede. a) Cite e explique um dos objetivos da reunião em Bandung. b) Explique o princípio do “não alinhamento” que marcou essa conferência. 5. (UFF) Ao visitarem a Índia em 1912, o ca- sal de sociólogos ingleses, Beatriz e Sidney Webb, afirmaram: “Igualmente claro é que o indiano às vezes é um trabalhador excepcionalmente relutante para suar. Ele não se importa muito com o que ganha. Prefere quase definhar de fome do que trabalhar demais. Por mais baixo que seja seu nível de vida, seu nível de trabalho é ainda menor – pelo menos quando está tra- balhando para um patrão que não lhe agrada. E suas irregularidades são impressionantes!” (Beatriz e Sidney Webb, 1912. Apud: Said, Edward. Cultura & Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 259). A leitura do texto acima sugere uma situação de tensão no domínio colonial inglês na Índia. a) Indique duas razões para a luta pela inde- pendência da Índia em 1947; b) Analise a utilização do trabalho como forma de resistência no processo de independência indiano. 6. (Unesp) Muitas áreas de domínio europeu na Ásia e na África obtiveram suas inde- pendências nas décadas de 1940 e 1950. Cite dois casos de países que se tornaram independentes nesse período e indique uma possível explicação para a simultaneidade da descolonização em áreas tão distintas. 7. (UFRJ) “Ouvimos com frequência que o ‘co- lonialismo está morto’. Não nos deixemos en- ganar ou mesmo ser tranquilizados por isso. Eu lhes digo, o colonialismo ainda não está morto. Como podemos dizer que está morto enquanto grandes áreas da Ásia e da África não forem livres? E lhes peço que não pensem em colonialismo apenas na forma clássica que nós da Indo- nésia e nossos irmãos em diferentes partes da Ásia ou da África conhecemos. O colonia- lismo tem também uma roupagem moderna, sob a forma de controle econômico, controle intelectual, controle físico real por uma co- munidade pequena, porém estrangeira, den- tro de uma nação. É um inimigo hábil e de- terminado, que aparece sob diversas formas. Não desiste facilmente de sua presa. [...] Não há muito tempo, afirmamos que a paz era necessária para nós porque a eclosão de uma luta em nossa parte do mundo colocaria em perigo a nossa preciosa independência, há tão pouco tempo obtida a tão alto preço.” (SUKARNO, Ahmed. Discurso de abertura da Conferência Afro-Asiática de Bandung, 1955) 89 A Conferência de Bandung realizou-se em abril de 1955, na Indonésia, com a presença de repre- sentantes de 29 países da África e da Ásia, entre eles líderes que haviam participado da luta pela independência de seus países, como o orador (primeiro presidente da Indonésia independente), Nehru (da Índia) e Nasser (do Egito). Cite dois princípios adotados por essa Conferência em sua declaração final. 8. (Unicamp) À meia-noite de 15 de agosto de 1947, quando Nehru anunciava ao mundo uma Índia independente, trens carregados de hindus e muçulmanos, que associavam a religião às causas de uma ou outra comunidade, cruzavam a fronteira entre a Índia e o novo Paquistão, em uma das mais cruéis guerras civis do século XX. Gandhi, profundamente comovido, começava um novo je- jum, tentando a conciliação. Mais tarde, já alcançada a Independência, foram as diferenças entre hindus e muçulmanos que levaram Nehru, primeiro-ministro da Índia, a separar religião e Estado, para que as minorias religiosas, como os muçulmanos, não fossem vitimadas pela maioria hindu. (Adaptado de Cielo G. Festino, “Uma praja ainda imaginada: a representação da Nação em três romances indianos de língua inglesa”. São Paulo: Nankin/Edusp, 2007, p.23.) a) De acordo com o texto, que razões levaram Nehru a separar religião e Estado, após a Independência da Índia? b) Quais os métodos empregados por Gandhi na luta contra o domínio inglês na Índia? 9. (Cesgranrio) Há sessenta anos, com a proclamação da República Popular da China, nascia a maior nação comunista do planeta. Durante esse período, o panorama mundial se transformou, e sucessi- vos governos chineses promoveram campanhas e reformas que imprimiram ao país um novo perfil. Em 1949, a vitória da Revolução levou Mao-Tsé-Tung à presidência da recém-proclamada República Popular da China. Analise o panorama político mundial da época, explicando dois fatores que conduziram a popula- ção chinesa à Revolução. 10. (UFC) Um aspecto fundamental da Guerra Fria (com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945) foi a reorganização das alianças internacionais e o recrudescimento das relações entre nações que pouco tempo antes estavam aliadas. De um lado estava a União Soviética, parte significativa da Europa Oriental e a China (após 1949), e do outro lado, a Europa Ocidental com o apoio explícito dos Estados Unidos, Canadá e os governos dos países da America Latina. Assim, a Guerra Fria representou uma busca permanente pelo equilíbrio de poder entre as duas potências globais. Mesmo que a disputa nunca tenha resultado em um conflito bélico direto entre os Estados Unidos e a União Soviética, em outros continentes como a África, a Ásia, a América Latina e no Caribe, a Guerra Fria foi marcada por conflitos armados prolongados, passando a se incorporar à geopolítica das lutas anticoloniais e de libertação nacional. a) Identifique dois países asiáticos com os quais os Estados Unidos estiveram envolvidos diretamente em conflitos militares depois de 1945. b) Cite três países africanos de língua portuguesa que iniciaram processos de libertação nacional na dé- cada de 1960. c) Explique as razões apresentadas pelos Estados Unidos para a invasão da Baía dos Porcos (Cuba), em abril de 1961. 90 e.o. enem 1. O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequênciassociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando: a) a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano. b) o apoio da população hindu a prisão de Gandhi. c) o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa. d) a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi. e) a indiferença das autoridades britânicas frente ao apelo popular hindu. 2. Um professor apresentou os mapas a seguir numa aula sobre as implicações da formação das fron- teiras no continente africano. Divisão Política Divisão Étnica A S FR ON TE IR A S ÉT NI CA S E PO LÍ TI CA S DA Á FR IC A (Atualidades/Vestibular 2005, 1º sem., ed. Abril, p.6) Com base na aula e na observação dos mapas, os alunos fizeram três afirmativas: I. A brutal diferença entre as fronteiras políticas e as fronteiras étnicas no continente africano aponta para a artificialidade em uma divisão com objetivo de atender apenas aos interesses da maior potência capitalista na época da descolonização. II. As fronteiras políticas jogaram a África em uma situação de constante tensão ao desprezar a diversidade étnica e cultural, acirrando conflitos entre tribos rivais. III. As fronteiras artificiais criadas no contexto do colonialismo, após os processos de independên- cia, fizeram da África um continente marcado por guerras civis, golpes de estado e conflitos étnicos e religiosos. 91 É verdadeiro apenas o que se afirma em: a) I. b) II. c) III. d) l e ll. e) ll e lll. 4. 1 – “(...) O recurso ao terror por parte de quem já detém o poder dentro do Estado não pode ser arrolado entre as formas de terroris- mo político, porque este se qualifica, ao con- trário, como o instrumento ao qual recorrem determinados grupos para derrubar um gover- no acusado de manter-se por meio do terror”. 2 – Em outros casos “os terroristas comba- tem contra um Estado de que não fazem par- te e não contra um governo (o que faz com que sua ação seja conotada como uma forma de guerra), mesmo quando por sua vez não representam um outro Estado. Sua ação apa- rece então como irregular, no sentido de que não podem organizar um exército e não co- nhecem limites territoriais, já que não pro- vêm de um Estado”. (Dicionário de Política (org.) BOBBIO, N., MATTEUCCI, N. e PASQUINO, G., Brasília: Edunb,1986.) De acordo com as duas afirmações, é possível comparar e distinguir os seguintes eventos históricos: I. Os movimentos guerrilheiros e de liberta- ção nacional realizados em alguns países da África e do sudeste asiático entre as décadas de 1950 e 70 são exemplos do primeiro caso. II. Os ataques ocorridos na década de 1990, como às embaixadas de Israel, em Bue- nos Aires, dos EUA, no Quênia e Tanzâ- nia, e ao World Trade Center em 2001, são exemplos do segundo caso. III. Os movimentos de libertação nacional dos anos 50 a 70 na África e sudeste asi- ático, e o terrorismo dos anos 90 e 2001 foram ações contra um inimigo invasor e opressor, e são exemplos do primeiro caso. É correto o que se afirma apenas em: a) I. b) II. c) I e II. d) I e III. e) II e III. Gabarito E.O. Teste I 1. D 2. C 3. C 4. D 5. E 6. D 7. A 8. C 9. A 10. D E.O. Teste II 1. B 2. E 3. E 4. A 5. C 6. C 7. B 8. E 9. A 10. B E.O. Teste III 1. E 2. C 3. A 4. E 5. E E.O. Dissertativo 1. a) Poderíamos citar como personagens da colonização europeia na Ásia e na África os soldados, responsáveis pelo controle militar e imposição da autoridade do co- lonizador e os missionários responsáveis por levarem a cultura religiosa dos euro- peus aos povos dessas regiões. b) A Revolução Cultural Chinesa procurou rejeitar os valores culturais do Ocidente que chegaram à China desde o século XVI e a não aceitação da sociedade de con- sumo ocidental e do modelo econômico capitalista. 2. a) Os países africanos de Angola, Moçambi- que e Cabo Verde assimilaram a cultura brasileira devido a presença de progra- mas de TV, novelas e ritmos musicais brasileiros, o esporte e as expressões linguísticas tipicamente brasileiras assu- mindo um papel importante na constru- ção identitária desses países afastada da antiga metrópole. b) A Revolução dos Cravos na década de 1970 em Portugal pôs fim ao longo regime dita- torial do salazarismo e restabeleceu a de- mocracia no país. Como parte do aspecto democrático assumido pelo regime, reco- nheceu-se a soberania e a independência das regiões africanas que estavam sob do- mínio português até esse momento. 3. Após a Segunda Guerra Mundial e o enfra- quecimento dos países europeus, ampliaram- -se as lutas por liberdade e independência na Ásia e na África muitas vezes coordenada pelas então potências hegemônicas de Esta- dos Unidos e União Soviética, mas também guiadas por sentimentos nacionalistas no interior das regiões colonizadas. No entanto, 92 a independência dos países africanos e asiá- ticos, na maioria dos casos, não representou uma transformação significativa na vida das populações que até então viviam sob a domi- nação europeia, ocasionando em uma “troca de soberania”, por vezes tutelada por EUA e URSS e por vezes tutelada por elites locais, ou seja, mantendo o caráter dependente das regiões emancipadas. 4. a) Podemos citar como objetivo da Confe- rência de Bandung a defesa dos movi- mentos de independência nacional ocor- ridos nos países africanos e asiáticos, o combate à pobreza e à exploração econô- mica e o combate ao colonialismo. A Con- ferência de Bandung esteve relacionada com o processo de descolonização vivido pelos continentes asiático e africano. O principal tema da Conferência tratou das lutas nacionais pela independência e do alinhamento internacional dos países libertos. b) O princípio do não alinhamento desen- volvido pelos países do Terceiro Mundo durante a Conferência de Bandung pro- curava desvincular os países da órbita de influência direta de Estados Unidos e União Soviética, ou seja, estabelecer um equilíbrio nas relações entre os países. 5. a) As razões que levaram a luta pela inde- pendência na Índia foram o nacionalis- mo desenvolvido ao longo do século XX por intelectuais hindus, os interesses de elites locais pela autonomia do país, o enfraquecimento da Inglaterra como potência global após a Segunda Guerra Mundial e o movimento de desobediência civil proposto por Mahatma Gandhi que procurava não se submeter às imposições inglesas. b) A não adaptação do indiano ao trabalho no ritmo industrial estabelecido na In- glaterra desde a segunda metade do sé- culo XVIII caracterizava uma forma de resistência, pois o aproximava do estilo de vida tradicional desenvolvido na Índia antes da colonização inglesa. 6. Podemos citar como exemplos de países in- dependentes na segunda metade do século XX a Argélia, Moçambique, Congo, Índia, Cabo Verde, dentre outros. A razão para es- ses movimentos ocorrerem no mesmo perí- odo histórico se deve ao enfraquecimento dos países europeus após a Segunda Guer- ra Mundial, o desenvolvimento da ideologia nacionalista nessa região e o interesse de EUA e URSS em aproximarem-se dessas regi- ões como uma forma de ampliar suas áreas de influência. 7. Durante a Conferência de Bandung foram adotados os princípios do não alinhamento em relação às potências URSS e EUA, o apoio à soberania e independência das regiões afri- canas e asiáticas e acordos de cooperação eco- nômica entre as regiões do Terceiro Mundo. 8. a) De acordo com o texto, a separação entre religião e Estado após a Independência da Índia teria sido motivada pelas rivalida- des religiosas entre hindus e muçulma- nos, que poderiam levar a um massacre da minoria muçulmana pela maioria hindu. b) Poderiam ser exemplificados os métodos não violentos adotados por Gandhi, como os jejuns, a desobediência civil, o boicote aos produtos ingleses, entre outros. 9. A RevoluçãoChinesa de 1949 que levou à im- plantação do socialismo no país ocorreu no contexto do início da Guerra Fria e em meio às iniciativas imperialistas de países capita- listas em relação à China. A exploração imperialista, agravada com o desemprego e a inflação vivida pelos chine- ses nos anos que antecederam a Revolução, estimulou um sentimento nacionalista entre a maioria dos chineses e favoreceu a difusão dos ideais socialistas, sobretudo entre os cam- poneses, fatores que contribuíram para o êxi- to do movimento liderado por Mao Tse-tung. 10. a) Dois países asiáticos com os quais os Esta- dos Unidos estiveram em conflito depois de 1945 foram a Coreia do Norte e o Vietnã b) Podemos citar Angola, Moçambique e Guiné-Bissau que conquistaram sua inde- pendência em relação à Portugal no iní- cio dos anos 1970. c) Os Estados Unidos armaram soldados para invadirem a Baía dos Porcos sob o argu- mento de defesa da liberdade e a neces- sidade de deter o avanço do socialismo, já que, após a Revolução Cubana houve uma aproximação entre Cuba e a URSS. E.O. Enem 1. D 2. E 3. C Aulas 47 e 48: Ditadura militar e regimes militares na América latina 94 Aulas 49 e 50: Nova República: governos Sarney e Collor 122 Aulas 51 e 52: Nova República: governos Itamar Franco, FHC e Lula 146 HISTÓRIA DO BRASIL Ditadura militar e regimes militares na América latina Aulas 47 e 48 95 Fim do regime militar e redemocratização Manifestação por eleições diretas à Presidência. A partir de 1973, o regime militar brasileiro começou a demostrar sinais de desgaste, devido ao contexto econômi- co internacional de crise, resultado de mais um episódio do conflito árabe-israelense (Guerra do Yom Kippur) que repercutiu e provocou significativas alterações no cenário político e econômico no Brasil e no mundo. A redução da oferta de petróleo pelos países árabes levou a uma grande alta no preço do produto, afetando, particularmente, os EUA, que se viram obrigados, diante do quadro recessivo, a repatriar capitais, ocasionando o fechamento de mui- tas de suas empresas multinacionais espalhadas mundialmente. O modelo econômico implantado pelos militares, comandado pelo economista e ministro Antonio Delfim Netto, dependia muito dos investimentos estrangeiros para manter os altos índices de crescimento econômico. Sem a oferta de crédito para os investimentos em infraestrutura e com os cortes de gastos dos EUA, a economia brasileira seria seriamente afetada. Nesse caso, mais uma vez percebemos os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. Fragilizado em sua política econômica, as diversas formas de oposição ao regime militar ganharam fôlego. Os presidentes Geisel (1974-1979) e Figueiredo (1979-1985) fizeram governos denominados de “distensão’. Dentre as opções dessa transição para a democracia, o regime militar optou pela distensão lenta, segura e gradual, segundo o seu discurso, quando se observa uma alternância entre avanços em direção à democracia e recaídas autoritárias. Para o processo de redemocratização, em 1985, foi determinante a atuação de diversos movimentos sociais. A partir da década de 1970, o movimento operário, liderado pelos metalúrgicos da região do ABC paulista, realizou a primeira greve operária, em 1978, em plena vigência do AI-5. Destaca-se, ainda, a atuação de grupos como a ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o CBA (Comitê Brasileiro de Anistia), setores progressistas da Igreja Católica ligados às CEB (Comunidades Eclesiais de Base) e muitos outros que atuaram em várias frentes, buscando recon- quistar as liberdades individuais e coletivas perdidas com a instauração do regime ditatorial militar, em 1964. A pressão da sociedade civil organizada e da oposição representada pelo MDB, e depois pelo PMDB, sur- tiu efeito. Ainda que se discutam os limites dos avanços, tivemos neste contexto momentos importantes como a aprovação da Lei de Anistia (28/8/1979) e da revogação do AI-5 (1978). Mas havia ainda um longo processo até a concretização da redemocratização, que viria depois de uma grande derrota: a não aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para presidente, em 1985. Mesmo com esse grande revés, a indicação de Tancredo Neves para a Presidência acabou aglutinando elementos dos mais variados campos políticos, inclusive dissidentes do PDS para enfrentar a candidatura de Paulo Maluf, que amargava uma forte rejeição em diversos setores. 96 A vitória de Tancredo naquele momento, mesmo com eleições indiretas, significava o fim do regime militar, já que ele havia prometido ser o último presidente a subir na rampa do Planalto por via indireta. Nascia, então, a Nova República, expressão criada por Ulysses Guimarães. Vale salientar, no entanto, que a transição não ocorreu de maneira tranquila, já que Tancredo, acometido por um grave problema de saúde, acabou impedido de assumir o cargo, resultando na posse de seu vice José Sarney ao cargo de presidente da República, de maneira interina; e, após a sua morte, em 21 de abril de 1985, de forma definitiva, mediante um arranjo constitucional. Pesava sobre Sarney a desconfiança dos anos em que fez parte da Arena, partido que dava sustentação política ao regime militar. Os desafios da Nova República eram gigantescos, já que herdava do regime militar um País em condições lastimáveis com a economia em crise, a sociedade à beira de um processo de desintegração e uma estrutura polí- tica em frangalhos, além do aparato jurídico da ditadura. Para alterar esse quadro, o novo governo precisava agir, simultaneamente, na área política e na econômico-social, de maneira rápida, decidida e sem cometer erros. No plano econômico-social, a tarefa era delicada. Eliminar a recessão, retomar o crescimento, combater a infla- ção galopante e reduzir as enormes desigualdades sociais que haviam se aprofundado durante os governos militares. Em termos políticos, era necessário fazer a chamada transição democrática, que começaria pela remoção do “entulho autoritário”, ou seja, a eliminação de toda a legislação arbitrária e ditatorial do regime militar, e ter- minaria pela construção de um sistema político democrático e legítimo, inclusive com a eleição de uma Assembleia Constituinte e a elaboração de uma nova Constituição, promulgada em 1988. governo João Figueiredo (1979–1985) João Baptista de Oliveira Figueiredo O novo presidente da República assumiu o cargo com o compromisso de manter o processo de abertura política lenta, gradual e segura iniciada por Geisel. O novo governo deveria evitar o radicalismo político, tanto na oposição ao regime quanto na “linha dura”, contrária à abertura, evitando que prejudicassem o processo de redemocrati- zação do Brasil. A crise econômica, a elevada dívida externa e o crescimento da inflação eram sérias dificuldades que deve- riam ser superadas. Com esse intuito, Delfim Netto foi nomeado ministro da Fazenda e lançou o III Plano Nacional de Desenvolvimento – III PND, que não teve resultados favoráveis, especialmente em virtude da falta de recursos disponíveis no mercado financeiro internacional. 