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Correntes e tendências pedagógicas da História Apresentação O saber histórico se faz presente na vida do educando desde o berço. A infância não acaba com o período escolar denominado Educação Infantil, mas continua nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O ensino de História ocorre na Educação Infantil de forma mais difusa por meio de temas relativos aos campos de experiências e, no Ensino Fundamental, como disciplina independente por meio de unidades temáticas dentro da área de Ciências Humanas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender as principais tendêncais pedagógicas e correntes historiográficas que ao longo do tempo, desde o século XIX, se intercomunicam para produzir o ensino de História nas salas de aula. Conhecerá a diversidade de relações entre a História e as demais disciplinas e algumas alternativas de temas para a realização de trabalhos interdisciplinares. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as diferentes correntes pedagógicas que norteiam o ensino de História.• Analisar as possibilidades do trabalho com a interdisciplinaridade no ensino de História.• Reconhecer os diferentes meios de produção do saber histórico e sua relação com o ensino da História na infância. • Desafio Todo professor deve preparar planos de aula para sua classe. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define a seguinte unidade temática para o 1o ano do ensino de História no Ensino Fundamental: Unidade temática: Mundo pessoal: eu, meu grupo social e meu tempo. Objetos de conhecimento: A vida em casa, a vida na escola e formas de representação social e espacial: os jogos e as brincadeiras como forma de interação social e espacial. Habilidades: (EF01HI05) Identificar semelhanças e diferenças entre jogos e brincadeiras atuais e de outras épocas e lugares. Projete um plano de aula para essa unidade temática da BNCC com o tema "brincadeiras e jogos de ontem e de hoje" e aponte qual ou quais tendências pedagógicas você utilizaria para essa aula. Você encontrará em anexo um formulário com a estrutura do plano de aula. Plano de aula https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/041212f8-7c15-4c8e-ad3d-924317c3d777/5d63d5ee-6cdf-401d-9919-4b46372a6324.docx Infográfico Há várias formas de classificar as tendências pedagógicas. No Infográfico você verá a classificação segundo Stamatto. A autora divide as tendências pedagógicas em três grandes categorias: transmissão de conteúdos, formação reflexiva e construção ativa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/b7d7aec0-a00c-461b-bafe-0d0657dc3c17/235a8d0b-b3c3-4da2-a67d-fed9a707e229.png Conteúdo do Livro Na Pedagogia, existem várias tendências que se firmaram em maior ou menor grau conforme o tempo, o local e demais contextos históricos e políticos em que surgiram, podendo oscilar entre a total aprovação em determinado período e algo bem próximo ao esquecimento ou ao afastamento em outros. Assim como as tendências pedagógicas, as correntes históricas também variaram no tempo, no espaço e em contextos em que surgiram, podendo conviver lado a lado, opor-se ou dialogar dependendo do momento histórico e das abordagens e objetos de que tratam. Para a prática do ensino da História em sala de aula, faz-se necessário conhecer e planejar a partir da combinação das tendências com as abordagens das correntes historiográficas. As variantes podem ser muitas, e um mesmo professor pode combiná-las de modo diverso para melhor atender ao construto ensino-aprendizagem. Obviamente, tanto as tendências pedagógicas quanto as correntes históricas devem atender ao projeto político-pedagógico de cada escola e adaptar-se às leis e às normas que regulam o ensino no País. No Capítulo Correntes e tendências pedagógicas da História, da obra Correntes e tendências pedagógicas da História, você aprenderá sobre o assunto. Boa leitura. METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Ana Cristina Zecchinelli Alves Correntes e tendências pedagógicas da História Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as diferentes correntes pedagógicas que norteiam o ensino de História. Analisar as possibilidades do trabalho com a interdisciplinaridade no ensino de História. Elencar os diferentes meios de produção do saber histórico e sua relação com o ensino da disciplina na infância. Introdução Neste capítulo, você conhecerá as principais correntes pedagógicas e historiográficas que se fizeram presentes no ensino da História ao longo dos séculos XIX, XX e XXI. Paralelamente, estudará as características das correntes em voga, bem como as críticas que sofrem. Abordaremos as possibilidades de trabalhos interdisciplinares que a História permite e propõe nos dias atuais, de forma a avaliar a importância das relações in- terdisciplinares para a aprendizagem do educando. A seguir, elencaremos as formas de percepção de conhecimentos históricos na infância, dentro e fora da escola, bem como as possibilidades de prática do ensino da disciplina de forma difusa, por meio de temáticas presentes nos campos de experiências e no ensino fundamental, a partir das unidades temáticas. Por fim, você identificará alguns meios de produção de saberes históricos que se dão por intermédio das relações cotidianas. Correntes pedagógicas e historiográficas O processo de ensino-aprendizagem é pensado, debatido, refletido e pro- posto por meio de uma série de contribuições advindas de diferentes campos de conhecimento e pesquisa: Psicologia, Filosofia, Biologia, Informática e Antropologia, dentre outros. Os conhecimentos dessas disciplinas, quando aplicados em conjunto, produzem teorias pedagógicas e psicopedagógicas a serem utilizadas por educadores de diversas áreas do ensino. Essas teorias formam as tendências pedagógicas. Neste capítulo, trataremos de algumas delas. Além das teorias pedagógicas, há também as correntes de pensamento histórico, com teorias e formas de abordagem diferenciadas. Trataremos, aqui, das principais: o positivismo, o materialismo histórico (marxismo) e a escola dos Annales. As tendências pedagógicas e as correntes historiográficas são aplicadas no processo de ensino-aprendizagem conforme o que cada uma delas pro- põe como método, abordagem teórica e objetivo. Dessa forma, o educador/ professor da disciplina de História, ao lecionar para seus alunos, levará em conta os métodos pedagógicos a serem utilizados, escolhendo um viés histo- riográfico pelo qual abordará cada assunto. A História tem suas metodologias para pesquisa e ensino; este é realizado levando-se em conta a pedagogia e suas tendências. Na prática de sala de aula, dificilmente será utilizada como suporte apenas uma das correntes pedagógicas ou historiográficas. Em geral, os professores tendem a preferir, ideologicamente, uma das cor- rentes, mas devem seguir o projeto político-pedagógico de cada escola ou rede de ensino. Em geral, o projeto político-pedagógico é projetado a partir da corrente estabelecida pela instituição. No entanto, na prática, a maioria dos professores se utiliza de outras abordagens quando estas se mostram necessárias ao processo de ensino-aprendizagem de determinados educandos. No caso do ensino de História, isso também ocorre quando o tema abordado necessita de um aporte diferenciado daquele mais usual. As principais correntes pedagógicas