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Cultura e Sociedade na Modernidade

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Prévia do material em texto

2013
Cultura e SoCiedade na 
Modernidade
Profª. Graciela Márcia Fochi
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Profª. Graciela Márcia Fochi
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
306
F652c Fochi, Graciela Márcia
 Cultura e socidade na modernidade / Graciela Márcia Fochi. 
Indaial : Uniasselvi, 2013.
 
 198 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830-828-5
 1. Sociedade. 2. Cultura.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
III
apreSentação
Caro(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) à disciplina Cultura e 
Sociedade na Modernidade.
Estudar “Cultura e Sociedade na Modernidade” significa 
compreender um dos contextos e momentos mais complexos da história da 
humanidade. Foi o tempo quando foram colocadas em curso às mudanças e 
transformações responsáveis pela construção da sociedade contemporânea, 
ou seja, o momento histórico em que vivemos.
Para facilitar os estudos definiu-se a seguinte distribuição de temas:
Na Unidade 1 serão abordados os conceitos fundamentais de 
modernidade; posteriormente procura-se definir o período histórico no 
qual esta transcorreu; num terceiro momento reconstitui-se o contexto 
sociocultural em que a mesma ocorreu; por fim relacionam-se as principais 
técnicas, invenções e tecnologias que colaboraram para que a modernidade 
se instalasse e expandisse no interior da sociedade.
Na Unidade 2 será tratado como a modernidade foi recebida desde 
os modos e hábitos do cotidiano como nos espaços públicos e de convivência 
social; tendo em vista compreender como o meio urbano e industrial 
modificaram os comportamentos da população. Em seguida será analisado 
como a produção cultural da época acompanhou e se posicionou diante dos 
projetos de modernização; e por fim como se deu e transcorreu a experiência 
brasileira de modernidade.
A Unidade 3 apresenta reflexões sobre os custos e ganhos que a 
modernidade conferiu à sociedade, à cultura, às ciências, à economia e à 
política; bem como as expectativas de modernidade que ainda persistem e 
as possibilidades que ainda se encontram em aberto e por serem realizadas.
 
Caro(a) acadêmico(a)! Os conteúdos e temas de “sociedade e cultura 
da modernidade” fazem sentido se compreendidos num quadro maior de 
fatos, acontecimentos e movimentos históricos.
Para compor este quadro, vamos revisitar os conhecimentos que 
você já possui sobre a Idade Média, o Renascimento, a era das grandes 
navegações, a exploração e conquista das novas terras, a Revolução Francesa 
e Industrial, o Iluminismo, a independência dos Estados Unidos da América, 
as unificações dos países da Itália e da Alemanha, a prática do imperialismo 
em países africanos, chineses e indianos, entre outros.
 
IV
Portanto, iremos estudar o processo histórico que foi marcado pela 
substituição da produção artesanal e manual pela industrial; da migração da 
população do campo rumo às cidades, pelo enfraquecimento das explicações 
religiosas e o avanço das ideias racionais e científicas no interior da sociedade, 
e a diminuição/separação da presença da Igreja na composição do Estado/
governo. 
Estes processos ocorreram de forma mais acentuada no século XIX 
e nos países do continente europeu, e se estenderam em vários âmbitos da 
sociedade. O sentido que os homens e as mulheres modernas adquiriram e 
atribuíram a si mesmos, à sociedade e à cultura de seu tempo será a nossa 
maior preocupação a partir de agora. 
É necessário também mencionar que os conteúdos, temas, referências, 
abordagens que serão elencadas ao longo deste Caderno de Estudos, 
procuraram contemplar a ementa da disciplina, mas que também dizem 
respeito às escolhas e opções que são consideradas como fundamentais e 
relevantes ao estudo e reflexão do tema em questão. 
Este material também pode ser compreendido como um roteiro de 
estudos inicial, introdutório; outros olhares e abordagens podem e devem 
ser feitos, pois está longe de ser suficiente ou capaz de esgotar o tema e a 
discussão.
Desde já fazemos votos de uma provocativa jornada de estudos e 
reflexões pela frente!
Atenciosamente,
Profª. Graciela Márcia Fochi
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os 
seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que 
possuem o código QR Code, que é um código que 
permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
SuMário
UNIDADE 1 – CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE ...................................... 1
TÓPICO 1 – DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE 
 E CULTURA .................................................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3
2 O QUE É MODERNIDADE? ........................................................................................................... 4
3 O QUE É CULTURA? ........................................................................................................................ 8
4 O QUE É SOCIEDADE? ................................................................................................................... 9
4.1 SOCIEDADE PRÉ-MODERNA OU FEUDAL................................................................ 10
4.2 A LENTA DESAGREGAÇÃO DO MUNDO FEUDAL ............................................... 12
5 DEBATE HISTORIOGRÁFICO SOBRE A CRONOLOGIA DA MODERNIDADE ........... 15
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 18
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 – OS ANTECEDENTES DA MODERNIDADE .......................................................... 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................21
2 A NOVA CONCEPÇÃO DE TRABALHO .................................................................................... 21
3 TROVADORISMO ............................................................................................................................ 22
4 A PRENSA DE TIPOS MÓVEIS ..................................................................................................... 25
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ......................................................................................................... 28
5 NOÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO .................................................................................................. 29
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ......................................................................................................... 29
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 33
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 34
TÓPICO 3 – CULTURA MATERIAL E MODERNIDADE: UMA HISTÓRIA DAS 
 TÉCNICAS E DOS OBJETOS ..................................................................................... 35
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 35
1.1 NO MEIO RURAL .................................................................................................................... 36
1.2 NOS ESPAÇOS URBANOS ................................................................................................... 36
2 COLONIALISMO E O DESENVOLVIMENTO DA CARTOGRAFIA ................................... 38
2.1 O NOVO MUNDO ................................................................................................................... 39
3 A MANUFATURA ............................................................................................................................. 40
4 A SOCIEDADE OCIDENTAL DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL........................................... 41
4.1 NO PRINCÍPIO ERA O VAPOR: AS MÁQUINAS DA REVOLUÇÃO 
INDUSTRIAL INGLESA ...................................................................................................... 43
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ......................................................................................................... 45
4.2 O TEAR MECÂNICO .............................................................................................................. 47
4.3 AS MÁQUINAS DA SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: ENERGIA 
ELÉTRICA E TELÉGRAFO ................................................................................................... 49
4.4 O TELEFONE ............................................................................................................................. 52
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ......................................................................................................... 53
LEITURA COMPLEMENTAR 3 ......................................................................................................... 54
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 56
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 57
VIII
UNIDADE 2 – A RECEPÇÃO DA MODERNIDADE .................................................................... 59
TÓPICO 1 – A ASSIMILAÇÃO DA MODERNIDADE ................................................................ 61
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61
2 NA CIDADE: URBANIZAÇÃO, VIGILÂNCIA E HIGIENIZAÇÃO DOS ESPAÇOS ....... 62
2.1 LONDRES .................................................................................................................................... 66
2.2 PARIS ............................................................................................................................................ 70
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 75
3 DO COLETIVO AO PRIVADO....................................................................................................... 77
4 AS PERFORMANCES DO FEMININO E DO MASCULINO ................................................... 83
4.1 O FEMININO ............................................................................................................................. 83
4.2 O MASCULINO ........................................................................................................................ 87
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 90
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 92
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93
TÓPICO 2 – OS MOVIMENTOS CULTURAIS E ARTÍSTICOS ................................................ 95
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95
2 O MOVIMENTO DO ROMANTISMO ........................................................................................ 96
3 O DISCURSO CIENTÍFICO E O DISCURSO LITERÁRIO ..................................................... 97
4 A MÚSICA NA MODERNIDADE ................................................................................................. 103
5 A ARQUITETURA MODERNA...................................................................................................... 105
6 NAS ARTES PLÁSTICAS ................................................................................................................ 107
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 111
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 112
TÓPICO 3 – A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA NA MODERNIDADE ........................................ 113
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 113
2 A ESTADA DA FAMÍLIA REAL PORTUGUESA NO BRASIL ............................................... 114
3 A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA ............................................................................................ 114
4 A INDÚSTRIA E A TECNOLOGIA ............................................................................................... 116
5 A FORMAÇÃO DAS METRÓPOLES ........................................................................................... 117
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 126
UNIDADE 3 – VERSO E REVERSO DA MODERNIDADE ........................................................ 127
TÓPICO 1 – CONQUISTAS E REALIZAÇÕES DA MODERNIDADE .................................... 129
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 129
2 NA POLÍTICA E NA ECONOMIA ................................................................................................ 129
3 NA CIÊNCIA ......................................................................................................................................132
4 NA SOCIEDADE E NA CULTURA ............................................................................................... 134
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 139
TÓPICO 2 – OS CUSTOS DA MODERNIDADE .......................................................................... 141
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 141
2 NA ECONOMIA E NA POLÍTICA ................................................................................................ 142
3 NAS RELAÇÕES HUMANAS E NA CULTURA ........................................................................ 146
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 149
4 NA CIÊNCIA E NO MEIO AMBIENTE ........................................................................................ 152
IX
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 160
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 161
TÓPICO 3 – TEMPOS CONTEMPORÂNEOS ............................................................................... 163
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 163
2 O MAL-ESTAR DA HUMANIDADE ............................................................................................ 164
3 A FRAGMENTAÇÃO DO COLETIVO ......................................................................................... 166
4 PERSPECTIVAS, POSSIBILIDADES E SENTIDOS .................................................................. 168
4.1 NO CAMPO DA CIÊNCIA .................................................................................................... 168
4.2 NOS ESPAÇOS URBANOS ................................................................................................... 170
4.3 NO CAMPO DAS TECNOLOGIAS ................................................................................... 171
4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 175
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 179
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 181
TÓPICO 4 – ASPECTOS DIDÁTICO-PEDAGÓGICOS À CULTURA E SOCIEDADE 
 NA MODERNIDADE ................................................................................................... 183
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 183
2 SUGESTÕES DIDÁTICAS .............................................................................................................. 184
2.1 ABORDAGEM CONCEITUAL ........................................................................................... 184
2.2 EXPOSIÇÃO DE OBJETOS ANTIGOS ............................................................................. 184
2.3 HISTÓRIA LOCAL E REGIONAL ..................................................................................... 184
2.4 TEXTOS PARADIDÁTICOS ................................................................................................. 185
3 MODERNIDADE: A ÉPOCA DAS IMAGENS .......................................................................... 186
3.1 O USO DE FILMES/DOCUMENTÁRIOS ....................................................................... 187
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 190
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 191
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 193
X
1
UNIDADE 1
CONCEITOS E CONTEXTOS DA 
MODERNIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• apresentar os principais conceitos que tratam da cultura e da sociedade ao 
longo da modernidade;
• definir os acordos cronológicos que delimitam o momento de início, de-
senvolvimento e declínio da modernidade;
• estudar aspectos e fatores representam os antecedentes favoráveis à reali-
zação da modernidade;
• estudar as mudanças e as transformações que a modernidade atribuiu aos 
contextos e grupos sociais e culturais;
• abordar os movimentos, as estruturas e as técnicas que colaboraram na 
realização dos projetos de modernidade.
Os objetivos de aprendizagem se encontram distribuídos em três tópicos. Ao 
longo da discussão dos temas nos interior dos tópicos, serão relacionadas 
sugestões de materiais alternativos que contemplam os conteúdos estudados. 
No final de cada tópico, estão relacionadas autoatividades que visam à 
fixação e a compreensão dos conteúdos estudados.
TÓPICO 1 – DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: CULTURA, SOCIEDADE, 
MODERNIDADE
TÓPICO 2 – ANTECEDENTES DA MODERNIDADE: TROVADORISMO, 
TRABALHO E PRENSA
TÓPICO 3 – CULTURA MATERIAL E MODERNIDADE: UMA HISTÓRIA 
DAS TÉCNICAS E DOS OBJETOS
Assista ao vídeo 
desta unidade.
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, 
SOCIEDADE E CULTURA
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)! Antes de tudo, vamos iniciar uma discussão que é 
recorrente em nossa época sobre a noção de ‘moderno’. 
Na maioria das vezes encontram-se concepções que definem o momento 
presente como ‘moderno’ reconhecendo-o como dinâmico, arrojado e sofisticado; e, 
em contrapartida, encontram-se noções depreciativas para o que é passado ou de 
outras épocas, identificando-o como ingênuo e ultrapassado. Estas duas concepções 
não procuram compreender o que é ‘moderno’, logo atribuem juízo de valor, ou seja, 
fazem julgamentos de bom e mau, sendo que a primeira supervaloriza o momento 
presente como bom, e a segunda deprecia o passado como mau.
Aqui já se faz necessário que o senso crítico/reflexivo do professor de 
História esteja atento, no sentido que se reconheça as tecnologias e equipamentos 
do presente como realizações e possíveis a partir das experiências do passado. 
Outro aspecto a ser levado em consideração também é o da velocidade 
quando ocorrem as mudanças e transformações em nossa época. Estas serão 
responsáveis por, em pouco tempo, tornar o que existe neste exato momento de 
‘novo’ em ‘antigo’, ultrapassado, superado.
Então se apresenta a provocação de que nós, mulheres e homens nascidos no 
século XX e/ou XXI, não somos os últimos e também não somos os que experimentam 
os tempos mais modernos possíveis de serem vividos. A humanidade é sempre 
surpreendida com o novo, outras invenções, de maiores aperfeiçoamentos, seguem 
por tempo indeterminado nesta trajetória. Imagine a surpresa que uma invenção 
como a imprensa causou aos homens e mulheres do século XV. Ou mesmo, o 
esplendor e expectativa do rádio ao tempo dos nossos avós? A TV colorida para os 
nossos pais, ou a internet e o telefone celular em nossos dias?
 