97 A crise econômica e a pressão pela abertura política foram os principais motivos para uma nova onda de greves na região do ABC paulista. Novamente, os operários cruzaram os braços e o movimento estimulou greves em todo o País. Em represália, o governo decretou a intervenção nos sindicatos e a prisão de seus dirigentes, entre os quais Luís Inácio Lula da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, em março de 1979, enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Anistia e pluripartidarismo Em junho de 1979, o presidente Figueiredo enviou ao Congresso a Lei de Anistia, que foi aprovada em outubro do mesmo ano. O projeto previa anistia ampla, geral e irrestrita para crimes políticos e conexos, e beneficiou militares envolvidos nos atos de torturas, mortes e desaparecimentos.A lei não incluía pessoas envolvidas em ações conside- radas terroristas pelo Estado e não apresentava solução para o problema dos prisioneiros políticos desaparecidos, o que suscitou críticas de vários setores da sociedade civil, particularmente dos movimentos sociais e da imprensa. Todavia, o projeto beneficiou milhares de brasileiros, com a libertação de presos políticos e a permissão para os exilados voltarem para o País, que recebeu efusivamente personalidades políticas como Leonel Brizola, Luís Carlos Prestes e Miguel Arraes. Cartaz em favor da aprovação da Lei de Anistia ampla, geral e irrestrita. A anistia fortalecia a oposição ao governo, enquanto enfraquecia mais ainda a Arena. A situação preocupa- va o governo e seus aliados, que não pretendiam perder o controle da situação e perceberam que o bipartidarismo favorecia a polarização. Diante da crise econômica que atingia o Brasil, a oposição unida levaria grande vantagem nas eleições. Com o intuito de dividir a oposição, enfraquecendo-a, o presidente Figueiredo enviou ao Congresso uma proposta de emenda constitucional, aprovada em novembro de 1979, que extinguia o bipartidarismo e implantava o pluripartidarismo no Brasil. Conforme o previsto pelo governo, a Arena manteve-se coesa, mudando o nome para Partido Democrático Social, PDS, enquanto o MDB fragmentou-se, dividindo a oposição, com a formação dos seguintes partidos: § Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB: liderado por Ulysses Guimarães e que contou com a maioria dos ex-membros do MDB; § Partido Popular, PP: fundado por Tancredo Neves e que teve curta duração, com a maioria de seus inte- grantes ingressando posteriormente no PMDB; § Partido Trabalhista Brasileiro, PTB: comandado por Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio Vargas; 98 § Partido Democrático Trabalhista, PDT: fundado por Leonel Brizola; § Partido dos Trabalhadores, PT: que congregava representantes do movimento operário e intelectuais de esquerda, cuja liderança coube a Luís Inácio Lula da Silva. Em 1980, foram restauradas eleições diretas para governadores dos Estados e extinto o cargo de senador biônico. A reação da “linha dura” A abertura política revoltava os setores conservadores radicais do Exército ligados à “linha dura”, que decidiram reagir por meio da violência, realizando sequestros de militares de esquerda, torturas e assassinatos, além de aten- tados a bomba contra bancas de revistas que vendiam publicações de esquerda ou de oposição ao regime militar e contra cerimônias ou atos públicos de partidos e entidades de oposição. Foram praticados atentados na quadra da Escola de Samba Salgueiro, no Rio de Janeiro, no início de 1980, onde seria realizado um comício do PMDB, e no auditório da Confederação Nacional da Agricultura, em Brasília, onde o dirigente comunista Gregório Bezerra fazia uma palestra. Também foram praticados atentados na sede do jornal oposicionista A Hora do Povo, na sede do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, e no prédio da OAB, no Rio de Janeiro. Além desses, alcançou grande repercussão o atentado no Centro de Convenções do Rio de Janeiro, o Riocentro. O atentado ocorreu durante um show que comemorava o Dia do Trabalho, em primeiro de maio de 1981, promovido pelo Centro Brasil Democrático. Em pleno estacionamento do prédio, explodiu uma bomba em um automóvel que conduzia dois militares, matando o sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário e ferindo o capitão Wilson Luís Chaves Machado. As investigações da imprensa pareciam revelar que os dois foram vítimas de um “acidente de trabalho”, quando, na realidade, se preparavam para executar um atentado terrorista de extrema- direita. No entanto, o laudo oficial das investigações concluiu que ambos foram “vítimas”. O caso foi considerado escandaloso e ligou-se, certamente, ao pedido de demissão do general Golbery do Couto e Silva, ministro de Figueiredo, considerado o grande ideólogo do regime militar. Militar que pretendia cometer um atentado a bomba, no Riocentro, morreu com a explosão do artefato, em 1981. 99 A campanha das Diretas Já! A escolha do sucessor do presidente Figueiredo estava prevista para novembro de 1984 e, de acordo com as regras eleitorais vigentes, o novo presidente da República deveria ser escolhido de maneira indireta, pelo Colégio Eleitoral (composto pelo Congresso Nacional e seis deputados estaduais, todos do partido que tinha maioria naquele Es- tado). Mas esse Colégio Eleitoral, também pelas regras da ditadura (senadores biônicos, Norte e Nordeste tendo, proporcionalmente em relação ao número de eleitores, mais deputados federais do que Sul e Sudeste), tinha ampla maioria do PDS (partido aliado do governo). Assim, a única maneira de a ditadura não fazer o sucessor seria alterar a Constituição e realizar eleições diretas para presidente. 1984 – Diretas Já´!: na Praça da Sé, 200 mil pessoas gritavam: “Queremos eleger o presidente do Brasil!” Com o intuito de pressionar o Congresso a reformular a Constituição, o PT lançou a ideia, logo incorporada pelo PMDB e outros partidos de oposição, de associados a entidades da sociedade civil, sindicatos e estudantes organizarem grandes comícios e manifestações nas principais cidades brasileiras, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. A campanha das Diretas Já! usava o slogan “Eu quero votar para presidente” e mobilizou a popu- lação brasileira, que, empolgada, saía às ruas defendendo a imediata redemocratização do País. Ulysses Guimarães, um dos ícones da campanha Diretas Já!, ao lado da esposa, D. Mora Guimarães. O clima nacional levou o deputado federal Dante de Oliveira(PMDB-MT) a propor uma emenda constitu- cional que restabelecia as eleições diretas para presidente da República. A emenda foi votada no dia 25 de abril de 1984 e, para a frustração da população nacional, não foi aprovada, pois necessitava de dois terços de votos favoráveis (320), recebendo apenas 298 votos. Após o acontecimento, os movimentos de rua ganharam, assim, cada vez mais força e representatividade. 100 A sucessão de Figueiredo Com a não aprovação da Emenda Dante de Oliveira e a manutenção da eleição indireta para presidente da Repú- blica, a oposição passou a se mobilizar para tentar derrotar o governo no Colégio Eleitoral, ou como dizia Ulysses Guimarães, “vamos matar a cobra no seu próprio ninho”. O PMDB lançou o nome de Tancredo Neves, e o PDS, que tinha maioria no Congresso, acabou enfraquecido por uma divergência interna entre Mario Andreazza, Paulo Maluf e Aureliano Chaves, que disputavam a indicação do partido para concorrer ao cargo. Chaves desistiu de concorrer e a maioria do partido optou por lançar a candidatura de Maluf, o que desagradou os “caciques” do PDS, como Antônio Carlos Magalhães, Marco Maciel e Aureliano Chaves, que formaram uma dissidência: a Frente Liberal. O presidente do PDS, José Sarney, também não aceitou a candidatura de Maluf e se retirou do partido pouco antes das eleições, ingressando no PMDB e participando da chapa encabeçada por Tancredo como candidato a vice-presidente, conseguindo em troca, o apoio da Frente Liberal a Tancredo. José Sarney e Tancredo Neves As eleições ocorreram no dia 15 de janeiro de 1985 e foram vencidas por Tancredo Neves, que deveria tomar posse no dia 15 de março. Todavia, na véspera da posse, o presidente eleito sofreu um mal-estar e foi internado no Hospital de Base de Brasília, sendo, posteriormente, transferido para o Instituto do Coração, em São Paulo. No dia 15 de março, o vice-presidente José Sarney tomou posse, assumindo interinamente o cargo de presidente. Tancredo Neves foi submetido a várias cirurgias, mas não resistiu. Seu falecimento foi oficialmente anuncia- do no dia 21 de abril de 1985. Sarney foi então efetivado no cargo de presidente da República. Manchete do Jornal do Brasil, de 21 de abril de 1985, anuncia a morte de Tancredo Neves. 101 regimes militares na américa latina O ditador argentinoJorge Rafael Videla discursa para as Forças Armadas. Introdução As ditaduras na América latina se estabeleceram no período em que a ordem internacional sofria pelos enfren- tamentos da Guerra Fria. Na época, os Estados Unidos desenvolveram uma série de mecanismos de combate ao expansionismo comunista. Já nos anos 1950, fora estabelecida pelas autoridades do país a Doutrina de Segurança Nacional, cujas diretrizes procuravam combater o “perigo vermelho” dentro e fora do território estadunidense. Nesse contexto e, notadamente, a partir da Revolução Cubana e da ascensão do governo comunista de Fidel Castro, os EUA intensificaram a vigilância sobre a América latina. Tal preocupação originou, por exemplo, a Aliança para o Progresso, programa instituído por Washington em conjunto com diversas lideranças latino-americanas, através do qual se buscava melhorar os índices socioeconômicos da região, e ao mesmo tempo, frear o crescimento das alternativas socialistas. No entanto, a despeito de tais esforços, grupos de esquerda e simpatizantes da causa comunista floresce- ram em diversas nações do continente. Frente a isso e geralmente com auxílio estadunidense, forças conservadoras se mobilizaram nessas regiões e, atendendo às demandas das classes dominantes e de setores da sociedade civil, apoiaram a instituição de governos militares. Através de golpes de Estado sucessivos, a América latina assistiu, nos anos 1960 e 1970, à ascensão de várias ditaduras militares. Centros de inteligência militar formados nessa época, em diferentes países, passaram a definir os contornos da chamada Doutrina de Segurança Nacional, voltada para um novo tipo de inimigo – o inimigo interno, infiltrado na sociedade e divulgador de “ideias subversivas”. Diante desse quadro, era necessário que as forças armadas redefinissem suas estratégias de atuação, ampliando-a para as áreas da política, da economia, da cultura e da ideologia. A “defesa nacional” começava a se confundir com a “política de Estado”. Argentina Desde o final dos anos 1950, os peronistas se aproximavam dos grupos de esquerda, adotando posições políticas mais radicais. Depois de sua deposição em 1955, Perón exilara-se na Espanha, e o peronismo “sem Perón” ganhou características próprias. Foram formados grupos alinhados com projetos revolucionários, os quais partiram para ações armadas. Dentre eles, destacam-se os chamados Montoneros, que constituíram uma estrutura de guerrilha que os militares se esforçaram em destruir. 102 No início dos anos 1970, porém, a Argentina atravessava uma fase de democratização. Com o fim do gover- no do general Juan Carlos Onganía (1966-1970) os militares voltaram aos quartéis, permitindo o retorno de Juan Domingo Perón, exilado desde 1955. Perón voltou, em 1973, para se eleger novamente presidente da Argentina. Em seu governo, deu sinais de suas inclinações conservadoras, condenando os movimentos radicais que falavam em seu nome. Doente, faleceu em primeiro de julho de 1974, ficando a Presidência nas mãos de sua viúva e vice, María Estela Martínez de Perón, mais conhecida como Isabelita. Isabelita e Perón As divergências no interior do peronismo e a crise econômica mantinham a situação interna tensa e insti- gavam os militares a voltar à política. O governo dava sinais de fraqueza em meio às pressões exercidas por forças conservadoras, como as Forças Armadas, a Igreja e as associações empresariais. Setores da alta burguesia argentina se aproximaram dos quartéis e, em 1975, já se aventava a hipótese de um golpe. Em março de 1976, os militares derrubaram a presidente. A justificativa para o golpe era reprimir os movimentos guerrilheiros, proteger o país da “ameaça comunista”, superar a desordem administrativa e a impotência das forças políticas dominantes para obter uma saída institucional para a crise. Ao longo dos sete anos em que os militares dirigiram a Argentina – generais Jorge Rafael Videla (1976- 1981), Roberto Marcelo Viola (1981) e Leopoldo Fortunato Galtieri (1981-1982) –, nenhum projeto nacional foi desenvolvido e o país não foi efetivamente reorganizado. Os investimentos estrangeiros deixaram o país, tendo início um processo de decadência econômica acelerada. A debilidade do projeto nacional foi compensada pela truculência da repressão. Os militares armaram um enorme aparato repressivo que rapidamente escapou ao con- trole do Estado, fragmentou-se e passou a servir a interesses de grupos específicos ou privados. Aos poucos, as organizações de esquerda foram sendo desmanteladas. Os militantes que não estavam desaparecidos ou exilados isolaram-se no silêncio. Foi a ditadura mais violenta da América latina, com estimativa de 30 mil civis mortos na chamada “guerra suja”. Leopoldo Galtieri 103 O protagonismo na oposição ao regime militar argentino coube à Associação das Mães da Praça de Maio, que fez do drama pessoal de seus filhos desaparecidos uma bandeira pela redemocratização do país. Ao caminha- rem juntas pela Praça de Maio, no centro de Buenos Aires, com o lenço branco, que se tornou o símbolo de sua ação, as Mães pressionaram a ditadura a reconhecer os crimes de assassinato, do que mais tarde descobriu tratar- -se de milhares de pessoas. As Mães da Praça de Maio reivindicam o paradeiro de seus filhos. Desastres econômicos da ditadura argentina § Em sete anos de ditadura, a dívida externa subiu de US$ 8 bilhões para US$ 45 bilhões. § A inflação do governo civil derrubado pela ditadura, que era considerada um índice “absurdamente alto” pelos militares, havia sido de 182% anual. Mas esse índice foi superado pela política econômica caótica da ditadura, que encerrou sua administração com 343% anual. § A pobreza disparou de 5% da população argentina para 28%. § A participação da indústria no PIB caiu de 37,5% para 25%, o que equivaleu a um retrocesso aos níveis dos anos 1960. § Ao mesmo tempo em que tomavam medidas neoliberais, como a abertura irrestrita das importações, os mi- litares continuavam mantendo imensas estruturas nas empresas estatais, que se transformaram em cabides de emprego de generais, coronéis e seus parentes. § Os militares também estatizaram US$ 15 bilhões de dívidas das principais empresas privadas do país (além das filiais argentinas de empresas estrangeiras). § No meio desse caos econômico, os militares provocaram um déficit fiscal de 15% do PIB. § A repressão provocou um êxodo de centenas de milhares de profissionais do país. Os militares, em cargos burocráticos, exacerbaram a corrupção na máquina estatal. § Em 1982, perante uma crise social, perda de sustentabilidade política e problemas econômicos, o então ditador Leopoldo Fortunato Galtieri – famoso por seu intenso approach ao scotch – decidiu invadir as ilhas Malvinas para distrair a atenção da população. Resultado: após um breve período de combate, os oficiais do ditador renderam-se às tropas britânicas (Disponível em: internacional.estadao.com.br>. Acesso em: 16 ago. 2015). 104 A Guerra das Malvinas (1982) Em 1982, a ditadura argentina – então comandada pelo general Leopoldo Galtieri – via-se pressionada pelos problemas sociais e econômicos que punham a população contra o governo. Dessa maneira, seu objetivo era a formulação de um plano capaz de recuperar a imagem do governo por meio da guerra. Em 2 de abril de 1982, tropas argentinas desembarcaram nas Ilhas Malvinas, localizadas no extremo Sul do continente americano e objeto de disputa entre Argentina e Grã-Bretanha desde o século XVIII. O território tornou- -se domínio colonial britânico na década de 1830, fato que nunca foi plenamente aceito pela Argentina. Algumas semanas após a invasão, os britânicos retomaram uma ilha nas proximidades do arquipélago e co- meçaram a receber armamentos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os argentinos, por sua vez, mobilizaram sua Força Aérea e buscaram interceptar unidades britânicas. No dia 2 de maio, os argentinos sofreram umade suas maiores baixas ao perder o cruzador Belgrano, afundado por um moderno submarino britânico. A destruição do cruzador tripulado por mil homens matou 320 argentinos. Dois dias depois, os argentinos afundaram o destróier britânico Sheffield, matando 20 soldados. Nas semanas seguintes, os argentinos conseguiram destruir mais embarcações britânicas. Os britânicos não desistiram e, em 21 de maio, desembarcaram na costa Norte do arquipélago. Com forças terrestres despreparadas e mal equipadas, os argentinos foram rapidamente derrotados pelos britânicos, que retomaram a capital das Malvinas, Stanley. No dia 14 de junho, a Argentina anunciou sua rendição e abandonou definitivamente a área. Militares argentinos rendem-se às tropas britânicas, pondo fim à Guerra das Malvinas. A crise das Malvinas teve grandes consequências aos países beligerantes. Na Argentina, a humilhante der- rota precipitou a queda da ditadura militar. Em outubro de 1983, o país teve eleições democráticas para presidente e para o Legislativo. No Reino Unido, a vitória aumentou a popularidade do Partido Conservador e de Margaret Thatcher, que foi reeleita primeira-ministra. As relações entre a Argentina e o Reino Unido foram reatadas em 1989. Durante o conflito, morreram 649 argentinos e 255 britânicos. Cerca de 270 veteranos argentinos suicidaram-se após a guerra. O governo argentino ainda reivindica a soberania das ilhas. 105 A redemocratização Raúl Alfonsín Enquanto Margaret Thatcher colhia os louros políticos da vitória na Guerra das Malvinas entre o eleitorado bri- tânico, o governo militar argentino selava seu colapso. A renúncia do general Galtieri foi acompanhada do início do processo de redemocratização da Argentina. Ganhou destaque, nesse contexto, a figura de Raúl Alfonsín, que congregava em um movimento de renovação do Partido União Cívica Radical, lideranças ligadas ao meios univer- sitários e intelectuais e aos grupos defensores dos direitos humanos. Alfonsín venceu as eleições, em outubro de 1983, e assumiu o desafio de redemocratizar o país e recuperar sua combalida economia. Chile O governo Salvador Allende (1970–1973) Salvador Allende Em 1970, Salvador Allende, ex-líder estudantil, médico, ex-deputado, senador e ex-ministro da Saúde, elegeu-se presidente como candidato da chamada Unidade Popular – uma coalizão de partidos de esquerda liderada pelo Partido Socialista. Allende recebeu 36,2% dos votos contra 34,9 de Jorge Alessandri, político conservador que já fora presidente entre 1952 e 1958. 