serão apresentadas a seguir, por ordem cronológica de surgimento e/ou aplicação prática. É importante des- Correntes e tendências pedagógicas da História2 tacar desde já que, apesar do aspecto cronológico da apresentação, elas não necessariamente substituem ou eliminam umas às outras. Quando surgem, em oposição a uma ou várias correntes anteriores, podem conviver na prática cotidiana, sendo ilusório imaginarque não haja algum tipo de interação, ainda que involuntária e não desejada, entre as correntes. No Brasil, as tendências pedagógicas são usualmente divididas pelos estudiosos em duas concepções amplas: liberal (tradicional, nova pedagogia renovadora progressista, nova pedagogia renovadora não diretiva e tecni- cista-behavorista) e progressista (libertária, libertadora e histórico-crítica). Verifique a análise dessas tendências no quadro comparativo “tendências pedagógicas” (Quadro 1). A concepção liberal é uma tendência que surge no século XIX, em con- sonância com os ideais da Revolução Francesa. Ela serve como forma de justificação do capitalismo, atendendo às necessidades e imperativos de uma sociedade de classes. O termo liberal, neste caso, vem de liberdade, no sentido de atender a quesitos como os interesses dos indivíduos e dos proprietários privados de meios de produção. Segundo Luckesi (1994), no Brasil, a educação de tendência liberal tem “marcado presença”, e suas formas tradicional ou renovada são as influ- ências mais visíveis nas escolas, ainda que, muitas vezes, os professores as pratiquem sem se dar conta. Aqui, é necessário fazer uma observação sócio-antropológica: os professores ainda carregam consigo aquilo que internalizaram de sua cultura e sociedade em casa e por meio da educação formal que tiveram. Os alunos, por sua vez, são, igualmente, submetidos ao mesmo processo. As culturas e sociedades alimentam sua própria reprodução como forma de manutenção e sobrevivência. A concepção progressista apresenta um viés crítico, voltado à reflexão sobre o social, de caráter simultaneamente pedagógico e político. Busca analisar, de forma crítica, as realidades sociais. Pressupõe que a educação deve possibilitar a compreensão da realidade histórico-social, conscienti- zando o educando sobre seu papel de sujeito ativo que constrói a realidade (SILVA, 2016). 3Correntes e tendências pedagógicas da História Escola Conteúdo Métodos D e co nc ep çã o lib er al (n ão cr íti ca ) Pe da go gi a tr ad ic io na l (e ns in o ba nc ár io ) — Modelo autoritário e hierarquizado; busca capacitar moral e cultu- ralmente os indivíduos para a sociedade. Transmissão de conteúdos via modelo “bancário”, em que o professor, portador do saber, “deposita” o con- teúdo no aluno, que assi- mila passivamente as infor- mações, memorizando-as. Aula expositiva sem debate ou questiona- mento. Memorização de conceitos, fórmu- las, datas, eventos e figuras importantes. Realização de exercí- cios e questionários. Pe da go gi a no va (e sc ol an ov is m o) Re no va do ra pr og re ss is ta Cabe à escola adequar as necessidades individuais ao meio social em que o aluno está inserido. Foco no processo de aprendizagem, com ênfase no aluno, sua criatividade sua expressão. Trabalhos em grupo, experimentação, pesquisa e solução de problemas. Re no va do ra nã o di re tiv a Formação de indivíduos com atitude positiva, valorização de relaciona- mentos e sentimentos. Prioriza o processo de comunicação, deixando a transmissão do ensino em segundo plano. Pautado na figura do professor como um “facilitador” da aprendizagem. Pe da go gi a te cn i- ci st a (b eh av io ris ta ) — Modeladora do compor- tamento humano a partir de técnicas específicas que buscam atender ao sistema e adequar o indivíduo ao mercado de trabalho e aperfeiçoar a sociedade. Visa ao mundo do trabalho. O conteúdo é abordado por um viés tecnicista, baseado nos princípios do Fordismo e Taylorismo. Pautado em proce- dimentos e técnicas científicas. Utiliza a tecnologia educacio- nal para a transmissão e a recepção de informações. D e co nc ep çã o pr og re ss is ta (c rít ic a) Li be rt ár ia — Transformação da personalidade em um sentido libertário e autogestionado, buscando a autonomia do indivíduo. Educação popular, não formal e não diretiva. Disponibilizados para os discentes, porém não exigidos. Grupos de discussão informal e autogestão. Li be rt ad or a — Não atua nas escolas, mas visa que professores e alunos atinjam um nível de consciência da realidade em que vivem. É um instrumento de luta da po- pulação pobre para trans- formar sua realidade social, política e econômica. Parte de grandes temas geradores, relacionados ao cotidiano dos educandos. A relação professor- -aluno é horizontal. A escolha de temas a serem aprendidos e discutidos em grupos de debate é demo- crática. Há vivência grupal e autogestão. Cr íti co -s oc ia l do s c on te úd os — Prima pela difusão de conteúdos; atua na mediação entre o individual e o social. Busca a assimilação ativa pelos alunos, por meio do confronto entre os conteú- dos e as realidades sociais. Utiliza o confronto entre os saberes sistematizados e as experiências dos alunos. Busca que conteúdo ensinado faça a diferença na vida do educando. Quadro 1. Tabela comparativa das tendências pedagógicas (Continua) Correntes e tendências pedagógicas da História4 Fonte: Adaptado de Veras (2015) e Queiroz e Moita (2007). Forma de aprendizagem Método avaliativo Manifestações Relação pro- fessor–aluno D e co nc ep çã o lib er al (n ão cr íti ca ) Pe da go gi a tr ad ic io na l (e ns in o ba nc ár io ) — Receptiva e mecânica. O professor, centro da relação ensino-apren- dizagem, “deposita” o saber no aluno, que o assimila passivamente. Não leva em conta as características próprias de cada idade. Currículo linear e progressivo, com uso de provas escritas e orais de caráter eliminatório. Em escolas cuja filosofia de ensino adotada é de viés clássico, humanista ou científico. A autoridade do professor é in- questionável, exi- gindo do aluno atitude receptiva. Pe da go gi a no va (e sc ol an ov is m o) Re no va do ra pr og re ss is ta Pautada na motivação, têm no aluno o centro do processo de apren- dizagem. Considera que aprender é descobrir a resolução de problemas. Trabalhos em equipe/ grupo, produção de relatórios de pesquisa, autoavaliação. Valorização das ati- tudes e da produção do educando. Montessori, Dewey, Piaget, Lauro de Oliveira Lima, Decroly. Professor como auxiliar no livre desenvolvimento da criança. Re no va do ra nã o di re tiv a Para aprender, o indivíduo deve modificar suas percepções da realidade. O apren- dizado relaciona-se com a motivação. Autoavaliação. Carl Rogers, Escola de A. Neil/“Summerhill”. Educação centrada no aluno, sendo o professor um ga- rantidor de um relacionamento de respeito. Pe da go gi a te cn i- ci st a (b eh av io ris ta ) — Ensino com condicio- namento do indivíduo para um objetivo de aprendizagem relacio- nado ao desempenho. Testes objetivos e escritos, com ênfase na produtividade do indivíduo. Lei nº. 5.540/68 e nº. 5.692/71. Relação pautada na objetividade. O professor transmite a informação; os alunos a fixam. D e co nc ep çã o pr og re ss is ta (c rít ic a) Li be rt ár ia — Ensino informal paralelo ao escolar por meio de grupos em que o pro- fessor é o catalisador em uma relação não diretiva. O conhecimento não é aquilo que se aprende