Diante disto chama-se atenção que a função dos profissionais da história, 
que é a despertar para outra consciência histórica, que discute as noções de 
“moderno” e “antigo” são indispensáveis à melhoria e superaçãodas condições da 
sobrevivência do presente, que deve evitar julgamentos de qual destes conceitos 
ou momentos é o mais adequado ou conveniente. O tempo seguirá seu curso, 
somos meros mortais e não nos manteremos a salvo e ilesos neste processo, que é 
cada vez mais a técnico e por causa da tendem estar mais presentes.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
4
2 O QUE É MODERNIDADE?
Feita esta ressalva inicial pode-se avançar no sentido de analisar os 
principais conceitos e marcos cronológicos que a modernidade reúne e conferir 
a importância e a especificidade desta época, bem como as fronteiras diante de 
outras épocas e momentos históricos. 
Mas se antecipa que se trata de fronteiras volúveis e conceitos um 
tanto imprecisos, por outro lado, reúnem também formulações contraditórias, 
ambiguidades e dualidades. Especialmente quando se admite que existam 
experiências de modernidade nas mais diversas sociedades e épocas históricas, 
mas que não receberam atenção que foi dada à experiência europeia.
Diante deste quadro de complexidades, procura-se arrolar algumas 
formulações ao conceito de ‘modernidade’, pois este processo é perpassado por 
uma superposição “desordenada” e simultânea de transformações, mudanças, 
rupturas e/ou permanências que parecem seguir uma a outra numa sequência 
extremamente veloz; que se cruzam, chocam e seguem novamente seus caminhos, 
e que por sua vez provocam efeitos e interferem nas estruturas existentes no 
interior da cultura e na sociedade.
Na tentativa de relacionar a abrangência e a dimensão dos conceitos, 
procura-se reunir referências de diversos campos do conhecimento a fim de 
formular um pouco do “estado de coisas”, do contexto histórico e social do qual 
emergirá a necessidade de mudanças e transformações que irão favorecer a 
realização do projeto de modernidade. 
A relação entre estes dois conceitos é de tensão e superação, e o de 
moderno/modernidade surgirá diante da vontade de superação em relação ao 
de antigo. Mas de que antigo se está falando neste momento? Não é somente e 
simplesmente o que foi superado pelo novo e moderno. 
Como antigo compreende-se o pensamento clássico da Antiguidade 
greco-romana, dos tempos medievais e pré-modernos. Desde o Renascimento, 
existe uma espécie de disputa pela superioridade dos modernos em relação aos 
antigos (ABBAGNANO, 2007).
Sobre esta disputa, nos escritos de Giordano Bruno (1548-1600), é possível 
identificar noções como "somos mais velhos e temos mais idade do que nossos 
predecessores". Afirmação que por sua vez possibilita os homens de seu tempo 
sentirem-se melhores e mais experientes diante do passado, mais confiantes e 
seguros com relação ao seu tempo.
 Em especial a palavra progresso foi registrada na Itália, na obra 
Pensiere diversi (pensamentos diversos) de Alessandro Tassoni (1565-1635) e 
logo se expandiu a outras regiões. A noção, que é apresentada por Tassoni, é 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
5
2 O QUE É MODERNIDADE? encontrada novamente na obra “Diálogo dos mortos” de Fontenelle (1657-1757), 
e, posteriormente, utilizada e ampliada pelo historiador Giambattista Vico (1668-
1774).
PROGRESSO
A ideia de progresso, tanto na história, na filosofia, na cultura e na sociedade, encontra-se 
relacionada à visão de acúmulo e síntese do passado; e como profecia a se cumprir no 
futuro. A concepção de progresso interpreta a humanidade como uma grande estrutura 
que ao longo das eras e épocas caminha árdua e constantemente em direção a um 
desenvolvimento glorioso e triunfante e que para se cumprir precisa estar associada ao 
campo técnico e científico.
ATENCAO
O termo “moderno” foi utilizado pela primeira vez pelo estudioso suíço 
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). “A terminologia moderniste (modernista) 
ocorria antes ainda da Revolução Francesa e da independência americana; porém 
recebeu maior projeção com as reflexões feitas no campo da psicanálise e da 
democracia participativa ao longo dos séculos XIX e XX”. (BERMAN, 1986, p. 11).
A modernidade pode ser entendida como o equivalente ao "mundo 
industrializado" especialmente aos aspectos do uso de máquinas na extração 
das matérias-primas, nos meios de produção e elaboração da matéria-prima no 
interior das fábricas e nos processos de controle da natureza (GIDDENS, 2002).
Este processo representou um dos projetos mais impactantes da 
modernidade. O outro foi representado pela capitalização da economia, ou seja, a 
implantação do sistema de produção de mercadorias envolvendo tanto mercados 
competitivos de produtos (a livre concorrência) como a mercantilização da força 
de trabalho (o trabalho assalariado).
No campo da cultura a concepção de modernidade aparece nas análises 
do poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), que é amplamente reconhecido 
como o profeta e um dos principais testemunhos daquele período. Baudelaire 
(1996), com sua sensibilidade poética, escreve que a modernidade é a união de 
duas partes, uma metade que representa o transitório, o efêmero, o contingente, 
sendo que a outra metade é composta pelo eterno e pelo imutável.
Ou seja, como modernidade pode-se entender a combinação de fatores e 
circunstâncias diferentes, novas, não duradouras, instantâneas e momentâneas; 
com as perguntas, expectativas e os sonhos que acompanham o homem desde as 
épocas mais antigas, que estavam presentes também no imaginário do homem da 
modernidade, e que por sua vez o provocavam a reagir com os pés no presente.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
6
Na Figura 1 tem-se uma espécie de combinação da técnica de retrato com 
fotografia do poeta Charles Baudelaire e, na Figura 2, a capa de uma das edições 
brasileiras para o livro “Sobre a modernidade”, do qual foi extraída a definição 
de modernidade mencionada acima:
FIGURA 1 – CHARLES BAUDELAIRE 
FONTE: Disponível em: <http://paulofernandomonteiroferraz.
blogspot.com.br/2010/05/embriague-se-charles-baudelaire.
html>. Acesso em: 2 jun. 2013. 
FIGURA 2 – CAPA DO LIVRO SOBRE A MODERNIDADE
FONTE: Disponível em: <http://ebooksgratis.com.br/livros-e-
books-gratis/tecnicos-e-cientificos/historia-da-arte-charles-
-baudelaire-sobre-a-modernidade/>. Acesso em: 2 jun. 2013.
O conceito apresentado por Baudelaire pretende romper com as 
explicações que eram encontradas na antiguidade clássicas e nos tempos pré-
modernos (sociedade do antigo regime) que por sua vez dominavam a cultura e 
a sociedade francesa. 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
7
“Os modelos pré-modernos se caracterizavam por imitar e reproduzir as 
construções nas suas formas de edificação e as teorias proferidas pelos antigos 
pensadores, e que eram responsáveis por esvaziar as potencialidades do presente 
e o que estas poderiam apresentar como originalidade e inovação”. (BERMAN, 
1986, p. 131).
Deduz-se assim que a modernidade pretendia amenizar as obrigações com 
o passado em termos de moral, valores, cultura e tradições. A nova proposta foi 
a de perceber os eventos e o momento histórico presente, com novo e o inovador, 
no intuito de revestir e reconfigurar a cultura e a sociedade europeia da época.
Diante disto ser moderno e existir na modernidade significava que o 
homem deveria colocar-se diante do novo e do presente por inteiro, e isso exigia 
ruptura com as estruturas nas quais havia se sustentado até então; a partir disto, 
projetar-se na dimensão do momento e descobrir as possibilidades do novo, 
aventurar-se em direção ao desconhecido e do não explorado.
Como um estudante curioso e atento, você deve se perguntar: “mas 
que novo desconhecido e não explorado seriam estes”? Calma, aos poucos, 
cada aspecto destes será melhor discutido. Mas, conserve esta indagação, que 
servirá como âncora ao entendimento dos processos de modernidadeque serão 
apresentados a seguir. 
Outro conceito que é pertinente aos estudos de cultura e sociedade na 
modernidade é o de belle époque. A belle époque se desenvolve do final do século 
XIX e no começo do século XX, em especial entre os anos de 1870 e 1914. Neste 
período, os resultados das políticas de progresso e modernização já eram bastante 
nítidos e já se encontravam assimilados pela população europeia, e era possível 
identificar com facilidade mudança nos comportamentos, nas posturas, na moral 
e nos estilos de vida da população (ROSSI, 2003).
Foi momento da expansão das forças produtivas, do consumo de artigos 
de luxo e pelo progresso material. Com as conquistas da industrialização, a 
evolução dos meios de transporte e das comunicações, a expansão dos mercados 
e o aumento populacional. Instaurou-se um tempo e espírito de euforia, uma 
espécie de joie de vivre (o entusiasmo de viver), que caracterizaria a vida cotidiana 
antes da crise que culminou com a Primeira Guerra Mundial. 
É comum também encontrar os conceitos de “modernização” e 
“modernismo”, porém ambos apresentam aplicações e usos distintos. 
A modernização é relacionada aos fenômenos do liberalismo econômico, 
que é marcado pelo recuo do poder do estado e do governo tanto na esfera da 
economia como da política. “Já o modernismo é associado ao movimento e escola 
que influenciou a produção das artes plásticas e da cultura a partir dos anos de 
1900 e transcorreu ao longo das primeiras décadas do século XX”. (BERMAN, 
1986, p. 86).
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
8
Portanto, para localizar a produção cultural e artística que corresponde 
mais precisamente o momento da modernidade, deve-se levar em conta o 
movimento do Romantismo. Por Romantismo entende-se o movimento filosófico, 
literário e artístico que iniciou nos últimos anos do século XVIII e que se fortaleceu 
ao longo do século XIX. 
Caro(a) acadêmico(a)! Tanto o tema da belle époque como o do Romantismo 
serão abordados e exemplificados com maior profundidade na Unidade 2 deste 
Caderno de Estudos. 
Como síntese deste debate teórico pontuam-se como conceito de 
modernidade os processos, os mecanismos, as instituições, os agentes que 
pretendiam superar a cultura religiosa católica cristã; a sociedade agrícola e 
servil; a política estamental e monárquica, e em seu lugar implantar uma cultura 
e sociedade urbana, democrática, secular, científica e industrial.
3 O QUE É CULTURA?
A origem da palavra cultura é colo. Isto é, local do corpo feminino onde 
o bebê é amamentado. O termo colo, local onde se retira o alimento, se relaciona 
com a plantação, isto é, com a agricultura, com a terra que permite ao homem se 
alimentar. Da terra, que se retira o alimento, também é o local onde se enterram 
os mortos. Por isso, nas sociedades primitivas, se faziam os cultos aos mortos, 
através de rituais fúnebres que envolviam diversos aspectos das sociedades 
primitivas. Do culto aos antepassados, também surge o respeito e a utilização da 
sabedoria que estes deixavam para as comunidades (BOSI, 1992). 
O termo cultura no contexto da modernidade pode ser compreendido em 
duas dimensões complementares.
 