106 O governo da Unidade Popular passou a cumprir as promessas de campanha estabelecidas no programa “Via chilena ao socialismo”, ou seja, a transição para o socialismo nos marcos da legalidade democrática. Naciona- lizou, sem indenização, as explorações de cobre e mais 200 empresas estrangeiras, estatizou os bancos privados e o comércio exterior, deu continuidade à reforma agrária iniciada pelo governo democrata-cristão anterior de Eduardo Frei e criou um setor social da economia controlado pelos próprios trabalhadores através de suas entidades. Todas essas medidas foram tomadas sob o respeito das leis existentes e mantidas as liberdades democráticas. Os setores sociais prejudicados com as reformas – democratas-cristãos de direita, latifundiários, classe média e Forças Armadas – articularam um plano de desestabilização do governo, respaldados decisivamente pelo Pentágono (organismo que comanda a defesa dos Estados Unidos), pela CIA (serviço de informações dos Estados Unidos) e por poderosas empresas estadunidenses. Em 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet, comandante em chefe do Exército, ordenou o bombardeio do Palácio La Moneda, onde Salvador Allende procurou resistir com uma arma em punho, presenteada por Fidel Castro, e com a qual se suicidou em seguida. Palácio Presidencial La Moneda, bombardeado durante o golpe militar no Chile. O governo Pinochet (1973–1990) Augusto Pinochet O golpe militar pôs fim à longa tradição democrática do Chile e deu início a uma das mais brutais ditaduras mi- litares latinoa-mericanas. A repressão atingiu os diversos setores da sociedade e foi especialmente dura na área sindical e entre os artistas e intelectuais. Os partidos políticos foram dissolvidos, todos os suspeitos de ligação com a esquerda foram perseguidos. Nos primeiros dias após o bombardeio do Palácio La Moneda, milhares de pessoas 107 foram levadas ao Estádio Nacional, em Santiago, submetidas a interrogatórios, surras e toda sorte de arbitrarieda- de. Cerca de mil detidos foram sumariamente executados. Os direitos civis foram suspensos e a população deveria obedecer ao toque de recolher, enquanto casas eram invadidas e suspeitos de contrariar a nova ordem, levados na calada da noite, muitas vezes para nunca mais voltar. Muitos depoimentos posteriores afirmaram que a tortura foi largamente empregada pelo novo governo contra prisioneiros e adversários políticos. O Estádio Nacional de Chile usado como campo de concentração durante a ditadura de Pinochet, em 1973. Do ponto de vista econômico, o governo Pinochet foi marcado pela adoção de medidas de caráter neolibe- ral: desnacionalização de empresas e de atividades produtivas. Foram privatizados os setores estatizados durante o governo de Allende e ampliou-se o ingresso de capital estrangeiro no país por meio da abertura da economia para empresas multinacionais. A redução dos gastos sociais aumentou o abismo entre ricos e pobres, fazendo do Chile um dos países com pior desigualdade social e de renda no mundo. De 1970 a 1987, a proporção da população chilena abaixo da linha de pobreza saltou de 20% para 44,4%. O fim da ditadura chilena A violenta e antidemocrática forma de governar de Augusto Pinochet começou, no final dos anos 1980, a gerar pressões contrárias de países e instituições internacionais. Essa imagem negativa do governo chileno no exterior resultou no isolamento internacional do país. Vários países romperam relações diplomáticas com o Chile, em sinal de protesto contra seu governo truculento. Internamente, grande parte do povo chileno não aguentava mais o governo Pinochet e a ditadura militar. A economia do país enfrentava problemas e as desigualdades sociais só haviam aumentado durante o regime militar. Em 1988, o Chile passou por um plebiscito nacional, previsto pela Constituição, em que a população deve- ria escolher pelo Sim (permanência de Pinochet no poder) ou Não (convocações de eleições para o ano seguinte). Grande parte do povo votou pelo fim do regime militar. Em 1989, o Chile passou por eleições diretas e Patricio Aylwin foi eleito presidente pela Coalização de Parti- dos pela Democracia. A ditadura chilena encerrou em 11 de março de 1990, com a posse do novo presidente civil. Outros regimes militares latino-americanos Uruguai A instauração de um regime autoritário no Uruguai deu-se a partir da presidência de Juan Maria Bordaberry (1972-1976), do Partido Colorado. Em 1973, sob crescente pressão dos militares, o governo dissolveu o Parla- mento e os partidos políticos e suspendeu as liberdades civis. Por desentendimentos com a alta cúpula do Exército, Bordaberry foi destituído do cargo em 1976, mas, apesar da fachada parcialmente civil, as Forças Armadas manti- veram o comando político da nação até 1985. 108 Paraguai Alfredo Stroessner No caso do Paraguai, a história longeva da ditadura remonta a 1954, quando o general Alfredo Stroessner liderou um golpe de Estado contra o presidente Federico Chávez, líder do Partido Colorado, constitucionalmente eleito em 1950. Ao longo de 35 anos, Stroessner elegeu-se para sete mandatos consecutivos, como candidato do Partido Colorado. Expurgou do partido seus integrantes moderados e incentivou a filiação de profissionais dependentes de oportunidades nos serviços públicos. A partir dos anos de 1980, a ditadura militar de Stroessner começou a perder força, motivada pela desace- leração econômica. Um novo golpede Estado foi planejado por alguns setores do Partido Colorado. Nos dias 2 e 3 de fevereiro de 1989, foi destituído o ditador da presidência paraguaia. Stroessner faleceu em 2006, exilado no Brasil, aos 93 anos. Operação Condor A Operação Condor foi uma aliança estabelecida formalmente, em 1975, entre as ditaduras militares da América latina. O acordo consistiu no apoio político-militar entre os governos da região, com o objetivo de investigar, infor- mar e combater os focos de “subversão”. Na prática, a aliança apagou as fronteiras nacionais entre seus signatá- rios para a repressão aos adversários políticos. O nome do acordo era uma alusão ao condor, ave típica dos Andes e símbolo do Chile. Trata-se de uma ave extremamente sagaz na caça às suas presas. Nada mais simbólico do que batizar a aliança entre as ditaduras de Operação Condor. Não à toa, foi justamente o Chile, sob os auspícios do governo de Augusto Pinochet, que assumiu a dianteira da operação. Além do Chile, fizeram parte da aliança: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai. Nos anos 1980, o Peru, então sob uma ditadura militar, também se juntou ao grupo. Pode-se dizer que a operação teve três fases. A primeira consistiu na troca de informações entre os países-membros. A segunda caracterizou-se pelas trocas e exe- cuções de opositores nos territórios dos países que formavam a aliança. A terceira ficou marcada pela perseguição e assassinato de inimigos políticos no exterior – muitas vezes, no próprio exílio. Calcula-se que, apenas nos anos 1970, o número de mortos e “desaparecidos” políticos tenha chegado a aproximadamente 290 no Uruguai, 360 no Brasil, dois mil no Paraguai, 3,1 mil no Chile e impressionantes 30 mil na Argentina – a ditadura latino-americana que mais vítimas deixou em seu caminho. Estimativas menos conser- vadoras dão conta de que a Operação Condor teria chegado ao saldo total de 50 mil mortos, 30 mil desaparecidos e 400 mil presos. 109 e.o. teste i 1. (UEPA) Leia o texto para responder à questão. Tornou-se um lugar comum chamar o regime político existente entre 1964 e 1979 (sic), de ‘ditadura militar’. Trata-se de um exercício de memória, que se mantém graças a diferentes interesses, a hábitos adquiridos e a preguiça intelectual. O problema é que esta memória não contribui para a compreensão da história recente do país e da ditadura em particular. (REIS, Daniel Aarão. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol.23, n.45, p.171-186, jan./ jun.2010, citação a página 183. ) As ideias contidas no texto apresentam uma forma diferente de abordar o regime im- plantado no Brasil a partir de 31 de março de 1964. De acordo com essas ideias, a di- tadura foi: a) instituída e governada pelos militares até a de- cretação de eleições diretas para governadores. b) comandada por militares e civis e encerrada com a extinção do AI5 e a decretação da Lei de Anistia. c) derrubada pelas greves do ABC paulista, ain- da que contasse com a participação da socie- dade civil. d) proclamada pelos militares e comandada pe- los civis até ser decretado o fechamento do Congresso Nacional. e) criticada pela sociedade civil que combateu o autoritarismo até derrubá-lo com a campa- nha das Diretas Já!. 2. (PUC-RJ) No dia 25 de janeiro de 1984, mi- lhares de pessoas gritavam “um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos eleger o presi- dente do Brasil”, durante o comício realiza- do na Praça da Sé, no centro da cidade de São Paulo. O movimento ficou conhecido como “Diretas Já”. Sobre este acontecimento, assi- nale a alternativa INCORRETA. a) Foi um movimento que reivindicava eleições diretas para presidente da República e con- vocava a primeira eleição para 15 de novem- bro de 1984. b) A campanha pelas “Diretas Já” representou a maior mobilização contra a Ditadura Militar, com a participação de artistas, intelectuais, das forças armadas e de representantes de diversas organizações civis. c) A Emenda Constitucional Dante de Oliveira, que visava restabelecer as eleições diretas, não foi aprovada no Congresso Nacional. d) Um ano após a campanha das “Diretas Já”, Tancredo Neves, representando a coligação de partidos da oposição ao regime militar, foi eleito presidente da república por meio de voto indireto pelo Colégio Eleitoral. e) Participaram ativamente da campanha as se- guintes lideranças políticas: Leonel Brizola, Ulisses Guimarães, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Henrique Cardoso, Tancredo Neves e Dante de Oliveira. 3. (PUC-RJ) Assinale a alternativa que NÃO ca- racteriza de modo correto as ditaduras mi- litares instauradas em diferentes países da América Latina nas décadas de 1960 e 1970. a) A emergência das ditaduras militares está relacionada ao contexto da Guerra Fria e à ameaça da expansão internacional do co- munismo, especialmente após o êxito da Revolução Cubana em 1959 e seu posterior alinhamento ao Bloco Socialista. b) Os golpes militares foram apoiados por vários setores sociais como atestam, por exemplo, os boicotes que industriais e comerciantes realizaram no Chile para desgastar a presi- dência de Salvador Allende e a conhecida “Marcha da Família com Deus pela Liberda- de”, contra o governo de João Goulart. c) Centros de inteligência militar disseminados nessa época, em diferentes países, passaram a definir os contornos da chamada Doutrina de Segurança Nacional, voltada ao comba- te de um inimigo interno, propagador de “ideias subversivas” e, portanto, identifica- do como nocivo aos interesses da “nação”. d) Apesar das diferenças, algumas caracterís- ticas foram comuns a todos os regimes mi- litares desse período: a suspensão total ou parcial de atividades legislativas, a falência dos regimes e partidos políticos tradicionais, a militarização da vida política e social e a prática das prisões e da tortura. e) Os exércitos da Bolívia, Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Paraguai e México estabe- leceram um pacto para coordenar operações repressivas, com o objetivo de combater a propagação do comunismo em toda a Améri- ca Latina, conhecido como Operação Condor. 4. (Fuvest) O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) foi criado em 1984, inserido em um contexto de: a) abertura política democrática no Brasil e de crescente insatisfação com as políticas agrá- rias nacionais então vigentes. b) fortalecimento da ditadura militar brasileira e de aumento da imigração estrangeira para o país. c) declínio da oposição armada à ditadura mili- tar brasileira e de aumento da migração das cidades para o campo. 110 d) aumento da dívida externa brasileira e de disseminação da pequena propriedade fun- diária em todo o país. e) crescimento de demanda externa por com- modities brasileiras e de grandes progressos na distribuição de terra, no Brasil, a peque- nos agricultores. 5. (IMED) A Ditadura Militar Brasileira (1964- 1985) teve como último Presidente o General: a) Costa e Silva. b) João Figueiredo. c) Ernesto Geisel. d) Castelo Branco. e) Emílio Médici. 6. (Ufrgs) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, sobre os episó- dios relativos ao golpe civil-militar de 1964 e ao posterior regime ditatorial no Brasil. ( ) No dia 19 de março de 1964, foi realiza- da, em São ·Paulo, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, como respos- ta às reformas de base anunciadas pelo Presidente João Goulart. ( ) Após a mobilização das tropas do Gene- ral Olímpio Mourão Filho, e seu deslo- camento para o Rio de Janeiro, em 31 de março de 1964, o Congresso Nacional votou pela permanência de João Gou- lart na presidência. ( ) Durante o governo de Artur da Cos- ta e Silva, implementou-se, em 13 de dezembro de 1968, o Ato Institucional n° 5, que fortaleceu a chamada “linha dura” do regime militar com cassação de mandatos parlamentares e repressão aos movimentos sociais de resistência. ( ) Após a ampla participação popular no movimentodas “Diretas Já”, a ditadura chegou ao fim em 1985, com as eleições diretas que elegeram para a presidên- cia da república a chapa encabeçada por Tancredo Neves e José Sarney. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: a) V – V – V – F. b) V – V – F – V. c) V – F – V – F. d) F – V – V – F. e) F – F – F – V. 7. (UEMA) Antes do jogo amistoso contra a se- leção da Eslovênia, preparatório para a Copa do Mundo no Brasil, os jogadores argentinos fizeram um protesto, retratado na imagem a seguir. A faixa exibida faz referência a um conflito armado entre Argentina e: a) Uruguai, pelo domínio da região do Rio da Prata. b) Reino Unido, por territórios na América do Sul. c) Chile, pela delimitação de fronteiras. d) Paraguai, pelo território do Chaco. e) França, pelo controle sobre o porto de Bue- nos Aires. 8. (UECE) Os tupamaros são um movimento re- volucionário que recorre a diversas formas de luta que incluem as formas terroristas. Po- rém a palavra terrorismo não basta de modo algum para defini-los. Faz três anos, quando eu era chefe da Região Militar nº 1, defen- díamos que os tupamaros eram a expressão de um fenômeno social. Era necessário pro- curar suas raízes profundas; não podíamos combatê-los como simples delinquentes. Não se compreendeu assim. O governo preferiu ignorar a magnitude do fenômeno. Entrevista de Eduardo Galeano a Seregni, publicada en el semanario Marcha el 17 de septiembre de 1971. 17 set.1971. Assinale a opção que indica o país onde o grupo tupamaros atuou nas décadas de 1960 e 1970. a) Chile b) Bolívia c) Argentina d) Uruguai 9. (Ufrgs) Leia as afirmações abaixo, sobre o pro- cesso de redemocratização na América do Sul. I. Na Argentina, o retorno à democracia ocorreu após a derrota do país na Guerra das Malvinas, com o julgamento dos inte- grantes da Junta Militar que governou o país entre 1976 e 1983. II. No Chile, a transição democrática ocorreu de forma negociada com o ex-ditador Au- gusto Pinochet, que se manteve como co- mandante das Forças Armadas até 1998. 111 III. No Uruguai, a redemocratização ocorreu após a guerra civil, quando os Tupamaros venceram as forças do governo militar. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 10. (FGV-RJ) Examine o seguinte cartaz: Este cartaz deve ser interpretado como: a) uma convocatória à oposição para que pe- gasse em armas contra o governo de Juan Domingo Perón. b) um apelo para que os militares argentinos li- bertassem os presos políticos durante a Copa do Mundo de futebol de 1978. c) uma provocação do governo brasileiro da época, contra o regime autoritário que se instalara na Argentina. d) um alerta aos riscos de se visitar a Argentina após a Copa do Mundo, quando se instaurou a ditadura militar. e) uma denúncia à violência da ditadura mi- litar argentina, que organizava a Copa do Mundo de 1978. e.o. teste ii 1. (UECE) “(...) Pelo caminho perdemos até o direito de nos chamarmos americanos, em- bora os haitianos e os cubanos já estivessem inscritos na História, como novos povos, um século antes que os peregrinos do Mayflower se estabelecessem nas costas de Plymouth. Agora, para o mundo, América é tão só os Estados Unidos, e nós quando muito habita- mos uma sub-América, uma América de se- gunda classe, de nebulosa identidade (...)” (GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Tradução de Sérgio Faraco. São Paulo: L&PM, 2010. p. 18). A partir do excerto acima, pode-se concluir acertadamente que: a) os haitianos e os cubanos não são americanos. b) os peregrinos do Mayflower são historica- mente americanos. c) a identidade americana é negada para os ha- bitantes da América Latina. d) a cidadania americana pertence exclusiva- mente aos Estados Unidos. 2. (UEPB) Em 1979, o último presidente do re- gime militar, gal. João Baptista Figueiredo, disse, referindo-se ao processo de abertura política: “É para abrir mesmo. Quem não qui- ser que abra, eu prendo e arrebento”. Sobre o processo que deu andamento à liberalização política do regime militar iniciada em 1974, assinale ( V ) para as sentenças verdadeiras e ( F ) para as falsas. ( ) O governo do último general-presiden- te do ciclo militar de 1964 é marcado pelo embate entre os militares da cha- mada “linha dura”, contrários ao fim da ditadura, e os militares moderados, favoráveis ao processo dc liberalização política desde que fosse lento, gradual e restrito. ( ) A chamada distensão a conta-gotas, iniciada no governo de Ernesto Geisel, ganhou contornos claros com João Fi- gueiredo, que havia se comprometido em comandar o processo de abertura e a volta dos militares aos quartéis, em que pese os setores dispostos a se re- belarem contra a “abertura política” e o modo autoritário como Figueiredo se comportou no decorrer do processo. ( ) Contrária ao processo de abertura, a ex- trema-direita lançou mão até de atenta- dos a bomba. Em 1980, explodiram ban- cas de jornal que vendiam publicações da imprensa alternativa, e enviaram cartas-bombas para a sede da Ordem dos Advogados do Brasil e para um ve- reador carioca do recém-criado PMDB. ( ) A abertura política só aconteceu em 1985, com a eleição indireta de Tancre- do Neves e José Sarney, que, dentre ou- tras coisas, sancionou a Lei da Anistia geral, ampla e irrestrita e a Lei da Li- berdade de Imprensa, além de permitir que os partidos de esquerda pudessem ter acesso aos meios de comunicação. Assinale a alternativa correta. a) V – F – F – F b) V – V – F – F c) V – V – V – F d) F – F – V – V e) F – V – F – F 112 3. (FMP) Em uma viagem pelo tempo até a di- tadura, a principal missão é resgatar o ami- go das mãos militares e fazer a democracia voltar ao país com a ajuda das “urnas má- gicas”. A ficção dá o tom fantasioso à aven- tura vivida pelo personagem Zamba, mas o roteiro do desenho animado La Asombrosa Excursión de Zamba (A Surpreendente Ex- cursão de Zamba) tem um contexto amargo do passado argentino: o regime militar que vigorou entre 1976 e 1983. GOMBATA, Marsílea. Argentina: desenhos animados explicam ditadura para crianças. Carta Capital, Cultura – Educação. 2 jul. 2013. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/cultura/desenhos- argentinos-752.html/view>. Acesso em: 13 jul. 2013. O declínio da ditadura e a transição para a democracia, na Argentina da década de 1980, relacionam-se tanto a fatores inter- nos – como aquele ilustrado pelas “urnas mágicas” ficcionais mencionadas no texto – quanto a eventos ocorridos fora de seu terri- tório continental, a exemplo da(o): a) Deposição de Alfredo Stroessner, no Paraguai b) Eleição de Tancredo Neves, no Brasil. c) Guerra Irã-Iraque, no Oriente Médio. d) Guerra das Malvinas, no Atlântico Sul. e) Massacre da Praça da Paz Celestial, na China. 4. (Ufrgs) Entre 1970 e 1973, o Chile viveu uma experiência de profundas transforma- ções socioeconômicas, a partir da vitória nas urnas de Salvador Allende. Sobre esse processo, considere as seguintes afirmações: I. A vitória de Allende foi o resultado de uma aliança de partidos populares, com tendência marxista, representada pela Unidade Popular. II. O governo da Unidade Popular naciona- lizou as riquezas básicas do país, espe- cialmente o cobre, iniciando também a reforma agrária. III. A derrubada do governo de Allende con- tou com o apoio do governo norte-ameri- cano, caracterizando a intervenção mili- tar mais violenta na América latina. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas l e Il. d) Apenas l e III. e) I, II e III. 5. (Unicamp) O movimento pelas Diretas Já provocou uma das maiores mobilizações po- pulares na história recente do Brasil, tendo contado com a cobertura nos principais jor- nais do país. Assinale a alternativa correta. a) O movimento pelas Diretas Já, baseadona emenda constitucional proposta pelo depu- tado Dante de Oliveira, exigia a antecipação das eleições gerais para deputados, senado- res, governadores e prefeitos. b) O fato de que os protestos populares pelas Diretas Já pudessem ser veiculados nas pági- nas dos jornais indica que o governo vigente, ao evitar censurar a imprensa, mostrava-se favorável às eleições diretas para presidente. c) O movimento pelas Diretas Já exigia que as eleições presidenciais de 1985 ocorressem não de forma indireta, via Colégio Eleitoral, mas de forma direta por meio do voto popular. d) As manifestações populares pelas Diretas Já consistiram nas primeiras marchas e protes- tos civis no espaço público desde a institui- ção do AI-5, em dezembro de 1968. 