dida- ticamente, mas o vivido socialmente. C. Freinet, Miguel Gonzales Arroyo. Professor- -orientador, alunos livres; não diretiva. Li be rt ad or a — Resolução de situações- -problema e incorpora- ção de experiências vivi- das para serem utilizadas em outro momento. Uso de trabalhos escritos e autoava- liação, com vistas a emancipação e auto- gestão do educando. Paulo Freire. Relação horizon- tal entre profes- sor e alunos; “de igual para igual”. Cr íti co -s oc ia l d os co nt eú do s — Baseia-se nas estru- turas cognitivas já estruturadas nos alunos, articulando a assimilação ativa dos conteúdos transmitidos. Busca criar um saber reelabo- radocriticamente. Avaliação pela interação, a partir do contato do sujeito com o objeto. Ocorre de dentro para fora. Demerval Saviani Makarenko, B Charlot, Mana- conda, G Sny- ders, Sucodoski. O professor como mediador entre o saber e o educando; este último exerce um papel participante. Quadro 1. Tabela comparativa das tendências pedagógicas (Continuação) 5Correntes e tendências pedagógicas da História As formas de divisão das tendências ou correntes pedagógicas podem variar conforme o autor. Usaremos, para os propósitos deste capítulo, a divi- são de tendências pedagógicas por conjuntos de perspectivas, desenvolvida por Stamatto (2007 apud AZEVEDO; STAMATTO, 2010): “transmissão de conteúdos”, “formação reflexiva” e “construção ativa”. Transmissão de conteúdos ■ Pedagogia Tradicional: ensino bancário: autoritário, hierarquizado, não crítico. Conteudista. Deve capacitar os indivíduos, moral e cul- turalmente, para a vida em sociedade. Alunos são assimiladores passivos dos conteúdos transmitidos. ■ Nova pedagogia – Renovadora progressista: focada no processo de aprendizagem (criatividade e livre expressão do aluno); busca adequar as neces- sidades do indivíduo ao seu meio social. – Renovadora não diretiva: focada no processo de comunicação. Deixa em segundo plano a transmissão do ensino. Busca possi- bilitar a formação de atitudes positivas e valorizar sentimentos e relacionamentos. ■ Pedagogia tecnicista (behavorista): focada no comportamento. Dirigida para o mundo do trabalho (Fordismo/ Taylorismo). Busca definir eficientemente o que é necessário para que o indivíduo se integre ao mundo do trabalho, aperfeiçoando a sociedade. Formação reflexiva ■ Libertária: educação não formal, popular, em que os conteúdos estão à disposição dos educandos, mas não são exigidos. Objetiva a autogestão e a autonomia, e não a diretividade. Surge a partir dos movimentos anarquistas e sindicalistas, difundindo-se pela chamadas escolas modernas. Foi rapidamente reprimida. ■ Libertadora: originada pelas teorias freirianas, é vista como um instrumento de luta da população para promover a transformação das realidades social, econômica e política. Seus conteúdos partem de grandes temas, relacionados ao cotidiano dos discentes. As relações professor–aluno são horizontais. ■ Crítico-social dos conteúdos ou histórico-crítica: busca confrontar as realidades sociais com os conteúdos, mediando o individual e o social. Pretende a assimilação ativa, por parte dos discentes, e a difusão de conteúdos. Correntes e tendências pedagógicas da História6 Construção ativa: valoriza a autonomia do professor, a participação do aluno, a criatividade e a diversidade de procedimentos. ■ Escola nova, escolanovismo: surge como crítica à escola tradicional. Utiliza o método intuitivo. Muitas de suas premissas foram, e perma- necem, incorporadas às práticas pedagógicas brasileiras. Tornou-se mais evidente no momento político em que a História e a Geografia foram substituídas pelos Estudos Sociais nos anos escolares iniciais, após a reforma do primeiro grau de 1971. ■ Construtivismo cognitivista: desenvolveu-se a partir dos estudos de Piaget sobre as estruturas cognitivas e os processos de aprendizagem . É critica ao escolanovismo. Seu foco está na interação entre estruturas mentais e biológicas e o meio, e não na explicação epistemológica. ■ Construtivismo socio-histórico ou sociointeracionismo: sua prin- cipal abordagem é socio-histórica, em consonância com os estudos e a visão de Vigotsky, que considera a interação com o meio social essencial à internalização do conhecimento. ■ Cognitivismo por tratamento da informação: abordagem mais recente. Origina-se da interface com a computação. Pressupõe que o tratamento da informação recolhida produz conhecimento. Esse tratamento é executado pelo professor, que o entrega esquematizado e organizado aos alunos. Há um quarto item, “estratégia específica”, cujo conteúdo não nos interessa neste capítulo. Para relações entre concepções pedagógicas e seus pensadores, faça a leitura do quadro disponível no link a seguir (FONSECA, 2017). https://goo.gl/8Ey6n6 Há ainda diversas outras formas de enquadramento e divisão das correntes pedagógicas contemporâneas, como as que são descritas por Filipe Rocha em sua obra Correntes pedagógicas contemporâneas. Novas propostas pedagógicas, 7Correntes e tendências pedagógicas da História em sua maioria centradas no aluno, surgem no cenário educacional do século XXI, mas carecem ainda de profundidade de pesquisa, estando mais próximas a uma atualização, revisão ou releitura de tendências antigas do que de uma nova teoria pedagógica. Podemos notar, no Quadro 1, que os papéis dos professores e alunos variam conforme a abordagem de cada tendência pedagógica de ensino-aprendizagem, indo desde a visão do professor enquanto portador-mor do conhecimento, pas- sando pelo professor como modelador de comportamentos (behaviorismo), como facilitador da aprendizagem, como parte em relações horizontais professor–aluno, até a centralização do foco no discente, a partir de suas estruturas mentais e/ ou de suas relações com o meio. Cada uma dessas correntes possui seu mérito e, igualmente, recebe críticas. Importa conhecê-las a fundo e saber como e quando utilizá-las em benefício do educando, certamente o elemento central do ideal educacional. Afinal, é para educar os alunos que se fazem as escolas. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que, em meio a tantas tendências pedagógicas, embora os professores busquem conscientemente praticar a ten- dência na qual acreditam, ainda permanecem vivas, em seus atos, as marcas de sua própria formação cultural e instrucional. Isso pode ser identificado em muitas gerações anteriores, cada qual buscando fazer aquilo que pretende que seja mudado na educação, por meio das correntes pedagógicas, mas repetindo de forma “automática” ou “inconsciente” uma parte daquilo que deseja modificar e que se encontra internalizado no docente, no discente e presente na sociedade e na cultura. Para além disso, o próprio ambiente da escola e a realidade da sala de aula impõem, muitas vezes, o uso de outras formas pedagógicas de agir. Apesar das alternativas pedagógicas contemporâneas, das idealizações e legislações e de toda pesquisa sobre ensino-aprendizagem, alguns traços marcantes do ensino tradicional permanecem em vigor, como: aulas expositivas, avaliações por provas e testes, exercícios de memorização. Para isso, também contribuem as necessidades e demandas do mercado de trabalho e as condições políticas, econômicas e sociais presentes em cada contexto escolar. Correntes historiográficas A História apresenta diversas correntes teóricas, cada qual com suas metodologias, técnicas, objetos