Uma que indica o aspecto da formação do homem, no que tange a seu 
refinamento e sofisticação, próximo do que o pensador inglês Francis Bacon (1561-
1626), considerado o pai da ciência moderna, propõe uma concepção de cultura 
no sentido de representar o cultivo, elevação e o aprimoramento do espírito. 
E outra dimensão, a que trata dos hábitos e modos de viver no cotidiano e 
em sociedade, “que acaba por receber a terminologia de civilização, pois se refere a 
formas de viver, pensar, portar e manifestar no interior de um determinado grupo 
e sociedade”. (ABBAGNANO, 2007, p. 225).
TÓPICO 1 | DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
9
3 O QUE É CULTURA?
4 O QUE É SOCIEDADE?
Sociedade é uma palavra que pode designar a maneira que determinado 
grupo humano interage com o meio ambiente, com a natureza e com o próximo. 
Isto é demonstrado através da diversidade dos grupos humanos. Podemos 
refletir, através da origem etimológica, que a palavra cultura é uma síntese de um 
longo processo humano. 
A sociedade na qual estamos inseridos resulta de um todo e processo 
continuum, que por um lado é marcada por permanências, rupturas e 
descontinuidades, que, muitas vezes, somente, recebe novas combinações 
roupagens e por outro lado também se apresenta como complexa, plural e híbrida, 
que pretende abarcar as mais novas expressões e manifestações dos sujeitos, 
grupos, produtores, atores e públicos no interior de uma dada sociedade.
Grande parte das explicações que se tem para as definições de sociedade 
converge à ideia de um todo coletivo que congrega as múltiplas ações de indivíduos, 
que por sua vez são reguladas por leis, regras e valores. Que transcorrem em 
diversas instâncias e âmbitos, que são legitimadas por instituições, governos, 
regimes e modelos. Que apresentam mudanças e alterações conforme as épocas, 
os momentos históricos, os contextos, as culturas, os locais e regiões.
Abaixo se procurou elaborar um quadro-síntese para as principais 
características que definem e diferenciam a sociedade pré-moderna/feudal da 
sociedade moderna:
SOCIEDADE PRÉ-MODERNA/FEUDAL
1) Mundo rural/agrícola
2) Sociedade de ordens/estamental
3) Trocas naturais, ausência de comércio e da moeda
4) Explicações religiosas para os fenômenos da natureza
5) Elaboração de produtos de forma artesanal
6) Descentralização do poder político dos senhores feudais
7) Centralização do poder religioso na figura do papa
8) Relações de trabalho não assalariado/servil.
SOCIEDADE MODERNA
1) Mundo urbano/cidades
2) Sociedade de classes
3) Trocas monetárias
4) Explicações científicas para os fenômenos da natureza
5) Elaboração de produtos de modo industrial
6) Centralização do poder político
7) Descentralização do poder religioso com a Reforma Protestante
8) O indivíduo é o centro do poder político (cidadão)
9) Relações de trabalho assalariadas – ideia de liberdade de escolha e 
iniciativa.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
10
4.1 SOCIEDADE PRÉ-MODERNA OU FEUDAL
A sociedade europeia dos séculos XI-XIII era composta por uma 
população extremamente ligada às atividades rurais. Nestes séculos, que 
alguns historiadores denominam como Idade Média Central, tivemos o auge do 
feudalismo. O feudalismo é um sistema social baseado na unidade produtiva do 
feudo. Por feudo se compreende uma unidade de produção rural autossustentada 
(JÚNIOR, 1986). 
Nas unidades de produção rural, a elaboração de produtos e objetos era 
constituída no interior do próprio feudo. Roupas e utensílios para o trabalho ou 
lazer eram fabricados de modo rudimentar pelos próprios trabalhadores rurais. 
Ocorria uma pequena especialização do trabalho. Não havia a necessidade ou 
mesmo um incentivo para a produção do excedente, isto é, de se produzir e 
estocar mais alimentos de que se precisava. 
Tratava-se de uma sociedade composta por três ordens sociais. Oratores, 
Belattores e Laboratores, isto é, sacerdotes, guerreiros e servos. Tal composição 
social é classificada por historiadores e sociólogos de sociedade estamental. Isto 
porque as camadas sociais não eram classificadas pelo dinheiro que possuíam, 
mas, sim, pelos status que determinado indivíduo possuía na sociedade. Isto é, 
status, neste contexto específico, deve ser compreendido como a condição que o 
indivíduo possuía na sociedade. Estamento pode ser compreendido como um 
“grupo social, garantido por convenções e leis, mantido através da honra e de um 
estilo de vida específico” (WEBER, 1982). 
Neste sentido, as trocas comerciais não eram mediadas pelo dinheiro, 
mas pelas trocas naturais. Isto é, as trocas econômicas não erammediadas por 
moedas, mas sim como troca de produto por produto: por exemplo, uma vaca por 
um cavalo. Assim, as relações de trabalho não eram assalariadas, mas vinculadas 
a um ideal de fidelidade. Isto é, a economia era funcional.
Cada ente social possuía uma função específica em relação ao corpo social. 
Os guerreiros protegiam a sociedade dos invasores, como os muçulmanos e os 
vikings. Os servos permitiam que a sociedade tivesse alimentos para a manutenção 
da vida. Os sacerdotes (os religiosos) rogavam a Deus que abençoasse aos demais 
membros do corpo social. 
Os sacerdotes tinham uma função importante para a sociedade, pois a 
igreja era a principal instituição política do mundo medieval. Os padres e monges 
eram considerados pontes que ligavam o ser humano até Deus. O papado possuiu 
no interior desta sociedade grande prestígio, ao ser considerado o Sumo Pontífice. 
Isto é, a principal ponte do homem e Deus. 
Muitas das guerras medievais tinham como mediadores os religiosos, a 
ponto do papado instituir a Trégua de Deus e a Paz de Deus, visando diminuir 
os conflitos na Europa Ocidental. Portanto, o poder que a Igreja possuía na 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
11
4.1 SOCIEDADE PRÉ-MODERNA OU FEUDAL Idade Média não era apenas religioso, como também econômico, sendo a mesma 
detentora de uma grande quantidade de terras. Costuma-se afirmar que o papa 
possuía tanto o poder temporal quanto o poder espiritual. Era a denominada tese 
dos dois gládios, isto é, o papa era considerado Sacerdote e Rei concomitantemente. 
O poder político do papa demonstrava um grande processo de 
descentralização política na Europa. O Sacro Império Romano Germânico era um 
grupo formado por vários senhores feudais, porém, sem poder em uma grande 
extensão territorial. Tratava-se de uma sociedade onde o analfabetismo era 
constante, inclusive entre os nobres. Por isso, eram ausentes no cotidiano social 
os contratos escritos. 
Por isso, temos uma grande presença na mentalidade medieval da 
noção de fidelidade aos compromissos. Todos os indivíduos eram perpassados 
em uma série de deveres para com superiores na hierarquia social. Os servos 
deviam obrigações aos senhores, assim como os vassalos deveriam obedecer 
aos suseranos, os padres aos bispos. A hierarquia e as obrigações eram uma das 
características desta sociedade. 
A noção de hierarquia e fé também perpassava as explicações que 
os medievos ofertavam aos fenômenos da natureza. A magia fazia parte do 
cotidiano, assim como os temores pela presença do diabo. Assim, muitas das 
pessoas que possuam algumas formas de compreender a natureza de forma 
empírica, experimental, ou mesmo que conseguiam manipular plantas para a 
cura de doenças, eram acusadas do crime de bruxaria.
 