6. (UFTM) O refrão Um, dois, três, quatro, cinco, mil, queremos eleger o presidente do Brasil! foi entoado nos vários comícios do movimen- to Diretas Já, iniciado em fins de 1983 e que tomou conta das ruas do país em 1984. Sobre esse movimento, é correto afirmar que: a) resultou na eleição do Presidente Fernando Collor de Mello, que não chegou a terminar o seu mandato. b) preocupou os militares, que tentaram acal- mar os ânimos por meio da lei que anistiou os presos políticos. c) renovou o cenário político nacional, pois foi a causa do surgimento de novos partidos e lideranças políticas. d) contou com o apoio do Presidente Figueire- do, que autorizou a realização dos comícios e retirou o exército das ruas. e) terminou por não atingir seus objetivos, pois não se obtiveram os votos necessários para alterar a Constituição então em vigor. 7. (Udesc) Entre 1978 e 1985 consolidou-se o processo de abertura política brasileira, e iniciou-se a construção nacional sob bases democráticas. Sobre a abertura política e a redemocratiza- ção brasileira no período citado, é correto afirmar: a) Os segmentos mais autoritários que apoia- vam o regime militar, derrotados pela estra- tégia da abertura, continuaram até 1985 se manifestando por meio de atentados, como os ocorridos em 1980 na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio de Janeiro ou em episódios como o do Riocentro. b) As greves do ABC paulista no momento es- tavam vinculadas à manutenção do regime militar, que garantia adequadas condições de trabalho e salários condizentes com as funções dos operários. 113 c) A Campanha pelas “Diretas Já” foi iniciativa do regime militar. d) O processo de abertura política e a garantia dos direitos individuais e coletivos se reali- zaram sem a participação popular. e) Os exilados políticos brasileiros demorariam a voltar para o Brasil, o que vai se verificar somente a partir do governo de Itamar Fran- co, recentemente falecido. 8. (UFG) As ilhas Malvinas, como as chamam os argentinos, passaram à soberania britânica em 1833. Nos anos 1980, a queda da ditadura ar- gentina esteve associada a uma incursão mi- litar malsucedida nessas ilhas. Atualmente, a presidente Cristina Kirchner retomou o tema que coloca seu país em desacordo com a Ingla- terra. A permanência do tema na vida política argentina demonstra a: a) existência de uma cultura política endóge- na, contrária aos acordos diplomáticos inter- nacionais. b) utilização política de uma memória nacional de espoliação que remonta aos tempos do colonialismo. c) importância militar do território no cenário político internacional. d) necessidade de controlar a região em virtude de sua função de entreposto comercial. e) pressão da população residente nas ilhas por autonomia política. 9. (ESPM) Era o dia 11 de setembro. Desviados de sua missão habitual por pilotos decididos a tudo, os aviões se lançam para o coração da grande cidade, resolvidos a abater os símbo- los de um sistema político detestado. Ime- diatamente explosões, fachadas que voam em pedaços, desabamentos num barulho in- fernal, sobreviventes aterrorizados, fugindo cobertos de escombros. E a mídia difunde a tragédia ao vivo. (...) Nova York, 2001? Não, Santiago do Chile, 11 de setembro de 1973. Com a cumplicidade dos Estados Unidos, golpe de Estado do ge- neral Pinochet contra Salvador Allende e o palácio presidencial metralhado pela força aérea. Dezenas de mortos e o início de um regime de terror que durou quinze anos... (Ignácio Ramonet. Guerras do Século XXI: novos temores e novas ameaças) Sobre o ocorrido em 11/09/197, é correto afirmar que: a) o governo de Salvador Allende, da Unidade Popular, composta por socialistas e comunis- tas, desencadeou intensa mobilização social, cujo resultado foi uma articulação entre seto- res da sociedade chilena hostis ao socialismo e os EUA, então sob a presidência de Richard Nixon, visando praticar o golpe que derrubou o governo constitucional de Allende. b) eleito pelo Partido Democrata Cristão, de po- sições liberais, Salvador Allende traiu os se- tores da sociedade chilena que contribuíram para a sua vitória. Com o apoio do exército chileno e da embaixada dos EUA o governo Allende foi derrubado. c) Salvador Allende chegou ao poder em 1970 por meio de uma revolução que recebeu o apoio de Cuba. Em resposta ao apoio cubano ao governo Allende, os EUA, contribuíram com setores anticomunistas da sociedade chilena para desencadear o golpe que levou o general Pinochet ao poder. d) extremado anticomunista, o general Pino- chet vivia, desde os primeiros dias do gover- no Allende, nos EUA, onde planejou o golpe de 11/09/1973 em colaboração com as auto- ridades norte-americanas. e) o golpe de 11/09/1973, liderado pelo gene- ral Pinochet, com o bombardeamento da sede do governo chileno, o palácio presidencial de La Moneda, numa ação que levou Allende a resistir até a morte, provocou enérgicos pro- testos dos governos dos demais países sul- -americanos que se recusaram a reconhecer a ditadura comandada por Pinochet. 10. (FGV) Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves e José Sarney foram eleitos, respecti- vamente, presidente e vice-presidente pelo Colégio Eleitoral. A respeito do funciona- mento das eleições indiretas no Brasil, no tempo da ditadura militar, é correto afirmar: a) As eleições diretas para presidente foram mantidas entre 1964 e 1982 e o Colégio Elei- toral instituído em 1983, diante do avanço das forças oposicionistas. b) Entre 1964 e 1973, os presidentes da repú- blica foram eleitos pelos governadores esta- duais, prefeitos das capitais e pelos coman- dantes das Forças Armadas. c) Senadores, deputados federais e deputados escolhidos nas Assembleias Legislativas Es- taduais tinham direito a voto no Colégio Eleitoral de 1985. d) Até 1985, os cinco candidatos mais votados nas Assembleias Legislativas Estaduais eram submetidos à escolha dos integrantes do Co- légio Eleitoral. e) As duas chapas mais votadas pelos deputa- dos federais e senadores eram submetidas ao Colégio Eleitoral composto pelos comandan- tes das Forças Armadas. 114 e.o. teste iii 1. (IbmecRJ) Sobre a “Campanha das Diretas Já”, executada em 1984, são feitas as se- guintes afirmativas: I. coube ao deputado federal Dante de Oli- veira apresentar uma emenda constitu- cional que restabelecia a eleição direta para a presidência; II. a campanha, com grande participação po- pular, ficou restrita à cidade de São Paulo e não teve qualquer cobertura televisiva naquele período; III. por uma estreita margem, a emenda Dan- te de Oliveira foi aprovada, o que permi- tiu a eleição de Tancredo Neves para a presidência pela via direta, com maioria absoluta de votos. Assinale: a) se apenas a afirmativa I for correta. b) se apenas a afirmativa II for correta. c) se apenas a afirmativa III for correta. d) se as afirmativas I e II forem corretas. e) se as afirmativas I e III forem corretas. 2. (Unifesp) Nos últimos anos do regime mili- tar (1964-1985), a gradual abertura política implicou iniciativas do governo e de movi- mentos sociais e políticos. Um dos marcos dessa abertura foi:a) a reforma partidária, que suprimiu os parti- dos políticos então existentes e implantou um regime bipartidário. b) o chamado “milagre econômico”, que per- mitiu crescimento acentuado da economia brasileira e aumentou a dívida externa. c) a campanha pelo “impeachment” de Fernan- do Collor, que fora acusado de diversos atos ilícitos no exercício da Presidência. d) o estabelecimento de novas regras eleitorais, que determinaram eleições diretas imediatas para presidente. e) a lei da anistia, que permitia a volta de exi- lados políticos e isentava militares que ha- viam atuado na repressão política. 3. (FGV) “A discussão sobre a revisão da Lei da Anistia veio à tona depois que Tarso Genro e o ministro Paulo Vanucchi (Direitos Huma- nos) defenderam punições a torturadores sob a interpretação que estes teriam prati- cado crimes comuns no período da ditadura militar - como estupros, homicídios e outros tipos de violência física e psicológica, in- cluindo a própria tortura. A polêmica maior, contudo, surgiu quando o presidente do Clu- be Militar, general da reserva Gilberto Fi- gueiredo, classificou de “desserviço” ao país a discussão sobre a revisão da Lei”. (“Folha de S. Paulo, 15.08.2008”) Sobre a Lei da Anistia, ainda objeto de dis- cussão política, como se observa na notícia, é correto afirmar que: a) foi sancionada no início do governo do pre- sidente João Figueiredo, o último da dita- dura militar, e perdoava militantes políticos condenados pelo regime autoritário, ao mes- mo tempo em que anistiava os agentes dos órgãos de repressão. b) fez parte de um amplo acordo, do qual par- ticiparam vários setores da oposição ao go- verno militar, resultando em uma lei que ga- rantiu indenização imediata aos indivíduos perseguidos pelos instrumentos autoritários do regime de exceção. c) diante de uma movimentação popular inten- sa, a partir da direção do Comitê Brasileiro pela Anistia, conquistou-se a chamada Anis- tia Ampla, Geral e Irrestrita, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presi- dente Figueiredo em maio de 1982. d) foi aprovada pelo Congresso Nacional, junta- mente com a extinção do Ato Institucional nº 5, em janeiro de 1979, apesar da forte oposição dos militares moderados e da linha dura e até de alguns membros da oposição consentida, o MDB. e) foi aprovada pelo Senado Federal, com mui- tas restrições aos militantes das organiza- ções guerrilheiras, e como moeda de troca com as forças oposicionistas, pois as elei- ções municipais de 1980 foram canceladas e transferidas para 1982. 4. (IbmecRJ) Comprometendo-se com a rede- mocratização do país desde o seu discurso de posse, em 15 de março de 1979, o general João Figueiredo tomou uma série de medi- das com esse objetivo, EXCETO: a) a assinatura da Lei de Anistia, que permitiu a volta dos exilados políticos ao Brasil. b) o fim do bipartidarismo, possibilitando o surgimento de legendas como o PT e o PDT, entre outras. c) a revogação do AI-5, considerado a mais ra- dical de todas as medidas tomadas pelos go- vernos militares. d) a volta das eleições diretas para os governos estaduais. e) obrandamento da ação da censura aos meios de comunicação. 5. (Udesc) Entre as décadas de 1970 e 1980 aconteceu uma série de questões que marcou a história do passado recente brasileiro. Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao conjunto de questões e acontecimentos que caracterizaram este período. 115 a) É possível observar a existência de dois pro- cessos de redemocratização no Brasil neste período: um a partir do próprio governo mi- litar, que passou a prever a impossibilidade de manter o autoritarismo e as leis de ex- ceção no longo prazo; e outro com foco na sociedade civil, que reuniu diferentes atores e organizações na luta pela democracia. b) Em 1985, Fernando Collor de Mello venceu a eleição para presidente da República e foi o primeiro presidente civil depois de 21 anos de regime militar. c) A Lei de Anistia (1979), embora sancionada pelo regime militar, foi sobretudo resultado da campanha pela Anistia promovida por di- versos setores da sociedade civil brasileira que se opunham ao governo militar, ocorrida no período conhecido como de redemocratização. d) A campanha Diretas Já marcou o período de redemocratização no Brasil, mas a eleição para presidente em 1985 ainda seria deci- dida pelo Colégio Eleitoral e não pelo voto popular. e) A Constituição de 1988, ao expressar a orga- nização de uma sociedade democrática, mar- caria definitivamente o fim do autoritarismo do regime militar no Brasil. e.o. dissertativo 1. (Fuvest) Em 25 de abril de 1984, a Câmara dos Deputados do Brasil rejeitou a Emenda Cons- titucional que propunha o restabelecimento das eleições diretas para a presidência da Re- pública. Durante quase nove meses, situação e oposição realizaram articulações políticas, visando à escolha do novo presidente. Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves foi eleito presidente do Brasil por um Colégio Eleitoral. a) Explique em que consistia esse Colégio Elei- toral e como ele era composto. b) Identifique e caracterize a articulação políti- ca vitoriosa na eleição presidencial de 1985. 2. (FGV) A senhora Eva Duarte [Perón] se per- deu entre quebrantos, milhões choraram-na, conservaram-na como a um faraó. Fixaram- -na na pompa de sua juventude trágica: con- verteram seu corpo em objeto de culto. Os militares argentinos, tão cristãos, sabiam do poder da relíquia (...) seus inimigos o en- tenderam: enquanto puderam roubaram o corpo morto-vivo, esconderam-no. Converte- ram-na na primeira desaparecida. CAPARRÓS, M. “O juremos”. Crecer a golpes. Crónicas y ensayos de América Latina a cuarenta años de Allende y Pinochet. FONSECA, D. (ed.), New York: C. A. Press, 2013, p. 37, (trad. livre). O peronismo é uma corrente política orga- nizada em torno de Juan Domingo Perón (1895-1974), que dava ênfase aos direitos trabalhistas através da implementação de po- líticas públicas pelo Estado. Além de Perón, a atuação de sua esposa Eva, conhecida como Evita, foi decisiva para o prestígio político do peronismo. A esse respeito, responda: a) Qual a relação entre Eva Duarte e o peronis- mo na Argentina? Explique. b) Em que contexto interno e externo ocorreu o golpe militar na Argentina, em 1976? c) Por que o texto se refere à Eva Duarte como a “primeira desaparecida na Argentina”? 3. (Unesp) Em fevereiro de 2012, uma opera- ção naval britânica no Atlântico Sul gerou tensões diplomáticas entre Argentina e Rei- no Unido. O episódio ocorreu às vésperas do trigésimo aniversário do início da Guerra das Malvinas. Identifique dois motivos que provocaram tal guerra e a relacione com o regime militar que então controlava a Argentina. 4. (UFRJ) O premiado documentário brasileiro “Condor”, de 2007, dirigido por Roberto Ma- der, resgatou diferentes versões do que ficou conhecido como “Operação Condor”, ou seja, um conjunto de ações político-militares co- ordenadas, nos anos 70 do século passado, por diversos governos da América Latina, como Chile, Brasil, Argentina, Uruguai, Pa- raguai e Bolívia. (http://br.cinema.yahoo.com/filme) a) Apresente um argumento dos governos en- volvidos na Operação para levá-la adiante. b) Em meados da mesma década de 1970, algu- mas longas ditaduras europeias chegaram ao fim, uma das quais em Portugal. Identifique uma característica da Revolução dos Cravos (1974). 116 5. (UFBA) O continente americano tornava-se palco do conflito entre as superpotências. A Revolução de Cuba foi um divisor de águas e marcou o ingresso pleno da América Latina no cenário da Guerra Fria. [...] A partir de então, os Estados Unidos optaram pela intervenção direta (além da informal) na política dos países do subcontinente, vi- sando a preservar sua hegemonia econômica e militar. Para tanto, contaram com aliados internos que se dispuseram a salvaguardar o “mundo livre”.(LOPEZ, 2008, p. 792). Com base no texto e nos conhecimentos so- bre a Guerra Fria, indique duas situações – uma de caráter ideológico e outra de cará- ter econômico – em que os Estados Unidos exerceram influência decisiva na política brasileira durante o período da ditadura dos governos militares. 6. (Unicamp) Em 1980, num show comemo- rativo ao Primeiro de Maio, o cantor Chico Buarque apresentou uma canção intitulada “Linha de Montagem”, que fazia referência às recentes greves do ABC: As cabeças levantadas, Máquinas paradas, Dia de pescar, Pois quem toca o trem pra frente Também, de repente, Pode o trem parar. (http://www.chicobuarque.com.br/ letras/linhade_80.htm) a) Qual foi a importância das greves do ABC nos últimos anos do regime militar brasileiro, que vigorou de 1964 a 1985? b) Aponte duas mudanças políticas que carac- terizaram o processo de abertura do regime militar. 7. (UFSC) Fonte: REZENDE, A.P. DIDIER, M.T. Rumos da História. São Paulo: Ática, 2001. p. 624. “Voava-se o voo 254 na noite de 27 de maio de 1984. Exatamente um mês e dois dias antes, ou seja, a 25 de abril, travara-se a penúltima batalha entre Nação e Ditadura, ocasião em que esta, uma vez mais – a última vez –, der- rotara aquela, manobrando com suspeita ha- bilidade no Congresso Nacional para que fos- se rejeitada uma emenda à Constituição que restabelecia o voto direto dos cidadãos para a próxima escolha do presidente da República.” NEVES, Amilcar. Relatos de sonhos e de lutas. São Paulo: Estação Liberdade: Fundação Nestlé de Cultura, 1991. p. 62. No final da década de 1970, o Brasil começa a viver o processo de redemocratização. Com base nessa afirmação e no texto, comente sobre a Campanha Diretas-Já e sua relação com o contexto político, social e econômico da época. 8. (UFRJ) Nos anos 60 e 70 do século passado, duas experiências políticas, uma em Cuba e outra no Chile, pretenderam iniciar a construção do que suas lideranças chamaram projeto so- cialista na América latina. a) Cite duas medidas tomadas pelo governo cubano logo após assumir o socialismo como ideário em 1961. b) Explique um problema enfrentado pelo go- verno chileno da Unidade Popular (1970- 1973) que tenha contribuído para inviabili- zar seu projeto político. 9. (FGV) Nesse momento alto da história or- gulhamo-nos de pertencer a um povo que não se abate, que sabe afastar o medo e não aceita colher o ódio. A Nação inteira comun- ga desse ato de esperança. Reencontramos, depois de ilusões perdidas e pesados sacri- fícios, o bom e velho caminho democrático. (...) A primeira tarefa de meu governo é pro- mover a organização institucional do Esta- do. (...) Faz algumas semanas eu anunciava a construção de uma Nova República. Vejo nessa fase da vida nacional a grande oportu- nidade histórica de nosso povo. (Discurso de Tancredo Neves em 15 de janeiro de 1985, após ser eleito pelo Colégio Eleitoral) 117 No alvorecer dos anos oitenta, na sociedade brasileira, uma série de manifestações po- líticas e sociais criticaram o governo vigen- te sob a bandeira do retorno dos direitos e prerrogativas democráticas. A partir dessas informações e dos documentos anteriores: a) explique o movimento “Diretas Já”; b) identifique uma medida implementada pelo governo da Nova República favorável ao res- tabelecimento dos direitos democráticos. 10. (Unicamp) É duvidoso e inútil especular sobre os destinos da Argentina, caso não tivesse sido desfechada a invasão das Mal- vinas, ou caso os argentinos obtivessem a soberania da ilha. O certo é que a derrota, em condições lamentáveis (junho de 1982), acelerou a derrubada da ditadura militar. (Adaptado de Boris Fausto & Fernando J. Devoto, “Brasil e Argentina: um ensaio de história comparada 1870-2002”. S. Paulo: Ed. 34, 2004, p. 458.) a) O que foi a Guerra das Malvinas? b) Por que ela contribuiu para a derrubada do regime militar argentino? c) Mencione duas características da ditadura na Argentina nas décadas de 1970 e 1980. e.o. enem 1. VOLTEM PARA SUAS CASAS! O POVO É LEGAL... Disponível em: http://pimenta com limao.files.wordpress.com. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado). A charge remete ao contexto do movimento que ficou conhecido como Diretas Já, ocorri- do entre os anos de 1983 e 1984. O elemento histórico evidenciado na imagem é a) a insistência dos grupos políticos de esquer- da em realizar atos políticos ilegais e com poucas chances de serem vitoriosos. b) a mobilização em torno da luta pela demo- cracia frente ao regime militar, cada vez mais desacreditado. c) o diálogo dos movimentos sociais e dos par- tidos políticos, então existentes, com os se- tores do governo interessados em negociar a abertura. d) a insatisfação popular diante da atuação dos partidos políticos de oposição ao regime mi- litar criados no início dos anos 80. e) a capacidade do regime militar em impedir que as manifestações políticas acontecessem. 2. A gente não sabemos escolher presidente A gente não sabemos tomar conta da gente A gente não sabemos nem escovar os dentes Tem gringo pensando que nóis é indigente Inútil A gente somos inútil MOREIRA, R. Inútil. 