e abordagens: historicismo, positivismo, materialismo histórico, escola de Annales, história social inglesa, nova história francesa. Essas correntes podem ser trabalhadas com abordagens em nível macro ou micro-histórico, de forma cronológica ou temática. A seguir, serão apresentadas as três principais correntes historiográficas presentes no ensino de História na educação básica. Correntes e tendências pedagógicas da História8 Positivismo: assim como o historicismo, marca o século XIX e o reconheci- mento da História como disciplina. Propõe uma história política (e administra- tiva), fiel aos documentos dos quais se extraem as “verdades” sobre o passado. Não possui análise crítica; é pautado nos grandes acontecimentos (revoluções, guerras, invenções, movimentos, catástrofes) e nas vidas e nos atos de pessoas poderosas (reis, governantes, generais, heróis). História constituída e escrita para ser narrada, memorizada e ensinada por meio de modelos, leis, manuais, etc. O positivismo busca ensinar e inspirar pelo exemplo. Ignora as ações das outras categorias sociais e estamentos; também ignora o fato de que tais categorias também produzem História.Esta é ensinada de forma linear, atendo-se aos fatos, sem espaço para questionamentos. Pauta-se no fato, deixando as reflexões para a sociologia. Materialismo histórico: surge a partir dos escritos de Marx e Engels (século XIX). É um dos três aspectos principais do marxismo, juntamente com o mate- rialismo dialético e a economia política. Pauta-se na ideia de luta de classes, de confronto entre dominantes e dominados, ricos e pobres, burgueses e operários, proprietários e não proprietários. Analisa a História de forma econômica, por meio do estudo dos modos de produção e do uso da mais-valia. Considera as lutas de classe como o motor da História, e o homem como o seu realizador. Embora tenha surgido no século XIX, seus efeitos serão sentidos no Brasil em relação a educação e ao ensino da História a partir do século XX, com reflexos nos livros didáticos após os anos 1950-60. Escola de Annales: surge a partir do lançamento da revista do Annales por Marc Bloch e Lucien Febvre, trazendo novas abordagens para a pesquisa, ampliando as concepções de fontes e objetos e interagindo com com outras disci- plinas. Problematiza a História, agregando outras possibilidades de investigação e interpretação. Da história política (positivista) para a história econômica e social e, posteriormente, para a história cultural ou temática. Divide-se, para efeitos teóricos, em três fases, representadas pelas gerações de historiadores: Bloch e Febvre na 1ª geração, Fernand Braudel na 2ª geração e Jacques Le Goff e Pierre Nora na 3ª geração. Em Bloch e Febvre, as relações com as demais disciplinas se ampliam, assim como as fontes e os objetos de pesquisa. Braudel reflete sobre as temporalidades: a curta e a longa duração. Com Le Goff, ampliam-se a multiplicidade de métodos, objetos e temas de estudo. Ainda nesse segmento historiográfico, podemos, para efeitos de generalização, incluir a historiografia social inglesa e a nova história francesa, assim como abordagens mais específicas, como a micro-história e as histórias temáticas. Essa corrente se manifesta com mais intensidade no Brasil após os anos 1970, com maior ênfase e difusão nas décadas de 1980 e 1990. 9Correntes e tendências pedagógicas da História As disciplinas são lecionadas com base em tendências pedagógicas e fun- damentadas em arcabouços teórico-metodológicos próprios de cada matéria. No caso do ensino da História, as três correntes teóricas supracitadas são as mais utilizadas pelos educadores, mas não as únicas. Na prática, os educadores associam tendências pedagógicas a correntes historiográficas, de forma a produzir planos de aula com base didática sólida e conteúdo fundamentado. Isso pode ser visto no texto de Faustino e Gasparin (2001, documento on-line): Uma concepção, ao orientar conteúdos e práticas de ensino, nunca se apresenta de forma pura. Sofre influência de outras formulações teóricas que sejam, em alguns pontos, compatíveis com seus elementos constitutivos. A orientação positivista presente no ensino de História, através de modelos, leis, programas, currículos, compêndios e manuais escolares, freqüentemente, apresentou ideias desenvolvidas pelos idealistas, pelos historicistas, pelos presentistas e pelos estruturalistas. Convencionou-se chamar de tradicional o ensino de História que segue es- sas orientações e que, no século XIX, imprimiu um caráter cientificista aos currículos escolares, mas que faz sentir sua influência ainda hoje através de conteúdos, atividades e práticas pedagógicas presentes no ensino desta e de outras disciplinas escolares. O professor, em seu planejamento de aula, terá de levar em conta diversos fatores: as características da disciplina e suas fundamentações teóricas, as tendên- cias pedagógicas com as quais o projeto político-pedagógico de cada escola está comprometido, as imposições legais, a sua própria visão teórico-metodológica da matéria e tendências pedagógicas de sua preferência, em conjunção com fatores como o tipo de público em sala de aula, as condições sociais, econômicas e culturais de cada grupo, as condições políticas do momento histórico em que leciona. Quiçá, até mesmo as condições deste ou daquele aluno em especial. Além disso, o professor deverá adequar seus planos de aula e sua metodologia didática aos imperativos da realidade escolar. Tivemos, no Brasil dos “anos de chumbo”, uma repressão imensa aos professores. Houve alteração e cerceamento de conteúdos e imposição de metodologias e técnicas pedagógicas que interferiram profundamente na educação durante longo período. Esses fatores afetaram a formação dos professores e o ensino de História, seja nos anos iniciais de estudo, seja no âmbito do secundário ou das faculdades. Para saber mais Correntes e tendências pedagógicas da História10 Uma boa escolha de livros didáticos e/ou apostilas produzidas pode auxiliar na prática do ensino de História. Essa escolha também traduz opções pedagógicas e historiográficas próximas àquelas dos autores escolhidos. Da mesma forma, a escolha de outros elementos de auxílio pedagógico, como mídias, mapas, leitura paradidática, pesquisa e trabalhos de campo, assim como a maneira pela qual são utilizados, também corroboram com o processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo: o uso de mapas pode servir tanto para o trabalho expositivo tradicional quanto ao trabalho de pesquisa, conscientização de conhecimentos já existentes, construção de novos conhecimentos, reflexão crítica, interdisciplinaridade, etc. O diferencial, nesse caso, não é o elemento pedagógico auxiliar, mas a forma como será utilizado. Todas as tendências pedagógicas e correntes históricas têm seus prós e contras, que devem ser avaliados, observando-se o contexto geral de sua aplicação. Deve-se encontrar o melhor caminho para o desenvolvimento do ensino-aprendizagem da História em cada caso escolar. Isso precisa ser feito em conformidade com as normas da educação e a faixa-etária dos educandos, ou com suas condições específicas, quando for o caso. Não há certo ou errado no que diz respeito a essas escolhas de tendências e correntes pedagógicas e historiográficas. Como foi explicitado, uma série de fato- res deve ser levada em conta na hora de se escolher quais correntes pedagógicas e históricas utilizar e quando é necessário alterá-las, ainda que pontualmente. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) explicita que, mesmo escolas e sistemas de ensino cujas tendências pedagógicas são mais específicas, devem adequar-se aos ditames da norma. Neste ponto, a norma afirma algumas pre- missas mínimas, com referência ao currículo, que não podem ser descumpridas, ainda que estejam em divergência com a corrente pedagógica desta ou daquela escola. No entanto, a BNCC não limita o que deve ser ensinado nem impõe essa ou aquela tendência pedagógica ou corrente historiográfica. Fazendo uma comparação entre antigas e novas práticas do ensino, a partir da produção acadêmica sobre a educação básica, em consonância com a produção de livros didáticos nas últimas décadas do século XX, realizamos, no Quadro 2, uma adaptação e ampliação do quadro descritivo encontrado em Azevedo e Stamatto (2010). sobre o assunto, faça a leitura dos artigos Os estudos sociais e a reforma de ensino de 1º e 2º graus: a “Doutrina do Núcleo Comum” (NASCIMENTO, 2015) e A história e os estudos sociais: o Colégio Pedro II e a reforma educacional da década de 1970 (SANTOS, 2011). 11Correntes e tendências pedagógicas da História Fonte: Adaptado de Azevedo e Stamatto (2010). Práticas pedagógicas e historiográficas Antigas (séculos XIX e XX) Recentes (séculos XX e XXI) Ensino de tipo bancário, marcado pela memorização do conhecimento produzido. Verticalizado, centrado no professor. Ensino caracterizado pela produção do conhecimento. Dialógico, questionador, reflexivo. Unidade como marca da história da humanidade (história universal → história civilizacional → história político-administrativa).História humana marcada pela diversidade e contradição (história econômica, história social, história cultural). Promoção de cidadania política. Promoção de cidadania social. Marcada pela ideia de superioridade da civilização europeia. Reconhecimento e promoção das diversidades culturais. Respeito pelas diferenças e valorização da multiculturalidade. Evolucionismo social. Ideia de progresso do homem e dos povos. Reconhece a diversidade de vivências histórico-tecnológicas paralelas em um mesmo período, muitas vezes, em espaços próximos. Importância e rigidez da cronologia no ensino. Visão diacrônica da História. Ensino temático e datas contextualizadas. Visão diacrônica e sincrônica da História. História narrativa, pautada em grandes nomes, datas e acontecimentos. História problema: questionamento e reflexão. História entendida como ciência do passado. Está dada; não é questionável. Documental. História entendida como agente de compreensão do presente, a partir da leitura e compreensão do passado. História-episódio, ênfase nos fatos. História-processo. Note-se que elas não se excluem, embora em muito sejam conflitivas. Convivem, nos dias atuais, sendo utilizadas conforme uma série de fatores presentes em cada caso escolar. Quadro 2. Antigas e recentes tendências e correntes da pedagogia e História Correntes e tendências pedagógicas da História12 O ensino de História e a interdisciplinaridade Desde o surgimento da escola de Annales, a História e a historiografia vêm trabalhando a aproximação com outras disciplinas. Embora o materialismo histórico já o tivesse feito com relação à economia, principalmente, a área de pesquisas com as Ciências Sociais e a Geografia e, mais hodiernamente, com outras disciplinas, vem aumentando. Embora independentes, as diferentes abordagens auxiliam na construção e exatidão da narrativa histórica. A inter- locução das disciplinas permite o aprofundamento dos conhecimentos sobre as fontes, a verificação de sua veracidade e o cruzamento de informações que propiciam, muitas vezes, outras reflexões e abordagens. A interdisciplinaridade está prevista e incluída nas determinações da BNCC (2017). No que tange ao ensino da História, a interdisciplinaridade é um ele- mento importante, a ser utilizado para capturar a atenção dos educandos. Ao utilizar-se de elementos provenientes de outras disciplinas, o docente provoca os alunos com referências cruzadas, demonstrando que os conhecimentos históricos não estão afeitos somente ao passado, mas igualmente ao presente. A História pode ser ligada a qualquer outra disciplina, já que, no mínimo, toda disciplina possui uma história de si mesma, de sua constituição, da evolução de seus fundamentos teóricos e metodológicos, assim como de suas práticas. O ensino de História se comunica diretamente com algumas disciplinas: Português, Geografia, Matemática, Ciências, Artes, Música, etc. Isto para ficar no âmbito do ensino fundamental e médio. No que tange ao ensino superior, as possibilidades são infinitas. Na pesquisa e no ensino de História, já se trabalha, desde sempre, com a Geografia, pois a História — disciplina que estuda a ação do homem no tempo e no espaço — ocorre em algum lugar, altera e é alterada pela paisagem, pelo clima, pelos costumes, pelas culturas, etc. A língua em que se escreve a História, assim como a História de cada língua, sua literatura e o própria maneira contar a história de um povo relacionam História e letras. No caso das sociedades ágrafas, a história é contada pela tradição oral (p. ex., os griots). A forma como as estruturas mentais compõem-se nas diferentes línguas influencia também as diversas formas de comunicação pelas quais a História é memorizada, contada e escrita em cada cultura. A Matemática básica se faz presente desde sempre na História, relacionando-se com ela não apenas por meio das datas e linhas do tempo, como também nas referências às distâncias, às medidas, ao comércio, aos cálculos para construção, ao transporte, etc. As diversas ciências fazem-se presentes na História, com ela se comunicando de diferentes maneiras. 13Correntes e tendências pedagógicas da História A outra face da interdisciplinaridade Há, na história da educação brasileira, uma tentativa que foi defendida por escolanovistas, no início do século XX, e por Carlos Delgado de Carvalho (SANTOS, 2011), que escreveu um livro específico sobre o tema (Introdução Metodológica aos Estudos Sociais), de se utilizar a interdisciplinaridade como forma de ampliar a visão de mundo do educando. Isso ocorreu após a reforma do ensino de 1971, com a implementação do chamado núcleo comum e a criação dos Estudos Sociais (História e Geografia – organização social e política do Brasil (OSPB)) para o ensino do primeiro grau. Segundo Nascimento (2015, p. 14): A perspectiva era a da interdisciplinaridade e da dosagem do conhecimento, partindo-se do mais simples para as análises mais complexas. O Conselheiro Valnir Chagas retoma alguns dos pressupostos defendidos por Carlos Delgado de Carvalho, principal defensor do ensino de Estudos Sociais na primeira metade do século XX, em sua formulação de Doutrina do Núcleo Comum. Entretanto, num contexto de regime de exceção, os Estudos Sociais perderam sua característica principal que era propiciar aos alunos as habilidades ne- cessárias ao pleno exercício da cidadania. O aluno não deveria discutir, mas se ajustar. Ao perder seu caráter experimental, os Estudos Sociais adquirem outro – o de obrigatoriedade. Segundo Santos (2011), o Colégio Pedro II não acatou a reforma no que tange a esse quesito, mantendo as disciplinas de História e Geografia separadas. Na