A natureza era explicada através da filosofia escolástica, que tinha como 
pressuposto um mundo plano, no qual o homem era o centro da criação e a terra 
era o centro do universo. O Universo, por sua vez, era compreendido de modo 
hierarquizado, assim como hierarquizada era a sociedade na qual os principais 
filósofos escolásticos, como São Tomás de Aquino, vivera.
Por explicação religiosa/mágica podemos compreender que Deus era 
considerado como a primeira causa dos fenômenos. Os santos também eram 
invocados. Assim, podemos entender que uma boa pesca, nos períodos pré-
modernos, era considerada como dádiva de Nossa Senhora dos Navegantes, de 
Iemanjá ou Janaína. 
Toda a natureza é encarada de modo encantado, mítico. Porém, como 
iremos observar a lenta desagregação do mundo feudal também acarretou uma 
alteração na mentalidade. Em grande parte, a técnica passa a ser o ponto central 
para explicar a natureza, algo que a ciência fez a partir da segunda metade do 
século XIX. 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
12
4.2 A LENTA DESAGREGAÇÃO DO MUNDO FEUDAL
O mundo feudal entra em desagregação em um processo lento, que 
demorou séculos. Um dos principais motivos que possibilitou a desagregação 
do feudalismo foram As Cruzadas. O papa Urbano II, no Concílio de Clemont, 
conclamou a cristandade para as cruzadas. O preparo para As Cruzadas mobilizou 
grande parte da população europeia. Foram criadas ordens militares-religiosas. 
Entre estas, algumas se destacaram, como os Cavaleiros Teutônicos e a Ordem 
dos Templários. 
Neste período, a cristandade entra em contato com a cultura muçulmana, 
e por ela é extremamente influenciada. Assim, surge o gosto e o interesse pelas 
especiarias, isto é, pelos temperos que possibilitam melhorar o gosto das comidas, 
além da tapeçaria persa e de outros produtos que encantaram o mercado 
consumidor europeu, que ficava maravilhado com a presença de produtos com 
um grau tecnológico muito maior que a tecnologia desenvolvida na Europa feudal. 
Além disto, o Oriente vivia em uma economia organizada monetariamente. Isto 
é, ao invés de termos a presença de uma economia marcada por trocas naturais, 
temos a presença da moeda mediando às trocas de produtos e objetos. 
O interesse por estes produtos possibilitou o surgimento de feiras livres em 
algumas cidades europeias, que ficavam nos caminhos de peregrinação. Assim, 
algumas regiões, como é o caso de Champanhe, na França, foram beneficiadas 
como pontos específicos de intercâmbio de mercadorias. Além deste intercâmbio, 
podemos notar a presença de uma nova figura social: o burguês (PIRRENE, 1969). 
A burguesia era um grupo social cujo nome deriva de burgo. Os burgos 
eram castelos fortificados que ficavam nas fronteiras da cristandade latina e que 
serviam de postos militares para a defesa contra os inimigos. Por ser uma região 
com forte presença de soldados, esta proteção ofertava segurança para o comércio. 
 