1983 (fragmento). O fragmento integra a letra de uma canção gravada em momento de intensa mobiliza- ção política. A canção foi censurada por es- tar associada a) ao rock nacional, que sofreu limitações des- de o início da ditadura militar. b) a uma crítica ao regime ditatorial que, mes- mo em sua fase final, impedia a escolha po- pular do presidente. c) à falta de conteúdo relevante, pois o Estado buscava, naquele contexto, a conscientiza- ção da sociedade por meio da música. d) a dominação cultural dos Estados Unidos da América sobre a sociedade brasileira, que o regime militar pretendia esconder. e) à alusão à baixa escolaridade e à falta de consciência política do povo brasileiro. 3. “É para abrir mesmo e quem quiser que eu não abra eu prendo e arrebento.” Frase pronunciada pelo presidente João Baptista Figueiredo. APUD RIBEIRO, D. Aos trancos e barrancos e o Brasil deu no que deu. Rio de Janeiro: Guanabara, 1996. A frase do último presidente do regime mi- litar indicava a ambiguidade da transição política no país. Neste contexto, houve re- sistências internas ao processo de distensão planejado pela alta cúpula militar, que se manifestaram com a) as campanhas no rádio, TV e jornais em fa- vor da lei de anistia. b) as posições de prefeitos e governadores em apoio à instalação de eleições diretas. c) as articulações no Congresso pela convoca- ção de uma nova Assembleia Nacional Cons- tituinte. 118 d) os atos criminosos, como a explosão de bom- bas, de militares inconformados com o fim da ditadura. e) as articulações dos parlamentares do PDS, PMDB e PT em prol da candidatura de Tan- credo Neves à presidência. 4. “Enquanto houver um só assassino pelas ruas, nossos filhos viverão para condená-lo por nossas bocas.” Hebe de Bonafini, líder das Mães da Praça de Maio, apud SOSNOWLKI, A. O Estado de São Paulo. 27 maio 2000. O movimento das Mães da Praça de Maio foi criado na Argentina durante o período da Ditadura Militar (1976-1983). A declaração resume o objetivo do movimento, demons- trando que sua causa foi: a) a fuga dos artistas, provocada pela censura estatal. b) a escalada das mortes, provocada pela guer- rilha urbana. c) o aumento da violência, provocado pelo de- semprego estrutural. d) o desaparecimento de cidadãos, provocado pela ação repressora. e) o aprofundamento da miséria, provocado pela política econômica. 5. De um ponto de vista político, achávamos que a ditadura militar era a antessala do so- cialismo e a última forma de governo possí- vel às classes dominantes no Brasil. Diante de nossos olhos apocalípticos, ditadura e sis- tema capitalista cairiam juntos num único e harmonioso movimento. A luta especifica- mente política estava esgotada. GABEIRA, F. Carta sobre a anistia: a entrevistado Pasquim. Conversação sobre 1968. Rio de Janeiro: Ed. Codecri, 1980. Compartilhando da avaliação presente no texto, vários grupos de oposição ao Regime Militar, nos anos 1960 e 1970, lançaram-se na batalha política seguindo a estratégia de: a) aliança com os sindicatos e incitação de greves. b) organização de guerrilhas no campo e na ci- dade. c) apresentação de acusações junto à Anistia Internacional. d) conquista de votos para o Movimento Demo- crático Brasileiro (MDB). e) mobilização da imprensa nacional a favor da abertura do sistema partidário. gabarito E.O. Teste I 1. B 2. B 3. E 4. A 5. B 6. C 7. B 8. D 9. B 10. E E.O. Teste II 1. C 2. C 3. D 4. E 5. C 6. E 7. A 8. B 9. A 10. C E.O. Teste III 1. A 2. E 3. A 4. C 5. B E.O. Dissertativo 1. a) O Colégio Eleitoral era formado pelo conjunto de políticos que compunham o poder Legislativo e durante o Regime Militar tinham a atribuição de eleger o Presidente da República indiretamente. b) A “Aliança Democrática” foi a articulação vitoriosa em 1985 e contava com políti- cos do PMDB e o PFL, liderado por José Sarney, que havia rompido a aliança po- lítica com o PDS. A Aliança enviou como candidato a presidência Tancredo Neves e como candidato à vice José Sarney. 2. a) Eva Duarte garantia o apoio popular ao regime de seu marido Juán Domingos Pe- rón por meio de políticas sociais e assis- tencialistas aos “descamisados” argenti- nos. Embora não ocupasse nenhum cargo político diretamente, Eva Duarte garantia o apoio da classe trabalhadora e procura- va representar o “justicialismo”, lema do peronismo. b) Internamente, o golpe militar de 1976 se associa ao desgaste do populismo e do aumento da crise econômica em virtu- de das flutuações dos preços exportados pela economia argentina e externamente podemos estabelecer relação com os regi- mes militares já estabelecidos na Améri- ca Latina e a Guerra Fria. c) O regime militar argentino se caracterizou como um dos mais violentos de toda Amé- rica Latina em que as práticas violentas por parte do Estado foram comuns, assim 119 como o desaparecimento de corpos e pri- sioneiros políticos. Com a destituição de Perón em meados da década de 50 por meio de um golpe militar, os golpistas se apressaram em sequestrar o corpo de Eva Perón, embalsamado desde a sua morte a pedido de Perón. Nesse sentido, o corpo de Eva Perón acabou desaparecendo, e so- mente encontrado novamente na década de 1970, sendo o “primeiro” corpo desa- parecido na Argentina do século XX. 3. A Guerra das Malvinas (1982) foi um con- flito dirigido por militares argentinos que objetivavam a reapropriação das Ilhas Malvi- nas, incorporadas ao Império Britânico des- de o século XIX. O contexto em que o conflito acontece, remonta o desgaste do regime mi- litar argentino no início da década de 1980 por conta da violência de Estado e a crise econômica estabelecida e acabou se caracte- rizando como um esforço do regime militar em desviar a atenção dos problemas sociais em torno de uma questão nacional. 4. a) A Operação Condor foi uma aliança po- lítico-militar entre regimes militares do Cone Sul criada com o objetivo de coor- denar a repressão aos opositores desses regimes e prender os elementos subver- sivos em escala continental. b) A Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal em 1974, foi o movimento que derrubou o regime salazarista, ditadura estabelecida no país desde 1932. A revolução iniciou-se no dia 25 de abril de 1974, e caracterizou-se pela deposição Marcelo Caetano, representante do regime salazarista à época. A população saiu às ruas para comemorar o fim da ditadura e distribuiu cravos, a flor nacional, aos soldados rebeldes em forma de agradeci- mento. Uma das primeiras realizações do novo governo português foi reconhecer a independência de suas colônias na África. 5. Uma intervenção de caráter ideológico por parte dos Estados Unidos no Brasil pode ser exemplificada pela aproximação política en- tre os dois estados no âmbito da educação e a assinatura de acordos, a constante propa- ganda dos benefícios da economia capitalis- ta no país e a entrada de produtos estaduni- denses no Brasil. Uma intervenção de caráter econômico pode ser notada pela presença/investimento de capitais dos Estados Unidos na “moderni- zação” e industrialização do país; presença de multinacionais; crescimento da dívida externa; consumo preferencial, no mercado brasileiro, de produtos estadunidense em detrimento dos europeus. 6. a) As greves no ABC paulista a partir de 1979, assinalam o desgaste político do regime militar brasileiro e a reorganiza- ção dos trabalhadores por meio do mo- vimento sindical. Além desses fatores, mostrou a insatisfação dos trabalhadores com as políticas salariais do regime mili- tar e constituiu-se em uma das principais forças opositoras a ditadura no início da década de 80. b) A extinção do AI-5 pelos militares, a Lei de Anistia e o restabelecimento do plu- ripartidarismo caracterizaram a abertura do regime ao final dos anos 70. 7. O início dos anos 80 marcou a decadência do regime militar por conta do desgaste políti- co e a perda de apoio da população devido as políticas violentas por parte do Estado, as tor- turas e os desaparecimentos. Além disso, eco- nomicamente as transformações decorrentes das crises internacionais e o caráter depen- dente da economia brasileira já apresentavam índices recessivos de crescimento econômico. A insatisfação social diante dessas questões e o crescimento do movimento sindical foram a força da campanha pelas “Diretas Já” e pela redemocratização em 1984. 8. a) O candidato deverá citar, entre outras, duas das seguintes medidas: § economia cada vez mais coletivizada e controlada pelo Estado; § maior aproximação com os países do chamado “socialismo real” (URSS e seus aliados); § consolidação de políticas públicas na área da educação, saúde e setor agrá- rio; § prisão e, em muitos casos, aplicação de pena de morte a opositores do go- verno. b) O candidato poderá explicar um problema enfrentado pelo governo da Unidade Po- pular, entre os quais: § frágil base eleitoral (um terço dos vo- tos dos chilenos) e parlamentar (não detinha maioria) de sustentação polí- tica do governo Allende; § reações internas e externas aos proje- tos de reformas profundas pretendi- das por este governo, assim como às medidas iniciais implementadas, tais como: nacionalização das empresas norte-americanas de mineração de co- bre; intervenção estatal na área ban- cária e de telecomunicações; reforma agrária etc. § queda dos preços internacionais do cobre, maior fonte de riqueza do país; § alta dos preços dos alimentos, acele- rando a inflação; 120 § intensificação dos conflitos no campo com a ocupação de diversas proprie- dades, estimulada pelo Movimento de Ação Popular Unitária (MAPU) e pelo Movimento de Esquerda Revolucioná- ria (MIR); § radicalização das lutas políticas e con- testação frontal de setores conserva- dores à coligação de esquerda. 9. a) Nos quadros do processo de abertura polí- tica dos governos militares, foi apresenta- da, no Congresso Nacional, a proposta de implementação de eleições diretas para a presidência da República. Houve, paralela- mente, no ano de 1984, a organização de comícios populares, em diversas capitais do país, visando a sensibilizar a opinião pública e, ao mesmo tempo, ampliar os mecanismos de pressão da sociedade civil pelo que se tornou a campanha nacional pelas Diretas Já. A despeito da mobiliza- ção popular conseguida pelo movimento, o Congresso não aprovou a emenda que restituía as eleições diretas. Ainda mais uma vez, o Colégio eleitoral, indiretamen- te, elegeu o novo presidente; dessa vez, um civil, Tancredo Neves. A interrupção da presença de generais do Exército na presidência do governo do Estado, prática instituída desde o golpe de 1964,foi, ao fim, comemorada nos termos do início de uma Nova República. b) Entre as ações do governo da Nova Repú- blica destinadas ao restabelecimento dos direitos democráticas, destaca-se a convo- cação de uma Assembleia Nacional Consti- tuinte e a promulgação de uma nova Cons- tituição, em 1988, a qual, entre outras medidas, instaurou eleições diretas para a presidência da República, a defesa da li- berdade de expressão e de reunião e da li- vre organização partidária e sindical, além da adoção de medidas trabalhistas desti- nadas a minimizar problemas e desigual- dades sociais, como o seguro-desemprego, a redução da jornada semanal de trabalho e a licença-paternidade. 10. a) A Guerra das Malvinas foi um conflito militar entre Argentina e Inglaterra em 1982, pelo controle das Ilhas Malvinas (Falkland) no Atlântico Sul. b) A humilhante derrota militar dos milita- res argentinos acentuou o desgaste polí- tico do regime militar argentino e escan- carou os problemas sociais e econômicos no país. c) A ditadura militar argentina caracterizou- -se como um dos mais violentos regimes em toda a América Latina e empregou extrema violência na perseguição aos opositores, torturas e desaparecimentos de prisioneiros políticos. E.O. Enem 1. B 2. B 3. D 4. D 5. B Nova República: governos Sarney e Collor Aulas 49 e 50 123 Governo José sarney (1985–1990) José Sarney A Campanha pelas Diretas Já! mobilizou a sociedade brasileira, resultando numa imensa rejeição à ditadura e reivindicando o restabelecimento do Estado de Direito. Derrotada a Emenda Dante de Oliveira, graças à atuação das lideranças políticas e econômicas ligadas ao PDS – que, aliás, continuam presentes no cenário político brasileiro, tão fortes e influentes como antes –, alguns seguimentos da sociedade civil, influenciados pelos meios de comunicação, passaram a apoiar claramente a can- didatura de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral. A vitória do candidato, em janeiro de 1985, alimentava alguma esperança de restabelecimento democrático, embora a ideia de que algum golpe pudesse ser tentado pelas forças descontentes em entregar o poder aos civis. Subitamente, vieram a doença e a morte de Tancredo Neves. Chocada e perplexa pela rapidez com que os acontecimentos tinham se desenrolado, a população, ainda estonteada, assistiu à posse de José Sarney na Presidência da República. Mas a necessidade de esperança era tão grande que, apesar do passado político do novo presidente – que sempre apoiou a ditadura, fora senador pela Arena, presidente do PDS e o principal articulador da derrota da emenda Dante de Oliveira –, mesmo assim, José Sarney assumiu o governo contando com um razoável crédito de confiança por parte do público. Economia José Sarney herdara do regime militar um País com sérios problemas econômicos, especialmente com altas taxas de inflação (223,8%, em 1984), crescente dívida externa, investimentos produtivos baixos, especulação financeira, recessão e um Estado falido. O novo presidente tinha a difícil tarefa de superar essa situação e, durante os primeiros meses de 1985, nenhuma medida importante foi tomada pela equipe do ministro da Fazenda Francisco Dornelles, que havia sido indicado por Tancredo Neves. No segundo semestre do mesmo ano, em substituição a Dornelles, Dílson Funaro foi nomeado para o Minis- tério da Fazenda com a tarefa de combater os problemas econômicos, de uma maneira mais intensa. Em fevereiro de 1986, o novo ministro lançou um plano econômico: O Plano de Estabilização Econômica ou Plano Inflação Zero, que visava combater a inflação e manter o crescimento econômico, tendo como principais disposições: 124 § criação de uma nova moeda: o Cruzado; § congelamento de preços e salários, que foram reajustados em 8%; § redução das taxas de juros; § desindexação1 da economia; e § aumento automático dos salários, todas as vezes que a inflação superasse os 20% mensais. Capa da revista Veja destacando a criação do Plano Cruzado. O plano ficou conhecido como Plano Cruzado e, em virtude da estabilização dos preços, da queda da inflação e dos juros, recebeu o apoio da população. Tabelas de preços eram distribuídas diariamente e os brasileiros foram convocados a fiscalizar os preços, denunciando aumentos irregulares como “fiscais do Sarney”, assim denominados. O consumo foi estimulado e a queda no rendimento das aplicações financeiras, inclusive a poupança, levou as pessoas a retirar seu dinheiro das aplicações financeiras e utilizá-lo na compra de mercadorias. O crescimento do consumo não foi acompanhado pelo crescimento da oferta de mercadorias, pois parte das empresas não estava preparada para ampliar rapidamente sua produção, enquanto outras viram os preços de venda defasados em relação aos custos, não tendo, portanto, estímulo para aumentar a produção. Além disso, muitas empresas sobreviveram no mercado graças aos lucros das aplicações financeiras. Em face da redução destes, passaram a ter dificuldades para continuar produzindo. Havia um grande número de empresários que, graças à inflação, tinham lucros fabulosos e não queriam abrir mão deles, passando então a reter mercadorias e matérias-primas, provocando o ágio2 e agravando os problemas do desabastecimento, que provocavam o aumento dos preços das mercadorias em geral. A escassez de mercadorias e o ágio provocaram a perda do controle da situação por parte das autoridades econômicas. Por razões políticas, o congelamento de preços foi mantido até as eleições de novembro de 1986, quando seriam escolhidos os novos governadores estaduais. A vitória eleitoral do PMDB foi devastadora: somente o Estado de Sergipe não elegeu um governador do partido do presidente Sarney. Logo após as eleições, veio o descongelamento de preços e salários, fazendo com que a inflação subisse descontroladamente. Daí em diante, a situação econômica brasileira deteriorou-se cada vez mais, chegando a atingir, no final do mandato de Sarney, o espantoso índice de 90% ao mês, apesar da constante troca dos ministros da Fazenda ao longo do seu mandato. Depois de Dílson Funaro, vieram Luís Carlos Bresser Pereira e Maílson da Nóbrega, respon- sáveis, respectivamente, por mais dois choques econômicos: o Plano Bresser, em 1987, e o Plano Verão, em 1989. Este substituía o Cruzado (CZ$) pelo Cruzado Novo (NCz$). 1 Eliminação de reajuste obrigatório em função de mudança de algum parâmetro escolhido como índice. 2 Termo utilizado para nomear o valor a mais que é cobrado sobre determinada mercadoria ou operação financeira. 125 No Plano Verão, notas de Cz$ 1.000,00 eram carimbadas com o valor de NCz$ 1,00 (um cruzado novo). A crise econômica e o desemprego provocaram descontentamento geral da população com a situação econômica do País. No último mês do governo Sarney, março de 1990, a inflação correspondente ao período de 15 de fevereiro a 15 de março atingiu o recorde histórico de 84,32%, chegando ao índice acumulado de 4853,90% nos 13 meses anteriores. Os mais prejudicados foram os trabalhadores assalariados, de modo especial aqueles que recebiam seus salários mensalmente, cujo valor real chegava a ser cerca de 50% inferior ao nominal. O País foi marcado por greves e manifestações contra o governo, que perdia cada vez mais popularidade. 31 de janeiro de 1989 – consumidores observam prateleiras vazias em supermercado durante o Plano Verão, o terceiro a fracassar na tentativa de controlar a inflação. A Assembleia Nacional Constituite e a Constituição de 1988 Em novembro de 1986, realizaram-se eleições simultaneamente para governador, Assembleias Estaduais, Câmara Federal e Senado. Favorecido pelos resultados inicialmente do Plano Cruzado, o PMDB elegeu governadores em quase todos os Estados e tornou-se majoritário no Congresso Nacional, que seria também Assembleia Constituinte; os deputados federais e senadores então eleitos eram encarregados de elaborar a nova Constituição brasileira.126 Durante a Constituinte, Sarney lutou com muito afinco para que seu mandato fosse ampliado para cinco anos. Houve acusações de que, em troca dessa ampliação, o presidente teria atribuído numerosas concessões de rádio e televisão aos deputados constituintes. As acusações levaram alguns parlamentares, inclusive do PMDB, a exigir a convocação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. As manobras do governo impediram a CPI, o que levou vários políticos do PMDB a romperem com o presidente Sarney, deixando o partido e fundando uma nova sigla política, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), liderados por Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro, Pimenta da Veiga e Mário Covas. Elaborada ao longo de um ano e meio, a nova Constituição foi promulgada no dia 5 de outubro de 1988 pelo presidente do Congresso Constituinte, Ulysses Guimarães. Ela apresentava como principais características: § manutenção do regime republicano e do sistema presidencialista; § mandato presidencial de cinco anos; § eleição direta para todos os níveis e em dois turnos, sempre que um dos candidatos não conseguisse maioria absoluta, do qual participariam os dois primeiros candidatos, para os cargos dos Executivos federal, estadual e municipal; § voto obrigatório para ambos os sexos entre 18 e 60 anos de idade e facultativo para pessoas de 16 e 17 anos de idade, maiores de 60, analfabetos, deficientes físicos e indígenas; § ênfase aos poderes do Legislativo e transformação do Judiciário em poder verdadeiramente independente, apto inclusive a julgar e anular atos do Executivo; § consolidação dos princípios democráticos e defesa dos direitos individuais e coletivos dos cidadãos; § nacionalismo econômico, reservando várias atividades somente a empresas nacionais; § assistencialismo social, com a ampliação dos direitos dos trabalhadores; e § ampliação da autonomia administrativa e financeira dos Estados da federação. À esquerda, encerramento dos trabalhos da Constituinte de 1988. À direita, Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Constituinte, exibe um exemplar da Constituição, depois de promulgada pelo Congresso Nacional. Eleições de 1989 Em 1989, os brasileiros votaram para o cargo de presidente da República após, uma longa espera de 29 anos, em meio a um quadro político-econômico e social bastante conturbado. Primeiro, o descontrole inflacionário, devido ao fracasso sucessivo de vários planos econômicos; o imobilis- mo do governo, que não buscou encaminhar soluções efetivas para questões essenciais e que afligia a população há décadas, tais como emprego, alimentação, saúde, educação, habitação, transporte etc. marcou-se, então, a 127 campanha para a eleição presidencial, a primeira eleição direta para presidente da República desde 1960, quando Jânio elegeu-se com uma votação recorde até então. Quase todas as legendas lançaram candidaturas próprias, mesmo as que tinham remotas chances de vi- tória, num total de 21 candidatos ou 22, se incluídos nesse grupo a tentativa de candidatura do apresentador de televisão Sílvio Santos. Era, na prática, uma maneira de os políticos apresentarem-se à população e tornarem-se nacionalmente conhecidos. Entre as candidaturas mais conhecidas estavam a de Ulysses Guimarães, pelo PMDB, tendo contra ele o fato de pertencer ao partido de Sarney, bastante desgastado. Já Mario Covas candidatou-se como representante do recém-criado PSDB, integrado por dissidentes do PMDB, que fundaram a nova legenda. Com tendências mais conservadoras apresentavam-se as candidaturas de Paulo Maluf, pelo PDS (Partido Democrata Social), Aureliano Chaves, pelo PFL (Partido da Frente Liberal). Havia, ainda, as candidaturas de Roberto Freire, pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro) e Guilherme Afif Domingos, pelo PL (Partido Liberal). Outros nomes tornaram-se conhecidos nacionalmente naquele momento: o do médico Enéas Carneiro, que disputou eleição pelo Prona (Partido de Reedificação da Ordem Nacional). Dispondo de pouco tempo na mídia, ele fazia discursos que mais pareciam palavras de ordem ou gritos de guerra, sempre encerrando com um bordão – “Meu nome é Enéas!”