visão da autora, isso foi um fator positivo, em termos de resultados, para a instituição e seus alunos. Alguns núcleos escolares fizeram experimentações anteriores com os Estudos Sociais — em escolas primárias (lecionados por normalistas sem formação superior) e em ginásios vocacionais de São Paulo. Entretanto, não eram lecionados como disciplina obrigatória, mas experimental. O texto de Nascimento (2015) levanta a questão de que a forma como a interdisciplinaridade é praticada interfere nos resultados. Muitos professores que lecionavam os Estudos Sociais, antes que a disciplina se consolidasse, eram provenientes de outras formações, conhecendo menos dos conteúdos específicos de cada disciplina. Nem todo geógrafo sabe muito de História, e nem todo historiador sabe muito de Geografia física. Nesse caso específico, Correntes e tendências pedagógicas da História14 a interdisciplinaridade deixou de ser um fator de ampliação e correlação entre disciplinas e se tornou um instrumento político de repressão e doutrinação por meio da educação formal: de cerceamento de conteúdos e de obrigatoriedade. O problema, no entanto, não é o trabalho interdisciplinar, mas a desca- racterização das disciplinas originais, o que não deverá ocorrer caso as pro- postas de interdisciplinaridade e transversalidade existentes na BNCC sejam cumpridas como planejadas. A interdisciplinaridade indicada na norma não prevê a descaracterização ou a fusão de disciplinas em um “núcleo comum”. Embora classifique História e Geografia como divisões da área das Ciências Humanas, cada disciplina tem seu programa específico, podendo se comunicar e interagir pedagogicamente entre si e com as demais disciplinas e áreas do conhecimento, sem perder a identidade disciplinar no processo. A interdisciplinaridade não é apenas possível, mas recomendada pela norma e perfeitamente praticável em curto prazo, visto que, embora de forma não explícita, as disciplinas já se comuniquem. As possibilidades de desenvolver um trabalho interdisciplinar, no que diz respeito ao ensino de História, são infinitas, dependendo apenas da comunicação entre os docentes, a coordenação pedagógica e a direção das escolas. As ações interdisciplinares beneficiam o educando por permitirem um olhar mais amplosobre o mundo que o cerca, chamando atenção para a relação entre os diversos saberes e disciplinas que, muitas vezes, não é percebida no cotidiano. Ensino da História na infância: da percepção da historicidade ao saber histórico sistematizado pela escola Todo ser humano tem consciência do passado […] em virtude de viver com pessoas mais velhas. (...) Ser membro de uma comunidade humana é situar-se em relação ao seu passado (ou da comunidade), ainda que para rejeitá-lo. O passado é, portanto, uma dimensão permanente da consciência humana, um componente inevitável das instituições, valores e outros padrões da sociedade humana (HOBSBAWN, 1998, p. 22 apud BRASIL, 2010, documento on-line). O saber histórico produz-se por muitos meios e refere-se a diferentes instân- cias: individual, familiar, comunitária, escolar, acadêmica, profissional, global. Pode se reproduzir de forma oral, escrita, arquitetônica, paisagística, midiática, etc. Começa pela própria percepção da criança em relação ao mundo a sua volta, ainda que seja uma percepção difusa e não classificada como histórica. 15Correntes e tendências pedagógicas da História As crianças percebem a historicidade das coisas e das pessoas a sua volta antes mesmo de irem para a escola. O fazem a partir de noções de pertenci- mento/posse de objetos, ação e atenção de pessoas, percepção de valores morais e culturais e repetição de comportamentos sociais. Essas noções previamente existentes serão trabalhadas pedagógica e ludicamente quando as crianças entrarem na escola, na fase da educação infantil. As histórias pessoais e familiares já se encontram internalizadas de forma difusa pela criança na primeira infância. Na escola, elas virão a ser reconhecidas como tal, ou seja, não mais como um elemento difuso, mas como um elemento conscientizado por meio da educação. De acordo com o entendimento expresso na revisão das diretrizes cur- riculares nacionais para a educação infantil , parte integrante da DCNEB: O conhecimento científico hoje disponível autoriza a visão de que, desde o nascimento, a criança busca atribuir significado a sua experiência e, nesse processo, volta-se para conhecer o mundo material e social, ampliando gradati- vamente o campo de sua curiosidade e inquietações, mediada pelas orientações, materiais, espaços e tempos que organizam as situações de aprendizagem e pelas explicações e significados a que ela tem acesso. O período de vida atendido pela Educação Infantil caracteriza-se por marcantes aquisições: a marcha, a fala, o controle esfincteriano, a formação da imagi- nação e da capacidade de fazer de conta e de representar usando diferentes linguagens. Embora nessas aquisições a dimensão orgânica da criança se faça presente, suas capacidades para discriminar cores, memorizar poemas, representar uma paisagem através de um desenho, consolar uma criança que chora etc., não são constituições universais biologicamente determinadas e esperando o momento de amadurecer. Elas são histórica e culturalmente produzidas nas relações que estabelecem com o mundo material e social mediadas por parceiros mais experientes (BRASIL, 2013, documento on-line). Como explicitado, o saber histórico informal se faz presente no cotidiano infantil, seja nas cantigas de ninar, contação de histórias, uso de chás e remédios caseiros pelos familiares e amigos, brincadeiras infantis caseiras, na praça, playground, escola, etc. Igualmente, o saber histórico formal sistematizado chega às crianças por diversas formas: por meio da escola, das datas come- morativas, dos acontecimentos familiares e comunitários, das notícias dos jornais e dos temas de filmes, desenhos e jogos. Atualmente, no Brasil, é considerada como educação infantil a instrução que ocorre dos 0 aos 5 anos, sendo obrigatória apenas para crianças de 4 e Correntes e tendências pedagógicas da História16 5 anos. A educação básica é reconhecida como direito de todas as crianças e dever do Estado, sendo obrigatória dos 4 aos 17 anos (BRASIL, 2009). A BNCC de 2017 e as diretrizes curriculares nacionais da educação Infantil — DCNEI — definem como: […] eixos estruturantes das práticas pedagógicas” da Educação Infantil as “interações e a brincadeira, experiências nas quais as crianças podem construir e apropriar-se de conhecimentos por meio de suas ações e interações com seus pares e com os adultos, o que possibilita aprendizagens, desenvolvimento e socialização (BRASIL, 2017, documento on-line). É por meio de brincadeiras e interações que se ensina História na educação infantil, estando o conteúdo referente à História abrangido pelos Estudos So- ciais. A educação infantil visa o desenvolvimento da criança de 0 a 5 anos e 11 meses. Está dividida não por disciplinas, mas por objetivos de aprendizagem e desenvolvimento categorizados por faixa-etária e enquadrados sob o nome de campos de experiências, que se dividem em cinco: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação e espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Educação Infantil Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento Divisão etária com base correspondente às possibilidades de aprendizagem e ao desenvolvimento por faixa: Creche: bebês (0 a 1 ano e 6 meses); crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses). Pré-escola: crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses). Campos de experiência: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. 