Assim, podemos compreender que os burgueses se comportaram como 
uma classe de comerciantes. Porém, o mundo medieval a partir do século XIV 
acompanhou algumas novidades na civilização europeia. Uma das primeiras 
fora o chamado renascimento comercial e urbano. Por renascimento comercial 
e urbano, podemos relacionar um ressurgimento das cidades nos anos finais da 
Idade Média.
Uma das principais instituições criadas nas cidades do final da Idade 
Média foram as Corporações de Ofício. Tratava-se de instituições que de forma 
artesanal produziam objetos, como roupas e sapatos. Uma máxima medieval 
afirmava que o Ar da Cidade era o Ar da Liberdade. Isto porque nas cidades os 
indivíduos poderiam viver sem ter a presença opressora de um senhor feudal. 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
13
4.2 A LENTA DESAGREGAÇÃO DO MUNDO FEUDAL Com a presença das corporações e de um mundo urbano, em que as trocas 
eram monetárias, uma verdadeira revolução social ocorreu com a aplicação do 
assalariamento nas relações de trabalho. Com isso, temos uma nova disposição 
das formas das relações trabalhistas, pois não eram apenas mediadas por uma 
relação de fidelidade ou tradição, mas sim mediadas através de uma remuneração 
sistemática. 
Com a urbanização e o comércio em rotas de alcance intercontinental 
estiveram presentes na Europa, nos séculos finais da Idade Média, alguns problemas 
sociopolíticos, em especial, o problema da insegurança das rotas e caravanas ao 
longo da Europa, da África e da Ásia. 
Podemos lembrar Marco Polo, um aventureiro italiano que nos deixou 
os relatos de suas viagens para a Ásia. Era da antiga China que os europeus 
buscavam matérias-primas para algumas vestimentas, mais notadamente a seda. 
A famosa Rota da Seda, ao lado das rotas de especiarias, foi presença marcante na 
história das relações macroeconômicas da Europa, África e Ásia. 
Assim, podemos considerar que a diversidade de Estados na Europa feudal 
era um enorme entrave ao comércio. Isto porque os comerciantes não possuíam 
uma instituição que garantisse o monopólioda violência, fundamental para 
evitar ações de contrabando e o ataque de piratas ao longo do Mar Mediterrâneo, 
além de a cada aduana, os preços das mercadorias aumentarem devido à soma 
de diferentes impostos. 
Neste contexto de expansão comercial, o poderio do papado começa e ser 
relativizado. Em grande parte, pelo surgimento de uma nova entidade política 
na Europa feudal: o Estado. A insegurança das caravanas e a necessidade da 
unificação das moedas e dos impostos foi uma das principais motivações para 
o surgimento dos Estados, uma instituição que detém o monopólio do uso da 
violência em um território determinado por suas fronteiras (GUENEE, 1981). 
A necessidade de novas rotas para o comércio motivou que os então 
recentes países Espanha e Portugal se lançassem ao mar em busca de um caminho 
marítimo para as Índias, que não necessitasse passar pelas caravanas muçulmanas 
do norte da África. Uma necessidade que ficou maior após 1453, ano em que os 
turcos otomanos conquistaram a cidade de Constantinopla, a antiga capital do 
Império Bizantino. 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
14
Assim, ao se lançarem ao mar, em meados do século XV, se descobriram 
duas rotas navais que possibilitaram uma ampliação sem precedentes do comércio 
mundial, possibilitando uma melhor compreensão dos homens sobre a forma do 
globo, e sobre a extensão real do planeta terra. Do ponto de vista econômico, 
se formou um sistema mundial de trocas comerciais, porém, quando pensamos 
em um sistema de trocas, devemos ter claro que as trocas não se restringem às 
questões comerciais. Os conhecimentos de diversos povos, como os asiáticos, os 
africanos e as populações nativas da América, formaram a sociedade e a cultura 
da modernidade, a cultura em diálogo com a miscigenação. Em alguns lugares foi 
vista como positiva e em outros, negativa. E por fim, o colonialismo foi o ponto 
culminante da dominação europeia ao redor do mundo. 
O sistema de colonização durou muitos séculos. Iniciou-se em 1415, 
quando os portugueses tomaram Ceuta, uma cidade do norte da África. Esta 
cidade ainda hoje se mantém apesar do forte surto de descolonização que 
ocorreu na África e na Ásia após a Segunda Guerra Mundial. Uma das principais 
características dos colonialismos foi a transposição da cultura europeia para os 
demais povos do mundo. Processo que pode ser compreendido através do termo 
“ocidentalização”. Isto é, os demais povos do mundo se sujeitaram aos ditames 
europeus. 
A expansão europeia pelo mundo passou por dois momentos distintos. 
O primeiro foi o colonialismo, com uma primeira expansão, que durou dos 
séculos XV a XVIII. Nos séculos XVIII e XIX, as colônias europeias na América 
se tornaram independentes. O Neocolonialismo, ou Imperialismo, se pautou em 
uma nova corrida por territórios. Porém, o imperialismo dos séculos XIX e XX 
apresentou como novidade a presença de dois países não europeus: os Estados 
Unidos da América e o Japão. 
O colonialismo teve como principal motivação o lucro de produtos no 
comércio mundial. Teve como ideologia o cristianismo, e foi a América o principal 
continente alvo das investidas coloniais. No Neocolonialismo, a principal 
ideologia foi o nacionalismo. As principais áreas de ação foram a África e a Ásia. 
A economia foi movida por busca de matérias-primas e expansão do mercado 
consumidor dos produtos industrializados. 
Assim, aos poucos, os laços feudais existentes na Europa foram rompidos. 
Um dos principais símbolos do fim das relações estamentais na Europa foi a 
Revolução Francesa. Pois, a partir do Código Civil Napoleônico, todos os cidadãos 
passaram a ser considerados iguais perante a lei. Algo distinto do ideário legal 
do chamado Antigo Regime, no qual os seres humanos eram considerados 
naturalmente desiguais. 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
15
5 DEBATE HISTORIOGRÁFICO SOBRE A CRONOLOGIA DA 
MODERNIDADE
Quando inicia ou termina a modernidade? Eis uma das perguntas difíceis 
de responder. Isto porque na maioria das vezes, as periodizações são impostas por 
diversos historiadores e visões de mundo distintas. Apresentamos alguns eventos 
que mostram o tipo ideal da sociedade pré-moderna e da sociedade moderna. 
Porém, não temos como precisar datas de quando um processo histórico inicia ou 
finda. Na história política, isto é, nas histórias dos países, as datações podem ser 
mais precisas.
Os Estados Unidos da América se transformaram em nação independente 
no dia 4 de julho de 1776. O Brasil se tornou independente do ponto de vista 
político em 7 de setembro de 1822. Porém, quando analisamos processos culturais, 
como fora a modernidade, não se tem a precisão de uma data, mas um debate 
aberto entre distintas escolas historiográficas. 
No rol da periodização oficial e tradicional da História ocidental, em 
especial na historiografia francesa, tem-se que a Idade Moderna se iniciou em 29 
de maio de 1453, quando ocorreu a tomada da cidade de Constantinopla pelos 
turcos otomanos; e o término a data de 14 de julho de 1798, quando a Bastilha foi 
tomada, que era constituída de uma fortaleza medieval utilizada como prisão, fato 
que passou a ser identificado como símbolo/marco da Revolução Francesa.
 