. Mais tarde Enéas entraria para a história da política nacional ao se eleger um dos deputados federais mais votados do País pelo Estado de São Paulo, “arrastando”, pelo coeficiente eleitoral, outros candidatos de votação inexpressiva de seu partido para o Congresso Nacional, em um fenômeno conhecido como a “bancada Enéas”. É possível perceber que essas candidaturas que concorriam por legendas tradicionais tinham poucas chances de vitória, num claro recado da população que demonstrava estar insatisfeita com o tradicionalismo político. A opinião pública recaía sobre dois personagens: um deles já tradicional na política brasileira e o outro vindo do movimento sindical, mas ambos identificados como candidatos com posicionamentos mais à esquerda, isto é, estabelecendo prioridades em suas propostas sociais: Leonel Brizola e Luiz Inácio Lula da Silva. Leonel Brizola (PDT), único político eleito para governar dois Estados diferentes (Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro) em toda a história do Brasil, foi um dos candidatos à Presidência da República que concorreu nas eleições de 1989. Mesmo entre os dois havia diferenças quanto às prioridades de seus projetos. Brizola, candidato pelo PDT, era considerado herdeiro do trabalhismo varguista e fazia um discurso em defesa das riquezas nacionais e de valorização da educação como ferramenta de transformação econômica e de inclusão social. Pesava em seu favor a experiência de ter sido governador de dois importantes Estados, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Lula foi can- didato pelo PT (Partido dos Trabalhadores), partido que, assim como o PDT, foi fundado após a reforma partidária em 1979. Para muitos, a candidatura de Lula na época representava a esquerda, especialmente por promover um 128 discurso de ruptura, prometendo inclusive a suspensão do pagamento da dívida externa e apoio à reforma agrária, contando com o apoio de vários segmentos de intelectuais, artistas, sindicatos, entidades estudantis, trabalhadores e do movimento operário. Seu projeto era nacionalista e propunha desenvolver uma política democrática que fa- vorecesse os trabalhadores; promovesse o crescimento do mercado interno, com a elevação do padrão de vida das classes populares, priorizando a área social (educação, saúde, moradia etc.). Nesse momento, houve grande debate nacional a respeito das consequências de uma possível vitória de Lula. As pesquisas apontavam um provável segundo turno entre Brizola e Lula, o que atemorizava os setores conservadores. Mas na reta final da campanha, a candidatura de Lula cresceu e a militância do PT ganhou as ruas, conquistando eleitores indecisos e convencendo outros, levando seu candidato ao segundo turno para enfrentar Fernando Collor, que aparecia como um novo fenômeno eleitoral lançado pelo pequeno PRN (Partido da Recons- trução Nacional) e que ganhou, imediatamente, o apoio das classes dominantes e dos grandes órgãos de imprensa, pois tinha apelo para afastar o “perigo” Lula. Banner eleitoral de Collor, 1989 Fernando Afonso Collor de Melo, proveniente de uma tradicional família alagoana de políticos empresários, cujo avô tinha sido ministro de Vargas, era bem jovem, ocupara a prefeitura de Maceió e o governo do Estado, ainda que insistisse em dizer que representava o novo na política e desligado dos poderosos. Collor utilizou sua juventu- de para conquistar o eleitorado. Seus discursos fortes destacavam a necessidade de moralização da vida pública, prometendo um combate incansável à corrupção, apelo popular fácil e sempre utilizado. Segundo ele, era preciso promover a “caça aos marajás” – denominação atribuída pelo jovem candidato aos funcionários que recebiam al- tíssimos salários, além dos que não exerciam função alguma. Outro destaqueem sua campanha foi a promessa de modernização econômica através da integração do Brasil ao mercado mundial, fundamentando algumas de suas ações nos princípios neoliberais. Collor era na verdade o candidato das elites, dos empresários, dos latifundiários e dos usineiros e contava com o apoio dos principais grupos que controlavam os meios de comunicação e a grande imprensa, especialmente as Organizações Globo. A campanha para o segundo turno foi acirrada. Collor não havia comparecido a nenhum debate antes do primeiro turno, mas no segundo turno não teve como evitar o embate com seu oponente. Nesse momento, empre- sários davam declarações ameaçando sair do País, investidores pressionaram os grupos empresariais e os patrões, na mídia, anunciavam uma possível quebradeira em virtude do quadro formado no cenário nacional e internacio- nal. Segmentos da classe média receavam perder alguns privilégios e, por isso, combatiam a candidatura de Lula. 129 Lula e Collor cumprimentam-se durante a campanha presidencial de 1989. Collor explorou esse medo no debate final, às vésperas da eleição, alegando que Lula promoveria o confisco de todas as aplicações financeiras e investimentos dos cidadãos. Collor investiu também em ataques pessoais, alegando que seu oponente defenderia o aborto, tendo inclusive contado para isso com a declaração de uma ex- -namorada de Lula, além de assegurar que Lula seria favorável à luta armada. Collor venceu com uma pequena margem e Lula, apesar da derrota, saiu fortalecido como principal repre- sentante da oposição. Governo Fernando Collor (1990–1992) Cerimônia de posse: Collor recebe a faixa presidencial de Sarney. O Plano Collor O governo Collor, desde o início, foi bastante conturbado, especialmente pela necessidade de criar mecanismos eficientes de combate à inflação. Não era fácil, pois seu antecessor já tinha buscado em fórmulas, denominadas pelos economistas de choques heterodoxos, controlar a inflação. Todas as tentativas fracassadas. Antes de tomar posse, o presidente Fernando Collor informou que “só tinha uma bala na agulha para disparar contra a inflação e, portanto, não poderia errar”. Menos de 24 horas depois de subir a rampa do Planalto, Fernando Collor fez o disparo, só que, ao invés de uma bala de revólver, detonou uma bomba nuclear sobre a economia. O presidente divulgou o novo plano econômico de combate à inflação, denominado Brasil Novo, também conhecido por Plano Collor, articulado por um grupo de ministros chefiados pela professora Zélia Cardoso de 130 Mello, então ministra da Fazenda. Foi sem dúvida impactante, pois promoveu o confisco geral da economia, limi- tando os saques de investimentos, aplicações financeiras, cadernetas de poupança entre outros, além de mudar novamente a moeda (retornou ao Cruzeiro) e promover novo congelamento de preços. Zélia Cardoso de Mello, ministra da Fazenda, durante anúncio do Plano Collor, em 1990. A justificativa usada era a da necessidade de evitar uma explosão do consumo, como ocorreu nos tempos de Sarney, visando impedir uma crise de abastecimento que favoreceria a especulação e a cobrança do ágio; portanto, o retorno da inflação. Além disso, o governo, assumindo princípios da política econômica neoliberal, promoveu o enxugamento da máquina administrativa com a extinção de secretarias e ministérios que resultou em demissões em massa, pro- moveu a privatização de várias empresas e cortou subsídios a vários setores da economia e da cultura. Ao mesmo tempo, o governo facilitou a entrada de capitais e produtos estrangeiros no Brasil. Se em alguns casos essas medi- das contribuíram para o aperfeiçoamento de produtos nacionais, que competissem com os importados, em outros, gerou a falência, já que muitas dessas empresas não tinham condições de competir com as vantagens concedidas aos estrangeiros. Diante do fracasso da política econômica, a ministra da Fazenda Zélia Cardoso de Mello pediu demissão e foi substituída por Marcílio Marques Moreira, que tentou manter o plano com alguns ajustes. Mas a tentativa de um novo plano só agravou a crise existente. A mais grave consequência das medidas postas em prática pela equipe da ministra Zélia e, posteriormente, por Marcílio Marques Moreira foi uma acentuada recessão, isto é, uma redução drástica da atividade econômica, sobretudo industrial. Destaca-se o quadro geral de desemprego, que alcançou os maiores índices das últimas décadas. Os salários, devido à inflação, perderam a maior parte do seu poder de compra. Com a justificativa de debelar uma inflação de mais de 80% ao mês, a equipe de Zélia, nas palavras do ex- -ministro Delfim Netto, transformou a economia do País em uma “experiência de laboratório e os brasileiros, em rati- nhos”. As consequências para muitas famílias foram irreparáveis, com mortes, suicídios e desemprego – provocado por uma recessão aguda logo no primeiro ano do plano. Em 1990, o PIB caiu 4,5% e a economia permaneceu atrofiada. 131 A inflação também despencou para 7,59%, mas resuscitou com força nos anos seguintes, encerrando o período Collor em mais de 25% (IPCA de dezembro de 1992). Foram os anos da chamada “estagflação” – uma anomalia econômica. O fracasso dos planos acabou levando antigos apoiadores a promoverem abertamente críticas ao presiden- te, que a essa altura já tinha seu nome associado a escândalos de corrupção. Denúncias de corrupção Somados aos desgastes resultantes do fracasso dos planos de combate à inflação, surgiram sérias denúncias de corrupção na equipe de governo, algumas das quais envolviam até mesmo o presidente e a primeira-dama. A mesma mídia que trabalhara intensamente para garantir a eleição de Collor abastecia a opinião pública com novidades sobre os escândalos de corrupção no governo. Uma das denúncias mais graves partiu do irmão mais velho do presidente, o empresário Pedro Collor, que, em uma entrevista concedida à revista Veja, em maio de 1992, acusava o presidente de se envolver em negociatas ilícitas e ter recebido doações não contabilizadas em sua campanha coordenada pelo tesoureiro Paulo César Farias, o PC Farias, como era conhecido, numa operação conhecida popularmente como “caixa 2”. O nome PC Farias já aparecia em denúncias desde 1991, que o acusavam de fazer lobbies para realizar negociações envolvendo empresas públicas, ainda que elas pudessem gerar prejuízos aos cofres públicos. Seria PC o coordenador de um grande “esquema” criado para favorecer determinados grupos econômicos, promovendo, para isso, tráfico de influência dentro do governo. As denúncias feitas pelo irmão do presidente tiveram grande repercussão junto à opinião pública. A partir daí, outras denúncias de irregularidades foram aparecendo. Como resultado do clima de indignação, foi instaurada no Congresso Nacional uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as denúncias de irregularidades. Edição da revista Veja com a bombástica entrevista de Pedro Collor, marca do começo do fim do ex-presidente. Apesar das muitas acusações, Pedro Collor não apresentou provas concretas de suas denúncias e acusações, o que não foi levado em consideração pela grande mídia e pela opinião pública. Seria apenas uma questão de família mal resolvida? (Vale lembrar que o empresário houvera descoberto que PC Farias abriria um jornal em Ala- goas para concorrer com o jornal de sua família. Detalhe: PC era sócio de Fernando Collor). As denúncias estariam fadadas a serem arquivadas? Em junho de 1992, outra entrevista, agora na revista Isto É, com Eriberto França, motorista da secretária de Collor, mudaria os rumos da investigação. O motorista revelou detalhes da ligação de PC Farias com o presidente Collor, que faziam uso de contas fantasmas, isto é, de pessoas inexistentes, para pagamentos de despesas pessoais do presidente – boa parte delas superfaturadas –, em sua mansão em Brasília, a Casa da Dinda. 132 Capa da revista Isto É com foto de EribertoFrança, peça - chave para a CPI que culminou com o impeachment de Collor. Manifestações em todo o País: surgem os “caras pintadas” Insuflados pela mídia, a “população” foi tomada pela indignação. Surgiam cada vez mais manifestações que exi- giam o afastamento do presidente. Ganhou destaque a atuação dos estudantes em todo o País. Os jovens chamavam a atenção pintando o rosto de verde, amarelo e preto em sinal de protesto contra a corrupção em manifestações pelo Brasil afora, ficando conhecidos como os “caras pintadas”. Os “caras pintadas” saíram às ruas, em 1992, para pedir o impeachment de Fernando Collor. Essas manifestações foram amplamente divulgadas pelos meios de comunicação e contribuíram decisiva- mente para engrossar as fileiras dos que queriam ver Collor fora do governo. Ainda que se possa questionar a espontaneidade do movimento, já que alguns alegam manipulação da mídia, especialmente da Rede Globo, que aproveitou para exibir a minissérie Anos Rebeldes, que mostrava a atu- ação destemida dos estudantes durante o regime militar, não se pode deixar de constatar a importância histórica de um movimento como esse. Era de fato a consolidação da democracia. Afinal, o impeachment é um instrumento jurídico que permite ao Congresso Nacional destituir do cargo o presidente da República de maneira legal. No en- 133 tanto, essa leitura necessita ser mais bem fundamentada pelos estudos dos historiadores, pois há que se entender as motivações das classes dominantes e quais interesses econômicos em jogo no movimento político levaram ao impeachment de Collor em contradição com sua absolvição pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça). Collor ainda tentou algumas manobras para evitar sua deposição. Em rede nacional, tentou mobilizar a população para que saísse às ruas vestido de verde e amarelo em defesa do seu mandato, dizendo ser vítima de uma conspiração. Ainda que alguns atendessem os seus apelos, a maior parte da população saiu às ruas de preto em sinal de luto e protesto. Os trabalhos na CPI seguiram e várias denúncias acabaram surgindo; graças à pressão exercida pela opinião pública, a CPI aprovou o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo no dia 29 de setembro de 1992, que foi afastado do cargo até o julgamento no Senado. Tentando evitar a perda de seus direitos políticos, Collor resolveu renunciar ao seu mandato horas antes da votação no Senado, em 29 de dezembro de 1992, mas não adiantou, pois perdeu o mandato presidencial e os direitos políticos, tornando-se inelegível, por oito anos. O jornal Folha de S.Paulo noticiou, em 30 de setembro de 1992, o impeachment do então presidente Fernando Collor, episódio destacado como “vitória da democracia”. 134 e.o. TesTe I 1. As recorrentes crises econômicas que atingi- ram o Brasil nos últimos 30 anos foram res- pondidas de formas diversas, como por meio do Plano Cruzado (1986) e do Plano Collor (1990), que decretaram as seguintes medi- das, respectivamente: a) estabelecimento de uma meta inflacionária de 10% ao ano e congelamento dos tributos e das tarifas públicas; a moeda volta a se chamar cruzeiro e todos os investimentos de curto e médio prazos foram bloqueados por 2 anos. b) congelamento dos preços por 2 meses, au- mento das tarifas públicas e a criação do gatilho salarial; criação do cruzado novo, congelamento dos gêneros de primeira ne- cessidade e bloqueio de todos os depósitos em caderneta de poupança. c) congelamento geral de preços e a criação de um gatilho salarial a ser ativado quando a inflação atingisse 20%; congelamento de preços e salários pela média dos últimos 12 meses e o aumento da remuneração da ca- derneta de poupança. d) congelamento dos preços por um ano, além de um abono salarial de 8% para todas as categorias profissionais; retenção, por 18 meses, de todos os valores acima de 50 mil cruzados novos nas contas correntes e nas cadernetas de poupança. e) aumento tributário para automóveis, bebi- das e cigarros e congelamento do preço de alimentos e tarifas públicas; extinção dos investimentos financeiros de curto prazo e adoção de dois índices inflacionários: um para o setor público, outro para o privado. 2. (UPF) Em 2015, completaram-se 30 anos da morte de Tancredo Neves, primeiro presidente eleito após o encerramento da ditadura militar no Brasil. Na ocasião, após a morte de Tancre- do, a presidência foi assumida pelo então vice- -presidente José Sarney, que, dentre os inúme- ros problemas herdados do ciclo militar, teve de enfrentar uma economia em crise, com alta da inflação, que ultrapassava os 200%. Sobre esse período, considere as asserções a seguir. I. Uma tentativa de conter a inflação foi o Plano Cruzado, que congelou os preços por um ano e adotou o mecanismo do “gatilho” para reajuste dos salários. II. Atendendo à convocação de Sarney para travar uma “guerra de vida ou morte” contra a inflação, muitos brasileiros entra- vam nos supermercados exibindo bottons com a inscrição “sou fiscal do Sarney” e denunciando os estabelecimentos quando havia remarcação indevida de preços. III. Os empresários apoiaram o plano e as ex- portações de produtos industrializados explodiram. IV. A crise das contas externas levou o Brasil a declarar a chamada “moratória técni- ca”, em 1987. É verdadeiro apenas o que se afirma em: a) I e II. b) I e III. c) I, II e III. d) I, II e IV. e) III e IV. 3. A partir da eleição pelo Colégio Eleitoral do Presidente Tancredo Neves, em 1985, inicia-se um novo período republicano brasileiro, que alguns autores chamam de Nova República. Sobre esse período, assinale a única resposta que associa corretamente uma característica do governo ao respectivo governante. a) No dia de sua posse, Fernando Collor de Mello confiscou cerca de 80% do dinheiro que circulava no país. b) No governo do Presidente Itamar Franco, restabeleceu-se o cruzeiro como moeda na- cional, extinguindo- se o cruzado. c) Alguns meses após assumir a Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso anunciou o Plano Real, o qual passou a vigo- rar no País em 1º de julho de 1994. d) Fernando Henrique Cardoso, na campanha eleitoral, expunha uma imagem de político renovador, preocupado em caçar “marajás”. e) No dia 2 de outubro de 1992, o vice-pre- sidente Itamar Franco assumiu, governando interinamente, até 29 de dezembro, quando o Congresso Nacional declarou vaga a presi- dência, por falecimento de Tancredo Neves. 