17Correntes e tendências pedagógicas da História Alguns objetos contidos nesses campos de experiência estão relacionados de forma mais direta com o ensino da História. As questões referentes a “o eu, o outro e o nós” e “espaços, tempos, quantidades, relações e transformações” remetem ao sociocultural, ao econômico, às relações de trabalho, à família, à comunidade e à vida cotidiana. A História é ensinada de forma lúdica por meio das datas comemorativas, começando pelo dia do aniversário, passando pelas festas dos pais e pelo dia das crianças, por datas cívicas e religiosas, como o Natal, bem como dias consagrados (se for o caso), profanos (carnaval) e profissionais (dia do mestre). Por exemplo, a sequência das festas anuais pode ser um auxiliar na es- truturação da consciência temporal infantil. Usar uma linha do tempo geral num quadro fixado na parede para marcar essas datas proporciona o uso da memória visual e introduz para a criança a noção de tempo corrido: os dias que já se passaram e suas respectivas marcas comemorativas; aquele em que se está, e aqueles pelos quais se espera: finais de semana, dias festivos gerais e particulares, férias e retorno às aulas, aniversários, passeios, etc. O saber histórico pode ser trabalhado por meio de histórias de vida, eventos familiares, comunitários, municipais, estaduais, nacionais e internacionais e de visitas profissionais. Pode se dar por meio de visitas a museus e casas de cultura, teatro, cinema, música, prática de artesanato, comida, vestimentas, etc. A realização e a montagem de árvores genealógicas dão às crianças noção de família, ascendência e relações de origem de si mesmas e de seus familiares mais próximos. Um exemplo típico de prática do ensino da História para a educação infantil é levar profissionais para conversar com as crianças sobre como surgiram suas profissões e o que fazem em seu trabalho, onde trabalham, por quantas horas, etc. Ou levar as crianças a campo, mostrando lugares históricos, profissionais, museus. O uso de filmes, desenhos e jogos de cunho histórico também auxilia a compreensão dos pequenos. Temporalidades históricas podem ser ensinadas por meio de brinquedos como carrinhos e roupas de bonecas. Estampas de livros e revistas, os próprios brinquedos de cada época, as músicas e danças. A infâncianão acaba ao término do período escolar denominado educação infantil. O educando que está (na faixa-etária esperada) nos anos iniciais do ensino fundamental continua na infância. Ela não se desfaz com o final de um ciclo educacional e o início de outro, mas continua devendo ser tratada com relação ao ensino-aprendizagem de forma diferenciada psicopedagogicamente. Essa forma deve ser adequada a cada ano e faixa-etária em termos de conteúdos Correntes e tendências pedagógicas da História18 a serem ensinados e habilidades e competências a serem desenvolvidas pelos educandos e cada ano escolar do Fundamental. As determinações da DCNEI sobre a articulação da educação infantil com o ensino fundamental são que: […] na transição para o Ensino Fundamental, a proposta pedagógica deve prever formas para garantir a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, respeitando as especificidades etárias, sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental (BRASIL, 2010, documento on-line). Entre o ano final da educação infantil e o primeiro ano do ensino funda- mental, a BNCC recomenda que se evite a descontinuidade pedagógica e a fragmentação do aprendizado, indicando uma série de processos que auxiliam a transição do educando de um ciclo a outro. Para que haja integração e continuidade dos processos de aprendizagem, a BNCC (2017) afirma que deve ser dada máxima atenção ao período de transição entre a educação Infantil e o ensino fundamental, buscando-se conhecer o histórico dos alunos, suas vivências e as respostas deste às sínte- ses de aprendizagem. Essas últimas devem ser entendidas como elementos balizadores e indicativos dos objetos explorados na educação infantil a serem aprofundados no ensino fundamental. A BNCC (2017) afirma que, para evitar a quebra e a descontinuidade do ensino nesse período de transição, as escolas de educação infantil e ensino fundamental se comuniquem e busquem facilitar a inserção das crianças à nova realidade escolar, por meio do conhecimento de sua história e do acolhimento afetivo. Ao entrar para o ensino fundamental, o educando, embora permaneça na infância, vai encontrar um tipo diferente de aprendizado. No caso da Histó- ria, com a ampliação de conhecimentos ano a ano, estes serão apresentados de acordo com o indicado nas unidades temáticas. Os conhecimentos que os educandos trazem da educação infantil serão gradualmente ampliados e direcionados, correspondendo não mais a campos de experiência, mas às determinações contidas nas unidades temáticas, por meio do trabalho com as habilidades e do desenvolvimento de competências. A História, até então presente de forma fluida, passará a ter um lugar formal, “reconhecido” como tal na vida do educando. Sairá da fluidez para a concretude como disciplina formadora do sujeito. 19Correntes e tendências pedagógicas da História A infância continua para além da educação infantil Segundo o dicionário Michaellis (2019, documento on-line), infância é: “período da vida, no ser humano, que vai desde o nascimento até o início da adolescência; meninice, puerícia”. Este se subdivide em três períodos: primeira infância: período que vai de 0 a 3 anos; segunda infância: período que vai de 3 a 7 anos; terceira infância: período que vai de 7 anos ao início da adolescência. No Novo Aurélio século XXI: o dicionário da língua portuguesa (FER- REIRA, 1999), encontramos a seguinte descrição: “Infância. [Do lat. Infantia.] S.f. 1. Período de crescimento do ser humano, que vai do nascimento até a puberdade, meninice, puerícia.” Na legislação brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) dispõe o seguinte: Art. 2º. Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade (BRASIL, 1990, documento on-line). Por consenso, a infância é tida como o período da vida do ser humano que vai de 0 a 11 anos, considerando-se doze anos o início da adolescência. Este é um consenso que deve ser relativizado em razão de vários fatores externos e internos ao ser. O ensino de História deve acompanhar os níveis de maturidade intelectual, emocional, psicomotora e física de cada faixa-etária e tempo de escolarização, conforme o previsto nas normas da educação. Deve adequar a forma de apresentação e o conteúdo ao grau de maturidade dos educandos. A BNCC prevê o passo a passo, ano a ano, por meio das unidades temáticas: o conteúdo curricular mínimo a ser ensinado, as habilidades exigidas e as competências a serem desenvolvidas. Os projetos político-pedagógicos de cada escola, sistema ou rede de ensino também incluem previsões e programações para cada ano escolar. No caso específico da História, a BNCC prevê que, diferentemente dos componentes curriculares das demais disciplinas que Correntes e tendências pedagógicas da História20 