Durante o século XVIII, na Inglaterra, tivemos uma nova forma de 
produção fabril: a Revolução Industrial. Com ela, as relações sociais foram 
alteradas, pois, apesar do ideal de isonomia, isto é, todos devem ser regidos pelas 
mesmas leis. Assim temos uma profunda desigualdade no mundo moderno. Isto 
porque a concentração da renda na mão de poucos é uma constante nos países do 
sistema capitalista de produção. De um lado, temos os burgueses, donos do capital 
e dos meios de produção. De outro, o proletariado, isto é, a classe trabalhadora, que 
depende do salário pago pelos burgueses para a sua sobrevivência (HOBSBAWN, 
2009). 
Esta sociedade, disciplinada pelos apitos das fábricas, composta de 
burgueses e proletários, em que a tecnologia tem uma importância vital para o 
desenvolvimento social, é o tipo ideal da sociedade moderna. 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
16
Entretanto, outras vertentes historiográficas mencionam o caso da 
Conquista de Ceuta pelos portugueses em 1415, ou a viagem de Cristóvão 
Colombo ao continente americano em 1492, ou a viagem à Índia de Vasco da 
Gama em 1498, como marcos iniciais da época moderna.
De acordo com Gandillac (1995) foi em torno do início do século V ao início 
do século XVII quando progressivamente se construiu uma civilização “moderna”, 
ou seja, uma periodização de longa duração. Transcorreu na Europa Ocidental, nas 
margens do Mar Mediterrâneo e gradualmente se estendeu em direção às águas do 
Oceano Atlântico, em especial às novas terras.
Para Gumbrecht (1998) o início da Idade Moderna está relacionado aos 
acontecimentos da “descoberta do Novo Mundo, mas aponta que a invenção da 
imprensa por Johannes Gutenberg, por volta de 1450, foi outro grande marco”. 
No processo de constituição da modernidade, ocorreram duas fases: uma, 
situada no início do século XVI, na qual ocorre a experimentação e ambientação 
da vida moderna; e uma segunda, a partir de segunda metade do século XVIII, 
quando a sociedade é surpreendida com ondas revolucionárias e convulsivas de 
modernidade (representadas pela Revolução Francesa, Revolução Industrial e 
pela urbanização) (BERMAN, 1986).
O autor enfatiza também que ao longo do processo de modernização 
ocorreram percalços, sobressaltos e descaminhos, ao ponto que em pleno correr do 
século XIX, era possível encontrar grupos e regiões parcialmente caracterizados 
pelas formas de vida e tradições conforme ocorria na Idade Média. 
Através das referências encontradas percebe-se que existem desacordos 
entre os estudiosos e as abordagens que são os marcos quedelimitam o início 
e o término da modernidade. Mesmo procurando levar em conta os diferentes 
momentos em que foram encontrados, tanto para o início como do término da 
modernidade, não conseguem atender às preocupações de uma periodização 
rígida e estanque.
Diante deste impasse, a título de organização dos estudos, estipula-se 
aproximadamente o tempo transcorrido entre os anos de 1820 e 1930; ou seja, os 
primórdios do século XIX como período aproximado do auge da modernidade; e 
as primeiras décadas do século XX como declínio/término.
Em vista desta grande gama de informações a respeito, definimos a 
modernidade como um período em que temos uma desagregação das relações 
feudais. Este processo de desagregação possuiu uma primeira fase, durante o 
período do Renascimento, e tem como auge o período que inicia no século XIX e 
vai até meados do século XX. 
TÓPICO 1 | DEFINIÇÕES CONCEITUAIS: MODERNIDADE, SOCIEDADE E CULTURA
17
Neste período da história temos a construção de uma sociedade urbana, 
ligada às atividades industriais na produção de artefatos, e que tem nas 
trocas monetárias o padrão da economia, racionalização do pensamento e das 
mentalidades, e afastamento da Igreja das decisões políticas e dos cargos de 
governo.
18
Cara(o) acadêmico(a)! A longo deste tópico, intitulado de “As dimensões 
dos conceitos e dos contextos”, você pôde estudar os seguintes temas:
• As concepções de moderno/modernidade, muitas vezes, são empregadas no 
sentido de desmerecer o antigo, porém, deve-se ter em mente que tanto o 
antigo como o moderno são indispensáveis à melhoria e superação a qualquer 
sociedade em qualquer tempo.
• No interior da cultura e da sociedade europeia da modernidade surgiu a 
necessidade de transformar e modificar as formas políticas, econômicas e 
sociais caracterizadas como medievais e/ou pré-modernas.
• Que a transição da produção artesanal para a manufatureira e desta para a 
produção fabril são considerados como fatores primordiais no processamento 
e à consolidação da Revolução Industrial e do capitalismo no interior da 
economia europeia.
• A decadência da nobreza feudal (primórdios das monarquias nacionais), os 
movimentos das Cruzadas, o enfraquecimento do latim, o desenvolvimento 
das escolas (primeiros esboços do que viriam a ser as universidades) 
representavam condições favoráveis aos projetos de modernidade.
• Na esfera social, associada a atividades econômicas e financeiras, surge o 
empresário capitalista, que concentrou as máquinas, as terras e as ferramentas 
de trabalho; e o proletariado, que foi submetido à disciplina nos espaços de 
trabalho. 
• Os marcos cronológicos para o início e o término da modernidade são bastante 
discutidos, diante disto optou-se pelo período entre os anos de 1820 e 1930, ou 
seja, os primeiros anos do século XIX até os primeiros do século XX, como o 
momento de auge e de declínio respectivamente.
RESUMO DO TÓPICO 1
19
Agora, procure realizar as autoatividades propostas a seguir. A 
realização destas será fundamental para o entendimento e fixação dos temas 
aqui abordados. Também representam um exercício preparatório às avaliações 
que estão previstas ao longo da disciplina. 
1 A partir dos estudos dos autores e dos respectivos conceitos o que é possível 
entender como modernidade? 
2 A revisão bibliográfica indica que existem impasses e dificuldades em 
se estabelecer marcos cronológicos precisos sobre o início e o declínio 
da modernidade. A partir das referências relacionadas no Tópico 1, que 
período pode ser considerado como o de maior intensidade e de declínio da 
modernidade?
3 Visite um site eletrônico de algum museu, e descreva de modo resumido 
as principais alterações tecnológicas (formato, funcionamento, funções) que 
um mesmo objeto sofreu com o passar dos tempos.
AUTOATIVIDADE
Assista ao vídeo de
resolução da questão 1
20
21
TÓPICO 2
OS ANTECEDENTES DA MODERNIDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico serão apresentados três aspectos que procuram representar 
as condições favoráveis que a modernidade encontrou quando ainda não 
contava com projetos e técnicas claros e bem definidos, de certa forma, aspectos 
que somados fornecem as condições para se questionar a ordem e a moral 
estabelecida, propor e divulgar as novas ideias, a reformulação do conceito de 
trabalho, o movimento do trovadorismo e a invenção da prensa de tipos móveis. 
Cada um destes pontos contribuiu para que outras condições e estruturas 
se formassem posteriormente. A reformulação da concepção de trabalho consistiu 
na agregação de valor positivo e realização humana nesta atividade, o que por sua 
vez atendia à demanda dos processos de elaboração da matéria-prima e produção 
de objetos e ferramentas pela manufatura e indústria.
O Trovadorismo fazendo críticas aos dogmas católicos e aos membros 
da Igreja, que alguns anos depois foram endossados e aprofundados pelas 
teses de Martinho Lutero, através da Reforma Protestante, o que por sua vez 
foi responsável pelo enfraquecimento do poder da Igreja Católica em meio à 
sociedade e os surgimentos de outras vertentes religiosas. Os trovadores em 
grande parte viviam relacionados às cortes das realezas feudais, escarnecendo ou 
louvando membros da nobreza (MONGELLI, 2001). 
A prensa de tipos móveis favoreceu uma forma mais eficiente nos registros, 
impressão e divulgação de ideias, teorias, documentos e na popularização dos 
mesmos. Pois até então ficavam restritos aos espaços dos mosteiros e bibliotecas 
muito distantes do acesso livre ao público. Então, vamos estudar um pouco 
melhor como cada um destes aspectos surgiu e contribuiu com os projetos de 
modernidade.
2 A NOVA CONCEPÇÃO DE TRABALHO
O missionário católico Raimundo Lélio (1232-1315), que atuou entre 
os povos catalães no século XIII, foi o responsável por reabilitar a expressão e 
concepção ‘trabalho’, que foi amplamente difundida na sociedade moderna 
industrial e capitalista (GANDILLAC, 1995).
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
22
A concepção mais antiga de trabalho é oriunda de tripalium, que foi extraída 
do latim e designava um instrumento de tortura reservado aos escravos. Lúllio a 
substituiu pela expressão treballan, que é oriunda do idioma catalão, que designa 
a habilidade em elaborar a matéria bruta, transformando-a em obra, realização e 
propriedade humana, e dignificadora do próprio homem.
Durante muitos séculos, a moral e a ética do “trabalho” e da “conquista” 
permaneceram, em grande parte, como um fato circunscrito ao universo rural, 
em lavrar e semear a terra, colher e armazenar alimentos, domesticar e tratar 
animais, construir pontes, moinhos, celeiros, castelos, palácios, igrejas, minerais, 
metais preciosos, entre outros. 
As concepções foram alteradas, inclusive as mais antigas, como, por 
exemplo, a encontrada na Bíblia em que o trabalho não é mais visto como um 
indício da maldição de Deus a Adão e Eva, com a expulsão do paraíso, sendo que 
teriam que ganhar o pão com o suor do próprio rosto. Ou como na Antiguidade, 
ou como na Idade Média, trabalhar com as mãos era sinônimo de ser escravo ou 
servo, um indício de que o indivíduo pertencia aos grupos inferiores da sociedade. 
Uma das principais alterações que a modernidade realizou foi a de 
apropriar-se da concepção positiva de trabalho e mudar o ambiente de realização 
do trabalho propriamente dito, que passou a ser realizado nas cidades, no interior 
dos espaços das fábricas. 
O trabalho passa a ser visto como parte fundamental da natureza humana. 
O trabalho é ainda hoje visto como um valor social, sendo o trabalhador, um 
personagem social merecedor de respeito, admiração e dignidade pelas obras 
que faz a si, seus familiares e semelhantes.
A nova concepção que foi atribuída ao trabalho combinará com os valores 
das mudançasno interior da produção de produtos. O homem reconhecendo que 
o trabalho não era mais motivo de sofrimento e castigo, mas sim uma atividade 
que o tornaria socialmente reconhecido, se sentiu motivado e disposto a se 
dedicar e doar a fim de preencher as oportunidades e a demanda da manufatura 
e indústria nascente, bem como o campo das invenções de máquinas e técnicas e 
o próprio sistema capitalista que estavam exigindo.
3 TROVADORISMO
O Trovadorismo foi um movimento musical e literário que surgiu na 
época medieval e se caracterizava por apresentar temas relacionados ao amor, ao 
prazer, à natureza, entre outros.
Na sociedade pré-moderna na qual a Igreja Católica detinha grande poder 
de influência nas mentalidades e no imaginário das populações, sustentada 
nas ideias de purgatório, inferno e paraíso, e que por sua vez eram utilizadas 
TÓPICO 2 | OS ANTECEDENTES DA MODERNIDADE
23
3 TROVADORISMO
para intermediar interesses políticos também dos senhores feudais, favoreciam 
obtenção de tributos e rendas, e na prática da repressão e censura das formas de 
pensamento, na produção artística, intelectual e científica da época, garantindo 
assim uma espécie de paz e tranquilidade social.
Porém manifestações de desobediência e transgressões a este cenário assim 
como aos membros do clero eram registradas, a exemplo disto tem-se a trajetória 
de Guilherme IX (1071-1126), o duque de Aquitânia. O duque era um trovador 
medieval que com as letras de suas cantigas/músicas insultava publicamente 
os prelados (membros da Igreja), que por sua vez reagiam ameaçando-o de 
excomunhão, ou seja, de perder a tutela e proteção que a Igreja oferecia diante 
das incertezas da vida, do purgatório e do inferno, ou ainda da salvação da alma 
e do final feliz junto ao criador no paraíso (GUMBRECHT, 1988). 
FIGURA 3 – GUILHERME IX DA AQUITÂNIA, O TROVADOR
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Fichei-
ro:William_IX_of_Aquitaine_-_BN_MS_fr_12473.jpg>. Acesso 
em: 8 maio 2013.
As críticas que Guilherme IX dirigia à Igreja eram em especial sobre a moral 
e ao conservadorismo que pregava. Nas composições do trovador fazia alusão 
a festas, às mulheres, ao sexo e demais prazeres da vida, temas considerados 
tabus (que não deveriam ser mencionados) na época, pois o homem era tido como 
pecador original e deveria se privar destas formas de vida.
A ameaça não intimidava o trovador. Até fazia questão de se mostrar 
indiferente e inclusive retribuía ameaçando os dignitários da Igreja; ridiculariza-
os e considerava-os nem mesmo dignos de serem feridos pela sua espada. 
(GUMBRECHT, 1998, p. 59).
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
24
Durante a Idade Média, a autoimagem predominante do homem era de 
um ser resultante da criação divina, cuja verdade ou estava além da compreensão 
humana, ou só poderia ser dada a conhecer pela revelação e iluminação de Deus, 
ou seja, a que se encontrava contida na Bíblia (GUMBRECHT, 1998).
Os acontecimentos relacionados às provocações de Guilherme IX indicam 
o enfraquecimento dos poderes da Igreja na sociedade, de que existiam limites e 
fragilidades das relações de poder que a Igreja mantinha com os senhores feudais, 
das negociações de cargos políticos no interior da Igreja, em especial do poder 
real de a Igreja intervir em vida ou diante da morte de seus fiéis (temporal-vida 
e atemporal-morte).
Aponta também que talvez estas práticas tenham favorecido o horizonte da 
dúvida e da especulação de dogmas e explicações com as quais se poderia pensar 
– de modo seletivo e significativo – séculos mais tarde em especial a partir da 
Reforma Protestante e no aprofundamento dos estudos no campo da astronomia, 
anatomia entre outros (GUMBRECHT, 1998).
Hoje em dia o movimento do Trovadorismo não subsiste ou não possui 
muitos apreciadores, mas é possível encontrar alguns grupos que estudam e 
interpretam as poesias desta época, como é o caso do Conjunto de Câmara de 
Porto Alegre, que segue:
DICAS
A partir do uso de instrumentos e os temas relacionados aos trovadores 
medievais, o Conjunto de Câmara de Porto Alegre traz em suas composições o cenário e o 
contexto do final da Idade Média e da época moderna, quando interpretam e musicam as 
composições dos trovadores medievais e dos poetas modernos.
TÓPICO 2 | OS ANTECEDENTES DA MODERNIDADE
25
FIGURA 4 – CONJUNTO DE CÂMARA DE PORTO ALEGRE
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Conjunto_de_C%C3%A2ma-
ra_de_Porto_Alegre>. Acesso em: 23 out. 2013.
UNI
CONJUNTO DE CÂMARA DE PORTO ALEGRE Procure conhecer os trabalhos 
do Conjunto de Câmara de Porto Alegre que com os discos “Trovadores Medievais” de 
1995, “Tempo de Descobertas” de 2001 e “Divina Decadência”, de 2003, abordam e 
recompõem o cenário musical e poético do final de Idade Média, do Renascimento e do 
início da modernidade, fazem isto se utilizando de instrumentos, composições e poemas da 
época. Para ouvir acesse os endereços a seguir:
• Dom Afonso X - “Quen a Omagen da Virgen”. Conjunto de Câmara de Porto Alegre. 
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=1VdT79UaVhM>. Acesso em: 23 set. 
2013.
• Laudario di Cortona - “Onne Homo”. Conjunto de Câmara de Porto Alegre. Disponível em: 
<http://www.youtube.com/watch?v=58v7UN4ku7M>. Acesso em: 23 set. 2013.
4 A PRENSA DE TIPOS MÓVEIS
A leitura e a escrita ao longo da Idade Média estavam restritas a poucos 
membros da sociedade. Estima-se que 98% da população não sabia ler ou 
escrever. A escolarização destinava-se somente aos filhos de nobres, sobretudo 
à formação de clérigos e a preencher as vagas e cargos no interior da Igreja. E ao 
mesmo tempo em que estes indivíduos se alfabetizavam, também assumiam a 
função/poder de detentores do “saber/conhecimento” e a responsabilidade pelos 
registros oficiais no interior da sociedade da época. 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
26
Porém a partir do século XIII, este quadro passou por alterações, 
especialmente com a formação dos primeiros estudantes em finanças, 
contabilidade e técnicas de navegações, que foram rapidamente solicitados e 
procurados por reis, comerciantes, banqueiros, comerciantes e negociadores.
Outro momento foi também quando, a partir do final do século XIII, a 
transcrição dos manuscritos passou a ser feitas também em línguas vernáculas, ou 
seja, nas línguas além do latim, como o italiano, o francês, o alemão, entre outras. 
Este fato acaba por apontar um sintoma de crise maior, o gradual desequilíbrio e a 
perda de controle da Igreja sobre o saber e o conhecimento (GUMBRECHT, 1998).
Uma vez que o conhecimento e o saber não se encontravam exclusivamente 
sob domínio dos clérigos e passou a estar ao alcance dos leigos e demais 
interessados, ocorreu um significativo enfraquecimento do poder que a Igreja 
exercia sobre a sociedade. Os novos letrados, que já não se dedicavam somente 
aos temas religiosos, passaram a estudar e formular teorias e atividades que 
seriam utilizadas em escritórios contábeis, bancários, nos registros de tesouro dos 
reis, em cálculos de custos e lucros, formulações de cartilhas ao comércio entre 
outras atividades.
Este momento de mudanças em relação aos interesses pelos campos do 
saber e conhecimento foi potencializado com a invenção de Johann Gensfleish 
Gutenberg (1397-1468) que é a impressão por tipos móveis, realizada por volta do 
ano de 1450, no interior da Alemanha.
A prensa possibilitou a produção e a reprodução de livros em maior 
quantidade, em menor tempo e além de descentralizar esta tarefa que antes 
somente era feita por copistas, domínios que se resignavam no interior dos 
mosteiros e das igrejas (GUMBRECHT, 1998). 
 Outras consequências podem ser deduzidas ainda como a confecção das 
bíblias que foram utilizadas na difusão da Reforma Protestante, agora traduzidas 
e impressas fora dosdomínios católicos. Por outro lado, logo a prensa foi utilizada 
na emissão de notas bancárias, cédulas, cartas de crédito, normas, leis, salvo-
condutos, entre outros.
 