4. (Mackenzie) O governo de José Sarney (1985- 1990) caracterizou-se como um governo de transição democrática, que foi responsável, entre outros, pelo estabelecimento de elei- ções diretas em todos os níveis. Na esfera econômica esse período foi marcado por: a) altas taxas de inflação e vários planos econô- micos como o Plano Cruzado. Além da moeda nacional perder três zeros e passar de cru- zeiro para cruzado, todos os preços ficaram congelados por um ano, o que ocasionou falta de mercadorias e produtos que só eram ofere- cidos mediante o pagamento de “ágio”. b) a transição pacífica para um governo com características democráticas refletiu positi- vamente na nossa economia. O Brasil con- seguiu junto ao FMI a moratória da dívida brasileira e o aumento do crédito nacional diante de banqueiros estrangeiros. c) com o Plano Bresser, em julho de 1987, o po- der aquisitivo das camadas populares aumen- tou e os índices de desemprego diminuíram. Com isso ocorreu um aumento no consumo o que aqueceu a economia nacional e também atraiu investidores estrangeiros para o país. 135 d) o Plano Verão, em janeiro de 1989, precedeu a uma nova troca de moeda. O cruzado foi substituído pelo cruzado novo pelo ministro da Fazenda Dílson Funaro, o que acarretou prejuízos para a economia, pois novamente nossa moeda foi desvalorizada. e) o resultado de todos os planos editados desde fevereiro de 1986 até janeiro de 1989 foi positivo para a economia brasileira.A extinção da correção monetária realocou parte do capital que se encontrava apli- cado nos setores financeiros para o produtivo, gerando empregos que dinamizaram nossa economia. 5. (Cefet-MG) Sobre o governo Collor (1990-1992), NÃO é correto afirmar que a) combateu a inflação ao congelar depósitos bancários para conter o consumo. b) criou taxas de importação para dificultar a entrada de produtos estrangeiros. c) renunciou à presidência cassado em seus direitos políticos pelos congressistas. d) investiu no marketing político com sua imagem atrelada à ideia de jovialidade. e) adotou o neoliberalismo ao iniciar o processo de privatização de empresas estatais. 6. (Udesc) O cartunista e jornalista Henfil (1944-1988) se notabilizou pela construção de um humor marcado pela ironia e pelo cinismo. Graúna é um dos seus cartuns publicado em O Pasquim. Com base no desfecho irônico proposto sobre a capacidade das populações analfabetas escolherem os seus líderes políticos por meio do voto, depreende-se que: a) os analfabetos não estão prontos para a democracia, uma vez que votam pela aparência ou de acordo com suas necessidades pessoais. b) as pessoas analfabetas têm capacidade de justificar as escolhas dos seus candidatos políticos a partir de critérios racionais. c) as pessoas analfabetas são mais influenciáveis na política que os alfabetizados, pois não possuem instrução para identificar as estratégias e discursos ludibriantes dos candidatos políticos. d) as pessoas alfabetizadas são as mais qualificadas para escolher o representante político que deve go- vernar o país. e) as pessoas analfabetas são ingênuas e facilmente manipuláveis o que limita sua capacidade de escolher o político que governará toda a população do país. 7. (UEMG) Eleito em novembro de 1989, chega ao poder, no Brasil, um presidente de raízes cariocas e de carreira política em Alagoas (onde administrou o Gazeta Alagoana), vindo de um pequeno partido, o PRN (Partido da Reconstrução Nacional). Durante o governo de Fernando Affonso Collor de Mello, vários escândalos eclodiram, enfraquecendo a base aliada e a aceitação popular, em meio aos protestos dos “caras pintadas”, nome pelo qual ficou conhecida a juventude desse período, que saiu às ruas clamando pelo impeachment do presidente. O movimento popular surtiu efeito, e o presidente Collor deixou o poder. 136 O que motivou a retirada de Fernando Collor da presidência da república? a) A rede de corrupção montada por Collor e por seu tesoureiro, Paulo César Farias, co- nhecida como “Esquema PC”. b) A demissão de uma grande aliada de Collor, a ministra Zélia Cardoso de Mello, que, temen- do sofrer represália, deixou o Ministério da Fazenda. c) O fracasso da abertura econômica para pro- dutos importados, que reduziu impostos para promover a modernização da indústria brasileira. d) Os escândalos deixados por Collor no gover- no de Alagoas, que só foram descobertos após ele ter assumido a presidência. 8. (UPF) Analise o fragmento a seguir. A CPI por si só, em mãos de correligionários, muitos profundamente envolvidos em atos de corrupção – como se verá em seguida no escândalo dos Anões do Orçamento – não se- ria o bastante para chegar ao impeachment. Este foi, em verdade, obra de brasileiros hu- mildes, como o motorista Eriberto com seu depoimento, e uma maioria revoltada que ocupava as ruas. A jovem democracia brasi- leira vivera sua prova de fogo. (LINHARES, Maria Yedda (org.) História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier,1990) O contexto mencionado acima se refere ao governo do presidente: a) Juscelino Kubitschek. b) Tancredo Neves. c) Floriano Peixoto. d) Fernando Henrique Cardoso. e) Fernando Collor de Mello. 9. (PUC-RS) Do ponto de vista econômico, os anos 80, no Brasil, são considerados como a “década perdida”, pois os índices de cresci- mento da economia, que chegaram a atingir a casa dos 10% anuais entre 1950 e 1970, caíram a taxas inferiores a 1%. Sobre os fa- tos que podem explicar essa queda, NÃO é correto incluir a) o excesso de intervenção do Estado na econo- mia durante o governo militar, que criou inú- meras empresas estatais, aumentando, assim, o peso da máquina estatal e o deficit público. b) a “crise do petróleo” de 1979, que diminuiu a ofer ta do produto e, consequentemente, au- mentou o seu preço, prejudicando os países importadores desse combustível, como o Brasil. c) o aumento deliberado do salário mínimo, que ampliou a renda dos trabalhadores, per- mitindo o seu maior acesso ao mercado de consumo e, dessa maneira, provocando in- flação e carência de produtos. d) o crescimento do endividamento externo, deriva do dos empréstimos tomados pelo go- verno militar para ampliar os investimentos no país, mas que se tornaram impagáveis depois que os bancos internacionais aumen- taram as taxas de juros. e) a tendência de os governos brasileiros procura rem resolver os problemas do deficit público sem cortar gastos ou ampliar recei- tas, mas aumentan do a emissão de moedas, com o acirramento do surto inflacionário. 10. (UFG) Leia o trecho da composição a seguir. Mas se você achar Que eu tô derrotado Saiba que ainda estão rolando os dados Porque o tempo, o tempo não para. A tua piscina tá cheia de ratos Tuas ideias não correspondem aos fatos O tempo não para Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não para Não para, não, não para. CAZUZA. O tempo não para. Álbum O tempo não para. Gravadora Universal Music Brasil, 1989. Faixa 6. (Adaptado). Datada de 1989, a composição de Cazuza integra o repertório do rock nacional. Atin- gindo um público amplo, essa composição exprime uma relação entre a vivência dos jovens e a apreensão de seu tempo, quando a) vincula presente e futuro, expressando a in- capacidade de mudança na cultura juvenil dominada pelo autoritarismo. b) contraria a vivência subjetiva do tempo, su- bordinando a experiência do indivíduo ao coletivo em defesa do patriotismo. c) recusa a memória sobre o passado, tentan- do se liberar das ocorrências opressoras da década anterior que afetaram a juventude resistente. d) identifica o conflito entre gerações, reve- lando o desejo da juventude do presente em criticar as referências éticas que conduziram a transição à democracia. e) explora a desaceleração do tempo, aludindo ao sentimento de um presente que se repete porque o ideal democrático parecia distante. 137 e.o. TesTe II 1. (FGV) Leia o fragmento. Na transição brasileira para a democracia, os setores conservadores, que sempre temem que a mobilização popular fuja ao seu con- trole, acabaram por dar a tônica. A passagem da ditadura [militar, 1964-1985] à democra- cia político-eleitoral deveria ser feita “por cima”, sem a participação como sujeitos dos que estavam “embaixo”. Chico Alencar et al, História da sociedade brasileira. Pode-se verificar a transição conservadora, comentada no trecho: a) no isolamento político ao qual foi submetido o candidato à presidência do PMDB, Tancredo Neves, que não contou com o apoio das ou- tras forças de oposição ao regime autoritário nas eleições indiretas de janeiro de 1985. b) na derrota da emenda constitucional que preconizava eleições diretas para a presidên- cia da República e na constituição do pri- meiro governo pós-regime autoritário com a presença de liberais moderados e de antigos partidários do regime anterior. c) no completo descaso do governo eleito em 1985 com a prometida convocação imediata de uma Assembleia Nacional Constituinte, que só se tornou possível após a intervenção de enti- dades da sociedade civil, como a OAB e a CNBB. d) no compromisso da chapa de oposição ao re- gime militar, sob a liderança de José Sarney, que se apresentou nas eleições diretas de 1985 garantindo que as práticas autoritárias do regime ditatorial não seriam investigadas. e) na exigência explícita dos ministrosmilita- res do governo Figueiredo de que o candi- dato às eleições diretas em 1985 viesse do grupo dos peemedebistas autênticos e que a lei de Anistia não fosse revista. 2. (Fuvest) O presidente do Senado, José Sar- ney (PMDB-AP), disse nesta segunda-feira [30/5] que o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello foi apenas um “aci- dente” na história do Brasil. Sarney mini- mizou o episódio em que Collor, que atual- mente é senador, teve seus direitos políticos cassados pelo Congresso Nacional. “Eu não posso censurar os historiadores que foram encarregados de fazer a história. Mas acho que talvez esse episódio seja apenas um aci- dente que não devia ter acontecido na histó- ria do Brasil”, disse o presidente do Senado. Correio Braziliense, 30/05/2011. Sobre o “episódio” mencionado na notícia acima, pode-se dizer acertadamente que foi um acontecimento: a) de grande impacto na história recente do Brasil e teve efeitos negativos na trajetória política de Fernando Collor, o que faz com que seus atuais aliados se empenhem em desmerecer este episódio, tentando diminuir a importância que realmente teve. b) nebuloso e pouco estudado pelos historiado- res, que, em sua maioria, trataram de cen- surá-lo, impedindo uma justa e equilibrada compreensão dos fatos que o envolvem. c) acidental, na medida em que o impeachment de Fernando Collor foi considerado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal, o que, aliás, possibilitou seu posterior retorno à cena po- lítica nacional, agora como senador. d) menor na história política recente do Brasil, o que permite tomar a censura em torno dele, promovida oficialmente pelo Senado Federal, como um episódio ainda menos significativo. e) indesejado pela imensa maioria dos brasilei- ros, o que provocou uma onda de comoção popular e permitiu o retorno triunfal de Fer- nando Collor à cena política, sendo candida- to conduzido por mais duas vezes ao segun- do turno das eleições presidenciais. 3. (UCS) Nos últimos 30 anos, o Brasil deu pas- sos importantes para a consolidação do regi- me democrático, com a conquista de vários direitos, como a liberdade de expressão e o direito de escolher, por meio de eleições di- retas, todos os governantes do país. Sobre esse período, considere as proposições abaixo. I. A Nova República, que pôs fim a 21 anos de ditadura militar, começou de forma trágica: Tancredo Neves, o presidente eleito pelo Colégio Eleitoral, não pôde as- sumir por motivo de doença. Em 15 de março de 1985, José Sarney, eleito vice- -presidente, assumiu o cargo de presi- dente da República. Tancredo Neves veio a falecer em 21 de abril do mesmo ano. II. A Constituição de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, assegurou ampla- mente os direitos civis, sendo as práti- cas do racismo e da tortura classificadas como crimes inafiançáveis. III. Em 1989 o Brasil realizou a sua primeira eleição presidencial, desde 1960, polari- zada entre Fernando Collor e Ulysses Gui- marães. O primeiro era identificado com os políticos apoiadores do regime militar; o segundo simbolizava a oposição à dita- dura. Das afirmativas acima, pode-se dizer que: a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas I e II estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 138 4. Em março de 1985, José Sarney assumiu de forma inesperada a Presidência da Repúbli- ca. Em fevereiro do ano seguinte, anunciou a adoção de um plano econômico que provocou impacto imediato em toda a sociedade, pois: a) no primeiro mês de sua implantação, a in- flação saltou de 200% ao ano para 400% ao ano. b) provocou um aumento imediato no abaste- cimento de mercadorias nos supermercados, principalmente pela atuação dos policiais federais, chamados de fiscais do Sarney. c) com mais dinheiro no bolso e com juros bai- xos para aquisições a prazo, muita gente foi às compras, o que provocou expansão nas atividades industriais. d) criou uma nova moeda, o Real, cuja estampa é atraente, moderna e estabilizou o valor do dinheiro brasileiro em âmbito internacional. e) nas eleições de novembro de 1986, devido ao sucesso do plano econômico, conseguiu que Fernando Collor de Melo, se elegesse a Presidência da República como seu sucessor. 5. (UFU) Após a morte de Tancredo Neves, a Rede Globo exibiu uma edição especial do “Jornal Nacional” sobre a doença e o fale- cimento do presidente eleito intitulada: “O martírio do Dr. Tancredo”. O suposto caráter heroico do presidente foi destacado: “Era um homem público predestinado, um homem que tinha uma missão e que iria cumpri-la a qualquer custo”, comentava Sérgio Chapelin. Tancredo aparecia como aquele que podia ler na história o que os outros não viam, uma espécie de intérprete profético do destino coletivo. O mito que ia sendo construído so- bre o presidente também se nutria do caráter inusitado daqueles acontecimentos de março e abril de 1985. Além da internação na vés- pera da posse e de uma relativa melhora no Domingo de Páscoa, Tancredo morreu no dia de Tiradentes. MARCELINO, Douglas Attila. “Especial Heróis na mídia - São Tancredo”. Revista de História da Biblioteca Nacional. Edição Número 54. Rio de Janeiro, Março de 2010, p. 58-61. (adaptado) Um dia antes de sua posse, marcada para o dia 15 de março de 1985, Tancredo Neves foi internado. Após 7 cirurgias, ele faleceu no dia 21 de abril. A construção de uma memó- ria para este evento histórico por parte da mídia indica que: a) ao ser eleito pelo voto direto, Tancredo Ne- ves consolidou a democracia no Brasil e, por isso, sua imagem foi associada pela Rede Globo à figura de Tiradentes, personagem que se transformou em um símbolo heroico das instituições republicanas no país. b) ao ser consagrado pela Rede Globo como uma espécie de “messias” republicano, Tancredo Neves foi representado muitas vezes como o maior responsável pela transição para a Democracia no Brasil, em uma perspectiva personalista da história. c) ao ser internado, Tancredo Neves causou grande comoção no país, impulsionada pela edição especial do “Jornal Nacional”, de- monstrando o temor que a emissora tinha, naquele momento da posse do então vice- -presidente, Ulisses Guimarães, figura políti- ca ligada aos militares. d) ao ser visto como um mártir, Tancredo Neves passava a representar toda a dor e sofrimen- to das famílias brasileiras que perderam seus membros para a ditadura militar nos porões da tortura, reforçando ainda mais a necessi- dade da criação de uma Lei de Anistia geral e irrestrita. 6. (FGV) Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves e José Sarney foram eleitos, respecti- vamente, presidente e vice-presidente pelo Colégio Eleitoral. A respeito do funciona- mento das eleições indiretas no Brasil, no tempo da ditadura militar, é correto afirmar: a) As eleições diretas para presidente foram mantidas entre 1964 e 1982 e o Colégio Elei- toral instituído em 1983, diante do avanço das forças oposicionistas. b) Entre 1964 e 1973, os presidentes da repú- blica foram eleitos pelos governadores esta- duais, prefeitos das capitais e pelos coman- dantes das Forças Armadas. c) Senadores, deputados federais e deputados escolhidos nas Assembleias Legislativas Es- taduais tinham direito a voto no Colégio Eleitoral de 1985. d) Até 1985, os cinco candidatos mais votados nas Assembleias Legislativas Estaduais eram submetidos à escolha dos integrantes do Co- légio Eleitoral. e) As duas chapas mais votadas pelos deputa- dos federais e senadores eram submetidas ao Colégio Eleitoral composto pelos comandan- tes das Forças Armadas. 7. (Unesp) Desde a década de 1980 vários go- vernos brasileiros adotaram planos econômi- cos que pretendiam controlar a inflação. En- tre as características destes planos, podemos destacar: 139 a) o Plano Cruzado, implementado em 1986, que eliminou a inflação, congelou preços, propor- cionou aumento salarial e gerourecursos para o pagamento integral da dívida externa. b) o Plano Collor, implementado em 1990, que determinou o confisco de ativos financeiros e eliminou incentivos fiscais em vários seto- res da economia. c) o Plano Real, implementado em 1994, que reduziu as taxas inflacionárias, estabilizou o valor da moeda, proibiu aumentos de pre- ços no varejo e provocou forte crescimento industrial. d) o Plano de Metas, implementado em 2006, que projetou um desenvolvimento industrial acelerado e a inserção ativa do Brasil no mercado internacional. e) o Plano de Aceleração do Crescimento, im- plementado em 2007, que apoiou projetos imobiliários, determinou investimentos em infraestrutura e estimulou o crédito. 8. (UFJF) Acerca do desenvolvimento econômico brasileiro, ocorrido entre as décadas de 1950 e 1990, marque a alternativa INCORRETA. a) Entre 1954 e 1964, mudaram os padrões de consumo de uma parcela expressiva da po- pulação brasileira, a partir da produção e disseminação dos bens de consumo duráveis. b) No governo João Goulart (1961-1964), foi elaborado o Plano Trienal. O fracasso do pla- no contribuiu para a derrubada do governo pelos militares. c) O período do “milagre” (1968-1973) foi mar- cado pelo crescimento econômico, que teve na expansão das indústrias estatais e multi- nacionais um de seus aspectos decisivos. d) A partir de 1980, ainda no regime militar, o aumento da inflação e da dívida externa freou o desenvolvimento econômico brasileiro. e) Em 1994, foi criado o Plano Cruzado que au- mentou ainda mais a inflação, mas conse- guiu retomar o crescimento econômico. 9. (Ibmec-RJ) “Em todo o Brasil, donas de casa, munidas com tabelas de preços da Sunab (Su- perintendência Nacional de Abastecimento e Preços), órgão fiscalizador do governo, eram protagonistas de verdadeiras cenas de histe- ria coletiva, muitas vezes diante de câmeras de televisão, se um gerente de supermercado ou estabelecimento comercial era surpreen- dido remarcando preços. (...) O desapareci- mento das mercadorias nos supermercados foi o ponto alto do desabastecimento, resul- tado do congelamento de preços.” (Vicentino e Dorigo. “História para o Ensino Médio”, pp. 645-646) O texto faz referência ao Plano Cruzado que, para combater uma elevada inflação que chegou a 80% ao mês, tinha como base de sustentação econômica o congelamento de preços e salários. A aplicação desse plano ocorreu na administração do presidente: a) José Sarney. b) Fernando Collor de Melo. c) Itamar Franco. d) Fernando Henrique Cardoso. e) João Baptista Figueiredo. 