terão as mesmas unidades temáticas do primeiro ao nono ano, na História essas unidades temáticas não serão repetidas e cada ano terá uma unidade temática diferente. Enquanto o conteúdo das demais disciplinas é aprofundado a cada ano, o conteúdo a ser ensinado na História também se amplia, de forma a abranger mais assuntos e aumentar a linha do tempo e as referências ao universo histórico a ser estudado. . Se, na educação infantil, o eixo estruturante pedagógico são as interações e brincadeiras, e o ensino da História está incluso nos Estudos Sociais, nos anos iniciais do ensino fundamental, a História se encontra com a Geografia na divisão das Ciências Humanas. Nos anos iniciais do ensino fundamental, com o início da alfabetização e do letramento, as possibilidades se ampliam, abrangendo a leitura e a escrita por parte do educando. O desenvolvimento de novas habilidades e competências permite trabalhos com pesquisa e a ampliação vocabular permite a introdução de novos termos e conceitos. Pode-se trabalhar a composição conjunta de textos sobre temas históricos, redações individuas sobre a própria história, a história da família, dos objetos familiares, do bairro ou da comunidade, etc. Pode-se, igualmente, criar exposições e feiras, comemorar festividades cívicas, religiosas e laicas; correlacionar presente e passado a partir dos eventos do cotidiano, dos anúncios e notícias nos jornais. Para cada idade e maturidade intelectual, o ensino da História deve ser adequado de forma a proporcionar ao educando uma ampliação de seus co- nhecimentos e, como prediz o art. 4º do DCNEI, dar formação à criança, sendo esta definida como: […] sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, documento on-line). A legislação brasileira, com relação à educação infantil e ao ensino fun- damental, tem entre suas metas o desenvolvimento e a formação da pessoa e a construção do sujeito com capacidade de pensamento crítico: um cidadão ético, ciente de sua ação histórica. A História está presente como disciplina e parte fundamental desse projeto educacional. 21Correntes e tendências pedagógicas da História AZEVEDO, C. B.; STAMATTO, M. I. S. Teoria historiográfica e prática pedagógica: as correntes de pensamento que influenciaram o ensino de história no Brasil. Antíteses, v. 3, n. 6, p. 703–728, jul./dez. 2010. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index. php/antiteses/article/viewFile/4571/7043. Acesso em: 28 mar. 2019. BRASIL. Emenda constitucional nº. 59, de 11 de novembro de 2009. Diário Oficial da União: seção 1, p. 8, Brasília, DF, 12 nov. 2009. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm.Acesso em: 29 mar. 2019. BRASIL. Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União: seção 1, ano 128, n. 135, p. 13.563–13.577, Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L8069.htm. Acesso em: 29 mar. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2017. 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Elas também têm valor pelo que simbolizam e comunicam enquanto circulam. Uma moeda indica, para além de seu valor de face, sua origem, a técnica por meio da qual foi cunhada, a época a que pertence, como andava a economia na época em que foi lançada, que poderes governam e os interesses que esses governos têm a comunicar ao povo por meio dos símbolos nela expressos. Neste vídeo, você verá como as moedas contêm informações históricas e como também podem ser trabalhadas interdisciplinarmente em conjunto com a Geografia, as Ciências, a Matemática e as Letras. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/283c991823908f265897c53ee64f0d77 Exercícios 1) A disciplina inicialmente experimental denominada Estudos Sociais se tornou obrigatória para o 1o grau a partir: A) do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova (1932). B) da Reforma do Ensino de 1968. C) das orientações de Paulo Freire e Anísio Teixeira. D) da Reforma do Ensino de 1971. E) da Reforma de Francisco Campos de 1931. 2) No processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, quanto às Sínteses de Aprendizagem, a BNCC prediz que: A) São desnecessárias, pois nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental a educação na infância se dá por via das unidades temáticas. B) São entendidas como uma instância não mais necessária, visto que os educandos não estarão mais submetidos a elas. C) Devem ser entendidas como elementos balizadores e indicativos dos objetos explorados na Educação Infantil a serem aprofundados no Ensino Fundamental. D) No processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, o que se tem é a mudança de nomenclatura dos Campos de Aprendizagem, que passam a se chamar Síntese de Aprendizagem no Fundamental. E) Não há referência na BNCC sobre o período de transição entre os ciclos do Ensino Básico. 3) À qual das tendências pedagógicas a seguir a expressão “ensino bancário” remete principalmente? A) À pedagogia construtivista. B) À pedagogia tecnicista e behavorista. C) À pedagogia histórico-crítica. D) À pedagogia tradicional. E) À pedagogia libertária. 4) A que corrente historiográfica pertence Fernand Braudel? A) Materialismo histórico. B) Escola de Annales. C) Marxismo. D) Historicismo. E) Positivismo. 5) A infância ultrapassa o período pedagógico denominado Educação Infantil; ela tem continuidade conforme o entendimento do conceito de infância descrito na legislação brasileira até o aluno: A) entrar para o Ensino Médio, por volta dos 15 anos. B) completar 5 anos e 11 meses, segundo a legislação vigente. C) entrar para os Anos Finais do Ensino Fundamental. D) completar 12 anos, quando se torna legalmente adolescente. E) estar cursando o Ensino Fundamental, quando os pais determinarem. Na prática A interdisciplinaridade tem sido pensada como um fator importante na educação e, com o advento da BNCC, tornou-se parte do projeto de educação com a ideia de trabalhar temáticas de forma transversal. Neste Na Prática, você verá como professores de História, Geografia e Ciências planejaram, com o apoio dos pais, da escola e da instituição a ser visitada, um evento interdisciplinar para uma turma do 5o ano do Ensino Fundamental. Os docentes contataram a Fundação RioZoo e levaram os alunos para uma visita guiada ao Zoológico do Rio de Janeiro, localizado na Quinta da Boa Vista - Bairro Imperial de São Cristóvão - Rio de Janeiro/RJ. Conteúdointerativo disponível na plataforma de ensino! Saiba mais Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Teoria historiográfica e prática pedagógica: as correntes de pensamento que influenciaram o ensino de História no Brasil Veja a seguir o artigo sobre os traços de diferentes correntes de pensamento pedagógico. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. História no Ensino Fundamental e suas diferentes perspectivas Neste artigo você irá saber mais sobre o ensino de História a crianças, a partir do projeto de pesquisa “Educação histórica: iniciando crianças na arte do conhecimento histórico”. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Tendências pedagógicas Para saber mais sobre as diferentes tendências pedagógicas, assista ao vídeo a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses/article/viewFile/4571/7043 https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/571591/mod_resource/content/1/artigo%20Marlene.pdf https://www.youtube.com/embed/HLZtZILFAps