Tem-se a seguir uma réplica da estrutura adaptada por Gutemberg:
TÓPICO 2 | OS ANTECEDENTES DA MODERNIDADE
27
FIGURA 5 – RÉPLICA DA PRENSA DE GUTEMBERG
FONTE: Disponível em: <http://historiadatipografia.files.wordpress.
com/2012/05/imprensa-de-gutenberg.jpg?w=418&h=430>. Acesso em: 5 
dez. 2012.
A gravura a seguir procura ilustrar o sistema de operação e o 
funcionamento da prensa propriamente dita:
FIGURA 6 – O FUNCIONAMENTO DA PRENSA
FONTE: Disponível em: <http://etc.usf.edu/clipart/11300/11358/gu-
tenberg_11358_lg.gif>. Acesso em: 5 dez. 2012.
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
28
Gradualmente, além das traduções da Bíblia para as línguas regionais, 
documentos de governo e até obras literárias foram impressas, o que acabou por 
despertar o interesse pelo conhecimento e pela leitura em meio à população de 
um modo geral.
A leitura complementar que segue traz informações mais precisas sobre o 
processo de criação e adaptação que Gutemberg desenvolveu, e como funcionou 
a tipografia e os primeiros materiais que foram impressos:
LEITURA COMPLEMENTAR 1
A PRENSA DE TIPOS MÓVEIS
Pedro João Gaspar
É a Gutenberg, Johann Gensfleish (1397-1468), nascido na cidade de 
Mogúncia (Alemanha), que a história atribui o mérito principal da invenção da 
imprensa, não só pela ideia dos tipos móveis “a tipografia”, mas também pelo 
aperfeiçoamento da prensa, que já era conhecida e utilizada para cunhar moedas, 
espremer uvas, fazer impressões em tecido e acetinar o papel. 
Pode ter sido na Casa da Moeda do arcebispo de Mogúncia, onde tanto o 
pai como o tio eram funcionários, que Gutenberg aprendeu a arte da precisão em 
trabalhos de metal. Em 1428 parte para Estrasburgo onde procedeu às primeiras 
tentativas de imprimir com caracteres móveis, onde deu a conhecer a sua ideia e 
que, provavelmente em 1442, realizou a impressão do primeiro exemplar na sua 
prensa original – um pedaço de papel, com onze linhas. Vinte anos mais tarde 
regressou a Mogúncia, conheceu Johann Fust, ourives abastado que lhe emprestou 
800 ducados, e juntos formaram a Fábrica de Livros (Das Werk der Bücher).
 