10. (PUC-MG) “O projeto político da “Nova Re- pública” no Brasil era substituir o regime militar através de uma transição conserva- dora para uma burguesa, típica da era do ca- pitalismo monopolista que, no caso do Bra- sil, deverá ter uma forma consentânea com condições de uma economia capitalista mo- nopolista dependente no contexto mundial da atual etapa do imperialismo e da interna- cionalização do capital e da mundialização da economia.” (Ohlweiler, Oto Alcides. “Evolução socioeconômica do Brasil. Do descobrimento à Nova República”. p. 190.) O principal fato político sugerido por essa análise pode ser visto a partir: a) da vitória de Tancredo Neves no colégio Elei- toral contra o Deputado Paulo Maluf. b) da derrota do presidente Sarney na eleição para Presidente da República. c) do fim do regime militar com a saída do Ge- neral Médici. d) da decretação do AI-5. e.o. TesTe III 1. (FGV) “O Plano Collor foi o mais violento ato de intervenção estatal na economia brasi- leira, na segunda metade do século. No en- tanto, ao estrangular a inflação, ele abriu as portas para uma ampla liberalização”. (Jayme Brener, “Jornal do século XX”) Sobre esse plano, inserido em uma ordem neoliberal, é correto afirmar que: a) se pautou pela ampliação do meio circulan- te, por meio do aumento dos salários e das aposentadorias; liquidou empresas públicas e de economia mista que geravam prejuízo; estabeleceu uma política fiscal de proteção à indústria nacional. b) criou um imposto compulsório sobre os in- vestimentos especulativos para o financia- mento da infraestrutura industrial; liberou a importação dos insumos industriais e res- tringiu a importação de bens de consumo não duráveis. 140 c) estabeleceu-se uma nova política cambial, com um controle mais rígido realizado pelo Banco Central; demissão em massa de fun- cionários públicos concursados; aumentou a renda tributária por meio da criação do Im- posto sobre Valor Agregado. d) objetivou a privatização de empresas estatais; diminuiu as restrições à presença do capital estrangeiro no Brasil; gerou a ampliação das importações e eliminaram-se subsídios, espe- cialmente das tarifas públicas. e) aumentou a liberdade sindical com uma am- pla reforma na CLT e revogou a opressiva lei de greve; recriou empresas estatais ligadas à exploração e refino de petróleo; congelou os capitais especulativos dos bancos e dos investidores estrangeiros. 2. (Ibmec-RJ) Desde o início dos anos 80 do século passado há uma tendência, em todo o mundo, em se redefinir o papel do Estado, afinal é cada vez mais imperiosa uma ação mais eficiente no atendimento a uma série de demandas sociais e econômicas, com me- nor custo e maior rapidez. No caso brasilei- ro, a reforma, que incluiu o início da priva- tização de empresas estatais, teve início no governo do presidente: a) Juscelino Kubitschek. b) Jânio Quadros. c) João Goulart. d) José Sarney. e) Fernando Collor de Melo. 3. (Udesc) Entre as décadas de 1970 e 1980 aconteceu uma série de questões que marcou a história do passado recente brasileiro. Assinale a alternativa INCORRETA em relação ao conjunto de questões e acontecimentos que caracterizaram este período. a) É possível observar a existência de dois pro- cessos de redemocratização no Brasil neste período: um a partir do próprio governo mi- litar, que passou a prever a impossibilidade de manter o autoritarismo e as leis de ex- ceção no longo prazo; e outro com foco na sociedade civil, que reuniu diferentes atores e organizações na luta pela democracia. b) Em 1985, Fernando Collor de Mello venceu a eleição para presidente da República e foi o primeiro presidente civil depois de 21 anos de regime militar. c) A Lei de Anistia (1979), embora sancionada pelo regime militar, foi sobretudo resultado da campanha pela Anistia promovida por di- versos setores da sociedade civil brasileira que se opunham ao governo militar, ocorrida no período conhecido como de redemocratização. d) A campanha Diretas Já marcou o período de redemocratização no Brasil, mas a eleição para presidente em 1985 ainda seria deci- dida pelo Colégio Eleitoral e não pelo voto popular. e) A Constituição de 1988, ao expressar a orga- nização de uma sociedade democrática, mar- caria definitivamente o fim do autoritarismo do regime militar no Brasil. 4. (UFPE) A eleição de Fernando Collor, para o cargo de Presidente da Republica derrotan- do Luís Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores, movimentou politicamente o Brasil. O governo de Fernando Collor: a) surpreendeu pelo equilíbrio do Presidente como estadista bem informado. b) teve apoio incondicional dos grandes parti- dos políticos durante seu governo. c) prometeu amplas e renovadoras políticas de modernização econômica d) consolidou a democracia no país, isolando as oligarquias anacrônicas. e) impediu a entrada do capital estrangeiro nos negócios nacionais. 5. (UFG) A Constituinte de 1988 abrigou diver- sas propostas para a formação de novas uni- dades federativas, cujas proposições foram discutidas em meio à forte disputa política. O projeto de criação do Estado do Triângulo, em Minas Gerais, foi vetado. A singularidade do caso goiano, com a criação do Estado do Tocantins, vincula-se: a) ao desenvolvimento econômico da região norte deGoiás que motivou a proposta se- paratista. b) ao aumento das tensões sociais advindas da campanha pela separação do norte goiano. c) ao investimento na modernização da região com base na atração de capital estrangeiro. d) à adequação das elites goianas às perspectivas políticas advindas da divisão do território. e) à emergência de uma cultura nortista, aves- sa aos valores culturais do povo goiano. e.o. dIsserTaTIvo 1. (UFPI) Sobre as polêmicas eleições presi- denciais de 1989, no Brasil, quais candida- tos chegaram ao segundo turno e quais fato- res contribuíram para a vitória de Fernando Collor de Mello? 2. (Unicamp) É interessante notar que o Bra- sil “padece” de quase todas as “patolo- gias” institucionais identificadas como fatores responsáveis pela elevação do cus- to de governar: tem um sistema presiden- cialista; é uma federação; possui regras eleitorais que combinam um sistema de lista aberta com representação proporcio- nal; tem um sistema multipartidário com 141 partidos políticos considerados débeis na arena eleitoral; e tem sido governado por uma ampla coalizão no Congresso. (Adaptado de Carlos Pereira e Bernardo Mueller, “Comportamento estratégico em presidencialismo de coalizão: as relações entre o Executivo e Legislativo na elaboração do orçamento brasileiro”. Dados – Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, 2002, v. 45, n. 2, p. 2.) a) O Congresso Nacional no Brasil é formado pelo Senado Federal e pela Câmara dos De- putados, exercendo as funções de legislar e fiscalizar. Qual a diferença básica, no siste- ma bicameral, entre o Senado Federal e a Câ- mara de Deputados? b) Qual a diferença entre Estado e governo? 3. (UFPR) Escreva um texto sobre os “caras- -pintadas”, identificando as motivações po- líticas da explosão desse movimento. 4. (Unicamp) Vinte anos depois da promulga- ção da Constituição de 1988, é difícil ima- ginar como um país com graves problemas econômicos e recém-saído de uma longa di- tadura militar foi capaz de escrever seu fu- turo numa Constituição que foi chamada de “Constituição Cidadã”. (Adaptado de Ricardo Amaral, “Memórias da última batalha ideológica”. http://revistaepoca.globo.com/Revista/ Epoca/1,,EMI12361-15273,00.html. Acesso em 18/11/2010.) a) Por quais razões a Constituição de 1988 foi apelidada “Constituição Cidadã”? b) Quais eram os “graves problemas econômi- cos” que afetavam o Brasil no contexto de transição da ditadura militar para o regime democrático? 5. (UFRJ) “A violência da inflação e a quase destruição do sistema de preços já ameaça- vam o funcionamento da economia [...]. Para sustentar de forma duradoura a estabilidade de preços, impõe-se uma reforma monetária austera, capaz de devolver ao Estado o con- trole sobre a moeda. [...] não deve se tradu- zir apenas na mudança de denominação do padrão de referência de preços e contratos, mas deve atingir profundamente as formas de acesso à liquidez e os processos de criação do poder de compra. [...] As medidas [...] buscam, sobretudo, preservar os direitos ad- quiridos pelos cidadãos.” (Discurso do presidente Fernando Collor de Mello, apresentando o plano de estabilização, na reunião ministerial de 16/3/1990) Em 16 de março de 1990, dia seguinte a sua posse, Fernando Collor de Mello anunciou um plano econômico com diversas medidas. A impopularidade desse plano e a de ou- tras medidas adotadas, somadas ao desgaste político agravado no ano de 1992, acabariam levando ao fim de seu governo, por decisão do Congresso Nacional. Explique duas consequências econômicas do Plano Collor. 6. (Unicamp)“(...) o desencanto com a Nova República era provocado principalmente pelo fracasso dos vários planos econômicos que não conseguiram domar o dragão da inflação. Depois do breve sucesso do Plano Cruzado, de 1986, a arrancada dos preços disparou, esmagando o poder de compra dos brasileiros, especialmente dos mais pobres” Marly Motta, “Rumo ao planalto”. Disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/ artigos-revista/especial-nova-republicarumo- ao- planalto. Acessado em 09/08/2013. a) Explique o que é inflação. b) Quais os efeitos do congelamento de preços, base do Plano Cruzado, para a economia bra- sileira do período? 7. (UFU) Em 2005, a população acompanhou mais uma grave crise da história política re- cente no Brasil. A esse respeito, analise: UMA semelhança e UMA diferença entre a crise política do governo Lula e a vivencia- da em 1992 pelo governo Collor, no chamado “Collorgate”. 8. (UFF) Escrevendo sobre a transição demo- crática brasileira e a emergência da Nova República em 1985, Boris Fausto afirma que “O fato de que tenha havido um aparente acordo geral pela democracia, por parte de quase todos os atores políticos, facilitou a continuidade de práticas contrárias a uma verdadeira democracia. Desse modo, o fim do autoritarismo levou o país a uma ‘situ- ação democrática’ mais do que a um regime democrático consolidado. A consolidação foi uma das tarefas centrais do governo e da so- ciedade nos anos posteriores a 1988” (FAUSTO, Boris. “História Concisa do Brasil”. São Paulo: Edusp/ Imprensa Oficial do Estado, 2002, p. 290). Com base na leitura do texto, analise duas contradições presentes no processo da tran- sição “democrática” no Brasil. 9. (Fuvest) “A crise política que o Brasil vem enfrentando desde junho deste ano não te- ria ocorrido nos tempos da ditadura militar. Só a democracia permite o debate público”. De um observador, em setembro de 2005. Essa frase remete às diferenças nas relações entre Estado e sociedade no período da dita- dura militar e na democracia presente. 142 Discorra sobre algumas dessas diferenças no que se refere: a) ao poder legislativo e aos partidos políticos. b) à imprensa. 10. (UFF) O ano de 1985 foi o marco inaugural da chamada Nova República no Brasil. Representou o retorno do Poder Executivo às mãos de civis, após 21 anos de ditadura militar. Essa transição de- mocrática, entretanto, não foi simples, revelando rupturas e também continuidades. Indique dois aspectos de ruptura e dois de continuidade, inerentes à Nova República brasileira. e.o. enem 1. Movimento dos Caras-Pintadas Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado). O movimento representado na imagem, do início dos anos de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil. Nesse contexto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico: a) aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha Diretas Já. b) manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação da Lei da Ficha Limpa. c) engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para agendar suas manifestações. d) espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou ações revolucionárias armadas. e) tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou processo de impeachment do então presidente Collor. 143 GabarITo E.O. Teste I 1. D 2. D 3. A 4. A 5. B 6. B 7. A 8. E 9. C 10. D E.O. Teste II 1. B 2. A 3. C 4. C 5. B 6. C 7. B 8. E 9. A 10. A E.O. Teste III 1. D 2. E 3. B 4. C 5. D E.O. Dissertativo 1. Nas polêmicas eleições de 1989 os presidenci- áveis que chegaram ao segundo turno foram Fernando Collor de Melo e Luís Inácio ‘Lula” da Silva. Dentre os fatores que contribuíram para a vitória de Fernando Collor podemos citar o temor dos setores conservadores em relação ao discurso de Lula e o programa de seu partido, o Partido dos Trabalhadores, e o apoio dos meio midiáticos a Collor, que se apresentava como uma voz jovem e nova na política brasileira. 2. a) O sistema bicameral adotado pelo Brasil pre- vê a manifestação das duas Casas na elabo- ração das normas jurídicas. As duas podem elaborar leis, com preponderância da casa iniciadora: se uma matéria tem início na Câmara dos Deputados, o Senado fará a sua revisão, e vice-versa, à exceção de matérias privativas de cada órgão. Cabe às duasCasas fiscalizar o poder Executivo. A Câmara dos Deputados é representante do povo brasi- leiro, sendo que a representação é feita por proporção da população (os Estados menos populosos têm no mínimo oito deputados e os Estados mais populosos têm no máximo 70 deputados). A Câmara dos Deputados é a Casa em que tem início o trâmite da maio- ria das proposições legislativas (projetos de leis) e é ela que fiscaliza o emprego dos re- cursos arrecadados pelos Poderes da União. O Senado representa os Estados (UFs) bra- sileiros, sendo que cada unidade da fede- ração elege três senadores, em um total de 81 senadores no país. O Senado Federal tem algumas atribuições específicas, em especial na área de controle e do endividamento dos entes federados e de concessão de créditos da União. Tem também a prerrogativa de julgar altas autoridades da República (pre- sidente, magistrados etc.). Na prática, tem uma função revisora, com poder de veto das matérias apreciadas pela Câmara, efetivan- do o aprimoramento das leis. Além disso, controla o poder Executivo, tendo iniciativa de lei em matéria financeira, com predomí- nio de deliberações de interesse nacional ao invés de regional ou estadual. b) O Estado é uma estrutura político-organi- zacional formada por um poder político soberano, um povo, um território e um governo. O governo é o núcleo decisório do Estado, encarregado da gestão públi- ca. Enquanto o Estado é permanente, o governo é transitório nas democracias. 3. Os “caras-pintadas” foram nomeados dessa maneira pela imprensa brasileira no início dos anos 1990, por saírem às ruas com os rostos pintados de verde-amarelo pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, acusado de corrupção. 4. a) Entre as características da Constituição de 1988 que lhe renderam o apelido de “Constituição Cidadã” podemos citar: o fato de ter sido elaborada por uma assem- bleia constituinte eleita; a restauração de instituições políticas democráticas, como, por exemplo, as eleições diretas para pre- sidente; a criação de direitos sociais para os trabalhadores. b) Esse contexto poderia ser caracterizado por vários problemas econômicos, como a recessão, o aumento da dívida externa e uma alta inflação, que levou à elaboração de diversos planos econômicos na tenta- tiva de controlá-la. 5. O plano Collor implantado no início dos anos 1990 no Brasil procurava combinar liberação fiscal e financeira com medidas radicais para estabilização da inflação, dentre as quais o bloqueio da liquidez de contas-correntes, cadernetas de poupança e outras aplicações, com impactos fortemente impopulares. Como consequências desse plano, podemos citar a insatisfação dos setores populares diante do confisco de aplicações por parte do Estado e a ampliação da entrada de produtos importados por conta da liberação fiscal. 6. a) A inflação é o aumento de preços dos produtos que pode ser ocasionada por desequilíbrios econômicos variados, um deles é a elevação da demanda (consu- mo) sem ocorrer aumento proporcional no investimento e na produção. Outros fatores como a atuação de oligopólios 144 (poucas empresas produzindo um tipo de produto) com formação de cartel (preços combinados em patamares elevados para obtenção de maior lucratividade), exces- so de protecionismo contra produtos im- portados e até fatores ambientais (seca severa com redução da oferta de produtos agrícolas) podem interferir na elevação dos preços. b) Em 1986, com a retomada da democracia no país (Nova República) e durante do governo de José Sarney, foi implantado o Plano Cruzado para combater a infla- ção elevada. O congelamento de preços surtiu resultado apenas no curto prazo, uma vez que a intervenção muito brusca na economia fracassou. Entre os efeitos do plano, a retenção de produtos pelos empresários causando desabastecimento de alguns produtos, a troca da moeda, a pequena melhora da distribuição de ren- da no período de queda inflacionária e o posterior retorno da inflação elevada. 7. Podemos apresentar como semelhança entre as duas crises políticas a veiculação de de- núncias de corrupção por meio de órgãos de imprensa e o estabelecimento de CPI`s (Co- missão Parlamentar de Inquérito). Como di- ferença podemos apontar que a crise política estabelecida no governo de Collor culminou com o afastamento do presidente por meio de impeachment, pois ficou comprovada a participação do então presidente nos esque- mas de corrupção e a grande mobilização po- pular contra o chefe do Executivo nos anos 90. 8. Resposta da questão 34: As contradições pre- sentes no estabelecimento da democracia brasileira a partir de 1988 inserem-se no fato de que esse processo foi conduzido por meio de um grande acordo político entre setores conservadores que governaram ao longo do regime militar (1964-1985) e a partir de uma série de concessões feitas pelos presidentes militares ainda durante o regime ditatorial, Além disso, o continuísmo de setores conser- vadores no poder mantiveram práticas clien- telistas na políticas, além de não investigar os crimes políticos ocorridos durante o regi- me militar e não alterar antigas estruturas econômicas desiguais no Brasil. 9. a) Durante o Regime Militar, o Poder Legis- lativo teve suas funções limitadas pela Constituição de 1967 e principalmente pelo Ato Institucional número 5 (AI-5). Em relação aos partidos políticos, o ato institucional número 2 (AI-2) instituiu o bipartidarismo e impedia a livre organi- zação partidária. Na democracia atual, o Legislativo, amparado pela Constituição de 1988, possui ampla liberdade de atuação e o pluripartidarismo, em vigor, instituído pela mesma Constituição, revela a liber- dade de escolha dos cidadãos em congre- gar suas opiniões, bem como a diversida- de de opiniões. b) Durante o Regime Militar, a imprensa foi submetida a uma forte censura, sendo impedida de expor à opinião pública as mazelas dos governos. Na democracia em vigor, a imprensa atua na vigilância e de- núncia das eventuais irregularidades em todas as esferas do poder público. 10. Como aspectos de ruptura inerentes à Nova República Brasileira, podemos citar a am- pliação do direito ao voto pela constituição de 1988 que estendeu o direito de voto aos analfabetos e o restabelecimento das eleições diretas para a escolha de cargos executivos, ou seja, a devolução da escolha do presidente, governadores e prefeitos às mãos da socieda- de. Como aspectos de continuidade podemos citar, a presença dos mesmos grupos políticos que governaram durante os anos de vigência do Regime Militar e a manutenção de estrutu- ras econômicas desiguais, como a concentra- ção da propriedade da terra. E.O. Enem 1. E Nova República: governos Itamar Franco, FHC e Lula Aulas 50 e 51 147 Governo Itamar Franco (1992–1994) Com o afastamento de Collor, assumiu o cargo o vice-presidente Itamar Cau- tiero Franco, primeiro interinamente, em 2 de outubro de 1992, e empossado como presidente em 29 de dezembro do mesmo ano, diante de uma situação econômica e política de crise devido à inflação e à desconfiança da população na política, após sucessivos escândalos de corrupção. Em termos políticos, Itamar buscou formar um governo de coalizão, com a participação de políticos de diversas tendências partidárias, em que se destacavam os representantes do PSDB. O presidente promoveu ainda inú- meras substituições de ministros, principalmente na pasta da Fazenda, que comandava a área mais traumática do governo. Os debates no Congresso para a aprovação das reformas políticas e socioeconômicas que a nação tanto precisava acabaram ficando em segundo plano. Nos bastidores, ganhavam um espaço cada vez maior as discussões sobre a sucessão presidencial. Como previa a Constituição de 1988, foi realizado um plebiscito em que a forma e o sistema de governo foram avaliados pela população, vencendo a forma republicana e