Pouco tempo depois esta sociedade ganhou um novo sócio, Pedro Schoffer, 
e teria sido este que descobriu o modo de fundir e fabricar caracteres, aliando o 
chumbo ao antimônio, e teria também descoberto uma tinta composta de negro 
de fumo. 
Nos primeiros documentos impressos e produzidos contam-se várias 
edições do “Donato” e bulas de indulgências concedidas pelo Papa Nicolau V. 
No início da década de 1450, Gutenberg iniciou a impressão da célebre Bíblia 
de quarenta e duas linhas (em duas colunas), publicada cinco anos mais tarde. 
Das cerca de trezentas cópias da Bíblia então produzidas, ainda existem cerca de 
quarenta (1).
Posteriormente a imprensa expande-se graças às guerras, que por sua 
vez acabaram por forçar a fuga e dispersão dos primeiros impressores, e já em 
1465 reaparece em Subiaco, perto de Roma, e pouco depois em Cracóvia, Basileia, 
TÓPICO 2 | OS ANTECEDENTES DA MODERNIDADE
29
Viena e Paris. Em Portugal, pensa-se que foi a partir do ano de 1487, em Faro, que 
apareceu a primeira oficina de impressão (2).
(1): Instituto Multimédia - Museu Virtual da Imprensa, <http://www.imultimedia.
pt/museuvirtpress/port/persona/g-h.html>.
(2): Encarta Online encyclopedia - Gutemberg, Johannes, <http://www.encarta.
msn.com/encyclopedia_761564055/Gutenberg_Johannes.html>.
FONTE: GASPAR, Pedro João. O Milénio de Gutenberg: do desenvolvimento da Im-
prensa à popularização da Ciência. Disponível em: <https://iconline.ipleiria.pt/bitstre-
am/10400.8/112/1/O%20Mil%C3%A9nio%20de%20Gutenberg%20-do%20desenvolvimento%20
da%20Imprensa%20%C3%A0.pdf>. Acesso em: 1 jun. 2013.
5 NOÇÕES DE TEMPO E ESPAÇO
As noções de tempo e espaço também sofreram alterações, no sentido 
de que ocorreu uma espécie de esvaziamento das mesmas, fazendo com que 
emergissem as experiências e formas de vida regionais e locais regidas e ditadas 
por outras referências como os relógios mecânicos e os espaços das novas regiões 
e terras ainda não exploradas.
A seguir relaciona-se o texto do estudioso Antony Giddens (1991), que 
aborda as mudanças que aconteceram a partir da modernidade no sentido 
de alterar a relação e o sentido entre tempo e espaço, aspectos considerados 
fundamentais ao desenrolar desta época na história da humanidade.
LEITURA COMPLEMENTAR 2
MODERNIDADE, TEMPO E ESPAÇO
Antony Giddens
Para compreender as conexões entre a modernidade e a transformação do 
tempo e do espaço, precisamos começar traçando alguns contrastes com a relação 
ao tempo espaço no mundo ainda pré-moderno.
Todas as culturas pré-modernas possuíam maneiras de calcular o tempo. 
O calendário, por exemplo, foi uma característica tão distintiva dos estados 
agrários quanto a invenção da escrita. Mas o cálculo do tempo que constituía a 
base da vida cotidiana, certamente para a maioria da população, sempre vinculou 
tempo e lugar – que era geralmente impreciso e variável.
Ninguém poderia dizer a hora do dia sem referência a outros marcadores 
socioespaciais: "quando" era quase, universalmente, ou conectado a "onde" ou 
identificado por ocorrências naturais regulares. A invenção do relógio mecânico 
UNIDADE 1 | CONCEITOS E CONTEXTOS DA MODERNIDADE
30
e sua difusão entre todos os membros da população (um fenômeno que data 
em seus primórdios do final do século XVIII) constituiu a chave explicativa e 
compreensiva na separação entre o tempo e o espaço.
 
O relógio expressou uma dimensão uniforme de tempo "vazio" 
quantificado de uma maneira que permitisse a designação precisa de "zonas" do 
dia (a "jornada de trabalho", por exemplo).
O tempo ainda estava conectado com o espaço (e o lugar) até que a 
uniformidade de mensuração do tempo pelo relógio mecânico correspondeu à 
uniformidade na organização social do tempo. Esta mudança coincidiu com a 
expansão da modernidade e não foi completada até o corrente século. Um de seus 
principais aspectos foi a padronização em escala mundial dos calendários.
 
O "esvaziamento do tempo" é em grande parte a pré-condição para o 
"esvaziamento do espaço" e se tem assim prioridade causal sobre ele. Pois, a 
coordenação através do tempo é a base do controle do espaço. O desenvolvimento 
de "espaço vazio" pode ser compreendido em termos da separação entre espaço 
e lugar. É importante enfatizar a distinção entre estas duas noções, pois elas são 
frequentemente usadas, mais ou menos, como sinônimos. 
"Lugar" é melhor conceitualizado por meio da ideia de localidade, que se 
refere ao cenário físico da atividade social como situado geograficamente. Nas 
sociedades pré-modernas, espaço e tempo coincidem amplamente, na medida em 
que as dimensões espaciais da vida social são, para a maioria da população, e para 
quase todos os efeitos, dominadas pela "presença" por atividades localizadas.
A "descoberta" de regiões "remotas" do mundo por viajantes e exploradores 
ocidentais foi a base necessária para ambos. O mapeamento progressivo do globo 
que levou à criação de mapas universais, nos quais a perspectiva desempenhava 
um pequeno papel de representação da posição e forma geográficas, estabeleceu 
o espaço como "independente" de qualquer lugar ou região particular.
A separação entre o tempo e o espaço não deve ser vista como um 
desenvolvimento unilinear, no qual não há reversões ou que é todo abrangente. 
Pelo contrário, como todas as tendências de desenvolvimento, ela tem traços 
dialéticos provocando características opostas. Além do mais, o rompimento entre 
tempo e espaço forneceu uma base à recombinação em relação à atividade social. 
Isto é facilmente

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